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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

BRINQUEDOTECA: ESTRATÉGIAS LÚDICAS NA CONSTRUÇÃO DO

DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL

Regina Celis Gadens Piskorz1

Miriam Adalgisa Bedim Godoy2

RESUMO

A pesquisa exposta está vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná, e tem como objeto de estudo a importância dos jogos e brinquedos e a construção de uma Brinquedoteca na Escola Especial, pois, acredita-se que o uso de estratégias lúdicas para alunos com deficiência intelectual auxiliam-no na aprendizagem, nas habilidades, práticas sociais e conceituais. O trabalho pedagógico com o lúdico, no enfoque educacional, ajuda o professor na sua prática pedagógica, através da mediação, e atende as especificidades do aluno, resgatando a sua autoestima. Buscou-se, para isto, amparo bibliográfico que auxiliasse no entendimento de quais estratégias melhor atenderiam a esse alunado. Foi elaborado um Caderno Pedagógico com o objetivo de oferecer subsídios teóricos aos professores e sugestões de jogos para auxiliarem os mesmos em suas práticas pedagógicas. A Intervenção Pedagógica foi realizada na Escola de Rebouças, Educação Infantil, Ensino Fundamental na Modalidade Educação Especial, Rebouças- PR, com supervisão das proponentes do estudo. Foram realizados dez encontros ao longo do curso, onde desenvolveram-se atividades e ações pertinentes ao tema em estudo, enaltecendo que, no decorrer do curso, foram realizadas leituras de textos, debates e discussões relacionadas à história da deficiência, áreas do desenvolvimento, áreas do conhecimento, o lúdico na aprendizagem e o papel do professor, e a Brinquedoteca na Escola Especial, vídeos motivacionais,dinâmicas e a construção de jogos didáticos, que serão utilizados na prática pedagógica e no cotidiano escolar. No resultado, verificou-se que os professores estão fazendo uso da ludicidade em suas aulas para ajudar a sanar dificuldades dos alunos e isso tem melhorado muito a atenção, a concentração e o interesse dos mesmos em aprender através dos jogos. Os jogos confeccionados e adquiridos, encontram-se na Brinquedoteca, espaço destinado ao brincar. Conclui-se a pesquisa afirmando que o estudo possibilita aos professores ampliar os seus conhecimentos e a provocar mudanças significativas e qualitativas na prática escolar por meio de estudos, troca de experiências e produção de conhecimentos.

Palavras-chave: Estratégicas Lúdicas. Deficiência Intelectual. Aprendizagem.

1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, graduada em Pedagogia com Habilitação em Orientação Educacional e Educação Especial. Pós Graduada em Educação Especial e Inclusiva. 2 Professora do Curso de Pedagogia presencial e a distância da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/PR. Campus Irati.

1 - INTRODUÇÃO

Educação Especial é uma modalidade de ensino que oferece atendimento

educacional e especializado, diversificando o tipo de material pedagógico

utilizado, serviços educacionais especiais e adaptações curriculares,

objetivando o bem comum, o exercício da cidadania e o atendimento

individualizado.

A educação para alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais deve ser rica em imagens, formas e conteúdos. Sendo assim, a

metodologia do professor precisa ser inovadora, estimulante, diversificada e

adequada. Os conteúdos adaptados à realidade e às diferentes necessidades

da turma, devem sempre valorizar e respeitar todo o conhecimento e

aprendizagem que o aluno adquiriu em sua vida familiar, social e escolar.

Considerando que muitos educandos apresentam déficit significativo de

aprendizagem, entendemos que a utilização de estratégias, por meio de jogos,

brincadeiras e ludicidade, são importantes recursos pedagógicos favorecedores

tanto do ensino quanto da aprendizagem.

O brinquedo contém sempre referência ao tempo de infância do adulto com representações veiculadas pela memória e imaginação. O vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos de jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Como objeto, é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil, tendo relação estreita com o nível de seu desenvolvimento (SANTOS, 2008, p. 26).

Muitos professores reconhecem a importância desses recursos, contudo,

apesar de compreenderem que são instrumentos mediadores da apropriação

do conhecimento, uma grande parcela dos educadores apresentam limites,

quando da utilização desses materiais no desenvolvimento das áreas cognitiva,

afetiva e sócio-emocional.

A metodologia a ser aplicada em uma escola especial precisa ser

inovadora, diversificada e adequada, os conteúdos adaptados à realidade e às

diferentes necessidades da turma, devendo sempre valorizar e respeitar todo o

conhecimento e aprendizagem que o aluno adquiriu em sua vida familiar social

e escolar.

Ao incorporar o uso do lúdico nas suas práticas pedagógicas, o professor

terá mais facilidade de comunicação com a criança com deficiência intelectual,

possibilitando, assim, o seu desenvolvimento cognitivo e a sua integração

social.

É necessário apontar para o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira como atividade social do universo infantil. As atividades lúdicas precisam ocupar um lugar especial na educação. Entende-se que o professor é figura essencial para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo materiais adequados e participando de momentos lúdicos. Atingindo desta maneira, o professor estará possibilitando às crianças uma forma de assimilar a cultura e modos de vida adultos, de forma criativa, prazerosa e sempre participativa. (MALUF, 2007, p. 31).

A ludicidade, vem cada vez mais, ganhando espaço como sendo um

princípio norteador do processo de ensino e aprendizagem de crianças com

deficiência intelectual, busca sempre a sua aprendizagem, e proporciona

descobrir suas habilidades e limites,no desenvolvimento da autonomia e

autoconfiança, além de abrir asas para a sua imaginação.

O brincar desenvolve a imaginação, estimula a atividade motora, faz criar cumplicidade entre aqueles que jogam e dançam juntos (socialização) independente de seus graus de habilidades/capacidades e das necessidades educacionais especiais. O brincar é vital para o desenvolvimento do potencial de todas as crianças. (BRASIL, 2006, p.38).

O jogo, o brinquedo e as atividades lúdicas, em geral, exercem um papel

de fundamental importância para o desenvolvimento integral da criança, pois

proporcionam efeitos positivos no seu desenvolvimento, especialmente, na

criança com deficiência intelectual e, também, na aprendizagem, ao identificar

e satisfazer as suas necessidades individuais, tais como: a concentração, a

atenção, a memória, o raciocínio, a dificuldade de comunicação, a

agressividade, entre outros.

O jogo ajuda a criança a construir suas novas descobertas, desenvolvem

e enriquecem sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que

leva o professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da

aprendizagem. (ANTUNES, 2012, p. 36).

No agir lúdico, a criança é cérebro, é sensação, é percepção, é ação e

emoção. Ela expressa várias dimensões de sua humanidade. (AMARAL e

DELGADO, 2004, p. 80).

Por meio das atividades lúdicas, a criança aprenderá, de forma natural,

espontânea e prazerosa. De acordo com (MALUF, 2007, p. 29), o brincar pode

ser um elemento importante pelo qual se aprende, sendo sujeito ativo desta

aprendizagem que tem, na ludicidade, o prazer de aprender.

Algumas escolas já estão dando o devido valor ao brincar. Estão levando cada vez mais, as brincadeiras, os jogos e os brinquedos, para a sala de aula. Os professores, aos poucos, estão buscando informações e enriquecendo as suas experiências para entender o brincar e como utilizá-lo para auxiliar na construção do aprendizado da criança. Quem trabalha na educação de crianças deve saber que podemos sempre desenvolver a motricidade, a atenção e a imaginação de uma criança, brincando com ela. O lúdico é o parceiro do professor (MALUF, 2007, p.29).

O jogo e o brinquedo tornam-se ferramentas ideais para que a

aprendizagem realmente aconteça, leva a criança a construir novas

descobertas, desenvolve sua personalidade, enriquece e representa um

instrumento pedagógico, considerando o estímulo e interesse do aluno, cabe,

então, ao professor ser um condutor e estimulador da aprendizagem, através

das atividades lúdicas, dos jogos e fazendo uso da Brinquedoteca na escola

especial.

2. A BRINQUEDOTECA NA ESCOLA ESPECIAL

A Brinquedoteca é um espaço criado para favorecer e estimular a

brincadeira, aonde as crianças e os adultos vão para brincar livremente com

todo estímulo que os jogos e os brinquedos proporcionam, finaliza Cunha

(1994).

Nesse ambiente, a criança terá condições de expressar a sua

criatividade e afetividade, brincando, de forma espontânea, ela explora e toma

conhecimento do mundo à sua volta, pois o brincar estimula e proporciona à

criança manifestar os seus sentimentos e suas emoções. Além de todos esses

benefícios, a Brinquedoteca influencia na aprendizagem, na aquisição de

conhecimentos e no crescimento pessoal e social.

[...] São tarefas para a Brinquedoteca: deixar brincar, deixar criar, mais e mais, com vários brinquedos e com muita variedade de materiais, desafiando e promovendo a inventividade, resgatando assim o direito à verdadeira especialidade que é a de ser diferente e único. (CUNHA, 1994, p.80).

A Brinquedoteca é um ambiente que contribui significativamente para a

integração da criança na escola, família e sociedade, é um espaço criativo, de

lazer e de socialização nele, as crianças descobrem o saber, que as convida a

explorar, a sentir e a experimentar.

2.1 HISTÓRICO DAS BRINQUEDOTECAS

A ideia de criar um espaço apropriado, para que as crianças pudessem

brincar , surgiu em Los Angeles, em 1934, nesse local, era feito empréstimos

dos brinquedos e essa prática ocorre até os dias atuais.

Em 1963, na Suécia, foi criado um espaço voltado às crianças com

necessidades especiais, com empréstimos de brinquedos e orientações aos

pais, sobre como entusiasmarem seus filhos a brincarem em casa.

No Japão, também houve uma preocupação em relação a criar espaços

apropriados para que as crianças com deficiências pudessem brincar.

A Brinquedoteca japonesa desencadeou muitas outras, na esperança de

“proporcionar às crianças deficientes a maravilha dos brinquedos e a alegria de

brincar.” (OLIVEIRA, 2011, p. 87).

No Brasil, as Brinquedotecas começaram a surgir na década de 1980.

A Brinquedoteca de Indianápolis, 1981, foi uma das primeiras a ser

instaurada.

A primeira Brinquedoteca para a educação especial nordestina surgiu,

em Natal (RN), em 1982.

A atividade das Brinquedotecas teve um importante papel na intervenção precoce, para que crianças deficientes atingissem seu potencial máximo, ao lhe proporcionar um lugar seguro e cheio de brinquedos e para seus pais, um local para relaxar (OLIVEIRA, 2011, p.88).

A Brinquedoteca é um ambiente lúdico em que a criança terá acesso a

uma grande variedade de brinquedos, com isso, é estimulada a brincar e a

realizar várias atividades (MALUF, 2007, p. 62).

2.2 OBJETIVOS DA BRINQUEDOTECA

A proposta da Brinquedoteca é alimentar a vida interior das crianças e

dar-lhes oportunidades para que, brincando, liberem a capacidade de criar, de

ter suas fantasias aceitas e favorecidas.

O objetivo mais importante de uma Brinquedoteca é o brincar,

oferecendo às crianças um ambiente alegre, que as encantem.

Segundo Cunha (1994), a Brinquedoteca serve para desenvolver os

seguintes objetivos:

- estimular a capacidade de concentração e atenção;

- oferecer oportunidades para desenvolver a inteligência, a criatividade,

a potencialidade e a sociabilidade;

- favorecer o uso de brinquedos e jogos como atividade geradora de

desenvolvimento social e emocional;

- valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade;

- possibilitar o acesso ao maior número de brinquedos, de experiências e

de descobertas.

As crianças podem adquirir a preciosa experiência de independência por

meio de atividades da Brinquedoteca (OLIVEIRA, 2011, p.89).

A Brinquedoteca proporciona a aprendizagem, a aquisição de

conhecimentos, desenvolve habilidades de forma atraente e espontânea, na

qual, a busca pelo saber torna-se natural e alegre. A criança vive plenamente o

seu espaço, o espaço da criança, que cria uma atmosfera lúdica e desperta a

curiosidade e o prazer pelo brincar.

A atmosfera criada pelo respeito ao lúdico e pela liberação da criatividade gera um clima de afetividade extremamente salutar em que, adultos e crianças conseguem uma interação mais espontânea. Os pais são levados a respeitar as necessidades lúdicas e afetivas de seus filhos e, quando a criança leva um jogo que sabe manipular, está em realidade levando um objeto que facilitará e enriquecerá um relacionamento inter familiar. (CUNHA,1988,p.412).

Diante disso, a construção de uma Brinquedoteca, na escola especial, é

de grande importância, pois auxiliará os professores em suas práticas

pedagógicas e as crianças a desenvolverem autonomia, criatividade,

cooperação, habilidade, e a formar em um conceito de mundo.

2.3 TIPOS DE BRINQUEDOTECA

As Brinquedotecas precisam ser diversificadas e oferecidas em diversos

lugares como: favelas, museus, circos, creches, escolas, hospitais, presídios e

em outros lugares, finaliza Cunha.

“[...] Sua organização depende do que cada uma delas se propõe, sem

que nunca deixem de enfatizar a importância das brincadeiras no processo de

aprendizagem e de desenvolvimento da criança” (MALUF, 2007, p.64).

Diante de qualquer situação vivenciada, a Brinquedoteca deve estar

presente na vida da criança, dependendo do local e para que se dispõe

Gimenes e Teixeira (2011) classificam a Brinquedoteca em quatro grandes

classes.

2.3.1 Brinquedoteca Comunitária

Destinada ao empréstimo de material lúdico e oferecimento de um

ambiente agradável para brincar, sem endereço fixo, funciona como uma

Brinquedoteca itinerante, circulando por vários lugares.

2.3.2 Brinquedoteca Psicopedagógica

Funciona no interior de uma instituição escolar, sendo em: creche,

educação infantil, ensino fundamental ou médio ou universidade, como:

laboratório pedagógico para os graduandos, ou em alguma instituição

assistencial como apoio educacional, em períodos extraescolares.

2.3.3 Brinquedoteca Hospitalar

Estruturada dentro de um hospital ou clínica de saúde. Sua finalidade é

de tornar a permanência da criança, no hospital, menos dolorosa, mais

agradável e alegre, proporcionando melhores condições para a sua

recuperação.

2.4.4 Brinquedoteca Especializada

A Brinquedoteca Especializada procura usufruir os espaços oferecidos

pelas atividades lúdicas para ajudar as crianças a dominarem dificuldades

específicas. Desenvolve dois tipos de projeto: o que atende as crianças com

deficiência intelectual, visual, física ou auditiva e o que atende crianças que

apresentam dificuldades escolares.

A Brinquedoteca terapêutica tem como objetivos:

- proporcionar à criança, portadora de alguma deficiência, a estimulação e os

benefícios, que podem ser auferidos do brincar e dos brinquedos;

- dar orientação aos pais de crianças deficientes sobre como poderão brincar

de forma enriquecedora com os seus filhos;

- emprestar brinquedos para as crianças e suas famílias levarem para casa;

- enriquecer o relacionamento da família com a criança portadora de deficiência

(CUNHA, 1994, p.86).

De acordo com Cunha (1994), para que a Brinquedoteca Terapêutica

desenvolva seus objetivos, é necessário que os profissionais sejam

especializados na área em que se propõem a atender, realizem atividades que

estimulem a área defasada, através do contato com o lúdico. Assim, os

brinquedos escolhidos para essa Brinquedoteca deverão ser adequados ao

estágio de desenvolvimento da criança para que o mesmo possa interessá-la.

Caso a criança não se interesse por brinquedo algum, devido à

deficiência, os profissionais devem interagir com ela, sempre estimulando a

afetividade e a ludicidade, motivando, assim, a criança a brincar de uma forma

saudável e prazerosa.

O apoio da família, é importantíssimo, juntamente com a orientação aos

pais, pois os mesmos ficam a maior parte do tempo com a criança e poderão

dar prosseguimento ao processo de estimulação no ambiente familiar.

A Brinquedoteca Terapêutica proporciona a família da criança deficiente um tipo de apoio que pode contribuir de forma decisiva para a melhoria de sua qualidade de vida, pois, além de oferecer

atendimento resgata a ludicidade que as preocupações com a saúde da criança desgastaram. (CUNHA, 1994, p.88).

A Brinquedoteca Geriátrica e a Brinquedoteca Educacional de

Reeducandos fazem parte da Brinquedoteca Terapêutica. A primeira tem como

especialidade atender pessoas idosas, com o objetivo de estimular a

recuperação e manter a saúde dos sujeitos que utilizam esse meio de

reintegração. Já, a segunda, é utilizada para atender adolescentes ou adultos,

que cometeram infrações da lei, pois esse meio é organizado para realizar a

reintegração dos mesmos na sociedade.

2.4 OS DIFERENTES ESPAÇOS DA BRINQUEDOTECA

De acordo com Cunha (1994), na Brinquedoteca, existem vários

ambientes e “cantinhos” diferentes, de acordo com a finalidade que surgem.

A dedicação e a criatividade ajudam a criança a se organizar

mentalmente por meio da percepção e realidade.

Os espaços mais frequentes são:

- Canto do “faz- de- conta”: De acordo com Gimenes e Teixeira (2011), esse é

o ambiente favorito das crianças, pois, nele, elas imitam a realidade, aumentam

a capacidade de visualizar o mundo que as rodeia, representam e criam

situações imaginárias, esse “faz-de-conta” é um momento único para ao

desenvolvimento humano.

- Canto Fofo: Canto da leitura ou de contar histórias, nesse canto, os livros são

usados como forma de brinquedos e não com a seriedade e importância com

que seriam usados em uma biblioteca infantil. Assim, as crianças entram em

contato com os livros de histórias de forma espontânea, alegre e prazerosa, o

que estimula e desperta, desde cedo, na criança o gosto e o hábito pela leitura.

- Canto das invenções: Esse é o lugar onde as crianças constroem e inventam

coisas, liberando a sua criatividade.

- Sucatoteca: Nesse ambiente, guardam-se todos aqueles objetos que servirão

para confeccionar outros, como materiais reciclados e alternativos, lavados e

classificados, transformando-se em matéria-prima para a criação de outros

materiais ou brinquedos.

- Teatrinho: Nesse espaço, as crianças poderão criar as suas próprias histórias

e fazer uso de fantoches. Nessa interação a criança apresentará condições de

fantasiar momentos de sua vivência.

- Mesa de atividades: Nela, as crianças poderão reunir-se para realizar

atividades individuais ou em grupo, montar jogos e desenhar.

- Estantes com brinquedos: Nessas estantes, os brinquedos deverão ficar

dispostos ao alcance das crianças e dos bebês, sendo que os mesmos

precisam ver os brinquedos para, assim, serem estimulados e poder

compartilhar com eles. Os brinquedos poderão ser encontrados e manuseados

livremente, levando à criança as diferentes formas de brincar.

- Oficina: Nesse ambiente, poderão ser construídos ou restaurados brinquedos

quebrados.

- Quadro de Comunicações: Será utilizado para recados entre as crianças e

avisos de rotinas, como forma de estimular a criança a comunicar-se e a ler os

avisos e recados expostos no quadro.

- Acervo: Esse local possui estantes com jogos guardados ao alcance das

crianças, para que as mesmas escolham o preferido e retirem um de cada vez.

A Brinquedoteca, como instituição, representa o valor do brinquedo para

o desenvolvimento da criança, que tem direito ao brincar e contribuir para a

construção de um mundo melhor, estreitar as relações humanas e tornar-se

mais sensível e autêntica.

O desenvolvimento via lúdico efetiva-se quando a criança se vincula efetiva e progressivamente ao meio e à cultura onde vive, atribuindo-lhe um significado autêntico com afeto e emoção. Nesse sentido, as Brinquedotecas, vêm a ser espaços privilegiados de crescimento pessoal, social e cultural, uma vez que criam condições do brincar livre e espontâneo, inclusive com o outro, num ambiente onde ela se sente bem e confiante. (OLIVEIRA, 2011, p.190).

Diante disso, observa-se que a Brinquedoteca contribui para a formação

integral do educando, promovendo, assim, a sua autonomia e tornando-o um

ser pensante, crítico, ético e criativo.

3 METODOLOGIA

As atividades do Projeto de Intervenção Pedagógica foram

desenvolvidas na Escola de Rebouças, Educação Infantil, Ensino Fundamental,

na Modalidade Educação Especial, em forma de curso (encontros).

Foram realizados 10 (dez) encontros de 4 horas cada um, perfazendo

um total de 40 horas.

Participaram desses encontros 16 (dezesseis) pessoas da comunidade

escolar, entre eles: a direção, pedagoga, professores, motoristas, serviços

gerais, atendentes, fonoaudióloga, psicóloga e secretária da escola.

Este plano seguiu cinco etapas distintas:

3.1 PLANO DE TRABALHO

O Plano de Trabalho da proponente deste artigo (Professora PDE),

realizado em 2013, contempla o Projeto de Intervenção Pedagógica e a

Implementação da Produção Didático – Pedagógica na Escola de Rebouças.

Neste processo, buscou-se auxiliar os professores em suas práticas

pedagógicas, procurando alternativas e metodologias diferenciadas e

inovadoras que propiciem à criança condições de aprender com mais

facilidade, adquira conhecimentos e desenvolva a sua capacidade intelectual,

através dos jogos e brinquedos.

3.2 CADERNO PEDAGÓGICO

Para a realização da Intervenção Pedagógica, foi elaborado um Caderno

Pedagógico, contendo textos e sugestões de jogos para serem trabalhados em

sala de aula, visando sempre valorizar a potencialidade de cada um e respeitar

os seus limites.

Para a elaboração desse Caderno Pedagógico buscou-se a

fundamentação teórica em autores conhecedores do assunto que nos trazem à

realidade de que o desenvolvimento do ensino e aprendizagem ocorrem de

forma prazerosa e eficiente, quando abordados de forma lúdica.Como

exemplos: Antunes,Celso (2002) , Cunha, Nilce Helena Santos (1988 e 1994),

Kishimoto, Tizuko Morchida (2003), Vygotsky, Lev (1989 e 1991).

3.3 PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA

A Proposta de Implementação foi apresentada pela professora PDE, na

Semana Pedagógica das escolas estaduais que acontece no início do ano

letivo. Tem como objetivo a formação continuada dos profissionais da

educação, onde direção, equipe pedagógica, professores, funcionários, pais e

alunos discutem a organização da escola, a gestão escolar democrática, o

Projeto Político Pedagógico e a Avaliação Escolar.

Foi elaborado um cronograma para implementação, que teve a duração

de quatro meses e, nela, seria utilizado o Caderno Pedagógico. As ações foram

distribuídas em dez encontros de quatro horas cada, para estudo bibliográfico,

e oficinas para construção de material didático.

3.4 ASSESSORIA DOS ALUNOS DE TRABALHO EM REDE

Dentre as atividades previstas para o Plano de Carreira, destaca-se a do

Grupo de Trabalho em Rede – GTR, que possibilita a integração dos

professores PDE com os professores da Rede, por meio de encontros virtuais,

para a discussão das temáticas e sua área de formação e/ou atuação, troca de

ideias e experiências, muito valiosas e fundamentais para o cotidiano escolar.

Os encontros virtuais proporcionaram uma interação entre as demais

participantes do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), residentes

em diferentes regiões do estado do Paraná. Cada uma delas pôde expor suas

ideias e seus pensamentos, de acordo com a sua realidade escolar e os temas

abordados, durante a realização do curso.

3.5 TRABALHO FINAL: ARTIGO

Finalizou-se o programa com a elaboração deste artigo, após muitos

estudos, pesquisas, intervenções, discussões, oficinas práticas, grupo de

trabalho em rede, formação continuada aos professores, construção de jogos e

da Brinquedoteca, utilização do material lúdico em sala de aula, dentro da

realidade escolar de cada professor envolvido.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A motivação em estudar e aprofundar os nossos conhecimentos sobre

os jogos e brinquedos com o objetivo de construir uma Brinquedoteca na

Escola Especial, deve-se em auxiliar e mediar o professor no exercício da

prática docente de ensino para todos, pois metodologias diversificadas e

adequadas proporcionam à criança o seu crescimento pessoal e pedagógico.

Acreditamos que os brinquedos e jogos trazem inúmeros benefícios para

a aquisição de conhecimentos e aprendizagem. Pois, diversificam as aulas,

tornando-as atraentes, criativas e prazerosas, o que propicia ao aluno com

deficiência intelectual aprender de uma forma espontânea e diferenciada.

Partimos da premissa de que todos os educandos são capazes de aprender

independentemente de suas dificuldades e diferenças.

O professor deverá ser criativo, dinâmico e mediador nesse processo,

estimular e promover a aprendizagem do aluno, não esquecer jamais da

satisfação e da espontaneidade da criança ao brincar.

Para Antunes (2002, p.36), ”O jogo ajuda-o a construir suas novas

descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um

instrumento pedagógico [...]”.

O jogo e o brinquedo tornam-se ferramentas ideais para que a

aprendizagem realmente aconteça, levam a criança a construir novas

descobertas, desenvolver a sua personalidade, enriquecem e representam um

instrumento pedagógico, considerando o estimulo e interesse do aluno, cabe,

então, ao professor, ser um condutor e estimulador da aprendizagem através

das atividades lúdicas, jogos e fazer uso da Brinquedoteca na Escola Especial.

Esse espaço destinado ao brincar, é muito importante para o

desenvolvimento da criança, conforme relata uma das professoras

participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR.

Na escola onde trabalho, o exercício da Brinquedoteca vem sendo empregado e os resultados são observados facilmente , através da melhora de raciocínio, socialização e de atenção ,inclusive na sala de ensino regular. A Brinquedoteca exemplificada nos jogos é integralizadora, pois faz a função de entretenimento com estudo. (S.A.da C.F).

Diante disso, observamos que o aluno, principalmente o nosso aluno de

educação especial, tem o direito de aprender de forma individualizada,

diferenciada e prazerosa. Pensando nisso, foram construídos os jogos que

auxiliam o professor no seu cotidiano escolar e proporcionam ao aluno uma

forma natural e espontânea de aprender, atendendo as necessidades

educacionais especiais e singulares do educando.

As atividades propostas pelo Caderno Pedagógico propiciaram

resultados satisfatórios, pois os professores estão utilizando os jogos e os

brinquedos construídos.

Também, estão fazendo uso da Brinquedoteca que foi construída em

uma das salas da escola, para propiciar e favorecer a aprendizagem, pois

através do brincar a criança desenvolve as suas habilidades, seus limites, sua

autonomia, autoconfiança, autoestima e interação.

Nesse sentido, concordamos com a professora participante do Grupo de

Trabalho em Rede, quando esta comenta.

Torna-se importante salientar a importância do brincar, entendido sob o ponto de vista do direito do sujeito, contemplando neste ato, toda diversidade presente no processo de aprendizagem. Ao adotar-se a ludicidade no trabalho desenvolvido junto a educandos com deficiência, ela transformou-se num elemento articulador, que amplia e favorece as condições de aprendizagem, além de contribuir nos aspectos motor, emocional,socialização, respeito, construção de identidade entre tantos outros fundamentais do desenvolvimento humano. (L.T.P.).

O brincar é um direito da criança e proporciona satisfação, alegria,

fantasia e imaginação, é importante para a formação integral, moral e

intelectual das mesmas. As atividades lúdicas desenvolvem autonomia, fator

este fundamental para a maturidade emocional, auxiliam na aprendizagem, na

socialização e na construção do conhecimento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento e a aprendizagem humana dependem,

fundamentalmente, do meio em que ela está inserida. Diante dessa lógica, as

oportunidades que o educador pode oferecer constituem o diferencial

quantitativo no desenvolvimento do aluno.

Desta forma, para que uma aprendizagem significativa aconteça, faz-se

necessário investir em ações que potencializem a disponibilidade do aluno para

aprender. No entanto, na aprendizagem do aluno com deficiência intelectual,

essa disposição para aprender não depende somente dele, mas demanda que

a prática didática propicie condições para que essa atitude favorável se

manifeste e prevaleça.

De acordo com Vygotsky (1991), a aprendizagem é um processo

contínuo e a educação é caracterizada por saltos qualitativos de um nível de

aprendizagem a outro.

E, segundo Oliveira (1992), a aprendizagem desperta processos

internos de desenvolvimento que somente podem ocorrer quando o indivíduo

interage com outras pessoas.

A utilização de jogos pedagógicos permite ao aluno com deficiência

intelectual a redução da distância entre o nível de desenvolvimento real e o

nível de desenvolvimento potencial. Possibilita ao aluno construir o

aprendizado de acordo com o seu ritmo e suas capacidades. O aprendizado

torna-se significativo associado à satisfação e ao sucesso, consequentemente,

melhorando a sua autoestima, diminuindo a ansiedade e proporcionando ao

aluno participar das atividades com motivação.

O trabalho desenvolvido na Implementação Pedagógica confirmou a

concepção de que todas as atividades lúdicas despertam a curiosidade e o

desejo de aprender. O brinquedo possui um efeito organizador e é considerado

o meio fundamental para o cultivo de capacidades, habilidades, interesses e

hábitos.

Por meio dos jogos e brinquedos presentes na Brinquedoteca a

criança tem a possibilidade de viver papéis, de elaborar conceitos e, ao mesmo

tempo de exteriorizar o que pensa da realidade. É por conta disso que as

Brinquedotecas são altamente valorizadas como locais de auxílio ao

desenvolvimento. (OLIVEIRA, 2011. p. 89).

Durante a execução das etapas que se seguiram foram visíveis,

quanto ao aprofundamento do tema, o sucesso e aceitação que os estudos, a

confecção dos jogos e a construção da Brinquedoteca proporcionaram aos

participantes e, em especial, aos professores e aos alunos da escola, que

usufruíram desses recursos para enriquecer ainda mais as suas práticas

pedagógicas, tornando, assim, suas aulas mais atraentes, criativas e

dinâmicas, fazendo o uso dos jogos e utilizando o espaço da Brinquedoteca.

Acreditamos que os professores continuarão utilizando esses recursos,

que os auxiliam através da mediação a atender as especificidades dos alunos,

resgatando a sua autoestima, seja através de materiais diferenciados,

procedimentos didáticos específicos ou de medidas extras que atendam às

necessidades individuais, pois o professor é um participante ativo e direto na

formação do aluno, além de ser o mediador e o motivador, criando

possibilidades de intervenção que permitem elencar o conhecimento do

mesmo, respeitar seus interesses, ouvir, auxiliar e esclarecer suas dúvidas,

sempre buscando a sua aprendizagem e a aquisição de conhecimentos.

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