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 Mirian Chaves Carneiro/ 2013 O TRABALHO COM OS DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS EM SALA DE AULA: DIVERSIDADE E PROGRESSÃO ESCOLAR ANDANDO JUNTAS 1

o Trabalho Com Os Diferentes Gêneros Textuais

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O TRABALHO COM OS DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS

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  • Mirian Chaves Carneiro/ 2013

    O TRABALHO COM OS DIFERENTES GNEROS TEXTUAIS EM SALA DE AULA: DIVERSIDADE E PROGRESSO ESCOLAR

    ANDANDO JUNTAS

    1

  • INICIANDO A CONVERSA

    Nesta unidade, discutiremos o trabalho com os diversos

    gneros textuais em sala de aula e apresentaremos

    algumas estratgias para a seleo e utilizao dos textos

    em turmas de alfabetizao. Partimos em defesa de que o

    contato/estudo desses diferentes gneros possibilita, ao

    aluno, um conhecimento de mundo amplo e favorvel sua

    construo de conhecimentos.

    Os gneros textuais apresentados e estudados, bem como

    as experincias relatadas formam um mosaico de

    possibilidades de aprendizagem utilizando os recursos

    informacionais disponveis na escola.

    2

  • OBJETIVOS DESTA UNIDADE:

    entender a concepo de alfabetizao na perspectiva do letramento, com aprofundamento de

    estudos utilizando, sobretudo, as obras pedaggicas

    do PNBE do Professor e outros textos publicados pelo

    MEC;

    analisar e planejar projetos didticos para turmas de alfabetizao, integrando diferentes componentes

    curriculares, e atividades voltadas para o

    desenvolvimento da oralidade, leitura e escrita;

    conhecer os recursos didticos distribudos pelo Ministrio da Educao e planejar situaes didticas

    em que tais materiais sejam usados

    3

  • APROFUNDANDO O TEMA

    Os gneros textuais em foco: pensando na seleo e na

    progresso dos alunos

    Leila Nascimento da Silva

    Hoje parece ser unnime a ideia de que o texto tenha seu

    espao nos estudos da rea de linguagem e em muitas

    salas de aula. Porm, durante um longo perodo no fora

    tomado como objeto de anlise nas pesquisas e menos

    ainda na escola. Com as contribuies de estudos

    advindos, principalmente, do campo da psicologia e das

    cincias lingusticas, discusses importantes emergiram

    em relao ao estudo dos textos na sala de aula e com

    isso mudanas substanciais vm acontecendo

    perceptivelmente.

    4

  • O objetivo da escola seria garantir a apropriao

    pelos alunos das prticas de linguagem

    instauradas na sociedade para que eles possam

    ter participao social efetiva.

    A imerso dos alunos nas prticas de linguagem

    contribui para a sua apropriao, porm,

    acreditamos que preciso ir alm das vivncias.

    necessrio um trabalho progressivo e aprofundado

    com os gneros textuais orais e escritos,

    envolvendo situaes em que essa explorao faa

    sentido. Tal posio adotada por autores como

    Bronckart (1999) e Schneuwly e Dolz (2004)

    5

  • Para realizar um trabalho progressivo com os gneros, o

    professor precisa conhecer bem quais habilidades os seus

    alunos j possuem e estabelecer quais so aquelas almejadas

    (perfil de entrada e perfil de sada esperado para aquele ano).

    Diagnosticar sempre deve ser sua primeira ao.

    Um segundo aspecto deve ser levado em considerao: a

    escola precisa garantir a explorao da diversidade de

    gneros.

    Pensando nesta progresso e nas semelhanas (e diferenas)

    entre os gneros, conseguimos agrup-los em onze grupos.

    Defendemos aqui, que, em todas as etapas de escolaridade,

    sejam realizados estudos sistemticos, por meio de

    diferentes formas de organizao do trabalho pedaggico

    (projetos didticos, sequncias didticas, entre outras) de

    gneros pertencentes a estes onze agrupamentos. So

    eles:

    6

  • 1) Textos literrios ficcionais: So textos voltados para

    a narrativa de fatos e episdios do mundo imaginrio (no

    real). Entre estes, podemos destacar: contos, lendas,

    fbulas, crnicas, obras teatrais, novelas e causos.

    2) Textos do patrimnio oral, poemas e letras de msicas

    Os textos do patrimnio oral, logo que so produzidos tm

    autoria, mas, depois, sem um registro escrito, tornam-se

    annimos, passando a ser patrimnio das comunidades.

    So exemplos: as trava-lnguas, parlendas, quadrinhas,

    adivinhas, provrbios. Tambm fazem parte do segundo

    agrupamento os poemas e as letras de msicas.

    7

  • 3) Textos com a finalidade de registrar e analisar as aes

    humanas individuais e coletivas e contribuir para que as

    experincias sejam guardadas na memria das pessoas

    Tais textos analisam e narram situaes vivenciadas pelas

    sociedades, tais como as biografias, testemunhos orais e

    escritos, obras historiogrficas e noticirios.

    4) Textos com a finalidade de construir e fazer circular

    entre as pessoas o conhecimento escolar/cientfico. So

    textos mais expositivos, que socializam informaes, por

    exemplo, as notas de enciclopdia, os verbetes de dicionrio,

    os seminrios orais, os textos didticos, os relatos de

    experincias cientficas e os textos de divulgao cientfica.

    8

  • 5) Textos com a finalidade de debater temas que

    suscitam pontos de vista diferentes, buscando o

    convencimento do outro. Os sujeitos exercitam suas

    capacidades argumentativas. Cartas de reclamao, cartas

    de leitores, artigos de opinio, editoriais, debates regrados e

    reportagens so exemplos de textos com tais finalidades.

    6) Textos com a finalidade de divulgar produtos e/ou

    servios e promover campanhas educativas no setor da

    publicidade. Tambm aqui a persuaso est presente, mas

    com a finalidade de fazer o outro adquirir produtos e/ou

    servios ou mudar determinados comportamentos. So

    exemplos: cartazes educativos, anncios publicitrios, placas

    e faixas.

    9

  • 7) Textos com a finalidade de orientar e prescrever formas

    de realizar atividades diversas ou formas de agir em

    determinados eventos. Os chamados textos instrucionais,

    tais como as receitas, os manuais de uso de eletrodomsticos,

    as instrues de jogos, as instrues de montagem e os

    regulamentos.

    8) Textos com a finalidade de orientar a organizao do

    tempo e do espao nas atividades individuais e coletivas

    necessrias vida em sociedade. So eles: as agendas, os

    cronogramas, os calendrios, os quadros de horrios, as

    folhinhas e os mapas.

    9) Textos com a finalidade de mediar as aes

    institucionais. So textos que fazem parte, principalmente,

    dos espaos de trabalho: os requerimentos, os formulrios, os

    ofcios, os currculos e os avisos

    10

  • 10) Textos epistolares utilizados para as mais diversas

    finalidades. As cartas pessoais, os bilhetes, os e-mails,

    os telegramas medeiam as relaes entre as pessoas, em

    diferentes tipos de situaes de interao.

    11) Textos no verbais. Os textos que no veiculam a

    linguagem verbal, escrita, tendo, portanto, foco na linguagem

    no verbal, tais como as histrias em quadrinhos s com

    imagens, as charges, pinturas, esculturas e algumas placas

    de trnsito compem tal agrupamento

    11

  • Gneros de todos esses agrupamentos podem

    circular nas salas de aula, possibilitando que as

    crianas os reconheam, compreendam seus usos,

    suas finalidades, percebam como se organizam,

    aprendam a usar as estratgias discursivas mais

    recorrentes.

    De acordo com oquadro de direitos de aprendizagem

    gerais, trs esferas discursivas precisam ser

    priorizadas nos anos iniciais do ensino fundamental:

    a literria, a acadmica/escolar e a esfera miditica.

    Os gneros citados nos cinco primeiros

    agrupamentos revestem-se de especial importncia

    no ciclo de alfabetizao.

    12

  • Mas, por que escolher, em cada ano, exemplares de gneros

    de diferentes agrupamentos?

    1 - os agrupamentos buscam garantir que diferentes

    finalidades sociais de leitura e escrita sejam contempladas

    em sala de aula, por meio de um trabalho sistemtico com

    gneros variados.

    2 - ao explorarmos um gnero de um agrupamento, estamos

    proporcionando que determinadas operaes de linguagem

    sejam desenvolvidas, ou seja, aquelas mais intimamente

    ligadas a um agrupamento e no a outro. Este aprendizado

    tambm contribui para que os alunos consigam lidar melhor

    com outros gneros do mesmo agrupamento.

    3 - o fato de que h alunos com mais facilidade, por

    exemplo, na produo de textos com a finalidade de debater

    temas controversos; j outros podem ter mais habilidade em

    construir textos narrativos ficcionais. 13

  • Se trabalharmos com gneros pertencentes a um

    nico grupo, os alunos com dificuldades de lidar

    com gneros deste grupo podero encarar o ato

    da escrita como um obstculo constante, algo

    difcil de ser superado, desmotivando-os para as

    outras aprendizagens. Variando os gneros,

    daremos oportunidades aos alunos para tambm

    mostrarem suas melhores habilidades e, assim,

    contribumos para mant-los motivados a

    continuar seu processo de apropriao das

    prticas de linguagem.

    14

  • Referncias

    BAKHTIN, Mikhail. Esttica da criao verbal. So Paulo: Martins Fontes,

    1953.

    BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um

    interacionismo scio-discursivo. Trad. Anna Rachel Machado, Pricles

    Cunha. So Paulo: EDUC, 1999.

    DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gneros e progresso em expresso

    oral e escrita elementos para a reflexo sobre uma experincia sua (Francfona). In: DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gneros orais e

    escritos na escola. Campinas, So Paulo: Mercado das Letras, 2004, p. 41 a 70.

    MENDONA, Mrcia; LEAL, Telma Ferraz. Progresso escolar e gneros textuais.

    In: Santos, Carmi Ferraz e Mendona, Mrcia. (Orgs). Alfabetizao e

    letramento: conceitos e relaes. Belo Horizonte: Autntica, 2007.

    SCHNEUWLY, Bernard. Gneros e tipos de discurso: consideraes psicolgicas

    e ontogenticas. In: DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gneros orais e

    escritos na escola. Campinas, So Paulo: Mercado das Letras, 2004, p. 21 a

    39.

    15

  • Relatando uma experincia

    no 3 ano do Ensino Fundamental:

    os gneros textuais a servio da

    ampliao dos conhecimentos

    dos alunos

    Leila Nascimento da Silva

    Adriana M. P. da Silva

    Ana beatriz Gomes Carvalho

    Francimar Martins Teixeira

    Unidade 05

    Ano 03

    Pginas 12/47

    16 16

  • Relato de uma experincia de ensino, na sala de aula, no 1 semestre de

    2012, na turma de 2 ano da Professora Clia Maria Pessoa, Escola Municipal

    Jos Jorge de Farias Sales/ Igarassu-PE.

    Projeto Didtico investigando a Biodiversidade e a preservao

    ambiental na Mata Atlntica, integrando os componentes

    curriculares Lngua Portuguesa, Cincias, Histria e geografia.

    Vivncia: Durou 10 aulas

    I Aula:

    Imagens e nomes de diversos animais espalhados pelas paredes;

    Conversa com os alunos e resgate dos conhecimentos sobre o tema;

    Livro: Voc sabia? Zuleika de Felice, Ed. Biruta, 2008.

    Adivinhas; 17 17

  • Texto da tradio oral: Reconhecimento e classificao de algumas espcies; Texto : Mata Atlntica: FARIA, Carolina. Desmatamento da Mata Atlntica . Em: www.infoescola.com/geografia-desmatamento-da-mata-atlantica, acessado

    em 04 de junho de 2012.

    A autora faz referncia Mata Atlntica e comenta que esta a quinta rea mais ameaada do mundo e o bioma brasileiro que mais sofreu (e sofre) com

    a ocupao do homem. Faz aluso s espcies diversas de fauna e flora e a

    extino, especialmente, ao mico-leo-dourado. Considera o fator econmico

    e social menos importante quando se pensa na preservao do que ainda

    resta do bioma. Cita alguns trabalhos desenvolvidos nesta direo, tais como

    os desenvolvidos pela ONG SOS MATA ATLNTICA, que realiza pesquisas,

    campanhas educativas e projetos importantes. O texto finaliza alertando o

    leitor para os perigos do desmatamento e da explorao dos recursos naturais

    para a para a preservao da Mata Atlntica.

    Lista de nomes de animais: (Reflexo sobre os princpios do sistema de escrita)

    BICHO-PREGUIA

    Letra que comea ______ Letra que termina ____

    Quantas letras tem?______ Quantas slabas tem? ____

    18 18

  • II AULA:

    Livro: Os bichos. Autores: MORIM, Gisnaldo e COUTINHO, Francisco ngelo, Ilustrador: Nilson Bispo de Jesus, BH:

    Editora Dimenso, 2009.

    Quantos bichos voc conhece? O que voc sabe sobre os sapos? E sobre os peixes? No livro Os bichos, por meio das indagaes do

    personagem Chiquinho, aprendemos caractersticas que distinguem os

    animais de outros organismos vivos e somos levados a tratar essas

    caractersticas como critrios para agrup-los no reino animal. A obra

    discute, ainda, a diversidade de ambientes em que os animais vivem e os

    hbitos que eles apresentam.

    III AULA:

    Tabela com caractersticas dos animais; Reviso dos critrios de classificao feitos anteriormente; Biografia de LINEU (estudioso responsvel pela criao de uma classificao animal, amplamente aceita);

    Cruzadinha com os nomes dos animais para preencher depois de responder algumas dicas: ex: tenho um bico bem comprido, vivo no topo

    das rvores; 19 19

  • IV AULA: Leitura de diversos textos sobre animais da Mata Atlntica (Revista

    Cincia Hoje das Crianas, Revista Recreio, dentre outras);

    V AULA: Ficha tcnica (anotar o nome do suporte, o ttulo do texto encontrado e em

    qual pgina ele estava), pesquisar informaes;

    VI AULA: Copiar informaes para preencher as fichas e reviso dos textos

    VII AULA:

    Trabalho com mapa (a professora pediu aos alunos que preenchessem mapas vazados com os nomes dos Estados em que ainda h a Mata Atlntica. Todos

    preencheram e pintaram de verde a faixa referente Mata)

    Anlise de narrativas indgenas sobre a criao do mundo Meu povo conta. Centro de Cultura Luiz Freire: Projeto Escola de ndio. 1 edio,

    2003. Pgina 43: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/indigena/didatico_indigena.pdf

    O livro traz narrativas dos povos indgenas no Estado de Pernambuco. Os mitos

    renem lembranas, fenmenos naturais, sociais e polticos vivenciados pelos povos

    indgenas em Pernambuco. Os textos so repletos de significaes e

    ressignificaes de sua cultura e tradio. As narrativas so apresentadas com

    imagens, desenhos e palavras do cotidiano que falam do mundo, do passado e do

    presente. A religiosidade e as danas nos revelam a importncia e fora da tradio

    desses povos.

    A professora utilizou os mapas com as localizaes das populaes indgenas

    brasileiras, disponveis no site do IBGE http://www.ibge.gov.br/indigenas/mapas.html) e os relatos mticos.

    20 20

  • VIII AULA:

    Anlise de alguns aspectos de vida das populaes da Mata Atlntica Cartazes Educativos de diversos temas (sensibilizando as pessoas da comunidade

    escolar para a necessidade de preservar o pouco que restou da Mata e da fauna e

    da presena indgena na regio).

    IX AULA:

    Preparao da exposio para a comunidade escolar e como primeira tarefa, os alunos produziram um convite a ser entregue nas salas de aula e afixado na

    entrada e no mural da escola

    X AULA:

    Exposio do material confeccionado ao longo do projeto.

    REFERNCIAS

    ALMEIDA, Rosngela; PASSINI, Elza. O Espao Geogrfico: ensino e representao.

    So Paulo: Contexto, 2002.

    FERRONATO, Camilo; FERRONATO, Vera Lcia de A. Recursos argumentativos na publicidade.

    Tuiuti: Cincia e Cultura, n 23. Curitiba, 2001, p. 183 a 198.

    DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Os gneros escolares das prticas de linguagem aos objetos de ensino. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gneros orais e escritos na

    escola. Campinas, So Paulo: Mercado das Letras, 2004, p. 71 a 94.

    SILVA, Edson. ndios Xukuru x fazendeiros: histria socioambiental no Agreste pernambucano.

    In: SILVA, Edson; RODRIGUES, Andr Figueiredo; AGUIAR, Jos Otvio. (Org.). Natureza e

    Cultura nos domnios de Clio: Histria, Meio-Ambiente e questes tnicas. Campina Grande/PB:

    EDUFCG, 2011, p.49-73. 21 21

  • OS DIFERENTES GNEROS E SUA RELAO COM AS

    REAS DE CONHECIMENTO: AMPLIANDO AS

    POSSIBILIDADES

    Leila Nascimento da Silva / Adriana M. P. da Silva / Ana Beatriz Gomes Carvalho/ Lourival Pereira Pinto

    Turma do 3 ano, Profa. Clia.

    Projeto biodiversidade na Mata Atlntica

    Os alunos foram convidados a participar do Projeto Didtico Biodiversidade na Mata Atlntica e a ler e produzir textos diversos, tais como adivinhas, fichas tcnicas de animais, textos de divulgao cientfica, mapas, tabelas,

    relatos histricos, biografias e cartazes educativos.

    Por meio da experincia relatada foi possvel perceber de que forma as

    aprendizagens conquistadas relativas ao componente curricular Lngua

    Portuguesa puderam atuar como meios para a apropriao de conceitos

    relativos a outros componentes e, tambm, para a insero dos alunos na

    sociedade letrada.

    Outras sugestes de exploraes para o mesmo tema:

    - construo de histrias em quadrinhos envolvendo os animais da Mata

    Atlntica e suas habilidades de sobrevivncia.

    - construo de um bichionrio ilustrado (dicionrio com verbetes sobre os

    animais e desenhos)

    .

    22 22

  • Em relao rea de Geografia, nos anos iniciais, esse componente

    curricular deve possibilitar o aluno a construir leituras do mundo, ao mesmo

    tempo em que inicia o processo de apropriao e domnio da leitura de

    textos.

    Nos trs primeiros anos, as propostas de atividades devem considerar a

    ampliao no universo de conhecimento do aluno a partir de si mesmo, do

    contexto em que vive e da diversidade do mundo. necessrio construir o

    contraponto entre o local e o global, apresentando a realidade do aluno e

    suas experincias como uma das possibilidades de se viver, mas no a

    nica ou a melhor.

    No processo de apropriao da leitura e da escrita, a diversidade de

    gneros textuais enriquece o trabalho e amplia o contato do aluno com a

    cultura letrada. No diferente com a Geografia, que tambm deve ter por

    base gneros textuais prprios dessa rea, como mapas, grficos etc., que

    contribuem para tornar a apropriao do conhecimento mais rica.

    Ex: Trabalhar com mapa, croquis, fotografias e desenho do aluno, ao falar

    do bairro

    23 23

  • a) Eu fao parte de um ninho de um grupo de convvio, neste

    tempo e neste lugar (conceito de comunidade).

    b) Existem muitos outros ninhos diferentes do meu, neste tempo e neste lugar (conceito de coletividade).

    c) Outros ninhos diferentes e semelhantes ao meu j existiram em outros tempos e outros lugares (conceito de humanidade).

    d) Todos os ninhos, inclusive o meu, vivenciam mudanas com o tempo e eu fao parte delas (conceito de historicidade).

    e) Eu tenho uma opinio sobre as mudanas vividas pelo meu ninho e pelos demais

    Imaginando o ponto de vista dos pequenos e inspirados em

    Philippe Meirieu (MEIRIEU, 2005), propomos que esta

    disciplina deva favorecer a construo das seguintes reflexes:

    24 24

  • REFERNCIAS

    GUERRA, Severina Erika Morais Silva. Produo coletiva de carta de reclamao: interao professoras /

    alunos. Dissertao de Mestrado. Ps-Graduao em

    Educao da UFPE. Recife: UFPE, 2009.

    MEIRIEU, Philippe. O cotidiano da escola e da sala de aula: o fazer e o compreender. Porto Alegre: Artmed: 2005

    25 25

  • COMPARTILHANDO Direitos de aprendizagem no ciclo de

    alfabetizao Cincias O ensino das cincias um direito das crianas previsto na Lei 9.394, que

    estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, no Art. 16.

    Resoluo no 7, de 14 de dezembro de 2010, do Conselho Nacional de

    Educao, que fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino

    Fundamental de 9 (nove) anos:

    1. Os currculos a que se refere o caput devem abranger,

    obrigatoriamente, o estudo da Lngua Portuguesa e da Matemtica, o

    conhecimento do mundo fsico e natural e da realidade social e poltica,

    especialmente do Brasil.

    H, ainda, outras referncias a esse direito. No Art. 32, podemos ler:

    O ensino fundamental, com durao mnima de oito anos, obrigatrio e

    gratuito na escola pblica, ter por objetivo a formao bsica do cidado,

    mediante:

    I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios bsicos

    o pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo;

    II - a compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da

    tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. 26 26

  • Considerando tal direito, a escola deve oferecer

    condies:

    1) que permitam a elaborao de compreenses sobre o

    mundo condizentes com as perspectivas atuais da

    comunidade cientfica,

    2) de entendimento de que as compreenses sobre o

    mundo so produes humanas, criadas e influenciadas

    por um contexto histrico,

    3) de se fazer uso das compreenses sobre o mundo para

    estabelecer a relao entre os conhecimentos que se

    produzem sobre este mundo e as aplicaes e produtos

    que tais conhecimentos possibilitam gerar, quanto dos

    efeitos de ambos, compreenses e produtos, para a vida

    social e poltica dos cidados..

    27 27

  • Eixos estruturantes, norteadores

    especficos da ao pedaggica na rea do

    ensino das cincias.

    1 Eixo: compreenso conceitual e procedimental da cincia refere-se obrigatoriedade da escola proporcionar aos estudantes entendimento de conhecimentos cientficos bsicos e mostrar como tais conhecimentos foram construdos. (envolve tanto a compreenso de conceitos quanto a compreenso das diversas maneiras como tais conceitos foram produzidos).

    28 28

  • 29

    2 eixo: compreenso sociocultural, poltica e econmica dos processos da produo do conhecimento cientifico. Trabalho a ser desenvolvido em sala de aula, para prticas

    que possibilitem o reconhecimento da cincia como atividade

    humana (construo da ideia de que o conhecimento

    cientfico feito por pessoas que organizam ideias e

    desenvolvem tcnicas a serem utilizadas na busca de

    elementos para construo do entendimento acerca do que

    estudam. Ao se conceber a cincia como atividade humana,

    assume-se que fatores sociais, culturais, polticos e

    econmicos interferem no processo de construo de

    conhecimento).

    3 eixo: compreenso das relaes entre cincia, sociedade, tecnologia e meio ambiente e diz respeito utilizao do conhecimento cientifico e aos

    desencadeamentos que o uso deste traz. 29

  • 30

    Para a realizao de prticas

    pedaggicas estruturadas sob

    tais eixos relevante termos

    clareza dos direitos de

    aprendizagem relacionados a

    cada um deles, nos trs

    primeiros anos do ensino

    fundamental. (Pgina 36)

    30

  • 31 (Pgina 37)

  • 32

    Direitos de Aprendizagem no ciclo de

    alfabetizao Geografia

    Na Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da

    educao nacional, no Art. 16, registra--se que todas as

    reas de conhecimento constituem direitos de

    aprendizagem das crianas:

    1. Os currculos a que se refere o caput devem abranger,

    obrigatoriamente, o estudo da Lngua Portuguesa e da

    Matemtica, o conhecimento do mundo fsico e natural e da

    realidade social e poltica, especialmente do Brasil.

    Nesse sentido, a Geografia, como componente curricular,

    colabora para a garantia do acesso aos conhecimentos do

    mundo fsico e natural e da realidade social e poltica.

    32

  • 33 33

  • 34

    RELATO DE EXPERINCIA:

    RESPEITO S DIFERENAS Professora Cynthia C. R. Fernandes Porto

    Escola Municipal Poeta Solano - Recife/PE

    Ensino Fundamental da Escola Municipal Poeta Solano,

    Recife/PE, 3 ano, 2 dias de atividades.

    Vivenciar atividades que envolvesse a temtica da

    diversidade aliada proposta de alfabetizao (turma bastante

    heterognea quanto ao nvel de escrita) depois do

    envolvimento de 2 alunos em brigas e xingamentos.

    Atividades:

    1. Roda de conversa: Se todo mundo fosse igual, se algum

    se considera melhor do que os demais?

    2 . Leitura do poema: Diversidade de Tatiana Belinky (Pgina

    seguinte)

    34

  • 35

    DIVERSIDADE

    Tatiana Belink

    Um feioso,

    Outro bonito

    Um certinho

    Outro, esquisito

    Um magrelo

    Outro e gordinho

    Um castanho

    Outro ruivinho

    Um tranqilo

    Outro nervoso

    Um birrento

    Outro dengoso

    Um ligeiro

    Outro mais lento

    Um branquelo

    Outro sardento

    Um preguioso

    Outro, animado

    Um falante

    Outro calado

    Um molenga

    Outro forudo

    Um gaiato

    Outro sisudo

    Um moroso

    Outro esperto

    Um fechado

    Outro aberto

    Um carrancudo

    Outro ,tristonho

    Um divertido

    Outro, enfadonho

    Um enfezado

    Outro pacato

    Um briguento

    Outro cordato

    De pele clara

    De pele escura

    Um ,fala branda

    O outro, dura

    Olho redondo

    Olho puxado

    Nariz pontudo

    Ou arrebitado

    Cabelo crespo

    Cabelo liso

    Dente de leite

    Dente de siso

    Um menino

    Outro menina

    (Pode ser

    grande ou

    pequenina)

    Um bem jovem,

    outro, de idade

    Nada defeito

    Nem qualidade

    Tudo humano,

    Bem diferente

    Assim, assado

    todos so gente

    Cada um na sua

    E no faz mal

    Di-ver-si-da-de

    que legal

    Vamos,

    venhamos

    Isto um fato:

    Tudo igualzinho

    Ai ,como chato!

    http://atividadesdatiaangelica.blogspot.com.br/2010/02/div

    ersidade-autora-tatiana-belinky.html 35

  • 36

    Atividades com o poema da Tatiana Belinky

    I Dia: 1.Leitura silenciosa pelas crianas (cpia para cada aluno)

    2. Perguntas:

    Qual o assunto abordado no texto?

    Que mensagem ele quer nos trazer?

    Tem alguma parte no texto que vocs acharam engraada? Por

    qu?

    3. Lista das diversidades (fsicas, sociais, culturais, de raa, de

    religio) apontando os nossos prprios exemplos na sala e na

    escola.

    4. Resgate do conceito de multiculturalismo, exemplificando a

    temtica trabalhada no carnaval do Recife e do Estado de

    Pernambuco h alguns anos: Carnaval Multicultural, colocando o Brasil como uma nao com vrias culturas, religies e raas.

    5. Ao resgatar o poema, solicitei que as crianas contassem em

    quantos pedacinhos (estrofes) o texto estava dividido e quantas

    frases (versos) tinha cada pedacinho.

    36

  • 37

    II DIA:

    1. As crianas, em grupos, escrevem pequenos

    poemas sobre o tema. (A ideia foi tornar os alunos alfabticos

    escribas durante a produo textual, mas que todos

    participassem da escrita, dando ideias e construindo rimas. No

    dia seguinte, fizemos a correo dos textos).

    2. Apresentao dos poemas em forma de jogral para os

    demais colegas da sala.

    3. Leitura do conto Menina bonita do lao de fita de Ana Maria Machado, no intuito de

    resgatar os conflitos que gerou a discusso

    entre os alunos.

    37

  • 38

    APRENDENDO MAIS Sugestes de leitura

    1. SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gneros orais e escritos na

    escola. Campinas, So Paulo: Mercado das Letras, 2004.

    2. ANTUNES, Irand. Aula de portugus: encontro & interao. So

    Paulo: Parbola Editorial, 2003. (Acervo do PNBE do Professor/2010).

    3. MINISTRIO DA EDUCAO. Secretaria de Educao Bsica. Pr-

    Letramento: programa de formao continuada de professores

    dos anos/sries iniciais do Ensino Fundamental: alfabetizao e

    Linguagem. Fascculo 5: o ldico na sala de aula: projetos e jogos.

    Braslia, 2008. (Disponvel em www.http://portal.mec.gov.br).

    4. ALMEIDA, Rosngela e PASSINI, Elsa. O espao geogrfico: ensino e

    representao. So Paulo: Contexto, 2002. Coleo Repensando o

    Ensino. (Acervo do PNBE do Professor/2010).

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    Sugestes de atividades para

    os encontros em grupo 1 momento (4 horas) 1 Ler texto para deleite: A histria da tartaruga, de Ledo Ivo

    (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1205743-escritor-alagoano-ledo-ivo-morre-aos-88-anos-vitima-de-infarto.shtml)

    2 Socializar as experincias vivenciadas com base no planejamento realizado na unidade 4.

    3 - Analisar os quadros de acompanhamento da aprendizagem, em pequenos grupos,

    para identificar os principais avanos e dificuldades em cada turma; planejar

    estratgias para ajudar as crianas a avanarem.

    4 Ler a seo Iniciando a conversa. 5 Discutir em grande grupo as questes: Voc acredita que existem gneros mais fceis e mais difceis de serem apropriados pelas crianas? Por qu? Quais critrios

    voc utiliza para escolher os gneros textuais que ir abordar com seus alunos ao

    longo do ano letivo?

    Voc acha que o mesmo gnero textual pode ser trabalhado em anos diferentes de

    escolaridade? Por qu?

    6 Ler o texto 1 (Os gneros textuais em foco: pensando na seleo e na progresso dos alunos); discutir sobre as questes: O que aprendizagem em espiral? possvel

    realiz-la?

    7 - Assistir ao programa Letra Viva: prticas de leitura e escrita, produzido pela TVE

    em 2006, com consultoria de Ceclia Goulart.

    http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/165418Letraviva.pdf

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    2 momento (4 horas) 1 Ler texto para deleite: Bichos so todos...bichos, de Bartolomeu Campos de Queirs,

    Editora do Brasil

    2 Ler o texto 2 (Relatando uma experincia no 3 ano do Ensino Fundamental...), em pequenos

    grupos; discutir as questes: Quais reas de conhecimento foram exploradas?

    Quais gneros textuais foram abordados? O que os alunos puderam aprender

    com essa experincia? Socializar as respostas no grande grupo.

    3 Ler os quadros de direitos de aprendizagem de Cincias e Geografia; planejar, em pequenos grupos, um projeto didtico ou sequncia didtica

    envolvendo a leitura e produo de diversos textos, que contemple

    conhecimentos e habilidades presentes nos quadros de direitos de

    aprendizagem de Cincias ou Geografia e Lngua Portuguesa; utilizar livros dos

    acervos do PNLD Obras Complementares e/ou livro didtico.

    Tarefa (para casa e escola) - Vivenciar o projeto ou sequncia didtica (fazer o registro por escrito).

    - Ler um dos textos sugeridos na seo Sugestes de leitura; elaborar uma questo a ser discutida no prximo encontro (decidir coletivamente qual texto ser discutido).

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    3 Momento (4 horas)

    1 Ler texto para deleite: Livro Ns e os bichos, de autoria de Marcelo Oliveira, Cia das Letrinhas.

    2 - Socializar as experincias vivenciadas com base no

    planejamento do encontro anterior.

    3 - Discutir sobre os textos sugeridos na seo Sugestes de leitura, com base nas questes do grupo.

    4 - Ler o texto 3 (Os diferentes gneros e sua relao com as reas de

    conhecimento): ampliando as possibilidades; listar outras sugestes de atividades para enviar para a professora Clia.

    5 - Ler a experincia relatada na seo Compartilhando; relacionar com os quadros de Direitos de aprendizagem de Lngua Portuguesa, Histria e Geografia.

    6 - Assistir ao programa Para ser cidado da cultura letrada. Srie Letra Viva;

    Disponvel em http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_

    action=&co_obra=47208

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