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Fortalecimento do Setor Florestal no Brasil: Mapeamento da carga tributária incidente sobre os produtos florestais madeireiros e proposição de medidas de desoneração 1 Fortalecimento do Setor Florestal no Brasil: Brasília, maio de 2013 Mapeamento da carga tributária incidente sobre os produtos florestais madeireiros e proposição de medidas de desoneração

Fortalecimento do Setor Florestal no Brasil:

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    Fortalecimento do Setor Florestal no Brasil:

    Braslia, maio de 2013

    Mapeamento da carga tributria incidente sobre os produtos florestais madeireiros

    e proposio de medidas de desonerao

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    Presidenta da Repblica Dilma Rousseff

    Vice-Presidente da Repblica Michel Temer

    Ministra do Meio Ambiente Izabella Mnica Vieira Teixeira

    Secretrio-Executivo do Ministrio do Meio Ambiente Francisco Gaetani

    Diretor-Geral do Servio Florestal Brasileiro Antnio Carlos Hummel

    Coordenao

    Diretora de Fomento e Incluso do SFB Claudia Azevedo-Ramos

    Equipe tcnica

    Gerente Executivo de Capacitao e Fomento do SFBJoo Paulo Sotero

    Assessora - GIZ/GOPA no SFBNvea Marcondes

    Consultoria - GIZ/GOPAEdna de Cssia Carmlio

    Apoio Deutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH

    FotosJoo Paulo SoteroAcervo do Servio Florestal Brasileiro

    Apoio

    Realizao

    Servio Florestal BrasileiroFortalecimento do Setor Florestal do Brasil - 2013

    Braslia: 2013, SFB. 98 pginas.

  • 1 INTRODUO 62 BASE LEGAL 9

    2.1 PREVIDNCIA RURAL ..........................................................................................................................92.2 PIS/PASEP E COFINS........................................................................................................................... 102.3 IPI............................................................................................................................................................. 112.4 IMPOSTOS COM INCIDNCIA SOBRE IMPORTAES E EXPORTAES............................ 122.5 CONTRIBUIES TRABALHISTAS E PREVIDENCIRIAS........................................................... 13

    2.5.1 A contribuio previdenciria das agroindstrias.............................................................. 142.6 ICMS........................................................................................................................................................ 16

    2.6.1 Especificidades do ICMS do Par para o setor madeireiro............................................... 192.6.2 Especificidades do ICMS do Mato Grosso para o setor madeireiro............................... 212.6.3 Especificidades do ICMS em Rondnia para o setor madeireiro.................................... 212.6.4 Especificidades do ICMS no Maranho para o setor madeireiro.................................... 212.6.5 Especificidades do ICMS em Roraima para o setor madeireiro....................................... 212.6.6 Especificidades do ICMS no Amazonas para o setor madeireiro.................................... 222.6.7 Especificidades do ICMS no Amap para o setor madeireiro.......................................... 222.6.8 Especificidades do ICMS no Acre para o setor madeireiro............................................... 232.6.9 Especificidades do ICMS no Tocantins para o setor madeireiro...................................... 23

    2.7 IMPOSTO SOBRE SERVIOS DE QUALQUER NATUREZA - ISS.............................................. 232.8 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURDICA - IRPJ................................................................... 242.9 CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO - CSLL................................................... 242.10 POLTICAS TRIBUTRIAS ESPECFICAS..................................................................................... 24

    2.10.1 Simples Nacional....................................................................................................................... 242.10.2 Lei Kandir..................................................................................................................................... 262.10.3 Poltica de zona de processamento de exportao - ZPE.............................................. 262.10.4 Poltica tributria da Zona Franca de Manaus................................................................... 272.10.5 Poltica tributria das reas de Livre Comrcio................................................................. 27

    2.11 SISTEMATIZAO DAS POLTICAS TRIBUTRIAS................................................................. 28

    3 BREVE REVISO BIBLIOGRFICA 303.1 METODOLOGIAS DE LEVANTAMENTO DE CARGA TRIBUTRIA.......................................... 303.2 POLTICAS TRIBUTRIAS DE INCENTIVO A CADEIAS PRODUTIVAS................................... 31

    3.2.1 A poltica do Programa Nacional de Produo e Uso de Biodiesel - PNPB.................. 313.2.2 A poltica da merenda escolar.................................................................................................. 31

    SUMRIO

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    3.2.3 A poltica da Conab .................................................................................................................... 323.2.4 A poltica do CAD Madeira/ Madeira Legal de So Paulo................................................ 323.2.5 A poltica de incentivo tributrio do Acre - o Copiai.......................................................... 33

    4 METODOLOGIA 344.1 IDENTIFICAO DA PERCEPO DO SETOR SOBRE A CARGA TRIBUTRIA SUPORTADA................................................................................................................. 344.2 LEVANTAMENTO DA CARGA TRIBUTRIA NA CADEIA PRODUTIVA DA MADEIRA........................................................................................................................................ 35

    4.2.1 Anlise de cenrios...................................................................................................................... 404.2.2 Anlise do impacto de propostas de desonerao sobre a carga

    tributria......................................................................................................................................... 41

    5 RESULTADOS 425.1 A PERCEPO DO SETOR SOBRE A CARGA TRIBUTRIA SUPORTADA............................. 42

    5.1.1 Perfil das empresas entrevistadas........................................................................................... 425.1.2 Peso da carga tributria na viso das empresas.................................................................. 45

    5.2 A CARGA TRIBUTRIA NA CADEIA PRODUTIVA DA MADEIRA............................................ 495.2.1 Resultados da tributao na cadeia produtiva analisada................................................. 495.2.2 Resultado da anlise de cenrios........................................................................................... 555.2.3 Resumo dos cenrios analisados............................................................................................ 64

    5.3 ANLISE DO IMPACTO DE PROPOSTAS DE DESONERAO TRIBUTRIA NA CADEIA PRODUTIVA.......................................................................................................................... 65

    6 CONCLUSES 677 AS PROPOSTAS DE DESONERAO TRIBUTRIA 69

    7.1 A PROPOSTA DE DESONERAO DO ICMS................................................................................ 707.2 A PROPOSTA DE DESONERAO DO PIS/PASEP E DA COFINS........................................... 717.3 A PROPOSTA DE DESONERAO DO IPI..................................................................................... 727.4 PROPOSTA DE ENQUADRAMENTO DE CONCESSIONARIAS COMO AGROINDSTRIAS.............................................................................................................................. 76

    8 ESTIMATIVA DE RENNCIA FISCAL DAS PROPOSTAS APRESENTADAS 789 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 8310 ANEXOS 85

    10.1 ANEXO I - MODELO DE QUESTIONRIO................................................................................. 8510.2 ANEXO II. INCIDNCIA DO IPI E DO IMPOSTO DE IMPORTAO SOBRE PRODUTOS MADEIREIROS........................................................................................................... 8810.3 ANEXO III. ALQUOTAS DO SIMPLES NACIONAL NOS SETORES E PARTILHA POR TRIBUTO.................................................................................................................................... 94

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    O1 INTRODUO

    Servio Florestal Brasileiro est construindo, com parceiros do setor pblico, privado e no governamental, uma estratgia para o desenvolvimento sustentvel e fortalecimento do setor florestal no Brasil, especialmente no bioma Amaznia.

    Entre as diversas aes identificadas, destaca-se a criao de uma poltica consistente de desonerao tributria que faa uma discriminao positiva da madeira legal, oriunda do manejo florestal. Tal medida propiciaria, em tese, uma maior competitividade da madeira manejada/certificada frente s demais que, conjugada com um feixe congruente de outras polticas pblicas, tais como acesso preferencial a mercados, agilidade no processo de licenciamento e crdito, culminaria no uso sustentvel dos recursos do bioma Amaznia, concorrendo para a sua conservao.

    Para a construo da referida proposta de desonerao tributria, preciso conhecer como est constituda a cadeia produtiva, como o arcabouo tributrio brasileiro incide sobre os agentes e produtos desta cadeia e quais os tributos e dinmicas tributrias que mais oneram a produo.

    Para tanto, em primeiro lugar, feita uma breve descrio do tecido tributrio passvel de incidir sobre os produtos madeireiros. Os casos em que no h incidncia ou em que a tributao no se aplica so destacados. So analisados os tributos indiretos, entendidos como aqueles que incidem sobre o produto (Previdncia Rural, PIS/Pasep e Cofins, IPI, Imposto de Importao e Exportao, Contribuies Trabalhistas, ICMS e ISS) e os diretos, aqueles que incidem sobre a empresa (Imposto de Renda da Pessoa Jurdica IRPJ e Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido CSLL). O ICMS dos estados componentes da Amaznia Legal detalhado no que concerne aos produtos madeireiros.

    A seguir, feita uma anlise sumarizada de polticas de desonerao tributria especficas que, em alguma medida, podem ser aplicveis aos produtos madeireiros. Com esse objetivo so descritos o Simples Nacional, a Lei Kandir, as polticas das Zonas de Processamento de Exportao-ZPE, da Zona Franca de Manaus ZFM e das reas de Livre Comrcio ALC.Na sequncia, feita uma breve reviso bibliogrfica que objetiva demonstrar as metodologias que tm sido utilizadas para o estudo de carga tributria em diversas cadeias produtivas, bem como demonstrar certas constataes de estudos que reforam as concluses do estudo feito no mbito desta consultoria. As polticas especficas, tal como o CAD Madeira (SP) e o Copiai (AC) so visitadas e analisadas em relao sua implicncia na tributao.

    A seguir, descrita a metodologia empregada para o estudo: uma avaliao junto s empresas do

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    setor; um levantamento da carga tributria em uma cadeia produtiva madeireira; a construo de cenrios com base nessa cadeia produtiva e na legislao tributria; e por fim, uma anlise do impacto de aplicao de polticas de desonerao sobre a carga tributria incidente no caso analisado e nos cenrios construdos.

    Como resultado do estudo feito, so apresentados o perfil das empresas entrevistadas e a descrio de sua percepo sobre a carga tributria no setor.

    A carga tributria incidente na cadeia produtiva da madeira, investigada por meio do levantamento de dados de campo e por levantamento bibliogrfico, conforme descrito na metodologia, apresentada. A seguir, so mostrados os resultados dos cenrios de anlise e uma avaliao de como redues de carga tributria afetariam esses cenrios.

    Na ltima parte, so apresentadas as propostas de desonerao, informando a forma legal considerada mais adequada (se medida provisria, se Decreto, se convnio Confaz), a minuta do texto em si e a exposio de motivos. Por fim, feita uma estimativa da perda de arrecadao com as propostas, com base em dados oficiais e em cenrios.

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    A2 BASE LEGAL

    anlise da tributao incidente sobre a cadeia produtiva dos produtos do extrativismo de madeira considerar os seguintes tributos:

    contribuio previdenciria rural; contribuies trabalhistas e sociais incidentes sobre a folha de salrios; PIS/Pasep e Cofins; IPI; Impostos incidentes sobre a importao e exportao; ICMS; ISS; Imposto de Renda sobre Pessoa Jurdica - IRPJ; e Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido - CSLL da pessoa jurdica.

    2.1 PREVIDNCIA RURAL

    O produtor rural pessoa fsica caracterizado como Segurado Especial e h incidncia sobre a receita bruta conforme as alquotas apresentadas a seguir.

    Tabela 1. Alquotas da previdncia rural incidente sobre a receita bruta.

    Base Legal Previdncia RAT(a)1 Senar(b) TotalArt. 25 da Lei 8.212/91, Art. 6 da Lei 9.528/97 com a redao da Lei 10.256/01

    2% 0,1% 0,2% 2,3%

    (a) RAT significa Risco Acidente do Trabalho, um recolhimento compulsrio que custeia o pagamento de salrio ao empregado afastado do trabalho em decorrncia de acidente ocupacional, recurso este gerido pelo INSS.(b) Senar - Servio Nacional de Aprendizagem Rural. A origem dos recursos que financiam as atividades do Senar originria da previdncia social, conforme a lei que disciplina a matria.

    No h exceo prevista em lei, de forma que o imposto deve sempre incidir sobre o valor comercial da operao. Por lei, o comprador obriga-se ao recolhimento da previdncia rural (Lei no 8.812,

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    Art. no5 inciso IV1) . O imposto rural cumulativo. No caso de venda, a agroindstria que recolhe a contribuio previdenciria sobre o faturamento no se recolhe para a previdncia rural. 2.2 PIS/PASEP E COFINS

    O Programa de Integrao Social - PIS e a Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins so contribuies sociais de natureza tributria, devidas pelas pessoas jurdicas, com objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham at dois salrios mnimos, no caso do PIS, e a seguridade social, no caso da Cofins.

    A base de clculo do PIS e da Cofins a receita ou o faturamento da pessoa jurdica. No h, portanto, incidncia sobre a pessoa fsica. O PIS e a Cofins podem ser tributados no sistema cumulativo (sem aproveitamento de crditos), no cumulativo (com aproveitamento de crditos) ou misto (ambas as modalidades se aplicam).

    As alquotas incidem sobre o faturamento e so apresentadas a seguir:

    Tabela 2. Alquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre o faturamento.

    SistemaAlquota (% sobre o faturamento)

    PIS Cofins TotalCumulativo (Lei no 10.637/02 e lei no 9.718/98) 0,65 3 3,65No-cumulativo (Lei no 10.637/02 e lei no10.833/03) 1,65 7,6 9,25

    Permanecem no sistema cumulativo, dentre outros:

    a. As pessoas jurdicas tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado; e

    b. As pessoas jurdicas optantes pelo Simples Nacional.

    A partir de 1/05/2004, as cooperativas de produo agropecuria e de consumo esto sujeitas incidncia no-cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins (art. no10 e 15)2.

    A receita proveniente do processamento da produo dos cooperados pode ser deduzida da base de clculo do PIS/ Pasep e da Cofins (art. 15, inciso IV, MP no 2.158)3. Assim, a base de clculo fica reduzida a zero para o produto resultante do beneficiamento de matria-prima do cooperado, mas tem

    1 BRASIL. Lei no 8.212, 24/07/1991. Dispe sobre a organizao da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e d outras providncias. DOU de 14/08/1991.

    2 BRASIL. Lei no 10.833 de 29/12/2003. Altera a Legislao Tributria Federal e d outras providncias. DOU de 30/12/2003.3 BRASIL. MP no 2.158, de 24/08/2001. Altera a legislao das Contribuies para a Seguridade Social -COFINS, para os

    Programas de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico -PIS/PASEP e do Imposto sobre a Renda, e d outras providncias. DOU de 27/08/2001.

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    incidncia normal para o beneficiamento de produto originrio de matria-prima de no-cooperado, sob o regime de no cumulatividade.

    No caso de pneu de borracha (posio 40.11 e 40.13 da tabela do TIPI) aplicam-se as alquotas de 11,5% relativas ao PIS/Pasep e a Cofins (art.5)4. Nesse caso, a incidncia monofsica, ou seja, os demais elos da cadeia produtiva no pagaro mais o referido tributo (art. no 15)5. Note-se que os fabricantes de pneus base de borracha natural suportam uma carga tributria no mesmo patamar dos fabricantes do mesmo produto base de petrleo.

    O PIS/Pasep e a Cofins no incidem sobre as receitas decorrentes de exportao (art. 149, 2, I da Constituio Federal).

    2.3 IPI

    Segundo a Constituio, um imposto no-cumulativo. um tributo que incide sobre o valor do produto. O clculo feito por fora6 e deve ser destacado na nota fiscal. O vendedor fiel depositrio, pois o responsvel por fazer a arrecadao. O fato gerador do IPI sua sada do estabelecimento industrial. O IPI tem vrias alquotas, estabelecidas na tabela TIPI (Anexo I).

    As matrias-primas e produtos industrializados destinados s empresas exportadoras sairo do estabelecimento com suspenso de sua alquota (art. 43)7. Os produtos industrializados na Zona Franca de Manaus so isentos do IPI (art. no 81)7. As alquotas do IPI podem ser reduzidas mediante Decreto presidencial.

    Note-se que os painis de madeira possuem IPI de 5% (divises da linha 44.10 da tabela TIPI), ao passo que madeira estratificada possui IPI de 10% (divises da linha 44.09 da tabela TIPI). Ou seja, os painis, produtos com maior nvel de industrializao, possuem alquota inferior madeira estratificada, que tem um menor nvel de industrializao. Segundo empresrios do setor, trata-se de uma distoro do imposto.

    4 BRASIL. Lei no 10.485 de 03/02/2002. Dispe sobre a incidncia das contribuies para os Programas de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico (PIS/Pasep) e da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), nas hipteses que menciona, e d outras providncias. DOU de 04/07/2002.

    5 BRASIL. IN SRF no 594 de 26/12/2005. Dispe sobre a incidncia da Contribuio para o PIS/Pasep, da Cofins, da Contribuio para o PIS/Pasep-Importao e da Cofins-Importao sobre as operaes de comercializao no mercado interno e sobre a importao dos produtos de que tratam as Leis no 9.990, de 2000, n 10.147, de 2000, n 10.485, de 2002, n 10.560, de 2002, n 11.116, de 2005. DOU de 30/12/2005 retificada no DOU de 02/02/2006, Seo 1, pg. 09.

    6 Clculo por fora significa que o valor do IPI no compe o preo do produto. Assim, se uma tonelada de compensado custa R$1.000,00, sobre este valor calcula-se o IPI. Se for de 5% por exemplo, o preo final ser de R$1.050,00. O ICMS, por outro lado, um imposto por dentro. Significa que o ICMS compe o preo do produto. No caso exemplificado, para um ICMS de 12%, tem-se que o produto tem preo de venda de R$1.000,00 e destaca-se na nota o valor do ICMS de R$120,00. O valor sem ICMS de R$880,00 e valor de ICMS de R$120,00.

    7 BRASIL. Decreto no 7.212 de 15/06/2010. Regulamenta a cobrana, fiscalizao, arrecadao e administrao do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. DOU de 16/06/2010.

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    2.4 IMPOSTOS COM INCIDNCIA SOBRE IMPORTAES E EXPORTAES

    A entrada de produtos e servios no Brasil enseja a incidncia dos seguintes impostos: Imposto de Importao - II, IPI, ICMS, PIS - Importao, Cofins - Importao, ISS e IOF. Incidem tambm taxas como o Adicional de Frete para Renovao da Marinha Mercante AFRMM e tarifas aduaneiras (Portal tributrio, 2010).

    O Imposto de Importao um imposto federal e tem alquota varivel. Trata-se de um imposto extrafiscal que tem sua motivao no na arrecadao em si, mas na poltica econmica. Um dos principais usos do imposto de importao proteger os produtos nacionais da concorrncia dos produtos estrangeiros. A alquota do II pode variar at 30% sobre o valor do bem ou servio, e permitido que aumente sem limite predefinido para os casos de necessidade de neutralizar dumping8, 9.

    A MP n 164, de 29 de janeiro de 2004, posteriormente convertida com modificaes na Lei n 10.865, de 2004, instituiu a Contribuio para o PIS/Pasep e a Cofins incidentes sobre a importao de bens e servios denominadas, respectivamente, Contribuio para os Programas de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico Incidente na Importao de Produtos Estrangeiros ou Servios (Contribuio para o PIS/Pasep - Importao) e Contribuio Social para o Financiamento da Seguridade Social Devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Servios do Exterior (Cofins - Importao). Suas alquotas so de 1,65%, para a Contribuio para o PIS/Pasep-Importao e 7,6%, para a Cofins-Importao. Os referidos tributos so sujeitos a uma enormidade de excees e regras. Como no tm impacto sobre os produtos em anlise, no sero aprofundados.

    O Imposto de Exportao de competncia exclusiva da Unio, segundo a Constituio Federal (art. 153, II). Tem como fato gerador a sada de produto nacional ou nacionalizado do territrio nacional. Uma de suas caractersticas a cobrana com funo fiscal e regulatria, no s na medida em que se presta arrecadao, mas tambm, de acordo com a variao de suas alquotas, disciplina do fluxo de exportao. A sua alquota de 30%, sendo facultado ao Poder Executivo aument-la at o limite mximo de 150% sobre o preo normal do produto ou seu similar10. A alquota do IE est reduzida 0% (zero por cento) para produtos da Zona Franca de Manaus, exceto para exportao de peles em bruto de bovinos ou de equdeos, de ovinos e outras peles em bruto, cujo percentual de 9% (BRASIL, 2012g).

    O IE no recai sobre a exportao de produtos de madeira, conforme consulta feita por telefone Cmara de Comrcio Exterior Camex. Com efeito, no se encontrou resoluo no site da Camex que trate da matria.

    8 BRASIL. Lei n 8.085, DE 23/10/1990. Dispe sobre o Imposto de Importao. DOU de 24/10/1990.9 BRASIL. Lei no 3.244, de 14/08/1957. Dispe sobre a reforma da tarifa das alfndegas, e d outras providncias. DOU de

    14/08/1957. 10 BRASIL. Decreto-Lei no 1.578, de 11/10/1997. Dispe sobre o imposto sobre a exportao, e d outras providncias.

    D.O.U. de 12.10.1977.

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    2.5 CONTRIBUIES TRABALHISTAS E PREVIDENCIRIAS Sobre a folha de salrios incidem os encargos sociais (INSS, Seguro Acidente de Trabalho - SAT, contribuies para terceiros, Fundo de Garantia por Tempo de Servio - FGTS) e trabalhistas (Provises de Frias, 13 salrio e Descanso Semanal Remunerado - DSR).

    O empregador contribui com 20% sobre o salrio para a previdncia (INSS) e; para o Seguro do Acidente de Trabalho - SAT, com 1% se a atividade considerada de risco leve, com 2% se considerada de risco moderado e com 3% se considerada de risco elevado (art. no 22)1.

    O empregador faz as seguintes contribuies a terceiros: Sebrae (0,6%), Senai ou Senac (1%), Incra (0,2%), salrio-educao (2,5%), Sesi ou Sesc (1,5%), num total de 5,8% sobre a folha de pagamento.

    A parte devida pelo empregado para o INSS no incide sobre a formao de custos do produto e, portanto, no ser considerada para fins desta anlise.

    O FGTS devido pelo empregador de 8%, somado proviso de multa por resciso de 4%. Os encargos trabalhistas so: 13 salrio (corresponde a 1/12 do salrio anual, ou seja um salrio mensal), frias (corresponde a 1/3 do salrio mensal) e Descanso Semanal Remunerado - DSR que totalizam 7,93% sobre o salrio.

    Assim, discriminam-se a seguir os encargos trabalhistas e sociais para empresas optantes pelo Simples Nacional e para empresas com regime de apurao com base no lucro real, com atividade do trabalhador considerada de risco moderado.

    Discriminao do encargo Simples Nacional Lucro real Agroindstria

    13 salrio 8,33% 8,33% 8,33%Frias (1/12 do salrio anual) 8,33% 8,33% 8,33%1/3 das frias 2,78% 2,78% 2,78%INSS 0%(1) 20% INSS: 2,5% sobre o

    faturamentoSAT: 0,1% sobre o faturamentoSenar: 0,25% sobre o faturamentoTotal: 2,85% sobre o faturamentoNo recolhe Previdncia Rural

    SAT, risco moderado 0%(1) 2%Contribuies a terceiros: 0,00% (1)Sebrae 0,00% 0,60%Senai ou Senac (no caso de Senar, ser de 2,5%, no cumulativo com Senai e Senac, ou seja, paga-se somente um deles, art. no 3)

    0% 1%

    Incra 0,00% 0,20%Salrio-educao 0,00% 2,50%Sesi ou Sesc 0,00% 1,50%

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    FGTS 8% 8% 8%Previdencirio sobre 13/frias/DSR 2,33% 7,93% 7,93%Proviso de multa rescisria 4% 4% 4%

    Total de encargos trabalhistas 33,77% 67,17%39,37% sobre a folha e 2,85% sobre o faturamento

    Fonte: Elaborado pela autora com base na Lei no 8.212 de 24/07/1991, na Lei no 8.036 de 11/05/1990, na Lei Complementar no 123/2006 e na Lei no 8.870 de 15/04/1994.11

    No caso do Simples Nacional as contribuies previdencirias esto embutidas na alquota nica, a Contribuio Patronal Previdenciria - CPP para a Seguridade Social, conforme discriminado no Anexo II. No caso de cooperativas, no existe vnculo empregatcio entre elas e seus cooperados (art. no 90)31. As cooperativas igualam-se s demais empresas em relao aos seus empregados para os fins da legislao trabalhista e previdenciria (art. no 91)31. Logo, os cooperados que tambm atuam nas atividades internas da cooperativa, sejam administrativas ou operacionais, no so regidos pela legislao trabalhista.

    2.5.1 A contribuio previdenciria das agroindstrias

    Agroindstria, para fins de contribuio previdenciria, o produtor rural, pessoa jurdica, cuja atividade econmica seja a industrializao unicamente de sua prpria produo ou de sua produo prpria e de terceiros (art. no 01)12. Sob este conceito, no h a necessidade de produzir toda a matria-prima objeto de transformao, mas apenas um percentual mnimo (no delimitado pelo legislador), e o restante poder ser adquirido de terceiros. Nota-se que a definio enseja que a natureza jurdica da empresa seja produtor rural .

    No caso de empresa enquadrada como agroindstria, o pagamento do percentual de INSS sobre a folha de pagamento substitudo pela incidncia de 2,5% sobre o faturamento, somado a 0,1% sobre o faturamento para fins do Seguro Acidente de Trabalho - SAT e 0,25% sobre o faturamento destinado ao Senar (art. no 25)13. Totaliza-se 2,85% sobre o faturamento, j inclusos o SAT e contribuio a terceiros. Nota-se que algumas das madeireiras entrevistadas pagam sobre o faturamento.

    11 BRASIL. Lei n 8.315, de 23/12/1991. Dispe sobre a criao do Servio Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, nos termos do artigo 62 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias. DOU de 24/12/1991.

    12 BRASIL. Lei n 10.256, de 09/07/2001. Altera a Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, a Lei no 8.870, de 15 de abril de 1994, a Lei no 5.317, de 5 de dezembro de 1996 e a Lei no 9.528 de 10 de dezembro de 1997. DOU de 10/07/2001.

    13 BRASIL. Lei n 8.870, de 15/04/1994. Altera os dispositivos das leis no 8.212 e no 8.213 de 24 de julho de 1991 e d outras providncias. DOU de 16/04/1994.

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    O governo editou norma legal visando promover diminuio dos encargos trabalhistas, de forma experimental. Trata-se da MP 540, que estabeleceu que, dentre outras, as indstrias que fabriquem os mveis de madeira (posio 94.03 da tabela TIPI) contribuiro com 1,5% sobre o faturamento para o INSS em substituio alquota de 20% incidente sobre a folha de pagamento, at 31 de dezembro de 2012 (art. 8o)14, independente da produo ser destinada ao mercado interno ou externo. Estabeleceu tambm que, no caso de empresas que produzam outros bens no enquadrados como mveis de madeira, ser pago o percentual de 1,5% sobre o faturamento; e que o valor que deveria ser pago sobre a folha de pagamento (20% de INSS sobre a folha) deve ser reduzido na proporo percentual de participao da receita dos produtos no madeireiros em relao receita total (art. 8o Pargrafo nico)14.

    Para interpretar a norma, tomemos um exemplo: Digamos que uma empresa tenha uma folha de pagamento de R$20.000,00 mensais e que tenham um faturamento de R$100.000,00. Digamos que 40% do faturamento seja com os mveis e que 60% seja com outros produtos.

    Na regra antiga o valor do INSS deveria ser o seguinte:Valor do INSS = Valor da folha de pagamento*20%Valor do INSS = R$20.000,00*20%Valor do INSS = R$4.000,00Na nova regra, o valor do INSS deveria ser o seguinte:Base de clculo do INSS sobre o faturamento = valor do faturamento*40%Base de clculo do INSS sobre o faturamento = R$100.000,00*40%*

    Base de clculo do INSS sobre o faturamento = R$40.000,00Frao do INSS sobre o faturamento = R$40.000,00*1,5%Frao do valor do INSS sobre o faturamento = R$600,00Base de clculo do valor do INSS sobre a folha de pagamento = Valor da folha de pagamento*60% (note que 60% a proporo do faturamento de produtos no madeireiros sobre o faturamento total, conforme estabelecido na norma)Base de clculo do valor do INSS sobre a folha de pagamento = R$20.000,00*60%Base de clculo do valor do INSS sobre a folha de pagamento = R$12.000,00Valor do INSS sobre a folha de pagamento = R$12.000,00*20%Valor do INSS sobre a folha de pagamento = R$2.400,00Valor total do INSS = Frao do valor do INSS sobre o faturamento + Frao do valor do INSS sobre a folha de pagamentoValor total do INSS = R$600,00+R$2.400,00Valor total do INSS = R$3.000,00

    14 BRASIL. MP n 540, de 02/08/2011. Institui o Regime Especial de Reintegrao de Valores Tributrios para as Empresas Exportadoras - REINTEGRA; dispe sobre a reduo do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI indstria automotiva; altera a incidncia das contribuies previdencirias devidas pelas empresas que menciona, e d outras providncias. DOU de 03/08/2011.

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    Portanto, esta empresa hipottica pagaria pela nova regra R$3.000,00, um valor 32,5% menor do que pela regra antiga, pela qual pagaria R$4.000,00.

    2.6 ICMS

    A Constituio Federal de 1988, em seu artigo 155, inciso I, 2, prev que o Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicao - ICMS ser no-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operao relativa circulao de mercadorias ou prestao de servios com o montante cobrado nas operaes anteriores quer seja no mesmo estado ou noutro estado (incluindo-se o Distrito Federal).

    O ICMS um tributo de competncia dos estados. Conceitualmente um imposto que incide sobre o valor agregado, dado seu mecanismo de no cumulatividade (Fabretti, 2009). Entretanto, diversas situaes acabam por fazer com que o imposto se acumule, no chamado efeito cascata. o caso, por exemplo, do caf cru em Minas Gerais. A compensao no efetuada no caso das operaes internas realizadas na compra do caf cru, em coco ou em gro, considerando que o pagamento do imposto na sada da mercadoria fica diferido nos termos do artigo no 111 do RICMS/2002, aprovado pelo Decreto 43.080/2002. O benefcio da no cumulatividade se encerra quando a mercadoria for destinada s micro e pequenas empresas optantes pelo SIMPLES Minas. Nesse caso, a base de clculo do imposto passa a ser o valor da operao, com a incidncia da alquota de 18,0%, tanto para operaes realizadas no mbito do estado ou interestaduais. Nessa ltima, apesar da alquota incidente ser de 12,0%, cobrada na origem, efetua-se a recomposio tributria (6,0%) nos termos do artigo 12 da Lei no 15.219/04, com base na alquota interna (Abrantes, 2010). Tal fato estudado por Abrantes tambm pde ser observado durante a coleta de dados de campo desta consultoria. As empresas compram insumos para a limpeza e higiene da indstria de supermercados optantes pela modalidade do Simples Nacional, o que no possibilita o aproveitamento do crdito de ICMS destas aquisies. Situao semelhante foi observada em relao ao combustvel (leo diesel) adquirido para abastecer os caminhes de coleta de castanha do Brasil junto a extrativistas (BRASIL, 2010h). As empresas de beneficiamento de produtos do extrativismo da regio Norte estudadas somente tm acesso ao combustvel de postos revendedores. O ICMS no recolhido nesses estabelecimentos, mas sim nas refinarias e distribuidoras. Como consequncia, o valor do ICMS no discriminado no documento fiscal, impossibilitando legalmente o aproveitamento dos crditos.

    O ICMS regido pela Lei Complementar 87/1996 (a chamada Lei Kandir), alterada posteriormente pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e 102/2000.

    O imposto incide sobre15:I. operaes relativas circulao de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentao e

    bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;II. prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de

    pessoas, bens, mercadorias ou valores;

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    III. prestaes onerosas de servios de comunicao, por qualquer meio, inclusive a gerao, a emisso, a recepo, a transmisso, a retransmisso, a repetio e a ampliao de comunicao de qualquer natureza;

    IV. fornecimento de mercadorias com prestao de servios no compreendidos na competncia tributria dos Municpios;

    V. fornecimento de mercadorias com prestao de servios sujeitos ao imposto sobre servios, de competncia dos Municpios, quando a lei complementar aplicvel expressamente o sujeitar incidncia do imposto estadual.

    VI. a entrada de mercadoria importada do exterior, por pessoa fsica ou jurdica, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo permanente do estabelecimento;

    VII. o servio prestado no exterior ou cuja prestao se tenha iniciado no exterior;VIII. a entrada, no territrio do Estado destinatrio, de petrleo, inclusive lubrificantes e

    combustveis lquidos e gasosos dele derivados, e de energia eltrica, quando no destinados comercializao ou industrializao, decorrentes de operaes interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.

    O imposto no incide sobre15:I. operaes com livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso;II. operaes e prestaes que destinem ao exterior mercadoria, inclusive produtos primrios e

    produtos industrializados semi-elaborados, ou servios;III. operaes interestaduais relativas energia eltrica e petrleo, inclusive lubrificantes e

    combustveis lquidos e gasosos dele derivados, quando destinados industrializao ou comercializao;

    IV. operaes com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial;V. operaes relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas

    na prestao, pelo prprio autor da sada, de servio de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre servios, de competncia dos Municpios, ressalvadas as hipteses previstas na mesma lei complementar;

    VI. operaes de qualquer natureza de que decorra a transferncia de propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espcie;

    VII. operaes decorrentes de alienao fiduciria em garantia, inclusive a operao efetuada pelo credor em decorrncia do inadimplemento do devedor;

    VIII. operaes de arrendamento mercantil, no compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatrio;

    IX. operaes de qualquer natureza de que decorra a transferncia de bens mveis salvados de sinistro para companhias seguradoras.

    O contribuinte do ICMS qualquer pessoa, fsica ou jurdica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operaes de circulao de mercadoria ou prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior.

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    O ICMS possui trs mecanismos distintos de operao que podem ser arbitrados pelo estado: Substituto tributrio. Aquele a quem dado, por fora de lei estadual, a responsabilidade pelo

    seu pagamento, hiptese em que assumir a condio de substituto tributrio ; Diferimento. a transferncia do lanamento e do recolhimento do ICMS incidente em

    determinada operao para operao posterior (Ribeiro, 2005); e Suspenso. O ICMS suspenso quando condicionada a ocorrncia de evento futuro, como o

    caso da operao de envio de matria-prima para a industrializao e do retorno do produto industrializado.

    vedado o crdito relativo mercadoria entrada no estabelecimento ou prestao de servios a ele feita15:

    I. para integrao ou consumo em processo de industrializao ou produo rural, quando a sada do produto resultante no for tributada ou estiver isenta do imposto, exceto quando tratar-se de sada para exportao ao exterior;

    II. para comercializao ou prestao de servio quando a sada ou a prestao subsequente no forem tributadas ou estiverem isentas do imposto, exceto as destinadas exportao ao exterior.

    O ICMS no incidir sobre operaes que destinem ao exterior mercadoria, inclusive produtos primrios e produtos industrializados semielaborados, bem como sobre prestaes de servios para o exterior15.

    As mercadorias entradas no estabelecimento para integrao ou consumo em processo de produo de mercadorias industrializadas, inclusive semielaboradas, destinadas ao exterior, daro direito de crdito do ICMS15.

    Se a sada for isenta ou no tributada, o crdito de entrada dever ser anulado, por meio de lanamento de estorno, exceto se a mercadoria for destinada ao exterior15.

    O prestador de servios de transporte, exceto areo, tem direito a um crdito presumido de 20%, sem direito a aproveitamento de quaisquer outros crditos16.

    As alquotas do ICMS em operaes interestaduais so assim definidas17:

    15 BRASIL. Lei Complementar no 87, de 13/09/1996. Dispe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, e d outras providncias. (LEI KANDIR). D.O.U de 16/09/1996.

    16 BRASIL. Convnio ICMS no106, de 13 de dezembro de 1996. Dispe sobre concesso de crdito presumido nas prestaes de servios de transporte. DOU de 18 e 20/12/1996.

    17 BRASIL. Resoluo SF no 22 de 19/05/1989. Estabelece alquotas do Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestao de Servios de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao, nas operaes e prestaes interestaduais. DOU de 22/05/1989.

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    Quando realizadas por contribuintes que estejam nas regies Norte, Nordeste ou Centro-Oeste ou no estado do Esprito Santo, aplica-se 12%, independente da regio em que estiver o destinatrio; e

    Quando realizadas por contribuintes que estejam nas regies Sudeste e Sul, aplica-se a alquota de 12%, se o destinatrio estiver localizado na regio Sudeste ou Sul e aplica-se a alquota de 7% quando o destinatrio estiver localizado na regio Norte, Nordeste ou Centro-Oeste ou no estado do Esprito Santo.

    Note que, no caso de uma mercadoria produzida na regio Sudeste ou Sul que seja destinada regio Norte, o emitente ir aplicar a alquota de 7%. Entretanto, no ato da entrada da mercadoria no estado da regio Norte, a alquota interna ser aplicada (17% no caso do Acre, por exemplo) e o importador pagar a diferena ao estado. Em sentido contrrio, quando a mercadoria originada na regio Norte, Nordeste e Centro-Oeste a alquota de 12% independente do estado de destino. Assim, constata-se que a poltica de ICMS favorece a exportao para as regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mas no incentiva a exportao destas regies para outros estados.

    Os estados da Amaznia Legal que mais produzem madeira do extrativismo so, segundo a ordem decrescente do valor da produo: Par, Mato Grosso, Rondnia, Maranho, Roraima, Amazonas, Amap, Acre e Tocantins. Estes produtos destinam-se principalmente para o estado de So Paulo. Por esta razo, ser verificada a alquota de ICMS incidente em cada um destes estados.

    2.6.1 Especificidades do ICMS do Par para o setor madeireiro

    O Par o maior produtor nacional de madeira tropical proveniente do extrativismo. Por esta razo, o regulamento do ICMS deste produto bem delimitado. A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (art. no 20)18.

    A primeira operao interna realizada pelo extrator da madeira tem o ICMS diferido, que se tornar exigvel na subsequente sada tributada (art. no 716 - A)18.

    Na sada interna ou interestadual de MDF, madeira e madeira com metais (mveis, carrocerias, casas pr-fabricadas, urnas funerrias, portas, janelas e caixilhos) concedido crdito presumido de forma que a carga tributria resulte em 5%, sendo vedado o aproveitamento de quaisquer outros crditos (art. no 170)18.

    Nas operaes com madeira destinadas a contribuintes optantes pelo Simples Nacional haver substituio tributria, enquadrando-se a empresa no Simples Nacional como aquela responsvel pelo recolhimento do ICMS nas operaes internas a ser pago na sada (cap. XXXVI, art. no 228 e 299)18.

    18 PAR. Decreto no 4.676. Aprova o Regulamento do Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao - ICMS. DOE de 19/06/2001.

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    O clculo do ICMS, para o caso de madeira em tora, o resultado da multiplicao da quantidade (m3) pelo valor do preo mnimo por variedade de madeira em tora (publicado pelo Governo) e multiplicado pelo valor da alquota interna (17%)(cap. XXXVI, art. no 230)18. O clculo do ICMS para o caso de produto beneficiado ser obtido da multiplicao da quantidade de madeira (m3) pelo valor do preo mnimo por variedade de madeira em tora (publicado pelo Governo), multiplicado pelo fator de 1,6 e multiplicado pelo valor da alquota interna (17%) (cap. XXXVI, art. no 230)18. Conclui-se que as empresas enquadradas no Simples Nacional, nesse caso, sero substitutas tributrias e pagaro o ICMS na sada de seus produtos madeireiros, alm do ICMS embutido na alquota do Simples Nacional.

    Sistematizando:Valor do ICMS sobre a tora = Quant (m3)* preo mnimo*17%Valor do ICMS sobre a madeira = Quant (m3)* preo mnimo*1,6*17%

    No caso das empresas optantes pelo Simples Nacional que obtiveram faturamento inferior a R$120.000,00 nos ltimos 12 meses, ficaro isentas do ICMS (art. no 231)18.

    No caso da entrada no estado de madeira serrada e compensados (posio 4407 e 4412 do NCM), haver pagamento antecipado do ICMS. Para o clculo, aplicar-se- uma margem de agregao de valor de 45% quando a mercadoria se destinar a industrial, importador arrematante e engarrafador, independente do estado de origem (Apndice I a que se refere o art. 107 do Anexo I)18.

    A sada de madeira em tora e serrada do estado paraense sujeita a antecipao do pagamento do ICMS (Apndice II a que se refere o art. 115 do Anexo I)18.

    2.6.2 Especificidades do ICMS do Mato Grosso para o setor madeireiro

    O Mato Grosso o segundo maior produtor nacional de madeira tropical proveniente do extrativismo. A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (art. no 14)19.

    A indstria se enquadra como substituto tributrio para as operaes com madeira, carvo vegetal, obras de madeira e pastas de madeira. Por isto, cabe indstria o pagamento do ICMS devido em operaes anteriores (art. no 20)31.

    2.6.3 Especificidades do ICMS em Rondnia para o setor madeireiro

    A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (Captulo I, art. 12)20. A sada, em operao interna, promovida por estabelecimento produtor ou de cooperativa de produtores,

    19 MATO GROSSO. LEI 7.098, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998. Consolida normas referentes ao Imposto sobre Operaes relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao - ICMS. DOE de 30/12/1998.

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    de madeira em tora, em bloco, lasca, torete, e lenha resultante do abate de rvore, destinada a estabelecimento comercial ou industrial, tem o ICMS diferido, que se tornar exigvel na subsequente sada tributada (Captulo XXIV, seo I, art. no 642)20. O diferimento ser mantido at que ocorra a sada para outro estado, para o consumidor final ou para empresa optante pelo Simples Nacional (Captulo XXIV, seo I, art. no 643)20. A base de clculo do ICMS o valor da operao, cujo preo nunca poder ser inferior ao preo de pauta (Captulo XXIV, seo II, art. no 644)20.

    2.6.4 Especificidades do ICMS no Maranho para o setor madeireiro

    A alquota padro de 17% (Captulo II, art. 28)21. A entrada no estado de madeira serrada ou beneficiada sujeita ao pagamento antecipado da diferena entre as alquotas interestadual e interna (Captulo II, art. 378).

    2.6.5 Especificidades do ICMS em Roraima para o setor madeireiro

    A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (Captulo V, seo II, art. 46)22. A sada em operao interna de madeira em tora, destinada a estabelecimento comercial ou industrial, bem como a sada para outra unidade da federao, tem o ICMS diferido e se tornar exigvel para o contribuinte que encerrar a operao de diferimento (Captulo XVII, art. no 607)22. A base de clculo do ICMS o preo de pauta (Captulo XVII, art. no 608)22. A entrada no estado de madeira sujeita ao pagamento antecipado da diferena entre as alquotas interestadual e interna (Captulo XVII, art. no 609)22.

    2.6.6 Especificidades do ICMS no Amazonas para o setor madeireiro

    A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (Captulo IV, seo I, art. 12)23. A sada em operao interna de madeira tem o ICMS diferido e se tornar exigvel para o contribuinte que realizar a industrializao (Captulo XVI, seo V art. no 322, 2)23. O benefcio do diferimento restrito madeira extrada em conformidade com planos de manejo aprovados pelos rgos federais e estaduais competentes, nos termos da legislao ambiental, e desde que as sadas sejam destinadas

    20 RONDONIA. Decreto no 6.613, de 29/03/2012. Aprova O Regulamento Do Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao De Mercadorias E Sobre Prestaes De Servios De Transporte Interestadual E Intermunicipal E De Comunicao ICMS E D Outras Providncias. DOE de 29/03/2012.

    21 MARANHAO. Decreto no 19.714 de 10/07/2003. Aprova o Regulamento do IVMS e d Outras Providncias. DOE de 04/08/2003.

    22 RORAIMA. Decreto no 4.335, de 03/08/2001. Consolidao e regulamentao da Legislao Pertinente ao Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao De Mercadorias E Sobre Prestaes De Servios De Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao ICMS E D Outras Providncias. DOE no 148 de 03/08/2001.

    23 AMAZONAS. Decreto no 20.686, de 28 de Dezembro de 1999. Aprova o Regulamento do Imposto sobre Operaes relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao ICMS e D Outras Providncias. DOE de 28/12/1999.

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    a indstrias incentivadas pela Lei n 2.826, de 29 de setembro de 2003, localizadas no interior do Estado, que gozem de crdito estmulo de 100% . O combustvel derivado de petrleo utilizado para a produo interna de madeira tem ICMS diferido que se encerrar e ser cobrado na sada do produto industrializado (Cap. XI, seo I, art. 109, 18)23. Este benefcio do diferimento do ICMS de combustveis tambm restrito madeira extrada em conformidade os planos de manejo aprovados por rgo competente e destinados a indstrias incentivas pela Lei n 2.826, de 29 de setembro de 2003.

    A lei n 2.826, de 29 de setembro de 2003, regulamenta a poltica de incentivos fiscais e extrafiscais do estado do Amazonas. Os incentivos so o crdito estmulo, diferimento, iseno, reduo de base de clculo e crdito fiscal presumido do ICMS. A madeira serrada excluda da poltica de que trata a Lei supracitada (Cap. XVII, Seo III, art. no 8)24. A madeira beneficiada ou perfilada (classificada como bens industrializados ) tem um crdito estmulo de 55% para o ICMS (art. 10 e seo VI art. no 13)24.

    2.6.7 Especificidades do ICMS no Amap para o setor madeireiro

    A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (Captulo VII, art. 25)25. No h especificidades para as operaes que envolvam madeira.

    2.6.8 Especificidades do ICMS no Acre para o setor madeireiro

    A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (Captulo IV, seo III, art. 17)26. No h especificidades para as operaes que envolvam madeira.

    2.6.9 Especificidades do ICMS no Tocantins para o setor madeireiro

    A alquota padro incidente sobre os produtos madeireiros de 17% (Captulo IV, seo III, art. 17)27. As embarcaes de madeira construdas no estado com menos de trs toneladas brutas de registro e utilizadas na pesca artesanal tm a sua sada isenta do ICMS (art. no 2, LXI). No h outras especificidades para as operaes que envolvam madeira.

    24 AMAZONAS. Lei N 2.826, de 29 De Setembro de 2.003. Regulamenta A Poltica Estadual de Incentivos Fiscais e Extrafiscais nos Termos da Constituio do Estado e D Outras Providncias. DOE de 29/09/2003.

    25 AMAPA. Decreto no 2.269, de 24/07/1998. Consolida e regulamenta a Legislao Do Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao De Mercadorias E Sobre Prestaes De Servios De Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao ICMS E D Outras Providncias. DOE n 1866 de 10.08.1998.

    26 ACRE. Decreto no8 de 26/01/1998. Aprova o Regulamento do Imposto sobre Operaes Relativas a Circulao de Mercadorias e sobre Prestao de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao ICMS, do Estado do Acre. DOE de 26/01/1998.

    27 TOCANTINS. Decreto no 2.912, de 29 de dezembro de 2006. Aprova o Regulamento do ICMS e D Outras Providncias. DO de 02/01/2007.

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    2.7 IMPOSTO SOBRE SERVIOS DE QUALQUER NATUREZA - ISS

    O Imposto Sobre Servio - ISS incide sobre representao comercial, sobre armazenagem de qualquer natureza, sobre assistncia tcnica, sobre leasing (arrendamento mercantil), servios de transporte de natureza municipal, servios tcnicos administrativos, jurdicos e contbeis. um tributo cumulativo, de competncia dos municpios e do Distrito Federal. regido pela Lei Complementar no 116/2003. A sua alquota mxima de 5%28, e mnima de 2%29.

    No caso de cooperativas, sero contribuintes do ISS somente se prestarem servios tributados pelo referido imposto a terceiros. A prestao de servios aos cooperados no caracteriza operao tributvel pelo ISS, j que, expressamente, a Lei no 5.764/1971, em seu artigo 79, especifica que os atos cooperativos no implicam operao de mercado, nem contrato de compra e venda (Zanluca, 2010).

    No municpio de Paragominas (PA), importante polo de produo de madeira da Amaznia, existe uma poltica municipal de incentivo s empresas que adotam boas prticas ambientais. Para estas empresas, h a reduo de at 50% da base de clculo do Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza - ISS, cujo benefcio chamado ISS Verde (art. No 3)30.

    2.8 IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURDICA - IRPJ

    A alquota do IRPJ de 15% (quinze por cento) sobre o lucro real, presumido ou arbitrado apurado pelas pessoas jurdicas em geral (Brasil, a).

    O lucro real o resultado da equao em que se subtrai da receita bruta (vendas ou servios) as devolues e impostos, as despesas operacionais, e se somam as receitas no-operacionais e se subtraem as despesas no operacionais (Fabretti, 2009).

    O lucro presumido de 8% sobre a receita da venda de mercadorias (exceto revenda de combustveis) ou produtos, do transporte de cargas ou de servios hospitalares e de 32% sobre a receita proveniente da prestao de servios em geral, excetuando-se os servios hospitalares e de transportes e as empresas prestadoras de servio com receita bruta anual no superior a R$120.000,00 (Fabretti, 2009).

    Para as cooperativas, os resultados (sobras) decorrentes dos atos cooperativos no so tributveis pelo IRPJ (Lei 5.764, art. no 3)31. Todos os demais resultados decorrentes de atos no-cooperativos so tributveis integralmente (Zanluca, 2010).

    28 BRASIL, Lei Complementar no116, de 31/07/2003. Dispe sobre o Imposto Sobre Servios de Qualquer Natureza, de competncia dos Municpios e do Distrito Federal, e d outras providncias. D.O.U. de 01.08.2003.

    29 BRASIL, Emenda Constitucional no37, de 13/06/2002. Altera os arts. no100 e 156 da Constituio Federal e acrescenta os arts. no 84, 85, 86, 87 e 88 ao Ato das Disposies Constitucionais Transitrias. D.O.U. de 13/06/2002.

    30 PARAGOMINAS. LEI no746 de 02/03/2011. Cria o Programa de Incentivos s Boas Prticas Ambientais dos Estabelecimentos Comerciais e Industriais no Municpio de Paragominas - Programa Mais Verde. DOE de 26/01/1998.

    31 BRASIL. Lei no 5.764, de 16/12/1971 . Define a Poltica Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurdico das sociedades cooperativas, e d outras providncias. DOU de 16/12/1971.

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    23

    2.9 CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO - CSLL

    A Contribuio Social sobre o Lucro Lquido das pessoas jurdicas foi instituda pela Lei no 7.689. A CSLL possui a mesma base de clculo do IRPJ e sua alquota de 9%.

    A partir de 01.01.2005, as sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislao especfica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL. Esta iseno no alcana as sociedades cooperativas de consumo, conforme disposto nos artigos 39 e 48 da Lei no 10.865/2004 (Zanluca, 2010).

    Para o caso de empresas optantes pelo Imposto de Renda na modalidade de lucro presumido, a base de clculo da CSLL ser de 12% sobre a receita bruta auferida no ano civil . A alquota incidente de 9%.

    2.10 POLTICAS TRIBUTRIAS ESPECFICAS

    2.10.1 Simples Nacional

    O Simples Nacional32 destinado micro e pequenas empresas, entendidas como aquelas com receita bruta anual igual ou inferior a R$360.000,00 (microempresa) e quelas com receita superior a R$360.000,00 e igual ou inferior a R$3.600.000,00 (empresa de pequeno porte). A lei objetiva o tratamento tributrio diferenciado e simplificado a estas empresas. As sociedades cooperativas, exceto as de consumo, no podem aderir ao Simples Nacional (art. no 3 pargrafo IV, inciso VI)33.

    O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento nico de arrecadao, dos seguintes impostos e contribuies: o IRPJ, o IPI (exceto o IPI de produto importado), a CSLL, a COFINS (exceto a Cofins - importao), o PIS/Pasep (exceto o PIS/Pasep - Importao); a Contribuio Patronal Previdenciria - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurdica, de que trata o art. no 22 da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991 (substitui os 20% de INSS sobre a folha de pagamento); o ICMS e o ISS. O Simples Nacional no abrange os seguintes tributos: o IOF, o imposto de Importao de Produtos Estrangeiros, o Imposto de Exportao para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados, o ITR, o imposto de renda advindo de operaes financeiras, o FGTS, a contribuio para a manuteno da seguridade social devida ao trabalhador, o ICMS devido nas operaes ou prestaes sujeitas ao regime de substituio tributria; o ISS devido em relao aos servios sujeitos substituio tributria ou reteno na fonte.

    O ICMS e o ISS podero ser reduzidos para valores fixos mensais estabelecidos pelos estados e municpios (art. no 18, pargrafo 18)33. Na hiptese de reduo ou iseno de ICMS e/ou ISS pelos

    32 BRASIL. Lei no 10.684, de 30/05/2003. Altera a legislao tributria, dispe sobre parcelamento de dbitos junto Secretaria da Receita Federal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social e d outras providncias. DOU de 31/05/2003.

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    estados e municpios, ser realizada reduo proporcional ou ajuste do valor a ser recolhido (art. no 18, pargrafo 20)33.

    As empresas optantes pelo Simples Nacional no faro jus apropriao nem transferiro crditos relativos a impostos ou contribuies abrangidos pelo Simples Nacional (art. no 23, seo VI)33. A lei excetua a vedao se empresas no optantes do Simples Nacional fizerem as aquisies, para fins de industrializao, de empresas enquadradas no Simples Nacional. Entretanto, esta excepcionalidade est condicionada ao destaque do valor do ICMS na nota fiscal e no se aplica quando o ICMS do Simples Nacional for enquadrado na modalidade de valores fixos mensais (art. 23)33. Com efeito, foi observado o no aproveitamento do ICMS de insumos adquiridos de empresas enquadradas no Simples Nacional, como supermercados e pequenos atacadistas em estudo sobre a tributao em cadeias produtivas do extrativismo (Brasil, 2010g). Com isso, o valor do ICMS e demais tributos aambarcados pelo Simples Nacional, via de regra, so cumulativos e oneram o produto final. A Secretaria da Receita Federal publicou Ato Declaratrio Interpretativo34 em que determina que as empresas enquadradas no sistema no cumulativo de apurao do PIS/Pasep e da Cofins podem descontar crditos acumulados de aquisies feitas de empresas enquadradas no Simples Nacional, desde que observadas as vedaes previstas.

    As alquotas do Simples Nacional so variveis em funo da receita bruta anual, conforme mostrado no Anexo II. As alquotas incidem sobre a receita bruta e tm apurao mensal (art. no18)33.

    Os benefcios de acesso a mercado das microempresas e empresas de pequeno porte so a preferncia, em caso de empate em processos licitatrios, a participao exclusiva em certames com valores de at R$80.000,00 e cota de at 25% do objeto da contratao para microempresas e empresas de pequeno porte quando o objeto do certame for divisvel (art. no 47 e 48)33. A alquota do Simples Nacional varia em funo da receita e do setor em que se enquadra, se comercial, se industrial ou se prestao de servios.

    33 BRASIL. Lei Complementar no123 de 14/12 /2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis n 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidao das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, da Lei n 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar n 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Alterada pela Lei Complementar n 127, de 14 de agosto de 2007. Alterada pela Lei Complementar n 128, de 19 de dezembro de 2008. Alterada pela Lei Complementar n 139, de 10 de novembro de 2011. Republicao em atendimento ao disposto no art. 5 da Lei Complementar n 139, de 10 de novembro de 2011. Republicada no DOU de 31/01/2009 (Edio Extra).

    34 BRASIL. Ato Declaratrio Interpretativo no15, de 26/09/2007. Dispe sobre o desconto de crditos da Contribuio para o PIS/Pasep e da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) calculados em relao s aquisies de bens e servios de pessoa jurdica optante pelo Simples Nacional. DOU de 31/09/2007.

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    2.10.2 Lei Kandir

    A Lei Complementar no 87, chamada Lei Kandir, disciplina o ICMS. O ICMS no incide sobre os produtos e matrias-primas destinados exportao ao exterior35. A no incidncia extensiva a empresas comerciais exportadoras, tradings, armazns alfandegrios e entrepostos aduaneiros.

    As mercadorias entradas no estabelecimento para integrao ou consumo em processo de produo de mercadorias industrializadas, inclusive semielaboradas, destinadas ao exterior, daro direito a crdito (art. 32)35.

    2.10.3 Poltica de zona de processamento de exportao - ZPE A lei n 11.508/2007, criou a Zona de Processamento de Exportao - ZPE36. As ZPE caracterizam-se como reas de livre comrcio com o exterior. Visam, portanto, eminentemente, exportao.

    Os benefcios tributrios para empresas que se instalem em ZPE so a suspenso dos tributos: Imposto de Importao, IPI, Cofins, Cofins - Importao, PIS/PASEP, PIS/PASEP - Importao e Adicional de Frete para Renovao da Marinha Mercante - AFRMM de importaes ou as aquisies no mercado interno de bens e servios (Art.no 6A)36.

    A condio bsica de que pelo menos 80% da receita bruta da empresa seja proveniente de exportao (art. no18)36. As vendas que ocorrerem para o mercado interno tero incidncia normal de tributos (art.no18, 3)36.

    2.10.4 Poltica tributria da Zona Franca de Manaus

    A poltica tributria vigente na Zona Franca de Manaus prev, em relao aos tributos federais:

    Reduo de at 88% do Imposto de Importao (I.I.) sobre os insumos destinados industrializao; Iseno do Imposto sobre Produtos Industrializados (I.P.I.); Reduo de 75% do Imposto de Renda de Pessoa Jurdica, inclusive adicionais de empreendimentos

    classificados como prioritrios para o desenvolvimento regional, calculados com base no Lucro da Explorao at 2013; e

    Iseno da contribuio para o PIS/PASEP e da Cofins nas operaes internas na Zona Franca de Manaus (BRASIL, 2010f ).

    35 BRASIL. Lei complementar no 87 de 13/09/1996. Dispe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, e d outras providncias. (LEI KANDIR). DOU de 19/06/1996.

    36 BRASIL. Lei no11.508, de 20/07/2007. Dispe sobre o regime tributrio, cambial e administrativo das Zonas de Processamento de Exportao, e d outras providncias. DOU de 23/07/2007.

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    No que tange os tributos estaduais, iseno de 100% do ICMS na sada de mercadorias e, com respeito aos tributos municipais, iseno do IPTU, de taxas de servios de coleta de lixo, de conservao de vias e logradouros pblicos para empresas que gerarem um mnimo de quinhentos empregos, de forma direta, no incio de sua atividade, mantendo este nmero durante o gozo do benefcio37.

    2.10.5 Poltica tributria das reas de Livre Comrcio

    As reas de Livre Comrcio - ALC objetivam o aquecimento do mercado local, ao incentivar a importao de produtos para venda dentro da prpria rea beneficiada ou para o exterior. As empresas instaladas nesta referida rea tero iseno de impostos federais: IPI, PIS, Confins, Pasep, Imposto de Importao e, no mbito estadual, do ICMS. As empresas situadas nas ALC tm assegurado, conforme a legislao estadual de cada estado, o direito de crdito de ICMS das matrias-primas, materiais secundrios e de embalagem utilizados na produo do bem 38,39. A gesto das reas de Livre Comrcio feita pela Suframa. As reas de Livre Comrcio compreendem: a) os municpios de Cruzeiro do Sul, Brasilia, com extenso para Epitaciolndia, no Acre39; os municpios de Manaus e Tabatinga, no Amazonas38; e os municpios de Macap e de Santana do Amap39, no Amap. Na prtica, as reas de Livre Comrcio tm funcionado precariamente com a importao de artigos como perfumaria e materiais eletrnicos com venda local.

    2.11 SISTEMATIZAO DAS POLTICAS TRIBUTRIAS

    Tabela 4. Resumo das polticas tributrias especficas.

    Poltica ISS PIS Cofins IPI IRPJ CSLL ICMSCooperativas em ato cooperativo

    Reduzida a zero

    Isento Isento Sem tratamento diferenciado

    Simples NacionalAgregados em alquota nica diferenciada em funo do setor e da faixa de receita bruta, exceto o ICMS para o caso de ser substituto tributrio

    Lei Kandir (exportao)

    Isentos SuspensoIsento, com direito de aproveitar crditos de insumos e servios

    Zona de Processamento de Exportao - ZPE

    Suspensos se o produto for exportado

    37 MANAUS. Lei no 427, de 8/01/1998. Concede incentivos fiscais, pelo prazo de dez anos, s empresas industriais que se instalarem na Zona Franca de Manaus.

    38 AMAZONAS. Decreto n 25.275, de 11 de agosto de 2005. DOE de 11.08.05.39 MANAUS. Lei no 427, de 8/01/1998. Concede incentivos fiscais, pelo prazo de dez anos, s empresas industriais que se

    instalarem na Zona Franca de Manaus.

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    Zona Franca de Manaus

    Isentas p/ operaes internas

    IsentoReduo de at 75%

    reas de Livre Comrcio

    Isentos Alquota interna isenta

    Acre/ Amap e Tocantins

    Regra geral: 17%

    Amazonas

    Regra geral: 17%. ICMS diferido at a industrializao para madeira obtida de manejo reconhecido pelo Governo, e tambm para combustvel utilizado no processo. Madeira beneficiada ou perfilada tem crdito estmulo de 55% para o ICMS, mas no se aplica a madeira serrada.

    Maranho

    Regra geral: 17%. Exige pagamento antecipado da diferena de alquotas interna e interestadual de ICMS na entrada de madeira serrada ou beneficiada.

    Poltica ISS PIS Cofins IPI IRPJ CSLL ICMS

    Mato Grosso

    Regra geral: 17%. Indstria responsvel pelo recolhimento do ICMS (substituto tributrio) das operaes anteriores com madeira, carvo vegetal, obras e pastas de madeira.

    Roraima

    Regra geral: 17%. Sada interna e interestadual com madeira em tora diferida. Exige pagamento antecipado da diferena de alquotas interna e interestadual de ICMS na entrada de madeira em tora. Possui preo de pauta.

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    Par

    Regra geral: 17%. Diferido na primeira operao do extrator de madeira. Crdito presumido para o MDF, madeira e madeira com metais de tal forma que o ICMS a pagar seja de 5%, vedados quaisquer aproveitamentos de crdito. O Par possui preo de pauta para a madeira. Substituio tributria no caso do produto ser destinado a empresa do Simples Nacional que se obrigar ao recolhimento na sada, calculado com base no preo de pauta

    Fonte: Elaborado pela autora com base na legislao disponvel.

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    carga tributria no Brasil em 2010 foi de 33,56% sobre o valor do PIB (Brasil, 2011d). As maiores fontes de receita tributria do governo, considerando as esferas federal, estadual e municipal, em 2010, foram o ICMS seguido do Imposto de Renda, da Contribuio Previdenciria e da Cofins (Brasil, 2011d).

    3.1 METODOLOGIAS DE LEVANTAMENTO DE CARGA TRIBUTRIA

    Poucos estudos se dedicam a analisar a carga tributria carreada por um produto em todas as etapas que compem a cadeia produtiva. No geral, os estudos se limitam a analisar a fase de industrializao da matria-prima, desconsiderando que qualquer etapa que envolva a circulao de bens e servios geradora de tributos e, portanto, compe o custo final da mercadoria oferecida ao consumidor final. Parte do problema associado refere-se dificuldade no levantamento de informaes e de existncia de uma metodologia consistente. Enriquez, M.A. e Resende, J.P. (Brasil, 2009g) adotaram os relatrios anuais e os balanos das empresas, em especial os Demonstrativos de Resultado do Exerccio DRE para investigar a carga tributria incidente sobre o ferro e o alumnio, especificamente na indstria mineral. Os autores apontaram como limitaes a esta metodologia, o fato de os tributos indiretos (incluindo os encargos trabalhistas) e os tributos diretos IRPJ e CSLL no serem detalhados. Outra limitao alegada pelos autores de que nos DRE no h segregao das diferentes atividades empresariais, como a participao societria em outros empreendimentos. Este ltimo, por exemplo, pode elevar significativamente o Imposto de Renda, sem, contudo, estar associado diretamente atividade produtiva sob anlise. Apesar das limitaes, os autores adotaram esta fonte e calcularam o peso dos tributos pagos pela empresa sob anlise em relao receita bruta. Os autores concluram que a carga tributria suportada na extrao de minrio de ferro situa-se entre 13 a 15%, que na transformao (ferro-liga e ao) est entre 16 a 30% e que a desonerao dos tributos incidentes sobre as exportaes foi o fator que mais influenciou na diminuio da carga tributria dos produtos, especialmente os no beneficiados.

    ABRANTES et al estudaram a composio tributria do caf cru em Minas Gerais, desde a produo at a comercializao. Face s dificuldades prprias do complexo sistema tributrio, adotaram a seguinte metodologia: foi feito o levantamento dos coeficientes tcnicos de produo de caf, dentro do sistema de produo mais utilizado na regio (sul de Minas Gerais), os quais foram informados por uma cooperativa de produtores que referncia na regio. Fizeram o levantamento do preo mdio dos insumos naquela safra e aplicaram os coeficientes tcnicos, chegando-se composio dos custos de produo. Para as etapas industriais adotaram como premissa empresas optantes pela

    A3 BREVE REVISO BIBLIOGRFICA

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    modalidade de lucro presumido e calcularam os tributos aplicveis, considerando-se as alquotas, cumulatividades e no cumulatividades. Concluram que na etapa de produo agrcola, os encargos sociais representavam o maior peso na composio dos tributos incidentes sobre as vendas. O estudo apontou distores relativas ao ICMS. Quando o caf cru destinado a outros estados, o ICMS interestadual recolhido antecipadamente, aplicando-se uma alquota de 12% sobre o valor de pauta. Decorre que, por vezes, este valor de pauta no corresponde aos preos praticados no mercado e, quando maior que o preo de mercado (tal como ocorrido no ano de 2007 quando foi feita a anlise), ocorre sobrepagamento.

    3.2 POLTICAS TRIBUTRIAS DE INCENTIVO A CADEIAS PRODUTIVAS

    3.2.1 A poltica do Programa Nacional de Produo e Uso de Biodiesel - PNPB

    No caso do PNPB, criou-se uma nova cadeia produtiva pela introduo do biodiesel na matriz energtica brasileira, utilizando-o adicionado ao diesel de petrleo. Delimitou-se que o biodiesel estaria obrigado ao sistema monofsico de tributao do PIS/Pasep e da Cofins. Com isto, o biodiesel tributado uma nica vez, no produtor de biodiesel, sendo que demais elos da cadeia produtiva subtraem o valor do biodiesel da base de clculo para apurao do PIS/Pasep e Cofins a pagar. Tal dispositivo resulta que qualquer benefcio tributrio associado ao PIS/Pasep e Cofins do biodiesel reflete-se em toda a cadeia produtiva.

    Outra inovao trazida pelo biodiesel foi a possibilidade de reduo das alquotas do PIS/Pasep e da Cofins condicionada ao tipo de matria-prima utilizada, ao tipo de produtor desta matria-prima (se agricultor familiar), regio de obteno desta matria-prima ou combinao destes fatores. Este condicionamento culminou na criao do Selo Combustvel Social, sob a gesto do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDA, que norteia as obrigaes dos produtores de biodiesel em relao agricultura familiar objetivando dar-lhes acesso a esse mercado em condies justas e atraentes.

    Tal dispositivo, somado a uma poltica de acesso ao mercado (via leiles) segregado entre empresas com e sem o Selo Combustvel Social, propiciou um fortalecimento rpido da agricultura familiar envolvida no setor.

    3.2.2 A poltica da merenda escolar

    A lei 11.947, de 16 de junho de 2009 estabelece que pelo menos 30% dos recursos do Programa Nacional de Alimentao Escolar - PNAE devam ser gastos com compras da produo da agricultura familiar.

    O incentivo tributrio que foi estabelecido para este mercado o convnio Confaz no 55, de 8/07/2011 que autoriza os estados e o Distrito Federal a concederam iseno de ICMS aos produtos provenientes

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    dos produtores rurais, suas cooperativas e associaes. Arbitra aos estados a possibilidade de manuteno dos crditos de ICMS. As desvantagens deste incentivo que restrito comercializao interna no estado e depende da adeso de cada unidade federada.

    3.2.3 A poltica da Conab

    Para as polticas de comercializao da Conab, h iseno de ICMS nos mercados estadual e interestadual, somente para produtos de doao destinados ao Programa Fome Zero (clusula primeira, pargrafo 4)40.

    A Conab tem concesso de Regime Especial em todo o Brasil para as operaes que envolvam ICMS, vinculado ao PGPM41 e ao PAA42. Por este regime, a Conab se qualifica na condio de substituta tributria; ou seja, cabe a ela o recolhimento do ICMS e a sua escriturao contbil. Portanto, a obrigao de arrecadao da Conab, mas o ICMS incide normalmente sobre o produto.

    No caso do Acre, recebem tratamento tributrio especfico, dentre outras, as operaes com a Conab e de comercializao da castanha do Brasil (art. no 723).26 Neste ltimo caso, o estabelecimento industrial tem direito a crdito presumido, sendo vedados quaisquer outros aproveitamentos de crdito, de forma que o ICMS a pagar resulte nas seguintes alquotas: a) 3,4% nas operaes internas; e b) 2,4% nas operaes interestaduais.

    3.2.4 A poltica do CAD Madeira/ Madeira Legal de So Paulo

    O Estado de So Paulo o maior consumidor individual de madeira amaznica do mundo.

    O estado criou o Cadastro dos Comerciantes de Produtos e Subprodutos da Flora Nativa Brasileira - CAD Madeira . O referido cadastro objetiva ter um procedimento mais claro na comercializao legal da madeira de origem Amaznica e seus produtos. O CAD Madeira estabelece procedimentos nas aquisies feitas pelo Governo do Estado. De acordo com o Decreto, todas as compras pblicas da Administrao Estadual Direta e Indireta devero consultar o registro no CADMADEIRA:

    nas modalidades cujo objeto seja a aquisio direta de produtos e subprodutos florestais, dever contemplar no instrumento convocatrio a exigncia de apresentao do comprovante de cadastramento do licitante no CADMADEIRA, como condio para a celebrao do contrato;

    40 BRASIL. Convnio ICMS no18/03. Dispe sobre iseno de ICMS nas operaes relacionadas ao Programa Fome Zero. DOU de 09/04/2003.

    41 BRASIL. Convnio ICMS no49/95. Dispe sobre a concesso de regime especial Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB. DOU de 30/06/1995.

    42 BRASIL. Convnio Confaz no77 de 01 de julho de 2005. Dispe sobre a concesso de regime especial Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB nas operaes relacionadas com o Programa de Aquisio de Alimentos da Agricultura Familiar - PAA. DOU de 05/07/2005.

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    nos casos de contrataes de obras e servios de engenharia que envolva o emprego de produtos e subprodutos florestais tambm devero contemplar no seu processo licitatrio a exigncia de que referidos bens sejam adquiridos de pessoas jurdicas cadastradas no CADMADEIRA43

    nos contratos que tenham por objeto a execuo de obras ou a prestao de servios de engenharia devero conter clusulas especficas que indiquem, no caso de utilizao de produtos e subprodutos florestais, que a sua aquisio ocorrer de pessoa jurdica cadastrada no CADMADEIRA43.

    Nota-se que o CAD Madeira tem o objetivo de favorecer o acesso do produto madeireiro legal ao mercado governamental. Entretanto, o referido programa no carrega consigo um componente de desonerao tributria.

    3.2.5 A poltica de incentivo tributrio do Acre - o Copiai

    O Acre possui uma poltica de incentivo tributrio. Trata-se de uma modalidade de financiamento direto ao contribuinte, que limitado no total do investimento fixo realizado. Os beneficirios do Copiai podem deduzir at 95% dos saldos devedores do ICMS, declarados no Demonstrativo da Arrecadao Mensal - DAM, que podem ser utilizados no prazo de at 120 meses. A reduo prevista condicionada ao atendimento de critrios de desenvolvimento como: a) o fortalecimento das atividades produtivas do estado; b) a agregao de valor aos produtos; c) a gerao de empregos e renda; d) ao aumento da competitividade do estado, por meio da expanso dos mercados; e e) a promoo da interiorizao do desenvolvimento em consonncia com o Zoneamento Ecolgico Econmico do Acre44. Para efeito de clculo, feita a conta grfica (modalidade crdito-dbito de ICMS). Tal poltica coordenada pela Comisso da Poltica de Incentivos s Atividades Industriais no Estado do Acre - Copiai, subordinada Secretaria Executiva de Indstria, Comrcio e Turismo - SEICT, em parceria com a Secretaria de Fazenda do Estado.

    O Copiai uma poltica de incentivo tributrio, mas no ocasiona, em si, a reduo da alquota do ICMS sobre o produto final, pois a nota fiscal segue cheia para a comercializao. A reduo tributria seria somente mediante reduo da base de clculo, reduo da alquota ou sua iseno. O Copiai aumenta a competitividade da indstria na medida em que reduz o valor do tributo a ser efetivamente pago ao estado, mas o condiciona ao cumprimento de determinadas metas. Logo, uma rolagem de dvida que pode ou no vir a ser exigida.

    43 SAO PAULO. Decreto no 53.047, DE 2 DE JUNHO DE 2008. Cria o Cadastro Estadual das Pessoas Jurdicas que comercializam, no Estado de So Paulo, produtos e subprodutos de origem nativa da flora brasileira - CADMADEIRA e estabelece procedimentos na aquisio de produtos e subprodutos de madeira de origem nativa pelo Governo do Estado de So Paulo. DOE de 02/06/2008.

    44 ACRE. Lei n 1.358 de 29/12/2000 e Decreto n 4.196 de 1/10/2001.

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    4.1 IDENTIFICAO DA PERCEPO DO SETOR SOBRE A CARGA TRIBUTRIA SUPORTADA

    percepo do empresariado sobre o peso da carga tributria na cadeia produtiva madeireira foi obtida em conversas com representantes do setor produtivo e membros de instituies

    que trabalham com o tema da floresta. As empresas do setor que sabidamente trabalham dentro da legalidade foram selecionadas e convidadas a responder um questionrio sobre o assunto. A quantidade de empresas entrevistadas e os respectivos perfis so apresentados no item 5.1.1. A metodologia empregada no tinha a pretenso de fazer uma amostragem estatstica sobre o universo de empresas que trabalham no setor madeireiro, mas to somente de captar a percepo de um conjunto de empresas que adotam prticas legais de explorao florestal. O objetivo deste questionrio foi endossar (ou no, conforme se discute nos resultados) as concluses do levantamento de campo da carga tributria.

    O questionrio apresentou um conjunto de perguntas, objetivas e subjetivas que intencionavam entender o porte da empresa, seu regime tributrio, a sua posio na cadeia produtiva, as matrias-primas que utiliza, o nvel de agregao de valor que aufere matria-prima, os mercados que comercializa e, por fim, a sua percepo sobre a carga tributria e como poderia, na sua viso, ser desenhada uma poltica de incentivo ao setor. O questionrio buscou identificar se as empresas pagam a Compensao Florestal, por meio de uma pergunta objetiva e tambm quis identificar se operam no regime de Agroindstria ou no45.

    O conjunto de questes iniciais supracitados objetivaram dar subsdios compreenso das respostas em si pois, conforme a sua posio na cadeia produtiva, seu porte, seu tipo de atividade e seu enquadramento empresarial (cooperativa, sociedade Ltda, sociedade annima etc), est sujeita a um conjunto diferente de obrigaes tributrias e, portanto, ter percepes diferentes sobre o assunto e sobre qual tributo mais lhe onera.

    O questionrio procurou abranger empresas privadas cooperativas e no cooperativas, concessionrias e representaes do setor industrial e de comercializao. Em todos os casos tratavam-se de empresas com certificao de origem da madeira, seja privada, seja por meio de concesses florestais.

    45 A empresas enquadradas como Agroindstria pagam um percentual sobre o faturamento para o INSS em lugar de 20% sobre a folha, restrito a receita de produto destinado ao mercado interno.

    A

    4 METODOLOGIA

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    4.2 LEVANTAMENTO DA CARGA TRIBUTRIA NA CADEIA PRODUTIVA DA MADEIRA

    Para o levantamento da carga tributria suportada pelo setor, foi feito um levantamento do custo de explorao da madeira at a sua colocao do ptio da indstria e foi feito um levantamento em uma indstria beneficiadora de madeira em tora do estado do Acre. Simulou-se a venda ao mercado interno para o estado de So Paulo, via representante comercial (pessoa jurdica, optante do Simples Nacional), pois esta a forma usual de comercializao da indstria utilizada como base para o estudo.

    O levantamento do custo de explorao foi baseado em um estudo do Imazon (Barreto, 2012). Considerou-se uma empresa enquadrada no lucro real (sistema no cumulativo de apurao do PIS/Pasep e Cofins) que faz a extrao e venda de madeira em tora, colocando-a no ptio da indstria compradora. Como no foi possvel identificar o consumo de combustvel no transporte do ptio na floresta at a indstria, adotou-se que este transporte terceirizado. Considerou-se que a extrao e o primeiro beneficiamento so feitos no mesmo estado (PA, municpio de Paragominas).

    Os seguintes coeficientes foram utilizados na anlise dos dados do Imazon:

    Valor do dlar: R$1,70 Produtividade da madeira: 38,6 m3/ha Consumo de diesel por m3 de madeira: 0,05/m3, baseado na memria de clculo:

    Consumo de diesel na abertura de estrada secundria: 9,8 l/hora (Imazon) Tempo gasto: 0,32 min/m3 Consumo de diesel/m3=9,8/60*0,32 Consumo de diesel(l/m3)=0,05

    Preo estimado do diesel: R$2,06/l (http://www.precodoscombustiveis.com.br) Valor do consumo do diesel (R$/m3)=0,05*2,06=R$0,103/m3

    Com base nos dados do Imazon e nos coeficientes supracitados, foi feita a sistematizao dos itens componentes de cada etapa da explorao de madeira, expressos em R$/m3 de tora, conforme apresentado no Tabela a seguir.

    http://www.precodoscombustiveis.com.br

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    Tabela 5. Custo de explorao de madeira tropical.

    Item de custo Valor Valor (R$/m3 tora)Planejamento do manejoConsultoria de planejamento do manejo US$0,9/ha R$0,04 Demarcar talho (a) US$1,67/ha R$0,07 Salrios (76% de a) 1,27 R$0,06

    Alimentao (15% de a) 0,25 R$0,01 Administrao (9% de a) 0,15 R$0,01 Abrir trilhas (operao manual e depreciao) (b+x) US$8,8/ha R$0,39

    Operao manual (b) US$7,9/ha R$0,35 Salrios (78% de b) 6,162 R$0,27 Alimentao (13% de b) 1,027 R$0,05 Administrao (9% de b) 0,711 R$0,03 Depreciao (x) US$0,9/ha R$0,04 Mapeamento das rvores (operao manual e materiais) (c+d) 9,45 R$0,42

    Materiais (d) 1,4 R$0,06 Operao manual de mapeamento das rvores ) (c) US$8,05/ha R$0,35

    Salrios (81% de c) 6,5205 R$0,29 Alimentao (10% de c) 0,805 R$0,04 Administrao (9% de c) 0,7245 R$0,03 Corte de cips (operao manual) (e) US$17,5/ha R$0,77 Salrios (71% de e) 12,425 R$0,55 Alimentao (20% de e) 3,5 R$0,15 Administrao (9% de e) 1,575 R$0,07 Combustvel (diesel) 0,599Lubrificantes 0,018Demais custos (depreciao, juros, manuteno etc) 1,422

    Embarque de toras R$4,40 Transporte at a serraria (100km) (ver consumo de diesel) R$18,70

    Preo da madeira em p R$8,50

    Outros custos (como administrao e manuteno de estradas) R$7,11

    Total R$44,685 Receita Bruta R$69,36

    Fonte: elaborado pela autora com base nos dados do Imazon (BARRETO, 2012).

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    A seguir os custos foram agregados em grupos com mesma incidncia tributria e foram calculados os valores dos tributos indiretos cumulativos (contr. Trabalhistas sobre a folha, ICMS, ISS, CIDE/PIS/Cofins sobre combustveis) e dos tributos indiretos no-cumulativos (IPI, PIS/Cofins, ICMS). Sobre a receita aplicaram-se os tributos aplicveis, observando-se, para a etapa posterior de anlise, se seriam cumulativos ou no cumulativos. Sobre o lucro operacional (receitas subtradas de despesas) aplicaram-se as alquotas dos tributos diretos (IRPJ e CSLL).

    Para a anlise da tributao incidente na indstria, utilizaram-se os dados do balano anual patrimonial do ano civil de 2011 da empresa usada como referncia, a relao de faturamento e a quantidade de produto produzido naquele ano, segundo o mercado de comercializao (interno e exterior) e segundo o tipo de produto (compensado e madeira serrada).

    A anlise consistiu em sistematizar os itens de cust