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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Ensino Aprendizagem de LEM-Inglês na Educação de Jovens e ... mas ainda em processo de desenvolvimento, a fala em balão fez

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO-SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE

TANIA MARA GABRIEL DE OLIVEIRA COSTA

ARTIGO /PDE

GÊNERO TEXTUAL HISTÓRIA EM QUADRINHOS (HQS) EM LEM –

INGLÊS: LETRAMENTO DOS ALUNOS DA EJA

Trabalho de conclusão de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional. PDE – 2013. Orientadora:.Marcia Regina Pawlas Carazzai

PITANGA - PARANÁ

2014

GÊNERO TEXTUAL HISTÓRIA EM QUADRINHOS (HQS) EM LEM –

INGLÊS: LETRAMENTO DOS ALUNOS DA EJA

Autora: Tania Mara Gabriel de Oliveira Costa1 Orientadora: Marcia Regina Pawlas Carazzai2

RESUMO

Este artigo resulta da análise e reflexão acerca dos resultados obtidos com o Projeto de Intervenção Pedagógica, intitulado “Gênero Textual História em Quadrinhos (HQS) em LEM – Inglês: um estudo sobre a cultura online”, aplicado com alunos do Ensino para Jovens e Adultos - EJA, do CEEBJA Casturina C. Bonfim, em Pitanga, no ano de 2014, durante os meses de fevereiro a julho de 2014. O trabalho realizado, teve como objetivo promover a produção escrita, a leitura e o letramento digital dos alunos do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos. Portanto, nosso foco de atenção volta-se para a cultura on line presentes nas HQs. Também traz o resultado da Unidade Didática trabalhada nas aulas, durante a implementação do Projeto, através das ações desenvolvidas. PALAVRAS CHAVE: PRODUÇÃO ESCRITA, LETRAMENTO DIGITAL, LEITURA

1 INTRODUÇÃO

Para podermos ser claros no presente artigo, inicialmente abordaremos

questões sobre o ensino aprendizagem de LEM-Inglês sob as perspectivas teóricas

das DCEs focalizando alunos do EM na modalidade EJA. Posteriormente

discorreremos sobre o gênero textual e finalmente discutiremos sobre as HQs e suas

principais características como gênero textual dando ênfase também na cultura on

line.

1 Graduada em Letras , Professora PDE 2012. 2 Doutora em Inglês, professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste .

Em tempo, lembramos que EJA é uma modalidade de ensino que precisa de

material diferenciado, que contemple assuntos do interesse dos alunos, ou seja, que

tenham ligação com a realidade em que vivem ou trabalham e que favoreçam a

autonomia, auxiliando na formação pessoal e profissional.

2 DESENVOLVIMENTO

O uso das HQs como material de apoio no ensino aprendizagem da EJA,

busca promover um ambiente que facilite a aquisição da LEM - Inglês

proporcionando maior contato com o uso efetivo desta língua de forma ilustrativa,

ajudando o educando a contextualizar a história refletindo sobre a situação

apresentada de maneira lúdica tornando as aulas mais interessantes para esse

público tão misto no que se refere à faixa etária.

Vygotsky (1987, p.20) diz :

os fatores sociais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento intelectual das crianças em fase de aprendizado. Com relação aos jovens e adultos, isso não é diferente, já que estão frequentando essa modalidade de ensino com o intuito de alfabetizar-se e desenvolver-se intelectualmente.

Os alunos da EJA pertencem a um contexto social, o qual interfere

diretamente no momento da aquisição da LEM - Inglês.

Vygotsky (1987) trata a aquisição da linguagem do meio social como o

resultado entre raciocínio e pensamento em nível intelectual, para ele a linguagem é

importante, pois além da função comunicativa, ela é essencial nas funções

psíquicas, como na memória, atenção e vontade, por isso a aprendizagem começa

com uma história de aprendizagem prévia e não se inicia na escola.

Portanto a utilização das HQs insere o aluno na cultura da LEM-Inglês, já que

nesse momento o contexto social é também revelado nas tiras, e então o aluno

aprenderá as particularidades do idioma, desenvolvendo dentro de si a fluência do

Inglês.

As HQs tem grande popularidade nos meios de comunicação. Portanto, a

introdução desse gênero na sala de aula como ferramenta pedagógica, fará parte da

construção do conhecimento de mundo dos alunos.

O contato dos alunos da EJA com a leitura e a escrita fora da escola muitas

vezes, limita-se a poucos gêneros, como a receita culinária, o manual de instrução, a

bula de remédio, o panfleto publicitário.

Trabalhar HQs na escola é uma forma significativa e dinâmica para os alunos

lerem, escreverem, criarem, pesquisarem, dramatizarem sobre a vida (INÁCIO,

2003). A importância das histórias em quadrinhos nas escolas é tratada por Araújo,

Costa e Costa (2008, p. 29) quando anunciam que:

[...] os quadrinhos podem ser utilizados na educação como instrumento para a prática educativa, porque neles podemos encontrar elementos composicionais que poderiam ser bastante úteis como meio de alfabetização e leitura saudável, sem falar na presença de técnicas artísticas como enquadramento, relação entre figura e fundo entre outras, que são importantes nas Artes Visuais e que poderiam se relacionar perfeitamente com a educação, induzindo os alunos que não sabem ler e escrever a aprenderem a ler e escrever a partir de imagens, ou seja, estariam se alfabetizando visualmente. (2008, p. 29)

Portanto, para a utilização das HQs na escola em especial na EJA, requer

comprometimento do professor no fazer pedagógico e domínio metodológico do

conteúdo a ser trabalhado com os alunos, além da criatividade e ousadia para

utilizar os quadrinhos na medida certa para auxiliar o ensino aprendizagem destes.

2.1 LEM-Inglês sob a perspectivas teóricas das DCEs

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (DCEs,

PARANÁ 2008), como fundamento teórico metodológico para o fazer pedagógico, os

sujeitos da educação básica, nossos educandos, que se envolvem em relações

sociais para além da sala de aula, que possuem experiências de vida e são também

seres únicos que participam da sociedade a partir da forma como conseguem

entendê-la e como dela lhes é possível participar, têm direito a um ensino

significativo e que os leve ao letramento (DCEs, 2008).

Em função disso, entende-se que é dever da escola dar o acesso ao

conhecimento historicamente produzido pela humanidade possibilitando a

socialização do saber, no caso alunos da EJA em que a escola se torna o único

meio de acesso ao mundo letrado. Para se efetivar na prática, os conteúdos da

disciplina de LEM - Inglês pode ser tratado de modo dinâmico, atrativo e atual, de

forma contextualizada, pois as novas ferramentas do ensino de Inglês nos

possibilitam evidenciar para os alunos que os conteúdos possuem dimensões

científicas, históricas, econômicas, políticas e religiosas que só podem ser

ensinadas e explicadas no processo de ensino e aprendizagem.

Por esse motivo, trabalhar os conteúdos de modo contextualizado é inserir nos

ambientes das salas de aula as práticas sociais da linguagem, que são, na verdade,

os gêneros textuais que, assim como a língua, são flexíveis, variáveis, adaptam-se,

se renovam e se multiplicam (MARCUSHI, 2005).

Para o mesmo autor, os gêneros textuais são “[...] formações interativas,

multimodalizadas e flexíveis de organização social e de produção de sentidos”

(MARCUSCHI, 2005). Assim como a ciência os gêneros não são estáticos, prontos e

acabados, eles são construídos de acordo com as necessidades de cada sociedade.

Circulam das mais variadas formas e nos mais diversos suportes. Alguns deixam de

existir para que nasçam outros e necessitam ser analisados nas práticas sociais

relacionados às atividades discursivas e no interior da cultura.

Para Paiva (2004), gêneros são:

Sistemas discursivos complexos socialmente construídos pela linguagem, com padrões de organização facilmente identificáveis dentro de um continuum de oralidade e escrita, e configurando-se pelo contexto sócio-histórico que engendra as atividades comunicativas (PAIVA, 2004, p. 304).

Entende-se, dessa forma, que os gêneros textuais materializam-se nos

diversos textos e demonstram o funcionamento da língua de forma dinâmica e, para

o estabelecimento de relações comunicativas, valemo-nos dos gêneros, os quais

permitem transformar o ambiente e toda gama de objetos que nos cercam.

2.2. Ensino Aprendizagem de LEM-Inglês na Educação de Jovens e Adultos

(EJA)

A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino que oportuniza

àquelas pessoas que não tiveram acesso à Educação na idade certa ou por algum

motivo tiveram que abandonar os estudos. Na EJA, adolescentes, jovens e adultos

poderão aumentar suas possibilidades, adquirir novos conhecimentos, trocar

experiências e ainda ter acesso a novas oportunidades de trabalho. Na EJA, os

alunos procuram aproveitar ao máximo as aulas para recuperar o tempo perdido, e

se ao ministrar aulas de LEM-Inglês o professor não trabalhar a importância da

aquisição desta segunda língua de forma clara, de como nos dias atuais esta língua

tem sido utilizada, eles passam a entender que aquilo não é importante ou que

jamais irão utilizar, perdem o ânimo, e a matéria tende a se tornar monótona.

2.3 As HQs e suas principais características como Gênero Textual

Os gêneros textuais HQs vêm sendo defendido como uma excelente

ferramenta para o ensino de línguas, neste projeto especificamente no Inglês, pois

os mesmos possibilitam que os educandos tenham contato com diferentes tipos de

textos e formas de expressão da linguagem.

Para iniciarmos o histórico das HQs, faremos uma breve leitura sobre a

origem e definições das HQs, percorrendo Suíça, Alemanha, Bélgica, França.

O gênero textual HQs, teve seu primeiro registro na Suíça com Rodolph

Töpffer. Na Alemanha, Wilhelm Busch é considerado também um dos pioneiros. Na

Bélgica, as tiras começaram a ser publicadas no início do século XX, com o belga

Georges Prosper Remi, e na França com René Goschinny, Albert Uderzo, e Caran

D’ache, todos “pioneiros de uma narrativa visual seqüenciada, que ainda não

utilizavam balões para indicar falas”, conforme Patati e Braga (2006, p. 20).

Em 2008, Carvalho faz um estudo sobre o gênero discursivo tira, o qual

argumenta que no final do século XIX teve início nas páginas dominicais de jornais

norte-americanos o surgimento de narrativas que se utilizavam de quadrinhos para

contar suas histórias, voltados para as populações de migrantes, com desenhos

cômicos e personagens caricaturais.

As primeiras publicações eram consideradas histórias completas e

formatadas para ocupar uma única página nos suplementos dominicais, mas devido

à falta de espaço no jornal e à popularidade dos personagens que poderiam ser

encontrados todos os dias, nasceram às tiras diárias. Estas passaram a ser

publicadas diariamente nos jornais com temáticas diversificadas, mantendo o

mesmo traço cômico, os quais passaram a ter o mesmo formato devido às limitações

de espaço nos jornais.

Patati e Braga (2006) citam que o formato clássico das tiras narradas em três

quadros nasceu com os personagens Mutt e Jeff, de Bud Fisher, em 1907, onde os

textos eram escritos em forma de legendas que acompanhavam as cenas. No

entanto, em outubro de 1896, William Randolph Hearst, publicou em seu jornal uma

página humorística com o personagem The Yellow Kid (O Menino Amarelo) de

Richard Felton Outcault. Foi com este personagem que um dos principais elementos

da linguagem dos quadrinhos foi incorporado às histórias: os balões de fala. Deste

modo, na tira diária já nascida, mas ainda em processo de desenvolvimento, a fala

em balão fez concentrar a característica marcante dos quadrinhos.

Yellow Kid é quase universalmente aceito como o primeiro personagem propriamente de quadrinhos, por mais que haja antecessores imediatos. Ele foi o primeiro a conquistar seu público próprio na imprensa e a fazer

convergir e tornar manifestos os traços básicos da nova forma de expressões. Suas falas e, pouco depois, a inserção delas em balões, foram um sinal inequívoco de que o leitor estava diante de uma HQ. (PATATI & BRAGA, 2006, p.15)

Campos (apud PESSOA, 2008, p.2) comenta que:

Os livros norte americanos nem têm dúvida: a primeira história em quadrinhos é o Yellow Kid, criada em 1895 por Richard F. Outcault. Mas a Inglaterra apresenta as páginas desenhadas por Gilbert Dalziel em 1884, como prova de que os quadrinhos são uma invenção inglesa. Os alemães podem afirmar que os dois primeiros heróis dos quadrinhos surgiram em 1865 na Alemanha: foi Max e Moritz, de Wilhelm Busch. Mas, por outro lado, os espanhóis podem falar dos quadrinhos de Goya, do início do século XIX. No Brasil orgulhamo-nos do ítalobrasileiro Ângelo Agostini, que inventou os quadrinhos em 1884. Mas alguns diversionistas sustentam que Agostini teria sido precedido por Henrique Fleiuss e seu Dr. Semana – Prefácio de Fealdade de Fabiano Gorila – Marcelo Gaú.

Yellow Kid nasceu em uma página humorística, publicada nas tiras diárias

que já existiam, entretanto os textos eram escritos em forma de legendas. Dessa

forma, o personagem Yellow Kid revolucionou o gênero Tiras em quadrinhos com os

balões de fala, quando passou a ser publicado nas tiras diárias, considerados por

muitos especialistas na área o primeiro personagem dos quadrinhos, das histórias

em quadrinhos ou das tiras em quadrinhos.

Patati e Braga(2006) avaliam Yellow Kid como a primeira história em

quadrinhos, ou então a primeira tira em quadrinho.

Este fato chama a atenção nas citações acima e no decorrer do projeto sobre

a origem do gênero em questão, pois há uma confusão existente em torno dos

gêneros ligados a essa forma de narrativa. Percebe-se, que, às vezes, o termo

quadrinhos é utilizado como sinônimo de histórias em quadrinhos e ambos como

sinônimos de tiras em quadrinhos (TQs).

O termo histórias em quadrinhos refere-se a um aspecto mais abrangente, ou

seja, às histórias narrativas que são contadas sequencialmente, independente da

quantidade de quadrinhos. Santos (apud Ramos, 2007) citam que história em

quadrinhos é um termo que reúne diferentes formas de apresentar as narrativas

iconográficas sequenciais.

De acordo com as categorias de gênero propostas por Bakhtin ([1953] /

2003), as tiras em quadrinhos, podem ser consideradas um gênero de caráter

secundário, à medida que são produzidas, relacionadas à modalidade escrita da

linguagem e também por apresentarem uma ligação do gênero oral espontâneo com

a escrita e a ligação de elementos visuais e verbais.

Para Nepomuceno (2005), as TQs representam um gênero autônomo, pois

em sua pesquisa na teoria dos gêneros de discurso de Bakhtin, concluiu que estas

abordam o gênero como enunciado relativamente estável, constatando que as tiras

apresentam certas regularidades, como discurso humorístico, forma física

retangular, composição estrutural apoiada nos recursos não-verbais, uma temática

diversificada, predomínio dos tipos narrativo e argumentativo, sujeito enunciador

dialogando com vozes individuais e coletivas, e têm como suporte o jornal.

Podemos perceber que as TQs dos personagens Garfield, Mônica e Mafalda

também seguem certas regularidades. São histórias contadas em uma sequência

narrativa em formato de quadrinhos, em que as falas são representadas em balões.

Estas apresentam textos curtos e divertidos com imagens (coloridas ou não) com a

intenção de fazer críticas, denunciar atuações ou comportamentos de elementos da

sociedade, e também de produzir humor através da sátira e ironia.

Portanto, as tiras em quadrinhos apresentam um discurso com temáticas

variadas e cotidianas que podem estar, ou não, relacionadas aos acontecimentos de

destaque na imprensa. Os quadros têm uma estrutura de texto narrativo-dialogal,

cujos enunciados são representados em balões – com flechas saindo da boca dos

personagens para indicar fala e bolinhas para indicar pensamentos.

Os recursos utilizados são diversos, metáforas visuais, representações

gráficas (pictogramas); ex: sentimentos como dor (a expressão utilizada são estrelas

depois de levar uma pancada na cabeça), idéia brilhante (uma lâmpada acesa sobre

a cabeça de um personagem), corações que mostram que o personagem está

apaixonado e um espiral sobre a cabeça (representando a raiva).

As onomatopéias são recursos verbais que ressaltam o visual, em que

mesmo palavras sem sentido adquirem significação semântica, como

representações de ruídos (explosões, socos, tiros, objetos quebrados, colisões, etc.)

ou por palavras (Bum! Soc! Crash!).

O tamanho e o tipo da fonte utilizada podem expressar sensações internas

como medo, ódio, raiva ou mudança de entonação de voz dos personagens; um

recurso que se harmoniza com o sentimento expresso na narrativa. A pontuação é

outro recurso semântico que pode manifestar surpresa ou indignação. Os

quadrinhos sem fala podem também ser lidos a partir de seus elementos gráfico-

visuais.

As HQs podem ser consideradas arte sequencial de imagens, desenhos,

textos e cores que transmitem ao leitor uma história ou acontecimento, cujo objetivo

principal é:

[...] a narração de fatos procurando reproduzir uma conversação natural, na qual os personagens interagem face a face, expressando-se por palavras e expressões faciais e corporais. Todo o conjunto do quadrinho é responsável pela transmissão do contexto enunciativo ao leitor. Assim como na literatura, o contexto é obtido por meio de descrições detalhadas através da palavra escrita. Nas HQs, esse contexto é fruto da dicotomia verbal / não verbal, na qual tanto os desenhos quanto as palavras são necessárias ao entendimento da história[...] (EGUTI, 2001, p. 45).

Nogueira (2007 p. 1) é quem nos auxilia na apresentação da arte sequencial:

[...] a arte sequencial como é classificada a História em Quadrinhos, é muito valorizada, especialmente em países europeus, como a França e a Bélgica, onde editoras especializaram-se na sua publicação, na formade álbuns cartonados, alguns com encadernações de luxo. Com gêneros variados, as estórias atingem a pública de todas as idades. As histórias em quadrinhos com temas históricos, por exemplo, são um grande sucesso. Elas são ambientadas nos mais variados contextos, desde a antiguidade (como Alix, Asterix e Papyrus), passando pela Revolução Francesa (Dampierre), apenas para citar alguns exemplos. Os temas abordados também envolvem

questões sociais atuais, como discriminação racial, pobreza e desigualdade, além de política e organização econômica.

Portanto, arte sequencial pode ser entendida como geradora de vários temas

que podem ser trabalhados em diferentes contextos da sociedade, do mais

sofisticado ao popular, atendendo as diversas classes.

3. METODOLOGIA

Para que o projeto se realizasse, ele foi executado por meio de uma unidade

didática organizada em cadernos de atividades, impressos para que todos os alunos

tivessem acesso e realizassem as mesmas.

A implementação do projeto foi trabalhada através de uma Unidade Didática e

recursos tecnológicos, em trinta e duas (32) aulas, com o objetivo de trabalhar com

alunos do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos – EJA, na disciplina de

Língua Estrangeira Moderna – Inglês, do CEEBJA Casturina C. Bonfim, no município

de Pitanga, o gênero textual Histórias em Quadrinhos.

O projeto teve início no mês fevereiro de 2014, sendo divulgado em uma

reunião com a direção, equipe pedagógica, professores e funcionários do CEEBJA.

Assim, todos colaboraram com o material didático e apoio pedagógico necessário

para que houvesse um bom andamento na proposta elaborada.

O trabalho foi organizado para o Ensino Médio e a proposta de pesquisa foi

apresentada aos alunos de forma detalhada, deixando claros os objetivos a serem

atingidos com este estudo.

Os alunos tiveram o primeiro contato com o gênero textual HQ através de um

caderno elaborado com todas as atividades, com objetivo de tornar mais fácil a

aprendizagem do aluno. Neste caderno, os educandos tiveram acesso aos recursos

visuais, balões, expressões, onomatopeias, utilizadas nas atividades, bem como,

observaram o humor, ironia, a cultura do país. Na próxima aula foram realizadas

atividades sobre TQs e HQs, com a finalidade de diagnosticar o conhecimento dos

alunos sobre o tema em questão.

Poucos alunos conheciam o gênero textual HQs, havendo assim muitos

questionamentos e observações.

Na aula seguinte os alunos fizeram a leitura no caderno de atividades de

tirinhas da Mafalda, Garfield e tiras da Turma da Mônica, destacando as

onomatopéias e recursos visuais utilizados, bem como palavras em inglês que

encontraram dificuldade na leitura. Posteriormente, utilizaram o dicionário e fizeram

a pesquisa das palavras e tradução das mesmas. A participação dos alunos foi

muito boa, com grande aproveitamento.

Nas aulas seguintes os alunos produziram suas tirinhas em folhas de sulfite

e/ou no próprio caderno, utilizando sua imaginação e criatividade. Cada um abordou

um tema diferente em suas tirinhas, uns escolheram falar sobre lixo, outros

diversidade, dentre outros. Cada um apresentou sua tirinha mostrando suas

ilustrações, bem como fizeram a leitura da mesma. Os alunos se divertiram muito e

houve uma aprendizagem significativa, visto que utilizaram escrita e leitura.

Nas próximas aulas os alunos foram no laboratório de informática do Paraná

Digital, onde tiveram acesso a internet, utilizando sites de pesquisa, iniciando o

letramento digital. Através da pesquisa realizada, os alunos tiveram um contato

maior com o meio digital de forma atrativa e dinâmica e com uma diversidade de

tirinhas, nas quais iam observando as onomatopeias e recursos visuais utilizados.

Os alunos tanto tiveram acesso a tirinhas em português quanto em inglês, e, com o

auxílio da professora, fizeram comparações, principalmente nas tirinhas de Garfield,

que apresentam uma variedade de tirinhas na linguagem verbal e não verbal.

Para finalizar o projeto, nas aulas seguintes os alunos produziram no

computador, no aplicativo BrOffice Writer, suas tiras em quadrinho, em português e

inglês, utilizando todos os recursos estudados, como balões, onomatopéias,

metáforas, humor, ironia, cultura. Para que o aluno conseguisse realizar a

atividades, foi elaborado um passo a passo de como formatar a página de texto,

bem como os quadrinhos que iam formar as tirinhas. Os alunos também foram

orientados sobre a forma de colocar figuras em seus quadrinhos, mostrando os

recursos do clip art do próprio editor de texto.

Com o desenvolvimento de todos esses passos, foi possível

implementar a unidade didática abordando o gênero textual HQs. Também foram

usados materiais já existentes na escola como dicionário, laboratório de informática,

biblioteca, entre outros.

Foram dias de muita leitura, escrita e prática, nos quais os alunos

demonstraram muito interesse, criatividade e dinamismo na realização das

atividades.

4. DISCUSSÕES E RESULTADOS

Através da UD, foi explorado o uso de estratégias para a leitura do referido

gênero textual, o reconhecimento dos elementos que o constituem, além de ampliar

conhecimentos com relação a algumas estruturas linguísticas de LEM – Inglês.

Inicialmente foi oferecido letramento digital aos alunos, uma vez que os

mesmo têm níveis diferenciados de contato com ferramentas eletrônicas disponíveis

no laboratório de Informática.

Na intenção de explorar o gênero textual HQs, nas primeiras aulas foram

trabalhados conhecimentos prévios dos alunos sobre HQ’s, apresentação na TV

multimídia de HQ’s, entrega do caderno didático e interpretação de HQ’s ( recurso

visuais, balões, expressões, onomatopeias, humor, ironia cultura do país).

Os alunos ficaram encantados com o caderno de atividades, pois bem sabe-

se que na EJA nosso material é escasso.

A cada aula uma novidade, assim os alunos relatavam que as aulas estavam

sendo produtivas e ficavam ansiosos esperando o que iriam aprender na próxima

aula.

Nas próximas aulas foram trabalhadas as curiosidades sobre a Turma da

Mônica: “Seven Deadly Sins”, seguido de Biografia de Maurício de Sousa e

atividades de interpretação. Neste momento, os alunos relataram que saber as

curiosidades da Turma da Mônica, bem como tomar conhecimento de seu criador,

instigou a curiosidade dos mesmos a ler as HQs destes personagens.

Posteriormente em 3 aulas foi trabalhado Simple Past – verbos regulares na

forma afirmativa, negativa, interrogativa e respostas curtas. Atividades referentes ao

Simple Past. Pôde-se observar que os alunos tiveram facilidade de responder as

atividades propostas, e demonstraram mais interesse pelas aulas e em aprender

Inglês.

Em seguida, foram apresentadas as HQ’s de Garfield e seu autor, seguidas

de atividades no laboratório de informática, com pesquisas de mais HQs de Garfield.

Cabe ressaltar nesse momento que levar os alunos para o laboratório de

informática, não é uma tarefa fácil, mas ao mesmo tempo torna-se gratificante pelo

interesse que os mesmos apresentam ao se depararem com os computadores.

Nas aulas seguintes foi realizada a apresentação do filme do Garfield: “The

Haunted House”, quando foram trabalhadas a compreensão e interpretação, bem

como, adjetivos. Também foi trabalhado com Simple Future, em sua forma

afirmativa, negativa, interrogativa, contraria e respostas curtas. Para que os alunos

pudessem perceber o tema em questão, foi necessário passar diversas vezes o

filme para poderem entender o que o filme propunha. Em seguida, foram feitas

atividades com tirinhas, contemplando compreensão e interpretação de textos, bem

como, exercícios para colocar o texto em ordem correta e completar o que faltava.

Posteriormente, foram trabalhadas as características de HQ’s e linguagem

verbal e não verbal. Esta atividade foi bem interessante, pois os alunos precisavam

ler as tirinhas, ou interpretá-las em voz alta, para que os mesmos pudessem se

expressar melhor.

Em tempo, lembramos que nesta UD foram previstas atividades para

diagnosticar o conhecimento dos alunos sobre o tema em questão, bem como a

utilização de dicionário, favorecendo pesquisas vocabulares que auxiliem a

compreensão.

A produção inicial das tirinhas foi realizada em folhas de papel A4 focalizando

a imaginação e criatividade dos alunos. Nesta atividade, os alunos demonstraram

muito interesse na realização das mesmas, relatando que as aulas estavam cada

vez mais divertidas e descontraídas.

Posteriormente, foi utilizado, para fins de pesquisas e uso de ferramentas

eletrônicas, o laboratório de informática do Paraná Digital, propiciando mais um

momento de letramento digital. Através da pesquisa realizada, os alunos tiveram um

contato maior com o meio digital de forma atrativa e dinâmica, pois observaram as

tirinhas em português e inglês, conseguindo diferenciar as de linguagem verbal e

não verbal.

Para finalizar as atividades, foi realizada a produção no do Gênero Textual

HQs utilizando ferramentas eletrônicas dos computadores do laboratório de

informática, mais especificamente os aplicativos do BrOffice Writer, no formato de

HQs e TQs em LEM-inglês. O foco foi enfatizar o uso dos recursos estudados como

características do gênero HQs, como balões, onomatopeias, metáforas, humor,

ironia, cultura. Este momento foi muito bom, pois na medida que os alunos iam

recebendo as orientações, com o passo a passo para a realização das tirinhas,

agora no computador, participaram ativamente e com comprometimento nas

atividades.

Todos os alunos participaram das atividades e aulas foram proveitosas. Pôde-

se perceber que os alunos estavam sentindo-se mais seguros na leitura e na escrita

das HQs.

Durante a realização das atividades, a avaliação aconteceu de forma

diagnóstica e contínua, visando garantir a aprendizagem do educando.

4.1 O Grupo de Trabalho em Rede (GTR)

Por meio do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), no qual foram socializados

todos os materiais produzido no Programa de Desenvolvimento Educacional 2013

(PDE), os professores cursistas discutiram e interagiram através de fóruns e diários,

sobre o projeto “Gênero Textual História em Quadrinhos (HQS) em LEM – Inglês: um

estudo sobre a cultura online”, a Unidade Didática, bem como a Implementação das

ações na escola.

Após realização de leituras nas temáticas, pudemos perceber que por se

tratar de um público alvo que apresenta um perfil diferenciado, a motivação por parte

do professor para os alunos da EJA, está fortemente ligada ao conceito de

aprendizagem e quanto mais motivada o aluno for, mais possibilidades de sucesso

na aprendizagem.

Os professores cursistas percebem o grande desafio que é trabalhar LEM –

Inglês com estes alunos, pois contornar esses obstáculos faz-se necessário buscar

recursos que facilitem a aprendizagem aliadas ao interesse do educando.

Quanto à Unidade Didática, os cursistas gostaram muito das atividades

propostas e comentaram a importância de trabalhar o gênero, visto que, o mesmo

possibilitará o desenvolvimento de habilidades de leitura bem como o despertar para

a criatividade, cooperação e socialização entre eles.

Na temática que foi trabalhado com a Implementação do Projeto, surgiram

muitos relatos de experiências, muitas contribuições, as quais contribuíram para a

efetivação das ações em sala de aula.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados obtidos no trabalho executado, podemos concluir que

a utilização de HQs inserida na aprendizagem dos conteúdos faz com que o aluno

sinta-se atraído em aprender a língua Inglesa. Quando utilizamos uma metodologia

inovada e diversificada, através de HQs, tirinhas, bem como atividades no

laboratório de informática, tudo isso previamente planejado com atividades

dinâmicas e atrativas, as aulas são mais gratificantes e o processo ensino-

aprendizagem se concretiza de forma mais eficaz. Ao utilizarmos tais atividades,

motivamos nossos alunos a ler e escrever de forma criativa e divertida.

Cabe ressaltar que os avanços foram significativos, pois os alunos liam

atentamente as tirinhas, bem como conseguiam resolver as atividades. Os alunos

gostaram das atividades trabalhadas na unidade didática, pois tinham um contato

direto com o material, o que favoreceu uma proximidade com as atividades,

permitindo uma aprendizagem significativa do gênero em questão. A

implementação foi bem aceita pelos alunos, pois houve grande interesse pelo tema,

tornando possível extrair maior conhecimento e tornar as aulas mais interessantes,

aprimorando no educando a consciência em comprometer-se com as aulas de

inglês.

A finalização da implementação foi na produção da HQs no computador,

muito trabalho, muitas dificuldades com o recurso tecnológico, mas um novo

aprendizado, com muita determinação e criatividade dos alunos.

6 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, G. C.; COSTA, M. A.; COSTA, E. B.. As historias em quadrinhos na educação: possibilidades de um recurso DidáticoPedagógico. Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes. Uberlândia, n. 2, p. 26-27. Julho/dezembro 2008. Disponível em: http://www.mel.ileel.ufu.br/pet/amargem/amargem2/estudos/MARGEM1-E31.pdf>.Acesso em 24 abril.2013. BAKHTIN, M. Os Gêneros do Discurso. In: Estética da Criação Verbal. Introdução e tradução do russo Paulo Bezerra; Prefácio à edição francesa Izvetan Todorov. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, p. 261 – 306, 1953 / 2003. CARVALHO, S.M. O Gênero discursivo Tira em atividades de leitura em sala de aula. Taubaté, SP. 2008. 109f. EGUTI, C.A. A Representatividade da oralidade nas Histórias em Quadrinhos. 2011 (Dissertação Mestrado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. USP, São Paulo, 2001. INÁCIO, C.Fi. Na escola com as histórias em quadrinhos. v. 9, n. 26,2003.

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