O Pensamento Geografico Brasileiro as Matrizes Brasileiras

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resenha do livro as matrizes brasileiras

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o pensamento geogrfico brasileiro,

as matrizes brasileiras.

A geografia brasileira faz parte do pensamento geogrfico mundial, incorpora, recria e reinventa o pensamento geogrfico, dando geografia o perfil de um saber ao mesmo tempo empirico e terico.

Trs distintas perspectivas dominam a formao do pensamento geogrfico brasileiro: A vidiana, a de brunhes e a de hettner, alem de uma quarta, a de Sauer e Hartshorne.

O presente trabalho tem como principal objetivo concluir o ciclo da disciplina de Introduo a Geografia, atravs do livro de Ruy Moreira, a forma como se deu o incio da geografia no Brasil fazendo relaes com o panorama mundial em que estava inserido a disciplina citando os principais nomes mundiais influentes na geografia, onde so relacionados como principais contribuintes para nossa geografia Vidal de La Blache, Reclus e Ratzel por serem referncias em constante anlises dos intrpretes brasileiros. O livro tambm nos apresenta os maiores nomes da geografia brasileira e retrata em um breve resumo sobre suas principais obras, o que nos permite de forma sinttica conhecer suas principais ideias para nos auxiliar em estudos posteriores que certamente iremos nos submeter.

Participante do pensamento geogrfico mundial a Geografia brasileira nutrida atravs da realidade em que est inserida e pelas contribuies dos gegrafos com suas caractersticas prprias de personalidade. Pensamento formado por trs perspectivas diferentes

A partir da segunda onda da ecloso da Geografia mundial que esses reflexos acendem no Brasil uma viso geral e mais integrada da mesma com a combinao aos temas mais nacionais e mais histricos, fazendo surgir uma teoria geogrfica sobre Brasil e partindo dessas ideias desde a poca de 1940 podem ser analisadas obras de autores e suas contribuies.

Josu de Castro:

A Geografia da Fome.

Escrito em 1946 o livro A Geografia da Fome onde o autor se preocupa com uma viso ainda no trabalhada da Geografia buscando sua integrao com uma teoria que fornea informaes necessrias numa viso totalitria de Brasil. Josu de Castro, mdico e estudioso une a seu conhecimento acadmico um problema at ento tratado como tabu, a fome no Brasil vai ser o foco de suas principais obras e entende isso como um problema da Geografia da alimentao.

Falando em sntese sobre a temtica tratada por Josu de Castro, ele faz um panorama das cinco reas de fome no Brasil classificando-as como endmica, epidmica e atenuada. Na rea Amaznica o quadro da fome atenuado, pois tm relaes diretas com o problema dos solos e a forma inadequada do arranjo do espao agrcola e pastoril, o solo carente em minerais quereflete na agricultura e consequentemente nas funes biolgicas humanas, a lixiviao e laterizao contribuem para a pobreza qumica do solo somado aos erros da diettica esses problemas no encontram contrapeso no arranjo agropastoril e nem nos recursos florestais alimentares ricos em frutas oleaginosas aumentando o dficit de protenas e vitaminas. Problemas esses devido a falta de uma Geografia da alimentao que auxiliem na superao das limitaes naturais do meio, principalmente analisando a forma da distribuio dessa populao em sua maioria ribeirinhos que sem as orientaes necessrias esto bloqueados para a criao de um circuito de trocas levando em conta que as potencialidades de nutricionais de uma rea corrigissem as carncias minerais, proteicas e vitamnicas naturais de outras.

A respeito do Nordeste o contraste entre a potencialidade e exiguidade alimentar formam um quadro de tambm nosologia alimentar, apesar de se ter condies propcias para ser exemplar. O solo rico em minerais, o clima tambm propicia fatores contribuintes para uma diversificao de floresta frutfera assim como a criao de gado, contudo a cana de acar dominou o espao devastando e inibindo as potencialidades do meio para proporcionar uma Geografia da alimentao adequada, uma monocultura que empobrece o solo. Baseada na influencia portuguesa a agricultura nordestinaprejudicada pela forma de distribuio alimentar instalada na poca da colonizao, teve do seu modo de consumo a abstrao de frutas e legumes, que era parte exclusiva dos domnios residenciais senhoriais, acarretando uma dieta concentrada na farinha de mandioca combinada com o melao da cana, ou feijo e charque, caf e acar com os mesmos problemas de deficincia proteica da regio amaznica. O predomnio dos aucares acarreta o diabetes e doenas como escorbuto causado pela ausncia de vitamina C. J no sero nordestino ocorre um quadro mais balanceado da diettica porm afetado pelas causas da seca tornando o quadro alimentar com perodos de fome global, a seca desestrutura o quadro geogrfico estabelecido, desarrumando a diettica regional dos perodos de cheia e desencadeando vrios tipos de doenas.

Concluindo a anlise trata do Centro-Oeste e o Sul como quadros de maior equilbrio alimentar proporcionado pelos regimes alimentares da geografia, no so reas de fome, mas de quadros localizados de carncia mineral, proteica e vitamnica, social e territorialmente demarcados. O autor prope um entrelaamento de redes aproveitando a questo do desenvolvimento tecnolgico aplicando-o no intercmbio entre as culturas de cada regio proporcionando assim uma poltica diettica equilibrada baseada numa geografia alimentar de um pas que dispem de ricos e variadosrecursos, entretanto no o sabe distribuir de forma a solucionar o problema da fome e das doenas ocasionada pela falta de balanceamento alimentar.

Aziz Ab Sber: Os domnios de natureza do Brasil.

Atravs do livro Domnios de natureza no Brasil, Aziz faz um panorama sobre um vivo painel descritivo e analtico dos domnios da paisagem que mostram num raio x o quadro amplo e global do Brasil como um todo, aplicando nessa obra a teoria dos redutos e refgios . Ele trata dos espaos vividos pelas comunidades e suas relaes com a natureza de forma que as paisagens se tornam patrimnios gerados pela vivncia passada e se faz presente pela relao histrica homem-natureza, indissociadamente. As relaes entre os marcos territoriais da Histria das comunidades e a Histria do domnio da natureza combinam o resultado que so as paisagens geogrficas, marcados pela evoluo natural das paisagens e pela evoluo histrico- poltica das relaes humanas. Fala das eras evolutivas da questo geomorfolgica no Brasil sobre a sua trajetria e como se deu por fim o trabalho que responde ao quadro de repartio geral da topografia sobre cuja base vai se formar a compartimentao dos domnios de paisagens naturais atuais. Explicando a ltima glaciao quaternria justifica atravs dela os efeitos direto desse quadro no Brasil, que tem umaformao de vasta rea de secura que se estende do leste, dominando o litoral e o interior do Planalto Brasileiro rumo ao centro- sul, o centro e o norte, como consequncia a um recuo das florestas e cerrados em todos os lugares, deixando espaos sobre os quais avanam a caatinga e os solos de pedra atravs do clima semi- rido que preponderante. E de forma sequencial fala da disposio de cada domnio geomorfolgico e sobre suas contribuies para a formao da variedade de espcies tanto da fauna como da flora, at como esse processo desencadeia as formaes atuais.

Ele divide o Brasil em 6 domnios paisagsticos e macroecolgicos, entre eles destacamos: florestas equatoriais( domnio amaznico), chapades tropicais com cerrados e florestas- geleiras (domnio do cerrado), depresses intermontanhas e interplanticas semiridas (domnio da caatinga), reas mamelonares tropical-atlnticas florestadas (domnio dos mares de morros), planaltos subtropicais com araucrias (domnio de araucria) e coxilhas subtropicais com pradarias mistas (domnio de pradarias). Passando por essa classificao ele salienta o cuidado para distino entre os seus significados relacionando as escalas de tempo de espao, em seus ciclos da Histria e em seus distintos domnios herdados, no momento de uso dos espaos.

Carlos Augusto de F. Monteiro: pulso da natureza e interao espacial emTeoria e clima urbano.

Esse autor trata da temtica sobre clima na geografia brasileira apresentando uma teoria de unidade orgnica da cidade e do clima, dois sistemas que se unem num s, chamando ateno para a viso do mundo como um todo, integrado embasando sua teoria e aprofundando em textos posteriores. Fazendo uma sntese do seu trabalho ressalta o formato geogrfico do clima no Brasil comparando as diferentes vises sobre o conceito. Em sua teoria destaca clima como sendo um fato referente as interaes que se passam na camada mais interna da atmosfera terrestre, com carter local tem preferncias na relao do homem com o meio. Com isso d uma identidade prpria de definio e regras de tratamento distintas entre climatologia geogrfica e climatologia metereolgica.

O ritmo a categoria da essncia e o foco de anlise das interaes e integraes da climatologia geogrfica, onde a Geografia se apoia no grfico de anlise rtmica e atravs dela se organiza para as necessidades humanas cotidianas de explorao das possibilidades e limites de extrair a vida do meio atravs da forma adequada de organizao do espao. Ele faz a distino de enfoque e utilidades prticas entre a Climatologia geogrfica e a Climatologia meteorolgica, estabelecendo em seu campo de ao uma relao de interdisciplinaridade.Ao falar do clima da cidade usa seus vrios sentidos comotermo de anlise e a compara com o campo contrastando essa relao. A construo da cidade influencia o clima local tomando como base vrios aspectos e fala sobre os fenmenos movimentos da pulsao trmica, realinhamentos cartogrfico diurno das ilhas de calor e frescor. E o homem quem contribui em suas aes conscientes para a fonte de auto regulao enquanto movidos pelos princpios metageogrficos que informam o sistema.

Bertha BeckerA geopoltica da Amaznia.

Podemos destacar a seguinte ideia central na qual a autora discutiu o novo papel da Amaznia no cenrio internacional, pois a regio no pode mais ser pensada como uma regio de fronteira, dentro da perspectiva do desenvolvimento regional, como fronteira de capital natural, no somente em nvel nacional, mas tambm global. Esta nova concepo estaria sendo desenvolvida pela vertente tecnoecolgico, que atribui um novo significado regio.

Inicialmente o texto expe de forma rpida como se deu a colonizao na Amaznia e que essa se deu de forma mais sobre a geopoltica do que econmica, a regio seria inicialmente a parte perifrica da lgica que origina a economia de fronteira. No passado a geopoltica tinha como sujeito principal o Estado, na conquista de um territrio, o que atualmente se modificou, pois conquistar um territrio tornou-se invivel, nesse caso a geopoltica se mostra como meio de interferncia sobre o uso do territrio e isso est diretamente ligado as mudanas cientfico-tecnolgica, com as comunicaes, desde a abertura dosmercados do mundo todo, com as possibilidades de circulao de mercadorias entre as redes criadas por estes. No passado como j foi dito, a explorao da regio se mostrou totalmente dependente das demandas do mercado exterior, o que se v em pauta atualmente uma discusso acerca conservao dos recursos naturais da regio e que h um conflito em relao a essas demandas externas.

Para explicar melhor sobre isso, o texto est dividido em trs captulos: A Amaznia e a mercantilizao da natureza, A Amaznia no espao nacional e como impedir a destruio das florestas?.

No primeiro capitulo a autora mostra a dinmica regional atual dando o exemplo da ZFM como posto geopoltico do Estado fazendo com que a regio passada do extrativismo para a industrializao, o que pode ser refutvel, pois nem toda a Amaznia est industrializada. Mostra tambm que a regio se tornou urbanizada, fato que aconteceu em todo o pas e no mundo e chama ateno para a questo ambiental gerada a partir da consolidao de grupos na sociedade organizada e com voz ativa para reclamar sobre o apossamento do territrio o que gerou a criao de reservas e unidades de conservao, dentro dessa questo que a autora lana uma primeira hiptese sobre aconstituio da regio como fronteira de capital natural em nvel global e integrao regional e internacional. No primeiro caso observa-se no texto que no passado a regio era vista como uma zona de preservao, e que h um processo de mercantilizao da natureza e na Amaznia no diferente, mas necessrio segundo a autora um maior controle das informaes para que no haja um excesso de autonomia, visto que no h regulamentao no Brasil. No caso da segunda ideia sobre a integrao da regio sul-americana importante essa integrao para fortalecer a voz sul-americana no mbito mundial alm de fortalecer o Mercosul e fazer contraponto nas relaes com a Alca e Unio Europeia e principalmente para os projetos comuns como o aproveitamento da biodiversidade, como gua, o que no tem acontecido.

O segundo captulo e segunda hiptese do texto trata-se do lugar da Amaznia no Brasil: o esgotamento da fronteira mvel pelo ambientalismo que mostra um panorama da dcada de 1970 onde a migrao se deu numa parte por causa das madeireiras, em outra por causa do agronegcio em regies distintas como Belm e Cuiab, mas agora tambm pelo mesmo fator mas em outras regies como a expanso do agronegcio para o sul doAmazonas. O texto aponta neste capitulo ainda, que a tecnologia atravs do uso de satlites viabiliza o desmatamento da floresta e posse das reas.

Os avanos sociais econmicos e polticos so defendidos pela autora como pelo fato de apresentar uma grande importncia mundial, por exemplo, no caso do arco do fogo, onde sugere que o termo atrapalha as politicas publicas. Argumenta-se ainda que a regio no seja mais fronteira da expanso definida por foras exgenas internacionais ou nacionais e que est inserida no sistema espacial nacional e que possui estrutura produtiva prpria e a atuao de diferentes sujeitos, ou seja, possui uma dinmica prpria.

Finalmente, a autora argumenta acerca da teoria sobre uma regio em si que se torne necessrio substituir a politica de ocupao por uma politica de consolidao do desenvolvimento, primeiramente porque a regio j est ocupada e mostra para isso a insero de politicas pblicas pelo governo federal para a necessidade tanto de um plano de desenvolvimento social e de renda quanto para a necessidade de produtividade e competitividade.

No final o que se percebe que existe sim uma dinmica na Amaznia e essa ainda dependente das dinmicas exgenas internacionais.

Milton Santos

A Natureza do EspaoMilton Santos introduz o livro A Natureza do Espao: espao e tempo, razo e emoo, ressaltando sua insatisfao com o prprio objeto de estudo da geografia. Ele estrutura sua discusso, de modo geral, atravs desse objeto, visando a produo de ideias que o descrevam e interpretem, propondo uma teoria que foque no espao geogrfico. Ele constri sua argumentao levantando diversas questes sobre a pertinncia do espao na geografia e a sua construo histrica. Desta forma, questiona se possvel encontrar o espao geogrfico sem estar permeado pela histria da disciplina.Santos analisa, nos primeiros captulos, o espao geogrfico com algo hbrido, construdo em uma totalidade. Desta forma, comea, ao decorrer dos captulos, discutir uma teoria social para a geografia e o espao. Desse modo, a discusso sobre o espao e isto significa o domnio de um mtodo e, ele ressalta a pertinncia metodolgica em geografia. Esta teoria social discutida uma teoria da ao e o espao vem ser resultado da ao e objeto articulados numsistema, logo o espao, para Santos, vai ser constitudo pelos sistemas de objetos e sistemas aes. Sendo assim a ao se mostra e se confirma atravs do objeto. Este objeto tem autonomia de existncia, tem essncia, mas no tem significado por si s. O que constitui determinado pelas diferentes relaes que mantm com o todo. A ao vai estabelecer a ligao e sentido, um significado. Essa relao, para Milton, vai ser dada atravs da tcnica, que liga a ao e o objeto.No tocante a esse debate, Santos faz uma flexo sobre tcnica abordando a sua sistematizao histrica. Ele qualifica esta relao do sentido entre os objetos e aes tendo como resultado a evoluo tcnica. Ele estrutura as diferenas entre o tempo dominado pela natureza, comparando com o tempo j dominado pela tcnica. A cada tcnica uma nova sociedade e uma nova noo de tempo. A tcnica ento, reconfigura o espao.Desta forma, ele destaca que a principal forma de relao entre homem e meio a tcnica. Aborda como a tcnica deve ser apropriada pela anlise geogrfica, atravs da sua relao com o espao. Adotacritrios para se valer da tcnica como elemento que norteia a relao com o meio.Para Santos, a tcnica e o territrio se constituem em uma relao recproca, onde no h territrio sem ao tcnica e no h tcnica fora desse territrio, sendo este o meio-tcnico. A discusso de territrio, para Santos, feita de forma ontolgica.Desta forma, ele comea estruturar a discusso sobre a constituio do territrio em relao com a tcnica e destaca que o lugar , assim, um ponto do recorte territorial, uma sntese do territrio. Esta integrao de territrio e tcnica resulta no meio tcnico. Esta a articulao entre o espao e a tcnica, o meio tcnico, vai se expressar numa dimenso econmica, se ampliando na esfera da circulao e nos avanos cientficos, se constituindo como um meio tcnico-cientfico. Santos vai levantar uma anlise histrica sobre o meio tcnico-cientfico at chegar aos dias atuais, ressaltando que o tempo do espao construdo de forma universal, trazendo na anlise a necessidade informacional e de circulao de avanos, dando origem ao meio tcnico-cientfico e informacional.Armando Correa da Silva

Geografia e Lugar Social

Segundo Armando Correa A Geografia lida com o movimento articula natural e social em suas relaes metablicas, a partir de como esse metabolismo se realiza como lugar social e de como esse lugar social por sua vez sobredetermina o continum do prprio movimento. A fora de trabalho na fora natural e a relao social preexistente dentro da relao natural, uma contida como possibilidade na outra. O contido a potencia que se concretiza num salto de qualidade da histria natural. Processo no qual o fazer e auto fazer-se humano ponto de equilbrio. E porque tudo se centra no e como processo do trabaalho, no qual o homem transforma a si mesmo no mesmo momento que transforma a natureza.

Uma relao de identidade Poe o homem no mbito da natureza, o autonomiza em sociedade na auto transformao.

A geografia tem visto a natureza como um todo geral e uma particularidade localizada. A natureza quando estudada na geografia flutua, conforme-se prende ou se desloca da grelha formal do espao geogrfico.

O homem parte integrante, um sujeito e objeto assentado no movimento bilateral do trabalho. Trabalho um dado da natureza e por essa via tambm do homem.

E nessa interface que surge o lugar social, o espao da interface do homem. A fora de trabalho intrnseca no homem enquanto fora que o home compartilha com a natureza, virao consciente por intermdio da relao de sensibilidade. nesse momento que a natureza enquanto geral abstrato e concreto localizado ganha a sua expresso de realidade espacial mais efetiva, o lugar social nascendo dessa dialtica.