18
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · ¹ Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, Graduada em Geografia, integrante do PDE 2013. ... prova bimestral, por exemplo,

Embed Size (px)

Citation preview

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

“UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A AVALIAÇÃO: A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA”

Autor: Edriani Donizete Labegalini Barbosa¹

Orientador: Elaine de Cacia de Lima Frick²

RESUMO

A avaliação, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas, tem se constituído no principal mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel central nas relações que estabelecem entre si, os profissionais da educação, alunos e pais. Os métodos de avaliação ocupam sem dúvida espaços relevantes no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto, não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou retenção. Avaliar é um processo contínuo. O professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. A polêmica em torno do método de avaliação acontece de modo constante no cotidiano escolar. Por isso, neste artigo, buscar-se-á incrementar algumas questões sobre avaliação enquanto ação comum das disciplinas escolares e outros conceitos a respeito das características avaliativas, neste caso, da disciplina de Geografia, no Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, Ensino Fundamental, Médio e EJA, no município de Curitiba. Discutiu-se, como acontece a avaliação e foi proposta uma reflexão para uma análise desse procedimento na sala de aula, procurando continuamente o avanço do processo através de instrumentos e critérios coerentes como recursos básicos para a determinação de um processo de ensino e aprendizagem, de fato, satisfatório. Como resultado constatou-se que a avaliação é uma prática que ainda gera insegurança por parte de alguns professores, porém observou-se que todos estão preocupados com essa discussão e estão sempre em busca inovações almejando um maior interesse por parte do aluno no momento em que é avaliado.

Palavras-chave: Geografia, Avaliação, Conhecimento, Aprendizagem

_______________

¹ Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, Graduada em Geografia, integrante do PDE 2013.

² Professora do Curso de Geografia da Universidade Federal do Paraná.

1 INTRODUÇÃO

A escola é um lugar de múltiplos saberes. Nas salas de aula, o professor é

quem compreende a avaliação e a executa como um projeto intencional e planejado,

que deve contemplar a expressão de conhecimento do aluno como referência uma

aprendizagem continuada. Assim, a avaliação do processo ensino-aprendizagem,

entendida como questão metodológica, de responsabilidade do professor, é

determinada pela perspectiva de investigar para intervir.

Este artigo faz uma reflexão sobre as práticas avaliativas que contemplam o

Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, relacionando-as

com a prática do professor de Geografia na sala de aula.

Conforme estabelecido no Projeto Político Pedagógico, na disciplina de

Geografia, a avaliação é parte do processo de ensino aprendizagem, por isso, é

fundamental que a avaliação seja mais que a definição de uma nota ou um conceito.

É imprescindível que seja contínua e priorize a qualidade e o processo de

aprendizagem. A avaliação poderá ser formativa, devendo ser diagnóstica e

continuada, permitindo que o professor procure caminhos para que todos os alunos

aprendam e participem mais das aulas.

A comunidade escolar do colégio é heterogênea, atende alunos do centro da

cidade, de mais 45 bairros e inclusive de outros municípios que, consequentemente,

apresenta uma diversidade social, econômica e cultural, bem como, no que diz

respeito a interesses, expectativas e necessidades.

Considerando que a função social da escola é formar cidadãos críticos,

reflexivos, autônomos, conscientes de seus direitos e deveres, capazes de

compreender a realidade em que vivem preparados para participar da vida

econômica, social e política do país e contribuir para a formação de uma sociedade

mais justa, a função básica da escola é garantir a aprendizagem de conhecimentos,

habilidades e valores necessários à socialização do indivíduo.

Professor e aluno são sujeitos conhecedores, e a tarefa do professor é

estabelecer o diálogo do aluno com o real. E a Geografia, como ciência, tem a

preocupação de entender o espaço em sua dimensão social de construção. Nesse

sentido, o papel da Geografia é de pensar este espaço com o aluno. Serve para

ajudá-lo a desvendar o mundo pelo método de análise e investigação procurando

formar o verdadeiro cidadão participativo.

Durante muito tempo, a avaliação foi usada como instrumento para classificar

e rotular os alunos entre os bons, os que dão trabalho e os que não tem jeito. A

prova bimestral, por exemplo, servia como uma ameaça à turma. Felizmente, esse

modelo ficou ultrapassado e, atualmente, a avaliação é vista como uma das mais

importantes ferramentas à disposição dos professores para alcançar o principal

objetivo da escola: fazer todos os alunos avançarem. Ou seja, o importante hoje é

encontrar caminhos para medir a qualidade do aprendizado e oferecer alternativas

para uma evolução mais segura.

Quando um professor fala em avaliação muitos alunos ficam com medo e

apreensivos quanto ao que vai ser cobrado, pois esse é um momento muito tenso e

de muita pressão para os alunos. A avaliação é um processo natural que acontece

para que o professor tenha uma noção dos conteúdos que foram assimilados pelos

alunos.

Avaliação não deve ser somente um momento de realização de provas e

testes, mas um processo pedagógico contínuo que ocorre dia após dia, buscando

corrigir possíveis erros e construir novos conhecimentos. Na relação professor e

aluno, o que se visa é a aquisição do conhecimento.

Diante desta perspectiva este trabalho teve o objetivo de examinar as

diferentes formas de avaliação, relacionando-as com a prática realizada pelos

professores e com a realidade dos alunos.

Este artigo traz os resultados da implementação do projeto de intervenção

pedagógica na escola e a compreensão sobre a prática da avaliação da

aprendizagem contribuindo na melhoria da qualidade do ensino da Geografia.

1 EMBASAMENTO TEÓRICO

O ser humano é continuamente avaliado pelas pessoas com quem convive.

Avaliar vem do latim (a+valere), que significa atribuir valor e mérito ao objeto em

estudo. Portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um

processo para a aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão do

processo de avaliação do processo ensino-aprendizagem tem sido pautada pela

lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os

conhecimentos adquiridos pelos alunos.

Mesmo que o ato de avaliar e de ser avaliado faça parte de nossas vidas em

todos os momentos, ele tem sido uma tarefa árdua para alunos e professores

durante toda a história da educação.

Segundo Libâneo (2004, p. 196), podemos entender o conceito de avaliação

da aprendizagem como:

[...] o componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas.

No processo de avaliação de situações cotidianas, a naturalidade opõe-se à

dinâmica do processo avaliativo utilizado nas escolas, e assim sendo, é preciso

esquematizar ações que possam avaliar esse método e assegurem o aprendizado

do aluno não deixando de levar em conta a diversidade presente na escola e o

conhecimento já adquirido por este aluno. Segundo Luckesi (2005), a avaliação no

âmbito escolar se volta, mais, à classificação, do que ao diagnóstico. O processo de

avaliação, cujo objetivo seria a oferta de possibilidades de uma nova tomada de

decisão, passa a rotular o indivíduo num padrão pré-definido. A fim de que sejam

possíveis melhorias no processo de formação pedagógica, é preciso que haja

sucessivas discussões a respeito da avaliação, pois é possível revisar os métodos

pedagógicos cotidianamente e, assim, aprimorar as metodologias para alcançar os

fins sugeridos em cada conteúdo trabalhado pelo professor.

Ainda conforme Luckesi (1980, p.28):

Nessa perspectiva de entendimento, é certo que o atual exercício da avaliação escolar não está sendo efetuado gratuitamente. Está a serviço de uma pedagogia, que nada mais é do que uma concepção teórica da educação, que por sua vez, traduz uma concepção teórica da sociedade. O que pode estar ocorrendo é que, hoje, se exercite a atual prática da avaliação da aprendizagem escolar – ingênua e inconscientemente – como se ela não estivesse a serviço de um modelo teórico de sociedade e de educação, como se ela fosse uma atividade neutra. Postura essa que indica uma defasagem no entendimento e na compreensão da prática social.

É impossível compreender o processo avaliativo passivamente, porque deste

modo, afirma-se que todos os sujeitos de uma escola são idênticos, e essa

afirmativa é um grande mal-entendido. Proceder dessa maneira tornaria saliente o

que Luckesi nomeia como avaliação com função classificatória, instituída como

instrumento punitivo do processo de desenvolvimento e que se objeta à avaliação

com prerrogativa diagnóstica, que se comporia de desenvolvimento e crescimento

da independência do indivíduo.

A avaliação, muitas vezes, é usada como ‘arma’ contra o aluno. Quando isso acontece, o aluno passa a ter medo da avaliação, medo de fazer perguntas e de mostrar que não sabe. [...] A distância entre professor e aluno vai ficando cada vez maior (MELCHIOR, 2004, p. 30).

Avaliar não é somente um mero processo classificatório, onde estariam

dispostos, de um lado os alunos bons e aptos e, de outro, os maus e inaptos. Tal

ponto de vista encaixa-se no discurso de Foucault que evidencia como solução para

o bom treinamento, concretizado por meio de alguns mecanismos simples, como por

exemplo, o exame. “O exame é um controle normalizante, uma vigilância que

permite qualificar, classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade

através da qual eles são diferenciados e sancionados” (FOUCAULT, 2009, p. 177).

Segundo Esteban (2008, p. 31), “realiza-se com a compreensão de que o ato

do conhecimento e o produto do conhecimento são inseparáveis”. Para assegurar a

qualidade do processo de ensino-aprendizagem é preciso fazer um trajeto avaliativo

que dê fundamento ao seu desenvolvimento e apresente subsídios para análises

futuras de atuação tanto do professor quanto do aluno. Nessa concepção, o aluno

estabelece relações com os conhecimentos prévios que adquire dentro e fora da

escola na sua vida cotidiana.

Essa construção se dá com a mediação do professor, numa ação do aluno que estabelece a relação entre as suas concepções prévias e o objeto de conhecimento proposto pela escola. Assim, fica claro que a construção de conhecimento é um processo interior do sujeito da aprendizagem, estimulado por condições exteriores criadas pelo professor (MORETTO, 2001, p. 95).

Conforme a LDBEN 9394/96 (Art. 24, Inciso V) para verificar o rendimento

escolar é preciso ter como base alguns critérios, como: uma “avaliação contínua e

cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos

sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais

provas finais”. Observando essa Legislação, a Diretriz Curricular da Educação

Básica de Geografia propõe: [...] a avaliação em Geografia seja mais do que a

definição de uma nota ou um conceito. Desse modo, as atividades desenvolvidas ao

longo do ano letivo devem possibilitar ao aluno a apropriação dos conteúdos e

posicionamento crítico frente aos diferentes contextos sociais (PARANÁ, 2008, p.

85).

Deve-se levar em consideração que a aprendizagem é um processo contínuo.

Portanto, a avaliação deve seguir a mesma linha. Para Forte e Zilles (2009):

Ainda é preciso reconhecer que a avaliação deve ser processo constante e cumulativo, oferecendo oportunidades para que o aluno, quando necessário, repense e refaça trabalhos, tendo em vista a possibilidade de aprender com os erros para ser capaz de fazer escolhas melhores da próxima vez que se defrontar com situação semelhante (p.231).

O exercício da aprendizagem comprova que seus movimentos “são

individuais e diferenciados e que as propostas pedagógicas irão mobilizar os alunos

de jeitos inusitados” (HOFFMANN, 2005, p. 53).

Para Hoffmann, é impossível acompanhar os alunos em todas as ocasiões e

planejamentos, porém a visão avaliativa precisa percorrer e concentrar o contexto da

multiplicidade da sala de aula nas diversas etapas da aprendizagem dos alunos.

Deste modo, o processo de avaliação precisa se voltar para a observação, a

reflexão, dando aos alunos perspectivas no processo da aprendizagem. É muito

importante, no acompanhamento realizado pelo professor, uma visão global dos

percursos particulares nas diversas diferenças para impedir considerações

classificatórias.

Essa intervenção indica a necessidade de uma reflexão e um diagnóstico que

indique elementos para garantir o empenho do aluno, isto é, compreendendo suas

preocupações e desinteresses para suplantar as instabilidades do processo ensino-

aprendizagem. Compete ao professor ater-se à ocorrência – ou não – da interação

entre os alunos num grupo de trabalho, apresentando ocorrências problemáticas que

provoquem o debate. É preciso compreender a conexão presente nos diferentes

debates, salientando o aprofundamento na abrangência daquela temática. “Essa

discussão tem proximidade com o que entendo como critérios de avaliação.

(HOFFMANN, 2005).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

A escola em que foi desenvolvido o projeto de intervenção pedagógica

denomina-se Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva – Ensino Fundamental e Médio,

localizado no município de Curitiba/PR, localizado na Avenida Silva Jardim, nº 613,

Bairro Rebouças (Figuras 1 e 2).

Figura 1 – Localização da Escola

Fonte: Google Earth, acesso em 21/08/2014

Figura 2 – Fotografia da fachada da Escola

Fonte: Google Earth, acesso em 21/08/2014

Este colégio foi inaugurado em 19 de dezembro de 1903, e entregue ao

público efetivamente em 1904 como “Grupo Escolar Modelo”.

Em 1929, consta em ata que passou a chamar-se “Grupo Escolar Dr.

Xavier da Silva”.

O Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, tem a finalidade de efetivar o

processo de apropriação do conhecimento, respeitando os dispositivos

constitucionais Federal e Estadual, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Legislação do Sistema

Estadual de Ensino.

Este estabelecimento de ensino garante o princípio democrático de

igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Objetiva a

implementação e acompanhamento do seu Projeto Político Pedagógico, elaborado

coletivamente, com observância aos princípios democráticos.

Segundo o Projeto Político Pedagógico do colégio, a avaliação

é parte do processo ensino-aprendizagem, por isso, é fundamental que a avaliação seja mais do que a definição de uma nota ou um conceito. É imprescindível que seja contínua e priorize a qualidade e o processo de aprendizagem. A avaliação poderá ser formativa, devendo ser diagnóstica e continuada, permitindo que o professor procure caminhos para que todos os alunos aprendam e participem mais das aulas. Assim, em lugar de avaliar apenas por meio de provas, o professor deve usar instrumentos de

avaliação diversificados. (P.P.P. COLÉGIO ESTADUAL DR. XAVIER DA SILVA, CURITIBA, PR)

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS

3.2.1 Implementação do Projeto na Escola

O desenvolvimento das atividades teve a participação dos professores de

Geografia do Ensino Fundamental e Médio, entre os meses de março a maio,

através de encontros, leituras e conversas realizadas nos horários da “hora-

atividade” de cada professor.

Os professores foram receptivos à intenção e colaboraram com a proposta do

trabalho e se demonstraram interessados em participar da reflexão. Acharam

pertinente a abordagem do referido tema que, de maneira geral, a avaliação ainda é

um tema que gera angústias no dia a dia, tanto para o professor quanto para o

aluno.

A implementação ocorreu através da realização de cinco ações:

Ação 1

O tema do projeto foi apresentado aos professores e posteriormente à equipe

pedagógica.

Discutiu-se o problema: a proposta de avaliação contemplada no Projeto

Político Pedagógico é condizente com a praticada na sala de aula?

Ação 2

Foi sugerido a leitura do texto: “Prática Escolar: do erro como fonte de castigo

ao erro como fonte de virtude” – extraído do livro Avaliação da Aprendizagem

Escolar (Cipriano C. Luckesi).

Os professores responderam a questão: É possível descrever a reação dos

alunos diante de uma avaliação?

Ação 3

Foi sugerido a leitura do texto: “Avaliação: Mito e Desafio (Jussara Hoffmann).

Os professores responderam a questão: Diante da sua realidade, quais são

as vantagens e/ou desvantagens da utilização da aula de campo, recursos áudio

visuais, cartografia, literatura e o trabalho explorando o Google Earth?

Ação 4

Foi apresentada a Produção Didático Pedagógica (PDP), provocando a

reflexão sobre as diversas possibilidades para avaliar o ensino de Geografia, entre

elas: aula de campo, recursos áudio visuais, literatura, cartografia e Google Earth.

Os professores responderam a questão: Na perspectiva de refletir, ampliar e

implementar as ferramentas que objetivam melhorar a prática avaliativa, como o

professor analisa as sugestões apresentadas nesta PDP? Qual a relação do que foi

apresentado no material com a sua prática?

Ação 5

Os professores responderam um questionário com 9 questões relacionadas a

prática da avaliação no dia a dia das aulas de Geografia, com o intuito de conhecer

os limites e as possibilidades que os mesmos se deparavam no momento de avaliar

o aluno.

Questões do questionário:

. A proposta de avaliação contemplada no Projeto Político Pedagógico é

condizente com a praticada na sala de aula e com a realidade dos alunos?

. Qual a sua concepção sobre “avaliação”?

. Quais os limites e as possibilidades que o professor de Geografia encontra

no ato de avaliar?

. No ato de avaliar, é possível constatar nos alunos um momento de gosto e

de prazer e a evolução no aprendizado?

. Quais são os tipos de avaliação utilizadas para implementar essa prática?

. No dia a dia, o professor se sente seguro em propor diferentes formas de

avaliação visando à melhoria da aprendizagem na disciplina?

. Tanto o “sucesso/insucesso” como o “acerto/erro” podem ser utilizados como

fonte de virtude na aprendizagem escolar. Como o professor analisa essa situação

diante dos resultados das avaliações?

. As avaliações ainda são motivos de controle, por parte dos professores, os

quais se preocupam somente com o ato de avaliar, e não com a formação da

construção do conhecimento?

. A Escola proporciona um momento de discussão sobre a avaliação da

aprendizagem? O professor considera válido esse momento?

O propósito de cada questão foi conhecer a realidade da prática do professor.

3.3 GRUPO DE TRABALHO EM REDE

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE é uma política de

Formação Continuada de Professores desenvolvida pela SEED-PR que proporciona

aos participantes subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações

educacionais sistematizadas, objetivando o aperfeiçoamento do professor.

O Grupo de Trabalho em Rede – GTR constituiu uma das atividades da

Turma PDE/2013 e caracterizou-se pela interação a distância entre o Professor PDE

e os demais professores da Rede Pública Estadual, cujo objetivo foi à socialização e

a discussão do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, da Produção Didático-

pedagógica e da Implementação do Projeto de Intervenção na Escola.

No GTR se inscreveram dezessete professores da Rede Estadual de Ensino,

mas somente dez foram considerados concluintes.

Durante o período de realização foi possível socializar e refletir sobre a

temática apresentada no Projeto de Intervenção Pedagógica e na Unidade Didática.

Os participantes deste GTR tiveram a oportunidade de discutir sobre a

relevância e a aplicabilidade das atividades propostas dentro da realidade da sua

escola de atuação e trocar experiências com os demais participantes. Também

foram sugeridas outras atividades contribuindo para o enriquecimento das

discussões.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO

A colaboração da Direção, da Equipe Pedagógica e dos professores

superaram as expectativas ao contribuir para que as atividades propostas fossem

realizadas com sucesso.

Através dos encontros foi possível constatar que a avaliação ainda é um tema

que gera angústias e, em alguns momentos insegurança. Os professores se

demonstraram preocupados com essa prática, e diante disso estão sempre em

busca de inovações cada vez mais com o intuito de garantir o interesse do aluno nos

momentos das avaliações.

É comum a maioria dos alunos demonstrarem um certo nervosismo no

momento em que são cobrados. A avaliação e/ou a prova ainda gera um

desconforto. Os professores diversificam bastante as maneiras de avaliação e com

isso os alunos têm a oportunidade de várias opções como: seminários, provas,

trabalhos, entre outros. Constatou-se que os professores não aboliram a prova, pois

existe a preocupação de prepará-los para o vestibular, concurso público e Exame

Nacional do Ensino Médio – ENEM.

As vantagens na diversificação de estratégias, tanto nas aulas quanto nas

práticas avaliativas, fazem com que os alunos se tornem mais participativos e se

preocupam com os conteúdos, é lógico que não são todos que demonstram isso,

mas é possível perceber melhora no aprendizado quando se utiliza técnicas

inovadoras.

As diversas possibilidades que foram apresentadas na produção didático-

pedagógica, são práticas já conhecidas e trabalhadas pelos professores, uns

realizam com mais facilidade enquanto outros com certo grau de dificuldade por

diversos fatores, entre eles, a aula de campo - depende de uma logística que

envolve dinheiro, ônibus, distância e autorização dos pais, que muitas vezes torna

inviável, sem falar nos riscos de acidentes ao sair com alunos fora do ambiente

escolar.

No entanto alguns utilizam de outras experiências inovadoras como

seminários com regras pré-estabelecidas, trabalho escrito com qualidade de

pesquisa, teatros, músicas, construção de maquetes e como uma última opção uma

prova escrita, desde que seja de qualidade, contextualizada, que dão resultados

positivos e garantem o interesse do aluno. Os professores dão várias oportunidades

aos alunos ao avaliarem, propiciando uma avaliação contínua, cumulativa e

processual devendo refletir o desenvolvimento global do aluno, considerando as

características individuais.

Também foi possível diagnosticar que os professores demonstraram interesse

pelo assunto, que todos estão em busca de tornar o momento da avaliação em uma

prática prazerosa para o aluno e consequentemente na busca de avaliar com

qualidade, despertando no aluno o interesse cada vez mais pela Geografia, através

das diferentes formas de avaliar, não ficando somente na prova.

Os estudantes têm várias oportunidades de avaliações durante o bimestre, o

Colégio conta com um laboratório de Geografia e através das aulas práticas os

alunos realizam trabalhos fantásticos com recursos disponíveis neste ambiente. No

laboratório o professor conta com tela de projeção tendo a possibilidade de usar

imagens, maquetes construídas pelos alunos e diversos mapas também elaborados

pelos alunos, além de globos, atlas, livros específicos, entre outros, proporcionando

a interação com o conteúdo e com o grupo. Estes recursos complementam a teoria

despertando o prazer pela aprendizagem, através do compromisso do professor em

inovar sempre.

Observou-se que a escola proporciona um momento de discussão sobre a

avaliação, os professores discutem o tema, às vezes com certa dificuldade em

defini-las, talvez por isso sempre estão debatendo e buscando soluções para que a

avaliação possa ser feita sem prejudicar os alunos.

4.2 RESULTADOS DO GTR

Professores de diversos municípios se interessaram pela temática, entre eles:

Boa Ventura de São Roque, Bocaiúva do Sul, Campo Mourão, Colombo, Dois

Vizinhos, Guarapuava, Maria Helena, Marumbi, Medianeira, Nova Aurora, Ponta

Grossa, Rolândia, São José dos Pinhais, São Pedro do Ivaí, Sarandi e Umuarama.

Um grupo com vasta experiência de docência, com tempo de serviço variando entre

05 e 27 anos, inclusive professores que já participaram do PDE.

Diante dos fóruns os professores demonstraram certa preocupação com essa

prática e que estão sempre em busca de novas estratégias tentando superar as

incoerências e as frustrações dos resultados do modelo atual. Mesmo assim,

propiciam as mais diversas dinâmicas para resgatar o interesse dos alunos, superar

a burocracia e de todos os problemas que envolvem a escola e que indiretamente

refletem dentro da sala de aula.

O importante foi diagnosticar que, apesar de ser um tema polêmico, no chão

da escola, está claro para este grupo que a avaliação deve ser contínua,

diagnóstica, coerente e eficiente. Avaliar não consiste somente em fazer provas e

dar nota, é um processo pedagógico contínuo.

Alguns relatos de professores:

“O assunto avaliação é sempre polêmico em minha escola, professores mais antigos

defendem a avaliação formal, pois acreditam ser esta a melhor maneira de ‘medir’ o

conhecimento do aluno. Os professores mais jovens na profissão, defendem a

avaliação contínua e diagnóstica”.

“Como é difícil falar sobre avaliação, sempre é interpretada de uma forma e aplicada

de outra. Estamos em uma constante busca de melhorar esse processo, sendo que

o método mais utilizado ainda hoje é o sistema de provas. Não mudando muito da

época em que eu estudava, o objetivo era adquirir notas”.

“A realidade que encontramos em nossas Escolas requer muita criatividade em

nossas práticas pedagógicas, visto que nossos alunos no geral são mais agressivos,

o ensino já não é como antes. As transformações ocorrem dia após dia, portanto

nossas práticas também precisam ser reinventadas a todo instante”.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desse artigo científico, espera-se ter contribuído com o professor na

implementação do significado da avaliação no processo de ensino e aprendizagem,

ampliando a compreensão dessa prática, aprimorando o entendimento, a

importância e a necessidade de avaliar corretamente o aluno. Que os limites

encontrados no ato de avaliar sejam superados, proporcionando diferentes formas

no ato de avaliar, respeitando sempre a faixa etária, a realidade do aluno, enfim,

incitando-os a enfrentar o momento da avaliação como uma prática prazerosa, sem

medo e com segurança.

A implementação do projeto e a realização do Grupo de Trabalho em Rede

ocorreu de forma satisfatória. Do ponto de vista pedagógico propôs uma reflexão

sobre a avaliação, proporcionou um repensar sobre essa prática, que nunca está

pronta e acabada, sempre em constante evolução, em busca de um processo

educativo que promova a aprendizagem dos alunos através das diversas

ferramentas ou possibilidades que transforme o modo dos alunos a pensar e agir

dentro e fora da escola.

Segundo Jussara Hoffmann,

“o maior dentre os desafios é ampliar-se o universo dos educadores preocupados com o fenômeno “avaliação”, estender-se a discussão do interior das escolas a toda a sociedade, pois, considerando-se que o mito é

decorrente de sua estória para as futuras gerações, descaracterizada pela feição autoritária que ainda a reveste, em busca de uma ação libertadora”.

As discussões provocaram relatos e reflexões, permitiu rever as práticas e se

necessário, mudá-las, respeitando sempre a realidade de cada aluno, que tem o seu

tempo e a sua forma de assimilar o conhecimento. Respeitar a individualidade de

cada um também faz parte do processo avaliativo.

De acordo com as contribuições acerca do tema avaliação, constatou-se que

a referida temática ainda gera incertezas em alguns momentos, vale ressaltar que a

avaliação exige do professor uma profunda reflexão de sua prática pedagógica. Sem

essa consciência todo o processo pode se perder ao longo do caminho, assim, é

necessário que o professor tenha claro os critérios, que sejam coerentes e

transformadores para que possam conseguir êxito no processo ensino-

aprendizagem. Foi possível certificar-se que o professor utiliza diversos mecanismos

capazes de diversificar e verificar a aprendizagem de um determinado conteúdo,

utilizando métodos e instrumentos diversificados, coerentes com as concepções e

finalidades educativas expressas no Projeto Político Pedagógico do colégio.

6 REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Geografia e Didática. Petrópolis: Vozes, 2010.

BRASIL. Lei Nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/19394.htm. Acesso em: 15 jun. 2013. ESTEBAN, M. T. Ser professora: avaliar e ser avaliada. IN.: ESTEBAN, M. T. (org).Escola, currículo e avaliação. São Paulo: Cortez. 2008, 3ª Ed, p. 13 - 36. FORTES, M. S.; ZILLES, A. M. S. Avaliação:uma reflexão. In: LIMA, D. C. (Org.). Ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1997.

HOFFMANN, J. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2005.

IMAGENS. Disponível em: http://www.google.com/inti/pt-PT/earth. Acesso em agosto 2014. LIBÂNEO. J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2004. LUCKESI. C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo:Cortez, 2005. _______ . Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez Editora, 3ª Ed, 1996. MELCHIOR. M. C. Avaliação para qualificar a prática docente: espaço para a ação supervisora. Porto Alegre: Premier. 2004. MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudo e não um acerto de contas. Rio de Janeiro: DP&A Ed.. 2001. PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Geografia. 2008. ______ . O que são critérios de avaliação? Curitiba: SEED, 2008. Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=33. Acesso em: 23 mai. 2013. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, Ensino Fundamental, Médio e EJA. Acesso em abril 2013.