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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” Curso: Docência do Ensino Superior O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE. AS CALÇADAS DE COPACABANA. por Arlinda Maria Carneiro da Silva Orientador: Profª. Diva Nereida Marques Machado Maranhão Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2007.

O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE DO BAIRRO … MARIA CARNEIRO DA SILVA.pdf · O aluno egresso do curso superior, ao sair da faculdade, na grande maioria, sentem-se perdidos

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

Curso: Docência do Ensino Superior

O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE

DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA

EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE.

AS CALÇADAS DE COPACABANA.

por

Arlinda Maria Carneiro da Silva

Orientador:

Profª. Diva Nereida Marques Machado Maranhão

Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2007.

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2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

Curso: Docência do Ensino Superior

O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE

DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA

EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE.

AS CALÇADAS DE COPACABANA.

Objetivo:

Este trabalho monográfico foi elaborado

para ser apresentado à Universidade Candido

Mendes, Instituto A Vez do Mestre, Pós-

Graduação “Lato Senso” como requisito parcial

para obtenção do grau de Especialista em

Docência do Ensino Superior.

Por

Arlinda Maria Carneiro da Silva

Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2007.

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3Agradecimento

Agradeço aos meus pais, que tiveram todo o

carinho e paciência ao dividir meu tempo com as aulas

para que eu possa reingressar no mercado de trabalho.

Agradeço aos mestres, da Faculdade de Turismo

da FACHA e os do Instituto A vez do Mestre que com

muita competência e carinho passaram de forma

proveitosa e digna as informações que me fizeram

crescer como profissional e como pessoa.

E por ultimo e não menos importante, agradeço

aos meus colegas que de várias formas ajudaram-me a

chegar ao final do curso.

Obrigada a todos!

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4Dedicatória

Dedico essa monografia a minha irmã caçula, Dina

Márcia, a quem a vida deu um limão e ela está fazendo

uma doce limonada.

E ao meu cunhado Renato Novaes que se faz um marido

amigo, confidente e um Grande Pai.

Deus abençoe aos dois!

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5Dístico

Depois de trabalhar toda a semana

Meu sábado não vou desperdiçar!

Já fiz o meu programa pra esta noite

E já sei por onde começar.

Um bom lugar para encontrar: Copacabana

Pra passear a beira-mar: Copacabana

Depois num bar à meia-luz: Copacabana

Eu esperei por essa noite uma semana.

Um bom jantar depois de dançar: Copacabana

Um só lugar para se amar: Copacabana

A noite passa tão depressa,

Mas vou voltar lá pra semana!

Se eu encontrar um novo amor:

Copacabana.

Composição: Carlos Guinle/ Dorival Caymmi

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6RESUMO

Há algum tempo, o ensino superior perdeu uma característica muito

importante que é o contato com a sociedade, divulgando o conhecimento de

sua atividade. Principalmente das novas profissões, a sociedade em geral

desconhece as atribuições dos alunos egressos dos cursos. É muito comum,

quando um Bacharel em Turismo se apresenta para um leigo, ouve: “Você

passeia muito, né?” esta é uma visão simplista e equivocada dos profissionais

de turismo e próprio de quem não sabe a importância sócio econômica da

atividade turística.

O presente trabalho tem como objetivo a revitalização do bairro nos

aspectos residencial, comercial, de lazer e turístico, por meio da integração dos

estudantes das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA - Curso de

Turismo e de jovens de comunidade do Morro Chapéu Mangueira.

Reorganizando o bairro para que volte a estar pronto para a sua forte vocação.

A de grande núcleo de recepção de turistas dentro dos padrões que a OMT dá

a conceituação do Turismo Sustentável.

Palavra-chave: Formação; Preservação de Patrimônio Cultural; Pólo Turístico;

Revitalização de Pólo Turístico; Teoria e Prática; Calçadão de Copacabana;

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7METODOLOGIA

Este trabalho foi elaborado através de observações do dia a dia da vida

acadêmica e no bairro, de pesquisa bibliográfica em livros, revistas e páginas

na internet, para concluir a hipótese de ser possível resgatar o glamour do

bairro mais famoso do Rio de Janeiro e do Brasil com cursos profissionalizante,

integrando graduados do Curso de Turismo das Faculdades Integradas Hélio

Alonso – FACHA e jovens de comunidades carentes do bairro de Copacabana

e recuperando o potencial turístico do bairro.

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8SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

DÍSTICO 05

RESUMO 06

METODOLOGIA 07

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A VIDA ACADÊMICA, A CIDADANIA E A SOCIETADA CIVIL

ORGANIZADA.

10

CAPÍTULO II

HISTÓRIAS E LENDAS DO BAIRRO DE COPACABANA.

15

CAPÍTULO III

A HISTÓRIA DA CALCETERIA

34

CAPÍTULO IV

GEOGRAFIA DE COPACABANA

40

CAPÍTULO V

PATRIMÔNIO CULTURAL DE COPACABANA

49

CAPÍTULO VI

A RECUPERAÇÃO DO GLAMOUR E DA QUALIDADE DE VIDA

DO BAIRRO DE COPACABANA.

53

CONCLUSÃO 56

BIBLIOGRAFIA 58

ANEXOS 61

ÍNDICE 72

FOLHA DE ATIVIDADES EXTRA CURRICULAR 75

FOLHA DE AVALIAÇÃO 76

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9INTRODUÇÃO

O aluno egresso do curso superior, ao sair da faculdade, na grande

maioria, sentem-se perdidos. Muito da teoria aprendida não sabem como

aplicar na vida profissional. A visão que tem da aprendizagem superior com o

objetivo de conseguir uma profissão e ser um ser realizado e bem sucedido. É

um grande equivoco. A participação social desse aluno fica prejudicada por ter

uma visão restrita do Ensino Superior.

Hoje é “moda” a elaboração e implementação com projetos ecológicos.

A proteção ambiental fica em evidência. Tudo para salvar o mundo, mas não

percebem que o Patrimônio Cultural material ou imaterial também se deteriora

e perde a capacidade de atrair turista e precisa ser preservado e restaurado.

Hoje é comum ver jovens envolvidos em trabalhos voluntários para

acrescentar em seu currículo. E muitas vezes, a atividade que desenvolve no

projeto, não tem nada a ver com os seus conhecimentos técnicos – científicos.

Não é claro para os alunos do ensino superior, que um objetivo nobre, é fazer o

educando, um indivíduo pensante e capaz de tomar atitudes conscientes na

execução de sua atividade e não percebe a necessidade de trabalhar

divulgando seu conhecimento técnico no presente trabalho disseminar os

conceitos do turismo sustentável.

A integração dos estudantes das Faculdades Integradas Hélio Alonso –

FACHA - Curso de Turismo com jovens das comunidades carentes do morro

do Chapéu mangueira em Copacabana, num projeto de qualificação da mão de

obra para a utilização na recuperação das calçadas do bairro pode promover a

inclusão social destes jovens e a revitalização do bairro nos aspectos

residencial, comercial e turístico.

Um sucinto estudo sobre a história do bairro de Copacabana e da arte

do mosaicismo no Brasil e em Portugal. Se pode chegar a uma proposta

positiva de revitalização do Pólo Turístico com objetivo de melhorar a qualidade

de vida dos moradores e de jovens carentes de 18 a 24 anos. Fazendo com

que a praia e o bairro de Copacabana volte a ser o lugar Glamuroso que tantos

atraiu para morar ou visitar durante um século.

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10CAPÍTULO I

A VIDA ACADÊMICA, A CIDADANIA E A SOCIETADA CIVIL

ORGANIZADA.

O ensino superior, nas ultimas décadas, no Brasil tem tido um

distanciamento grande de seus objetivos. Um graduando em cursos de

universidades seja ela pública ou particular, tem, na sua maioria, um olhar

voltado apenas para a sua formação profissional pessoal. Embora a

Constituição da República Federativa do Brasil diga no título VIII da ordem

social; no capítulo III da educação, da cultura e do desporto; na seção I da

educação no artigo 205 que a educação é um direito de todos, um dever do

estado e da família, “visando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”, a maioria dos

graduandos está distante da sociedade em geral.

Houve no passado um momento da vida universitária, que seus graduandos

prestavam serviços à sociedade num projeto chamado “Projeto Rondon”,

aonde os alunos de diversos cursos, iam para lugares desprovidos daquele tipo

de serviço e faziam um atendimento à população, dentro do programado no

projeto e na área de formação do graduando. Participando como cidadão e

agregando a seu conhecimento teórico uma vivência prática.

O artigo 206, de Constituição brasileira, disserta sobre os princípios que

norteiam o ensino no Brasil. O inciso II diz que devem ter “liberdade de

aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”.

Parece que o item divulgar o saber o saber anda longe do desejado. Houve-se

muito que a palavra de ordem é a solidariedade, mas parece que no quesito

divulga o saber fica tudo à desejar.

1.1 Objetivos da formação do acadêmico do nível superior.

Para a LDB1, no Título I referente à educação, no artigo primeiro diz:

“A educação abrange os processos formativos que se

desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos

1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

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11sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais”.

Isso significa que além do aprender e ensinar o saber, as instituições de

ensino devem estar preparadas para participar ativamente do ideais de

solidariedade humana qualificando seu educando para o trabalho sim, mas

também para exercer plenamente a sua cidadania, na interação com a

sociedade. Com base no princípio XI do artigo 3° associando “a educação

escolar, o trabalho e as práticas sociais”.

No capítulo V da LDB, que trata especificamente do ensino superior diz

que a Educação Superior tem como finalidade estimular a criação cultural e

desenvolver o espírito científico e do pensamento reflexivo. Formar

profissionais das diversas áreas que além de estarem aptos a se inserir no

mercado de trabalho, mas também participar do desenvolvimento da

sociedade colaborando para a formação contínua da sociedade como um

todo. Que dentro do conhecimento, o graduado possa promover a

divulgação de seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais,

socializando seu saber através de várias formas de comunicação.

1.2 A sociedade civil organizada.

Falar sobre sociedade civil é um trabalho árduo. Um assunto que vem

sendo discutido pos séculos, pelos mais renomados filósofos, antropólogos,

psicólogos e ciências que estudam o ser, pensar e agir do ser humano. Porém

um termo contemporâneo aparece no cenário mundial desde o segundo quarto

do século passado que é Sociedade Civil Organizada.

O termo aparece para conceituar uma sociedade que toma para si alguma

das obrigações que era do Estado.

Quando a sociedade civil com objetivos de lutar pelos direitos civis e

humanos, de forma organizada e em conjunto se chamar, hoje em dia, de

"Sociedade civil organizada" representa por “parte da sociedade civil”,

organizada na luta por maior inserção na atividade política, legitimada,

principalmente, pela ocorrência de duas determinantes: a impossibilidade de

resolução dos grandes problemas, que hoje assolam a humanidade, através de

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12ações apenas governamentais ou de mecanismos de mercado; e em função

da atual situação de descrédito nos sistemas de representação política, como

afirma Ivan Cláudio Marx, delegado de Polícia Federal em Jaguarão (RS).

Sendo as ONG – Organização não governamental, associações da

sociedade civil organizada, sem fins lucrativos, que desenvolvem ações em

diferentes áreas e que, geralmente, mobilizam a opinião pública e o apoio da

população para melhorar determinados aspectos da sociedade tratando de

assuntos de interesse da humanidade, tais como pobreza, preservação do

meio-ambiente, defesa de espécies em extinção, analfabetismo etc, em geral

são sem fins lucrativo e formadas por pessoas fora do governo.

1.3 A integração do trabalho acadêmico com

as comunidades carentes.

O ensino superior, entre outras finalidades, tem o desenvolvimento do

pensamento crítico como fim, propiciando a formação de cidadãos usando o

conhecimento aprendido em favor da sociedade como um todo.

Faz-se importante a integração da comunidade acadêmica com a sociedade

civil organizada, no intuito de socializar o conhecimento na busca de melhorar

a qualidade de vida, levando o saber para que a “igualdade social” aconteça,

minorando as mazelas da sociedade moderna.

As comunidades carentes, forma “moderna” de se referir as favelas, tem

organizadas dentro delas grupos que buscam a melhoria das condições do

lugar onde moram. As Associações de Moradores, que são sociedades civis

organizadas, trabalham junto de outras instituições estabelecidas, para

desenvolver projetos sociais na busca de uma condição de vida mais

humanizada.

Juntas, as comunidades acadêmicas e as associações de moradores de

comunidades carentes podem desenvolver projetos que podem mudar a vida

de um jovem, de uma comunidade, de uma rua ou de um bairro. Como no caso

estudado o bairro de Copacabana.

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131.4 A Faculdade de Turismo e a socialização

do conhecimento técnico – científico.

O turismo é uma das atividades com grande poder sócio econômico no

mundo moderno. Uma atividade que gera empregos diretos e indiretos,

aumento de divisas e pode gerar a melhoria da qualidade de vida da população

visitada, quando o turismo é desenvolvido de forma planejada procurando ter

sustentabilidade.

Para a maioria das pessoas, turismo é viajar para passear, transportando se

de avião ou ônibus e se hospedando em hotéis. Porem turismo não é só isso,

essa é a visão do turista.

O conceito, segundo a Organização Mundial de Turismo a OMT,

compreende "as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e

permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo

inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”, também é

a infra-estrutura turística de serviços e equipamentos que atuam junto com o

atrativo turístico para atrair e influenciar efetivamente o turista a viajar por

locais sonhado.

Quando uma pessoa viaja fazendo turismo, ele necessita de uma agência

de turismo, no seu lugar de origem para organizar sua viagem tão sonhada. Vai

precisar também de meios de transporte e vias e terminais de acesso, pois sem

eles não poderia chegar ao local que despertou o desejo do turista em

conhecer – o atrativo turístico. Ao chegar no local de visita, necessita de lugar

para se hospedar, comer, se locomover, compras lembranças, lugares de lazer

e muitas outras coisas que ele pode fazer no núcleo receptivo. Depois de tudo

tem que retornar ao seu local de origem. Visto dessa forma, o turismo é uma

atividade que influencia a economia local direta e indiretamente.

É comum se ver a desinformação com a importância socioeconômica da

atividade em questão.

Um dos elementos primordiais, para que tudo isso aconteça, é o atrativo

turístico que tem que ser tratado com muito cuidado para que ele não

desapareça ou perca sua característica cultura deixando de influenciar o

interesse de turistas em conhecê-lo.

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14Para isso é preciso que toda divulgação de um atrativo turístico deve ser

bem planejada para que esse atrativo, seja ele natural ou cultural, possa ser

preservado. Quem vai querer conhecer uma praia poluída? Ou quem vai querer

conhecer uma cidade considerada patrimônio artístico cultural se suas

edificações estejam em péssima condição de preservação.

É interessante que os acadêmicos do curso de turismo das Faculdades

Integradas Hélio Alonso – FACHA, busquem divulgar o saber técnico científico,

na prática, mostrando que um atrativo turístico, pode vir a ser uma boa fonte de

renda e melhoria de qualidade de vida para toda a sociedade se ele é bem

explorado, com planejamento e sustentabilidade.

Turismo no passado era classificado de “Industria sem Chaminés”, uma

visão equivocada, do século XIX, no intuito de mostrar que o turismo, diferente

das outras industria, não poluía. Mas foi um ledo engano, o turismo quando não

é planejado de forma sustentável ele pólio e até destrói o atrativo.

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15CAPÍTULO II

HISTÓRIAS E LENDAS DO BAIRRO DE COPACABANA.

Para o Dicionário Prático Ilustrado Lello, história vem do latim e significa

narração dos acontecimentos, dos fatos dignos de serem lembrados. Já os

professores Luiz Koshiba e Denise Manzi Frayse Pereira, a história, como

qualquer ciência, deve oportunizar a capacidade de pensar mais que

memorizar. Com a leitura interpretativa, o leitor é conduzido ao aprendizado da

exposição do próprio pensamento propiciando-o a capacidade de se fazer

ouvir. Assim o Ser, como cidadão poderá participar apaixonadamente, com

suas opiniões, dos momentos que exigem dele a participação ativa para

melhorar sua qualidade de vida do seu bairro, na sua cidade e de seu país.

Com esse objetivo, se faz um relato de fatos históricos, lendas e tradições

para formar, com o conhecimento de história e das estórias, a capacidade de

formar opinião e sensibilizar o morados do bairro da necessidade de preservar

as características, que fizeram Copacabana ser o bairro mais conhecido do

Brasil, no mundo.

2.1 Breve histórico da formação da cidade do Rio de Janeiro.

No século XVI, quando os portugueses iniciaram o reconhecimento da

costa da nova terra, que se chamou Brasil, com os muitos problemas religiosos

existentes na Europa, não era só por portugueses que procuravam terras para

iniciar novas cidades.

Foi o que ocorreu com os franceses uguenotes, que vieram para a

região da baia de Guanabara para formar a França Antártica.

Ao saber da invasão as terras de posse dos portugueses, a rainha D.

Catarina, viúva de D. João III, mandou que Mem de Sá, da fundasse a cidade

de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao herdeiro da coroa

portuguesa D. Sebastião com apenas três anos e cinco meses, entre os morros

Cara de Cão e o Pão de Açúcar; e com ajuda dos índios Tamoios, trazidos da

costa do Espírito Santo pelos jesuítas Nóbrega e Anchieta, expulsaram os

franceses. Com a retirada total dos intrusos, a cidade foi transferida para o

morro de São Januário que por conta de sua fortificação ficou conhecido por

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16Morro do Castelo ficando o núcleo da praia de Fora conhecida como Vila

Velha e hoje o bairro da Urca.2

Essa Cidade cresceu e tornou se a capital da colônia. Foi nos tempos

coloniais um dos principais portos das Américas. Foi aqui que viveu a Corte de

D. João VI, quando a corte portuguesa fugiu das guerras napoleônicas. Com

esse fato a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ficou sendo a sede do

reino português e com isso o Brasil foi elevado a categoria de Reino Unido a

Portugal e Algarve.

Muitos fatos da história do Brasil iniciaram ou culminaram no Rio, como

por exemplo: a Inconfidência Mineira, a Independência do Brasil, a Abolição da

Escravatura, a República, os movimentos tenentistas, o Fórum de Ecologia de

1992 – ECO 92.

A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi sede o Primeiro e

Segundo Império do Brasil, primeira sede da República, pólo cultural e social

do Brasil. A maioria dos movimentos culturais aconteceu por essas praias e

florestas; é possuidora de duas grandes camadas de verde, o Parque Estadual

da Pedra Branca e o Parque Nacional da Tijuca que por ser mais famosa é

considerada a maior floresta urbana do mundo. Embora o Parque Estadual da

Pedra Branca seja a maior em área.

Nas artes em geral, o Rio de Janeiro foi o pioneiro. Nas construções com

os diversos estilos como o neoclássico, art nouveau, art decô, modernismo, e

todas as suas variações; nas artes plásticas com nomes de peso como Burle

Marx, os irmãos Bernardelli, Mestre Valentim entre outros nomes ilustre.

Na música, com a grande exposição, principalmente da radiodifusão muitas

das mais belas pérolas do cancioneiro popular; obras ouvidas e cantadas em

todo o Brasil pelas ondas de rádios como a Nacional, e Mayrink Veiga e outras

e nomes como Vinícius de Moraes, Martinho da Vila, Noel Rosa, Beth Carvalho

e são tantas as estrelas que fica difícil nomear todas. Nas imagens televisivas o

Brasil riu e chorou com as telenovelas, programas de auditório e programas

humorísticos.

E de toda forma, o bairro de Copacabana fica conhecido, exposto e

2 Souto Maior. A – História do Brasil para curso colegial e vestibulares. Companhia Editora Nacional São Paulo – 1957

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17desperta a imaginação e os sonhos de brasileiros de todos os cantos do

país, em conhecer o viver as Maravilhas de Copacabana. Muitos sonham ou

sonharam em Visitar o Rio para conhecer as areias de Copacabana.

2.2 História do bairro de Copacabana.

Rugenda – século XIX

A Paisagem geográfica e urbanística

de Copacabana se modificou durante

os anos de urbanização da área de

Sacopenapã3, como era conhecido o

espaço que hoje estão Copacabana,

Leme, Ipanema e Lagoa Rodrigo de

Freitas.

Em 1986 a aparência da praia era de vegetação típica, era possível ver

espinheiros, cardos, pitangueiras, cajueiros e misturado com a mata nativa

muitos ananás. E em dias de mar calmo, os veleiros ancoravam pouco depois

da arrebentação e os marujos vinham até a areia em seus escales para

apanhar as frutas da região. Na praia se via choupanas de pescadores e

escravo, com suas hortas próximas.

Os acessos naturais para a praia eram por Ipanema, depois de

contornar ou atravessar, com canoas, a Lagoa Rodrigo de Freitas ou vindo por

Botafogo pelo Caminho dos Pretos Quebra-Bolo4, hoje Ladeira do Leme. Lá do

alto se viam os precários caminhos. O grande areal era cercado de morros,

como se pode observar em gravuras, pinturas e fotos tiradas do alto do morro

São João. O que chama a atenção em fotos de 1896 é que a Pedra do Inhangá

ia até a areia dividido a praia.

No início do século XX, já apareciam restaurantes na orla marítima. Um

era o Belle Vies, próximo de onde hoje está o Hotel Le Meridien e o Igrejinha

3 Tupi-guarani que significa caminho dos socos, uma ave pernalta muito abundante na região,

4 Gerson Brasil

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18no Posto Seis, ambos de propriedade de Martha Remy & Cantone; já

demonstrando o potencial turístico e de lazer da praia mais ‘badalada’ no

século XX.

Em 1910, a Companhia de Cervejaria Brahma comprou a antiga estação

de bondes da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico que foi construída

em 1904 de tendência neoclássica. O bar Brahma tinha um entrada pela praça

Júlio de Noronha reservada a almoços e jantares.

O restaurante Igrejinha era o antigo Restaurante – Bar – Concerto Mére

Louise de Madame Chaba, que segundo crônicas do final do século XIX e

início do XX, cobrava seis mil réis por ‘momentos de descanso’.

Ao lado do Mére Louise, havia uma casa branca chamada de ‘Casa dos

Ingleses’, porque ali residiam os profissionais que vieram para o Brasil para

colocar o cabo Submarino, de telegrafia, no posto seis. Num empreendimento

de Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, no império de D. Pedro II. O cabo

submarino chegou à praia de Copacabana trazido da Europa pelo vapor

Hooper da Telegraph Construction and Maitenance Company em 1873.

Copacabana é considerado um bairro completo. Nele tudo se encontra:

bancos; comércio em geral: antiguidade, roupas, calçados, alimentos, carros,

motos, brinquedos, jóias em lojas nas principais ruas do bairro, de forma

democrática em shopping e galerias elegantes os simples para clientes das

diversas classes sócio econômica; bares, restaurantes; teatros; cinema, lazer e

entretenimento. Quem reside em Copacabana não precisa sair do bairro para

fazer as atividades comuns do dia a dia de uma grande cidade. Com uma vida

ao ar livre, o carioca vive o dia e a noite num grande movimento de ir e vir de

pessoas no calçadão passeando, correndo, de bicicleta ou a pé. Uma

característica que dá a impressão aos cidadãos brasileiros de outros estados

de que o ‘Carioca Não Trabalha’, trabalha e muito, mas tem uma cultura que o

espaço geográfico permite, a vida ao ar livre e Copacabana tem essa

característica desde o final do século XIX o que pode ser comprovado em fotos

das pessoas passeando – ‘footing’, nos dias de domingos e feriados tal qual

acontece nos dias de hoje. O comércio variado, característica nata do bairro, vem de longa data. No

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19final do século XIX, existia uma chácara com estábulo de vacas leiteiras

como, por exemplo, a do então vereador Torquato Couto na rua, que hoje, se

chama General Ribeiro da Costa no Leme. Na praça Malvino Reis esquina com

a rua Barroso, hoje rua Siqueira Campos com a Avenida Copacabana, foi

construído, em 1904 o primeiro estabelecimento comercial e ‘Bom Marchê’, e

ao lado o Hotel Balneário Copacabana construído no espaço que se vê o

Centro Comercial de Copacabana o primeiro centro de comércio do bairro, que

hoje tem dois shopping e galerias comerciais como a Menescau – que pertence

a família do compositor Roberto Menescau; a Ritz; a Roxi e a Alasca famosa

por conta de seus teatro onde se via peças do tipo “vo devilli” até o sensual

clube das mulheres; o mercadinho Amarelo e o azul, com suas cafeterias e

tabacarias, com produtos importados e muito elegantes, serviam, de pé, um

cafezinho irresistível pelo aroma forte e marcante.

As primeiras construções residenciais começaram a ser erguidas no

primeiro quarto do século XX nas imediações da avenida Princesa Isabel que

então chamava Salvador Correia. Nessa época já havia linhas de bonde, com

tração animal, que acessavam Copacabana pelo Túnel Alaor Pratas que ficou

popularmente conhecido por Túnel Velho.

O segundo momento das construções de casas fica por conta do posto

seis. E em algumas fotos do inicio do século XX, se vê a especulação

imobiliária com vendas de terrenos na região da rua Santa Clara, é fácil

compreender a crônica de Rubens Braga, ‘A corretora do mar’5.

Na reforma do prefeito Carlos Sampaio é que aparecem os primeiros

bares na praça do Lido, em 1922, com mesas ao ar livre, uma prática até hoje

na Avenida Atlântica. No passado, existia, nessa região, uma amurada

demolida, na urbanização do prefeito Pereira Passos, era de pedra de cantaria,

com belas balaustradas como podem ser observadas em fotos da época. A

intenção das balaustradas era de fazer cobrança para as pessoas que queriam

usufruir da praia, como acontecia em algumas praias da Europa. Intenção por

vezes discutida, mas nunca conseguiu êxito.

Entre 1902 e 1906 a remodelação da cidade, com os planos do eng°.

5 Coletânea de crônicas, Ai de ti Copacabana de Rubens Braga.

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20Pereira Passos, também trouxe novidades para o bairro como a abertura do

túnel Coelho Cintra o Túnel Novo; a inauguração da avenida a beira mar de

pois chamada de avenida Atlântica; bondes com tração elétrica.

Os bondes são uma trabalho à parte, para cada evento existia um bonde

adequado como o taioba – um bonde mais barato e que servia para transporte

e bagagens; o para festas, concertos e teatros o bonde de luxo popularmente

chamado pelos cariocas de ‘bonde de ceroulas’, por causa das capas

colocadas nos bancos; o bonde ambulância para transporte de doentes e aos

primeiros atendimento médico; o bonde para casamentos e outro para féretro.

Outra idéia do projeto do Pereira Passos foi a divisão da praia em

postos de salvamento marítimo em número de seis.

Nas primeiras décadas do século XX, começaram a aparecer os

palacetes de estilos neoclássico e art dêco. O maior símbolo de modernidade

foi o aparecimento de edifícios, prédios de apartamentos de quatro a doze

andares que davam ao bairro a sofisticação das modernas.

Hotel Copacabana Palace em 1923 é o marco maior do glamour no

bairro, tornando-se o ‘point’ dos artistas, políticos, intelectuais e a elite da

sociedade carioca, brasileira e internacional. Hospedou “jet set” internacional,

O bairro começa a ser um local cobiçado. Todos queriam passar férias e

fins de semana em Copacabana. Com grandes palacetes e prédios de grandes

apartamentos luxuosos a especulação imobiliária começa a construção e

venda de apartamentos pequenos os ‘conjugados’ e depois os ‘kitnetes’ que

deveriam ser comprados para serem usados para veraneio. No entanto esse

tipo de empreendimento virou habitação popular, e com grande número de

moradores que trabalham no bairro que e para minimizar os custos sublocam o

espaço onde vivem, com o desemprego a grande maioria passa a trabalhar em

funções marginalizadas como camelôs e prostituição, um grande problema

social. Esse fato foi mostrando num filme contando as histórias de moradores,

o “Um Edifício Chamado Duzentos”, que era ambientado em um prédio na rua

Barata Ribeiro e que por conta da película, ficando marginalizado, solicitaram a

prefeitura da cidade do Rio de Janeiro a troca do número do prédio.

Apesar das mazelas, Copacabana ainda exerce um fascínio. Um patrimônio

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21cultural, histórico, natural e de manifestação popular tão intenso que é

preciso pensar em como recuperar o glamour de Copacabana .

2.3 Histórias sobre as imagens de nossa Senhora de Copacabana.

O escritor boliviano José Luis Guzmán Saavedra menciona cinco

imagens de Nossa Senhora de Copacabana no bairro. A primeira, a original, e

que deu nome à praia, chegou no Rio de Janeiro no século VII trazida por

‘peruleiros’, e que se encontra na Igreja da Ressurreição, na rua Francisco

Otaviano número 99, esta imagem, é que saia da Igreja da Ressurreição ia até

a Igreja de N. S. de Copacabana, a Matriz, e retornava, no domingo seguinte

em belíssima procissão noturna pelas areias da praia até 1992. A segunda era

uma imagem de Nossa Senhora da Auxiliadora que esteve na Matriz do bairro

desde 1908 até 1943 quando desapareceu. Seu paradeiro é desconhecido. A

terceira foi uma doação do povo boliviano, uma réplica fiel da imagem original.

A quarta também uma cópia da primeira Nossa Senhora de Copacabana, um

presente do Colégio Militar de Aviação da Cidade de Santa Cruz de La Sierra

ao exército brasileiro em 1971 e está nas dependências do Museu do Forte de

Copacabana, no posto seis. A quinta é também cópia fiel da primeira e foi

doada pela colônia boliviana, e desde os anos noventa participa das procissões

noturnas na praia. Se encontra na Matriz do bairro.

A paróquia de Copacabana foi fundada em 8 de setembro de 1908 por

D. Joaquim Arcoverde. No local onde hoje está a Matriz de Copacabana,

existia uma capela, pertencente à Ordem Terceira do Senhor do Bonfim, uma

ordem de homens de negros oriundos de trabalhadores do cais do porto que

trabalhavam com o embarque de café. Extinta a Ordem os bens materiais

foram transferidos para a Mitra em 1908. A capelinha foi reformada, mas não

estando em conformidade com o ‘status’ de Matriz, foi demolida e construída

uma igreja com características neogóticas, posta sob a proteção de Nossa

Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima sendo o altar mor destinado ao

Senhor do Bonfim6.

A paróquia cresceu rapidamente e um exemplo disso é que colaborou

6 Revista Beira Mar de 16 de novembro de 1924.

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22para a construção do monumento do Cristo Redentor com o valor de 24

317$500 – vinte e quatro mil e trezentos e dezessete réis e quinhentos.

Junto a construção da Matriz, foi construída a ‘Casa do Pobre de

Copacabana’, na rua Hilário de Gouveia de frente da praça Malvino Reis, hoje

Serzedelo Correia. Foi um marco no atendimento a pessoas desfavorecidas

com uma estrutura moderna com luxuosos consultórios médico e dentário,

excelente ambulatório, laboratório com bico de gás e água corrente; possuindo

ainda uma farmácia.

No terceiro quarto do século XX a Matriz foi demolida e em seu terreno

construída uma igreja de influência moderna. Com belos vitrais e capelas

arejadas tendo salas de catequese e espaços reservados para reuniões de

grupos e trabalhos ligados a igreja

Imagem de Nossa Senhora da Conceição de

Copacabana na Bolívia

Foto: www.aciprema.com/Maria/amlat/advboliv.htm

Catedral da cidade de Copacabana na Bolívia, as

margens do lago Titicaca.

Foto: Paulo Arias

Foto: David Sanger

Ladeiras de Copacabana na Bolívia

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23

Imagem de Nossa Senhora de Copacabana

no Rio de Janeiro

Matriz do bairro

Igreja de Nossa Senhora

de Copacabana

Foto: Arlinda Carneiro Silva

Foto: Sérgio Araujo

2.4 Fatos da história acontecidos em Copacabana.

Copacabana não é só um bairro com bela praia, charmoso e com uma noite

movimentada. Teve e tem momentos que fazem parte da história do Brasil e do

mundo como recentemente o show “Life Earth” no dia 7 de julho, espetáculo

nas areias de Copacabana e que fez parte de um conjunto de shows no mundo

todo para alertar a humanidade sobre os problemas de destruição da natureza.

Não se pretende esgotar o assunto, mas se pode citar alguns dos fatos mais

relevantes.

2.4.1 Instalação do cabo de telégrafo submarino com a Europa.

Em 1875 com a empresa British Eastern Telegraph Company inaugura a

primeira ligação internacional, por cabo submarino, com Portugal, na Praia de

Copacabana, lugar conhecido hoje por Posto Seis. A ligação com a Europa foi

resultado do empreendorismo Barão de Mauá, participando da organização e

do financiamento da instalação do cabo submarino.

Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, um dos mais importantes

empresários brasileiros de todos os tempos. Liberal, abolicionista, industrial e

empresário esses são atributos dados ao Barão por seus admiradores já seus

críticos referiam-se a ele por entreguista e opositor dos nacionalistas.

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24Responsável por vários empreendimentos de modernização da Cidade do

Rio de Janeiro como Os Estaleiros na Ponta de Areia hoje Estaleiros Mauá, a

Cia. de Gás do Rio de Janeiro, a Cia. Fluminense de Transportes, a Iluminação

Pública, o Canal do Mangue, a Cia. de Curtumes, a Cia. de Carris Jardim

Botânico, o Abastecimento de Água, a Cia. a Estrada de Ferro de Petrópolis, e

a Casa Bancária Mauá. Colaborando, com a infra-estrutura da cidade do Rio de

Janeiro e a economia do Brasil.

O pioneirismo foi sua a principal característica. De ascendência humilde,

Irineu Evangelista de Sousa nasceu em Arroio Grande, Rio Grande do Sul. em

28 de dezembro de 1813. O Industrial e banqueiro, doente, morreu em 21 de

outubro de 1889 tendo pago até o ultimo vintém que devia.

Hoje no local onde foi instalado o cabo submarino está a Z-13 uma das

poucas colônias de pescadores artesanais, existente no município dório de

Janeiro.

Z-13 – Pescador da tecendo

Uma rede artesanalmente.

Colônia Z – 13 No Posto Seis

Arrastão na praia de Copacabana.

Fotos: Arlinda Carneiro silva

2.4.2 Os Dezoito do Forte.

“Dezoito do Forte”, que na realidade eram vinte e nove, dezessete

militares e um civil, assim ficou conhecido o levante do militares aquartelados

no Forte de Copacabana, foram fotografados por Zenóbio da Costa,

caminhando pela avenida Atlântica, onde apenas dezoito aparecem. Essa foto

foi e publicada na revista “O Malho” quando os militares Eduardo Gomes, Mário

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25Carpenter, Newton Prado e Pedro Ferreira e o civil Otávio Correia em 6 de

julho de 1922, caminhavam para o confronto que aconteceu na esquina da rua

Siqueira Campos com a avenida Nossa senhora de Copacabana onde três mil

homens do governo federal os aguardavam.

Este episódio tem inicio na desavença política ocorrida entre o ex-

presidente da República Mal. Hermes da Fonseca que na época era o

presidente co Clube Militar e o presidente eleito Artur Bernardes. O pivô do

desentendimento foram cartas atribuídas a Artur Bernardes, onde ele referia-se

ao Mal. Hermes chamando-o de “sargentão”.

Artur Bernardes vence as eleições porem o resultado é contestado,

originando rebeliões em alguns lugares do Brasil. Em Pernambuco, o

presidente solicita que o exercito atue na contenção da rebelião popular.

Hermes da Fonseca exorta os militares a não reprimir o povo. Por esse motivo

o Mal. Hermes é preso e o Clube Militar é fechado em 2 de julho.

Os militares ficam ainda mais descontentes, com a indicação do civil

Pandiá Calógeras como Ministro da Guerra. Nos quartéis, ouvia-se que “a

procissão ia sair”. Era a forma camuflada que os militares usaram para falar da

insurreição que teria inicio no Forte de Copacabana, comandado pelo filho do

Mal. Hermes, o capitão Euclides da Fonseca que deveria ser seguido por todos

os quartéis do Distrito Federal.

Na madrugada de 5 de julho, o tenente Antônio Siqueira Campos ordenou

disparos dos canhões do Forte. Para alguns historiadores foram três: um contra

o Quartel General no Campo de Santana, outro contra o Depósito Naval e o

terceiro no Forte do Leme; há quem diga que houveram disparos contra nas

fortalezas de São João, na Urca e Santa Cruz em Niterói.

Ao contrário da grande insurreição dos quartéis, os encouraçados São

Paulo e Minas Gerais, fundeados junto à ilha de Cotunduba passam a

bombardear o Forte de Copacabana. O capitão Hermes da Fonseca saiu do

forte para um encontro com o Ministro da Guerra e recebe voz de prisão n

Palácio do Catete.

Dentro do Forte havia 301 militares de várias patentes, os Tenentes

Siqueira Campos o Mário Carpenter permitem a saída dos que não querem

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26combater. Saem 272 sendo orientados a sair pela praia de Ipanema indo

para Santa Cruz na Escola Militar.

O tenente Siqueira Campos, ao saber da prisão do Capitão Euclides da

Fonseca, por telefone, ouve a ordem de Pandiá Calógeras para que os

rebeldes se rendessem ou seriam massacrados. Diante disso, tomam a

decisão de sair para um confronto com as tropas legalistas. Antes de sair, o

tenente Siqueira Campos corta em vinte e nove pedaços a bandeira brasileira,

distribuindo um para cada militar e guarda um pedaço para entregar ao capitão

Euclides da Fonseca. Saem do Forte às treze horas do dia 6 de julho,

caminhando pela avenida Atlântica, e nesse percurso até a rua Barroso único

caminho que dava acesso a saída do bairro, junta-se ao grupo o civil Otávio

Correia, que recebe uma arma e o pedaço da bandeira destinado ao Capitão

Euclides.

Cercados pelas forças do Governo Federal, num combate que durou

aproximadamente trinta minutos, o levante dos Dezoito do Forte estava

terminado. Este episódio é considerado o primeiro movimento tenentista dos

conturbados anos vinte abrindo caminho para a Revolução de 30.

Os 18 do Forte

Foto: Zenóbio da Costa

A Cúpula do Forte de Copacabana.

Foto: www.almacarioca.com.br

2.4.3 Atentado ao Jornalista Carlos de Lacerda.

A Rua Tonelero começa na Praça Cardeal Arcoverde e termina na

entrada do Túnel Major Rubens Vaz, esse nome foi dado em homenagem a

uma vitória do almirante Grenfell na Passagem de Tonelero no rio Paraná.

Outro fato importante na história do Brasil na Rua Tonelero foi o do

atentado contra Carlos Lacerda, em 1954, no qual morreu o Major Rubens Vaz

que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas.

Vargas foi eleito presidente da República, tendo como vice João Café

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27Filho. Em 3 de outubro de 1950. A UDN7 exigiu a impugnação da chapa

vencedora, alegando que os candidatos não haviam alcançado maioria

absoluta, como determinava a Constituição.

O jornalista Carlos de Lacerda foi um dos principais defensores dessa

tese e tornou-se um dos maiores opositores de Getúlio Vargas. Escrevendo

para a Tribuna da Imprensa formulava os mais violentos ataques ao governo

como a campanha contra o jornal Última Hora de propriedade de Samuel

Wainer acusando-o de ter recebido do banco do Brasil milhões de cruzeiros

ilicitamente; fundou no Rio de Janeiro o Clube da Lanterna, e uma coligação

partidária de oposição ao governo federal, a Aliança Popular contra o Roubo e

o Golpe tudo com o objetivo de combater Vargas. Na madrugada do dia 5 de

agosto, em frente ao n° 180 da rua Toneleros, quando voltava de um comício

no Colégio São José, Lacerda, foi alvejado no pé e o atentado resultou na

morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz, integrante de um grupo de

oficiais da Aeronáutica que dava proteção a Lacerda Este fato leva a um

enfrentamento da Aeronáutica com o governo.

Ficando mais crítico quando o motorista de táxi Sr. Nélson Raimundo de

Sousa depõem na polícia informando que o autor do disparo fugiu em seu carro

e incrimina um membro da guarda pessoal de Getúlio Sr. Climério Euribes de

Almeida. Com isso Lacerda escreve um artigo exigindo a renuncia do

presidente. Foi autorizado um IPM8 no Galeão dando origem à expressão

“República do Galeão”. Foi preso em 13 de agosto Alcino João do Nascimento,

que em seu depoimento confessa a autoria do crime e incrimina Climério

Euribes de Almeida e Lutero Vargas, filho do presidente. Climério confessa ter

sido contratado por Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal e homem de

confiança de Getúlio, para eliminar Lacerda.

A situação se agrava com o Manifesto de 30 Generais do Exército e a

Marinha endossam as exigências da Aeronáutica. O vice-presidente Café filho

rompe com Vargas publicamente

Politicamente isolado e na iminência de ser deposto, Vargas suicidou-se

7 União Democrática Nacional

8 Inquérito Policial Militar.

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28em 24 de agosto de 1954. Causando grande comoção na população.

2.4.4 Afundamento do “Bateau Mouche”.

Um dos grandes eventos de Copacabana é a queima de fogos que

iniciou com a queima de fogos, mp hotel Lê Méridiam. Uma festa sem

comparação, milhares de pessoas se reúne, todas vestidas de branco e se

confraternizam na passagem do ano que começa.

O evento é considerado uma das maiores festas do mundo. A praia de

Copacabana fica tomada de gente que riem dançam felizes junto dos que

amam. Não só as areias ficam tomadas como o mar fica cheio de barcos,

lanchas e transatlânticos para assistir a queima de fogos de um outro angulo.

Na passagem de 1988 para 1989, embarcações vão para o mar e uma

dessas é o Bateau Mouche9, que zarpou do píer do restaurante Sol e Mar as

21h15’, com 150 passageiros, felizes para festejarem o réveillon e as 23h50’

naufragou no contorno do morro do Leme, junto à ilha de Cotunduba.

As investigações mostraram que a embarcação, alem de estar com um

número maior de passageiros, o barco, anteriormente tinha o nome de “BoKa

LoKa” havia sido adulterado, com um platô de concreto e sem nenhum

conhecimento técnico. Ao chegar na passagem entre o Leme e a Cotunduba, a

embarcação não agüentou as ondas do mar e os ventos do sul e virou de lado

ficou assim por alguns minutos e afundou.

Nesse desastre morreram 55 pessoas. Foi uma comoção nacional. A

Bateau Mouche Rio Turismo e a Itatiaia Agência de Turismo foram

responsabilizados na época. Mas a Justiça morosa ainda não puniu os

responsáveis por tal atrocidade.

9 s.m. (pal. fr.) Barco que realiza excursões de recreio (originalmente pelo rio Sena, em Paris; hoje generalizado; sign.

barco mosca, por saltar de lugar em lugar).

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29Reveillon na praia

Foto: www.imoveisrj.com.br

Rita Lee

Milhões de pessoas na

praia em show gratuito.

Foto: aoba.com.br/images

/flash/t_ritalee.jpg

Show dos Rooling Stone

1,3 milhão de pessoas

Foto: jbonline.terra.com.br

/.../2006/stones/jagger.gif

Para ver a Maravilha do réveillon de Copacabana, muitas embarcações,

de todos os tamanhos assistem ao espetáculo do mar.

2.4.5 Fora Collor.

Foi um movimento acontecido em 1992. Com a insatisfação do povo

brasileiro que revoltados com o presidente da República Fernando Collor de

Mello, que sofrendo pressão de opositores políticos, fez um pronunciamento à

nação, conclamando todos os brasileiros, para demonstrar o apoio a ele, pedia

que saíssem as ruas vestindo verde e amarelo. Como respostas a população

saiu às ruas, em grandes passeatas vestindo preto. A avenida Atlântica foi um

dos palcos desse movimento que aconteceu no Brasil todo.

Muitas foram as manifestações contra o governo como a passeatas dos

de estudantes organizados pelas UNE – União Nacional dos Estudantes, UBES

– União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e os DCEs – Diretórios

Acadêmicos conhecidos como “os Cara Pintadas”.

2.5 Personalidades de Copacabana.

O bairro aparece no cenário nacional como um lugar bom para morar, no

primeiro quarto do século XX. Por ser um bairro completo, de boa infra-

estrutura, com lazer e muito charme. Por isso muitas personalidades

escolheram o bairro para morar. A relação é grande por isso citaremos alguns

nomes:

2.5.1 Na Política.

General Rondon, Gaspar Dutra, Café Filho, Nereu Ramos, Juscelino

Kubitscheck, João Goulart, Ranieri Mazzili , Emílio Garraztazu Médici,

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30Tancredo de Almeida Neves, Carlos Lacerda ,Magalhães Pinto, Leonel

Brizola, Afrânio de Mello Franco , Gal. Henrique Teixeira Lott, Armando Falcão

, Horácio Lafer, Lyra Tavares, Lucas Lopes, Otávio Gouveia de Bulhões, Otávio

Gondin e Olímpio Mourão Filho.

2.5.2 Na Arquitetura e Carnavalesco.

Oscar Niemeyer, Clovis Bornai

2.5.3 Na Arte Cênica.

Dercy Gonçalves, Mário Lago, Raul Gazzola, Glória Pires, Guilhermina

Guinle, Elke Maravilha, Scarlet Moon e Jô Soares, Leonardo Vilar.

2.5.4 Na Literatura, Poesia e Dramaturgia.

Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drumond de Andrade, Ângela Carneiro,

Oduvaldo Viana, Oduvaldo Viana Filho “o Vianinha”, Glória Perez e Flávio

Marinho. 2.5.5 Na Música.

Mário Lago, Carlos e Katy Lira, Nara Leão, Roberto Menescau, Jorge

Bem Jor, Lulu Santos, Ari Barroso, Dorival Caymmi, Moraes Moreira, Altamiro

Carrilho, Clara Nunes, Billy Blanco, Neguinho da Beija-Flor , Cauby Peixoto e

Braguinha.

2.5.6 Outras personalidades.

Assis Chateaubriand, Benedito Valadares, Cibilis Viana, Bruno Medina,

Marta Rocha, Josué Montello, Odílio Denys, Roberto D’Ávila, Paulo Coelho,

Danuza Leão, Roberto Marinho e Lili Marinho.

2.6 A praia e os esportes

O carioca é um cidadão apaixonado pela vida ao ar livre e a praia deu

chances de aparecer, durante os anos, os esportes de praias. Muitos deles

apareceram por serem esportes de clubes.

Clubes que eram de classe abastada, não dando oportunidade de todas as

pessoas de participarem da prática desses tipos de esporte. Sendo assim, os

esportes de quadra e campo foram para a praia de Copacabana. Muitos têm

sua origem nas areias famosas no mundo todo.

2.6.1 No mar.

A natação foi o primeiro esporte nas águas da praia de Copacabana no

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31início dos anos cinqüenta aparece o jacaré, uma técnica de descer nas

ondas do mar só com o corpo e tendo os braços para direcionar o movimento

da onda. Mais tarde aparece o “surf” com enormes pranchas de madeira que

foram diminuindo de tamanho sendo construídas com fibra de vidro – um

material mais leve que a madeira.

2.6.2 Nas areias.

Nas areias de Copacabana, no inicio da fama da praia, eram proibidos

jogos. Mas com o tempo começou a aparecer inocentes jogos com bolas de

inflar e peteca por pura brincadeira. Mas como esporte os primeiros jogos com

bola forma o frescobol – um joga praticado até hoje, onde os adeptos dizem ser

o mais democrático dos esportes onde não existe contagem de pontos e nem

vencedores e vencidos. O prazer de jogar é o único objetivo.

A peteca passa a ser jogada como esporte nos anos quarenta. É

praticada, hoje por grupos de idosos no posto seis.

O vôlei de praia aparece na metade do século XX com grupos

organizados que compravam o material esportivo e faziam campeonatos entre

eles. Na maioria eram jovens que não possuíam posses para freqüentar clubes

de classe média alta, onde o jogo era praticado em quadras.

O futebol, apesar de se ter notícias de partidas nos idos do século XIX,

quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, ele aparece na praia depois

do vôlei. No começo improvisado com peladas onde os times eram

reconhecidos por os de camisa e os sem camisa. Depois foram se

organizando, com baliza até se organizarem em times e ter, como hoje várias

escolinhas de futebol na praia.

O futevôlei é um jogo que aparece nas areias de Copacabana. Desde os

anos oitenta, o futebol e o surf tinham horários para ser praticado, por causar

incômodos aos banhistas. O futebol só podia se jogado após dezesseis horas.

Se fosse jogado antes do horário determinado, os guarda-vida tomavam a bola

e acabava com a pelada. Um grupo de jovens, vendo que o vôlei não tinha

horário, começaram a jogar futebol na párea marcada para o vôlei. Quando o

guarda-vida chegava eles jogavam vôlei para disfarçar e dessa forma

perceberam que podiam jogar com os pés na área do vôlei. Nascendo assim

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32um dos esportes de bola mais praticados hoje em dia nas praias cariocas.

2.6.3 No calçadão.

No calçadão o que o carioca mais faz é a caminhada. Democrática é

praticada por pessoas de todas as idades, etnia e religião; por qualquer

objetivo por motivos de saúde, esporte, lazer ou pura e simplesmente caminhas

para ver a paisagem.

Paralelo ao calçadão, está a ciclovia, lugar onde além do ciclismo se vê

jovens com patins, patinete, e “skate” que junto aos corredores dão um ar ágil a

paisagem.

2.6.4 Nas brincadeiras.

Como diz a música “Brincadeira de criança, Como é bom! Trago ainda

na lembrança, Como é bom!”. Em Copacabana, as brincadeiras de crianças

eram tão criativas quanto qualquer criança criada em outros subúrbios do Rio

ou do interior do Estado. Nas praias não faltava um castelinho de areia ou um

buraco junto à água para fazer uma piscina particular. As pipas também eram

um bom divertimento, de todas as formas e cores dando um visual diferente no

céu azul.

As calçadas do bairro também inspiravam o universo infantil. De acordo

com o traçado formado entre as pedras portuguesas pretas e brancas a

brincadeira ia desde a tradicional amarelinha a um imenso precipício dos que

pisavam fora de linha de interseção determinada no jogo, a ordem é só pisar

em pedras pretas, ou agora só pode pisar nas brancas e assim crianças iam e

voltavam da escola com brincadeiras divertidas.

Ângela Carneiro10, é nascida e moradora de Copacabana, professora da

FAU/UFRJ - Escritora de livros infanto-juvenis descreve suas lembranças de

criança assim:

Foto de Arlinda Carneiro Silva

“Quem pisar na linha pisa na vovozinha!

Só vale pisar no preto!

Saltando, nos esforçávamos para conseguir a façanha:

chegar em casa sem pisar nas pedras brancas! Como

num jogo de Amarelinha, às vezes em fila indiana,

10 www.copacabana.com/calcadas.html

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outras com um pé em cada faixa, lá íamos nós.

Felizes! “

2.7 Outras Copacabanas

• Cachoeira no rio Majari, afluente da margem esquerda do rio Uraricoera

em Roraima.

• Península ao sul do lago Titicaca atravessada pela linha limítrofe do

Peru e Bolívia; tem 130 km² e tem o formato de um trapézio, é alta e rochosa.

Está ligada ao continente por um ístimo muito estreito. Nela está localizada a

cidade de Copacabana, há uma igreja e cuja virgem é aclamada Nossa

Senhora de Copacabana, uma imagem cuja crença popular é milagrosa.

• Praia na cidade do Rio de Janeiro, no litoral do oceano Atlântico tendo a

nordeste o morro do Leme e a sudoeste está o promontório de Copacabana.

• Copacabana também é um bairro na Baixada Fluminense, em

Queimados, que diferente do famoso bairro da zona sul, é carente em tudo. No

bairro existe uma escola e uma padaria, mas faltam ruas asfaltadas, iluminação

pública, saneamento básico e transporte.

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34CAPÍTULO III

A HISTÓRIA DA CALCETERIA

Uma das principais marcas de Copacabana são as pedras pretas e

brancas que mostram ao mundo todo a graça da praia e do bairro. Aparecem

logo nos primeiros projetos de urbanização do bairro

3.1 – O que são Pedras Portuguesas?

As chamadas pedras portuguesas são calcita as branca e basalto as

pretas. No começo eram importadas de Portugal, nos idos de 1905 pelo

prefeito Pereira Passos numa reurbanização da cidade do Rio de Janeiro, num

projeto de modernização da cidade, foi muito criticado, mas com ajuda de

Osvaldo Cruz com a vacinação obrigatória fez da cidade uma “Paris dos

Trópicos”.

Curvas do calçadão da

praia de copacabana.

Com o mesmo traçado do original, a

restauração de Roberto Burle Marx

Que fez as novas curvas mais

acentuadas, mais sensuais. Foto: Arlinda Carneiro Silva

3.2 – O que é calceteria?

• Calceteiro: s. m. Profissional que faz empedramento de estradas, ruas,

praças.

• Calcetar: v. t. [4ª. Conjugação]. Construir. Formar pedras de calçamento

ou britas com o martelo de calceteiro.

• Martelo de calceteiro: peça de trabalho do ofício de calceteiro.

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martelo de calceteiro

técnica conhecida desde o século XVIII em

Portugal

11

3.3 – A história da calceteria em Portugal.

É atribuído a D. Manuel, rei de Portugal, a iniciativa de pavimentar o piso

em volta da Torre de Belém com seixos rolados, que eram ‘calhaus’ rolados,

recolhidos as margens do Tejo. Feito para homenagear a chegada de Vasco de

Gama.

Um outro momento em que esse tipo de pavimentação foi usado, no

século XVIII, quando o grande terremoto destruiu a cidade de Lisboa e em

muitas casas foram desenhadas estrelas com seixos como talismã contra os

tremores de terra.

As chamadas ‘Pedras Portuguesas’, são de calcitas, as brancas e

basalto as pretas; empregadas pela primeira vez em Lisboa no ano de

1842, por iniciativa do Governador de Armas do Castelo de S. Jorge, Tenente-

general Eusébio Cândido Furtado. O desenho foi uma aplicação simples, tipo

zig-zag. A obra de certa forma insólita que motivou muitas sátiras cronistas

portugueses e levou o escritor Almeida Garret a mencioná-la no romance O

Arco de Sant'Anna. O sucesso foi tanto que proporcionou ao a pavimentar toda

a área do Rossio, seguramente a região mais conhecida, e central de Lisboa

11 Fotos de Arlinda Carneiro Silva

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36com uma extensão de 8.712 m². Logo,esse tipo de pavimentação se

espalhou por toda a cidade e pelo país.

Foi encontrado registros de mosaicos romanos, descobertos e

identificados nos albores do século XIX, nomeadamente em Conímbriga,

vizinha a Coimbra, o mais formidável sítio arqueológico de Portugal.

3.4 – A história da calceteria no Brasil.

No Brasil, a calceteria chega com o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira

Passos nos primeiros anos do Século XX abrindo um novo ciclo de

desenvolvimento urbanístico para a cidade.

Um homem com educação européia, e encantado com as novas e

majestosas avenidas que deram à capital francesa a feição que guarda ainda

hoje. Teve o propósito de fazer do Rio de Janeiro uma capital tropical nos

moldes europeus, começou um plano de urbanização, o ‘afrancesamento’ da

cidade e que por conta deste plano, ele ficou conhecido pela população como o

"bota abaixo". Pereira Passos arrasou o morro do Castelo, pondo por terra

cerca de 600 casas e rasgando Avenida Central, em 1905, que seria rebatizada

de Avenida Rio Branco, em 1912. E para calçar a nova Avenida, fez vir de

Portugal um grupo de calceteiros portugueses e, importando também, as

pedras portuguesas. Foi uma grande quantidade que além de calçar toda a

Avenida Rio Branco, com desenhos variados, as pedras ainda foram calçar, em

1906, a Avenida Atlântica, construída também por sua iniciativa.

As importações de pedras portuguesas efetuadas por Pereira Passos

nunca mais se repetiram, pois logo foram identificadas enormes jazidas

próximas ao Rio de Janeiro, mas a denominação das pedras ficou.

3.5 A história dos calçamentos de Copacabana.

O calçadão junto à praia, com desenhos que imitam as ondas do mar,

tornou-se a marca internacionalmente conhecida e que é a logomarca do

bairro, foi trazido por calceteiros portugueses, não eram tão acentuadas como

vemos hoje, se pode observar em fotos de eventos diversos na praia de

Copacabana, uma delas é a famosa foto ‘dos dezoito do forte’ em 5 de julho de

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371922, onde se vê curva menos acentuadas junto a linha da areia. Essas

curvas mais acentuadas fora de 1970, quando do alargamento da avenida

Atlântica, feita pelo paisagista, artista plástico e mosaicista Roberto Burle Marx

que não tirou o desenho original, mas tornou-as mais sensual. No calçadão

central e no calçamento junto aos prédios ele inovou trazendo a cor vermelha,

que segundo alguns autores foi uma homenagem as três etnias da formação

do povo brasileiro, a cor preta representando o negro vindo da África, a cor

branca representando o europeu e a cor vermelha representando o legítimo

dono das terras do Brasil, o índio.

Fotos de Arlinda

Carneiro Silva

Fotos de

www.copacabana.com/

Os traçados curvilíneos do calçadão da praia são tão famosos que até

os próprios portugueses já pavimentaram outras calçadas em Lisboa com

traçados semelhantes.

Foto de Arlinda Carneiro Silva

F

oto:

ww

w.c

opac

aban

a.co

m/

Calçadas de ruas internas do bairro

Fotos de www.copacabana.com/

Calçadão da praia.

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383.5.1 As calçadas das ruas internas do bairro.

Com todo charme, as ruas internas do bairro, em alguns lugares ainda

podemos encontrar as características que fizeram o bairro ser um dos cartões

postais para o turismo.Copacabana. As formas variadas e feitas com

sensibilidade e beleza, atento aos detalhes dos calçamentos e arruamento.

3.5.1.1 Os florões.

Fotos de Arlinda Carneiro Silva

3.5.1.2. Os geometrizados.

foto de Arlinda Carneiro silva

w

ww

.cop

acab

ana.

com

.br/

calc

ada

3.5.1.3 Marketing do comércio de Copacabana.

Nas calçadas do bairro, ainda é possível encontrar logomarcas

comerciais, marcadas em pedras portuguesas, Fazendo um marketing da casa

comercial, mesmo para os distraídos que venham olhando para o chão.

Na rua Barata Ribeiro tem a loja de perfumes Patchili e na Xavier da

Silveira o Colégio Malet Soares, um dos mais antigos colégios do bairro.

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3.5.1.4 Nas brincadeiras de criança.

Como

um jogo de amarelinha

estilizado.

Seguindo o caminho.

Com os dois pés!

Sem pisar nas pedras brancas.

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40CAPÍTULO IV

GEOGRAFIA DE COPACABANA

Um dos grandes potenciais turístico do bairro de Copacabana é sua

geografia física e humana distribuída entre o mar e os morros isolados da Serra

da Carioca. Este aspecto, que inspirou poesias como “vento do mar no meu

rosto e o sol à queimar. Calçada cheia de gente a passar e me ver passar” faz

um que de diferença no maior patrimônio do bairro a sua geografia.

4.1 – Delimitação física do bairro de Copacabana.

A delimitação física do bairro de Copacabana foi descrita no Código 024,

segundo o Decreto N°. 5.280 de 23 de Agosto de 1985, publicação no Diário

Oficial do Estado do Rio de Janeiro – Municipalidades de 25 de agosto de

1985, com o texto:

“Do Oceano Atlântico, no prolongamento da Avenida Princesa Isabel,

seguindo por esta e pela Avenida Princesa Isabel (incluída) até a Avenida

Nossa Senhora de Copacabana; por esta (excluída) até a Rua Roberto

Dias Lopes; por esta (excluída) até o seu final; daí, subindo o espigão em

direção ao ponto culminante do Morro da Babilônia (cota 235m); deste

ponto, pela cumeada em direção sudoeste, ao final da Rua General

Cardoso de Aguiar; por esta (incluída) até a Ladeira do Leme; por esta

(incluída) até seu ponto mais alto (cota 67m); daí, subindo a vertente do

Morro de São João, até seu ponto culminante (cota 241m); deste ponto,

pela cumeada em direção oeste, passando pelos pontos de cota 182m e

189m; deste ponto, descendo o espigão, até o ponto de cota 66m no

entroncamento da Ladeira dos Tabajaras com a Rua Euclides da Rocha;

daí, subindo o espigão do Morro da Saudade, até o seu ponto culminante

(cota 246m); deste ponto, em direção sul; descendo pelo divisor de águas,

passando pelo final da Rua Vitória-Régia (excluída) e subindo o espigão do

Morro dos Cabritos, até seu ponto culminante (cota 384m); deste ponto,

descendo e subindo o espigão em direção sul, passando pelos pontos de

cota 108m e 119m e, pelo divisor de águas atravessando a Avenida

Henrique Dodsworth (excluindo os prédios de nº 64 e nº 65) e a Rua

Professor Gastão Bahiana no seu entroncamento com a Rua Percy Murray

(incluída); daí, subindo o espigão, até o ponto culminante do Morro do

Cantagalo (cota 202m); deste ponto, descendo e subindo a cumeada, até o

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ponto culminante do Morro do Pavão (cota 98m); deste ponto, descendo o

espigão, até atingir o entroncamento da Rua Antônio Parreiras (excluída)

com a Rua Saint Roman (incluída); Rua Piragibe Frota de Aguiar (incluída);

Rua Bulhões de Carvalho (incluída) até a Rua Francisco Otaviano; por esta

(incluída) até o limite do Forte de Copacabana; daí, à Praia do Diabo

(excluída) e, pela orla marítima, passando pela ponta de Copacabana,

praia de Copacabana, ao ponto de partida”. 4.2 – Índices Estatísticos

Apresentando uma área de 410,09ha com uma população de 147 021

habitantes sendo 61.515 masculino e 85.506 feminino, no censo de 2000,

possuindo, na época, 61 807 domicílios na V Região Administrativa que inclui

os bairros de Copacabana e Leme.

Outros dados estatísticos como população, saúde, educação se vê nos

quadros estatísticos abaixo.

Segundo o censo de 2000, a densidade bruta da V região Administrativa

com os bairros de Copacabana e Leme, é uma das áreas de Planejamento

mais alta do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil. A tabela mostra a população

residente, área territorial, área acima da cota 100 e densidade bruta12.

População

Área [ha]

Área acima

da cota de

100 [há]a

Densidade

bruta

[hab/ha]

Total do

município do

Rio de

Janeiro

5 857 904

122 456

27 369

48

V

Copacabana

161 178

108

86

371

Leme

14 157

98

13

145

12 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2000.

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42Copacabana 147 021

410 72 359

Pelo valor do rendimento nominal médio mensal, pesquisado dentro da

população economicamente ativa no bairro, podemos observar com o valor do

rendimento nominal mediano mensal das pessoas com rendimento,

responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, verifica-se que o bairro

não tem mais uma maioria de moradores da classe média alta13.

Áreas de

Planejame

n

to,

Regiões

Administrati

vas e

Bairros.

Pessoas

responsá

veis pelos

domicílios

particulares

permanen

tes total.

Pessoas com

rendimento

responsá

veis pelos

domicílios

particulares

permanen

tes.

Valor do

rendimento total

mensal das

pessoas com

rendimento,

responsáveis

pelos domicílios

particulares

permanentes –

em reais.

Valor do

rendimento

nominal

médio

mensal das

pessoas com

rendimento,

responsáveis

pelos

domicílios

particulares

permanentes

– em reais.

Valor do

rendimento

nominal

mediano

mensal das

pessoas

com

rendimento

,

responsáv

eis pelos

domicílios

particulare

s

permanent

es – em

reais.

total 1 802 347 1 658 826 2 246 570 377 1 354,31 650,00

V

Copacaba

na

67 191

64 706

178 155 096

2 753,30

2 000,00

13 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2000.

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43Copacaba

na

61 591 59 306 160 588 653 2707,80 2 000,00

Leme 5 672 5 400 17 566 443 3 253,05 2 100,00

Neste quadro se observam os números de matrículas da rede municipal

de ensino, na Área de Planejamento dois, na 2ª. Coordenação Regional de

Educação, na V Região Administrativa nos bairros de Copacabana e Leme14.

APs

CREs

RA

Bairro

Matrícula

s

Número

de

Escolas

Total

das

APs

726 323

1 055

APs

2

2ª. CRE

60 180

114

V

Copacabana

5 567 9

Leme 896 1

Copacaba

na

4 671 8

A modernização do bairro de Copacabana pode ser observada pelo

número de antenas de telefonia móvel pessoal instaladas no bairro, a V Região

Administrativa.15

14 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2006. 15 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2006.

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44

Áreas de

Planejamento

Antenas telefonia móvel pessoal instaladas

e Bairros Total Empresas

Regiões

Administrativ

as

TIM

CLARO

TNL

TELERJ

município

1988

436

501

581

470

V

Copacabana

115

24

29

34

26

Leme 11 1 7 2 1

Copacabana 104 23 22 32 27

Nesse quadro se observa a característica que o bairro tem com uma

população de pessoas da Melhor Idade em grande número. Demonstrando

assim que é um bairro que atende as expectativas de idosos e de pessoas com

necessidades especiais. O levantamento foi feito com base na população

residente, por idade e por grupos de idade, segundo a V Região Administrativa e

os bairros do Leme e Copacabana16.

16 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2000.

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45

Total < de 1

ano

1

ano

2

anos

3

anos

4

anos

5

anos

6

anos

7

anos

8

anos

9

anos

10

anos

V Copa

cabana 161 178 1 181 1 124 1 136 1 179 1 180 1 181 1 180 1 146 1 182 1 179 1 208

Leme 14 157 117 124 135 137 106 145 119 136 126 123 123

Copa

cabana 147 021 1 064 1 000 1 001 1 042 1 074 1 036 1 061 1 010 1 056 1 056 1 085

11

anos

12

anos

13

anos

14

anos

15

anos

16 a 17

anos

18 a 19

anos

20 a 24

anos

25 a 29

anos

30 a 34

anos

35 a 39

anos

V Copa

cabana 1 260 1 376 1 277 1 404 1 520 3 345 4 558 12 710 11 841 10 591 11 598

Leme 148 154 136 139 149 309 403 1 091 1 030 881 1 115

Copa

cabana 1 112 1 222 1 141 1 265 1 371 3 036 4 155 11 619 10 811 9 710 10 483

40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos

80 anos ou

mais

V

Copacabana 22 373 20 598 9 526 9 288 9 325 7 189 8 523

Leme 1 999 1 840 752 686 679 579 676

Copacabana 20 374 18 758 8 774 8 602 8 646 6 610 7 847

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4.3 – Preservação cultural e natural do bairro.

Suas áreas naturais representam 26,10% da área total do bairro. Conta

de uma camada verde que compõem 14,28% da área natural, de florestas

compostas de mata terciária, não originais característica de Mara Atlântica, ou

seja, são florestas alteradas. Com a praia de Copacabana, que é uma praia

oceânica, tem, aproximadamente, 3,2km de extensão sendo que a praia e areal

compõem 8,91% e as elevações rochosas compõem 2,97% das áreas naturais.

O bairro de Copacabana possui 2 001 371,87m² de área de conservação

ambiental com Área de Preservação Ambiental [APA] da Orla Marítima, das

Pontas de Copacabana e Arpoador e seus entorno; Área de Proteção do

Ambiente Cultural [APAC] do Bairro Peixoto, do Lido e adjacências; Área de

Proteção Ambiental e de Recuperação Urbana [APARU] Parque do Cantagalo

e Parque Estadual da Chacrinha e Área de Relevante Interesse Ecológico

[ARIE] das Ilhas Cagarras.

4.4 – Túneis de Copacabana.

Os túneis de Copacabana são de grande importância para que o transito

flua melhor, principalmente nos horários de pico pela manhã e no fim de tarde,

porem são tão abandonados, a maioria deles tem sua iluminação fraca, com

paredes sujas que servem de albergue para meninos de rua e famílias inteiras

de desfavorecidos que fazem dos túneis seus dormitórios.

• Túnel Alaor Prata (Túnel Velho)

Em 1891 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a abertura,

pela Companhia Carris Jardim Botânico, do Túnel Alaor Prata – Túnel Velho,

como é chamado – ligando Botafogo a Copacabana, pelas ruas Figueiredo

Magalhães e Siqueira Campos com a Real Grandeza, sob a garganta entre os

morros da Saudade e São João. Sua construção visou dar passagem aos

bondes da Carris. Tem 182 metros e entre 1924 e 1925, na administração do

Prefeito Alaor Prata, foi reformado, dotado de passeios laterais e alargado de

5,50 para 13 m. Na década de 70 foi reformado pela segunda vez, fazendo

pistas superpostas para facilitar o transito entre os dois bairros.

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• Túnel do Leme (Túnel Novo)

O Túnel duplo do Leme – conhecido por Túnel Novo é a principal via de

acesso à Copacabana. Sua primeira galeria, chamada Coelho Cintra, foi

concluída em 1904, tendo as obras o comando do engenheiro Viana da Silva, e

alargada em 1941. A construção da primeira galeria permitiu que as linhas de

bonde da Carris Jardim Botânico fossem até o Posto Seis. A segunda galeria,

chamada Marques Porto, foi construída em 1946, na administração de

Henrique Dodsworth ligam as avenidas Lauro Sodré em Botafogo e Princesa

Isabel sob o Morro da Babilônia, tendo cada uma das galerias 250 metros de

extensão e 16 de largura.

• Túnel Sá Freire Alvim

Concluído em janeiro de 1960. Proporcionou a Copacabana uma terceira

via paralela à praia, do Leme ao Posto Seis, evitando que o tráfego neste

sentido se desviasse, na altura da rua Djalma Ulrich para a Avenida

Copacabana, onde provocava intermináveis engarrafamentos. Com 326 metros

de comprimento e 18m de largura, liga a rua Barata Ribeiro à rua Raul

Pompéia, sob o morro do Cantagalo.

• Túnel Major Vaz

Entregue ao tráfego em 21 de abril de 1963, Copacabana ganhou uma

quarta via paralela à praia, com a conclusão do Túnel Major Vaz, ligando as

ruas Toneleiro e Pompeu Loureiro, com 220 metros de comprimento, 18 m de

largura e altura livre máxima de 6,28 m, sob o morro dos Cabritos.

4.5 – Morros de Copacabana.

A maioria dos morros que, sucintamente aqui se descreve fazem uma

muralha que delimitam o espaço físico do bairro, espaço que se comprime

entre os morros e a praia da antiga praia de Sacopenapâ.

• Babilônia, Urubu e Leme: Separam os bairros de Copacabana e Leme

da Urca. No morro do Leme está localizado o Quartel Duque de Caxias ou

popularmente conhecido de forte do Leme. O mais alto é o Babilônia com 235m

de altitude.

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• São João e Saudades: estes dois ficam no limite entre o Botafogo e

Copacabana. O São João mede 241m e o Saudades com 246m.

• Cabritos: este está junto ao São João, ao Saudades e ao Catacumba e

ficava junto ao Cantagalo antes de parte do morro ser implodido para fazer a

ligação do bairro com a Lagoa Rodrigo de Freitas, é o mais alto do bairro

medindo 384m de altitude.

• Cantagalo e Pavão: Cantagalo, com 202m, separa o bairro da Lagoa e

parta de Ipanema. O Pavão, com 98m, fica dentro do bairro e que junto ao

Cantagalo e o Pavãozinho fazem um conjunto de morros no lado sul do bairro.

• Pedra do Itanhangá está localizada dentro do bairro na altura do Posto 3

e foi implodida uma boa parte para ligar a praia toda e das condições da

abertura das avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana.

• Promontório de Copacabana é à parte ao sul do bairro e voltada para o

mar, foi nele que estava a pequena capela cujo orago deu nome a região. Hoje

está o Forte de Copacabana.

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CAPÍTULO V

PATRIMÔNIO CULTURAL DE COPACABANA

A Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural,

que é hoje o instrumento internacional da UNESCO, a Convenção para a

Proteção do Patrimônio Subaquático e a Convenção para a Salvaguarda do

Patrimônio Cultural Imaterial afirmam que “O patrimônio cultural é de

fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos

povos e a riqueza das culturas”.

Constituição Federal, de 1988, no artigo 216, refere-se ao patrimônio

cultural brasileiro como “bens de natureza material e imaterial, tomado

individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação,

à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.

Na Revista Brasileira de História, no volume 26 número 51 de junho de

2006, Silvia Helena Zanirato e Wagner Costa Ribeiro dizem que o patrimônio

cultural tem tido um significado maior. Saindo do conceito tradicional de um

monumento artístico sendo interpretando como fatos de uma civilização,

passando a uma concepção de patrimônio sendo visto como o conjunto dos

bens culturais, referente às identidades coletivas e “Desta maneira, múltiplas

paisagens, arquiteturas, tradições, gastronomias, expressões de arte,

documentos e sítios arqueológicos passaram a ser reconhecidos e valorizados

pelas comunidades e organismos governamentais na esfera local, estadual,

nacional ou internacional” como patrimônio.

Logo os bens materiais e imateriais, tangíveis ou não são, para a maioria

dos cientistas, as manifestações da cultura popular formam a sua identidade

cultura de um povo. No que se refere ao bem natural esse conceito se amplia,

pois o uso indiscriminado desse recurso, pode por em risco a qualidade de vida

da população local.

No sentido de Patrimônio Cultural, Copacabana nasceu com ares de

“princesa”, como disse o poeta Braguinha.

Suas lendas começam no império de D. Pedro II quando dizem que o

imperador teria vindo a praia de Copacabana para ver duas baleias que

encalharam na segunda metade do século XIX.

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Existem relatos anteriores a esse como o da pintora inglesa Maria

Graham, em seu livro Diário de uma viagem ao Brasil, publicado em 1824,

falando sobre Copacabana.

“Depois que voltei, juntei-me a um alegre

grupo num passeio a cavalo a

Copacabana, pequena fortaleza que

defende uma das baías atrás da Praia

Vermelha e de onde se pode ver

algumas das mais belas vistas daqui. As

matas das vizinhanças são belíssimas e

produzem grande quantidade de

excelente fruta chamada cambucá, e nos

morros o gambá e o tatu encontram-se

freqüentemente.”

Com a chegada da Família Real Portuguesa, veio a Missão Artística

Francesa e com ela o pintor Jean Baptiste Debret que, em seu livro – Viagem

Pitoresca e Histórica ao Brasil, em 1834, relata o charme de Copacabana

assim:

“Vê-se no meio da areia a pequena igreja

de Copacabana, isolada num pequeno

platô, mais a direita um segundo plano,

formado por um grupo de montanhas,

entrando pelo mar e esconde a

sinuosidade do banco de areia, cuja

extremidade reaparece com sua parte

cultivada, tão reputada pelos seus

deliciosos abacaxis.”

Foto:www.memoriaviva.com.br

A predisposição para o lazer começa cedo, na gestão de Pereira

Passos, o bairro já tinha a Cervejaria Brahma e o Cabaré Merè Louise. Depois

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aparecem os cassinos17 Atlântico e o Copacabana, que atraíam “higt societe”,

com os jogos de bacará, campista, roleta, black Jack, carteado e

apresentações de artistas nacionais e estrangeiros.

Outro marco do bairro são suas construções em estilo “art nouveau” e

“art decô”, sendo um dos mais famosos o Hotel Copacabana Palace, onde o”jet

set’ internacional e a alta sociedade carioca se reunia. As calçadas são um

ponto que identifica o bairro, um marco internacional.

As boates eram estabelecimentos, “nigthclub”, aonde os amantes da

noite iam para conversar, ouvir músicas e dançar, também foram um atrativos

marcante do bairro entre muitas, uma das mais famosas e pioneira foi a Vogue.

Que lançou grandes nomes da MPB18 como: Dolores Duran, Aracy de Almeida,

Linda Batista, Angela Maria, Sílvio Caldas, Jorge Goulart, Inesita Barroso. E

freqüentadores também famosos, para citar alguns o Jacinto de Thormes, as

damas Lourdes Catão e Beki Klabin, as Senhoras Teresa e Didu Sousa

Campos, o casal Lili e Horácio Carvalho, os Mayrink Veiga.

Os passeios á noite, na orla, para “tomar uma fresca” aparecem no

segundo quarto do século XX onde famílias inteiras passeavam no calçadão.

Pratica comum ainda hoje.

Os eventos nas areias de Copacabana aparecem como uma outra forma

de cultura. Espetáculos clássicos e populares que se alternam para agrado da

população e turistas. O reveillon, o Cinema Tocado, Projeto Aquarius e

Concerto para a Juventude são exemplos da qualidade dos programas

oferecidos ao ar livre. Na passagem de ano, além da queima de fogos

podemos ver a manifestação religiosa de Centros de Umbanda e Candomblé

fazem suas oferendas a Iemanjá.

As areias e o mar são atrativos naturais que propiciam aos

freqüentadores da praia mais um lugar de lazer coletivo, barato e ao ar livre,

uma característica do carioca e que é bem apreciada pelos turista.

Copacabana tem um jeito próprio de ser. O morador de Copacabana tem

um grande afeto e faz de tudo para não sair do bairro. Com infra estrutura para

17 Os cassinos foram fechados no governo de Gaspar Dutra em 1946. 18 Música Popular Brasileira.

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pessoas de todas as idades e pessoas especiais, é um espaço deliciosamente

democrático.

No bairro encontramos atrativos de vários tipos. O mar, os morros e os

parques são belos atrativos naturais. O cultural abunda como o Chopinho

gelado, as bandas e blocos, as esculturas de areia e água, as construções. Os

artistas populares que pintam, dançam tocam cantam e encanto o visitante. As

feiras de artesanato, o comércio de objetos antigos. Dão o ar plural do bairro

mais famoso do Brasil.

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CAPÍTULO VI

A RECUPERAÇÃO DO GLAMOUR E DA QUALIDADE DE VIDA

DO BAIRRO DE COPACABANA.

No final do século XIX início de século XX. A Europa e mais

precisamente Paris, era considerada uma das mais “civilizadas” cidades do

mundo. Era o exemplo de urbanização, pólo de educação e “savoir afair”. A

maioria dos governantes, principalmente da América do Sul, buscava assimilar

a paisagem cultural ao sul do Equador, dos ares Europeu.

No Brasil não foi diferente. Copacabana surge como um ponto de lazer

logo nos últimos anos do império de D. Pedro II. Nos anos dez, ela aparece

com força na vida do carioca, com os passeios de domingo ao entardecer.

Os banhos de mar são apenas um remédio para os males. É

interessante saber que havia regras para ir a praia, não podiam sair nas ruas

do bairro de roupas de banho, era considerado um atentado a moral e aos

bons costumes. Não podia jogar bola ou peteca para não te algazarra. Mas

tudo foi evoluindo para uma forte e agradável vida ao ar livre. E o carioca se faz

da abundancia de mar e sol.

Os bares e restaurantes com cadeiras nas calçadas são um outro

charme e sofisticação. A vida noturna também se faz presente em Copacabana

com boates, cassinos e cinemas. A vida cultural de Copacabana transforma-se

rapidamente porem não pede o espaço das casas elegantes das pessoas que

buscaram o bairro para residir. O comercio chega com um grande apelo, com

elegância e variedade. Lojas de grife de moda feminina e joalherias que

funcionavam preto de uma vacaria ou de um hospital para pessoas que sofriam

de “mal do pulmão”. Essa ebulição de atividades faz uma juventude alegre e

que buscam novas formas de se divertir. Nos esportes ou na música, para

alguns historiadores, Copacabana é a grande responsável pelo fenômeno

musical a Bossa Nova.

No contesto também aparecem os hotéis de luxo, médio conforto ou

simples agradando a qualquer tipo de turista.

Mas nada é eterno, principalmente quando não foi uma atividade

planejada. Somando a isso, a Cidade do Rio de Janeiro, deixa de ser a Capital

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Federal, mas continua sendo a Capital Cultural do país. Copacabana começa a

perder seus encantos para parte dos moradores com a segunda fase de

urbanização da Barra da Tijuca na década de setenta no século passado.

Perdendo o respeito dos governantes, que fizeram e desfizeram, como os

interesses do momento, do bairro, furando aqui e acolá. “Roubando” as pedras

portuguesas da avenida Nossa Senhora de Copacabana, roubando sim porque

as pedras são de propriedade dos moradores e/ou comerciantes e não foram

consultados se queriam trocar o tipo de calçamento.

Hoje Copacabana é um grande e democrático caldeirão. Aqui convivem

senhoras de família e prostitutas, jovens de classe média com jovens carentes

de comunidades do bairro. A disputa entre camelôs e pedestres; ciclistas e

cadeirantes, crianças e adultos.

Com uma paisagem desorganizada, feia, com esgotos nas areias da

praia ou refluindo nas calçadas, um transito intenso e barulhento carros e

motos estacionados irregularmente. Tudo levando o bairro mais conhecido do

Brasil a o glamour.

O turismo sustentável pode reverter o quadro dando condições de

melhoria da qualidade de vida de seus moradores, pois o turismo movimenta,

no mundo todo, bilhões de pessoas durante o ano que viajam por vários

motivos.

Uma dessas sugestões é a integração do conhecimento técnico

cientifico do aluno do curso de turismo da FACHA e jovens do Conjunto

Chapéu Mangueira buscando uma profissionalização.

Uma dessas procissões é a de calceteiro. As calçadas de Copacabana tem

sido recuperadas por porteiros de edifício ou pedreiros que não conhecem as

técnicas da calceteria. Mesmo que os responsáveis contratem empresas de

construção civil para recuperar a calçada ela não fica em condições por falta de

conhecimento técnico dos operários. Como se pode ver na rua Siqueira

Campos. Empresas de construção civil que mesmo com material adequado

não são preparados para a atenção aos detalhes.

Afinal, como diz o poeta, Vinícius de Moraes: “beleza é fundamental”

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Descuidados da fiscalização!

Descaso público.

Ignorância populacional

Apesar dos instrumentos

adequados a falta de

conhecimento técnico

faz o trabalho ser de baixa

qualidade e sem beleza.

Quando o trabalho é feito com

profissionais, e projetos corretos, o

resultado é um calçamento plano e

belo dentro dos padrões do projeto.

Se vê aqui um bom exemplo desse

trabalho nas calçadas do bairro da

Urca junto com a associação do bairro

– AMUR.

Junto com parceiros que comunguem do mesmo fim é possível fazer um

bom trabalho em Copacabana.

É claro que um pólo turístico não precisa apenas de calçadas limpas,

planas e bonitas. No turismo sustentável existem necessidades de infra-

estrutura adequada a serviços, alguns que já existem e que precisam de uma

formação melhor dos prestadores de serviço.

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CONCLUSÃO

A visão contemporânea do Turismo mundial é de ter uma atividade

sustentável. Desprezando o conceito de ser o turismo uma Industria sem

Chaminés. Onde toda a sorte de equívocos foram cometidos em nome de um

progresso econômico, que levou ao total ou quase desaparecimento de muitos

atrativos culturais e naturais.

Um dos muitos exemplos foram as grutas da Chapada da Diamantina,

que se não fosse o trabalho de profissionais comprometidos com a causa do

Turismo Sustentável, já teriam desaparecido por completo. Outro exemplo é a

total descaracterização do local de nascimento do Brasil, Porto Seguro. Que

com a abertura da BR 101, ficou mais acessível e com a chegada de ritmos

modernos descaracterizou a região, como pólo turístico. Gerando devastação

da Mata Atlântica, gerando pobreza e interferência nas tribos indígenas do

litoral baiano.

Da mesma forma, Copacabana foi explorada, permitindo que um local

bucólico fosse destruído em nome da evolução urbana e especulação

imobiliária.

Foi criado em Copacabana um pólo turístico, receptor de turista de todo

o mundo. Com um apelo cultural e de lazer. Com Cassinos, Boates, e hotéis de

classe e muitas estrelas, como hóspedes, do jet set internacional e a fina flor

da higt society brasileira.

Copacabana teve dias de muita glória. Participou, em vários momentos

da história do Brasil. Mas também passou a ser uma Copacabana

descaracterizada com planos “modernos” de urbanização, tirando de si um dos

mais fortes sinais, as pedras portuguesas da

avenida Copacabana e colocando placas de

concreto. Com menires cilíndricos de concreto,

nas esquinas, com espaçamento de um metro e

meio de distancia entre eles, com a justificativa

de se um espaço para o retorno do “papo de

esquina”. A especulação imobiliária que

transformou a paisagem.

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As questões sociais graves, com uma população de rua intensa e

desprotegida. Constrangido e indignando moradores e visitantes.

O quadro de abandono é visto em um desrespeito com a utilização com

jardineiras que servem de lugar para os cachorros urinarem; ou grades que

invadem o espaço do pedestre em nome de uma falsa segurança. Com lojas

de produtos populares colocando-os na calçada para facilitar a venda. Com

restaurantes que colocam, em cima das pedras portuguesas assoalho sintético

para facilitar a lavagem do chão. Com carros estacionados nas calçadas ou

sendo lavados com mangueira. A desordem urbana é vista e vivida no dia a dia

pelos pedestres numa disputa desigual.

Desatenção aos detalhes!

Empresas que fazem as suas

reparações e deixam as

marcas nas calçadas.

Restaurantes na calçada

uma tradição no bairro.

Jardim?

Ocupação e segurança.

Depósito na calçada.

Armadilhas para qualquer idade.

Estacionamento irregular.

Irresponsabilidade do

Plano Rio Cidade

Se acredita que com projetos sociais de

profissionalização de jovens de

comunidades carentes juntos com jovens

estudantes de faculdades de turismo

possam reverter o quadro de abando do

bairro.

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Anexo – 1

Detalhe do "Plano del puerto del Rio Janeiro situado en la latitud S. de 225410

longitud occidental de Cadiz 3631", ano de 1780

COPACABANA, QUEM DIRIA, NASCEU NO SURUÍ Muito se especula sobre as possíveis origens de Copacabana, mas pouca gente imagina que a história do bairro começou em Suruí, na Baixada Fluminense. No mapa acima, de 1780, a indicação da "Freguesia de Nossa Senhora de Copacabana" original, no fundo da Baía de Guanabara. Numa sesmaria do recôncavo da Baía de Guanabara, concedida a Inácio de Bulhões em 10 de Setembro de 1565, iniciou-se a fundação da Paróquia de Suruí (depois Magepe e atualmente Magé) e a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora de Copacabana. Com o passar do tempo, as paredes ficaram em ruínas e a pia batismal foi então transferida para uma pequena ermida próxima, construída em 1628. Em 1710, a pia voltou para a capela, agora reintitulada de São Nicolau do Suruí e reconstruída de forma mais resistente, com paredes de pedra e cal. Em 1776, o oratório original foi levado para a Capela de Nossa Senhora de Copacabana, em Sacopenapã (atual Copacabana, na Zona Sul), que acabara de ser construída. Atualmente, está no Forte de Copacabana. A Igreja de São Nicolau do Suruí ainda guarda os retábulos do final do século XVIII, incluindo o altar-mor com influência neoclássica que sustenta a imagem de São Nicolau, de origem portuguesa. As pias da sacristia em mármore, a batismal e a de água benta também são originais. Poderia terminar o artigo por aqui, mas há questões que não dá para ignorar. O fato de poucos conhecerem a verdadeira história de Copa é preocupante, principalmente quando os historiadores tentam encobrir seu desconhecimento com versões estapafúrdias. Para justificarem a nomenclatura de Copacabana, foram buscar ídolos na Bolívia (N. Sra. Morena, N. Sra. da Candelária, o deus Copac Awana), no Perú (a santa Kjopac Kahuana) e expressões indígenas como "copa" e "caguana" em quichua, "copakawana" em aymara arcaico e até o tupi "cuá cocaba ana". Só faltou recorrerem à língua do "P”. Dizem alguns autores, com base em longas viagens na maionese, que um certo Bispo D. Antonio do Desterro, em 1746, estava num barco que foi emborcado por uma tempestade violenta na altura do Arpoador. Ele fez um apelo à Nossa Senhora da Candelária de Copacabana e prometeu que, caso sobrevivesse, construiria uma capela na praia, em frente ao

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local do naufrágio. Esta teria sido a origem da igrejinha. Esse conto fantástico é um plágio pobre da história (idêntica) da Igreja da Candelária, na Av. Pres. Vargas. Os mesmos elementos estão ali - tempestade, navio, promessa, a santa homônima - exceto os protagonistas, que eram marido e mulher em vez de bispo. Difícil de acreditar nessas lendas católicas. Considerando-se apenas os fatos comprovados e deixando de lado as fantasias e especulações, dá para deduzir que: 1) A família dos poderosos fazendeiros Proença, de Suruí, resolveu homenagear a Nossa Senhora de Copacabana e para isso construiu a capela original 2) A capelinha em ruínas que havia nas areias de Sacopenapã no séc. 17 era de outro santo qualquer ou mesmo os escombros de um simples oratório dos pescadores e nada tinha a ver com a Nossa Senhora de Copacabana; 3) Somente com a construção da igreja "de verdade", em 1776, no local onde hoje está o Forte de Copacabana, e com a transferência do oratório da santa de Suruí para lá é que a região começou a ser chamada de Copacabana. Ou seja, a Princesinha do Mar começou mesmo em Magé, antiga Suruí. Novas pesquisas que levem estes fatos em consideração poderão finalmente estabelecer a verdadeira história da praia mais famosa do Brasil.

http://www.serqueira.com.br/mapas/copa.htm - 17/07/2007 - 11h49

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Anexo – 2

19/06/2005 – OS IDOSOS E A CIDADE – O globo Revista. Estudo da Organização Mundial da Saúde elege Copacabana como laboratório para solucionar os problemas que

afetam, nas megalópolis, a qualidade de vida da terceira idade.

Por Antônio Marinho e Simone Intrator. Fotos de Ana Branco e Márcia Foletto

NO MEIO DO CALÇADÃO TEM uma pedra (portuguesa). Tem uma pedra (portuguesa) no meio do calçadão. E pior:

tem um idoso gritando de dor em qualquer canto de Copacabana. A queixa sobre a nossa Princesinha do Mar (ou

melhor, Senhorinha) é uma das principais feitas pela população que hoje predomina no bairro, um dos que têm mais

idosos em todo o mundo, segundo o IBGE: calçamento inadequado, irregular e com falhas, que leva a quedas, a

principal causa de internações entre velhos. A equipe da Revista O GLOBO foi para as ruas de Copacabana antecipar

quais serão os principais desafios da Organização Mundial de Saúde (OMS) para transformar o bairro numa Sociedade

Amiga do Idoso, projeto que visa a melhorar a qualidade de vida de quem já passou dos 60 anos e será lançado

pioneiramente no Brasil no 18ºCongresso Mundial de Gerontologia, a partir do próximo dia 26. A idéia é avaliar

diversos aspectos de Copacabana, desde a eliminação de barreiras físicas (pedras portuguesas na berlinda), passando

por políticas de transporte público até chegar à questão da socialização e da prevenção aos maus-tratos. Depois, o

projeto seguirá para Malásia, Cingapura, Austrália, Costa Rica, Jamaica, Áustria e Líbano. Muitas das queixas

convergiram para os mesmos pontos nevrálgicos da pesquisa que será apresentada no congresso: quedas, acidentes

no trânsito e violência são os principais problemas de Copacabana e do Rio.

O médico aposentado João de Deus Rodrigues, de 93 anos, na foto da capa, e morador do bairro há 80 anos, sai para

caminhadas todas as manhãs e acha que Copa mudou para pior.

— Carros estacionados nas passagens de pedestres atrapalham nossa locomoção, principalmente a de quem precisa

de cadeiras de rodas. Nas ciclovias há desrespeito ao sinal, colocando em risco os idosos na hora da travessia —

reclama.

OS 40 MILHÕES DE IDOSOS que moram em Copacabana representam 5% da população com mais de 60 anos do

Rio de Janeiro e 0,2% da do Brasil. Um contingente tão representativo que a OMS escolheu o bairro como laboratório

de um programa que se estenderá a todos os países do mundo num curto espaço de tempo. O desafio é enorme: a

população de idosos é a que mais cresce no planeta e as cidades têm que correr para se adaptar àqueles que serão a

maioria em menos de 20 anos. — O desafio é ainda maior para os países em desenvolvimento. Os países

desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecerem. Nós estamos envelhecendo antes de sermos ricos. E

dá para pensar em Copacabana como o núcleo de onde podem sair novos ideais (e novas idéias) para este país jovem

de cabelos brancos — explica o brasileiro Alexandre Kalache, diretor do Programa de Envelhecimento e Saúde da

OMS, que vem ao Brasil lançar o programa Sociedade Amiga do Idoso durante o Congresso.Cidades adaptadas são

aquelas que oferecem um meio urbano adequado ao idoso: eliminação de barreiras físicas, sinal luminoso mais

prolongado, boa iluminação, móveis nas praças bem adaptados, segurança, transporte público adequado, incluindo

degraus de ônibus mais baixos, e atitudes positivas ao lidar com pessoas mais velhas. — São os próprios idosos que

avaliarão os serviços e darão notas. Eles vão dizer como foram tratados no banco, pelos motoristas de ônibus etc.

Tudo o que for prestação de serviço será quantificado. Com isso, damos o poder ao idoso, ele passa a se defender. A

OMS já criou um índice que serve de parâmetro para os países aplicarem o projeto. Quem fiscaliza são os velhos —

diz Kalache.Quedas: principal causa de internação Geni Vilela, de 87 anos, divide-se entre Campinas e o Rio. Ela

passeia em cadeiras de rodas com auxílio de uma acompanhante e lamenta que em muitos lugares ainda encontre

dificuldades para se locomover.— As escadas rolantes, por exemplo, são estreitas e os meios de transportes não estão

adaptados aos idosos ou a pessoas com dificuldades de locomoção, sem falar em calçadas sem rebaixamento —

comenta.Os riscos para a população idosa no Rio ainda são mesmo altos. Pesquisa do Instituto de Gerontologia

Cândido Mendes com o Ipea mostra que as quedas são a principal causa de internações (mais de 50%) por fatores

externos de pessoas da terceira idade no Rio de Janeiro seguida pelos acidentes de transportes, sobretudo

atropelamentos.— São necessárias medidas de políticas de prevenção nas vias públicas e nos domicílios, já que uma

queda, para um idoso, pode ser a porta para a dependência física, quando não leva ao óbito. As queixas de todos os

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SOS Idosos do país, em recente pesquisa, também são sobre a falta de respeito do motorista de ônibus com os velhos,

ou por não parar no ponto, por não esperar subir ou saltar, ou por não respeitar o idoso — diz Laura Mello Machado,

diretora do Instituto de Gerontologia da Universidade Candido Mendes, mestre em psicologia e coordenadora de

Comunicação do Comitê Organizador do XVIII Congresso Mundial de Gerontologia.Para ela, os serviços de assistência

médica e social também deixam muito a desejar:— Copacabana não tem sequer um geriatra nos postos de saúde. Isso

é muito grave. O idoso, cada hora é atendido por um médico, que passa um remédio e não analisa sua saúde como um

todo. Essas combinações de remédio podem ser péssimas e levar, inclusive, à falta de equilíbrio.Apesar do perigo nas

ruas, a médica aposentada Iolanda Bittencourt, de 91 anos, sai para caminhadas diárias na orla, acompanhada de uma

cuidadora, e leva uma vida ativa. Sempre que pode, vai ao cinema e ao teatro e acha que hoje há mais facilidades para

os idosos, mas é preciso melhorar.— As pessoas poderiam ser mais atenciosas e nos respeitar mais — afirma.Mas há

quem reclame pouco. Anyram Fabrício Vieira, 89 anos, vive em Copa desde os anos 40 e diz que não sente o peso

dos anos:— Eu procuro viver sem pensar na minha idade. Quando quero me distrair, pego um ônibus e cruzo a cidade.

Outro dia fui à Barra.Para Kalache, o importante é que a cidade não boicote a independência e a autonomia do idoso,

fundamentais para a qualidade de vida:— Só assim ele pode viver de acordo com suas próprias regras e suas próprias

escolhas. A questão dos maus-tratos também é importante. Destratar, gritar, mostrar-se intolerante tem um peso

enorme para um idoso.

19/06/2005 – COPACABANA AMIGA DO IDOSO – O Globo Revista

Por Alexandre Kalache, da OMS19

A maternidade onde nasci em Copacabana, em outubro de 1945, Arnaldo de Moraes, já não existe. Voltei lá no ano

passado para despedir-me de uma idosa saudosa e querida, minha madrinha. A Arnaldo de Moraes tinha se tornado

virtualmente um hospital geriátrico. Uma parábola da transformação do bairro onde cresci. Hoje Copacabana apresenta

uma das mais altas concentrações de idosos do mundo! Mais que a Suécia, Japão... ou Suíça — onde eu agora vivo.

Copacabana de minha infância e juventude era onde tudo acontecia. Onde as modas eram lançadas, estilos de vida

copiados Brasil afora. Copacabana era o microcosmo do país. Uma Copacabana dos jovens. Semanas antes de

completar 30 anos fui para Inglaterra fazer minha pós e continuo vivendo na Europa. De Londres meu interesse

profissional por “envelhecimento” se cristalizou, refletindo a infância copacabanense cercada de idosos fascinantes de

uma família que não mais existe. Mas Copacabana continua sendo uma referência nacional. Esta Copacabana

envelhecida deveria hoje aceitar um novo desafio. De novamente ditar padrões para o país que em pouco tempo

apresentará o perfil demográfico por ela anunciado. De se tornar um laboratório de idéias, projetos. Estabelecendo

parâmetros que serão copiados depois pelo resto do país. Uma sociedade que Oscar Niemeyer olhe com gosto de sua

janela na Atlântica afirmando “aqui sim é bom envelhecer”. Aí eu voltarei para desfrutar desta Copacabana pioneira

como dela desfrutei em minha infância e juventude. Uma Copacabana que de Princesinha terá virado Rainha do Mar.

19 Organização Mundial de Saúde.

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Anexo – 3

Vídeos sobre Copacabana no Programa Globo Repórter.

• O desafio de ser feliz em Copacabana

Em 1986, o repórter Pedro Bial mostrou como era a vida no bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio de

Janeiro. Entre 4 mil prédios espelhados sem lógica, sonho e pesadelo. Já naquela época, os moradores

passavam os dias tentando sobreviver e, o mais difícil, conviver.

• A diferença mora ao lado

Milhares de vizinhos desconhecidos. Janelas encarando janelas. A diferença mora ao lado. É a contradição

do habitante da grande cidade: solidão em massa. Alguns prédios de Copacabana são a expressão desse

modo de vida. Em um edifício da Rua Barata Ribeiro, corredores de cem metros de comprimento são a única

coisa que os moradores têm em comum.

• Praia e comércio

É na praia que Copacabana é feliz. Num fim de semana de sol, a areia é disputada por milhares de

banhistas. Mas, se a Avenida Atlântica é um lindo balneário, as ruas internas do bairro são um feroz centro

da cidade – confuso, barulhento, poluído e feio. O comércio local serve aos moradores, mas reserva um bom

espaço para atender aos visitantes.

• Arte e cultura

Nos prédios e nas ruas de Copacabana, nasceram obras-primas da música, da arquitetura e da literatura. Foi

no bairro que Guimarães Rosa escreveu "Grande Sertão: Veredas" e Oscar Niemeyer criou as curvas de

concreto de Brasília. No Beco das Garrafas, surgiu um ritmo que conquistou o mundo: a bossa nova.

• Ratos e anjos da noite

De noite, em Copacabana, nem todos os gatos são pardos. Em entrevista, o museólogo e carnavalesco

Clovis Bornay, uma espécie de embaixador da Rua Prado Júnior, apresenta o Rei das Medalhas. Conheça

as histórias de famílias e passageiros clandestinos da noite de Copacabana. A Galeria Alaska é o refúgio de

gente à procura de companhia, de alegria, de uma paixão, de dinheiro.

• Eterna Princesinha

Braguinha fala das mudanças que Copacabana sofreu em quatro décadas, desde o lançamento da canção

que eternizou a Princesinha do Mar. "Está mais agitada, mais nervosa, mais barulhenta. Mas, em todo caso,

continua linda. E o mar há de cantar eternamente: 'Só a ti, Copacabana, eu hei de amar'", declara o

compositor.

globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VPQ0-2698-17604-4,00.html 17/07/2007 – 12h

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Anexo 4

PUC-Rio / Departamento de Artes & Design

Análise Gráfica / 2004.1

Prof. Edna Lúcia Cunha Lima

Aluno: Stefano Brandão Taranto Galhardo

O papel do design gráfico – a identidade visual da cidade

Copacabana - A Jovem Senhora

Introdução

A proposta deste trabalho é identificar as diversas variantes do design no bairro de Copacabana, passando por

pontos importantes. Ainda, constata a situação atual e a maneira como o design é inserido na paisagem e

comunicação do bairro.

Histórico: O Caminho até aqui...

Área de difícil acesso, incrustada entre altas e verdes montanhas, Copacabana permaneceu praticamente

isolada do centro do Rio, até o final do século XIX. No início do século XX, sob a gestão de Pereira Passos, foi aberto o

Túnel do Leme (atual Túnel Novo).

No mesmo ano de 1906, foi inaugurada a Avenida Atlântica, que com as ondas de seu calçamento-mosaico de

pedras portuguesas, se tornaria o símbolo maior do bairro e da própria cidade. Na década de vinte, foi inaugurado o

Hotel Copacabana Palace, trazendo para o bairro festivos bailes e personalidades internacionais. A partir dessa época,

a elite urbana do país - intelectuais, artistas e estrangeiros - instalou-se em Copacabana, onde casas passam a dar

lugar a grandes edifícios, tornando a paisagem em símbolo da modernidade. Paralelamente, já marcando a vocação do

bairro à diversidade e a contrastes, a ausência de uma boa política habitacional consolidou a favela no cenário, com a

ocupação dos morros do Leme e Tabajara.

Nos anos 40 e 50, Copacabana concentrava grande parte da vida cultural e noturna da cidade, fermento donde

surgiram os primeiros acordes da bossa-nova. Junto a isto, a infra-estrutura, a ampla rede de serviços e a invejável orla

de areias claras - marcas do bairro -, fazem do Rio de Janeiro, sonho de consumo mundo afora. A população jovem

dos prédios formava as famosas "turmas", ainda hoje lembradas com nostalgia e carinho pelos moradores mais

antigos.

Copacabana caracteriza-se pela rapidez de seu crescimento e de sua interminável reconstrução. A partir dos

anos 60, o bairro famoso passou a atrair cada vez mais gente, em busca do status que conferia. O desenvolvimento

desordenado levou Copacabana a tornar-se numa espécie de segundo centro da cidade, lugar de circulação diária de

centenas de milhares de pessoas.

As transformações e os contrastes fazem do bairro uma enorme síntese estético-social do país: o melhor e o pior, o

feliz e o triste, o feio e o belo, o rico e o pobre, juntos lado a lado, numa incessante dialética de confronto e troca.

Copacabana Hoje

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Na conhecida faixa de terra de um quilômetro de largura e quase cinco de extensão, espremida entre o mar e

a montanha, existem setenta e oito ruas, cinco avenidas, seis travessas, três ladeiras e seis acessos viários. Mas

muitas, são as maneiras pelas quais se pode olhar para Copacabana. Na multiplicidade dos ângulos, talvez o melhor

para desenhar os seus contornos, seja o da sua gente. Área que ainda se mantém residencial, Copacabana abriga

quase 200 mil moradores. Boa parte deles, acompanhou todas as transformações das últimas décadas: são as

pessoas com mais de 60 anos (cerca de 25% da população do bairro, bem mais do que a média nacional, na casa dos

8% entre todos os brasileiros), que formam o alegre e saudoso grupo da terceira idade. No outro extremo, mas

dividindo e disputando os mesmos espaços, está a população infanto-juvenil, também muito numerosa na área.

Praticamente toda a limitada área do bairro está ocupada. A grande maioria das pessoas espalha-se pelos

milhares de edifícios residenciais, desde os suntuosos e históricos prédios à beira-mar até outros mais simples, em

cantos mais modestos do bairro.

Dos cerca de 25 mil apartamentos da rede hoteleira da cidade, dois terços estão no bairro. Só não há mais,

devido à insuperável ausência de espaço. Especialmente no verão, entre dezembro e fevereiro, andar pelo calçadão da

Avenida Atlântica expressa esta dimensão "transcultural"; em pouquíssimos outros lugares podem-se ouvir tantos

sotaques e línguas diferentes lado a lado.

Desnaturalização: A Percepção do Design

Este estudo pretende fazer um pequeno panorâma das formas de comunicação e design do bairro de

Copacabana. Vai abordar sua arquitetura, projetos urbanísticos, comércio, sinalização, caracterização e localização.

Projeto Urbanístico: Sinalização, Localização e Caracterização.

O projeto urbanístico de Copacabana era marcado pelas calçadas de pedra portuguesa e pelas placas de sinalização

azul e brancas, também presentes em grande parte da cidade.

Porém no primeiro governo de César Maia tivemos a implementação de um projeto urbanístico na Av. Nossa

Senhora de Copacabana que deu uma nova roupagem ao bairro. Muito criticado, o Rio Cidade de Copacabana,

substituiu as calçadas de pedras portuguesas por outras de concreto armado bem como a sinalização das ruas, com

introdução de um novo tipo de placa de sinalização: pequenas e amarelas, que funcionam como as antigas, indicando

o primeiro e o último logradouro da quadra. É bom notar que a numeração dos prédios vai crescendo no sentido leme-

arpoador e também à medida que se afasta da orla.

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Sob o ponto de vista do design, é evidente que este projeto não teve muita preocupação em valorizar a 'alma'

do bairro, optando por uma obra crua e prática, que nos dá a impressão de descaso principalmente se tomarmos como

parâmetro outros Rio Cidade, como o do Leblon.

Arquitetura

A arquitetura de Copacabana se mistura ao passar dos anos. Podemos encontrar facilmente prédios novos

entre os antigos. A maior parte deles possui em torno de 50/60 anos, justamente quando começou a época áurea do

bairro (os prédios na orla são os mais antigos). Uma das primeiras obras foi o Hotel Copacabana Palace, inaugurado

em 1923, projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire, que se inspirou no Hotel Negresco de Nice e no Hotel Carlton

de Cannes.

Atualmente, pouca atenção é dispensada para a conservação e manutenção dos antigos prédios do bairro.

Quando se pensa em realizar obras nestes, os responsáveis buscam pela mudança da fachada (normalmente

utilizando-se de espelho e vidros), ao invés de optar pela sua restauração e conservação do espírito arquitetônico. Fica

claro que esta segunda opção iria se encaixar melhor no espírito do bairro, ao valorizar uma das suas maiores

riquezas, a arquitetura. Esta compreende belos exemplos do art-déco e art-noveau, símbolos da riqueza da cidade até

os anos 60. O edifício Ipyranga - prédio escolhido por Oscar Niemyer para morar, situado na Av. Atlântica, ilustra bem

esta riqueza.

Arquitetura Contemporânea

Devido à ocupação por completo dos espaços

existentes em Copacabana, a arquitetura contemporânea é

verificada na reforma de fachadas ou, em raras ocasiões, nos

hotéis construídos recentemente em terrenos ocupados pelas

ultimas casas do bairro. Um exemplo da primeira hipótese é o

hotel Vanity; que ocupa um prédio antigo que teve sua fachada

espelhada, ganhando um tom de modernidade que acaba por

agredir a paisagem, isto é, os prédios ao seu redor.

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Já o hotel Marriot (acima, à direita) e a

academia Bodytech, sao bons exemplos de como a

arquitetura contemporânea se impõe no bairro sem

agredir seu contexto, só acrescentando ao estilo.

Arquitetura Típica

Copacabana é marcada por construções antigas no estilo

art-déco/noveau. Porém, a falta de conservação e visível

pelo bairro. Ao encontramos exemplos de conservação e

restauração destas estruturas (como a remodelação do

cinema Roxy e o residencial South Beach), verificamos

que esta deveria ser uma política adotada para a

revitalização do bairro, já que não agride a paisagem, ao

mesmo tempo, que conserva o glamour e as

características que um dia fizeram de Copacabana

paradigma para cidade.

A Orla

A orla de Copacabana é o trecho do bairro que apresenta maior harmonia quanto ao seu espírito, apesar de

sua modernização. Os prédios bem conservados, a manutenção do tradicional calçadão (que agora conta com a

ciclovia), os novos postos e quiosques e a uniformidade dos bares da Av. Atlântica que se utilizam de imensos

guardas-sol brancos, compõem este cenário. Apesar disso, a orla é afetada pelo descaso social. Ao anoitecer, é

tomada por prostitutas, meninos de rua e ambulantes, devido ao grande numero de hotéis e de turistas, que por ali

transitam. O Estado deveria atentar para uma melhor organização urbana neste trecho.

Posto 5 Help Discoteca

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Bares ao ar livre em toda orla

Estátua-viva em homenagem ao centenário de

Drummond

Estabelecimentos Comerciais

O tom popularesco do bairro acaba por refletir

no design dos estabelecimentos comerciais. É notória a

poluição visual que estes causam em Copacabana.

Por causa da grande quantidade de lojas, a concorrência é bastante acirrada. A falta de projeto e a

necessidade de se destacar de alguma forma no meio de tantas lojas, faz com que os comerciantes optem

normalmente por seus conceitos particulares. O design vernacular e o popular caracterizam a maior parte dos letreiros

e projetos no bairro. Através da utilização de letreiros com fontes gigantescas, nomes em língua estrangeira e/ou cores

gritantes, somados ao design popular, cria-se a sensação de confusão e poluição visual. Os comerciantes não têm o

costume de procurar especialistas em design para a realização de seus projetos, muitas vezes, até por desconhecer

que existem pessoas especializadas para este tipo de trabalho.

Drogaria POP+ - Cores gritantes e letras gigantes para

chamar a atenção.

Academia Maxi Forma - Ocupa três andares de um

prédio. Sua fachada foi pintada nas cores da academia:

abóbora e verde limão. Aparência

lúdica para chamar a atenção.

Di Menno Luce - Loja de iluminação. O nome italiano

para remeter a grande fama do design europeu em

contraste com o letreiro sem grandes preocupações e os

produtos produzidos na zona franca de Manaus.

Atlas Musculação - Academia popular. Um grande

boneco nordestino exercita os bíceps num jogo de néon

Conclusão

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Devem ser feitas, algumas observações, por ultimo. O cenário do bairro e sua paisagem, apesar de

abandonados em grande parte, apresentam grande riqueza arquitetônica. Tem-se que adotar uma política de

restauração desse patrimônio e sua conservação. Neste mesmo sentido, o projeto urbanístico do bairro deveria

caminhar.

Além disso, deveria haver maior preocupação com a poluição visual do bairro causada pelos diversos

estabelecimentos comerciais, que na maioria das vezes não tem investimento em projeto e em design - muitas vezes

por total falta de informação e ignorância dos comerciantes.

Na convergência de todas estas diferenças, torna-se cada vez mais difícil definir Copacabana.

Fonte:

http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/ednacunhalima/2004_1_1/copa/index.htm

site acessado em 19/02/07

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

DÍSTICO 05

METODOLOGIA 06

RESUMO 07

METODOLOGIA 08

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A VIDA ACADÊMICA, A CIDADANIA E A SOCIETADA CIVIL

ORGANIZADA.

1.1 Objetivos da formação do acadêmico do nível superior.

1.2 A sociedade civil organizada.

1.3 A integração do trabalho acadêmico com as comunidades

carentes.

1.4 A Faculdade de Turismo e a socialização do conhecimento

técnico – científico.

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CAPÍTULO II

HISTÓRIAS E LENDAS DO BAIRRO DE COPACABANA.

2.1 Breve histórico da formação da cidade do Rio de Janeiro

2.2 História do bairro de Copacabana

2.3 Histórias sobre as imagens de nossa Senhora de

Copacabana

2.4 Fatos da história brasileira acontecidos em Copacabana

2.4.1 Instalação do cabo de comunicação com a Europa.

2.4.2 Os Dezoito do Forte.

2.4.3 Atentado ao Jornalista Carlos de Lacerda.

2.4.4 Afundamento do “Bateau Mouche”.

2.4.5 Fora Collor.

2.5 Personalidades de Copacabana

2.5.1 Na Política.

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2.5.2 Nas Artes Plásticas.

2.5.3 Na Arte Cênica.

2.5.4 Na Literatura, Poesia. E Dramaturgia

2.5.5 Na Música

2.5.6 Outras personalidades

2.6 A praia e os esportes

2.6.1 No mar.

2.6.2 Nas areias.

2.6.3 No calçadão.

2.6.4 Nas brincadeiras.

2.7 Outras Copacabanas

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CAPÍTULO III

A HISTÓRIA DA CALCETERIA

3.1 O que são Pedras Portuguesas?

3.2 O que é calceteria?

3.3 A história da calceteria em Portugal.

3.4 A história da calceteria no Brasil.

3.5 A história dos calçamentos de Copacabana.

3.5.1 As calçadas das ruas internas do bairro

3.5.1.1 Os florões.

3.5.1.2 Os geometrizados.

3.5.1.3 Marketing do comércio de Copacabana.

3.5.1.4 Nas brincadeiras de criança.

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CAPÍTULO IV

GEOGRAFIA DE COPACABANA

4,1 Delimitação física do bairro de Copacabana.

4.2 Índices Estatísticos

4.3 Preservação cultural e natural do bairro

4.4 Túneis de Copacabana

4.5 Morros de Copacabana

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CAPÍTULO V

PATRIMÔNIO CULTURAL DE COPACABANA

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CAPÍTULO VI

A RECUPERAÇÃO DO GLAMOUR E DA QUALIDADE DE VIDA

DO BAIRRO DE COPACABANA.

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CONCLUSÃO 56

BIBLIOGRAFIA 58

ANEXOS 61

ÍNDICE 72

FOLHA DE ATIVIDADES EXTRA - CURRICULAR 75

FOLHA DE AVALIAÇÃO 81

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

Curso: Docência do Ensino Superior

ATIVIDADES EXTRAS CURRICULAR

1. Em 09/10/2006 – Visita ao caminho aéreo do Pão de Açúcar.

Comprovante – Tíquete de acesso em anexo.

2. Em 14/10/2006 – Visita a Cidade Imperial de Petrópolis, com visita aos

Museus Casa de Santos Dumont, Imperial de Petrópolis e Palácio

Quitandinha; Catedral metropolitana. Comprovante – Fotocópia do

Tíquete da Rodoviária de Petrópolis em anexo.

3. Em 20/10/2006 – Peça teatral “Rádio Nacional, Teatro Vila Lobo, na Av.

Princesa Isabel. Comprovante – Fotocópia da capa do CD, comprado no

hall do teatro e autografado pelos atores e atrizes da peça em anexo.

4. Em 27; 28 e 29/10/2006 – Viagem as Cidades Históricas de Minas Gerais

Congonha dos Campos, Mariana, Ouro Preto, Tiradentes e São João Del

Rey – Comprovante – documento da Protur Escola de turismo

5. Em 03/11/2006 – Visita ao MAC – Museu de Arte Contemporânea no Ingá

na cidade de Niterói, para ver a Exposição “Deuses gregos – Coleção do

Museu Pergamon de Berlin – Comprovantes – o folder original da

exposição e a fotocópia do adesivo da visita em anexo.

6. Em 25/11/2006 – Visita ao Centro Cultural da Marinha, Museu Navio

Bauru e Submarino Riachuelo – Comprovante – folder do Centro Cultural

em anexo.

7. Em 20/12/2006 – Show de Dreg Quee no Karaok do bar Sal com Pimenta,

na Avenida Mem de Sá na Lapa – Comprovante – a fotocópia do tíquete

de consumo em anexo.

8. Em 20/02/2007 – Filme “Pro dia Nascer Feliz” no Cinema na Praia de

Botafogo, 315 – Comprovante - a fotocópia do tíquete de entrada.

9. Em 17/03/2007 – Show do Chiclete com Banana, no clube Cajueiro, no

Caju de Ouro em feira de Santana / Bahia – Comprovantes – as

fotocópias do Tíquete de ida e volta pela Gol Linha Aéreas para Salvador

e a Pulseira de identificação de entrada no clube.

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Atividades extras curriculares

Viagem as Cidades Históricas de

Minas Gerais num roteiro de três dias,

visitando o conjunto arquitetônico e

artístico das cidades de Congonhas

dos Campos, Mariana, Ouro Preto,

Tiradentes e São João Del Rey.

Foto tirada com o grupo na frente da

Igreja de São Francisco em São João

Del Rey.

Viagem à Cidade Histórica de Paraty, no estado do Rio de Janeiro.

Foto tirada com o grupo na rua fresca em frente ao

Solar de D. João, bisneto da Princesa Isabel.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

Curso: Docência do Ensino Superior

O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE

DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA

EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE.

AS CALÇADAS DE COPACABANA. por

Arlinda Maria Carneiro da Silva

Orientador:

Profª. Diva Nereida Marques Machado Maranhão

Data da entrega: 10 de agosto de 2007

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: