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O QUE MUDOU COM A LDB? DE 1961 À ATUALIDADE, O TEOR E O TRÂMITE DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. Saulo Rodrigues de Carvalho (org.) Andrea Trevisani Gonçalves Marta Regina Schaedler Deliane Lima Vanderléia Vasconcelos Eliane do Carmo Corso Maglieli Viola Presa Liria Macedo Scussel Caroline Severo de Azevedo Kerem Natany Travisani Lucini Laranjeiras do Sul, 2014

O que mudou com a LDB ?

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Livro organizado. Apresenta os estudos da Disciplina "Políticas educacionais" com as discentes do Curso de Pedagogia da Unicentro - Campus Avançado Laranjeiras do Sul -PR. Turma de 2014. Publicação independente. Disponível para Compra (versão impressa) no site: https://www.clubedeautores.com.br/book/175713--O_QUE_MUDOU_COM_A_LDB#.VctNAnFViko

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Page 1: O que mudou com a LDB ?

O QUE MUDOU COM A LDB?

DE 1961 À ATUALIDADE, O TEOR E O TRÂMITE DA LEI DE

DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL.

Saulo Rodrigues de Carvalho (org.)

Andrea Trevisani Gonçalves

Marta Regina Schaedler

Deliane Lima

Vanderléia Vasconcelos

Eliane do Carmo Corso

Maglieli Viola Presa

Liria Macedo Scussel Caroline

Severo de Azevedo Kerem

Natany Travisani Lucini

Laranjeiras do Sul, 2014

Page 2: O que mudou com a LDB ?

Carvalho, Saulo Rodrigues de (org.) O que mudou com a LDB?De 1961 à atualidade, o teor e trâmite da lei de

diretrizes e bases da educação nacional.

/ Saulo Rodrigues de Carvalho (org), 2014.

112p. ; 9 cm

ISBN: 978-85-918580-0-2

l. Educação 2. Políticas Educacionais 3.LDB 4. Educação e Sociedade

. I. Título.

Coordenação editorial: Saulo Rodrigues de Carvalho

Revisão: Maria Josélia Zanlorense

Formato: 14.8 x 21

1ª. edição.

Page 3: O que mudou com a LDB ?

Agradecimentos

Agradecemos a todos os professores e funcionários do

curso de Licenciatura em Pedagogia da UNICENTRO

do Campus de Laranjeiras do Sul, pelo trabalho e

dedicação à nossa formação. Um agradecimento

especial à Professora Maria Josélia Zanlorense que

gentilmente revisou nossos trabalhos.

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Foto da direita para a esquerda: Andrea, Kerem, Caroline, Maglieli, Eliane, Marta, Vanderléia, Deliane, Líria e Saulo.

Este livro é dedicado aos futuros pedagogos, professores e

a todos aqueles que discutem a importância da educação

escolar na formação humana.

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SUMÁRIO

PREFÀCIO............................................................................7

Saulo Rodrigues de Carvalho

ASPECTOS HISTÓRICOS E AVANÇOS ALCANÇADOS COM A LDB AO

DECORRER DE SUAS REFORMULAÇÕES .............................13

Andrea Trevisani Gonçalves e Marta Regina Schaedler

O QUE MUDOU COM A NOVA LDB:

ENSINO FUNDAMENTAL ......................................................31

Deliane Lima e Vanderleia Vasconcelos

MUDANÇAS OCORRIDAS DESDE A REFORMA DA LDB LEI nº

5.692/71 ATÉ A LDB ATUAL LEI Nº 9.394/96: EDUCAÇÃO

ESPECIAL E ENSINO SUPERIOR ..........................................49

Eliane do Carmo Corso e Maglieli Viola Presa

MUDANÇAS NA LDB E NOVAS HABILITAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO

DE 2º GRAU......................................................................66

Liria Macedo Scussel

APONTAMENTOS SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE A LDB 4.024/61

E A LDB 9.394/96...........................................................86

Caroline Severo de Azevedo e Kerem Natany Travisani Lucini

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O que mudou com a LDB? 7

PREFÁCIO

Saulo Rodrigues de Carvalho1

Depois de passar décadas no ostracismo nossa

Lei da Educação Nacional, emerge enfim, como uma

“meia vitória” nos anos de 1961. Os embates

travados entre os Pioneiros da Educação e Igreja

católica, mais os setores da iniciativa privada,

marcaram uma disputa histórica entre a centralidade

e descentralidade administrativa do ensino pelo

Estado (União) e o destino das verbas destinadas à

educação entre a Escola Pública e o Ensino Privado. A

primeira LDB promulgada em 20 de dezembro de

1961 mostrou a força da iniciativa privada que

conseguiu a proeza de transformar em público o

privado (fato vemos se repetir até os dias atuais), ou

seja, dar ao privado prerrogativas que por direito

pertencem ao setor público. Entretanto, o mais

duro golpe viria com as reformas de 1968 e 1971. O

1 Professor Colaborador da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO). Pedagogo e Mestre em Educação Escolar

pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Page 8: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 8

governo militar, embora mantivesse a estrutura básica

da Lei de 1961, principalmente no tocante aos

privilégios do privado, daria aspectos ainda mais

conservadores a Lei, impondo a normatização do

Ensino Superior e do Ensino Básico, segundo os

princípios ideológicos da ditadura. Contudo, as

reformas compreenderiam a instituição de uma

educação de massas assinalada pela inserção

quantitativa de pessoas no sistema educativo

prescindindo de sua qualidade.

O fim da ditadura demarcaria um novo debate

em torno da educação nacional, correspondente à

construção de uma educação pública de massas com

qualidade. A LDB de 1961 e suas reformas, já não

podiam mais corresponder com as expectativas que

surgiram com a democratização do país. Encaminhada

pelos movimentos sociais, sindicatos de professores e

partidos políticos que retornaram à legalidade, a Nova

LDB (como foi tratada), reascendeu o velho debate

entre o público e o privado na educação e o papel do

Estado na integração de um sistema nacional de

educação pública. A proposta sistematizada pelo

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O que mudou com a LDB? 9

Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública (FNDEP)

tramitou como Projeto de Lei (PL) por oito anos no

congresso, até se deparar com os substitutivos, “Jorge

Hage” e “Cid Sabóia” e terminar com sua

reformulação completa no Projeto “Darcy Ribeiro”.

A LDB 9394/96, vinha novamente atender aos

setores privatistas da educação, concedendo-lhes

estatuto de instituição pública, concernente ao acesso

às dotações orçamentárias. O projeto do Senador

Darcy Ribeiro, aprovado na “calada da noite”, sem

qualquer consulta a alguma instância representativa

dos professores ou profissionais da educação,

inauguraria a nova era democrática da educação

nacional, apresentando em sua trama antigos debates

para novas demandas.

Buscando estabelecer relações entre o

passado e o futuro, novas demandas e antigas

exigências, é que as discentes do curso de Pedagogia

da UNICENTRO, do campus de Laranjeiras do Sul-PR,

se empenharam em estudar o que mudou na LDB. O

estudo que seria apenas mais uma exigência da

disciplina “Políticas Educacionais, Organização e

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O que mudou com a LDB? 10

Funcionamento da Educação Básica”, acabou se

transformando no projeto para este livro, fato que

atesta a qualidade dos textos apresentados e a

originalidade das discussões.

Nesse espírito as autoras Andrea Trevisani

Gonçalves e Marta Regina Schaedler, apresentam os

“Aspectos históricos e avanços alcançados com a LDB

ao decorrer de suas reformulações”. Neste texto,

discutem os avanços em busca da democratização do

ensino, assegurando os princípios da igualdade,

gratuidade e qualidade da educação.

No texto seguinte Deliane Lima e Vanderléia

Vasconcelos discutem o ensino fundamental e as

suas alterações nas LDBs abrangendo a discussão da

inserção do nono ano na constituição da educação

básica obrigatória. Intitulado de “O que mudou com a

nova LDB: ensino fundamental” ressalta a alteração

ocorrida em 2006 enfatizando o prazo para que as

instituições se adaptem as novas necessidades das

crianças que passam a entrar mais cedo no ensino

fundamental.

Comprometidas com a análise crítica sobre as

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O que mudou com a LDB? 11

“Mudanças ocorridas desde a reforma da LDB lei nº

5.692/71 até a LDB atual lei nº 9.394/96: Educação

Especial e Ensino Superior”, Eliane do Carmo Corso e

Maglieli Viola Presa, discutem as mudanças ocorridas

entorno da Educação Especial e do Ensino Superior.

Liria Macedo Scussel apresenta suas

considerações no texto sobre as “Mudanças na LDB e

novas habilitações para a Educação de 2º grau”. Nele,

são debatidas as transformações ocorridas, no então,

ensino de 2°grau na lei de 1971 em formação

profissional para o mercado, sem a preocupação com

a criticidade dos sujeitos, tendo na LDB de 1996, uma

retomada da discussão entre um ensino profissional

técnico e humanístico.

Por fim o texto “Apontamentos sobre as

diferenças entre a LDB 4.024/61 e a LDB 9.394/96”

de Caroline Severo de Azevedo e Kerem Natany

Travisani Lucini apresentam uma leitura histórica dos

avanços e recuos que perfizeram o debate em torno

da criação da Lei maior da educação.

A socialização dos estudos por meio desta

publicação implica não somente em uma tarefa

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O que mudou com a LDB? 12

pedagógica, no intuito de estimular a produção de

conhecimento desde a graduação, mas também em

uma tarefa política, ao promover a análise rigorosa e o

pensamento crítico sobre as políticas educacionais no

Brasil.

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O que mudou com a LDB? 13

ASPECTOS HISTÓRICOS E AVANÇOS ALCANÇADOS COM

A LDB AO DECORRER DE SUAS REFORMULAÇÕES

Andrea Trevisani Gonçalves2

Marta Regina Schaedler3

RESUMO

Dentre os avanços e transformações que ocorreram

em torno da educação no Brasil, este artigo tem como

objetivo deter-se da Lei de Diretrizes e Bases – LDB

(Lei n° 9.394/96), bem como em nas versões que

antecederam esta legislação, observando quais foram

as principais alterações, bem como os avanços no

âmbito educacional. A LDB constitui, atualmente, um

dos principais documentos que buscam legitimar e

assegurar a democracia, a qualidade, a gratuidade e a

igualdade, entre outros fatores, em âmbito nacional.

O estudo, de caráter

bibliográfico, apresenta os aspectos históricos e

2 Acadêmica da Universidade Estadual do Centro-Oeste/Unicentro,

3º ano Curso de Pedagogia, Campus de Laranjeiras do Sul. 3 Acadêmica da Universidade Estadual do Centro-Oeste/Unicentro, 3º ano Curso de Pedagogia, Campus de Laranjeiras do Sul.

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O que mudou com a LDB? 14

políticos que contribuíram e influenciaram em diversas

reformulações pelas quais a referida lei passou até ser

aprovada. Ressalta-se que a LDB impulsionou a

criação de políticas públicas que auxiliam na

democratização da educação, tais como os conselhos

em suas instâncias federal, estadual e municipal e o

Plano Nacional de Educação. Além disso, a lei ampliou

as modalidades de oferta de ensino. Embora sejam

apontados diversos avanços com a aprovação da LDB,

é evidente que há ainda vários fatores que precisam

ser atendidos para que de fato a educação seja

democrática e, principalmente, de qualidade.

INTRODUÇÃO

Após um longo período de discussões e

reflexões em torno do ideal de uma educação

igualitária como direito de todos os brasileiros, foi

proposta em 1961 a primeira Lei de Diretrizes e Bases

nº 4.024/61. Esta lei foi modificada várias vezes, com

o intuito de aperfeiçoar a lei e reformada pelas leis

5.540/68, 5.692/71, sendo, finalmente, substituída

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O que mudou com a LDB? 15

pela LDB 9.394/96.

Vale ressaltar que a primeira LDB surgiu num

contexto histórico e político do final do Estado Novo e,

com a Constituição Federal de 1988, a União passou a

legislar sobre as diretrizes e bases da educação

nacional.

Este artigo tem por objetivo apontar o que a Lei

9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB), trouxe de inovação para a política

educacional brasileira.

A lei em discussão é a legislação que prevê os

fundamentos, estrutura e normas da educação no

Brasil. Segundo Saviani (2010, p. 772):

(...) se por diretrizes e bases se entendem fins

e meios, ao serem estes definidos em termos

nacionais, pretende-se não apenas indicar os

rumos para onde se quer caminhar, mas

organizar a forma, isto é, os meios através dos

quais os fins serão atingidos. E a organização

intencional dos meios, com vistas a se atingir

os fins educacionais preconizados em âmbito

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O que mudou com a LDB? 16

nacional, é o que se chama “Sistema Nacional

de Educação.

Dessa forma, este estudo apresenta,

inicialmente, os aspectos históricos da LDB e, em

seguida buscam evidenciar quais foram os avanços

obtidos na educação brasileira após a aprovação da

respectiva lei.

1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA LDB

Na década de 30 ocorreu a primeira tentativa

de organização de um Sistema Nacional de Educação,

no Brasil, a partir do “Manifesto dos Pioneiros da

Educação Nova” e da Constituição Federal de 1934

que passou a exigir da União as diretrizes da

educação nacional e a construção do Plano Nacional

de Educação (SAVIANI, 2010). Tal exigência continua a

fazer parte da Constituição Federal de 1946.

Então, em 1948 foi formulado um projeto de lei

sobre as diretrizes da educação no Brasil, o qual foi

modificado em 1958 e foi aprovado em 1961.

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O que mudou com a LDB? 17

Em 1968 a LDB de 1961 passou por uma

reforma sobre a estrutura do ensino superior,

chamada de lei da reforma universitária. Nova reforma

foi feita em 1971, sobre o ensino primário e médio,

alterando a denominação para ensino de 1º e 2º

graus.

A promulgação da Constituição Federal de

1988 também trouxe mudanças no âmbito

educacional brasileiro, prevendo a ampliação dos

recursos para a educação pública. Além disso,

Com emendas e projetos anexados à proposta

original, iniciou-se as negociações formando a

defesa pela escola pública em um modelo

democrático, prevendo uma maior abrangência

ao sistema público de educação, à

regulamentação da educação infantil e

avanços curriculares ao ensino médio (CERQUEIRA e outros, 2009, p. 3).

Para a aprovação, realizou-se audiências

públicas, debates e seminários com diversas

instituições, especialistas e profissionais da educação,

pois alguns pontos despertavam discordâncias. A

partir de tais debates e negociações, surgiram duas

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O que mudou com a LDB? 18

novas versões da lei. Uma foi votada na Câmara dos

Deputados e aprovada em 1993. Este projeto, no

Senado, passou a ser chamado de PLC – Projeto de

Lei da Câmara, fixando as diretrizes e bases da

educação nacional.

O projeto de lei foi aprovado no Senado e

voltou para a Câmara dos Deputados, sendo aprovado

em sessão no dia 17 de dezembro de 1996 e

sancionada pela Presidência da República no dia 20

do mesmo mês sob o nº 9.394/96. “Instituída a lei

surge a necessidade de adequação da educação aos

novos parâmetros legislativos, de forma a estabelecer

um modelo educacional condizente com a realidade

do país” (CERQUEIRA e outros, 2009, p. 3).

Zanlorense e Lima (2009) contextualizam que,

na década de 90 diversos organismos internacionais,

com vistas no crescimento econômico, já que era um

período de crise, exigiam mudanças no campo

educacional. Para isso disponibilizaram

financiamentos:

Com estas novas intenções e propostas, a

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O que mudou com a LDB? 19

educação e o trabalho ficam integrados

segundo as necessidades do desenvolvimento

econômico. A partir desse momento essas

agências financiadoras, “assim define Fonseca

(1995)”, das quais compõem a estrutura

político-financeira do Banco Mundial o BIRD,

com sua participação no desenvolvimento

econômico dos países dependentes. O Fundo

Monetário Internacional, responsável em

promover o equilíbrio financeiro e o

cumprimento do pagamento dos países-

membros e o Banco Mundial com a ocupação

de intermediário entre os países contribuintes

e favorecidos. Assim, desenvolvem suas

propostas pautadas em critérios políticos como

condição para que aconteça a adesão ao

Banco Mundial (ZANLORENSE e LIMA, p. 3,

2009).

Destaca-se ainda que, na década de 90, o

Brasil participou da Conferência Nacional de

Educação para Todos, realizada na Tailândia

convocada pelo Banco Mundial e outros órgãos

internacionais. No evento são elaboradas novas

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O que mudou com a LDB? 20

diretrizes políticas, inclusive com vistas a eliminar o

analfabetismo até o final do século.

Os países com baixo desempenho educacional

foram pressionados, envolvendo a realidade brasileira.

Assim, o país passa a aderir a regra do Banco Mundial

e do FMI, incorporando a política do capital financeiro,

a organizar-se segundo as propostas dos organismos

financiadores e busca a elaboração de suas propostas

curriculares, desencadeando na LDB. Além destas

mudanças políticas e reformas educacionais, no

mesmo período foi aprovado o “Estatuto da Criança e

do Adolescente” (ECA).

Alves (2002) apud Cerqueira e outros (2009),

entende que a LDB constitui-se num marco simbólico

na educação no Brasil na década de 1990, sendo

implementada de forma mais efetiva no governo de

Collor e de Fernando Henrique Cardoso, mas ainda

assim a lei demonstra-se ambígua porque não

assegura o próprio cumprimento. No entanto, a LDB é

a mais completa legislação, atualmente, sobre a

educação brasileira.

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O que mudou com a LDB? 21

2. OS AVANÇOS ADVINDOS COM A LDB

Mesmo após todas as mudanças e alterações

na lei, os debates em torno da educação continuam,

surgindo novas emendas e programas. Da mesma

forma, alguns pontos foram questionados como o

PROUNI4 que concede bolsas para cursos de

graduação em instituições particulares, pois se

contesta se seria melhor investir na educação pública

ou incentivar a educação privada, tendo em vista que

toda a LDB prevê o envolvimento com o público e o

privado.

Essas discussões são vistas como positivas e

negativas, pois ao mesmo tempo em que contribuem

para novos avanços no âmbito educacional, também

desencadeiam atrasos em outros aspectos, como por

4 Segundo o site do MEC o Prouni “É o programa do Ministério da Educação que concede bolsas de estudo integrais e parciais de

50% em instituições privadas de educação superior, em cursos

de graduação e sequenciais de formação específica, a

estudantes brasileiros sem diploma de nível superior”. (BRASIL, 2013)

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O que mudou com a LDB? 22

exemplo, na baixa remuneração e inadequada

capacitação dos professores.

Por outro lado, a LDB proporcionou um caráter

amplamente progressista para a educação brasileira,

pois garantiu a democratização do ensino, avançando,

assim, no sentido de comprometimento dos docentes

numa educação pública de qualidade aberta às

camadas populares da sociedade.

Com a democratização, as instituições de

ensino passaram a ter mais autonomia, ocorreu a

descentralização de decisões da União, estendendo-

se ao Estado e aos Municípios, e até mesmo às

escolas, a ação de definir os objetivos, atendendo

cada realidade nos diferentes locais do país.

Segundo Cerqueira e outros (2009, p. 5):

Finalmente, observa-se que a LDB assume um

caráter inovador, todavia, ainda insuficiente

para atender as necessidades de melhorias do

sistema educacional, no sentido de melhoria

da qualidade do ensino brasileiro frente às

tendências econômicas do país, porém

Page 23: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 23

mostrando-se eficaz no que tange a

regulamentação da educação nacional.

Os autores entendem que a LDB apresenta

dispositivos, mas não obriga sua execução, fazendo

assim com que privilegie a elite no poder, pois o

projeto somente foi aprovado e sancionado quando

passou a contemplar interesses da elite brasileira.

Romano e Valente (2002) lembram ainda que

foi a LDB 9394/96 em seu artigo 87, que previu a

criação do Plano Nacional de Educação (PNE), o qual

deve ser elaborado de acordo com as aspirações do

povo para planejar a intervenção plurianual do Poder

Público e da sociedade.

Assim, em 09 de janeiro de 2001 foi

sancionada a Lei nº 10.172/ 2001, que aprova o PNE.

O plano é construído por toda a sociedade e reúne

metas, a partir de lutas históricas de movimentos

sociais e populares, para serem atingidas num período

de 10 anos.

No PNE instituído e aprovado em 2002, entre

as principais metas constam: instituir o Fórum

Page 24: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 24

Nacional de Educação, redefinir o Conselho Nacional

de Educação bem como os conselhos estaduais e

municipais.

O PNE em vigor de 2011 a 2020 tem como

principais metas a universalização e ampliação do

acesso e atendimento em todos os níveis

educacionais, incentivo à formação inicial e

continuada de professores e profissionais da

educação, avaliação e acompanhamento periódico e

individualizado dos envolvidos na educação brasileira,

estímulo e expansão do estágio, expansão da oferta

de matrículas gratuitas em estabelecimentos

particulares de ensino e do financiamento estudantil,

investimento na expansão e na reestruturação das

redes físicas e em equipamentos educacionais —

transporte, livros, laboratórios de informática, redes

de internet de alta velocidade e novas tecnologias,

entre outros.

Saviani (2010, p. 774) aponta a criação do

Conselho Nacional de Educação, previsto no artigo da

LDB. O conselho é de caráter normativo e deliberativo

e trata-se de uma “instância com representação

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O que mudou com a LDB? 25

permanente da sociedade civil para compartilhar com

o governo a formulação, acompanhamento e

avaliação da política educacional”.

Sobre a descentralização de responsabilidade

no âmbito educacional, Saviani (2010, p. 775), pontua

que:

Cabe observar que, se o ensino fundamental é

definido como prioridade dos municípios e o

ensino médio, prioridade dos estados, quando

são definidas as atribuições da União não

consta a prioridade ao ensino superior e

sequer há referência à responsabilidade da

União de manter universidades ou instituições

de nível superior. Tal omissão estaria

sinalizando para uma possível política da União

de se desfazer das universidades federais ou,

pelo menos, não priorizar o ensino superior.

De modo geral, Arelaro (2000), defende que a

LDB veio para agilizar o desenvolvimento econômico

do país. Com a LDB é reconhecido o atendimento à

educação infantil e o ensino de jovens e adultos.

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O que mudou com a LDB? 26

Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram

elaborados como um modelo educacional a ser

seguido para que a escola efetive os ideais contidos

na Lei de Diretrizes e Base Nacional, fazendo com que

interesses neoliberais tomem força nas políticas

educacionais (ZANLORENSE e LIMA, 2009).

Dentre as principais características da LDB,

aprovada em 1996 e, em vigor, destacam-se: gestão

democrática do ensino público, autonomia nos

estabelecimentos de ensino, o ensino fundamental

passa a ser obrigatório e gratuito, a carga horária

mínima passa a ser de 800 horas em 200 dias letivos.

Na educação básica, há um núcleo comum no

currículo do ensino fundamental e médio bem como

uma parte diversificada atendendo as especificidades

de cada região do país, exigência à formação de

professores, obrigatoriedade da União investir no

mínimo 18% e os estados e município no mínimo 25%

do orçamento na manutenção e desenvolvimento do

ensino público, o poder público passa a poder

financiar escolas comunitárias, confessionais e

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O que mudou com a LDB? 27

filantrópicas e a criação do Plano Nacional de

Educação, conforme já foi apresentado neste estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao percorrer, de forma breve, a trajetória

histórica da LDB e analisar quais foram suas

principais mudanças no texto aprovado em 20 de

dezembro de 1996 que passa a compor as Diretrizes

e Bases da Educação Nacional, é evidente a

observação de que houve inovações/avanços, embora

alguns autores reconheçam que ainda assim não se

efetivou na prática, possibilitando uma educação de

qualidade a todos.

Alguns estudiosos como Cerqueira e outros

(2009) consideram deficientes algumas proposições,

tais como a melhoria da qualidade educacional, a

capacitação docente, a autonomia universitária e a

universalização do ensino fundamental.

Da mesma forma que foram pontuados

diversos avanços no sistema educacional, bastante

expressivos e, mesmo sendo a maior legislação no

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O que mudou com a LDB? 28

âmbito da educação a lei ainda apresenta deficiências

e ambiguidades.

Verificou-se que a LDB tem ampla repercussão

no sistema escolar brasileiro, possibilita uma série de

avanços, mas para que isso aconteça depende de

toda uma organização social e política.

Conclui-se que, a partir dos avanços

desencadeados pela LDB, é possível afirmar que, ao

longo da história, a escola tem deixado de ser

mecanicista em busca de mais autonomia para a

formação de sujeitos críticos e transformadores da

realidade, agregando as diversidades sociais, étnicas,

entre outras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARELARO, Lisete Regina Gomes. Resistência e

Submissão. A reforma educacional na década de

1990. In: Nora Krawczyk, Maria Malta Campos, Sergio

Haddad, (organizadores). O cenário educacional latino-

americano no limiar do século XXI: reformas em

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Page 29: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 29

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Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br Acesso:

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Page 30: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 30

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2013.

Page 31: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 31

O QUE MUDOU COM A NOVA LDB: ENSINO

FUNDAMENTAL

Deliane Lima5

Vanderleia Vasconcelos6

RESUMO

O presente artigo aborda algumas mudanças

que ocorreram no Ensino Fundamental depois da nova

adaptação da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96,

dando ênfase ao ensino fundamental que anterior a

esta lei era de oito anos e posteriormente passou a

ser de nove anos, ressaltando também o prazo para

as instituições se adaptarem, enfatizando o que a

nova lei assegura e a obrigatoriedade do ensino

primário nas escolas. Muitas mudanças nas leis

aconteceram no decorrer dos anos no país, isso

devido aos novos governos e novas adaptações que os

novos tempos estavam necessitando. Em função disso

a educação também passou por alterações, estas

5

Discente do Curso de Pedagogia da UNICENTRO. 6 Discente do Curso de Pedagogia da UNICENTRO.

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O que mudou com a LDB? 32

ocorreram na nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB

9394/96), onde enfatizaremos o Ensino Fundamental.

Palavras-chave: LDB, Ensino Fundamental, Política

educacional.

INTRODUÇÃO

Primeiramente o que será destacado nesse

artigo é contextualização do ensino primário da antiga

LDB de 4024/61, como surgiu a implementação

desse ensino e o que foi mudando no decorrer dos

anos, com a troca de governo e com as adaptações

que ocorreram a partir da década de 1990 na LDB, o

que causou muitas mudanças na educação brasileira,

dentre elas o Ensino Fundamental de nove anos. O

objetivo a ser investigado nesse documento é o

esclarecimento da mudança nessa modalidade de

ensino, pois com a nova LDB ocorreram muitas

transformações, em que se inseriu o nono ano nas

instituições escolares. Esse artigo também mostra as

vantagens e desvantagens do ensino fundamental de

nove anos, ou seja, os pontos positivos e negativos da

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O que mudou com a LDB? 33

lei, das dificuldades encontradas pelo perfil dos

alunos de hoje que entram no ensino fundamental,

ressaltando se a implantação da lei melhorou a

educação ou se ainda precisa repensar em outra

proposta. Nesse aspecto buscando compreender

como está a realidade no país, pontos fundamentais

são destacados para enfatizar como o ensino era

antes da atual LDB 9394/96.

1. ENSINO PRIMÁRIO: CONTEXTO HISTÓRICO

Na década de 30 houve o crescimento do

capitalismo, crescia também a industrialização,

iniciando uma nova fase política no Brasil denominada

política do nacional desenvolvimentismo. Dessa forma

o Estado passa a assumir a política econômica. Diante

disso, a educação torna- se importante e precisa

chegar a um número maior de pessoas para atender a

nova demanda necessária às indústrias. De 1937 a

1946 criam- se as chamadas Leis Orgânicas de

Page 34: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 34

Ensino, nos níveis secundário, voltadas para o ensino

profissionalizante, e do ensino primário.

A Lei Orgânica do Ensino Primário foi à primeira

iniciativa real do governo com relação ao ensino.

Anteriormente a classe popular não tinha acesso a

educação, então nesse momento de desenvolvimento

industrial o interesse do governo torna–se evidente,

mostrando que a política educacional destina-se à

formação da classe trabalhadora, do primário aos

diversos cursos profissionalizantes.

A educação primária foi dividida em

fundamental e supletiva. A fundamental era designada

a crianças de 7 a 12 anos, com duração de 4 anos

para o curso elementar e um ano de curso

complementar preparatório ao exame de admissão ao

ginásio (BRASIL, 1946). O curso primário supletivo,

com duração de 2 anos, por necessidade do mercado

de trabalho, era ministrado aos adolescentes e

adultos que não haviam recebido esse nível de ensino

em idade adequada, isto é, a exigência era cada vez

maior, precisava–se de um trabalhador com algum

conhecimento.

Page 35: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 35

Desse modo, a educação era destinada à

classe trabalhadora, mas com o objetivo de formar

mão–de-obra para as indústrias, sem se preocupar

com a formação para a cidadania, era preciso

aprender naquele momento o básico, para

desempenhar bem a função que lhe era proposta.

2. LDB 4.024/61 e o ensino primário

No entanto até a promulgação da nova LDB de

9394/96, muitas demandas foram aprovadas,

começando pela primeira LDB sancionada em 20 de

dezembro de 1961, nº 4.024/61. A mesma foi criada

pelo Ministro da Educação Clemente Mariani, com o

objetivo de oferecer uma educação igualitária e de

qualidade para todos, sendo modificada por vários

artigos até a substituição pela atual LDB.

Consta no capítulo II da LDB de 61 “Do Ensino

Primário”:

Art. 25 O ensino primário tem por fim o

desenvolvimento do raciocínio e das atividades de

expressão da criança, e a sua integração no meio

físico e social.

Page 36: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 36

Art.26 O ensino primário será ministrado, no

mínimo, em quatro séries anuais.

Art. 27 O ensino primário é obrigatório a partir dos

sete anos e só será ministrado na língua nacional.

Para os que o iniciarem depois dessa idade poderão

ser formadas classes especiais ou cursos supletivos

correspondentes ao seu nível de desenvolvimento.

(BRASIL,1961)

A lei não assegurava um currículo específico

para o ensino primário, mas como descrito no artigo

25, tinha a finalidade de promover o desenvolvimento

da criatividade permitindo a maior expressão da

criança.

O que se pretendia, na realidade era adequar o

ensino ao quadro político que se instalaria com o

golpe militar de 64, como instrumento para dinamizar

a própria ordem socioeconômica, não sendo

considerado pelo governo militar a necessidade de

editar a lei em questão. Nota-se dessa forma, que não

havia preocupação com a qualidade do ensino, o

interesse era meramente político.

Page 37: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 37

3. REFORMA DA LDB DE 61 PARA LEI 5.692/71

Com a lei 5.692/71 há a reformulação na

estrutura e organização do ensino, no entanto, sem

alterar os objetivos da lei anterior, o que houve foi a

alteração dos fins, definindo no artigo 1º, que o ensino

de 1º e 2º graus proporcionará ao estudante o

desenvolvimento de habilidades para o trabalho, e

exercício da cidadania. De acordo a nova lei a

inovação se dá na extensão do ensino de quatro anos

para oito anos sendo obrigatório e gratuito. O objetivo

do governo era promover o desenvolvimento

econômico e político do país, já que jovens sem

escolaridade atrapalhavam tal desenvolvimento.

Dessa forma, o currículo para as séries iniciais

1º grau (5ª à 8ª séries), estava organizado por

atividades, sendo a educação geral tarefa exclusiva no

ensino primário (art. 5º, § 1º) (BRASIL, 1971, 60). O

parecer n. 853/71 e a resolução n. 8/71, do CFE, são

os desdobramentos mais importantes da Lei

5.692/71, pois definem o núcleo comum do currículo.

De acordo com Zotti (2004, p.18) o objetivo incidia na

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O que mudou com a LDB? 38

formação de comportamentos, atitudes, visões de

mundo, sendo fundamental a preocupação da

educação para além dos saberes práticos. Por esse

motivo, era necessário reafirmar as diretrizes básicas

para a “formação do homem comum” e, para isso

esses componentes deveriam percorrer todas as

ações educativas e não serem tratados de forma

isolada e distanciada dos fins da educação e dos

demais componentes do currículo.

4. ASPECTOS DA ATUAL LDB 9394/96

O ensino fundamental é um dos níveis

da Educação Básica no Brasil, é obrigatório, gratuito, e

atende crianças a partir dos 6 anos de idade, tendo

como meta a formação básica do cidadão. Por isso, é

essencial desenvolver nos alunos que ingressam no

Ensino Fundamental alguns aspectos importantes, os

quais estão descritos no artigo 32º da LDB:

I - o desenvolvimento da capacidade de

aprender, tendo como meios básicos o pleno

domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

Page 39: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 39

II - a compreensão do ambiente natural e

social, do sistema político, da tecnologia, das

artes e dos valores em que se fundamenta a

sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade

de aprendizagem, tendo em vista a aquisição

de conhecimentos e habilidades e a formação

de atitudes e valores;

IV - o fortalecimento dos vínculos de família,

dos laços de solidariedade humana e de

tolerância recíproca em que se assenta a vida

social. (BRASIL, 1996)

Esses itens descritos no artigo 32° da LDB,

todas as escolas do Brasil tem o dever de englobar

nos métodos de aprendizagem, para que no futuro os

alunos se tornem pessoas bem educadas e participem

na sociedade com todos os seus direitos e deveres.

Recentemente, no ano de 2006 a duração do

Ensino Fundamental, que até então era de 8 anos,

passou a ser de 9 anos. A Lei de Diretrizes e Bases da

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O que mudou com a LDB? 40

Educação (LDB 9394/96) foi alterada em seus artigos

29, 30, 32 e 87, através da Lei Ordinária

11.274/2006, e alterou a duração do Ensino

Fundamental para 9 anos, onde assegurou-se um

prazo de 4 anos para todos os estabelecimentos de

ensinos implementassem a Lei, ou seja, no ano de

2010, todas as escolas deveriam seguir este

regulamento do Ensino fundamental de 9 anos. Com

isso, o Ensino Fundamental ficou dividido assim:

-Anos Iniciais – compreende do 1º ao 5º ano, sendo

que a criança ingressa no 1º ano aos 6 anos de idade.

-Anos Finais – compreende do 6º ao 9º ano.

Essa lei foi estabelecida para melhorar a

educação no país, para que os futuros cidadãos

permaneçam por um período maior e aprendam mais

cedo os conteúdos do ensino fundamental. No

entanto, o que antes era chamado de 1° série, hoje

equivale ao 2° ano, isso devido ao ingresso da criança

mais cedo no ensino fundamental.

Essa mudança é muito contemporânea ainda,

Page 41: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 41

por isso algumas escolas brasileiras, devido a certos

contratempos ultrapassaram o prazo de

implementação da Lei, mais atualmente a maioria das

instituições agregaram a nova Lei do Ensino

Fundamental de 9 anos.

5. APROFUNDANDO O ENSINO FUNDAMENTAL DE

NOVE ANOS

Para se compreender o que realmente mudou

no Ensino Fundamental, Fernandes (2002, p.1) explica

que:

Em relação à ampliação do ensino

fundamental para nove anos, a meta número 2

do Plano Nacional de Educação estabelece que

à medida que o ensino fundamental de oito

anos for se universalizando para a população

de 7 a 14 anos, o período de escolarização

obrigatória deverá ser ampliado, por meio da

incorporação da criança de seis anos de idade

ao ensino fundamental. A ampliação do ensino

fundamental para nove anos deve tornar

Page 42: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 42

possível o progressivo atendimento a essa

população, estimada em cerca de 3,4 milhões

de crianças, das quais aproximadamente 82%

frequentam a escola.

O que o autor diz, é que o ensino fundamental

passou a atender uma faixa etária maior, ou seja,

crianças e jovens de 6 anos entram no ensino

fundamental e permanecem até completarem 14

anos, depois disso seguem para o ensino médio.

O que ocorre na realidade, é que a criança sai

muito cedo da educação infantil e vai para a sala de

aula para ser alfabetizada com seis anos de idade.

Esse fato dificulta o processo de ensino por parte do

professor e também por parte da criança, pois o

professor necessita de métodos inovadores que

chamem a atenção das crianças dessa faixa etária e a

criança vem para o ensino fundamental com alguns

aspectos da educação infantil, contudo está

acostumada com uma rotina totalmente diferente, que

envolvem brincadeiras e atividades mais prazerosas

para eles. Esse pode ser um dos fatores que causam a

Page 43: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 43

dificuldade de aprendizagem por parte dos alunos. Por

isso o trabalho que os professores do ensino

fundamental exercem é muito significativo, eles

precisam realizar atividades que sejam adequadas

com as crianças iniciantes, ou seja, não trabalhar

somente conteúdos escritos, ou de livros, onde a

criança só faz atividades de escrita, pois isso se torna

muito cansativo para ela.

Para resolver tal situação é necessário

trabalhar outras formas de transmitir o conteúdo, por

meio de expressões corporais, como músicas, teatros,

vídeos, entre outros. Desse modo a criança assimila

muito mais fácil o conteúdo, pois nesse período ela

está assimilando tudo o que acontece ao seu redor,

por isso a alfabetização é de suma importância, se a

criança sai do 1° ano alfabetizada, progredirá com

sucesso nos anos seguintes no ensino fundamental.

Existem regiões do Brasil que as crianças não

têm acesso a educação infantil e o incentivo dos pais

em casa, e vão direto para o ensino fundamental, em

um ambiente desconhecido para eles, em função

disso não conseguem acompanhar a turma, assim

Page 44: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 44

como afirma Fernandes (2002, p. 2):

Crianças oriundas de segmentos mais

desfavorecidos da sociedade são as que têm

em geral maior dificuldade de acesso ao

processo de escolarização na faixa etária de

seis anos. Ora, como o primeiro contato com a

escrita dessas crianças muitas vezes ocorre

apenas ao ingressar na escola, se deixarem de

ser atendidas nessa fase e entrarem na escola

apenas aos sete anos, certamente estarão em

situação de desvantagem em relação às

demais.

No entanto essa situação é um aspecto a ser

melhorado e muitas vezes não depende somente dos

pais ou da escola, pois o poder público também

precisa colaborar, ajudando na criação de instituições

de educação infantil de fácil acesso para todas as

famílias, para assim a criança estar preparada para o

ingresso no ensino fundamental.

Vale ressaltar que o foco importante dessa lei,

causa um impacto significativo na formação dos

Page 45: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 45

estudantes, pois com o aumento de mais um ano no

ensino fundamental, os alunos permanecem mais

tempo na escola, estudando disciplinas essenciais

para tornar os alunos cidadãos preparados para

conviver na sociedade.

Outro ponto importante a ser destacado é o

respeito que a lei tem com o desenvolvimento dos

estudantes desde o 1° ano até o 9° ano, onde a

criança passa a ser jovem até o final do ensino

fundamental. Com isso, as disciplinas e conteúdos

que são planejados para cada ano são adequados pra

a faixa etária dos alunos, mas isso depende de cada

escola, a forma que cada uma trabalha não é igual,

cada instituição requer uma adaptação para atender o

perfil dos alunos ou da realidade em que se

encontram.

Aos poucos as escolas estão se adaptando a

essa modalidade de ensino, é necessário que todas as

escolas sigam a lei do Ensino Fundamental de nove

anos para que não aconteçam confusões na hora de

transferir e matricular algum aluno. Um exemplo que

pode ocorrer caso a escola não siga o que a lei

Page 46: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 46

estabelece, pois algum aluno que pedir transferência

de uma determinada escola em que segue essa lei, se

matricule em outra que ainda não agregou a lei,

fragmentando assim o ensino. Nesse caso a escola

deveria indicar outra instituição mais próxima em que

o aluno tenha condições de frequentar.

Portanto, a lei do Ensino Fundamental de nove

anos, ainda pode ser alterada dependendo do governo

ou de outras situações que a educação podem

apresentar, por isso nada é definitivo, mas enquanto

prevalece essa lei as instituições escolares são

obrigadas a se adequarem a lei. Além disso, todos os

estudantes tem direito ao Ensino Fundamental de

nove anos, por isso que a LDB 9495/96 assegura que

o ensino é totalmente gratuito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as análises feitas no presente trabalho,

consideramos que as novas alterações que o Ensino

Fundamental adquiriu ao longo dos anos, possui

aspectos positivos e negativos. Dentre os quais

destacamos como ponto negativo, a dificuldade de

Page 47: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 47

adaptação da criança ao ingressar nos anos iniciais do

ensino fundamental, e como ponto positivo, o maior

tempo que os alunos permanecem no ensino

fundamental, a partir disso, eles saem com um melhor

conhecimento de seus direitos como cidadãos da

sociedade.

Por fim, conclui-se que a educação desde a

década de 60, até a contemporaneidade, está

atrelada aos interesses políticos e socioeconômicos.

Pois ainda hoje, há necessidade de formar cidadãos

que estejam aptos para atender as necessidades que

a sociedade requer, mais especificamente o mercado

de trabalho, pois a ideologia da classe dominante

permanece. Contudo, mesmo que haja alterações na

legislação educacional, o que prevalece ainda, é a

concepção de uma sociedade tradicionalista.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases para a Educação

Básica. 1996. Disponível

Page 48: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 48

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L939

4.htpm>. Acesso em: 19/10/2013.

BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961.

Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Documento nº 1, Rio de Janeiro, 1962.

FERNANDES, Francisco das Chagas. A Ampliação do

Ensino Fundamental de Nove Anos. Rio Grande do

Norte, 2002.

GOMES, Sirlei Ferreira de Lima. O Ensino Fundamental

à Luz da LDB (Lei 9.394/96), 2007.

ZOTTI, Solange Aparecida. Organização do Ensino

Primário no Brasil: Uma leitura da história do currículo

oficial. Campinas, 2004. Disponível em:

<www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando >. Acesso

em: 29/10/2013.

Page 49: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 49

MUDANÇAS OCORRIDAS DESDE A REFORMA

DA LDB LEI nº 5.692/71 ATÉ A LDB ATUAL LEI

Nº 9.394/96: EDUCAÇÃO ESPECIAL E ENSINO

SUPERIOR

Eliane do Carmo Corso7

Maglieli Viola Presa

RESUMO

Este artigo é resultado de uma análise que pretende

refletir sobre as mudanças ocorridas na educação no

tramite passado pela atual LDB. Procuramos fazer

alguns relatos de vários pontos destacados nas Leis nº

5.692/71 e nº 9.394/96. Frisamos nosso artigo na

Educação especial e na Educação Superior, levantando

diferenças e semelhanças existentes nas duas leis.

Conclui-se que é uma análise parcial das Leis

focando em suas

alterações.

7 Discentes do curso de Pedagogia – 3º ano – Universidade Estadual do Centro Oeste/UNICENTRO. Campus de Laranjeiras do Sul.

Page 50: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 50

INTRODUÇÃO

Este artigo tem por objetivo principal fazer uma

análise das Leis de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) nº 5.692/71 e a nº 9.394/96. Nesta

análise vamos observar o que mudou na Educação

Brasileira em relação a Educação Especial durante

este período até os dias atuais. Estas leis envolvem

interesses, políticos, educacionais e sociais e é

notável que ocorreram muitos avanços na educação

com a nova Lei nº 9.394/96, esta, promulgada em 20

de dezembro de 1996 e que vigora até hoje.

Iniciaremos fazendo um relato dos aspectos

gerais tratados nas Leis, como as mudanças ocorridas

nestes. Em seguida trataremos de dois assuntos

pertinentes para nós na área da educação brasileira: a

Educação Especial e o Ensino Superior.

EDUCAÇÃO UM DIREITO DE TODOS

O trajeto percorrido pela nova LDB foi muito

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O que mudou com a LDB? 51

longo desde a primeira Lei de 1961, Lei nº 4.024/61,

com muitos projetos, debates e emendas. Para sua

consolidação foi necessárias muitas reuniões, com

professores, profissionais e representantes da

educação que sentiam a necessidade de mudanças

mais significativas em toda a área educacional.

Vivemos em um país capitalista, em que

poucos têm muito e muitos tem pouco. As mudanças

que ocorrem na educação refletem diretamente em

nossa sociedade. Notamos que existem pessoas das

classes menos favorecidas que se sentem coagidas ao

se depararem com pessoas das classes dominantes

que possuem um ensino “melhor” (pelo fato de terem

um poder aquisitivo maior). Se tivermos uma

educação de qualidade e igualdade, podemos mudar

esta situação, assim não teremos uma classe

alienada e sim uma classe de seres críticos e

pensantes dentro de nossa sociedade.

A LDB nº 9.394/96, estabelece que a

educação não se limita apenas na escola ela é

permanente em outros espaços seja na família, no

trabalho, nas manifestações culturais, no convívio

Page 52: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 52

social, etc. por tais motivos ela se torna um dever do

Estado e da família com princípios e fins descritos no

art. 3º, entre eles destacamos:

I – Igualdade de condições para o acesso e

permanência na escola; II – liberdade de

aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a

cultura, pensamento, arte e o saber; III –

pluralismo de idéias e de concepções

pedagógicas; VI – gratuidade do ensino público

em estabelecimentos oficiais; IX – garantia de

padrão de qualidade (BRASIL,1996, p. 06).

No título III – Do Direito à Educação e do Dever

de Educar, este será realizado com o auxílio de

algumas garantias, entre ela citamos: ensino

fundamental obrigatório e gratuito, ensino médio,

creches (CMEIs), pré-escolas gratuito, ensino noturno

regular, educação para jovens e adultos, ensino com

qualidade, vagas nas escolas para as crianças que

residem próximas das mesmas, a partir de 4 anos.

Na Lei nº 5.692/71 os capítulos e artigos são

muito superficiais, referem-se à educação como

Page 53: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 53

ensino de 1º e 2º graus e descreve que estes tem

objetivos gerais para qualificar o individuo para o

trabalho, auto-realização, e o exercício consciente da

cidadania.

Destacamos na Lei nº 5.692/71, o Art. 2º que a

organização administrativa, didática e disciplinar será

legalizada no regulamento de normas do conselho de

Educação.

No capítulo II – Do Ensino do 1º Grau, apenas

quatro artigos se referem ao ensino, informando que

este se destina a formação de crianças e pré-

adolescentes, com os conteúdos e métodos variando

conforme as fases de desenvolvimentos. E que teria

uma duração de 8 anos, com 720 horas no ano letivo.

Para o 2º grau no capítulo III, apenas relata que

o ensino destina-se para a formação integral do

adolescente. Para matricular-se, era exigida a

conclusão do 1º Grau.

Neste contexto esta Lei (5.692/71) continua

com outras colocações, porém de forma simplificada

sem especificações detalhadas em que realmente ela

queria favorecer a educação.

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O que mudou com a LDB? 54

Nesta análise que realizamos na LDB nº

9.394/96, é muito importante salientar alguns

avanços que observamos ser de grande relevância

para a educação. Nela o ensino fundamental é

direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão,

associação comunitária, etc. acionar o Poder Público

para exigi-lo, ele se compete ao Estado e aos

Municípios. Sua assistência fica a cargo da união.

Segundo Saviani:

Aos estados cabe colaborar com os municípios

na oferta de ensino fundamental e manter,

com prioridade o ensino médio. À União, no

exercício da coordenação nacional da política

de educação, compete prestar assistência

técnica e financeira aos estados, Distrito

Federal e municípios, estabelecer diretrizes

curriculares e realizar a avaliação do

rendimento de todos os graus de ensino, além

de manter as próprias instituições de ensino

que, juntamente com as escolas superiores

privadas, comporão o sistema federal de

ensino. (2010, p.774-775).

Page 55: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 55

Ao nosso entender a LDB em todos os seus

artigos, capítulos e incisos tenta definir de maneira o

que é dever do Estado, Município e da União. No artigo

19 consta a classificação das categorias

administrativas das instituições de ensino e seus

diferentes níveis, as públicas serão mantidas pelo

Poder Público e as privadas serão mantidas e

administradas por pessoas físicas, jurídicas ou de

direito privado.

É importante frisar que no título V, capitulo I Da

composição dos Níveis Escolares, a educação escolar

compõe - se de: I - educação básica formada pela

educação infantil, ensino fundamental e ensino

médio; II educação superior.

A educação básica tem finalidades,

calendários, organizações em series anuais,

semestrais, ciclos, calendários adequados para cada

estabelecimento, etc. e a carga horária mínima será

de 800 horas. A verificação do rendimento escolar

obedecerá a critérios entre eles a avaliação continua

do desempenho do aluno, observando aspectos

qualitativos e quantitativos.

Page 56: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 56

Na Nova LDB, a educação infantil ficou sob a

responsabilidade do município, e são apenas três

artigos destinados a ela, para nós futuras

profissionais da educação, esta fase inicial da criança

precisa de mais apoio e incentivos, pois é onde se

inicia a aprendizagem.

O ensino fundamental no art. 32 passa a ter

uma duração de 09 anos e é gratuito nas escolas

públicas, e se inicia aos 06 anos de idade.

No que se referem aos currículos do ensino

fundamental e médio estes deverão ter uma base

nacional comum com complementos em cada sistema

de ensino e deve conter obrigatoriamente as

disciplinas de matemática, estudo da língua

portuguesa.

Existem, no entanto alguns aspectos na Lei nº

5.692/71 que são de grande relevância para a

educação, apenas eles não se encontram definidos de

maneira que possam vir ao encontro com os anseios

de professores, alunos e sociedade. É Importante

clarificar que em nosso trabalho destacamos alguns

artigos e capítulos, mas as mudanças que ocorreram

Page 57: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 57

em todos os níveis da educação são importantes,

observamos que todos apresentam propostas de

grande valia para o aprendizado se tornar digno para

todos.

Trataremos a seguir de dois aspectos

importantes (não menos e nem mais importante que

os outros) na área da educação brasileira que para

nós são de grande relevância em nosso estudo. Sendo

estes a Educação Especial e a Educação Superior.

Falaremos um pouco de cada um destes fazendo

análises do que veio a mudar com bases nas Leis que

estamos tratando desde o inicio de nosso artigo.

EDUCAÇÃO ESPECIAL

Não podemos esquecer de mencionar o art.

58 (Cap. V da Lei 9.394/96 ) Da Educação Especial,

pois atualmente fala-se muito em inclusão de

pessoas com deficiência nas escolas brasileiras,

precisamos estar muito bem informados de como

trabalhar e respeitar o que é garantido por Lei a estas

crianças, jovens e adultos.

Page 58: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 58

Atualmente temos assistido em nosso país o

despropósito do governo com a educação especial,

determinando o fechamento das APAES, sem, no

entanto destinar espaços adequados ao atendimento

das necessidades especiais destes alunos.

Nós sabemos que as escolas regulares

brasileiras estão em precariedade e o quadro de

profissionais da educação também, pois na maioria

das vezes não conseguem lidar com os alunos

considerados “normais” quem dirá com uma classe

em que teria também alunos especiais, com diversas

necessidades.

Importante salientar que dentro das APAES os

alunos possuem atendimento com profissionais

(psicólogos, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente

social, etc.,) preparados para auxiliá-los a todo o

momento e a estrutura e espaço físico são adaptados

a eles. Em uma escola regular além de a maioria não

possuir espaços adaptados para pessoas com

deficiência os professores não possuem formação

para trabalhar com esse tipo de situação. Além do

mais sabemos que há casos extremos de deficiência.

Page 59: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 59

Não somos contra a inclusão, mas contra a

desumanidade que esta meta do PNE quer implantar.

Hoje em dia os professores da educação regular

precisam ter muito domínio do seu trabalho para

poder por em prática nas escolas brasileiras, pois

encontramos todos os tipos de problemas possíveis

em sala de aula. A inclusão dos alunos especiais faria

uma grande revolução em nosso país, e acreditamos

que para pior e não para melhor. Pois estes alunos

não estariam sendo tratados como merecem, pela

falta de estrutura física das escolas e pela questão do

próprio atendimento e socialização que estas pessoas

merecem ter.

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Ao realizarmos uma análise na Lei nº 5.692/71

com relação ao ensino superior não encontramos nem

um capítulo ou artigo destinado a Educação superior e

que comprometesse algum órgão público ou privado

de ficar responsável por este nível tão importante da

educação. Encontramos na Lei artigos que falam

Page 60: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 60

sobre os professores e especialistas, mas nada

destinado a educação superior geral.

Passamos então a analisar a LDB que vigora

nos dias atuais, (Lei nº 9.394/96.) A educação

Superior é um dos pontos destacados na LDB nº

9.394/96. Podemos notar com as mudanças que o

ensino superior está cada vez mais evoluído e não

para por ai, todos os dias novos profissionais estão

entrando no mercado de trabalho com mais

qualificações, devido ao avanço nos cursos

superiores.

Com relação à finalidade da educação superior

a LDB nº 9. 394/96 trata como sendo de estimulação

a novos conhecimentos, tanto cultural como cientifico

e por meio destes se dará novas reflexões no âmbito

social. A educação superior também leva os

acadêmicos a olharem mais para o seu entorno,

querer pesquisar acontecimentos de seu país e região,

e ir além como descobrir novas fontes de pesquisa ou

fazer novos descobrimentos importantes como na

área da medicina por exemplo. Feito isso as

instituições devem abrir suas portas a toda a

Page 61: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 61

comunidade, para que fiquem sabendo o que se está

estudando e as descobertas feitas na instituição.

Diante dos cursos oferecidos pela educação

superior temos: a graduação, pós-graduação,

mestrado, doutorado e cursos de especialização e

aperfeiçoamentos. Para que se possa ingressar no

curso de graduação precisa-se ter a conclusão do

ensino médio mediante a passagem por processo

seletivo. Nos demais cursos exigem-se o diploma em

graduação e adequação as exigências das

instituições.

No que se refere ao fornecimento da educação

superior a LDB nº 9.394/96 trata em seu Art. 45: “A

educação superior será ministrada em instituições de

ensino superior, públicas ou privadas, com variados

graus de abrangência ou especialização.” (BRASIL,

p.37, 2010).

Se tratando de certificação, a lei autoriza a

validade nacional dos certificados quando registrados

em território brasileiro. Sendo assim os certificados de

ensino superior possuem validade para todos os

estados de nosso país. Porém os certificados de

Page 62: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 62

universidades estrangeiras passaram por avaliações

em universidades públicas brasileiras que possuam o

mesmo nível de e área de ensino.

Ao tratar de exercício de autonomia se

asseguram as universidades algumas atribuições

como: fixação do número de vagas por cursos de

acordo com sua capacidade; verificação de diplomas e

títulos; recebimento de doações vindas de entidades

públicas e privadas, entre outros.

Ao professor de educação superior em

instituições públicas a lei lhe impõe uma carga horária

de no mínimo oito horas semanais de aula. Sendo

assim o professor precisa estar de acordo com as

exigências da instituição.

Estas foram algumas das colocações descritas

na LDB nº 9.394/96 que achamos pertinentes

comentar em nosso trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos este artigo ressaltando que

educação brasileira ainda necessita de muitas lutas e

Page 63: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 63

reformas para que o ensino seja igualitário para todos.

É preciso oferecer e garantir vagas nas escolas e

instituições para a população é de fundamental

importância que haja uma universalização do ensino.

A Lei nº 9.394/96 surgiu com propostas de inovações

na educação, mas infelizmente ainda existe uma

grande parcela de excluídos nesta Lei, sem deixar de

expor os benefícios que já foi conquistado através

dela.

As propostas iniciais de transformações da

educação na Nova LDB foram de grande importância,

mas ao analisarmos mais profundamente,

constatamos que existem muitas lacunas para se

preencher. Após algumas leituras, observamos que

existe a necessidade urgente de um Sistema Nacional

de Educação e Conselho Nacional de Educação que se

faça cumprir o que é Lei e que a educação seja de

qualidade para todos sem distinção de classes.

A LDB é o eixo que norteia toda a educação no

país, ela deve ser pensada de acordo com todas as

possíveis situações que venham a existir nas

instituições escolares, dando amparo para as

Page 64: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 64

mesmas.

Destacamos aqui em nossa análise feita entre

as duas Leis, podemos perceber muitos avanços

ocorridos na educação durante este período. Porém

ainda há muito que se rever e pensar, pois a educação

brasileira necessita de um olhar mais atento de

nossos governantes. As pessoas que estão nas

escolas e universidades são o futuro de nosso país e

que só querem o melhor para este.

Queremos salientar mais uma vez a

importância de se pensar melhor na educação

especial, pois estas pessoas merecem uma educação

escolar voltada para suas necessidades e acreditamos

como muita gente do Brasil, que a inclusão na escola

regular ainda não acontece forma favorável aos que

necessitam dela.

É indispensável lembrar que as escolas

públicas regulares ainda não estão adequadas para

receber crianças, jovens e adultos portadores de

deficiências. Além da estrutura física adaptada há

também a necessidade de uma reformulação dos

currículos e Projetos Políticos Pedagógicos para que a

Page 65: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 65

inclusão aconteça de fato. Professores e equipe

pedagógica precisam estar preparados para este

desafio na educação escolar e buscar juntamente ao

governo municipal, estadual e federal os recursos

necessários para desenvolver suas práticas dentro e

fora da sala de aula.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional. (Lei nº 9394/96), de 20 de dezembro de

1996: Brasília: MEC, 1996.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional. (Lei nº 5.692/71), de 11 de agosto de 1971.

SAVIANI. Dermeval. Organização da Educação

Nacional: Sistema e Conselho Nacional de Educação,

Plano e Fórum Nacional de Educação. Educação &

Sociedade, Campinas, v. 31, n. 112 p. 769-787, jul.-

set. 2012.

Page 66: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 66

Mudanças na LDB e novas habilitações para a

Educação de 2º grau

RESUMO

Liria Macedo Scussel8

Este artigo aborda aspectos importantes da

trajetória da LDB, tem o objetivo de mostrar as

mudanças ocorridas na lei no decorrer dos anos,

especificamente no que se refere ao 2º grau,

denominado atualmente como Ensino Médio. Observei

que na lei 5.692/71 o ensino era voltado

principalmente para a profissionalização, os alunos

eram formados para o mercado de trabalho, com

pouca ou nenhuma criticidade. Já na lei 9394/96, a

formação além de preparar o aluno para o mercado de

trabalho, prioriza também o desenvolvimento da

autonomia intelectual e do pensamento crítico do

educando.

Palavras-chave: Ensino Profissionalizante. Reforma

Educacional. Autonomia.

8 Discente do 3º ano do curso de Licenciatura em Pedagogia da

UNICENTRO/Laranjeiras do Sul - PR

Page 67: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 67

INTRODUÇÃO

Estarei relatando neste artigo algumas

mudanças ocorridas na LDB, tendo por objetivo fazer

uma retomada de aspectos importantes que

ocorreram no 2º grau, mudanças estas que foram

resultados das emendas feitas pela lei na educação

brasileira, o mesmo é resultado de estudos e

pesquisas que realizei no decorrer do ano. Farei uma

comparação das leis (LDB), lei 5.692/71 que trata da

profissionalização universal e compulsória do 2º grau

até a lei 9394/96. (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação).

A lei 5.692/71 veio para programar a

profissionalização para o ensino secundário, ela

nasceu de um projeto feito por um grupo de trabalho

em junho de 1970. Neste período a classe média

estava eufórica com o "milagre econômico" enquanto

o presidente general Garrastazu Médici aterrorizava a

população, assassinando e torturando as lideranças

de esquerda e também qualquer pessoa que ousasse

promover protestos contra a ditadura. (GHIRALDELLI,

Page 68: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 68

1992, p.177).

A reforma do ensino fundamental e médio

acontece no período mais violento da ditadura, os

membros do grupo de estudos foram escolhidos pelo

coronel Jarbas Passarinho que na época era ministro

da Educação.

A lei 5.692/71 reestruturou o ensino ampliando

a obrigatoriedade escolar de quatro para oito anos,

também neste período é criada a escola única

profissionalizante como uma tentativa de não separar

a escola secundária da técnica e foi reestruturado o

curso supletivo para quem não concluiu os estudos.

Pelo principio da terminalidade, espera-se que

ao término de cada nível, o aluno esteja capacitado

para ingressar no mercado como força de trabalho

caso necessite.

Muitas emendas foram feitas, porém, o que se

percebe é que os jovens são lançados no mercado de

trabalho sem uma preparação adequada, tornando-se

mão-de-obra desqualificada e barata, fazendo com

Page 69: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 69

que se mantenha nossa dependência para com os

países desenvolvidos.

Reforma do 1º e 2º graus

Diz o artigo 1º da Lei nº. 5. 692/71: “O ensino

de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao

educando a formação necessária ao desenvolvimento

de suas potencialidades como elemento de auto-

realização, qualificação para o trabalho e preparo para

o exercício consciente da cidadania”. (BRASIL, 1971)

Diversos pareceres regulamentam o currículo,

sendo uma parte de educação geral e outra de

habilitação profissional, esta última é programada

conforme a região, sendo que para o 2º grau há uma

lista de 130 habilitações.

De acordo com Saviani (1999), o projeto

anterior à lei 5.692/71, prescrevia que a parte de

formação especial do currículo teria o objetivo de

sondar aptidões e iniciações para o trabalho, no

ensino de 1º grau e de habilitação profissional no

ensino de 2º grau, várias emendas foram

Page 70: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 70

apresentadas, mas a que veio a prevalecer foi a de nº.

39, de autoria do deputado Bezerra de Mello com a

seguinte justificativa:

Toda filosofia do projeto está voltada para as

necessidades do desenvolvimento, que dia a dia

exige mais técnicos de nível médio para a empresa

privada e para empresa pública.

É necessário fechar, de uma vez por todas, a porta

das escolas acostumadas ao ensino verbalístico e

academizante, que não forma nem para o trabalho,

nem para a vida.

A alternativa "ou aprofundamento em determinadas

ordens de estudos gerais" seria, em dúvida, a

grande brecha por onde resvalariam as escolas e os

sistemas avessos à formação profissional do jovem.

(BRASIL, 1971, p.123).

E o deputado conclui sua justificativa apoiando-

se na exposição de Motivos do ministro Jarbas

Passarinho, onde este afirma que a reforma proposta

"implica abandonar o ensino verbalístico e

academizante, para partir vigorosamente para um

sistema educativo de 1º e 2º graus, voltado para as

Page 71: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 71

necessidades do desenvolvimento" (MELLO, 1971,

p.123). A emenda em pauta propõe o acréscimo de

um parágrafo 3º ao artigo 5º nos seguintes termos:

3º - Excepcionalmente a parte especial do currículo

poderá assumir no ensino de 2º grau, o caráter de

aprofundamento em determinada ordem de

estudos gerais, para atender à aptidão específica

do estudante, em face de indicação dos professores

e do serviço de orientação do estabelecimento.

(BRASIL, 1971, p.123).

Segundo Saviani (1999), essa atitude do

Congresso Nacional teve o evidente sentido de

preservar o espírito do anteprojeto que ele considerou

ameaçado pela redação original. De fato podemos ler

no relatório do grupo de trabalho:

A verdadeira terminalidade, ao longo de toda a

escolarização dos 7 aos18 anos, encontra-se de

fato no ensino de 2º grau, ministrado como é no

período etário em que as aptidões efetivamente

existentes tendem a estiolar-se quando não são

cultivadas com oportunidade (VASCONCELLOS,

1972 p.20).

Page 72: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 72

E após referir-se à situação vigente na qual a

profissionalização constituía exceção, afirma: “O

caminho a trilhar não é outro senão o de converter a

exceção em regra, fazendo que o segundo grau

sempre se conclua por uma formação específica”

(VASCONCELLOS, 1972 p.20).

Como matérias obrigatórias foram incluídas

Educação Física, Educação Moral e Cívica, Educação

Artística, Programa de saúde e Religião, sendo a de

Religião obrigatória para o estabelecimento e optativa

para o aluno.

Devido estas alterações curriculares, algumas

disciplinas desaparecem por falta de espaço, como foi

a Filosofia no 2º grau ou foram juntadas como a

História e a Geografia, que constituem os Estudos

Sociais, no 1º grau.

A educação também teve prejuízos, como a

desativação da antiga Escola Normal, que formava

professores para o ensino fundamental, com nova

denominação “Habilitação Magistério”, perde sua

identidade e recursos necessários à especificidade de

Page 73: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 73

sua função. Para tanto, é selecionado algumas criticas

dos professores Carlos Luiz Gonçalves e Selma

Garrido Pimenta (1996) à nova habilitação:

Apresenta-se esvaziada de conteúdo, pois não

responde nem a uma formação geral

adequada, nem a uma formação pedagógica

consistente;

De “segunda categoria”, por receber os alunos

com menor possibilidade de fazerem cursos de

maior status;

Não há articulação didática nem de conteúdo

entre disciplinas do núcleo comum e da parte

profissionalizante, e nem entre estas;

Conforme definida na lei, não permite que se

forme nem o professor e menos ainda o

especialista (4º ano). A formação é toda

fragmentada (1996, p. 215).

Aparentes vantagens da Lei nº. 5.692/71:

Extensão da obrigatoriedade do 1º grau (1ª a 8ª

séries);

Escola única: eliminação do dualismo escolar;

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O que mudou com a LDB? 74

Profissionalização de nível médio para todos;

Continuidade do sistema educacional do

primário ao superior.

Esta reforma trouxe prejuízos para a educação

brasileira, Conforme Aranha (1996):

A obrigatoriedade de oito anos torna-se letra

morta, uma vez que não existem recursos

materiais e humanos para atender à demanda.

A profissionalização não se efetiva, falta

professores especializados, as escolas não

oferecem infra-estrutura adequada aos cursos

(oficinas, laboratórios, material), sobretudo das

áreas de agricultura e indústria. (p.215).

Segundo Aranha (1996), as escolas destinadas

à formação da elite apresentam um programa que

apenas atende formalmente as exigências legais, mas

que na realidade o trabalho em sala de aula continua

voltado para preparação para o vestibular. Além disso,

a extinção da filosofia e a diminuição da carga horária

de História e Geografia diminuem o senso crítico e a

Page 75: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 75

consciência política da situação. ARANHA (1996)

afirma:

Sem desconsiderar as críticas precedentes,

todas graves, o fundamental se acha no

caráter tecnocrático da reforma, segundo o

qual os valores da eficiência e da produtividade

se sobrepõem aos pedagógicos. Além disso, a

alegada neutralidade técnica, que asseguraria

a administração e o planejamento

despolitizados, na verdade camufla e fortalece

estruturas de poder, substituindo a

participação democrática – fundamental em

qualquer projeto humano, sobretudo

pedagógico – pela decisão de poucos. Portanto

essa reforma, aparentemente apolítica, foi, de

fato, política. (p.216)

Aranha (1996) (...) “persiste a questão da

seletividade, já que a elite, bem preparada, ocupa as

vagas das melhores universidades. Como

consequência, a reforma não consegue desfazer o

dualismo”. (p.216).

Page 76: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 76

Em 20 de dezembro de 1996, foi sancionada

pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso

juntamente com o Ministro da Educação Paulo Renato

Souza, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN), denominada oficialmente como Lei

Darcy Ribeiro, com o nº. 9394/96.

O processo legal dos tramites dos projetos da

LDBEN foi longo e polêmico devido os diferentes textos

que foram escrito desde o início do processo

legislativo, foram muitas as emendas feitas nestes

projetos.

A Lei de nº. 9394/96, se mostra bastante

flexível quanto a sua organização nos

estabelecimentos de ensino, alterações significativas,

por exemplo: a extensão dos dias letivos de 180 para

200 dias, o ensino obrigatório de 9 anos, conceito de

que a educação básica é direito de cidadania,

lembrando que essas alterações devem ser alisadas

com os critérios clássicos de acesso, permanência e

qualidade.

Devido essa “obrigatoriedade” de ensino,

políticas importantes foram deixadas de lado, por

Page 77: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 77

exemplo, a expansão da educação infantil e de ensino

médio e esta falha no inicio e no fim da educação

básica é uma das causas do mau desempenho da

maioria dos estudantes no ensino fundamental. Em

relação à articulação entre o ensino médio e a

educação profissional Cury (2003), nos diz que:

De um lado, há que se apontar o avanço

quanto à concepção do ensino médio posta na

LDBEN, integrando-o a educação básica e

qualificando-o como momento formativo e

conclusivo. De outro lado não se deixar de

considerar que a educação profissional

representa um momento de manifestação do

caráter classista da sociedade capitalista e que

sua efetivação carrega o ônus de ser, ao

mesmo tempo e em proporções distintas,

imposição e escolha. (p.32)

De acordo com o artigo 205 da Constituição

Federal toda e qualquer educação deve ser voltada ao

pleno desenvolvimento da pessoa, preparando para o

Page 78: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 78

exercício da cidadania e qualificando-o para o

trabalho; Esse princípio é retomado pelo art.2º da LDB

quando reconhece a importância da relação entre a

escola e o trabalho.

A educação profissional pressupõe a educação

básica para todos, em especial o ensino fundamental

e obrigatoriamente o seu correspondente formativo,

ou seja, o certificado do ensino médio da educação

básica. Desse modo, a Lei nº. 9394/96, em seu

parágrafo único do art. 39 “abre a possibilidade de

acesso à educação profissional a todo cidadão e

faculta o ensino superior a candidato que tenham

concluído o ensino médio ou equivalente” (BRASIL,

1996, art.44. p.11).

O decreto nº. 2208/97, em seu art. 3º,

“expressa a urgência contemporânea do ensino médio

na formação de todos, determinou que o nível técnico

da educação profissional, seja conseqüente ao ensino

médio geral, já conforme a própria LDB no art.36, §

2º, o Decreto, em seu art.5º, interditava uma forma

integrada entre ambas as organizações curriculares”.

Percebe-se que existem contradições nas

Page 79: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 79

referidas leis, ao mesmo tempo em que supõe que o

individuo faça a escolha na modalidade que deseja,

também impõe regras que o impedem de se sentir

livre para tomar uma decisão autônoma.

A Lei retomou seu curso quando o Decreto nº.

2.208/97 foi substituído pelo Decreto nº. 5.154/04

que restabelece a relação integrada entre ensino

médio e a educação profissional. Este Decreto de nº.

5.154/04 colaborou para a abertura de escolas

técnicas e propiciou relações entre a função formativa

e a função profissionalizante.

Em relação ao Decreto Cunha (2001), afirma:

Dentre as mudanças ocorridas na educação

brasileira nos anos 90, verifica-se a inflexão da

tendência que se definia desde os anos 40: a

progressiva fusão entre a educação geral –

propedêutica e a educação técnico-profissional

cedeu lugar a uma tentativa de cisão entre

elas... atenuada pela exigência de que o curso

técnico somente poderá outorgar certificados

para os alunos que tenham também concluído

o ensino médio [...] (p.99).

Page 80: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 80

Maior consciência do direito a diferença é outra

questão importante da LDB nº. 9394/96, que apoiada

na Constituição Federal (BRASIL, 1988), passou a

reconhecer e dar valor as populações negras, as

pessoas com necessidades educacionais especiais e

até mesmo a educação de jovens e adultos.

A flexibilidade da LDB 9394/96, torna possível

a reclassificação dos alunos e a redefinição do

calendário. No entanto, o que impera na mesma é o

Neoliberalismo, porque valoriza o Mercado, dando

mais apoio à iniciativa privada do que as Instituições

públicas. Cury (2003) nos diz que:

Para sair de uma condição que nos constrange

em vários aspectos, a um confinamento

educacional próprio do século XIX, é preciso

que a sociedade e o Estado pactuem um novo

esforço em prol da educação sem o qual não

ultrapassaremos os limites dos avanços até

agora celebrados. O futuro não espera! Só uma

política de Estado que presentifique o potencial

Page 81: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 81

da educação será capaz de superar as

contradições e as barreiras que impedem a

construção de uma democracia mais ampla.

(p.35).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos dizer que as políticas ganharam certa

continuidade em alguns programas do Governo

Federal, porém, nos resta ainda enfrentar os desafios

da permanência no ensino fundamental, ter ampliado

o acesso na educação infantil e no ensino médio e

garantir que todas estas etapas tenham um ensino de

qualidade.

O atual Plano Nacional de Educação (PNE) teve

avanços em suas metas e objetivos, mas a realidade

educacional ainda apresenta um quadro severo, ou

seja, longe dos benefícios que a educação necessita

para a sociedade e longe também das promessas

democráticas.

De acordo com a LDB nº. 9394/96, “a

educação profissional será desenvolvida juntamente

com o ensino regular, por formação continuada em

instituições especializadas ou no próprio ambiente de

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O que mudou com a LDB? 82

trabalho”. A Lei nos diz que:

Art. 41. O conhecimento adquirido na educação

profissional, inclusive no trabalho, poderá ser

objeto de avaliação, reconhecimento e

certificação para prosseguimento ou conclusão

de estudos.

Parágrafo único. Os diplomas de cursos de

educação profissional de nível médio quando

registrados, terão validade nacional.

Art.42. As escolas técnicas e profissionais,

além dos seus cursos regulares, oferecerão

cursos especiais, abertos à comunidade,

condicionada a matrícula à capacidade de

aproveitamento e não necessariamente ao

nível de escolaridade. (p.111).

Portanto, se quisermos associar democracia e

modernidade, a educação de modo geral precisa ser

permanente, oportunizando a continuidade dos

estudos para aqueles que não concluíram por um

motivo ou por outro, pois, não basta adquirir as

Page 83: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 83

primeiras letras, mas ter condições de continuar,

somente desta maneira é que a educação vai

caminhar rumo à construção de um ambiente de

igualdade e diversidade, formando pessoas críticas,

capazes e autônomas, viabilizando em um futuro

próximo, um Brasil melhor.

REFERÊNCIAS:

ARANHA, M. L. A. História da Educação, 2. ed. rev. e

atual. São Paulo: Moderna, 1996.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da

República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 1988.

BRASIL. Lei nº. 5.692/71. Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. Brasília,

DF, 1971.

BRASIL. Lei nº. 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. Brasília, DF, 1996.

Page 84: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 84

BRASIL. Emenda Constitucional nº. 14. Diário Oficial

da União, Brasília, DF, set. 1996.

CUNHA, L. A. Educação, Estado e democracia no

Brasil. São Paulo: Cortez, 2001.

CURY, C. R. J. Educação no Brasil: 10 anos pós - LDB,

IN: BITTAR. M. (org) Educação Superior no Brasil: pós –

LDB.

GHIRALDELLI, J. P. História da Educação, 2. ed. rev.

(Coleção Magistério – 2º grau. Série formação do

professor), São Paulo: Cortez, 1992.

MELLO, G. N. Magistério de 1º grau: da competência

técnica ao compromisso político. 4. ed. São Paulo:

Cortez: autores associados, 1984.

SAVIANI, D. Política e Educação no Brasil: o papel do

Congresso Nacional na legislação do ensino, 4. ed.

Campinas, SP: Autores associados, 1999.

Page 85: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 85

VASCONCELLOS, J. D. Legislação fundamental: ensino

de 1º e 2º graus. 2 ed. São Paulo: Lisa, 1972.

Page 86: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 86

APONTAMENTOS SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE A

LDB 4.024/61 E A LDB 9.394/96

Caroline Severo de Azevedo9

Kerem Natany Travisani Lucini 10

RESUMO

O presente artigo tem como finalidade fazer

uma análise da Lei Nº 4.024, de 20 de dezembro de

1961 com a nova Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, da Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

em uma comparação de algumas mudanças que

ocorreram em sua nova reformulação. Primeiramente

se pretende trazer o contexto histórico referente à

trajetória que a presente lei percorreu desde o ano de

1930 até os dias atuais, em que passam a ser

9Discente no 3º ano do curso de Pedagogia-DPED/G da Universidade Estadual do Centro Oeste. Campus de Laranjeiras do

Sul- Paraná. E-mail: [email protected]

10 Discente no 3º ano do curso de Pedagogia-DPED/G da Universidade Estadual do Centro Oeste. Campus de Laranjeiras do

Sul- Paraná. E-mail: [email protected]

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O que mudou com a LDB? 87

envolvido temas que antes não eram contemplados no

ano de 1961, como a educação infantil, divisão dos

níveis de ensino, entre outros. Embora ainda padeçam

nas suas especificidades tendo em vista que apesar

dos avanços em relação a 4.024, persistem algumas

lacunas referentes a garantia de acesso, permanência

e continuidade do ensino.

Palavras-chave: Lei de Diretrizes e Bases. Educação

Nacional. Sistematização do Ensino. Níveis de

Escolarização.

INTRODUÇÃO

Este artigo propõe-se a discutir a respeito das

transformações ocorridas entre a LDB Lei nº 4.024/61

e a LDB 9.394/96 em que são apontadas e discutidas

de forma a salientar alguns pontos específicos que

estavam ausentes na primeira LDB e que constam na

Lei que está em vigor atualmente. A relevância deste

estudo consiste em uma reflexão acerca das Leis que

hoje norteiam o sistema educacional brasileiro nas

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O que mudou com a LDB? 88

mais diversas regiões do território nacional, e ainda

convidar o leitor a pensar sobre as questões

apontadas em tal legislação sobre seus efeitos no

percurso desenvolvido pelo educando em sua

formação de sujeito que participa ativamente do meio

em que vive e na sua construção como cidadão e seu

acesso ao conhecimento historicamente construído.

Os objetivos a serem alcançados aqui, consistem em

analisar a documentação que prescreve a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e evidenciar

as diferenças entre a Lei 4.024/61 e 9.394/ 96.

Para que tais objetivos sejam alcançados se faz

necessário conhecer primeiramente a trajetória

histórica percorrida pela LDB até que esta alcançasse

sua configuração atual, caminho este, iniciado no ano

de 1930 em que se começa a pensar seriamente

sobre uma política especificamente voltada para

educação e ainda, sobre uma sistematização do

ensino que atendesse a todo o território nacional, ou

seja, de uma Lei específica que ocorresse de cima

para baixo.

Com a finalidade de tornar possível esse

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O que mudou com a LDB? 89

processo, foram realizados diversos debates em

defesa do ensino público e laico e várias discussões a

respeito do assunto em cenário político e legislativo.

Muitas idas e vindas avanços e retrocessos marcam a

história da construção da LDB, cabendo destacar que

se trata de uma contínua discussão acerca deste

diante das necessidades que ainda necessitam ser

contempladas pela legislação educacional.

BREVE CONTEXTO HISTÓRICO

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional nº 9394/96, atravessou um longo percurso

na história para que se assumisse sua configuração

tal e qual se conhece hoje. Primeiramente, o processo

inicia-se com a preocupação em sistematizar a

educação nacional e começa a ser pensada a partir

da década de 1930, o que em relação a outros países

como os da Europa e do continente americano,

apresenta-se de forma tardia. Tal elaboração de uma

proposta que abrangesse todos os estados da

federação brasileira aparece de forma clara na

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O que mudou com a LDB? 90

constituição de 1934, após os debates que se vinham

fermentando desde o ano de 1932 com o Manifesto

dos Pioneiros da Educação Nova, como ainda da

necessidade que o Brasil enfrentava de desenvolver–

se a fim a tornar-se competitivo no panorama

internacional.

De acordo com Saviani (2010), a constituição

de 1934 é atribuída a União legislar sobre aspectos

referentes à educação no país de forma a organizá-la

sistematicamente e com isto visa-se a organização de

um Sistema Nacional de Educação, que de acordo

com as palavras do mesmo autor “[...] Em verdade,

sistematizar significa reunir, ordenar, articular

elementos como partes de um todo. E este, agora

articulado, passa a ser o sistema.” (p.771). Trata-se,

portanto de uma reforma educacional homogênea, da

junção de diferentes localidades que participem de

uma política e que esta contemple também suas

especificidades.

Os debates acerca de uma política voltada à

educação não se encerram por aí visto que a

necessidade de uma maior clareza e especificidade

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O que mudou com a LDB? 91

ainda ficou pendente. A partir de então se

continuaram as discussões acerca que uma lei

específica até que após a constituição de 1946, inicia-

se o processo de construção da 1ª Lei de Diretrizes e

Bases da Educação, tal constituição de certa forma

gerou polêmica por ser muito semelhante com a

anterior que marcou o início do Estado Novo o qual

minimizava uma educação pública e de qualidade em

favor de uma educação que atendesse a camada da

população mais abastada.

De acordo com Santos, Prestes e Vale (2006),

para a construção do projeto da 1ª LDB, levaram–se

em conta dois aspectos relevantes: o primeiro que diz

respeito ao sentido do texto constitucional

principalmente no que toca a centralização e

descentralização da educação e a distribuição dos

níveis de ensino. O segundo refere-se à elaboração de

um Conselho Nacional de Educação que fizesse valer

as responsabilidades atribuídas a União como

também servir de apoio ao ministro da educação onde

se lutava por uma proposta de construção de um

sistema federal de educação que subsidiasse os

Page 92: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 92

estados a fim de organizar e administrar a educação

em seu território.

Após as amplas defesas e debates a cerca de

uma legislação educacional com qualidade e pública

que atendesse as necessidades do povo brasileiro

promulga-se em 20 de Dezembro de 1961 a primeira

LDB nº 4024/61 em que a partir de então se quebra a

dualidade existente entre a formação diferenciada

para a classe trabalhadora que tinha acesso apenas

ao ensino primário e profissionalizante sem um

acesso viável ao ensino superior e ensino secundário

destinado as elites e que possibilitava tal acesso, o

que vinha sendo praticado desde o governo Vargas até

aprovação da LDB. O contexto em questão ainda

preservava traços marcantes de uma pedagogia

tradicional e apesar de se contemplar uma maior

autonomia em relação à organização de um sistema

educacional devido a forte atuação política não se

conseguiu alcançar os objetivos desejados no que diz

respeito à qualidade e acesso à educação.

Diante desta situação cabe ressaltar ainda, que

com a tomada de governo pelos militares ainda

Page 93: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 93

prevalecia o favorecimento pela educação na camada

mais abastada da sociedade e com isto o restante da

população torna-se mais uma vez condicionada a uma

educação fragmentada, tendo em vista que no final da

década de 1960, após o acordo estabelecido entre o

MEC-USAID, abre caminho para uma tendência

pedagógica que conhecemos como tecnicista.

Com a constituição de 1967, estabelece o

ensino gratuito e obrigatório com duração de oito anos

induzindo desta forma a urgência de uma lei que

atendesse esse aumento na duração da

escolarização, pois, com tal aumento o Estado acabou

por de certa forma escapar da responsabilidade do

financiamento da educação com a justificativa de

flexibilidade orçamentária.

Em 11 de Agosto de 1971, promulga-se uma

das mais marcantes reformas no ensino com Lei nº

5.692, nos níveis fundamental e média sendo esta

constituída no ponto mais alto do governo militar.

Segundo Romanelli (1996) apud Assis (2012) a nova

lei traz consigo uma percepção diferenciada de

formação do educando salientando uma formação

Page 94: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 94

com base na auto-realização do educando como

também sua consciência ativa no mercado de

trabalho.

Uma das mudanças ocorridas entre a LDB de

1961 e a de 1971, foi a escolaridade obrigatória de 08

anos abrangendo o primeiro grau, apesar de existirem

algumas resistências quanto ao aumento no tempo de

escolaridade como ainda, acarretando ao Estado o

aumento de suas responsabilidades em relação à

educação, sendo que também na realidade escolar

das instituições pode-se sentir os impactos de tal

ampliação o que teve como consequência a junção

dos cursos primário e ginasial abolindo desta forma os

antigos testes para a promoção de curso a outro.

Sendo também de importante destaque a certa

quebra de dualismo entre escola primária e

secundária passando a ter um núcleo comum a todo o

território nacional.

Quanto à organização do currículo, ficaria a

critério do Conselho Federal de Educação dispor os

conteúdos comuns a todos os níveis estabelecendo

desta forma um mínimo em cada parte integrante da

Page 95: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 95

formação, ficando a critério do Estado compor o

núcleo diversificado de disciplinas em seu território.

Entre as matérias de núcleo comum como destaca

Saviani (s.d):

[...], o C.F.E fixou através da resolução nº 8, as

matérias do núcleo comum: Comunicação e

Expressão, Estudos Sociais e Ciências

(inclusive matemática). E determinou, como

objetivo da área de Ciências, o desenvolvimento

do pensamento lógico e que essas matérias

deveriam ser ministradas nas primeiras quatro

séries, predominantemente sob a forma de

atividade (p. 136).

Observa-se desta forma, que a distribuição das

disciplinas muito tem de semelhante com a LDB

anterior a esta no que diz repeito a contínua falta de

disciplinas que levem o educando ao pensamento

crítico e ativo da realidade em que vive e que ainda

permanece também a condensação das disciplinas

como no caso das de história e geografia convertida

Page 96: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 96

na de estudos sociais, por exemplo.

Seguindo a continuidade na trajetória da então

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para

que esta assumisse o caráter vigente em nossos dias,

esta tem seu inicio (texto atual), a partir da

promulgação da constituição de 1988, onde o viés da

democracia ganha cada vez mais força. Diante de tal

situação, como não poderia ser diferente a educação

perante o novo modelo de sociedade também exige

um caráter mais democrático justamente a modelo à

nova Constituição Federal. Quando o então deputado

Octávio Elísio apresenta a Câmara um projeto de lei

que refletia as novas exigências educacionais

tomando como base a Nova Carta Magna.

Se leva então para o debate na Câmara na um

texto final da proposta que teve como seu relator o

deputado Jorge Hage, onde a partir de então começa

a luta pela escola pública e de qualidade pautada nos

princípios democráticos como versava a nova

constituição em que se discutiam maior abrangência

do ensino, inclusão de normas para educação infantil

e especial como ainda a melhoria na qualidade dos

Page 97: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 97

níveis já contemplados pela LDB.

Para tanto foram ouvidas diversas instituições

como também forma realizados seminários e debates

audiências publicas entre outros para que fossem

discutidas várias questões ainda pendentes e que

como já dito necessitavam de melhorias e ampliações

no atendimento e abrangência da lei. A proposta deu

entrada no Senado no ano de 1993, sob nominação

de PLC nº 101 de 1993, tendo como seu relator o

Senador Cid Sabóia (PMDB/CE).

Tendo sido aprovado no parlamento o projeto

retorna a Câmara intitulada substitutiva Darcy Ribeiro

que tem como seu relator José Jorge. Seu texto final

enfim é aprovado na data de 17 de dezembro de

1996, sendo sancionada pela presidência da

república no dia 20 do mesmo mês tornando-se a Lei

nº 9.394/96.

APONTAMENTOS ENTRE A ANTIGA E A ATUAL LDB

Tendo como finalidade fazer uma análise mais

profunda da Lei Nº 4.024, de 20 de dezembro de

Page 98: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 98

1961 com a nova Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, da Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

em uma comparação de algumas mudanças que

ocorreram em sua nova reformulação.

Com a nova reformulação da LDB, pode se

perceber as relações referentes ao Titulo V, deixando

claras as Modalidades da Educação e Ensino que se

compõem pela educação básica, formulada pela

educação infantil, ensino fundamental e ensino

médio, e num segundo momento a educação superior.

Já na antiga jurisdição de 1961, não fica exatamente

clara quais são os reais sistemas de ensino que serão

obrigações a serem cumpridas perante a legislação.

Refletindo ainda sobre este parágrafo, temos a

reformulação no que se diz de responsabilidade a

educação básica, o que não se percebe na antiga LDB,

uma disposição referente a esta definição no processo

educacional. De acordo a Lei de nº 9.394/96, no

Art.22º.

A educação básica tem por finalidade

desenvolver o educando, assegurar-lhe a

formação comum indispensável para o

Page 99: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 99

exercício da cidadania e fornecer-lhe meios

para progredir no trabalho e em estudos

posteriores (p.23).

Por meio desta citação entende-se que a

educação básica busca desenvolver no educando a

formação plena para o seu desenvolvimento no

mercado de trabalho. O que na LDB de 4.024/61, não

se tem claramente tal abordagem, pode-se ir mais

além para poder entender que os momentos são

diferentes, os interesses são outros, por meio de

estudos sobre o tema sabemos que se inicia por uma

total reformulação desta LDB, pois até então não

tínhamos uma lei, nada a embasar a educação

através de documentos assegurando a legislação

vigente.

No que se refere à oferta da Educação Infantil,

a Lei de nº 9.394/96, no Art.29º assegura;

A educação infantil, primeira etapa da

educação básica, tem como finalidade o

desenvolvimento integral da criança até seis

anos de idade, em seus aspectos físico,

Page 100: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 100

psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da

comunidade (p.25).

A legislação vigente assegura a educação

infantil, até seis anos de idade como etapa que busca

desenvolver aspectos intelectuais, da criança,

formando sua base educacional, o que na LDB

4.024/61 relata que a educação pré-primária como

era chamada anteriormente é atendida crianças até

sete anos, em escolas maternas ou jardins de

infância, ao qual busca desenvolver a integração dos

meio físicos e sociais da criança, a partir dos sete

anos a criança entrava para o ensino primário.

De acordo com a Lei nº 9.394/96, foi criado o

ensino fundamental. Na lei anterior a educação

separava-se em três esferas: a Educação Pré-Primária,

a Educação de Grau Médio que é separada em dois

eixos: o Ensino Secundário e o Ensino Técnico, e a

Educação de Grau Superior.

Atualmente o Ensino Fundamental tem duração

mínima de nove anos, sendo obrigatório a todos com

Page 101: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 101

objetivos específicos, na formação do

desenvolvimento do domínio da leitura, da escrita e

dos cálculos; formação de habilidades como atitudes

e valores, tornando o ensino religioso como

facultativo, sendo oferecido sem gastos aos cofres

públicos, optado pelas famílias dos alunos,

desvinculando desta forma o ensino religioso da grade

curricular de ensino, também foi estipulada uma carga

horária na jornada no ensino fundamental de quatro

horas de trabalho efetivo em sala de aula.

Já no ensino médio, temos como duração de

três anos para finalização, desta fase da educação

básica, contendo como prioridade a preparação

básica para o mercado de trabalho e a cidadania do

educando, a compreensão de fundamentos científico-

tecnológicos da teoria com a prática de cada

disciplina, o domínio dos princípios científicos e

tecnológicos que desenvolve a produção do mundo

moderno entre outros fatores.

Na Educação Profissional, a formação integra

as diferentes formas de educação, ao trabalho, a

ciência e à tecnologia, conduzindo o educando as

Page 102: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 102

aptidões para o mercado de trabalho. A educação

Profissional será desenvolvida com o ensino regular,

fazendo parcerias com instituições especializadas no

ambiente de trabalho, para que aconteça a prática do

curso profissionalizante.

A legislação vigente da Educação Superior

ampara a estimulação cultural, desenvolvimento de

pesquisas e o pensamento reflexivo, busca formar

diplomados em diversas áreas objetivando a

participação nos setores de desenvolvimento da

sociedade, incentivar o trabalho de pesquisas,

desenvolvendo a ciência e a área tecnológica e

difusão de culturas desenvolvendo um melhoramento

para a humanidade, formar profissionais que visem

buscar o aperfeiçoamento intelectual, prestar serviços

especializados nacionais e regionais à comunidade

estabelecendo uma relação de reciprocidade, entre

outro aspectos são de sua abrangência. Um dos

fatores importante na educação superior é que são

ministradas tanto em instituições publicas quanto

privada com variados cursos ou especializações.

De acordo a tais argumentos citados acima,

Page 103: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 103

observamos que a estrutura do funcionamento do

Ensino Superior muda suas bases de formação dos

profissionais, pois na atualidade o profissional deve

ter um caráter mais ousado em relação a pesquisas e

descobertas, pois o meio em que vivemos esta

sempre se modificando e exigindo cada vez mais de

nossos profissionais.

A educação em geral passou por vários

processos, pois ela foi modelada conforme as

necessidades da humanidade e de sua economia,

passando a ser uma peça chave nas mãos do

capitalismo, como podemos perceber em varias

passagem da LDB de nº 9.394/96 como neste:

Parágrafo único. Os cursos de educação

profissional técnica de nível médio, nas formas

articulada concomitante e subsequente,

quando estruturados e organizados em etapas

com terminalidade, possibilitarão a obtenção

de certificados de qualificação para o trabalho

após a conclusão, com aproveitamento, de

cada etapa que caracterize uma qualificação

para o trabalho (BRASIL, 1996, p.35).

Page 104: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 104

Neste pequeno trecho analisamos as

repercussões do capitalismo no meio educacional,

buscando através de cursos técnicos, qualificar a mão

de obra para o mercado de trabalho, suprindo as

necessidades do capitalismo.

A corrente educacional que este educando, será

formado é o tecnicismo, que tem objetivos exclusivos

na “formação do individuo para o mercado de

trabalho”, lhe passando necessariamente apenas o

conhecimento de técnicas a serem utilizadas para um

melhor desenvolvimento do trabalho, deixando de

despertar no sujeito educando, o pensamento crítico.

Então desta forma esconde certas faces do modelo

econômico implantado no país, treinando apenas o

sujeito educando a ser escravo do processo.

O que as duas LDB trazem em comum são as

respectivas, igualdades em relação a esta corrente

educacional o tecnicismo, que repercute em dias

atuais numa nova “roupagem”, demonstrando força, a

favor da economia dominante.

Page 105: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 105

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo podem-se perceber os

vários impasses que giraram em torno do processo de

construção da LDB, desde suas primeiras iniciativas.

Conforme as análises feitas foram levantados diversos

aspectos referentes ao que se tinha na LDB de 1961 e

a de 1996. As mudanças começam desde as

terminologias até a introdução de novos assuntos não

abordados em 1961. O que de fato foi mais

significativo à inclusão da Educação Infantil e suas

especificidades como a distribuição de idade por nível

de ensino.

Reflete se nesse trabalho sobre o ensino

fundamental, ensino médio, técnico e superior, que

por sua vez discute determinadas questões que na

LDB de 4.024/61, não se tinha, pois desta apenas

existia a educação primária e secundária e ensino

técnico, que se esperava como já havíamos discutido

mão de obra qualificada para o mercado de trabalho.

A atual LDB discute vários fatores e suas

reformulações, só vieram a contribuir com a

Page 106: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 106

educação, mostrando melhoras no âmbito

educacional e assegurando através da lei a ser

cumprida.

Analisamos essas varias mudanças, a que mais

marcou nosso trabalho foi saber que a educação se

desenvolve, como um suporte para a ampliação do

capitalismo, e o modelo tecnicista ainda permanece

em dias atuais, sendo peça chave para a hegemonia

do capital.

REFERÊNCIAS:

ASSIS, Renata Machado de. A educação brasileira

durante o período militar: a escolarização dos 7 aos

14 anos. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 3, n. 2,

p. 320-339, jul./dez. 2012. Disponível em:

http://www.seer.ufv.br/seer/educacaoemperspectiva

Acesso em: Outubro de 2013.

BRASIL. [Lei nº 4.024, de 20 de Dezembro de 1961].

Lei de Diretrizes e Bases, 1961, disponível em:

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm)

acesso em: 24 Outubro de 2013.

Page 107: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 107

BRASIL. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei no

9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece

as diretrizes e bases da educação nacional. – 5. Ed. –

Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação

Edições Câmara, 2010.60 p. – (Série Legislação; n.

39).

CERQUEIRA, Aliana Geórgia Carvalho; CERQUEIRA,

Aline Carvalho; SOUZA, Thiago Cavalcante de;

MENDES, Patrícia Adorno. Artigo: A Trajetória da LDB:

um olhar crítico frente à realidade brasileira.

Disponível em:

<www.uesc.br/eventos/.../anais/aliana_georgia_carva

lho_cerqueira>, Acesso em: Outubro de 2013.

SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à

consciência filosófica. São Paulo: Cortez/ Autores

Associados,s.d.

Page 108: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 108

SAVIANI, Dermeval. Artigo: Organização da educação

nacional: Sistema e Conselho Nacional de Educação,

Plano e Fórum Nacional de Educação. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/es/v31n112/07.pdf Acesso

em: Outubro de 2013.

Page 109: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 109

Sobre as autoras

Andrea Trevisani Gonçalves, natural de Laranjeiras do

Sul-PR, discente do 4º ano no curso de Pedagogia pela

Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO-

DEPED. Seu Trabalho de Conclusão de Curso tem por

tema “A Educação Física nos anos iniciais do Ensino

Fundamental: Reflexões sobre um estudo de caso em

Laranjeiras do Sul”. Pretende dar continuidade as

pesquisas na área de pesquisa.

Caroline Severo de Azevedo, natural de Porto-

Alegre/RS tem 28 anos, cursa 4o ano de pedagogia

em Laranjeiras do Sul, na Universidade Estadual do

Centro Oeste/UNICENTRO, reside em Quedas do

Iguaçu-PR e trabalha como professora de Ensino

Fundamental, na Escola “Elvira Andreghetto

Severgnini” – APAE de Quedas do Iguaçu.

Deliane Lima, nasceu, em Laranjeiras do Sul, local

onde reside no momento. No ano de 2011 iniciou

seus estudos no curso de Pedagogia: Docência e

Gestão Educacional pela Universidade Estadual do

Page 110: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 110

Centro-Oeste- UNICENTRO, atualmente está no 4o ano

deste curso. Em 2013 começou trabalhar no Centro

Municipal de Educação “Infantil Primeiros Passos”, no

município de Laranjeiras do Sul. Possui experiência na

área de Educação Infantil. Atualmente trabalha na

mesma instituição e participa da formação continuada

desenvolvida pela Secretaria Municipal de Educação

de Laranjeiras do Sul.

Eliane do Carmo Corso, natural de Laranjeiras do Sul-

PR, discente do 4o ano no curso de Pedagogia pela

Universidade Estadual do Centro- Oeste/ UNICENTRO-

DEPED. Atua no S.O.S Serviços de Obras Sociais (ONG)

no Projeto Banco do Brasil Voluntariado, na função de

Pedagoga. Seu Trabalho de Conclusão de Curso tem

por tema “A importância da brinquedoteca hospitalar

para a criança hospitalizada”. Pretende dar

continuidade as pesquisas na área da Pedagogia

hospitalar.

Kerem Natany Travisani Lucini, 23 anos, discente do

4o ano no curso de Pedagogia pela Universidade

Page 111: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 111

Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO-DEPED/G,

atualmente, trabalha na produção do Trabalho de

Conclusão de Curso que trata sobre a perspectiva

desenvolvimentista, presente no modelo educacional

no período conhecido como “Era Vargas 1930-1945”.

Líria G. Macedo Scussel, cursa Pedagogia na

Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO é

formada no Curso de Formação de Docentes,

(Magistério), já atuo como professora em algumas

Escolas Municipais na Cidade de Rio Bonito do Iguaçu-

PR e em Guarapuava-PR atualmente é concursada

como professora na cidade de Foz do Jordão –PR.

Maglieli Viola Presa, natural de Laranjeiras do Sul-PR,

discente do 4º ano no curso de Pedagogia pela

Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO-

DEPED. Seu Trabalho de Conclusão de Curso tem por

tema “As Contribuições dos Jogos para Alfabetização”.

Pretende dar continuidade as pesquisas na área dos

jogos para alfabetização.

Page 112: O que mudou com a LDB ?

O que mudou com a LDB? 112

Marta Regina Schaedler, natural de Pato Branco - PR,

discente do 4o ano no curso de Pedagogia pela

Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO-

DEPED. Atua como professora dos anos iniciais na

rede Municipal de Ensino. Seu Trabalho de Conclusão

de Curso tem por tema “Práticas de Leitura

Orientadas pelo Livro Didático”. Pretende dar

continuidade as pesquisas na área da Pedagogia.

Vanderléia Vasconcelos nasceu, em Laranjeiras do

Sul, cidade onde mora atualmente. Em 2011

ingressou na Universidade Estadual do Centro-Oeste-

UNICENTRO, iniciando seus estudos em Pedagogia:

Docência e Gestão Educacional, no momento está no

4o ano deste curso. Em 2013 começou a trabalhar no

Centro Municipal de Educação Infantil “Emília Cesca

Alberti”, de Laranjeiras do Sul, adquirindo dessa

forma, experiências relevantes na área de Educação

Infantil. Participa da formação continuada

desenvolvida pela Secretaria Municipal de Educação

da mesma cidade.