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O ISAPA veio ao Brasil... Novembro 2007 no. 1 Copyright 2007 ADAPTA ISSN 1808-8902 Pet Terapia e Atividade Física Adaptada Mulher e Esporte Adaptado Manejo da Cadeira de Rodas O ISAPA veio ao Brasil...

O ISAPA veio ao Brasil - SOBAMA · ADAPTA . A revista profissional da Sobama . 2007 . Ano III . O XVI Simpósio Internacional de Atividade Motora Adaptada (16th International Symposium

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O ISAPA veio ao Brasil...

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007

no.

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Copyright 2007 ADAPTAISSN 1808-8902

Pet Terapia e Atividade Física Adaptada

Mulher e Esporte Adaptado

Manejo da Cadeira de Rodas

O ISAPA veio ao Brasil...

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ADAPTAa revista profissional da Sobama

A revista ADAPTA é uma publicação anual da SociedadeBrasileira de Atividade Motora Adaptada (Sobama).VOL 2 no. 1 - 2006ISSN 1808-8902

EditoresEliane Mauerberg-deCastro [email protected] Inês de Paula [email protected] Nabeiro [email protected] Junghahnel Pedrinelli [email protected]

Diretora de redaçãoEliane Mauerberg-deCastro [email protected]

Diretoras de arteEliane Mauerberg-deCastro [email protected] Frances Campbell [email protected]

Diagramação e capaEliane Mauerberg-deCastro [email protected] da capa: Debra Frances Campbell

ColaboradoresAdriana Ines de Paula [email protected] Mauerberg-deCastro [email protected]

AssinaturasAdriana Inês de Paula [email protected] Nabeiro [email protected]

Submissão de manuscritosAdriana Inês de Paula [email protected]

Para anunciar contateMarli Nabeiro [email protected]

Diretoria ExecutivaPresidente: Eliane Mauerberg-deCastroVice-Presidente: Verena Junghähnel PedrinelliSecretária Geral: Márcia Valéria Cozzani1a Secretária: Joslei Viana de SouzaTesoureira: Adriana Inês de Paula1a Tesoureira: Ruth Eugênia Amarante Cidade e Souza

SobamaEndereço:Departamento de Educação Física, UNESPAv. 24-A, 1515, Bela VistaRio Claro SP 13506-900Fone: 19-3526-4333Fax: 19-3534-0009 ou 19-3526-4321E-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de inteira responsabilidadedos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião

dos editores da revista ou da diretoria da Sobama.

ApoioUNESP Rio Claro

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ArtigosO ISAPA veio ao Brasil...

Eliane Mauerberg-deCastro

pag 4

Mulher e Esporte Adaptado: AlgunsApontamentos

Ruth Eugenia Cidade

pag 7

Pet Terapia e Atividade Física Adaptada

O Homem e o SeuAmigo

Camila de SouzaLucenaEliane Mauerberg-deCastro

pag 17

Manejo da Cadeira de RodasUma ferramenta importante no dia-a-diado basquete sobre rodas

Elaine Mara da Silva

pag 21

Projeto “Criança Especial”

Cícero CamposJulio CésarTakeharaLucas PortilhoNicolettiValter BrighettiRoseli Custódio DelAlamoMarcelo AparecidoFaria Parreira

pag 28

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Projeto Eficientes 2006/2007Musculação Para Terceira Idade

Júlio César TakeharaCícero CamposLucas Portilho NicolettiValter BrighettiWelington Barbosa DiasJorge Luis da Silva Onça Filho

pág 30

O Dia de Fazer a DiferençaCarla Cristina Moreira

pag 32

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O XVI Simpósio Internacional de Atividade MotoraAdaptada (16th International Symposium of Adapted Physi-cal Activity) conhecido como ISAPA, oficialmente encerrouem 28 de julho de 2007. Durante cinco dias um públicoverdadeiramente internacional dividiu suas experiências comcolegas de todo o mundo. Convidados como Claudine Sherrill,então presidente da Federação Internacional de AtividadeFísica Adaptada (International Federation of Adapted Physi-cal Activity, IFAPA), e Gudrun Doll Tepper, presidente doConselho Internacional de Ciências do Esporte e EducaçãoFísica (International Council for Sports Science and PhysicalEducation, ICSSPE), foram as conferencistas de abertura doevento.

Foto: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

O ISAPA contou com uma programação de 14 convidadospalestrantes vindos de várias partes do mundo. Dos 771inscritos, 506 marcaram presença em Rio Claro. Dos 506participantes, 390 foram brasileiros, e destes 237 foramprovenientes de outros estados brasileiros. Quarenta paísescom mais de 200 representantes internacionais se inscreveramno ISAPA: Argentina, Angola, Austria, Australia, Bélgica,Botswana, Bulgária, Canadá, Republica Tcheca, Chile,Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Finlândia, França, Gambia,Alemanha, Itália, Israel, India, Japão, Libia, Lituania, Nigeria,Noruega, Nova Zelândia, Portugal, Romania, China, Polonia,

O ISAPA veio ao Brasil...e os brasileiros mostraram uma AFA política, inclusiva, diversificada

...e juntos com a comunidade internacional fizeram história

Eliane Mauerberg-deCastro

Palestina, Suécia, Arábia Saudita, Serbia, Zimbabwe, Taiwan,Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, e Uruguai. Destes 40países, 23 efetivamente foram identificados como presentesno evento, sendo representados por 116 visitantesinternacionais.

O começo em 2005 na Itália

A execução do ISAPA teve início em 2005 quando, du-rante a última edição do ISAPA na Itália, o Brasil foi eleitopara a próxima sede. Pela primeira vez na sua história, desde1977, o evento foi sediado num país de economia emergente.

Foto: E. Mauerberg-deCastro

O desafio no Brasil

O ISAPA concretizou um envolvimento voluntário cujasmetas foram resolver problemas, interagir com colegasbrasileiros e estrangeiros, e fundamentalmente disseminar acultura brasileira. O ISAPA congregou colegas, parceiros detrabalho, amigos com e sem deficiência. Juntos, realizaram asmetas do ISAPA, discutindo o que o esporte e a atividadefísica devem oferecer para todas as pessoas. Juntos, nóstodos falamos sobre diversidade e inclusão, e juntosdescobrimos um mundo único onde diferenças são bem-vindas.

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Foto: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

Foto: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

O Simpósio Internacional de Atividade Física Adaptadafoi um evento de divulgação e congregação científico-profissional que levantou preocupações locais, regionais einternacionais com o esporte e a atividade física adaptada. OISAPA proporcionou um direcionamento para profissionaislocais em como interagirem com líderes mundiais e colegasinternacionais na área de atividade física adaptada. Entre 24 e28 de julho de 2007, a cidade de Rio Claro recebeu osparticipantes do 16th ISAPA. Sob organização doDepartamento de Educação Física da UNESP, estudiosos eprofissionais de áreas afins se reuniram com um público sobum interesse comum: Atividade Física Adaptada e Saúde paraTodos: Uma Perspectiva Política, Cross-Disciplinar, e deDesenvolvimento sobre Diversidade Humana. O problemacentral do ISAPA foi materializar projetos coletivos eindividuais ligados à formação profissional/acadêmica atravésde palestras, mesa redondas, encontros, e participação comapresentação em sessões de temas livres, mostra de vídeo eposteres.

Foto: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

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Impacto social num momentode visibilidade do Brasil

Entre julho e agosto de 2007, o Brasil hospedou os JogosPan Americanos e Para-Panamericanos no Rio de Janeiro.Este evento chamou a atenção sobre o esporte paradeficientes e sua importância para a inclusão e visibilidadesocial das populações com deficiências. Este foi um argumentoimportante em torno da questão de visibilidade política esocial que a atividade física e o esporte despertam junto àcomunidade internacional, tanto de profissionais como depesquisadores. Paralelo ao Para Pan Americano, o ISAPA foium foro de discussões destes assuntos.

Durante o ISAPA, o argumento central foi sobre aimportância da atividade física adaptada e a questão de saúdeameaçada por fatores como pobreza, sedentarismo,obesidade, distúrbios alimentares, envelhecimento associadocom doença, entre outros. Os brasileiros tanto com deficiênciacomo sem deficiência são alvos de problemas de saúde queameaçam a vida e aumentam o impacto de situaçõesincapacitantes, a exemplo de idosos tornarem-se deficientes,ou crianças que nascem sem deficiência, mas acumulamatrasos no desenvolvimento por conta de sub-nutrição, ouprivação de estímulos.

O ISAPA foi um foro de disseminação de estudosproblematizando estes temas, e foi também um foro de ondesaíram propostas e projetos para a melhoria da qualidade devida de todos os cidadãos, quer brasileiros, quer de outrospaíses. O ISAPA no Brasil foi um evento exemplar. Um eventode onde surgiram idéias e propostas de intervenção paravários problemas de saúde que pessoas com e sem deficiênciapassam do nascimento ao período da terceira idade. Além deo evento ser uma oportunidade de dar visibilidade aosassuntos em torno da qualidade de vida e direitos humanosde qualquer pessoa, o ISAPA permitiu a troca de informaçõese o compartilhamento cultural com participantes de outrospaíses.

Foto: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

Foto: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

O ISAPA sempre teve um alcance internacionalpredominante com países do primeiro mundo, e esta foi aprimeira vez que participantes, inclusive palestrantes, depaíses de economia emergente (EEC) e economia ameaçada(ECC) dividiram experiências e conhecimento sobre a realidadeinternacional. O ambiente do ISAPA foi uma inspiração parafuturos pesquisadores (alunos de pós-graduação, PG).

Enquanto evento científico e profissional, o ISAPAabordou assuntos sobre a atividade física e esporte, saúde equalidade de vida de pessoas com deficiência. Osparticipantes do ISAPA interessados e experts nestesassuntos foram pesquisadores, profissionais e líderes na áreado mundo inteiro. O ISAPA foi um evento inclusivo e teve apresença de pessoas com e sem deficiência de vários setoresda sociedade. Ao lado do Para Pan Americano, este foi omaior evento do calendário nacional ligado à diversidadehumana.

O Congresso Brasileiro de Atividade MotoraAdaptada e o ISAPA

Junto ao ISAPA ocorreu simultaneamente o VII CongressoBrasileiro da Sociedade Brasileira de Atividade MotoraAdaptada (CBAMA). Em 1995, o primeiro CBAMA ocorreuem Campinas sob a liderança do Prof. Dr. Edison Duarte. Onúmero de resumos publicados totalizou 128. Em 1997 oevento foi em Uberlândia sob a liderança do então presidenteProf. Dr. Alberto Martins da Costa, um total de 101 resumospublicados. Em 1999, o CBAMA foi em Recife sob a liderançade Antonio Manoel. O número foi de apenas 64 resumos. Em2001 a presidente Profa. Dra. Ruth E. Cidade de Freitas foi aresponsável pelo CBAMA em Curitiba. O congresso totalizou193 resumos publicados. O evento de 2003 em Belo Horizontecontou com a organização do Prof. Dr. Pedro AmericoSobrinho. O número de resumos publicados foi 114.

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Figura 1. Perfil de publicações do CBAMA.

Em 2005 o CBAMA ocorreu em Rio Claro e teve um vol-ume de 271 sob a presidência da Profa. Dra. Eliane Mauerberg-deCastro. Em 2007, novamente em Rio Claro, sob a mesmapresidência, e em conjunção com o ISAPA, o número elevoupara 436.

As áreas temáticas do 16o. ISAPA foram: Atividade física,saúde, bem estar e deficiência; Comportamento motor e

deficiência; Esporte adaptado: elite, inclusão e esporterecreacional; Ciência e tecnologia: avanços no esporte,exercício, reabilitação e acessibilidade; Inclusão na atividadefísica adaptada: Diretrizes educacionais, políticas e direitossociais (ou inclusão); Atitudes, estereótipos e deficiência:exclusão, violência, mídia e a cultura da perfeição;Profissionalização e treinamento de competências doprofissional da atividade física adaptada; Dança, atividadesaquáticas, recreação e ginástica para indivíduos comdeficiência; Atividade física e envelhecimento; Atividadefísica adaptada e os países em desenvolvimento.

Os resumos e artigos completos submetidos ao ISAPA,classificados dentro das áreas temáticas listadas acima, fo-ram publicados na língua inglesa. Todos os resumos e artigossubmetidos por autores de países que não falam a línguainglesa foram voluntariamente revisados pela profissionalDebra F. Campbell, jornalista, editora e expert emcomunicações. As categorias de apresentação foram:

Mini-symposium – 9 sessões com 24 trabalhosWorkshop – 19Research abstracts – 233Professional abstracts – 141Film abstracts – 19

O número total de abstracts publicados foi de 436,totalizando 182 páginas no livro dos Anais. Destes abstracts,211 foram de autores brasileiros e 210 de autores estrangeiros.Os artigos completos incluíram 15 manuscritos de autoresconvidados que apresentaram conferências ou mesasredondas. Dos autores convidados a submeter artigoscompletos, 28 manuscritos foram publicados. Este conjuntode artigos completos gerou 253 páginas no livro dos anais. Ototal de páginas do livro dos anais foi de 456 páginas comcerca de 664 autores. O livro pode ser publicamente acessadono seu formato PDF no site do evento:http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/isapa/welcome.htm

Foto: D.F.CampbellFigura 2. Livro dos Anais do ISAPA

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A tradição do ISAPA e seus parceiros

O ISAPA foi pela primeira vez, desde a primeira edição em1977, sediado em um país de economia emergente. Não háregistros oficiais sobre o volume de participantes nos eventosISAPA anteriores. Abaixo, no Quadro I está a lista de paísesque hospedaram o ISAPA antes do Brasil. Em 2009, o ISAPAocorrerá na Suécia.

Quadro I. ISAPA e seus executores.

Ano Cidade País1977 Quebec Canadá1979 Bruxelas Bélgica1981 Nova Orleans Estados Unidos1983 Londres Inglaterra1985 Toronto Canadá1987 Brisbane Austrália1989 Berlin Alemanha1991 Miami Estados Unidos1993 Yokohama Japão1995 Oslo Noruega1997 Quebec Canadá1999 Barcelona Espanha2001 Viena Áustria2003 Seul Coreia2005 Verona Itália2007 Rio Claro Brasil2009 Suécia

A realização deste evento internacional foi deresponsabilidade da Universidade Estadual Paulista (UNESP)e contou com a parceria da Sociedade Brasileira de AtividadeMotora Adaptada (Sobama) e da Federação Internacional deAtividade Física Adaptada (International Federation ofAdapted Physical Activity, IFAPA). Ainda, contou com oendosso do Conselho Internacional de Ciências do Esporte eEducação Física (International Council of Sport Science andPhysical Education, ICSSPE), Olimpíadas EspeciaisInternacional (Special Olympics International, SOI), AliançaAmericana para a Saúde, Educação Física, Recreação e Dança(American Alliance for Health, Physical Education, Recre-ation and Dance, AAHPERD) e Associação Americana deAtividade Física e Recreação (American Association of Physi-cal Activity and Recreation, AAPAR).

Diversas organizações concederam apoio e recursos denatureza diversa, desde prestação de serviços até recursosfinanceiros. Entre estas foram: o Instituto de Biociências daUNESP através do Departamento de Educação Física, do PoloComputacional, do Programa de PG em Ciências daMotricidade, da SAEP; da Prefeitura Municipal cedendotransporte público e serviços especiais de segurança emanutenção da limpeza urbana durante o evento através da

Secretaria de Turismo, e cedendo a escola “EMEI Prof. ElpidioMina” como alojamento; da Coordenadora deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo(FAPESP), Ministério do Esporte e ParaPan Rio, GovernoFederal. Esta última cedeu os fundos mais significativos paraa organização do evento. A IFAPA, ICSSPE e SOI formalmentecontribuíram com recursos para a cerimônia de premiaçãoIFAPA awards. (Abaixo Dr. Carlos Eduardo Negrão recebedas mãos do Dr. Reid, o prêmio Rarick e Dr. Jose A. Barelarecebe o prêmio Jovem pesquisador IFAPA).

Fotos: D.F.Campbell

Inovação em inclusão eacessibilidade aos participantes

Uma iniciativa para promover acessibilidade aparticipantes de países em desenvolvimento e inclusão departicipantes com deficiências foi a criação do programa debolsas do ISAPA Brazil. Foram concedidas três bolsas departicipação e taxas especiais da ISAPA-Brasil 2007: Bolsade participação: A Comissão Organizadora concedeu três dascinco (5) bolsas que incluíram isenção na taxa de inscrição,além de hotel e refeição para participantes internacionais depaíses de economia emergente (EEC) e países de economiaameaçada (ECC). A bolsa não incluiu custos com transporte

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internacional (i.e., passagem de avião). Requisitos: Oindivíduo deveria ser residente permanente de um país EECou ECC (apresentação de passaporte e passagem de avião);O indivíduo submeteu um resumo para a ISAPA-Brasil quefoi aprovado pela comissão científica; O ISAPA tambémconcedeu isenção de taxa de inscrição para a ISAPA-2009:Taxas especiais: Os participantes de países EEC e ECCreceberam 50% de desconto nas taxas internacionais deacordo com o cronograma de inscrição.

Atividades e workshop SOI pré-ISAPA

Antes do evento ISAPA iniciar tivemos odesenvolvimento do workshop da Special OlympicsInternacional (SOI) e a participação do grupo de atletas daUNIP de Toledo que demonstrou, num jogo espetáculo, ohandebal em cadeira de rodas, e ao final alguns atletas jogaramcapeira adaptada. Ambas atividades em fase de implantaçãoneste país. Durante o evento produtos, métodos e programasde cunho acadêmico e profissional foram divulgados. Açõese debates junto aos líderes e membros ligados direta ouindiretamente com organizações formadas para e por pessoas

com deficiências ocorreram em encontros de área e sessõestemáticas.

Palestrantes de mesas redondas e conferênciasde abertura e encerramento

Dr. José Barela, São Paulo State University at Rio Claro,Brazil; Dr. Anne-Jobling, The University of Queensland, Aus-tralia; Dr. Andre Rodacki, the Federal University of Paraná,Curitiba, PR, Brazil; Anne-Mette Bredahl, Norwegian Univer-sity of Sport and Physical Education, University of Oslo &Beitostoelen Healthsportcentre, Norway; Dr. Regina Favre,the São Paulo Laboratory of Formative Process, São Paulo,Brazil; Dr. Ignatius Onyewadume, the University of Botswana,Gaborone, Botswana; Dr. Shihui Chen, the Hong Kong Insti-tute of Education, Tai Po, NT, Hong Kong; Dr. ElianeMauerberg-deCastro, São Paulo State University at Rio Claro,Brazil; Dr. David Rodrigues, the Technical University ofLisbon, Portugal; Dr. Herman van Coppenolle, KatholiekeUniversitet, Leuven, Belgium; Dr. Claire Boursier, the Univer-sity of Paris, France; Dr. Glenn Roswal, Special Olympics In-ternational and Jacksonville State University, Alabama, USA;Dr. Yves Vanlandewijck, International Paralympics and theKatholieke Universitet, Leuven, Belgium; Dr Carlos EduardoNegrão, Heart Institute, University of São Paulo College ofMedicine (Incor), São Paulo, SP, Brazil; and Dr. HutzlerYeshayahu (Shayke), IFAPA President Elect, from ZinmanCollege of Physical Education, School of Health Sciences,Israeli Sport Center for the Disabled, Ramat, Israel.

Atividades culturais, sociais e outras

O ISAPA manteve a tradição com as atividades culturaisque deram visibilidade ao trabalho realizado por grupos eindivíduos com deficiências na cidade de Rio Claro e outrascidades e regiões brasileiras.Fotos: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

Fotos: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

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Fotos: C. Paioli e R. Mauerberg de Castro

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O ISAPA foi, além de um evento científico e profissionalinternacional, um evento social, cultural, no qual as pessoasque vieram desde cidades vizinhas até regiões remotas doplaneta levaram uma significativa experiência sobre o Brasil,os brasileiros, as danças, as festas, as amizades, a cultura, atroca.

A estrutura de comunicação

O ISAPA nos cinco dias do evento rendeu um sucessoque dependeu amplamente da organização iniciada váriosanos antes por poucas pessoas, além de um sistem constantede comunição via meio eletrônico. Parte central da organizaçãofoi a estratégia adotada para comunicação com participantese a submissão de trabalhos. Neste evento, 100% dos trabalhosforam submetidos on-line através da página dinâmicaconstruída pelo técnico Ari Xavier do Polo computacional daUNESP.

Conclusão

Um simpósio internacional do porte do ISAPA foi umaoportunidade para estudiosos do mundo inteiro e de nossasinstituições discutirem assuntos sobre diversidade cultural etambém dar visibilidade aos assuntos internacionais em tornodo esporte e da atividade física para pessoas com deficiência.O ambiente brasileiro foi uma oportunidade perfeita para porem práticas estes assuntos.

Também abriu perspectivas para a pesquisa aplicada e oentendimento das necessidades profissionais, além de um

intercâmbio internacional sem precedentes na história daatividade física adaptada.

O ISAPA 2007 foi um projeto 100% voluntário, sem finslucrativos, executado por alunos e docentes da UNESP deRio Claro, São Paulo. Esperamos que os futuros organizadoresdo ISAPA concordem que os eventos científicos devambuscar meios de promover a inclusão, a visibilidade, além daciência, a cultura, a humanização nas parcerias, por fim umambiente para políticas da diversidade.

A reputação positiva de nosso país e de nossasinstituições não passou despercebida, e esperamos que umreflexo das impressões que nossos colegas visitantes levarampara seus locais de origem seja o de influenciar com altruísmoos futuros organizadores deste e outros eventos na área emoutras partes do Brasil e do mundo.

O ISAPA Brasil foi uma verdadeira experiência sobrepessoas. Os participantes levaram mais do que experiênciasacadêmicas e profissionais pra casa. Eles levaram memóriasde seus encontros com velhos e novos amigos, inspiraram eforam inspirados por muitos. Muitos expandiram o significadode experiência cultural, e o significado de diversidade. Muitosfizeram diferença.

Fotos: D.F Campbell

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Comissões

Comissão organizadora

Eliane Mauerberg-deCastro – UNESP Rio Claro/Sobama, Brazil -PresidenteJosé Angelo Barela – UNESP Rio Claro, Sobama, Brazil - Vice-presidenteAdriana Inês de Paula – UNESP Rio Claro, Sobama, BrazilAnne-Mette Bredahl – Norwegian University, IFAPA, NorwayClaudine Sherrill – IFAPA, USADebra Frances Campbell – Researcher, USA/UNESP, BrazilMárcia Valéria Cozzani – UNESP Rio Claro, Sobama, BrazilSandra Garijo de Oliveira – UNESP Rio Claro, Sobama, Brazil

Comissão científica

Adriana Inês de Paula – UNESP, Rio Claro; FIB, Bauru, UNIMEP,Piracicaba, Sobama, BrazilAna Claudia Palla-Kane – University of Virginia, USAAngelina Zanesco – UNESP, Rio Claro, BrazilAnne-Mette Bredahl – Norwegian University of Sport, NorwayClaudine Sherrill – IFAPA, USADale Ulrich – University of Michigan, USADebra Frances Campbell – Independent Researcher, USA/UNESP,BrazilEliane Mauerberg-deCastro – UNESP, Rio Claro, Sobama, BrazilGabriela Toloi – Universidade Paulista, UNIP, BrazilJosé Ângelo Barela – UNESP, Rio Claro, Sobama, BrazilJoslei Viana de Souza – Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,BrazilJuliana Bayeux Dascal – UNESP, Rio Claro, BrazilLaurie Malone – Lakeshore Foundation, Alabama, USALilian T. B. Gobbi – UNESP Rio Claro, BrazilMárcia Valéria Cozzani – UNESP, Rio Claro, Sobama, BrazilRenato Moraes – USP Leste, São Paulo, BrazilRuth Eugênia Cidade – UFPR, Sobama, BrazilVera Lúcia S. da Silva – UNESP, Rio Claro, BrazilVerena J. Pedrinelli – São Judas Tadeu University, Sobama, Brazil

Comissão de tesouraria

Eliane Mauerberg-deCastro – UNESP/Sobama, BrazilAdriana Inês de Paula - UNESP, Rio Claro; FIB, Bauru, UNIMEP,Piracicaba, Sobama, Brazil

Secretaria

Márcia Valéria Cozzani – UNESP/Sobama, BrazilAdriana Inês de Paula UNESP, Rio Claro; FIB, Bauru, UNIMEP,Piracicaba, Sobama, BrazilSandra Regina Garijo de Oliveira - UNESP/Sobama, BrazilJuliana B. Dascal - UNESP, BrazilJoslei Viana de Souza – UESC/Sobama, Brazil

Comissão de relações sociais, cultural e turismo

Catia Mary Volp - UNESP, Brazil

Sandra Regina Garijo de Oliveira - UNESP/Sobama, BrazilAna Clara de Souza Paiva – UNESP, BrazilDébora Rossi – UNESP, BrazilDenise Rosa Marcelino – UNESP, BrazilAnne Caroline C. Lamonato – UNESP, BrazilJoão Letízio – TKTOne, Rio Claro, Brazil

Comissão de transporte e recepção

Debra Frances Campbell – USA/UNESP, BrazilAndrei Guilherme Lopes – UNESP, Brazil

Comissão de audiovisual e assistência técnica

Carolina Paioli Tavares – UEPG, Paraná, BrazilBruna Cuba - UNESP, BrazilRaquel Mauerberg de CastroElaine Mara da Silva – UNAERP, BrazilSAEPE – UNESP, Brazil

Comissão de alojamento

Camila de Souza Lucena – UNESP, BrazilRosana Cláudia Boni – UNESP, BrazilBruno Giusti – UNESP, BrazilJoão Letízio – TKTOne, Rio Claro, Brazil

Comissão de coffee break

Maria Caroline da Rocha Diz – UNESP, BrazilLuciana Ceregatto – UNESP, BrazilJacqueline Carvalho – UNESP, BrazilNatália de Lemos – UNESP, BrazilRenata Valle Pedroso – UNESP, BrazilSuelen D. Polanczyk – UNESP, Brazil

Comissão de comunicação e relações públicas

Debra Frances Campbell – USA/UNESP, BrazilAndrei Guilherme Lopes – UNESP, BrazilMarina de Carvalho Cavicchia – UNESP, BrazilAna Francisca Rozin Kleiner – UNESP, BrazilPaula Fávaro Polastri Zago – UNESP, BrazilAnderson Saranz Zago – UNESP, BrazilPaula Manco Abrucez – UNESP, BrazilEllen Cristina Fontes – UNESP, BrazilBruna Wahasugui Cuba – UNESP, BrazilLuiza Herminia Gallo – UNESP, BrazilLeandro Sarti Luna – UNESP, BrazilAna Cláudia Gomes de A. Pinto – UNESP, BrazilAlexandre K. Garcia Prado – UNESP, BrazilFelipe Bruno Dias de Oliveira – UNESP, BrazilRenata Bonilha Finzi – UNAERP, BrazilLuana Nascimento Videira – UNAERP, BrazilBruna Saglietti Mahn – UNESP, BrazilFábio Augusto Barbieri – UNESP, BrazilEmerson Sebastião – UNESP, BrazilLuciana Mendonça Arantes – UNESP, Brazil

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..... ADAPTA ..... A revista profissional da Sobama ..... 2007 ..... Ano III ..... 13

Fotos: D.F Campbell

Antônio Carlos de Quadros Júnior – UNESP, BrazilBruno Nascimento Alleoni – UNESP, BrazilMatheus Buratti Sanches – UNESP, BrazilSandro Carnicelli Filho – UNESP, BrazilJuliana Martins de Souza – UNESP, BrazilSissy Bianca Maria Lishi – UNESP, BrazilLea Horii – UNIMEP, BrazilAgueda Maria F. Gomes – Luanda, Angola

Nota sobre a autora

Eliane Mauerberg-deCastro é livre-docente no DEF da UNESPde Rio Claro. É a atual presidente da Sobama.E-mail: [email protected] maiores informações sobre o ISAPA, visitem:http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/isapa/welcome.htm

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Mulher e Esporte Adaptado: Alguns ApontamentosRuth Eugenia Cidade

A mulher no esporte tornou-se um tema que, desde oprincípio dos anos 90, tem recebido crescente atenção nocenário mundial. Em função da realização da “I ConferênciaMundial sobre a Mulher e o Esporte”, é possível apontaralguns dos desdobramentos ocorridos. Essa conferênciareuniu políticos e dirigentes de âmbito nacional e internacionalem Brighton, Inglaterra, de 5 a 8 de maio de 1994. Foi organizadapelo Conselho Britânico do Esporte (British Sport Council),com apoio do COI, e reuniu 280 representantes deorganizações governamentais e não governamentais de 82países.

Esse evento internacional de amplo alcance, dirigido arepresentantes de setores públicos e privados com poder dedecisão, concentrou-se exclusivamente na participação damulher no âmbito esportivo. O evento analisou especifica-mente como acelerar o processo de trocas de experiênciaspara minimizar as barreiras que as mulheres enfrentam quandoparticipam ou se interessam por esporte. Nesse sentido, criouimportantes oportunidades para acumular experiência a partirde casos de sucesso e também para conhecer os problemasque se apresentavam em outros lugares (IWG, 2002).

O enfoque internacional sobre a mulher e o esporteabrangeu muitos países em todos os continentes; reconheceue valorizou as mulheres de todo o mundo e a diversidade dasculturas; examinou temas como: cultura, gênero, sexualidadee necessidades especiais; incluiu deliberações sobreliderança, comercialização e meios de comunicação; além detreinamento com conselheiros e a formação de redes decontato.

Para muitos, foi uma oportunidade para descobrirsoluções, conhecer pessoas com diferentes opiniões e renovaro compromisso de multiplicar as oportunidades para que apopulação feminina participe no esporte. No entanto, o quedestacou essa conferência mundial como marco nos avançossobre a mulher e o esporte foram seus três resultadosprincipais:

- a elaboração da Declaração de Brighton;- o desenvolvimento de uma Estratégia Internacional

para o Esporte Feminino;- a formação de um Grupo de Trabalho Internacional

sobre a Mulher e o Esporte.A Declaração de Brighton é, em si, um conjunto de

princípios estabelecidos para acelerar as mudanças frente àparticipação e envolvimento das mulheres no esporte. Ela éum marco histórico que vem, no decorrer destes anos,

transformando-se no eixo das estratégias, articulações e açõesem favor de uma cultura esportiva que capacite e valorize aparticipação da mulher em todos os aspectos do esporte.

Reconhecida como um dos três principais resultados daConferência de Brighton, a Estratégia Internacional para oEsporte Feminino foi estabelecida para coordenar, entre 1994e 1998, no âmbito internacional, os trabalhos realizados emfavor da participação da mulher no esporte. Nela, recomenda-se aos governos e organismos de todo o mundo queimplementem a Estratégia e a Declaração de Brighton.

A declaração reconhece o valor do esporte, uma vez que,quando praticado de maneira honesta e igualitária, enriquecea sociedade, fomenta a amizade entre os povos e proporciona.Ela é um marco histórico que vem, no decorrer destes anos,transformando-se no eixo das estratégias, articulações e açõesem favor de uma cultura esportiva que capacite e valorize aparticipação da mulher em todos os aspectos do esporte.

De Brighton a Kumamoto, os documentos produzidosregistram, de forma clara, o modo como a Declaração deBrighton tem sido o eixo orientador para as articulações eestratégias de implementação de uma cultura esportiva queproporcione e valorize a participação da mulher em todos osaspectos do esporte. I Conferência Mundial da Mulher e oEsporte e, conseqüentemente, a Declaração de Brightondesencadearam muitas ações em diferentes lugares do mundo,entre as quais apontamos:

1. a criação do Grupo de Trabalho Internacional sobre aMulher e o Esporte (GTI) o site criado em inglês, francês eespanhol que está se convertendo em uma importante fontede informação sobre o trabalho do GTI e as diferentes açõesem prol da mulher no esporte. Seus integrantes são do maisalto nível na área do esporte e representam todos oscontinentes. O objetivo principal do GTI é promover e facilitara criação de oportunidades para a participação da populaçãofeminina no esporte e na Educação Física em todo o mundo.O GTI atua como agente aglutinador dos organismosgovernamentais e não governamentais que se ocupam dodesenvolvimento das meninas e mulheres através do esporte.A elaboração do enfoque estratégico internacional buscoufacilitar o intercâmbio de programas-modelo e de casos desucesso entre federações esportivas nacionais einternacionais, a fim de acelerar o desenvolvimento globalpara uma cultura esportiva mais igualitária;

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2. a sensibilização do Comitê Olímpico Internacional e doComitê Paraolímpico Internacional, que examinaram,debateram e incorporaram a declaração. Em 1995, o COI criouseu próprio Grupo de Trabalho sobre a Mulher e o Esporte. Oobjetivo e mobilizar a comunidade paraolímpica em torno datemática com a finalidade de promover uma maior participaçãofeminina em todos os níveis do esporte paraolímpico;

3. a sensibilização das Nações Unidas, que incluiu trêsmenções sobre o esporte e atividade física na “Plataformapara a Ação” das Nações Unidas, considerada como princi-pal resultado da IV Conferência Mundial das Nações Unidassobre a Mulher, realizada em 1995, na China;

4. a Associação Árabe para a Mulher e o Esporte foi oprimeiro grupo regional criado logo após a Conferência deBrighton; e foi oficialmente estabelecida a AssociaçãoAfricana de Mulheres no Esporte e o Grupo de Trabalho paraa Mulher Asiática no Esporte;

5. o COI organizou as Conferências Mundiais emLausanne, em 1996, e Paris em 2000, que resultaram emrecomendações e uma série de seminários em favor daparticipação da mulher no esporte;

6. a Associação Internacional de Educação Física e Esportepara Meninas e Mulheres (IAPESGW) realizou conferênciasna Finlândia (1997), nos Estados Unidos (1999) e no Egito(2001);

7. a realização da II Conferência Mundial sobre Mulher eEsporte, na Namíbia, em 1998, reafirmou os princípios daDeclaração de Brighton e produziu a Carta de Windhoek;

8. a Associação Japonesa para a Mulher e o Esporte (JWS)assumiu a iniciativa de criar uma rede na Ásia sobre a mulhere o esporte;

9. a realização da III Conferência Mundial sobre Mulher eEsporte no Canadá, em 2002;

10. a diversidade dos organismos que adotaram adeclaração é também um indício do esforço realizado emBrighton, o que tem assegurado a inclusão de questõescomuns que se apresentam à mulher e ao esporte em eventos,encontros, conferências e grupos de trabalho de todo omundo. O número de adesões continua aumentando; emjaneiro de 2002, 250 organismos notificaram ter adotado adeclaração;

11. a realização da IV Conferência Mundial sobre Mulhere Esporte no Japão, que será em 2006.

Embora essas ações sejam recentes, desde muito tempo

existem organismos preocupados especificamente com apromoção da Educação Física e dos esportes para meninas,jovens e mulheres. Um dos mais destacados é a AssociaçãoInternacional de Educação Física e Desportos paraMenimas e Mulheres (International Association of PhysicalEducation and Sport for Girls and Women – IAPESGW), queacaba de completar 50 anos de existência. Os organismosnacionais dedicados a promover a igualdade da mulher noâmbito esportivo, tal como a Fundação para o EsporteFeminino nos Estados Unidos, também existem há algumtempo (IWG, 2002).

No entanto, os documentos registram marcadamente asiniciativas, as ações e os avanços a partir da realização da IConferência Mundial sobre a Mulher e o Esporte. Osresultados da conferência ainda mobilizam pessoas e emvários lugares do mundo seu desdobramento vemtransformando ações e atitudes em benefícios para meninase mulheres envolvidas no esporte. Considera-se a Conferênciade Brighton, de 1994, como marco, da atualidade, de umainiciativa internacional, estratégica e coordenada.

Depois desta breve apresentação de alguns dos diferentesencaminhamentos e ações no sentido de promover uma maiora participação feminina no esporte, pode-se ter a impressãode que as pressões sociais sobre as mulheres cederam ou seatenuaram. Na realidade, as pressões e tensões nãodesaparecem, elas foram substituídas, renovadas, recriadas.As dimensões micro e macro, face e contraface do processosocial que envolve a participação da mulher no esporte sópoderão ser entendidas assim, de forma relacional,considerando as tensões entre indivíduos e gruposinterdependentes.

A partir destas colocações, buscamos localizar, no centrodeste estudo, a situação peculiar da mulher atleta comdeficiência, no sentido de explicitar esse recente fenômenosocial no qual as mulheres estão envolvidas.

De 1994 a 2006, a I Conferência Mundial da Mulher e oEsporte e, conseqüentemente, a Declaração de Brightondesencadearam muitas ações em diferentes lugares do mundo,entre as quais apontamos:

a. Conferência mundial do Comitê Olímpico Internacionalsobre mulheres e esporte – 1996;

b. II Conferência Mundial sobre a Mulher e o Esporte –1998 (Windhoek, Namibia);

c. IV Conferência das Mulheres Européias e Esporte –2000;

d. Reunião sobre Mulher e Esporte: Sydney 2000;

e. III Conferência Mundial sobre a Mulher e o Esporte –2002 – Montreal, Canadá.

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f. IV Conferência Mundial sobre a Mulher e o Esporte –2006 – Kumamoto, Japão.

Mulher e esporte: Notas...

- No dia 25 de setembro de 2004, o CPI promoveu sob acoordenação de Ann Cody uma reunião técnica comrepresentantes dos países participantes dos JogosParaolímpicos para discutir a situação da atleta portadora dedeficiência. Das questões colocadas no encontro destacamosa participação feminina nas Paraolimpíadas passou de 25%em Sydney para 30% em Atenas; houve a inclusão de duasmodalidades para a disputa entre mulheres: judô e vôleisentado;

- Nas Paraolimpiadas de inverno em Salt Lake City, 2002,24% de participação feminina, superando os 21% dos Jogosde Nagano, 1998;

- Criação de um grupo de trabalho (rede) para mobilizar acomunidade paraolímpica em torno da temática com afinalidade de promover uma maior participação feminina emtodos os níveis do esporte paraolímpico;

- Em 2006, em Torino, a participação feminina caiunovamente para 21% (99 mulheres entre os 474 atletasparticipantes);

- Nos Jogos Paraolímpicos de Inverno de 2006, em Torino,12 das 39 atletas mulheres selecionados pelos ComitêsParaolímpicos Nacionais, foram porta-bandeiras, conduzindosuas equipes na Cerimônia de Abertura;

- após recomendação do comitê de mulheres no esportedo IPC (wisc), a assembléia geral do ipc de 2003 adotou apolítica de igualdade de sexo. tal política declara que todas asentidades pertencentes ao movimento paraolímpico devemestabelecer, imediatamente, como um objetivo a ser atingidoaté dezembro de 2005, que, no mínimo, 15% de todos oscomitês nacionais, em decisões que afetem suas estruturas,devem ser dirigidas por mulheres, com a intenção de alcançar30% de representatividade até 2009;

- Existe também uma preocupação na formação de lideresfemininas, por isto destacamos aqui alguns eventos que fo-ram realizados neste sentido: Seminário para Mulheres SobreGerenciamento de Esportes de 5-8 Junho 2006 em Lausanne,Suiça; Treinamento de Liderança de Esporte para Mulheresdo Kênia de 5-7 Julho de 2006 em Nairobi, Quênia; Reuniãodo IPC Sobre Liderança das Mulheres no Esporte ParaEuropeus em Maio de 2006 na Suécia;

- E recentemente no Brasil destacamos a realização dos

Jogos Escolares (paraolimpicos) que aconteceram de 20 a 26/10/07 em Brasília com 14 estados representados. Nele 499participantes, totalizando 315 atletas entre deficientes físicos,visuais e mentais, dos quais 109 mulheres, representando35% do total em 4 modalidades: atletismo, natação, tênis demesa e golbol.

Considerações finais

Quanto à mulher portadora de deficiência, consideramosque o avanço, tanto na Declaração de Brighton quanto naCarta de Windhoek ou nos informes, é observado quandoesses documentos recomendam, de forma abrangente, aeliminação de todas as formas de discriminação, a adequaçãodos recursos físicos e o atendimento das necessidadesespecíficas das mulheres envolvidas com o esporte. De certaforma, essas ações contemplam as mulheres comnecessidades especiais envolvidas no esporte.

De Brighton a Kumamoto, muitas têm sido as discussõese ações e destacamos que, no conjunto das reflexões, hásempre a preocupação com as meninas e mulheres portadorasde deficiência. Destacamos que há ênfase em que as medidaspossam ajudá-las a superar dificuldades pessoais e sociais,desenvolvendo auto-estima e confiança em si mesmas,assegurando igualdade de oportunidades no acesso aatividades físicas, competições, treinamentos e posições deliderança propiciando uma mudança na cultura e nos sistemasesportivos.

Nota sobre a autora

Ruth Eugenia CidadeUniversidade Federal do ParanáDepartamento de Educação Física/Cepels

E-mail: [email protected]

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Pet Terapia e Atividade Física AdaptadaO Homem e o Seu Amigo

Camila de Souza LucenaEliane Mauerberg-deCastro

O homem, por quase toda sua existência, explorou oambiente natural com um olhar particularmente atento einteressado por outras formas de vida, como por exemplo, osanimais. Os animais foram domesticados aproximadamentehá 15 mil anos (Chieppa, 2005; Fine, 2004). Os lobos e oscavalos foram os primeiros a ser domesticados e nunca maissaíram do convívio com o homem. O resultado foi um processoadaptativo de subordinação ao homem. Muitas vezes, animaisforam considerados como divindades, outras vezes, utilizadoscomo força de trabalho ou simplesmente segurança deterritório (i.e., o lar). O convívio no lar para algumas espécies,como os cães, resultou numa mudança na dinâmica socialentre os últimos que tornou o homem essencialmente o seumestre, o líder numa relação predominantemente afetiva ondeo animal expressa sua lealdade e obediência inegociável.

Neste último século, a domesticação ampliou a percepçãode profissionais—particularmente àqueles ligados às áreashumanas e de saúde—de que o animal pode ser consideradoum distribuidor de benefícios psico-sociais. Neste contextoencaixa-se a pet terapia que pode ser definida como umaterapia alternativa mediada pelo uso do animal. Na pet terapia,o animal é considerado um co-terapeuta que promover melhorqualidade de vida aos pacientes ou clientes (Dotti, 2005).

Segundo Mauerberg-deCastro (2005), o objetivo dasofertas de terapias alternativas—e a pet terapia é uma delas—é reverter estados corporais desequilibrados por doenças,conseqüências de deficiências, ou simplesmente resultado

de stress, e melhorar ou recuperar a saúde e o bem-estar.O tipo de terapia por contato mediado por seres de outras

espécies, como a canina é dividido em dois tipos: TerapiaAssistida por Animais (TAA) e Atividade Assistida porAnimais (AAA) (Blackman, 2003). A TAA utiliza o animal emsessões terapêuticas, sejam elas em clínicas, centros dereabilitação ou hospitais, e é administrada por profissionais(e.g., psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, etc.) da áreaclínica treinados na pet terapia. A AAA é mais utilizada porprofissionais envolvidos com a área educacional e social. AAAA consiste em visitação, recreação ou distração pelocontato com o animal. Os locais variam de hospitais, presídios,orfanatos, escolas ou mesmo parques.

Os animais de estimação participantes de um programa depet terapia, seja TAA ou AAA, necessitam certos requerimen-tos e um protocolo de treinamento. É comum este tipo deenvolvimento partir de uma iniciativa do dono. A afetividadedo animal em geral, é o ponto de partida para tal interesseporque facilita sua inserção proposta.

Os animais na pet terapia

Existem diversas possibilidades na escolha dos animaisque podem ser recrutados na pet terapia. Entre elas estão:cavalos, que podem ser utilizados como co-terapeutas emprotocolos de reabilitação do controle postural, por exemplo.

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Este modelo é chamado de equoterapia; golfinhos podemser utilizados como estímulos terapêuticos na comunicação eexpressão dos pacientes com distúrbios psicossociais ouemocionais. Este modelo é chamado de delfinoterapia.Outros animais como cães, gatos, peixes e pássaros tambémparticipam como terapeutas parceiros em programas variadosde terapia alternativa.

Os cães são os mais utilizados em programas de pet terapiapor apresentarem comportamento dócil e de fácil adaptação.Recomenda-se o uso de animais sem histórico deagressividade, com idade de até nove anos, em perfeitascondições de saúde e livre de zoonoses, e que tenham umadestramento específico para companhia. O adestramentorequer pelo menos treinamento de obediência, primeiro passoem qualquer adestramento canino. A escolha do animal deveser feita tendo em vista as pessoas envolvidas: com criançasutilizamos cães mais ativos; com idosos e pessoas acamadasutilizamos cães menores, mais calmos e de pêlo liso, facilitandoo acesso à cama do paciente.

O melhor período de adestramento do animal é no primeiroano de vida, pois é neste período que sua personalidade édefinida. Com isso o cão permitirá a manipulação em qualquer

parte do seu corpo, não será agressivo aos esbarrões e puxõesque podem acontecer decorrente da atividade em si eobedecerá aos comandos básicos do terapeuta ou do dono.

Os benefícios da pet terapia

São inúmeros os benefícios que a pet terapia proporcionaàs pessoas que participam do programa. Algumas melhorassão imediatas como: sensação de bem-estar e alegria; outrasvariam e em geral são de mais longo prazo: auto-estima,quadros de ansiedade, depressão, hipertensão, problemasde comunicação, sensibilidade, entre outros.

Estudos mostram que pessoas que possuem animaissofrem menos problemas cardíacos e vivem mais. Em criançasque possuem animais de estimação, observou-se que elaspossuem maior sensibilidade e maior compreensão com outraspessoas. Nos idosos, estudos mostram que a companhia deum animal pode, a longo prazo, reduzir o estresse, a pressãosanguínea, os trigliceres, açúcar e outros fatores (Kessopulos,1974).

É comum que participantes da pet terapia se deparem comsituações e emoções que só o contato mediado pelo animalpode proporcionar: manifestação de carinho, sorrisos, tocare ser tocado, curiosidade, excitação, entre outroscomportamentos. Com a pet terapia novas capacidades podemser desenvolvidas, novos conhecimentos podem serestabelecidos, reconhecendo nosso meio e melhorando arelação com o mundo ao nosso redor. Nesse processo existeminteresses psicológicos de todos os que participam desteprograma, sejam os pacientes, os terapeutas ou qualqueroutra pessoa envolvida. Para que ocorra sucesso notratamento os administradores do programa devem ter apercepção das dificuldades expressa por ambos, participantee animal: qualidade da interação social, presença de ansiedadeou medo, nível de responsabilidade, confiança e carinho.Todos sabemos que um animal que confia e tem afeto peloseu amigo humano, torna-se um guardião do seu bem-estar, eresponsável e preocupa-se em não desapontá-lo. Ao mesmotempo tem poucas expectativas e não julga o seu parceiro.Este último aspecto é que cria a vantagem na interação mediadapor animais. Segundo Mauerberg-deCastro (2005), a interaçãofísica com um animal não tem os apegos típicos que nósseres humanos passamos uns para os outros. Atividadescom animais, como a terapia canina, encoraja sentimentosprofundos de amizade e confiança despretensiosa, semcobranças, culpa ou mesmo expectativas.

A pet terapia inserida naatividade física adaptada

O conceito de atividade física adaptada (AFA) é bastanteamplo. Porém, todas suas definições estão relacionadas com

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as inúmeras possibilidades da motricidade humana. O termo“adaptado” é interdisciplinar, ou seja, está relacionado com oemprego de várias áreas de conhecimento. A AFA visa àpromoção de saúde por programas educacionais ou dereabilitação e deve ser bastante diversificado a fim de quetodos os participantes envolvidos possam de alguma formase beneficiar com o trabalho desenvolvido.

As metas das AFA podem ser atingidas de inúmerasmaneiras. Tipicamente a AFA emprega o esporte, atividadesaquáticas, a dança, atividades desenvolvimentistas compropósitos de reabilitação e educação motora. A pet terapiapode incorporar metas tradicionais da AFA e expandir osignificado positivo da interação social que distingue a AFAdas abordagens e práticas terapêuticas tradicionais. Ummodelo como de pet terapia foi implantado por Mauerberg-deCastro em 2003 no já existente programa de atividade físicadentro da Universidade Estadual Paulista (UNESP) em RioClaro, o PROEFA (Mauerberg-deCastro, 2006). O PROEFA(Programa de Atividade Física Adaptada) é um laboratório depráticas pedagógicas para alunos de educação física e deáreas afins da saúde.

No PROEFA, a pet terapia possui um formato específicoque incorpora a tradicional rotina de treinamento deobediência canina e contextos de atividade físicadesenvolvimentista. Detalhes sobre obediência neste formatopodem ser encontrados em Delta Society (2003) e Mauerberg-deCastro (2005).

Em geral, o treinamento de obediência inclui:gerenciamento do comportamento, comandos básicos,prática e consistência/rotina, condução, posturas,alerta e permanência, resposta ao chamado, controledo stress (resistir a gritarias e medo das crianças),truques (não é fundamental para o pet terapeuta), faroe busca (esta fase é considerada avançada numprograma de treinamento do animal). (Mauerberg-deCastro, 2005, p.517)

Numa rotina típica de pet terapia no PROEFA, osparticipantes—que incluem alunos com deficiência intelectuale alunos tutores provenientes de escolas regulares de 5ª. a8ª. série—são apresentados aos animais com a finalidade defamiliarização e estabelecimento de regras. Dados históricose de cuidados com cada animal são importantes passos nestafase. Posteriormente são ensinados alguns comandos básicos,como sentar, deitar, andar junto. Cada aluno é emparelhado

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com seu tutor e um cão visitante. Em seguida os cães sãoguiados por um percurso livre (geralmente um círculo) noqual os pares trocam regularmente a função de guiar o seuparceiro. Ao longo da prática, o ambiente de AFA pode incluirpercursos mais elaborados que exijam manobras edeslocamentos, mudanças de planos, situações que exijamequilíbrio e navegação (no caso de algum aluno estarvendado).

Nos encontros dentro do PROEFA com os cães, é comumobservamos que os animais facilitam o entendimento dosalunos em relação às atividades propostas pelo professor.Ainda, eles despertam a motivação para a socialização entreeles. Do ponto de vista físico, o ambiente da pet terapiademanda coordenação, consciência corporal, equilíbrio eorientação espacial, entre outras capacidades.

Em linhas gerais podemos dizer que os profissionais dasaúde como educadores físicos, por exemplo, devem estarabertos a propostas alternativas dentro da sua práticaprofissional. A inserção de animais em terapias alternativasnão é novidade e promove inúmeros resultados positivospara ambos, humanos e animais. Além dos benefícios motores,emocionais, sociais e espirituais, a pet terapia num ambientecomo da AFA, mostra-se uma perfeita ferramenta terapêuticaque ainda está por ser avaliada em seus benefícios espe-cíficos.

Referências

Blackman, D. (2003). Therapy Dogs and Visiting Pets. [acesso:12 de maio de 2004; http://www.dog-play.com/index.html]

Chieppa, F. A relação homem animal. Disponível em: <http://www.doutorcao.com.br/texto_artigo_arelacao.htm>.Acesso em 08 de dez. 2005.

Delta Society (2003). Delta’s therapy animal program, PetPartners® – 1996-2003 [acesso: 12 de maio de 2004; http://www.deltasociety.org/aaat.htm]

Dotti, G. (2005). Terapia e animais. São Paulo: Noética.

Fine, A. H. (2006). Can Animals Help Humans Health? Ani-mal-Assisted Interventions in Adolescent Mental HealthSunday, March 28th, 2004 artigo; Disponível em: <http://www2.vet.upenn.edu/research/centers/cias/abstracts/Fine.htm>. Acesso em 18 de set. 2006.

Kessopulos, G. (1974). Dog obedience training. North Hol-lywood: Melvin Powers.

Mauergerg-deCastro, E. (2005). Atividade Física Adaptada.Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, 2005. P 512- 519.

Mauergerg-deCastro, E. (2006). Proefa: Uma tradição de 18anos: Estrutura de um projeto de extensão universitáriaem educação física adaptada. Adapta, 2, 1,18-27.

Nota sobre as autoras

Camila de Souza Lucena è bacharel em Educação Físicaformada pela Unesp de Rio Claro onde atualmente realiza ocurso de complementação. O artigo é parte da sua monografiaapresentada em 2006. Membro do Laboratório de Ação ePercepção e realiza pesquisas em controle postural edeficiência mental.Endereço para contato:Estrada de Taipas, 3894Jardim RincãoSão Paulo- 02991000E-mail: [email protected]

Eliane Mauerberg-deCastro é livre-docente no DEF da UNESPde Rio Claro. Doutora em psicobiologia, coordena oLaboratório da Ação e Percepção. Autora do livro AtividadeFísica Adaptada .

Para maiores informações sobre a autora, visitem:http://www.rc.unesp.br/ib/e_fisica/hpefa/abertura.htmE-mail: [email protected]: PROEX-UNESP

Nota: Todas as fotos são de autoria e propriedade de D.F.Campbell e E. Mauerberg-deCastro, e foram cedidas parailustrar este artigo.

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Manejo da Cadeira de RodasUma ferramenta importante no dia-a-dia do basquete sobre rodas

Eliane Mara da Silva

Após alguns anos em contato com o basquete sobre rodasno interior de São Paulo, podemos concluir que a realidadeda rotina de treinamento ou aprendizado da modalidade nãocontempla, ou deixa a desejar, o desenvolvimento dasdinâmicas de contato e do manejo da cadeira de rodas pelojogador. O objetivo deste artigo é relatar uma preocupaçãoque não pode ficar distante do basquete sobre rodas epromover uma análise sobre o assunto.

Acreditamos que a modalidade necessita de cuidados ede maior atenção para uma continuidade com qualidade nocenário esportivo. Para isso, é fundamental um trabalhodetalhado e responsável que facilite a aprendizagem edesperte o gosto do jogador pela prática da modalidade. Aatuação do técnico ou do professor de educação física afrente de uma equipe, revela que tipo de compromisso ele temcom a modalidade e por conseqüência com seus jogadores.Essa atuação passa pela pelo primeiro contato do deficientefísico com o esporte até o momento do jogo, sem que ele seesqueça do prazer em jogar basquete.

Uma realidade: começar ou recomeçar

Normalmente encontramos equipes de basquete sobrerodas formadas por jogadores experientes e iniciantes. É muitoraro, mas não impossível encontramos alguma equipe formadaapenas por jogadores iniciantes. Há equipes que atuam pormuitos anos com o mesmo elenco de jogadores. Existemtambém jogadores experientes ou não, que se afastam dasequipes, as vezes chegando a ficar um pouco mais de um anolonge da modalidade,e que depois de um certo tempo, acabamretornando às mesmas equipes. Neste meio tempo, algunsjogadores iniciantes acabam ingressando na modalidade eassim compondo estas equipes.

Uma situação com esta, é muito difícil de ser administradapelo professor ou técnico da equipe. De um lado ele temaqueles que nunca tiveram contato com o esporte, muitomenos com a cadeira esportiva e do outro lado, os jáveteranos sem muita paciência e um nível de tolerância adesejar, querendo sempre ir logo para o “coletivo”, sem sepreocupar com as dificuldades dos outros. Somado a istotudo, vem a carga horária de treinamento que muitas vezes éinsatisfatória, não dando conta da demanda da equipe. Nofinal, fica muita reclamação por parte dos veteranos e muitodesânimo por parte dos que estão começando. Nestemomento, podemos ter grandes dificuldades com a

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continuidade do trabalho.A maioria acaba abandonando ou reduzindo ao mínimo o

trabalho com os iniciantes, não revemos prioridades com osmais habilidosos e o aprendizado do basquete sobre rodascomo um todoacaba ficando comprometido.

Começando ou recomeçando, em qualquer uma destassituações, entendemos que o jogador deverá ser sempre o“alvo” no treinamento da equipe. Iniciante ou não, todojogador terá que passar por todas as etapas que sãoimportantes no aprendizado do basquete sobre rodas. Asvezes, o jogador acha que por ter algum tempo—dois ou trêsanos de treinamento—ele não precisa rever fundamentostécnicos, táticos, fundamentos com cadeira, com e sem bola.A maioria dos jogadores que inicia na modalidade, acha queeste tempo já é suficiente pra jogar basquete. Ele já seconsidera pronto. Quando sabemos que na verdade, aformação de um jogador de basquete sobre rodas é umcaminho longo, difícil e cheio de detalhes. Leva muito tempo.Pelo menos cinco anos de domínio de regras, da modalidade,da cadeira e do próprio corpo.

A importância que é dada ao aprendizado da modalidade,no que diz respeito às regras e conhecimento do jogo, deveriaser a mesma para o desenvolvimento das técnicas de manejoda cadeira de rodas. Se pensarmos que a cadeira faz parte docorpo do jogador e, ao mesmo tempo, é um elemento funda-mental no auxílio técnico no seu desempenho na prática dobasquete, este fundamento—do manejo da cadeira—deveriacompor o dia-a-dia de treinamento, principalmente quandotemos atletas iniciantes na prática desta modalidade, ou queestejam retornando ao esporte.

O manejo é um fundamento importante porque o jogadorcom deficiência física deverá, durante o jogo, executardeterminados movimentos com a cadeira de rodas quesolicitarão dele o domínio de uma ou mais técnicas como,receber um passe em movimento, frear e executarimediatamente um arremesso à cesta, entre outros.

A dinâmica do jogo de basquete sobre rodas exige cadavez mais melhorias tecnológicas deste equipamento, nosentido de aprimorar ainda mais a potencialidade da cadeira

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esportiva, seja através da escolha do material (e.g., titânio,fibra de carbono) utilizado na estrutura do quadro, sejamoutros componentes.

Nem sempre a cadeira de rodas é feita sob medida dojogador. Assim, ela deixa de ter a individualidade necessária,direcionada ao tipo de deficiência e resíduo muscular do atleta.Esta condição acaba criando mais uma situação quecompromete e dificulta muito a qualidade do entrosamentodo jogador com o equipamento. Seria o mesmo que imaginaruma pessoa usando um sapato de outra pessoa sendo esteum número maior ou menor que o dela. A cadeira, então,sempre que possível deverá ser feita sob medida, levando emconsideração a limitação física e a característica do jogadorquanto ao jogo de basquete. Esta possibilidade aliada aodesenvolvimento das técnicas necessárias para o domínioda cadeira proporcionará ao jogador mais segurança eigualdade nos treinamentos e consequentemente nacompetição.

Os fundamentos e as habilidades dacadeira de rodas

É inquestionável a importância da orientação profissionalno desenvolvimento dos fundamentos técnicos dobasquetebol, como: dribles, passes, recepção, arremessos,bloqueios, rebotes, corta-luz, bem como o desenvolvimentodos fundamentos táticos do basquetebol, a transição doataque para a defesa, jogadas defensivas e ofensivas, ejogadas em situações específicas, como uma saída rápida emcontra-ataque que o jogo pode exigir. Todos os itens acimasão desenvolvidos na maioria das vezes conforme oplanejamento do técnico e de sua comissão.

O que não podemos nos esquecer é que todos estesfundamentos da modalidade deverão ser desenvolvidos,aprimorados e muito bem realizados pelo jogador que, pelacaracterística da modalidade, estará sentado em uma cadeira

de rodas. Isto exigirá dele além do aprimoramento dosfundamentos básicos da modalidade convencional comoritmo, equilíbrio, agilidade, força, velocidade, flexibilidade,coordenação e resistência cardiorespiratória, ainda aintrodução de mais uma habilidade que é o manejo da cadeirade rodas.

Em um jogo de basquete convencional, podemos imaginarsituações de movimentos e deslocamentos constantes dosjogadores. Estes movimentos sempre estão associados àmovimentação de um outro componente tão importante quantoo jogador: a bola. Ela é batida, passada e recebida, arremessadae reboteada, enfim, a bola é disputada a todo momento dentroda quadra.

No basquete sobre rodas não é diferente. Mesmo porque,trata-se também de um jogo de basquete. Ao repertório demovimentação e deslocamentos no basquete sobre rodas temque ser acrescentado a presença de uma cadeira para cadajogador, tornando o espaço na quadra mais limitado. Isto nosmostra a dinâmica da modalidade, onde estes movimentosfreqüentemente são executados enquanto o jogador que estána cadeira de rodas bate, passa, enfim, manuseia a bola. Nãose esquecendo das situações em que ele estará em posiçãode defesa ou de ataque com ou sem a bola. Diante disto, compodemos pensar em treinamento ou aprimoramento damodalidade, em situações de sucesso para o jogador e para aequipe, sem o desenvolvimento das técnicas de manejo dacadeira de rodas na rotina de treinamentos?

O treinamento do manejo

Como já dissemos, o basquete sobre rodas é um esportetão complexo quanto o basquetebol convencional, já quetambém exige uma boa coordenação, velocidade com umgrande número de movimentos (para frente e para trás) e degestos (passes e arremessos) e as situações com o

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companheiro, o adversário, a bola, a quadra, a cesta e mais acadeira de rodas. Diante disto, é inegável a necessidade doacoplamento deste tipo de treinamento ao aprendizado dobasquete sobre rodas, independente do jogador ser novatoou veterano. Algumas técnicas para o domínio do corpo e dacadeira de rodas de manejo podem compor esta dinâmica notreinamento:

1. Formas diferentes de locomoção com para frente, paratrás, mudança de direção e de ritmo, giros completos paradireita e para esquerda - Todos estes fundamentos sãoessenciais no desenvolvimento das técnicas de manejo. Comonão é possível fazer o deslocamento lateral, a mudança dedireção é que é responsável pelas fintas muito utilizadas du-rante o jogo. Assim facilita e proporciona a realização dosgiros de 90º, 180° e 360° tanto para a direita como para aesquerda. Basta pra isso, o jogador pressionar o aro do lado

que ele deseje realizar o giro. Puxando rapidamente o aro paratrás, a cadeira fará um giro mais rápido sobre o seu eixo e osgiros acima de 90°, poderão ser realizados mais facilmente.

2. Frenagem - Ela auxilia nos giros e fintas. As mãos deverãoser colocadas à frente do aros propulsores. A frenagem éfeita englobando o aro de propulsão e o pneu ao mesmo

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tempo e de forma gradativa e firme. Algumas situaçõespoderão ser feitas com uma ou ambas as mãos.

3. Propulsão com uma e ambas as mãos - Ela podeacontecer para trás ou para frente. Ambas farão uso daempunhadura no aro de propulsão, respeitando-se o toqueque será iniciado na altura do quadril, podendo ser com umaou ambas as mãos. È muito importante que o jogador mantenhao tronco parado na execução desta técnica. A velocidade e oritmo que o jogador queira imprimir, estarão relacionados coma força aplicada e com a velocidade do movimento destatécnica.

4. Largas e partidas - Muitas vezes um melhorposicionamento do jogador de defesa ou de ataque em quadra,só será possível pelo domínio deste fundamento. A partida eo arranque deverão ser feitos o mais rápido possível. Por issoque é necessário e importante a regulagem da cadeira de rodas

de acordo com a habilidade e potencial de quem vai usá-la.5. Empinar a cadeira - O domínio desta técnica pode auxiliar

o jogador em arrancadas ou partidas mais rápidas. Éimportante o jogador saber ele não poderá fazer uso destatécnica em jogo. Esta técnica é dificultada nas cadeiras quepossuem a 5ª “rodinha” localizada na parte traseira eposicionada entre as rodas. Não possibilidade da execução,é aconselhável que seja feita com o jogador parado e aospoucos em movimentação.

6. Quedas - Durante o jogo de basquete sobre rodas, hágrande possibilidade de choques entre as cadeiras e osjogadores, tornando as quedas são inevitáveis. Considerandoque o jogador terá que utilizar uma cadeira esportiva, quepouco ou em nada se parece com aquela que ele estáacostumado, naturalmente ele poderá não se sentir mais tãoseguro e confiante na cadeira esportiva. Esta situação podeser minimizada, através de uma aprendizagem gradual destatécnica. É importante que o atleta este parado e um colchãode espuma ou mesmo um “colchonete” seja colocado atrás—no caso de proteção para frente—para que o jogador emsituação de desequilíbrio com a cadeira, possa se protegercom o auxilio dos braços e das mãos. A mesma situação deauxílio é recomendada no caso de proteção para trás. Arepetição da técnica pode fazer com que aos poucos o jogadorretome a segurança e confiança que ele tinha perdido.

7. Pegar objetos (a bola) no chão com e sem deslocamento- Em situações de disputa de bola, o jogador terá quemovimentar o tronco para ter a posse de bola que estará nopiso da quadra. Isto requer extrema habilidade, principalmenteem situações de deslocamentos. Na maioria das vezes a bola

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é apoiada na própria roda e aro da cadeira, facilitando a suarecuperação. Esta técnica deverá ser treinada tanto do ladodireito quanto do lado esquerdo, com e sem deslocamento.

8. Pegada - É aconselhável que o jogador em movimentoou não, fique sempre com as mãos apoiadas no aro ou nospneus, considerando dinâmica do jogo de basquete sobre

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rodas e as movimentações que ele terá que realizar. Podedeixá-lo mais alerta. A pegada deve ser feita nos pneus e arospropulsores.

É importante lembrar de associar a bola nodesenvolvimento e aprimoramento destas técnicas.

O compromisso com a modalidade

Nossa preocupação com a qualidade, com o andamento ecom a continuidade do trabalho na modalidade sempre existiu.Tornou-se maior quando percebemos a possibilidade dostreinamentos das habilidades necessárias para o domínio dacadeira pelo jogador, serem preteridos em detrimento documprimento do calendário esportivo para a participação emcampeonatos ou ao desenvolvimento dos fundamentos dobasquete sobre rodas. Neste momento está implícita, comojustificativa, a condição da carga horária de treino reduzidaaliada ao número reduzido de material e ao elevadocontingente de alunos que acabam denunciando a falta detempo dos professores para atuar junto aos jogadoresiniciantes ou com os menos habilidosos, durante ostreinamentos.

Podemos aumentar este repertório situações que parecemjustificar as dificuldades no aprendizado e treinamento domanejo de cadeira de rodas. A questão é que elas já setornaram tão comuns na rotina de treinamento e preparaçãode uma equipe de basquete sobre rodas que as conseqüênciasacabam se refletindo no nível de tolerância de algunsjogadores diante de situações frustrantes—quando o jogadornão consegue alcançar um passe em movimento feito por umcompanheiro ou até mesmo sair de uma marcação e converterum arremesso em cesta—causando certa desmotivação peloprograma ou pela modalidade. Esta preocupação não deveficar distante do basquete sobre rodas, uma vez que dentrodas finalidades do esporte para o deficiente físicoencontramos a condição terapêutica aliada à recuperação docontato e do prazer com a vida e com o mundo.

Outras questões poderão ser acrescentadas ou discutidas,mas o que não podemos nos esquecer é o quanto pode ser

interessante e significativo o caminho da preparação emanutenção do basquete sobre rodas.

Nota sobre a autora

Elaine Mara da Silva é formada em educação física epedagogia. Atualmente é professora da disciplina de educaçãofísica adaptada no curso de educação física da UNAERP,campus de Ribeirão Preto. Especialista em educação pelasFaculdades Claretianas de Batatais, e em atividade física equalidade de vida pela UNICAMP. É professora efetiva naSecretaria Municipal de Esportes de Ribeirão Preto ondeiniciou sua experiência na área de atividade física adaptada.Atuou por 10 anos no basquete sobre rodas e recentementecom atletismo para cegos. É a representante regional do estadode São Paulo junto à Sobama.

Fotos por Livia Cerezoli e Elaine Mara da SilvaEndereço para contato:Rua Elias Dib nº 628 Jd AnhangueraRibeirão Preto, SPCep14092-080Email:[email protected]

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Projeto “Criança Especial”Cícero Campos

Julio César TakeharaLucas Portilho Nicoletti

Valter BrighettiRoseli Custódio Del Alamo

Marcelo Aparecido Faria Parreira

Entre a população brasileira que apresenta algum tipo dedeficiência, a maior incidência relatada é de problemas mentais.Existem diferentes níveis de comprometimento intelectual, eestes são acompanhados por diferentes características físicase comportamentais. Pessoas com retardo mental podemapresentar: equilíbrio insuficiente, hipotonia abdominal,insuficiência respiratória, distúrbios de lateralidade, entreoutros aspectos físicos, cognitivos e emocionais afetados.Com base nessas informações fica clara a importância de umtrabalho específico de atividade física envolvendo essapopulação.

O projeto Criança Especial é realizado desde o ano de2002 pelo curso de Educação Física do Centro Universitário

de Votuporanga, e já atendeu mais de 200 crianças, jovens eadultos, com idades entre 10 e 40 anos, grau de retardo leve asevero, provenientes de duas escolas especiais da cidade.As atividades do projeto são realizadas nas dependênciasdo Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV), e constamde: a) atividades de desenvolvimento e refinamento depadrões de habilidades básicas como: andar, correr, saltar,chutar, receber, entre outras; b) introdução a atividadesesportivas como futebol, basquete, vôlei e atletismo; c)atividades que envolvam ritmo e expressão, com o objetivode desenvolver a criatividade e a desenvoltura; d) atividadesde controle manual, como desenhar, pintar, recortar, com ointuito de desenvolver a coordenação motora fina; e) entreoutras.

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Além dos benefícios afetivos, sociais e físicos alcançadospelos indivíduos com deficiência, ainda temos a possibilidadede proporcionar aos alunos do curso de graduação emEducação Física um laboratório onde os mesmos possamcolocar em prática todo conhecimento teórico adquirido emsala de aula. No caso, esses alunos estão envolvidos comoestagiários, auxiliando na elaboração e condução das aulas.

O programa também possibilita aos estagiários e alunosatendidos a vivência relacionada à diversidade docomportamento humano, favorecendo a afetividade e a trocade emoções reais a cada passo conquistado, proporcionandoaos alunos estímulos para romperem as barreiras impostaspela deficiência, vibrando juntos a cada vitória e colocandoem prática o verdadeiro sentido do “educador”: ensinar...aprender... e se emocionar.

Nota sobre os autores

Cícero Campos, Julio César Takehara, Lucas Portilho NicolettiValter Brighetti, Roseli Custódio Del Alamo, Marcelo AparecidoFaria Parreira são do Centro Universitário de Votuporanga(UNIFEV).

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Projeto Eficientes 2006/2007Musculação Para Terceira Idade

Júlio César TakeharaCícero Campos

Lucas Portilho NicolettiValter Brighetti

Welington Barbosa DiasJorge Luis da Silva Onça Filho

O processo de envelhecimento se caracteriza pelo aumentoda idade cronológica, acompanhado de uma diversidade defatores, entre eles perdas de diversas capacidades físicas,como força, flexibilidade e equilíbrio. Essas perdas podeminterferir negativamente na saúde e qualidade de vida dosindivíduos, principalmente daqueles acima dos 65 anos.Sabemos que um estilo de vida ativo, além de outros hábitossaudáveis, podem retardar esse processo. Portanto, arealização periódica de exercícios físicos tem efeito benéficona manutenção de uma vida saudável. Atualmente, osexercícios resistidos estão sendo amplamente utilizados compessoas idosas, devido a seus efeitos positivos sobre oaumento da força muscular, da flexibilidade, além dadiminuição dos riscos de desenvolvimento da osteoporose,grande inimigo de pessoas nessa faixa etária.

O projeto “Eficientes – musculação para terceira idade” érealizado pelo curso de Educação Física do CentroUniversitário de Votuporanga (UNIFEV), e tem como princi-pal objetivo oferecer um programa de exercícios resistidosdestinados a pessoas de ambos os sexos, com idade acima

de 65 anos. O projeto é realizado na academia do Campus Suldesde o ano de 2006, e já atendeu mais de 50 pessoas idosasda comunidade. No início do programa são realizadas an-amneses, além das avaliações de composição corporal,consumo máximo de oxigênio e força muscular. As sessõesde treinamento têm duração de sessenta minutos, com umafreqüência de duas vezes por semana, todas as quartas esextas-feiras, das 14:00 às 15:00 horas. São realizadasatividades iniciais de alongamento/aquecimento no início decada aula, seguidas de exercícios nos aparelhos demusculação, além de exercícios resistidos utilizando cargalivre, halteres, barras e o peso do próprio corpo. Na finalizaçãode cada aula são realizados exercícios de soltura damusculatura.

Todos os participantes são reavaliados ao final doprograma, ocasião na qual podemos identificar os efeitos reaisda intervenção. Até o presente momento, os resultadosalcançados indicam que as atividades promovem grandeprazer e socialização, além de melhorias em atividades da vidadiária e atividades de lazer/esportivas, conforme relato dos

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próprios participantes. Além disso, as avaliações realizadasdemonstram que o exercício resistido (musculação) estáservindo como um mecanismo eficiente que contribui naredução do peso corporal, gordura absoluta, índice de massacorporal e aumento na massa magra e força máxima.

Nota sobre os autores

Júlio César Takehara, Cícero Campos, Lucas Portilho Nicoletti,Valter Brighetti, Welington Barbosa Dias, Jorge Luis da SilvaOnça Filho são do Centro Universitário de Votuporanga(UNIFEV).

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O Dia de Fazer a DiferençaCarla Cristina Moreira

Era um dia normal de aula quando fui notificada pelosprofessores, sobre um evento que aconteceria na APAE deminha cidade, “O dia de fazer a diferença,” foi preciso recrutarvoluntários.

Sentindo que pudesse ser interessante, e envolvida porestá disciplina que me encanta, resolvi participar.

Chegado o dia, fui ao local do evento juntamente comoutros alunos da FIB. Rapidamente organizamos as diversasatividades, de futebol, basquete, estafetas, boliche e outras.Muitas pessoas passaram por nós, todas elas, grandesexemplos de vida, pessoas que são o símbolo maior dasuperação e da força de vontade, gente que sabe enfrentar asdificuldades, o preconceito e ainda são capazes de sorrir eserem felizes.

Entre todos estes, acabei por encontrar um conhecido dafamília, Marcos Roberto Luciano, conhecido carinhosamentepor Marquinhos, com síndrome de Down. Tratei logo decumprimentá-lo e o convidei a participar das brincadeiras. Nodia, não imaginei a importância que isto traria, afinal, ele

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participou apenas uma vez em cada atividade.O evento chegou ao fim, passaram se dias, semanas e

quatro messes depois, em 28 de dezembro de 2006, eu e minhafamília fomos convidados para sua festinha de aniversário.

Todos que chegavam eram muito bem recebidos por ele,que ficava radiante e extremamente alegre e animado. Aochegar a hora do parabéns, tive uma das mais belas surpresasda minha vida. O Marquinhos pediu silêncio a todos eofereceu o primeiro pedaço de bolo a uma pessoa que paraele tinha sido muito importante, e essa pessoa era eu. Ganheio bolo porque segundo ele, o ajudei muito em sua escola,brincando juntos e o ensinando a praticar esportes.

No momento minha emoção foi muito grande, tive vontadede rir e chorar ao mesmo tempo, descobri o quanto é bomajudar ao próximo e como isso faz bem a nós mesmos.Jamaisimaginei que apenas uma manhã pudesse ser tão importantee fazer tanta diferença na vida de alguém. Creio que conseguialcançar o objetivo do evento, “O dia de fazer a diferença,”realmente foi feito.

Nota sobre a autora

Carla Cristina Moreira é estudantedo curso de educação física dasFaculdades Integradas de Bauru(FIB).E-mail: [email protected]

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Normas para publicaçãoApresentação

A revista Adapta é a revista profissional da Sobama. É umoutro órgão de divulgação da Sociedade Brasileira deAtividade Motora Adaptada que foi criada para atender àsnecessidades de divulgação e discussão da práticaprofissional em atividade física adaptada. A revista Adaptaaceita a submissão de manuscritos de profissionais,pesquisadores e interessados em diferentes áreas comoeducação física e esportes, fisioterapia, educação especial,psicologia e outras cujos manuscritos tenham perfisdirecionados à área de atividade física adaptada oupertinentes aos interesses dos leitores da revista Adapta.Cabe ao Conselho Editorial da revista Adapta decidir sobre apertinência da colaboração.

Apreciação pelo Conselho Editorial

O manuscrito é aceito para análise pressupondo-se que:(a) o mesmo não foi publicado e nem está sendo submetidopara publicação em outro periódico; (b) todas as pessoaslistadas como autores aprovaram o seu encaminhamento àrevista Adapta; (c) qualquer pessoa citada como fonte decomunicação pessoal aprovou a citação; (d) fotos eilustrações têm autorização para serem publicadas.

Os trabalhos enviados serão apreciados pelo ConselhoEditorial e os autores serão notificados da aceitação ou recusade seus manuscritos.

Pequenas modificações no texto poderão ser feitas peloEditor ou pelo Conselho Editorial da Revista. Quando estejulgar necessárias modificações substanciais, o(s) autor(es)será(ão) notificado(s) e encarregado(s) de fazê-las,devolvendo o trabalho reformulado no prazo máximo de trêssemanas.

Forma de Apresentação dos Manuscritos

Os manuscritos deverão ser encaminhados comidentificação completa dos autores, digitados em espaçoduplo, fonte tipo Curier, tamanho 12. Para estimar aequivalência considere que uma página impressa dapublicação corresponde a 3 páginas do manuscrito e portanto,recomendamos que o manuscrito tenha no mínimo 6 páginasconsiderando as fotos e/ou ilustrações. As fotos deverãoser indicadas numericamente ao longo do texto e enviadasem arquivo separado. O encaminhamento de arquivos

eletrônicos das figuras em formato JPG é recomendado aosautores para assegurar a qualidade de reprodução.

A apresentação dos trabalhos deve seguir a seguinte ardem:

· Título em português;· Nome de cada autor, seguido por uma afiliaçãoinstitucional;· Indicação do autor a quem o leitor do artigo deve secorresponder seguido de endereço eletrônico;· Nota sobre autores, que deve conter informações taiscomo: nome completo; titulação; filiação profissional,acadêmica ou esportiva; endereço para correspondência; linkpessoal ou institucional, etc.· Texto propriamente dito

Para outros detalhamentos tais como citações de obras,referências bibliográficas ou casos omissos, as normas deinstruções da Revista da Sobama deve ser consultado: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/sobama/sobamaorg/inicio.htm

Endereço para Encaminhamento

Adriana Inês de PaulaE-mail: [email protected] Adapta - ISSN 1808-8902

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