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O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | [email protected] |http://www.paroquiariotinto.pt/ NOLITE TIMERE Ano 36| N.º 301 12-05-2013 À espera dum messias Quando andava na então chamada quarta classe, já a professora contava aos meninos a história da batalha de Alcácer-Quibir. A propósito recordava o mito do regresso do pobre rei D. Sebastião que desaparecera, não para sempre, mas que regressaria um dia, numa manhã de nevoeiro. Perante a narrativa, sentia-me tão emocionado que quase chorava com pena do rei. Na minha inocência de criança, esperei por essa manhã até abrir os olhos. Dizem alguns escritores que tal mito marcou muito a alma nacional. Os mesmos também cos- tumam referir que somos um povo tão nostálgico, que até inventamos a palavra saudade. A que propósito vem tudo isto? Parece-me que em neste momento, em Portugal há três classes de pessoas. As que sabem que é preciso unir esforços, porque só com a participação de todos é possí- vel pagar a dívida do país, os que gritam “não pagamos” e os que esperam uma espécie de messias terreno, isto é um político tão genial, que seria uma quase um semideus provindo também duma nuvem de nevoeiro. Ora tal ho- mem ou mulher simplesmente só pode existir na imagi- nação. Os imperadores romanos, e não só, atribuíram-se a si próprios o título de divinos. Até á última grande guerra, num determinado país, o Imperador era considerado divi- no. Na prática, os ditadores da direita e da esquerda também querem ser tratados como tais. Basta notar que se consideram “eternos”. Já se imaginaram por exemplo a serem obrigados a venerar em todas esquinas uma es- tátua dum querido líder e a chorar, sem lagrimas , a sua morte? Outras vezes estas pessoas colocam toda a sua fé e toda sua esperança num partido ou melhor no seu partido, porque o do vizinho é o diabo. Alguns leitores ainda se lembram da expressão “ditadura do proletariado”. Talvez na origem nascesse com boa in- tenção. Estávamos no contexto social em que as famílias dos operários das fábricas movidas a vapor, com família numerosa (prole), trabalhavam de sol a sol com salários de miséria. . Cruz suástica simbolicamente partida. Mas o nazismo ou equivalente é ainda um perigo em diversos países. Depois, esse partido foi divinizado e instrumentalizado por líderes políticos extremamente cruéis que chacinaram, sem o menor escrúpulo, milhões de pessoas. Ainda não se fez a história de toda esta tragédia. Ora a divinização do estado traz consigo terríveis conse- quências. Um Estado-deus é um deus sem coração mas todo poderoso. Para esse deus só conta o dinheiro e o homem enquanto máquina de fazer dinheiro. E, em parte, é isso que temos. Os deputados, sobretudo os eurodepu- tados são quase sacerdotes dessa divindade chamada CEE. Prestam-lhe vassalagem. Essa “divindade” não usa a palavra “moral” porque sabe- lhe a religião. Na realidade entra no campo da moral e faz leis morais que impõe a todos os países onde impera. As- sim decreta quando começa a vida, decreta quando se deve ou não matar, decreta que o casamento é isto ou aquilo, decreta se alguém pode trazer um símbolo religio- so ou não. E temos que obedecer. Muitas destas coisas já o homem mais odiado da História moderna, ou seja Hi- tler, fez. Ironias da mesma História… Nota: Terminada este escrito, na mesma manhã, várias figuras europeias afirmavam que CEE estava em derroca- da...

O POVO DE RIO TINTO - paroquiariotinto.pt · homem enquanto máquina de fazer ... Deixe à mão do idoso uma lista com os telefones úteis para casos de ... a um consenso político

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O POVO DE RIO TINTO Publicação Mensal| Paroquia de Rio Tinto

Rua da Lourinha, 33 4435-308 Rio Tinto | [email protected] |http://www.paroquiariotinto.pt/

NOLITE TIMERE Ano 36| N.º 301

12-05-2013

À espera dum messias

Quando andava na então chamada quarta classe, já a professora contava aos meninos a história da batalha de Alcácer-Quibir. A propósito recordava o mito do regresso do pobre rei D. Sebastião que desaparecera, não para sempre, mas que regressaria um dia, numa manhã de nevoeiro. Perante a narrativa, sentia-me tão emocionado que quase chorava com pena do rei.

Na minha inocência de criança, esperei por essa manhã até abrir os olhos. Dizem alguns escritores que tal mito marcou muito a alma nacional. Os mesmos também cos-tumam referir que somos um povo tão nostálgico, que até inventamos a palavra saudade.

A que propósito vem tudo isto?

Parece-me que em neste momento, em Portugal há três classes de pessoas. As que sabem que é preciso unir esforços, porque só com a participação de todos é possí-vel pagar a dívida do país, os que gritam “não pagamos” e os que esperam uma espécie de messias terreno, isto é um político tão genial, que seria uma quase um semideus provindo também duma nuvem de nevoeiro. Ora tal ho-mem ou mulher simplesmente só pode existir na imagi-nação.

Os imperadores romanos, e não só, atribuíram-se a si próprios o título de divinos. Até á última grande guerra, num determinado país, o Imperador era considerado divi-no. Na prática, os ditadores da direita e da esquerda também querem ser tratados como tais. Basta notar que se consideram “eternos”. Já se imaginaram por exemplo a serem obrigados a venerar em todas esquinas uma es-tátua dum querido líder e a chorar, sem lagrimas , a sua morte? Outras vezes estas pessoas colocam toda a sua fé e toda sua esperança num partido ou melhor no seu partido, porque o do vizinho é o diabo. Alguns leitores ainda se lembram da expressão “ditadura do proletariado”. Talvez na origem nascesse com boa in-tenção. Estávamos no contexto social em que as famílias dos operários das fábricas movidas a vapor, com família numerosa (prole), trabalhavam de sol a sol com salários de miséria. .

Cruz suástica simbolicamente partida. Mas o nazismo ou equivalente é ainda um perigo em diversos países.

Depois, esse partido foi divinizado e instrumentalizado por líderes políticos extremamente cruéis que chacinaram, sem o menor escrúpulo, milhões de pessoas. Ainda não se fez a história de toda esta tragédia.

Ora a divinização do estado traz consigo terríveis conse-quências. Um Estado-deus é um deus sem coração mas todo poderoso. Para esse deus só conta o dinheiro e o homem enquanto máquina de fazer dinheiro. E, em parte, é isso que temos. Os deputados, sobretudo os eurodepu-tados são quase sacerdotes dessa divindade chamada CEE. Prestam-lhe vassalagem.

Essa “divindade” não usa a palavra “moral” porque sabe-lhe a religião. Na realidade entra no campo da moral e faz leis morais que impõe a todos os países onde impera. As-sim decreta quando começa a vida, decreta quando se deve ou não matar, decreta que o casamento é isto ou aquilo, decreta se alguém pode trazer um símbolo religio-so ou não. E temos que obedecer. Muitas destas coisas já o homem mais odiado da História moderna, ou seja Hi-tler, fez. Ironias da mesma História…

Nota: Terminada este escrito, na mesma manhã, várias figuras europeias afirmavam que CEE estava em derroca-da...

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Acidentes Domésticos com Idosos

Conviver com idosos em casa é um momento delicado na trajectória familiar. Nesta fase, surge um problema prático: ga-rantir a segurança do idoso no local da residência. Pequenas mudanças podem diminuir o risco de acidentes, tão comuns na terceira idade. Bastam pequenas mudanças para a casa se tornar mais segura. E o que é melhor: sem a necessidade de gastos exagerados. Numa casa de dois andares, por exemplo, basta mudar o quarto do idoso para o andar de baixo, diminuindo as subidas e descidas de escadas, evitando, assim, quedas e fadigas. Coloque corrimões nos corredores e outros locais da casa por onde o idoso costuma transitar. O idoso sentir-se-á mais independente, se perceber que, mesmo com dificuldade para se movimentar, não precisa chamar alguém para ajudá-lo. Adapte a banheira; este é o local que deve receber o maior cuidado, pois é onde se costumam concentrar o maior número de acidentes com idosos. Coloque um tapete anti-derrapante. Coloque também alguns suportes, do tipo corrimão. Troque ou adapte os tapetes da casa que escorreguem por tapetes anti-derrapantes. Adapte as cadeiras. Todas devem ter braços laterais de apoio e encosto. Adapte as maçanetas, se necessário. Todas de-vem ser de fácil manuseio e as portas não devem ficar trancadas. Não deixe objectos que o idoso possa precisar usar em local de difícil acesso. Remova os objectos que estejam espalha-dos pelo chão da casa. Adapte os armários da cozinha para que sejam fáceis de serem abertos. De preferência deixe os produtos muito usados nas prateleiras mais baixas. Conserte todos os locais onde o piso estiver irregular, tanto dentro co-mo fora de casa. Fixe à parede mesas e outros móveis que sejam muito usados como apoio. Assim evita-se que quando usados, estes se desloquem e provoquem uma queda. Proteja as extremidades pontudas das mesas ou outros móveis para que não causem nenhum ferimento mais grave. Recolha os fios que estejam pela casa, como os do telefone, televisão e outros electrodomésticos. Providencie chinelos e sapatos anti-derrapantes. Deixe sempre uma luz - de preferência do corredor ou da casa de banho - acesa durante a noite. Desta maneira, se o idoso precisar levantar- se, sentir-se-á mais seguro. Deixe à mão do idoso uma lista com os telefones úteis para casos de emergência. A lista deve estar próxima ao telefone e bem identificada, com letras grandes. Faça as adaptações necessárias dentro da casa, lembrando-se que o idoso deve sentir-se o mais independente possível.

 

Ana Pereira Assistente Social 

4  MAIO, MÊS DO CORAÇÃO Silva Pinto *

Desde 1979, a Fundação Portuguesa de Cardiologia dedica o mês de Maio á prevenção das doenças car-diovasculares. Multiplicam-se as iniciativas promovi-das por Associações interessadas na prevenção das doenças cardíacas, para termos um coração saudá-vel. A doença coronária e o AVC são as principais cau-sas de morte em todo o mundo. As doenças cardiovasculares devem-se principal-mente á acumulação de gordura na parede dos va-sos sanguíneos – aterosclerose. E as consequências são a maior parte das vezes o enfarte agudo do mio-cárdio ou um AVC, com todas as consequências. Os principais fatores de risco, são o sedentarismo, falta de atividade física, a alimentação desequilibrada e o tabagismo. Há fatores de risco que podemos controlar: A hipertensão arterial elevada, o aumento do coleste-rol e triglicerídeos, a diabetes, o excesso de peso, o sedentarismo, a dieta e o stress diário, são um con-junto de fatores que isoladamente ou em conjunto contribuem para as consequências graves e muitas vezes irreversíveis. Nós devemos ser os principais interessados na quali-dade da nossa saúde e somos muitas vezes os gran-des responsáveis por a estragarmos, pois com medi-das como o controlo da hipertensão e diabetes, o exercício físico regular, o controle do peso e a absti-nência tabágica, consegue reduzir em muito a taxa de morte por estas doenças. Infelizmente, outros fatores já não dependem de nós, pois sabemos que com a idade o risco de doenças cardiovasculares duplica a partir dos 55 anos e os filhos de pessoas com doença cardiovascular, têm uma maior propensão para desenvolver doenças deste tipo. Numa altura em que há dificuldades económicas pa-ra aquisição dos medicamentos, as medidas a seguir expostas, são pouco dispendiosas: Comece por adotar estilos de vida saudável em casa e transporte-os para o seu local de trabalho onde passa grande parte do seu tempo. Meça com regularidade a sua tensão arterial e preste atenção ao valor da glicose e colesterol. Evite o consumo de tabaco. Mantenha um peso saudável; a perda de peso aliada á redução de sal leva á diminuição da tensão arterial. Opte por refeições saudáveis, diminuindo os fritos e as gorduras. Mesmo que tenha um trabalho sedentário, caminhe após a hora do almoço. Pare para pensar! Vale mesmo a pena prevenir! O seu coração merece!

Médico *

NOVOS FILHOS DE DEUS 

(durante o mês de abril ) 

 

Guilherme Afonso Ribeirinho Pedro Gonçalo da Silva Ribeiro Inês Fernandes de Carvalho Tatiana Filipa Meireles Ramalho Tiago Rocha de Carvalho Monteiro Sofia da Conceição Teixeira Pontes Guilherme Gilvaia Barreira de Almeida Tomás Teixeira Oliveira Ricardo Miguel Gomes Carvalho Lara Isabel Paiva Rodrigues Maria Melo da Silva Valério Gabriel da Silva e Castro Leonor Guedes Pinto Fazenda da Silva João Filipe Oliveira Jesus Gabriel Querido dos Santos Carneiro PARTIRAM PARA O PAI 

(durante o mês de abril ) 

 

António Pinheiro da Costa – de 66 anos Ester Augusta Coxito Valente – de 91 anos Luisa Manuela Pereira Duarte Maia Rodrigues – de 39 anos Vitorino Duarte Martins Silva – de 77 anos Mário Augusto Alves de Almeida – de 64 anos Joaquim Tomás – de 80 anos Manuel Coelho – de 85 anos Felisberto da Costa Barbosa – de 67 anos João Pinto Madureira – de 91 anos António Gomes Machado – de 80 anos António Silvano Pires – de 81 anos Deolinda de Jesus – de 85 anos José de Sá – de 92 anos Maria da Conceição Jesus Cardoso – de 77 anos Manuel de Sousa Cardoso – de 73 anos Américo Pedro Moreira Nogueira – de 72 anos José Coelho Moreira Fernandes – de 86 anos Eulália da Conceição Peixoto – de 86 anos António Martins – de 94 anos José Augusto Ribeiro de Faria – de 63 anos António da Silva – de 87 anos Joaquim da Silva Monteiro – de 50 anos

VIDA CRISTÃ 5 

Aqui podem ver a “riqueza” da paróquia

A quem desejar qualquer explicação o pároco estará sempre pronto a fornecê-la. Olhando para o lado, po-dem ver a causa dum defi-cit elevado. Porém devo dizer que com a entrada da verba referente ao Com-passo e outras, o deficit está praticamente saldado. A tradição das paróquias em Portugal e noutros paí-ses latinos está errada a partir da raiz. O padre or-dena-se ara ser padre e acaba por gastar grande parte das energias a tratar de obras... Isso é da competências de leigos. Temos por vezes este absurdo. Padres que mais parecem leigos e lei-gos transformados em mi-padres...

ENCONTRO COM TODOS OS CATEQUISTAS DA PARÓQUIA DE RIO TINTO

Aproveitando o facto de neste mês não termos o habitual encontro do "Ciclo Redescobrir os Caminhos da Fé", e porque não temos tido oportunidade de nos juntarmos para "falar Catequese", convidamos cada catequista para um ENCONTRO / REUNIÃO com todos os catequistas da Paróquia, no próximo dia 14 de maio de 2013 (3ª feira), às 21,30h nos Salões da Igreja Matriz. 

 

6  ENTREVISTA (Do outro lado) Conceição Gonçalves 

7 “O Povo de Rio Tinto” 

05/05/2013 

QUE ESTADO SOCIAL ESTÃO OS

CIDADÃOS DISPOSTOS A PAGAR?

M. Pinto Teixeira*

1 – Depois do Tribunal Constitucional ter chumbado várias normas do Orçamento do Estado – o que, aliás, só não era previsível para o

Governo – os diversos órgãos de soberania dão sucessivos sinais de terem entrado em estado de alucinação política. O Presidente da Re-pública, que accionou o primeiro recurso para os juízes do Palácio Raton, parece ter sido colhido por uma espécie de rebate de consciên-cia, e não tardou a apelar a um consenso político alargado, como quem diz que as alternativas devem ser encontradas em diálogo entre o Governo e a oposição.

A Assembleia da República tem-se desdobrado em declarações contraditórias, ora parecendo empenhada na busca das tais alternativas, ora forçando a tecla de uma mudança radical de políticas e protagonistas. O Governo, atordoado no meio da tempestade, ora se mostra determinado a dar continuidade ao rumo traçado por uma severa austeridade, ora apregoa que está aberto a alternativas que lhe sejam apresentadas para compensar o buraco orçamental aberto pelo chumbo do Tribunal Constitucional. E até os tribunais – quarto órgão de soberania – se mostram confusos e em navegação à vista.

2 – Foi neste quadro que no início deste mês o Primeiro-Ministro se decidiu vir à televisão, para anunciar um novo pacote de medidas,

a que chamou estruturais, para tentar manter o barco nacional a navegar no meio de tão severa ondulação. Fê-lo de uma forma vaga, pese embora ele próprio tenha quantificado o anúncio de tais linhas de orientação orçamental em mais de quatro mil milhões de euros. Os principais alvos deste pré-anunciado novo pacote foram os trabalhadores da função pública e os pensionistas. Um conjunto de cortes, despedimentos e de taxas – estas em bom rigor são novos impostos! – que, segundo Passos coelho, representam um passo decisivo para a tão apregoada reforma do Estado.

Poucos acreditam na exequibilidade das medidas anunciadas. Mas, verdade se diga, elas foram apresentadas de forma tão vaga que só mesmo quando forem transpostas para discussão parlamentar no âmbito da próxima revisão orçamental poderemos avaliar o seu real alcance prático, e o seu reflexo nos rendimentos das famílias e cidadãos. Mas se forem levadas à prática nos moldes anunciados, é abso-lutamente claro que estamos perante o maior corte até agora desenhado nas funções do Estado. Pela simples razão de que só mesmo rede-finindo todas as funções sociais do Estado poderemos enquadrar tão severo pacote de austeridade.

3 – Ora, os objectivos anunciados por Passos Coelho implicam uma profunda redução da despesa pública, no que concerne aos custos

da própria máquina administrativa. E para tanto, não há milagres: se o Estado pretende gastar muito menos com os serviços públicos, necessariamente esses mesmos serviços terão de ser reequacionados, quer em quantidade, quer em qualidade. Basta olhar para uma das parcelas anunciadas, que aponta para a dispensa de trinta mil funcionários públicos. Para além de agravar necessariamente a taxa de de-semprego, é óbvio que este objectivo terá de ter algum reflexo na prestação dos serviços que o Estado oferece aos cidadãos. A menos que se aceite desde já que há trinta mil funcionários do Estado que não fazem absolutamente nada…

Se a isto juntarmos a redução de benefícios prestados aos cidadãos, sobretudo nas pensões de reforma, saúde, educação e segurança soci-al, é absolutamente claro que estamos a entrar no osso do chamado Estado Social. Se por reforma do Estado se entende entrar a matar nestas prestações, então os portugueses terão de ser chamados a dizer que Estado Social estão dispostos a pagar. Porque não pode haver chuva no nabal e sol na eira se os dois estiverem fisicamente lado a lado. Ou estamos dispostos a pagar ainda mais impostos, ou temos de aceitar que o dinheiro não cai do céu, e, por isso, teremos de nos conformar com um Estado Social bem mais magro do que aquele a que nos habituamos nas últimas décadas. Este é o cerne da questão!

*Jornalista

e Professor Universitário

 

BOLO MOUSSE

Forra-se uma forma

com bolachas Chapagne

molhadas em partes

iguais de vinho do Por-

to e água.

Faz-se mousse de cho-

colate e deita-se para

dentro, tapando-se com

mais bolachas.

Vai gelar no frigorifico

de um dia para o outro.

Cobre-se com chantilly.

Glória Branco.

Consultório Jurídico – “O quê de Justiça?” – Regulamento das Tabelas de Preços do Serviço Nacional de Saúde

Foi publicado no passado dia 24 de abril o novo Regulamento das Tabelas de Preços das Instituições e Serviços Integrados no Serviço Nacional de Saúde, revogando, assim, a Portaria nº 132/2009, de 30 de janeiro.

Relativamente à cirurgia de ambulatório e outros episódios de ambulatório, estabelece o novo regulamento que o valor a faturar é o que estiver em vigor à data da consulta, que o preço compreende todos os serviços prestados ao doente bem como todos os procedimentos realizados na mesma sessão. Cirurgia de ambulatório é uma intervenção cirúrgica programada, realizada sob anestesia geral, loco-regional ou local que, embora habitualmente efetuada em regime de internamento, pode ser realizada em instalações próprias, em regime de admissão e alta em período inferior a 24 horas.

Se após consulta em regime de ambulatório, o doente necessitar de internamento passa a ser cobrado o valor correspondente apenas ao internamente, não havendo lugar ao pagamento da sessão de ambulatório.

Por outro lado, se o doente tiver sido internado por complicações seguidas à alta, no prazo de 24 horas, não há lugar ao pagamento da sessão realizada em regime de ambulatório.

Os medicamentos de fornecimento obrigatório administrados ao doente em regime de ambulatório, através da farmácia do hospital, são pagos ao preço de custo.

O valor a pagar por cada consulta externa é de 31€, sendo de 25€ se não tiver a presença do utente, tendo as consultas de enfermagem e de outros profissionais de saúde o custo de 16€. A consulta médica sem a presença do utente pode estar associada a várias forma de comunicação utilizada, designadamente, através de terceira pessoa, por correio tradicional, por telefone, por correio eletrónico, ou outro. Nos hospitais, o preço de cada urgência é o seguinte: urgência polivalente – 112,07€; urgência médico-cirúrgica – 56,16€ e urgência bási-ca – 31,98€. A classificação dos vários tipos de urgência, consoante as unidades de saúde, constam do Despacho 5414/2008 mas como exemplo, tanto o Hospital Geral de Santo António como o Hospital de São João são considerados Serviços de Urgência Polivalente. Nos serviços de atendimento permanente (SAP), o utente tem de pagar 30€ por cada consulta e o serviço domiciliário tem o custo de 34,48€. Os preços de todos os atos médicos constam de um Anexo a este diploma legal, quer relativamente ao regime ambulatório, quer relativa-mente ao regime de internamento.

Criada Bem Educada

— Porque é que a senhora pediu uma criada bem edu-cada? — Porque para malcriada, cá em casa, já estou eu.

Remédio Radical Contra os Soluços

— Desejo um remédio radical contra os soluços! (O farmacêutico administra-lhe duas fortíssimas bofe-tadas): — Pronto! Os seus soluços já passaram. — Mas... meu caro senhor!... O remédio era para... a minha mulher!

Na Herança não se Toca

Um mendigo bate à porta de uma moradia de luxo. — Faça favor, dê-me algum dinheiro... — Ouve, meu bom homem, tudo o que tu quiseres, menos dinheiro. Foi a única coisa que o meu pai me deixou.

« De: Vinicius de Moraes Apavorado acordo, em treva. O luar É como o espectro do meu sonho em mim E sem destino, e louco, sou o mar Patético, sonâmbulo e sem fim. Desço na noite, envolto em sono, e os braços Como ímãs, atraio o firmamento Enquanto os bruxos, velhos e devassos Assoviam de mim na voz do vento. Sou o mar! Sou o mar! meu corpo informe Sem dimensão e sem razão me leva Para o silêncio onde o Silêncio dorme. Enorme. E como o mar dentro da treva Num constante arremesso largo e aflito Eu me espedaço em vão contra o infinito. »

Selecção de Rita Sá Ferreira