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O TEMPLO - Ruy Kirshniev - Ed. MAR DE LIVROS

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Uma notícia de jornal transporta Mauro para o passado. Ele revive um episódio envolvendo sua filha Matiko, na época com apenas 11 anos de idade. Hoje ele tem noção do que realmente aconteceu. Mas, naquela época, tudo parecia muito normal, correto, desejável. Até que o resgate de sua pequena revelou uma trama, um acordo entre os planos terreno e espiritual com o objetivo de aliciar os membros de sua família. Esse processo agia - e continua agindo - de modo sorrateiro, escondido, submerso como um iceberg, em cuja ponta visível estava O Templo.

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O TEMPLO - Ruy Kirshniev

Duas mulheres levando uma garotinha emtrajes bastante suspeitos para o interiordaquela casa de oração que se instalou faziapouco tempo onde antes funcionava umaconcessionária de veículos?As amigas acharam aquilo estranho! Muitoestranho! E resolveram investigar. Passaram afazer parte do culto. Os fieis ficavam com orosto coberto por panos brancos e issoaumentava o mistério.Quem eram aquelas duas? O que estavaacontecendo ali? O que estavam fazendo coma menina? Por que a levavam para aquela sala,no final do corredor, à esquerda do altarimprovisado?Destemidas, elas invadiram o aposento,resgataram Matiko e, sem saber, interferiramno Processo, algo muito maior, que agia econtinua agindo submerso, sorrateiro, com oobjetivo de aliciar os membros daquelafamília. Um verdadeiro “iceberg”, em cujaponta aparente está o templo...

RPK1

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O TEMPLOVol. 1 da Série “O PROCESSO”

Ruy Kirshniev

São Paulo2015

1a Edição

MAR DE LIVROS

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Editor:Preparação de originais:

Revisão editorial:Capa - criação:

Editoração:Foto da capa:

Ilustrações (miolo):

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Kirshniev, Ruy - 1975 O Templo -- São Paulo : Mar de Livros, 2015.

76 p.

1. Ficção I. Título

00-1605 CDD 869.3B

Índices para Catálogo Sistemático

1. Ficção: Século 21869.3B

2. Século 21 : Ficção869.3B

Marcos MeneghessoAnita KlausbergOswaldo AranhaHelenita ManfrimEduarda RigolimRenato ParisiDegas

MAR DE LIVROS©

é selo da Mar Editorial Livraria e Distribuidora(11) 2836-2606 e 2506-4689

www.mardelivros.com

Códito MAR DE LIVROS - RPK1

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Dedico este livroàs pessoas

sinceramentecomprometidas em

construir umasociedade mais

acolhedora, menoshipócrita e

preconceituosa.

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O que as próximas páginas revelam não é nem o começo nem o fim deuma arrumação, de um acordo – em muitos momentos tácito – do qualparticipam seres desta e de outra dimensão. Também não é possíveldeterminar sua exata localização na linha dos acontecimentos.

Sabe-se apenas que é um dos muitos episódios que fazem parte de umlongo e bem urdido processo, com foco numa família de classe média,formada no século passado e que permanece viva, operante, presente, ativaem pleno século 21, se bem que modificada, acrescida de novos integrantes.

Família essa que enfrenta seus problemas particulares num país cheiode outros problemas. Família à primeira vista tradicional, que sofremudanças ao longo do tempo, mas que continua crepitando, estalandocomo as faíscas que saltam da madeira incendiada, em brasa. Todos quepertencem a ela vivem num brasil.

Mauro é o chefe dessa familia. Chefe? Aparentemente, sim.Interesseiramente, sim.

Por que as forças daqui e do além fizeram esse pacto e elegeram Mauroe sua família como alvo? Quando, em torno de que mesa as negociaçõestiveram vez? Quem ganha quanto com isso, o quê? Mauro também ganha?

Uma combinação dessas perdura há décadas, avança, atrai novospersonagens ao longo dos anos porque traz vantagens, inclusive para quemvive o papel de vítima.

Difícil estabelecer quem é o vilão e quem é o mocinho neste relatohumano. Talvez você, que aceitou o convite para desvendar o que há portrás dessa torpe trama lendo as linhas desta espécie de diário, traga a luznecessária para que se separe o joio do trigo em meio a tamanha escuridãode alma.

Leia e ajude-nos a entender o que se passa dentro e fora do Templo.

Dúvidas iniciais

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Dúvidas Iniciais ....................... 07Capítulo 1 - ............................ 11Capitulo 2 - ............................ 15Capítulo 3 - ............................ 18Capítulo 4 - ............................ 23Capítulo 5 - ............................ 26Capítulo 6 - ............................ 29Capítulo 7 - ............................ 32Capítulo 8 - ............................ 41Capítulo 9 - ............................ 44Capítulo 10 - ............................ 47Capítulo 11 - ............................ 49Capítulo 12 - ............................ 57Capítulo 13 - ............................ 60Capítulo 14 - ............................ 67Capítulo 15 - ............................ 71Dúvidas Finais ......................... 75

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Saí pra trabalhar logo após o feriadoprolongado. Não estava muito anima-do. Cruzar esta cidade não é brinque-

do. Prefiro pegar o transporte público do queficar por horas no trânsito engarrafado. Ven-cer em fila indiana os 20 quilômetros queseparam minha casa do emprego me dá umasensação de pura perda de tempo. No me-trô, a sensação é outra. Pareço uma sardi-nha na lata. Por pouco tempo, felizmente.

Antes de subir a rampa que me leva àbilheteria, compro o jornal do dia. Não prame manter informado. Nossa imprensa é umacomédia. Leio pra rir.

Passo pela catraca, desço à plataformae me assusto. As composições estacionamlotadas. Não dá pra entrar. O jeito é esperarpela próxima, pela próxima, pela próxima.As escadas rolantes foram trazendo gente emais gente. Até que um trem cem por centovazio abriu suas portas e a multidão podeentão seguir rumo a seu destino.

Fui um dos primeiros a entrar e, apesar

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do empurra-empurra, consegui sentar-me aolado da mulata que me atraiu desde o mo-mento em que passou distraída pelo pontode escape do ar encanado e o vento fortelevantou sua minissaia rodada com baba-dinhos na barra.

Abri o jornal, varri a primeira páginacom os olhos à procura de algo interessan-te. Nada. Instintivamente fui passando paraas páginas internas, até que parei na que tra-tava de assuntos policiais. O título de umapequena nota, quase no rodapé, chamouminha atenção.

Casal que prostituíafilhos menores é preso

Usei a nota para puxar assunto com amoça de pele jambo, de coxas bem tornea-das, sentada ao meu lado. O rosto da mu-lher, inicialmente, demonstrou uma curiosi-dade comum, nada especial, mas foi se trans-formando à medida que eu fui relatando osucedido.

— Veja só esta notícia! A polícia acabade prender um casal acusado de aliciar paraa prostituição cinco dos seus seis filhos, to-dos menores!

— Nossa! Onde foi isso? Na Índia?— Não, aqui no Brasil, numa cidadezi-

nha de Goiás chamada Piracanjuba.— Quanta crueldade! Quantos filhos?— Cinco. Eles têm entre 5 e 14 anos

de idade. Só uma menina.

cor de jambo -pele bronzeadae de brilhonatural, detom morenomeioavermelhado.Lembra a cordo jambo-rosa,fruto dojamboeiro.

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— Uma menina e quatro meninos!? Naprostituição? Pai e mãe prostituindo os pró-prios filhos?

— É o que diz aqui. Eles cobravam de14 a 100 reais, dependendo do programa.

— Meu Deus! A que ponto chegamos...— Verdade... O delegado que cuida do

caso explica que tudo acontecia depois queos pequenos voltavam da escola. Os doisrecebiam o dinheiro e saíam para dar umavolta pela vizinhança enquanto quem pagouficava fazendo sexo com elas na casa, nacama do casal...

— Que barbaridade!A garota ia ficando cada vez mais im-

pressionada. A conversa ia render. Continuei.— E não era só na casa deles, não. Eles

permitiam que os menores fossem levados aoutras casas e chácaras da região, para se-rem violentados.

A garota estava visivelmente horrori-zada. Olhava para a página como se duvi-dasse, procurando confirmar com os própri-os olhos o que eu lhe dizia.

A matéria informava ainda que o casaljá havia sido preso antes, mas que o juiz man-dou soltar por falta de provas e que...

Não consegui ler mais nada. Minha vozficou trêmula. Do nada apareceu um nó nagarganta. Dobrei o jornal rápido. Esquecida mulata. Ela ainda comentou alguma coi-sa. Parece que aquilo a deixava desiludidacom o futuro da humanidade, mas não pres-tei atenção. Viajei.