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O PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO: A EXPERIÊNCIA DE UMA ESCOLA ESTADUAL NA BAHIA ALESSANDRA ADELINA SANTOS CERQUEIRA PAULO SÉRGIO MARCHELLI EIXO: 1. EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência do curso de formação continuada com professores do Colégio Estadual Dona Leonor Calmon promovido pelo Ministério da Educação (MEC), como ação integrante do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio. O Pacto faz parte de um programa de políticas públicas do governo federal com intuito de prover melhorias no ensino médio da educação brasileira. Com duração de dez meses, as atividades realizadas incluíram reuniões na escola e elaboração de sequências didáticas previamente estabelecidas no material fornecido pelo MEC. No âmbito geral, a realização do curso foi uma experiência enriquecedora para os envolvidos no processo. Palavras-chave: Políticas Públicas. Ensino Médio. Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio. ABSTRACT:The present study aims to report the experience of the continued training course with teachers Dona Leonor Calmon State High School promoted by the Ministry of Education (MEC), as an integral action from Pact for Middle Education Strengthening. The Pact is part of a public policy program of the federal government in aiming at providing improvements in high school of Brazilian education. With the duration ten months, the activities carried out included meetings at school and elaboration of didactic sequences previously established in the educational materials provided by the MEC. Within the general framework, completion of the course was an enriching experience for those involved in the process. Keywords: Secondary school. Public policy. Pact for strengthening of secondary school. 1. INTRODUÇÃO Nos últimos dez anos houve um aumento significativo no ingresso de jovens de 15 a 17 anos no 20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.1-23, set/2016 | www.educonse.com.br/xcoloquio

o pacto nacional pelo fortalecimento do ensino medio a … · 2018. 9. 20. · elaboração do presente relato contou com a colaboração de Eliani dos SantosdeJesus,queatuacomoorientadoradaUnidadeEscolar

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O PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO: A EXPERIÊNCIA DE

UMA ESCOLA ESTADUAL NA BAHIA

ALESSANDRA ADELINA SANTOS CERQUEIRA

PAULO SÉRGIO MARCHELLI

EIXO: 1. EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência do curso de formação

continuada com professores do Colégio Estadual Dona Leonor Calmon promovido pelo Ministério da

Educação (MEC), como ação integrante do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio. O Pacto faz

parte de um programa de políticas públicas do governo federal com intuito de prover melhorias no

ensino médio da educação brasileira. Com duração de dez meses, as atividades realizadas

incluíram reuniões na escola e elaboração de sequências didáticas previamente estabelecidas no

material fornecido pelo MEC. No âmbito geral, a realização do curso foi uma experiência

enriquecedora para os envolvidos no processo. Palavras-chave: Políticas Públicas. Ensino Médio.

Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio. ABSTRACT:The present study aims to report the

experience of the continued training course with teachers Dona Leonor Calmon State High School

promoted by the Ministry of Education (MEC), as an integral action from Pact for Middle Education

Strengthening. The Pact is part of a public policy program of the federal government in aiming at

providing improvements in high school of Brazilian education. With the duration ten months, the

activities carried out included meetings at school and elaboration of didactic sequences previously

established in the educational materials provided by the MEC. Within the general framework,

completion of the course was an enriching experience for those involved in the process.

Keywords: Secondary school. Public policy. Pact for strengthening of secondary school.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos dez anos houve um aumento significativo no ingresso de jovens de 15 a 17 anos no

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.1-23, set/2016 | www.educonse.com.br/xcoloquio

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Ensino Médio no Brasil. Trata-se de um dado animador para a história da educação brasileira, pois

sempre uma grande quantidade de alunos desta faixa etária permanecia no Ensino Fundamental,

quando não abandonava a escola antes de concluí-lo. Mas mesmo diante do aumento das

matrículas, os dados mostram que apenas a metade dos jovens matriculados no Ensino Médio

cursam esta etapa em idade certa, o que implica elevados índices de evasão e reprovação,

conforme apontam as pesquisas educacionais. Por outro lado, o aumento da quantidade de

matriculas foi acompanhada de uma queda na qualidade do ensino, pois o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), criado em 2007 para avaliação das escolas de ensino

fundamental e médio, apontou para este último em 2013 uma queda em 16 estados do país em

relação a 2011. O problema da falta de qualidade do ensino médio se verifica de forma geral em

todas as escolas públicas estaduais, responsáveis em atender a maior parte da demanda de

matrículas desta etapa da educação básica. Diante de indicadores estagnados e alarmantes, o

debate sobre a crise do Ensino Médio acirrou-se, de forma que foram promovidos seminários,

encontros e debates com fortes repercussões sociais devido à cobertura da imprensa. Como

tentativa de ressignificação, melhoria e mudança o Ministério da Educação (MEC) lançou o Pacto

pelo Fortalecimento do Ensino Médio, que em 2013 apresentou algumas ações imediatas na área

de currículo e qualificação de professores (BRASIL, 2013). O Pacto foi assim implementado como

parte importante de uma política de ações fomentadas pelo governo federal, que procura:

I - contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos professores e

coordenadores pedagógicos do ensino médio; II – promover a valorização

pela formação dos professores e coordenadores pedagógicos do ensino

médio; e III - rediscutir e atualizar as práticas docentes em conformidade

com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio

–DCNEM(BRASIL,2013). Nesse contexto, no período de março de 2014 a

janeiro de 2015 o Pacto realizou ações de fortalecimento do Ensino Médio na

Bahia através de um curso de formação continuada para os professores da

Rede Estadual de Educação, oferecido pelas Instituições de Ensino Superior -

IES, contando com o apoio financeiro do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação - FNDE por meio de bolsas para os docentes,

orientadores e formadores regionais. O relato de experiência aqui

apresentado corresponde à ação do Pacto no Colégio Estadual Dona Leonor

Calmon, da Rede Estadual de Educação da Bahia, situado na zona periférica

de Salvador, com o intuito de avaliara realização do curso nesta escola,

considerando o processo de elaboração e implementação das estratégias

adotadas para subsidiar o processo de aprendizagem dos docentes. A

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elaboração do presente relato contou com a colaboração de Eliani dos

Santos de Jesus, que atua como orientadora da Unidade Escolar.

2.REFLEXÕES SOBRE A CRISE: ENSINO MÉDIO, PARA QUÊ, PARA QUEM?

Reconhecidamente, o Ensino Médio tem se configurado como um dos maiores problemas do

sistema educacional brasileiro, cujas reflexões e discussões incidem sobre sua identidade, sua

proposta curricular e sua função na formação dos jovens, aos quais esta última etapa da

educação básica pouco têm contribuído.

As deficiências atuais do ensino médio no país são expressões da presença

tardia de um projeto de democratização da educação pública no Brasil ainda

inacabado, que sofre os abalos das mudanças ocorridas na segunda metade

do século XX, que transformaram significativamente a ordem social,

econômica e cultural, com importantes conseqüências para toda a educação

pública. (KRAWCZYK, 2011, p.754). As políticas educacionais

implementadas ao longo das últimas décadas não contemplaram

devidamente os problemas do ensino médio brasileiro. O processo de

democratização e universalização da educação pública no Brasil é

relativamente novo, e como consequência, a teia de ações, programas,

acertos e erros se entrelaçam a cada mudança de governo. Em 2012, após

inúmeros debates acerca da repercussão da crise instalada no país, foram

estabelecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio –DCNEM,

com o objetivo de prover uma formação humana integral. De acordo com as

DCNEM, o estado deve prover a garantia do aprendizado e o

desenvolvimento humano integral dos cidadãos, articulando o currículo com

as dimensões do mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura.

Tal proposta rompe com os tradicionais modelos de matrizes curriculares,

que atualmente apresentam-se fragmentadas em disciplinas e não

conduzem à condição "identitária" dos alunos do Ensino Médio.

Para além das desigualdades sociais que antes diferenciavam o currículo no

ensino médio entre aqueles que teriam de postergar o ingresso no mercado

de trabalho e aqueles que já estavam nele inseridos, as novas diretrizes

trazem ao debate as múltiplas identidades desses jovens e suas distintas

realidades sociais, culturais, etárias etc. (MOEHLECKE, 2012, p. 55). Diante

disso, questiona-se: o sistema educacional atualmente proposto ao alunado

da escola pública hoje atende as orientações das DCNEM?

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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Um dos maiores desafios da escola pública brasileira é manter o jovem

assíduo, participativo e motivado, garantindo dessa forma a universalização

do ensino médio com qualidade social, para que futuramente o aluno

participe da sociedade como cidadão apto a realização das transformações

necessárias. No entanto, os poucos que terminam o ensino médio levam

consigo certificados que legitimam sua incompetência técnica para com o

sistema produtivo vigente. As Diretrizes Curriculares do Ensino Médio

apontam para uma revisão curricular norteada por quatro dimensões: o

trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia. Vale ressaltar que a articulação

sugerida enfatiza destacadamente a inclusão do trabalho como componente

curricular educativo, conforme artigo 12 do parecer n° 15 de 01 de janeiro

de 1998.

Artigo 12 - Não haverá dissociação entre a formação geral e a preparação

básica para o trabalho, nem esta última se confundirá com a formação

profissional.

§ 1º A preparação básica para o trabalho deverá estar presente tanto na

base nacional comum como na parte diversificada.

§ 2º O ensino médio, atendida a formação geral, incluindo a preparação

básica para o trabalho, poderá preparar para o exercício de profissões

técnicas, por articulação com a educação profissional, mantida a

independência entre os cursos(BRASIL, 1998a). Contudo, a dissociação

citada no artigo 12 configura um fantasma para a realidade do jovem que

terminou o Ensino Médio. A competência e eficiência que o mercado de

trabalho exige não foram desenvolvidas no novo modelo curricular

idealizado, fomentado em pareceres e portarias do governo federal. A escola

ainda apresenta um modelo fragmentado e multidisciplinar, que não

corresponde à realidade contemporânea da formação do jovem para o

mercado de trabalho. Uma alternativa seriam mudanças nas políticas de

juventude no que concerne a empregabilidade e renda no país (MARCHELLI,

2014). Em 26 de junho de 2014, a presidenta Dilma Russef sancionou o

Plano Nacional de Educação - PNE, que:

[...]estabelece 20 metas a serem cumpridas até 2023. Entre os

objetivos,estão ampliar o acesso desde a educação infantil até o ensino

superior, melhorar a qualidade de forma que os estudantes tenham o nível

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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de conhecimento esperado para cada idade, e valorizar os professores com

medidas que vão da formação ao salário dos docentes(SANTANA,2014). A

meta 3 do PNE está voltada especificamente para os jovens de 15 a 17

anos, que terão garantida a universalização das matrículas no patamar de

85% até 2016. A estratégia é institucionalizar os programas de renovação

do Ensino Médio e programar pactos entre a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios com vistas às ações de qualificação.

3.O PACTO E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Para mudar a ação

pedagógica do professor torna-se necessário uma reformulação contínua das práticas docentes

com o fim de afastar os velhos fantasmas que sempre assustam a didática dos profissionais em

educação. Sua competência e habilidades são sempre mensuradas a partir do domínio das

novas tecnologias, nas práticas escolares contextualizadas com a realidade do aluno, no

atendimento as exigências multifuncionais dos sistemas educacionais. Por educação se

caracteriza por si só um processo dinâmico, tornando-se necessário a busca pela formação

continuada. No entanto, quando esta torna-se uma premissa ao bom desempenho didático e

metodológico do professor deve-se estabelecer crítica e cautela.

Nos últimos anos do século XX, tornou-se forte, nos mais variados setores

profissionais e nos setores universitários, especialmente em países

desenvolvidos, a questão da imperiosidade de formação continuada como

um requisito para o trabalho, a idéia da atualização constante, em função

das mudanças nos conhecimentos e nas tecnologias e das mudanças no

mundo do trabalho.(Gatti, 2008, p. 58) Em meio a esse contexto se instituiu

uma dinâmica desordenada da oferta de inúmeros cursos de

aperfeiçoamento, especialização e lato senso promovidos pelas Instituições

de Ensino Superior, e a procura por esses cursos, em alguns casos, se

apresenta desconecto a área de atuação do professor, uma dissonante

inconsistência configurada na formação continuada de professores, e em

suas práticas pedagógicas. Segundo Alves e Pinto apud Machado (2013, p.

187), quando se fala em educação de qualidade, aspectos relacionados ao

trabalho docente, como formação, duração da jornada de trabalho,

remuneração e estrutura da carreira, devem ter tratamento adequado na

pauta das políticas educacionais. O artigo 67 da Lei de Diretrizes e Bases de

1996 estabelece que:

Art. 67º. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos

planos de carreira do magistério público:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento

periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na

avaliação do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na

carga de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho. (BRASIL,1998a) Indissociavelmente,

o trabalho docente de qualidade depende de várias vertentes de ação

política. Diante do atual quadro de “obrigatoriedade" da formação

continuada e a crescente demanda de realização de cursos por partes dos

professores da rede pública, as redes de educação incorporaram a

necessidade de prover estes cursos de qualificação aos seus docentes. Nesse

sentido, o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, programa

implementado pelo governo federal mediante Portaria nº 1.140, de 22 de

novembro de 2013contempla prioritariamente a formação continuada de

professores:

[...] Art. 1º Fica instituído o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino

Médio - Pacto, pelo qual o Ministério da Educação - MEC e as secretarias

estaduais e distrital de educação assumem o compromisso com a

valorização da formação continuada dos professores e coordenadores

pedagógicos que atuam no ensino médio público, nas áreas rurais e

urbanas, em consonância com a Lei nº 9394, de 1996,e com as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Médio, instituídas na Resolução CNE/CEB

nº 2, de 30 de janeiro de 2012.

Parágrafo único. A adesão e a pactuação com cada secretaria estadual e

distrital de educação e com as instituições de educação superior - IES

públicas serão formalizadas por meio de módulo específico a ser

disponibilizado eletronicamente pelo MEC, no simec.mec.gov.br

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Educon, Aracaju, Volume 10, n. 01, p.6-23, set/2016 | www.educonse.com.br/xcoloquio

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[...] (BRASIL,2013) O Ministério da Educação propõe que o Pacto pelo

Fortalecimento do Ensino Médio seja desenvolvido através de parcerias entre

a Secretaria Estadual de Educação e as Universidades Federais do Estado. O

Pacto fomenta por meio de suas ações a reflexão sobre a metodologia de

ensino dos docentes, sua didática e o desenvolvimento de práticas

pedagógicas em consonância com a formação humana integral presente nas

Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Com isso, pretende

ampliar os espaços de formação de todos os profissionais do Ensino Médio

(Brasil,2013).

1. O COLÉGIO ESTADUAL DONA LEONOR CALMON

O Colégio Estadual Dona Leonor Calmon foi fundado há 14 anos e está situado na periferia de

Salvador. Escola de porte especial, com aproximadamente 2000 alunos matriculados, atende as

modalidades Ensino Fundamental e Médio. Possui equipamentos de informática e audiovisuais, tais

como computadores, máquina fotográfica digital, filmadora e datashow. O quadro docente da

escola é composto por cerca de 60 professores, efetivos do funcionalismo público em sua maioria e

lotados na Unidade a oito anos em média. A maioria dos docentes possui cursos de

aperfeiçoamento e especialização lato sensu. O Colégio conta hoje com participação efetiva da

comunidade nos projetos que são para ela desenvolvidos, destacando-se o Escola Aberta,

programa do Governo Federal que oferece cursos nas áreas de laser, esporte e cultura. O perfil dos

alunos é típico dos jovens que vivem na periferia das grandes cidades, oriundos da classe média

baixa e dos estratos mais pobres, residentes em casas e apartamentos da comunidade em torno

da escola. Em geral, esses alunos são filhos de pais separados, que criados sem a presença da

figura masculina do pai comportam-se na escola de forma caracteristicamente indisciplinada,

displicente em relação às obrigações escolares e deficitária quanto ao empenho nas tarefas. Outro

aspecto relevante é o baixo rendimento nas disciplinas de português e matemática, apresentando

deficiência de escrita, leitura e raciocínio lógico, fato decorrente de um histórico deficitário em

relação às séries iniciais. Quanto à religião, percebe-se uma predominância da crença evangélica

com ênfase na linha pentecostal.

1. A PROPOSTA METODOLÓGICA DO CURSO DE FORMAÇÃO

A formação oferecida pelo Pacto no Colégio Estadual Dona Leonor Calmon realizada no período de

março de 2014 a janeiro de 2015 teve por objetivo o desenvolvimento de dinâmicas voltadas para

grupos de estudos que trabalharam no horário da atividade complementar (AC), com público-alvo

formado por professores e coordenadores pedagógicos que atuavam no Ensino Médio. Os

envolvidos no processo formativo foram: Coordenador Estadual – SEC, Coordenador Geral da IES,

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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Coordenador Adjunto, Supervisor de Formação (SEC), Formador da IES, Formador Regional (FR),

Orientador de Estudo (OE) e Cursista. As atividades do curso de formação foram sistematizadas

em uma proposta organizada em quatro Eixos Temáticos, descritos no Quadro 1, que

acompanharam o calendário oficial das unidades letivas no período de março a dezembro de 2014.

O plano de trabalho dos quatro eixos encontrava-se articulado em nove cadernos disponibilizados

pelo MEC, além dos materiais produzidos pela Rede Estadual de Educação da Bahia. Os cursistas

contaram com atividades previamente estabelecidas nos cadernos, além da produção de relatórios

de experiências e elaboração de sequências didáticas submetidos à posterior avaliação do

orientador de estudos. As atividades do curso de formação foram sistematizadas em uma proposta

organizada em quatro Eixos Temáticos, que acompanharam o calendário oficial das unidades

letivas no período de março a dezembro de 2014. O plano de trabalho dos quatro eixos

encontrava-se articulado em nove cadernos disponibilizados pelo MEC, além dos materiais

produzidos pela Rede Estadual de Educação da Bahia. Os cursistas contaram com atividades

previamente estabelecidas nos cadernos, além da produção de relatórios de experiências e

elaboração de sequências didáticas submetidos à posterior avaliação do orientador de estudos. O

Eixo I da proposta de formação está voltado para o redimensionamento das práticas pedagógicas

com vistas à ressignificação dos princípios estabelecidos para o Ensino Médio, apresentando em

sua ementa a instituição escolar, sua história e papel nas mudanças sociais; Também volta-se para

os sujeitos em formação, o protagonismo juvenil e a prática pedagógica numa perspectiva de

educação emancipatória, com carga horária de 44 horas, pleiteando como resultado revisitar o

diagnóstico do PAIP e as avaliações externas com foco no AVALIE. O Eixo II está voltado para

reconfiguração do currículo escolar com base no desenvolvimento de novas propostas para o

Ensino Médio, apresentando em sua ementa histórico, concepção (política, filosófica e

metodológica), base legal, finalidade e as implicações do currículo para o processo de ensino e

aprendizagem, com carga horária de 54 h, visando as sequencias didáticas da II Unidade. O Eixo

III está fundamentado na perspectiva de estabelecer práticas pedagógicas investigativas, que

busquem renovar os processos de integração curricular e estabelecer aprendizagens significativas

para o estudante, apresentando em sua ementa a reflexão sobre o “fazer pedagógico”, sua

natureza, finalidade e elementos do currículo dialogando com a aprendizagem. Com carga horária

de 60 h, esta III unidade visou à elaboração de sequências didáticas, avaliações unificadas por

série e componente curricular; atividades de recuperação paralela, execução dos projetos e

simulado para o ENEM. O Eixo IV trouxe a concepção da avaliação da aprendizagem no contexto

escolar, com vistas à ressignificação da prática pedagógica e a garantia dos direitos de aprender,

cuja ementa está voltada para as questões do rendimento escolar. Os direitos do aluno à

aprendizagem e ao desenvolvimento implicam o redimensionamento da prática pedagógica e sua

ancoragem na ideia de currículo emancipatório. Com carga horária de 40h., as sequências

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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didáticas da IV unidade trabalharam as avaliações unificadas por série e componente curricular.

Todos os eixos permeavam a (re)construção do Projeto Político Pedagógico.

1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em sua dinâmica, o curso de formação promoveu inicialmente a ambientação informal e

descontraída dos participantes, com brincadeiras, conversas, explanação de objetivos e

apresentação das dissonâncias e consonâncias conceituais em relação aos temas propostos.

Visou-se à construção de relações de diálogo entre os participantes como metodologia ativa para

os dez meses em que o curso se desenvolveria, acreditando-se que para atingir êxito nas relações

humanas entre trabalhadores da educação estas devem ser dialéticas. Nos encontros presenciais,

as atividades seguiram as orientações dos cadernos temáticos, que sugeriam a reflexão e o

questionamento sobre a realidade da escola pública, com base em duas etapas. Na primeira etapa

foi realizada uma abordagem geral sobre o Ensino Médio, seus sujeitos, a formação humana

integral, o currículo, avaliação e gestão democrática. Já a segunda etapa valorizou as áreas de

conhecimento pautadas nas ciências humanas, nas linguagens, na matemática e nas ciências da

natureza. Ao longo destas etapas foi construído o perfil do estudante mediante a análise de dados

tabulados a partir de um questionário aplicado aos alunos; foi elaborada e aplicada uma avaliação

interdisciplinar; realizaram-se dois grandes projetos pedagógicos e um seminário estudantil

voltado para os desafios e perspectivas dos alunos matriculados no Ensino Médio da escola. Nos

momentos seguintes, a abordagem do Projeto Político Pedagógico da unidade demandou maior

tempo, mas o resultado não atingiu o objetivo desejado; as discussões sobre o currículo foram

bastante produtivas e ricas; o ponto referente à gestão foi descartado das discussões, visto que a

escola passava por um processo de avaliação pela Secretaria de Educação e os professores não

pretendiam debater a questão, desgastando ainda mais as relações entre o corpo docente e a

direção. Os últimos cadernos do MEC, classificados por área do conhecimento propunham

atividades relacionadas à reorganização do trabalho docente com foco na atuação didática do

professor. Tais módulos não foram muito explorados nas Atividades Coordenadas (AC) em função

do período de férias que se aproximava. Ao final do curso foi promovido um Seminário Regional,

onde os cursistas apresentaram seus relatos de experiência, sendo feita uma seleção prévia pela

diretoria regional de três Unidades Escolares, que apresentaram estas experiências no Seminário

Estadual. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A formação continuada promovida pelo Pacto no Colégio

Estadual Dona Leonor Calmon representou um grande avanço na organização e execução do

trabalho pedagógico da escola. A construção e desenvolvimento do percurso metodológico permitiu

enxergar as vertentes e potencialidades da prática docente, impulsionadas pelo propósito comum

de melhorar a qualidade do Ensino Médio. No decorrer das primeiras atividades houve resistência

por parte de alguns professores, particularmente na construção coletiva do conhecimento.

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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Entretanto, no decorrer do curso as objeções desses professores deram lugar a uma relevante

construção coletiva, propiciando identificar suas fragilidades e potencialidades, bem como analisar

teoricamente suas práticas. Os encontros propiciaram à escola a experiência de promover

relevantes debates democráticos, fundamentados na discussão entre professores e alunos sobre a

práxis pedagógica. Dessa forma, os professores desenvolveram um olhar mais sensível para o seu

alunado, voltando-se para a complexidade de suas particularidades regionais e culturais,

compreendendo que os sujeitos do Ensino Médio matriculados na escola pública permanecem

vítimas de um processo histórico de exclusão pelas desigualdades sociais vividas. As ações

realizadas no curso para a revisão do projeto político pedagógico da escola levaram a uma salutar

compreensão e reinterpretação das diretrizes curriculares do Ensino Médio – DCNEM. Conclui-se

que para as políticas públicas implementadas pelo Pacto de Fortalecimento do Ensino Médio

atingirem de fato o aluno, é necessário enfrentar o desafio de continuar com o trabalho inicial de

forma sistematizada e independente, o que poderia transformar a escola em um núcleo formador

autossuficiente dentro do universo juvenil contemporâneo.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos dez anos houve um aumento significativo no ingresso de jovens de 15 a 17 anos no

Ensino Médio no Brasil. Trata-se de um dado animador para a história da educação brasileira, pois

sempre uma grande quantidade de alunos desta faixa etária permanecia no Ensino Fundamental,

quando não abandonava a escola antes de concluí-lo. Mas mesmo diante do aumento das

matrículas, os dados mostram que apenas a metade dos jovens matriculados no Ensino Médio

cursam esta etapa em idade certa, o que implica elevados índices de evasão e reprovação,

conforme apontam as pesquisas educacionais. Por outro lado, o aumento da quantidade de

matriculas foi acompanhada de uma queda na qualidade do ensino, pois o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), criado em 2007 para avaliação das escolas de ensino

fundamental e médio, apontou para este último em 2013 uma queda em 16 estados do país em

relação a 2011. O problema da falta de qualidade do ensino médio se verifica de forma geral em

todas as escolas públicas estaduais, responsáveis em atender a maior parte da demanda de

matrículas desta etapa da educação básica. Diante de indicadores estagnados e alarmantes, o

debate sobre a crise do Ensino Médio acirrou-se, de forma que foram promovidos seminários,

encontros e debates com fortes repercussões sociais devido à cobertura da imprensa. Como

tentativa de ressignificação, melhoria e mudança o Ministério da Educação (MEC) lançou o Pacto

pelo Fortalecimento do Ensino Médio, que em 2013 apresentou algumas ações imediatas na área

de currículo e qualificação de professores (BRASIL, 2013). O Pacto foi assim implementado como

parte importante de uma política de ações fomentadas pelo governo federal, que procura:

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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I - contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos professores e

coordenadores pedagógicos do ensino médio; II – promover a valorização

pela formação dos professores e coordenadores pedagógicos do ensino

médio; e III - rediscutir e atualizar as práticas docentes em conformidade

com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio

–DCNEM(BRASIL,2013). Nesse contexto, no período de março de 2014 a

janeiro de 2015 o Pacto realizou ações de fortalecimento do Ensino Médio na

Bahia através de um curso de formação continuada para os professores da

Rede Estadual de Educação, oferecido pelas Instituições de Ensino Superior -

IES, contando com o apoio financeiro do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação - FNDE por meio de bolsas para os docentes,

orientadores e formadores regionais. O relato de experiência aqui

apresentado corresponde à ação do Pacto no Colégio Estadual Dona Leonor

Calmon, da Rede Estadual de Educação da Bahia, situado na zona periférica

de Salvador, com o intuito de avaliara realização do curso nesta escola,

considerando o processo de elaboração e implementação das estratégias

adotadas para subsidiar o processo de aprendizagem dos docentes. A

elaboração do presente relato contou com a colaboração de Eliani dos

Santos de Jesus, que atua como orientadora da Unidade Escolar.

2.REFLEXÕES SOBRE A CRISE: ENSINO MÉDIO, PARA QUÊ, PARA QUEM?

Reconhecidamente, o Ensino Médio tem se configurado como um dos maiores problemas do

sistema educacional brasileiro, cujas reflexões e discussões incidem sobre sua identidade, sua

proposta curricular e sua função na formação dos jovens, aos quais esta última etapa da

educação básica pouco têm contribuído.

As deficiências atuais do ensino médio no país são expressões da presença

tardia de um projeto de democratização da educação pública no Brasil ainda

inacabado, que sofre os abalos das mudanças ocorridas na segunda metade

do século XX, que transformaram significativamente a ordem social,

econômica e cultural, com importantes conseqüências para toda a educação

pública. (KRAWCZYK, 2011, p.754). As políticas educacionais

implementadas ao longo das últimas décadas não contemplaram

devidamente os problemas do ensino médio brasileiro. O processo de

democratização e universalização da educação pública no Brasil é

relativamente novo, e como consequência, a teia de ações, programas,

20/09/2018 http://anais.educonse.com.br/2016/o_pacto_nacional_pelo_fortalecimento_do_ensino_medio_a_experienci.pdf

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acertos e erros se entrelaçam a cada mudança de governo. Em 2012, após

inúmeros debates acerca da repercussão da crise instalada no país, foram

estabelecidas as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio –DCNEM,

com o objetivo de prover uma formação humana integral. De acordo com as

DCNEM, o estado deve prover a garantia do aprendizado e o

desenvolvimento humano integral dos cidadãos, articulando o currículo com

as dimensões do mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura.

Tal proposta rompe com os tradicionais modelos de matrizes curriculares,

que atualmente apresentam-se fragmentadas em disciplinas e não

conduzem à condição "identitária" dos alunos do Ensino Médio.

Para além das desigualdades sociais que antes diferenciavam o currículo no

ensino médio entre aqueles que teriam de postergar o ingresso no mercado

de trabalho e aqueles que já estavam nele inseridos, as novas diretrizes

trazem ao debate as múltiplas identidades desses jovens e suas distintas

realidades sociais, culturais, etárias etc. (MOEHLECKE, 2012, p. 55). Diante

disso, questiona-se: o sistema educacional atualmente proposto ao alunado

da escola pública hoje atende as orientações das DCNEM?

Um dos maiores desafios da escola pública brasileira é manter o jovem

assíduo, participativo e motivado, garantindo dessa forma a universalização

do ensino médio com qualidade social, para que futuramente o aluno

participe da sociedade como cidadão apto a realização das transformações

necessárias. No entanto, os poucos que terminam o ensino médio levam

consigo certificados que legitimam sua incompetência técnica para com o

sistema produtivo vigente. As Diretrizes Curriculares do Ensino Médio

apontam para uma revisão curricular norteada por quatro dimensões: o

trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia. Vale ressaltar que a articulação

sugerida enfatiza destacadamente a inclusão do trabalho como componente

curricular educativo, conforme artigo 12 do parecer n° 15 de 01 de janeiro

de 1998.

Artigo 12 - Não haverá dissociação entre a formação geral e a preparação

básica para o trabalho, nem esta última se confundirá com a formação

profissional.

§ 1º A preparação básica para o trabalho deverá estar presente tanto na

base nacional comum como na parte diversificada.

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§ 2º O ensino médio, atendida a formação geral, incluindo a preparação

básica para o trabalho, poderá preparar para o exercício de profissões

técnicas, por articulação com a educação profissional, mantida a

independência entre os cursos(BRASIL, 1998a). Contudo, a dissociação

citada no artigo 12 configura um fantasma para a realidade do jovem que

terminou o Ensino Médio. A competência e eficiência que o mercado de

trabalho exige não foram desenvolvidas no novo modelo curricular

idealizado, fomentado em pareceres e portarias do governo federal. A escola

ainda apresenta um modelo fragmentado e multidisciplinar, que não

corresponde à realidade contemporânea da formação do jovem para o

mercado de trabalho. Uma alternativa seriam mudanças nas políticas de

juventude no que concerne a empregabilidade e renda no país (MARCHELLI,

2014). Em 26 de junho de 2014, a presidenta Dilma Russef sancionou o

Plano Nacional de Educação - PNE, que:

[...]estabelece 20 metas a serem cumpridas até 2023. Entre os

objetivos,estão ampliar o acesso desde a educação infantil até o ensino

superior, melhorar a qualidade de forma que os estudantes tenham o nível

de conhecimento esperado para cada idade, e valorizar os professores com

medidas que vão da formação ao salário dos docentes(SANTANA,2014). A

meta 3 do PNE está voltada especificamente para os jovens de 15 a 17

anos, que terão garantida a universalização das matrículas no patamar de

85% até 2016. A estratégia é institucionalizar os programas de renovação

do Ensino Médio e programar pactos entre a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios com vistas às ações de qualificação.

3.O PACTO E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Para mudar a ação

pedagógica do professor torna-se necessário uma reformulação contínua das práticas docentes

com o fim de afastar os velhos fantasmas que sempre assustam a didática dos profissionais em

educação. Sua competência e habilidades são sempre mensuradas a partir do domínio das

novas tecnologias, nas práticas escolares contextualizadas com a realidade do aluno, no

atendimento as exigências multifuncionais dos sistemas educacionais. Por educação se

caracteriza por si só um processo dinâmico, tornando-se necessário a busca pela formação

continuada. No entanto, quando esta torna-se uma premissa ao bom desempenho didático e

metodológico do professor deve-se estabelecer crítica e cautela.

Nos últimos anos do século XX, tornou-se forte, nos mais variados setores

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profissionais e nos setores universitários, especialmente em países

desenvolvidos, a questão da imperiosidade de formação continuada como

um requisito para o trabalho, a idéia da atualização constante, em função

das mudanças nos conhecimentos e nas tecnologias e das mudanças no

mundo do trabalho.(Gatti, 2008, p. 58) Em meio a esse contexto se instituiu

uma dinâmica desordenada da oferta de inúmeros cursos de

aperfeiçoamento, especialização e lato senso promovidos pelas Instituições

de Ensino Superior, e a procura por esses cursos, em alguns casos, se

apresenta desconecto a área de atuação do professor, uma dissonante

inconsistência configurada na formação continuada de professores, e em

suas práticas pedagógicas. Segundo Alves e Pinto apud Machado (2013, p.

187), quando se fala em educação de qualidade, aspectos relacionados ao

trabalho docente, como formação, duração da jornada de trabalho,

remuneração e estrutura da carreira, devem ter tratamento adequado na

pauta das políticas educacionais. O artigo 67 da Lei de Diretrizes e Bases de

1996 estabelece que:

Art. 67º. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais

da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos

planos de carreira do magistério público:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento

periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na

avaliação do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na

carga de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho. (BRASIL,1998a) Indissociavelmente,

o trabalho docente de qualidade depende de várias vertentes de ação

política. Diante do atual quadro de “obrigatoriedade" da formação

continuada e a crescente demanda de realização de cursos por partes dos

professores da rede pública, as redes de educação incorporaram a

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necessidade de prover estes cursos de qualificação aos seus docentes. Nesse

sentido, o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, programa

implementado pelo governo federal mediante Portaria nº 1.140, de 22 de

novembro de 2013contempla prioritariamente a formação continuada de

professores:

[...] Art. 1º Fica instituído o Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino

Médio - Pacto, pelo qual o Ministério da Educação - MEC e as secretarias

estaduais e distrital de educação assumem o compromisso com a

valorização da formação continuada dos professores e coordenadores

pedagógicos que atuam no ensino médio público, nas áreas rurais e

urbanas, em consonância com a Lei nº 9394, de 1996,e com as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Ensino Médio, instituídas na Resolução CNE/CEB

nº 2, de 30 de janeiro de 2012.

Parágrafo único. A adesão e a pactuação com cada secretaria estadual e

distrital de educação e com as instituições de educação superior - IES

públicas serão formalizadas por meio de módulo específico a ser

disponibilizado eletronicamente pelo MEC, no simec.mec.gov.br

[...] (BRASIL,2013) O Ministério da Educação propõe que o Pacto pelo

Fortalecimento do Ensino Médio seja desenvolvido através de parcerias entre

a Secretaria Estadual de Educação e as Universidades Federais do Estado. O

Pacto fomenta por meio de suas ações a reflexão sobre a metodologia de

ensino dos docentes, sua didática e o desenvolvimento de práticas

pedagógicas em consonância com a formação humana integral presente nas

Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Com isso, pretende

ampliar os espaços de formação de todos os profissionais do Ensino Médio

(Brasil,2013).

1. O COLÉGIO ESTADUAL DONA LEONOR CALMON

O Colégio Estadual Dona Leonor Calmon foi fundado há 14 anos e está situado na periferia de

Salvador. Escola de porte especial, com aproximadamente 2000 alunos matriculados, atende as

modalidades Ensino Fundamental e Médio. Possui equipamentos de informática e audiovisuais, tais

como computadores, máquina fotográfica digital, filmadora e datashow. O quadro docente da

escola é composto por cerca de 60 professores, efetivos do funcionalismo público em sua maioria e

lotados na Unidade a oito anos em média. A maioria dos docentes possui cursos de

aperfeiçoamento e especialização lato sensu. O Colégio conta hoje com participação efetiva da

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comunidade nos projetos que são para ela desenvolvidos, destacando-se o Escola Aberta,

programa do Governo Federal que oferece cursos nas áreas de laser, esporte e cultura. O perfil dos

alunos é típico dos jovens que vivem na periferia das grandes cidades, oriundos da classe média

baixa e dos estratos mais pobres, residentes em casas e apartamentos da comunidade em torno

da escola. Em geral, esses alunos são filhos de pais separados, que criados sem a presença da

figura masculina do pai comportam-se na escola de forma caracteristicamente indisciplinada,

displicente em relação às obrigações escolares e deficitária quanto ao empenho nas tarefas. Outro

aspecto relevante é o baixo rendimento nas disciplinas de português e matemática, apresentando

deficiência de escrita, leitura e raciocínio lógico, fato decorrente de um histórico deficitário em

relação às séries iniciais. Quanto à religião, percebe-se uma predominância da crença evangélica

com ênfase na linha pentecostal.

1. A PROPOSTA METODOLÓGICA DO CURSO DE FORMAÇÃO

A formação oferecida pelo Pacto no Colégio Estadual Dona Leonor Calmon realizada no período de

março de 2014 a janeiro de 2015 teve por objetivo o desenvolvimento de dinâmicas voltadas para

grupos de estudos que trabalharam no horário da atividade complementar (AC), com público-alvo

formado por professores e coordenadores pedagógicos que atuavam no Ensino Médio. Os

envolvidos no processo formativo foram: Coordenador Estadual – SEC, Coordenador Geral da IES,

Coordenador Adjunto, Supervisor de Formação (SEC), Formador da IES, Formador Regional (FR),

Orientador de Estudo (OE) e Cursista. As atividades do curso de formação foram sistematizadas

em uma proposta organizada em quatro Eixos Temáticos, descritos no Quadro 1, que

acompanharam o calendário oficial das unidades letivas no período de março a dezembro de 2014.

O plano de trabalho dos quatro eixos encontrava-se articulado em nove cadernos disponibilizados

pelo MEC, além dos materiais produzidos pela Rede Estadual de Educação da Bahia. Os cursistas

contaram com atividades previamente estabelecidas nos cadernos, além da produção de relatórios

de experiências e elaboração de sequências didáticas submetidos à posterior avaliação do

orientador de estudos. As atividades do curso de formação foram sistematizadas em uma proposta

organizada em quatro Eixos Temáticos, que acompanharam o calendário oficial das unidades

letivas no período de março a dezembro de 2014. O plano de trabalho dos quatro eixos

encontrava-se articulado em nove cadernos disponibilizados pelo MEC, além dos materiais

produzidos pela Rede Estadual de Educação da Bahia. Os cursistas contaram com atividades

previamente estabelecidas nos cadernos, além da produção de relatórios de experiências e

elaboração de sequências didáticas submetidos à posterior avaliação do orientador de estudos. O

Eixo I da proposta de formação está voltado para o redimensionamento das práticas pedagógicas

com vistas à ressignificação dos princípios estabelecidos para o Ensino Médio, apresentando em

sua ementa a instituição escolar, sua história e papel nas mudanças sociais; Também volta-se para

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os sujeitos em formação, o protagonismo juvenil e a prática pedagógica numa perspectiva de

educação emancipatória, com carga horária de 44 horas, pleiteando como resultado revisitar o

diagnóstico do PAIP e as avaliações externas com foco no AVALIE. O Eixo II está voltado para

reconfiguração do currículo escolar com base no desenvolvimento de novas propostas para o

Ensino Médio, apresentando em sua ementa histórico, concepção (política, filosófica e

metodológica), base legal, finalidade e as implicações do currículo para o processo de ensino e

aprendizagem, com carga horária de 54 h, visando as sequencias didáticas da II Unidade. O Eixo

III está fundamentado na perspectiva de estabelecer práticas pedagógicas investigativas, que

busquem renovar os processos de integração curricular e estabelecer aprendizagens significativas

para o estudante, apresentando em sua ementa a reflexão sobre o “fazer pedagógico”, sua

natureza, finalidade e elementos do currículo dialogando com a aprendizagem. Com carga horária

de 60 h, esta III unidade visou à elaboração de sequências didáticas, avaliações unificadas por

série e componente curricular; atividades de recuperação paralela, execução dos projetos e

simulado para o ENEM. O Eixo IV trouxe a concepção da avaliação da aprendizagem no contexto

escolar, com vistas à ressignificação da prática pedagógica e a garantia dos direitos de aprender,

cuja ementa está voltada para as questões do rendimento escolar. Os direitos do aluno à

aprendizagem e ao desenvolvimento implicam o redimensionamento da prática pedagógica e sua

ancoragem na ideia de currículo emancipatório. Com carga horária de 40h., as sequências

didáticas da IV unidade trabalharam as avaliações unificadas por série e componente curricular.

Todos os eixos permeavam a (re)construção do Projeto Político Pedagógico.

1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em sua dinâmica, o curso de formação promoveu inicialmente a ambientação informal e

descontraída dos participantes, com brincadeiras, conversas, explanação de objetivos e

apresentação das dissonâncias e consonâncias conceituais em relação aos temas propostos.

Visou-se à construção de relações de diálogo entre os participantes como metodologia ativa para

os dez meses em que o curso se desenvolveria, acreditando-se que para atingir êxito nas relações

humanas entre trabalhadores da educação estas devem ser dialéticas. Nos encontros presenciais,

as atividades seguiram as orientações dos cadernos temáticos, que sugeriam a reflexão e o

questionamento sobre a realidade da escola pública, com base em duas etapas. Na primeira etapa

foi realizada uma abordagem geral sobre o Ensino Médio, seus sujeitos, a formação humana

integral, o currículo, avaliação e gestão democrática. Já a segunda etapa valorizou as áreas de

conhecimento pautadas nas ciências humanas, nas linguagens, na matemática e nas ciências da

natureza. Ao longo destas etapas foi construído o perfil do estudante mediante a análise de dados

tabulados a partir de um questionário aplicado aos alunos; foi elaborada e aplicada uma avaliação

interdisciplinar; realizaram-se dois grandes projetos pedagógicos e um seminário estudantil

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voltado para os desafios e perspectivas dos alunos matriculados no Ensino Médio da escola. Nos

momentos seguintes, a abordagem do Projeto Político Pedagógico da unidade demandou maior

tempo, mas o resultado não atingiu o objetivo desejado; as discussões sobre o currículo foram

bastante produtivas e ricas; o ponto referente à gestão foi descartado das discussões, visto que a

escola passava por um processo de avaliação pela Secretaria de Educação e os professores não

pretendiam debater a questão, desgastando ainda mais as relações entre o corpo docente e a

direção. Os últimos cadernos do MEC, classificados por área do conhecimento propunham

atividades relacionadas à reorganização do trabalho docente com foco na atuação didática do

professor. Tais módulos não foram muito explorados nas Atividades Coordenadas (AC) em função

do período de férias que se aproximava. Ao final do curso foi promovido um Seminário Regional,

onde os cursistas apresentaram seus relatos de experiência, sendo feita uma seleção prévia pela

diretoria regional de três Unidades Escolares, que apresentaram estas experiências no Seminário

Estadual. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A formação continuada promovida pelo Pacto no Colégio

Estadual Dona Leonor Calmon representou um grande avanço na organização e execução do

trabalho pedagógico da escola. A construção e desenvolvimento do percurso metodológico permitiu

enxergar as vertentes e potencialidades da prática docente, impulsionadas pelo propósito comum

de melhorar a qualidade do Ensino Médio. No decorrer das primeiras atividades houve resistência

por parte de alguns professores, particularmente na construção coletiva do conhecimento.

Entretanto, no decorrer do curso as objeções desses professores deram lugar a uma relevante

construção coletiva, propiciando identificar suas fragilidades e potencialidades, bem como analisar

teoricamente suas práticas. Os encontros propiciaram à escola a experiência de promover

relevantes debates democráticos, fundamentados na discussão entre professores e alunos sobre a

práxis pedagógica. Dessa forma, os professores desenvolveram um olhar mais sensível para o seu

alunado, voltando-se para a complexidade de suas particularidades regionais e culturais,

compreendendo que os sujeitos do Ensino Médio matriculados na escola pública permanecem

vítimas de um processo histórico de exclusão pelas desigualdades sociais vividas. As ações

realizadas no curso para a revisão do projeto político pedagógico da escola levaram a uma salutar

compreensão e reinterpretação das diretrizes curriculares do Ensino Médio – DCNEM. Conclui-se

que para as políticas públicas implementadas pelo Pacto de Fortalecimento do Ensino Médio

atingirem de fato o aluno, é necessário enfrentar o desafio de continuar com o trabalho inicial de

forma sistematizada e independente, o que poderia transformar a escola em um núcleo formador

autossuficiente dentro do universo juvenil contemporâneo. ALVES, T.; PINTO, J.M.R. Remuneração

e características do trabalho docente no Brasil: um aporte. Apud MACHADO, Gilvan Luiz Costa. O

ensino médio no Brasil: desafios à matrícula e ao trabalho docente. Revista Brasileira de

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* Professora Efetiva da Rede Pública Estadual de Educação da Bahia. Mestranda em Educação pela

Universidade Federal de Sergipe PPGED/UFS. ** Doutor em Educação pela Universidade de São

Paulo e professor do Departamento de Educação do Campus Professor Alberto Carvalho e do

Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe.

Recebido em: 05/07/2016

Aprovado em: 05/07/2016

Editor Responsável: Veleida Anahi / Bernard Charlort

Metodo de Avaliação: Double Blind Review

E-ISSN:1982-3657

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Doi:

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