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  Conhecimentos Gerais e Atualidades - Prof Marcio Vasconcelos OMC e o comercio internacional O contexto econômico atu al do comércio internacional tem como característica básica um alto gr au de interde pendência entre os mercados internos e externos dos países. De acordo com os preceitos neoliberalistas, as re gr as do comércio internacional dire ci onam-se cada vez mais para uma ampliação de mercados objetivando a geração de riquezas, ou seja, para os países o pr incipal caminho para o cresciment o ec onômico é sem dúvida a ampliação do mercado externo. A tendência no mercado internacional é que sejam criado s mecanismos para coibir as barreiras de proteção aos setores produti vos nacionais de modo a adaptá-los não só a competir internamente com produtos estrangeiros como também a expandir sua produção a outros países. Atualmente existem várias ferramentas para proteger os mercados internos e tornar os pro dutos nac ionais de det erminados setores mais compet itivos no mercado externo. Uma delas é a criação de impostos ou taxas sobre produtos es tr angeir os que, acrescidos ao pr eço final, os torna menos competitivos comercialmente. Outro instrumento é a limitação de compras por meio de cotas pré-estabelecidas e a taxação em cima de compras acima da quanti dade estabelecida pelos governos aos importadores. Outro ponto, bastante utilizado, é a criação de barreiras que exijam que o produto exportado passe por um controle de qualidade antes de entrar no mercado interno de um país, esse instrumento esconde de fato um artifício pr otecionis ta, pois muitos desses controles de qualidades chegam ao absurdo em exigências. O último recurso, e um dos mais usados, é o já conhecido subsídio. Usado por vários governos como forma de financiamento em longo prazo e a juros muito baixos ou incentivos fiscais, o subsídio protege os setores produtivos internos mais vulneráveis a concorrência externa na medida em que faz com que a produção torne-se mais competitiva nos mercados internos e externos, pois podem vender a preços de mercado muito baixos, menores que os concorrentes. Nascida na era da globalização e do neoliberalismo, a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1° de janeiro de 1995, tem a missão de criar regras no comércio internacional segundo os princípios neoliberalistas. Hoje a OMC é composta por 149 países e funciona como se fosse um tribunal inter nacional do comércio, onde todos os países membros são iguais. Os países ricos têm hoje a supremacia no comércio internacional nos setores produtivos industriais e tecnol óg icos, setores que te m va lores maiores no mercado internacional. Enquanto que os chamados “p aíses em desenvolvimento” ou potencias médias como Brasil, Argentina, México e Índia são mais competitivos na siderurgia, na agricultura e em alguns setores industriais de bens de consumo como calçados e têxteis. A cr escente comp etitividade do comércio internacional acaba ge rando inúmeros problemas na OMC, principalmente por parte dos países ricos, que constantemente são acusados de usar instrumentos considerados desleais pala OMC para proteger-se dos produ tos mais competitivos dos países em desenvolvimento. 1

OMC Comercio Internacional

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  • Conhecimentos Gerais e Atualidades - Prof Marcio Vasconcelos

    OMC e o comercio internacional

    O contexto econmico atual do comrcio internacional tem como caracterstica bsica um alto grau de interdependncia entre os mercados internos e externos dos pases. De acordo com os preceitos neoliberalistas, as regras do comrcio internacional direcionam-se cada vez mais para uma ampliao de mercados objetivando a gerao de riquezas, ou seja, para os pases o principal caminho para o crescimento econmico sem dvida a ampliao do mercado externo.

    A tendncia no mercado internacional que sejam criados mecanismos para coibir as barreiras de proteo aos setores produtivos nacionais de modo a adapt-los no s a competir internamente com produtos estrangeiros como tambm a expandir sua produo a outros pases.

    Atualmente existem vrias ferramentas para proteger os mercados internos e tornar os produtos nacionais de determinados setores mais competitivos no mercado externo. Uma delas a criao de impostos ou taxas sobre produtos estrangeiros que, acrescidos ao preo final, os torna menos competitivos comercialmente. Outro instrumento a limitao de compras por meio de cotas pr-estabelecidas e a taxao em cima de compras acima da quantidade estabelecida pelos governos aos importadores. Outro ponto, bastante utilizado, a criao de barreiras que exijam que o produto exportado passe por um controle de qualidade antes de entrar no mercado interno de um pas, esse instrumento esconde de fato um artifcio protecionista, pois muitos desses controles de qualidades chegam ao absurdo em exigncias. O ltimo recurso, e um dos mais usados, o j conhecido subsdio. Usado por vrios governos como forma de financiamento em longo prazo e a juros muito baixos ou incentivos fiscais, o subsdio protege os setores produtivos internos mais vulnerveis a concorrncia externa na medida em que faz com que a produo torne-se mais competitiva nos mercados internos e externos, pois podem vender a preos de mercado muito baixos, menores que os concorrentes.

    Nascida na era da globalizao e do neoliberalismo, a Organizao Mundial do Comrcio (OMC), criada em 1 de janeiro de 1995, tem a misso de criar regras no comrcio internacional segundo os princpios neoliberalistas.

    Hoje a OMC composta por 149 pases e funciona como se fosse um tribunal internacional do comrcio, onde todos os pases membros so iguais. Os pases ricos tm hoje a supremacia no comrcio internacional nos setores produtivos industriais e tecnolgicos, setores que tem valores maiores no mercado internacional. Enquanto que os chamados pases em desenvolvimento ou potencias mdias como Brasil, Argentina, Mxico e ndia so mais competitivos na siderurgia, na agricultura e em alguns setores industriais de bens de consumo como calados e txteis.

    A crescente competitividade do comrcio internacional acaba gerando inmeros problemas na OMC, principalmente por parte dos pases ricos, que constantemente so acusados de usar instrumentos considerados desleais pala OMC para proteger-se dos produtos mais competitivos dos pases em desenvolvimento.

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  • Conhecimentos Gerais e Atualidades - Prof Marcio VasconcelosEm dez anos, o Brasil j acionou a OMC 22 vezes envolvendo questes

    comerciais em setores agrcola e industrial. Em todas s vezes o Brasil obteve ganho de causa total ou parcial. A OMC j deu ganho de causa ao Brasil em questes importantes como: os subsdios do governo norte-americano a produo de algodo, os subsdios da Unio Europia a produo de acar e a sobretaxa do frango e da banana produzidos no Brasil, o pas tambm ganhou na disputa entre a Embraer e a Bombardier, nos subsdios do governo canadense para produo de avies de mdio porte.

    Os resultados conquistados pelo Brasil na OMC tm uma importncia muito grande, no s para o prprio Brasil mais tambm para todos os pases chamados em desenvolvimento, que so, de fato, muito mais competitivos no comrcio internacional em alguns setores produtivos, principalmente nos setores agrcolas. Sendo assim, a OMC hoje um instrumento primordial para esses pases brigarem, em igualdade de direitos, com os pases ricos no mercado externo.

    Atualmente o Brasil ocupa uma posio de liderana do chamado G-20, Grupo de pases em desenvolvimento que buscam mais espao no comrcio internacional e exigem igualdade de aplicaes das regras estabelecidas pela OMC. A principal reivindicao desse grupo de pases o fim dos subsdios agrcolas exercidos pelos pases ricos, que prejudicam a entrada de seus produtos nos mercados norte-americano e europeu.

    Atualmente a OMC trabalha nos avanos nas negociaes da Rodada de Doha, iniciada em 2001 e com trmino previsto para 2006. Onde principal questo a eliminaes dos subsdios agrcolas exercidos pelos pases ricos. O comrcio internacional segue o preceito de que a liberalizao comercial potencializa a gerao de riquezas, porm os principais defensores dessa teoria, que so os pases ricos, na prtica no hesitam em cercar-se de instrumentos que dificultam a liberalizao de setores no qual eles so mais vulnerveis, como por exemplo, os setores agrcolas.

    Na reunio ministerial da OMC, realizada entre 12 e 18 de dezembro de 2005, em Hong Kong, os pases desenvolvidos tinham como objetivo ter mais acesso aos mercados das naes em desenvolvimento, enquanto que estas queriam o fim dos subsdios agrcolas.

    Com o fim da reunio em Hong Kong, apesar de no alcanar um resultado totalmente satisfatrio, o que mais marcou foi unio demonstrado pelos pases pobres e pelos pases chamados em desenvolvimento e assim como tambm pelas divergncias entre ricos e pobres. O Brasil, representado pelo Ministro das Relaes Externas Celso Amorim, destacou-se como lder do G-20 ao lado da ndia nas negociaes.

    Em Julho de 2006, foi realizada uma nova reunio da Rodada de Doha, em Genebra. Mais uma vez, os subsdios agrcolas foram o ponto sensvel do encontro da OMC. Ficaram claras as divergncias entre aqueles pases que defende a reduo imediata dos subsdios agrcolas e os pases que usam esses artifcios, como os EUA e alguns pases da Unio Europia.

    De acordo com o relatrio divulgado pela OMC aps a reunio, entre 1998 e 2002, os pases em desenvolvimento usaram recursos destinados aos subsdios agrcolas equivalentes a 0,6%, em mdia, do seu PIB. J os pases ricos, no

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  • Conhecimentos Gerais e Atualidades - Prof Marcio Vasconcelosmesmo perodo, alocaram cerca de 1,4%, em mdia, do PIB; no esquecendo que estes possuem um PIB bem mais elevado do que os pases em desenvolvimento.

    No mesmo relatrio, a OMC estimou que, cerca de 4% do PIB global, aproximadamente US$ 1 trilho, foram gastos em subsdios governamentais nos setores de produo agrcola, industrial e de servios. Na agricultura, so gastos cerca de US$ 280 bilhes de dlares por ano, por parte das naes mais ricas.

    Com isso, apesar da melhoria da proposta europia na questo da reduo dos subsdios, os EUA no abriram mo dos US$ 22,5 bilhes usados anualmente como forma de proteo governamental para seus produtores. Essa atitude acabou levando os diplomatas presentes em Genebra a suspenderem as negociaes da Rodada de Doha at que haja uma nova proposta de negociao.

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