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OS GÊNEROS TEXTUAIS NO LIVRO DIDÁTICO: ARGUMENTAÇÃO E ENSINO Renata Maria Barros Lessa de Andrade Teima Ferraz Leal - Ana Carolina Perrusi Brandão`* Introdução Documentos oficiais, como os Parâme- tros Curriculares Nacionais (1997), vêm pro- pondo como objetivo do ensino da Língua Portuguesa o desenvolvimento de habilida- des e capacidades de interação por meio da linguagem oral e escrita. Em outras pa- lavras, recomenda-se o estímulo "a compe- tência comunicativa dos usuários de empregar adequadamente a língua nas di- versas situações de comunicação" (Trava- glia, 1996, pp. 17-18). Nessa perspectiva, considera-se essen- cial que a escola ofereça condições para que as crianças, os jovens e os adultos entrem em contato com variados gêneros textuais que circulam na sociedade, para que desen- volvam capacidades comunicativas, buscan- do os efeitos de sentido pretendidos. No âmbito da pesquisa há, porém, pou- cos estudos, sobretudo em relação à didáti- ca dos conteúdos específicos, que ofereçam suporte de trabalho aos professores que li- dam com o ensino da Língua Portuguesa. No caso do ensino e aprendizagem dos gêneros textuais existem também algumas questões que permanecem em aberto, tais como: quais são os critérios de escolha dos gêneros tex- tuais que estão presentes nos livros didáti- cos? Existe uma seqüência quanto aos gêneros ou tipos de textos a serem trabalha- Esta pesquisa contou como o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq e da Fundação de Amparo à ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco -FAcEPE, tendo sido apresentada no 15 Congresso de Leitura do Brasil - COLE, realizado em Campinas, em julho de 2005. Mestranda do POGEJuFPE. Professora Adjunta do Departamento de Métodos e Técnica de Ensino do PPOE/TJFPE. E-mail: [email protected]. Professora Adjunta do Departamento de Métodos e Técnica de Ensino do PPGE&JFPE,

OS GÊNEROS TEXTUAIS NO LIVRO DIDÁTICO: ARGUMENTAÇÃO E ENSINO

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Page 1: OS GÊNEROS TEXTUAIS NO LIVRO DIDÁTICO: ARGUMENTAÇÃO E ENSINO

OS GÊNEROS TEXTUAISNO LIVRO DIDÁTICO:

ARGUMENTAÇÃO EENSINO

Renata Maria Barros

Lessa de Andrade

Teima Ferraz Leal-

Ana Carolina Perrusi Brandão`*

Introdução

Documentos oficiais, como os Parâme-tros Curriculares Nacionais (1997), vêm pro-pondo como objetivo do ensino da LínguaPortuguesa o desenvolvimento de habilida-des e capacidades de interação por meioda linguagem oral e escrita. Em outras pa-lavras, recomenda-se o estímulo "a compe-tência comunicativa dos usuários deempregar adequadamente a língua nas di-versas situações de comunicação" (Trava-glia, 1996, pp. 17-18).

Nessa perspectiva, considera-se essen-cial que a escola ofereça condições para queas crianças, os jovens e os adultos entremem contato com variados gêneros textuais

que circulam na sociedade, para que desen-volvam capacidades comunicativas, buscan-do os efeitos de sentido pretendidos.

No âmbito da pesquisa há, porém, pou-cos estudos, sobretudo em relação à didáti-ca dos conteúdos específicos, que ofereçamsuporte de trabalho aos professores que li-dam com o ensino da Língua Portuguesa. Nocaso do ensino e aprendizagem dos gênerostextuais existem também algumas questõesque permanecem em aberto, tais como: quaissão os critérios de escolha dos gêneros tex-tuais que estão presentes nos livros didáti-cos? Existe uma seqüência quanto aosgêneros ou tipos de textos a serem trabalha-

Esta pesquisa contou como o apoio do Conselho Nacionalde Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq e daFundação de Amparo à ciência e Tecnologia do Estado dePernambuco -FAcEPE, tendo sido apresentada no 15Congresso de Leitura do Brasil - COLE, realizado emCampinas, em julho de 2005.

Mestranda do POGEJuFPE.

Professora Adjunta do Departamento de Métodos eTécnica de Ensino do PPOE/TJFPE. E-mail: [email protected].

Professora Adjunta do Departamento de Métodos eTécnica de Ensino do PPGE&JFPE,

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dos (e, portanto, níveis de complexidade di-ferentes atribuídos a gêneros diferentes)?

Alguns autores, como Vinson e Privat(1994), por exemplo, defendem que a apren-dizagem sobre os textos ocorre por meio dainteração entre o aluno e as propriedadesculturais do gênero, ou seja, propiciando si-tuações de uso da linguagem, a apropriaçãodos diferentes gêneros textuais ocorreria,naturalmente.

Em oposição a essa perspectiva, Dolz(1994) defende que a intervenção sistemá-tica do professor, levando o aluno a refletirsobre as características dos textos e seuscontextos de uso, é indispensável para quea capacidade de produzir diferentes gêne-ros textuais se desenvolva. A esse respeito,também afirma Schneuwly (1988) que nãohá texto propedêutico que prepare o indiví-duo para dominar todos os outros gênerostextuais. Decorre dessa concepção a idéiade que é necessário um contato efetivo coma variedade de gêneros e tipos textuais.

Em nossa pesquisa, objetivamos discutiros gêneros textuais inseridos nos livros didáti-cos de Língua Portuguesa destinados aos anosiniciais do Ensino Fundamental. Para tal, in-vestigamos quais gêneros textuais em que sedefendem pontos de vista (textos da ordemdo argumentar) estão presentes nesses livrose em que freqüência eles aparecem em trêscoleções de livros de Língua Portuguesa queforam aprovadas pelo Programa Nacional doLivro Didático (PNLD, 2004).

Consideramos que argumentar, ou seja,utilizar recursos lingüísticos para apresen-tar e defender nossas concepções sobre omundo e sobre a vida é uma atividade soci-al essencial para o nosso dia-a-dia. Por isso,é imprescindível que os alunos possamaprender, na escola, a expor e defender idéi-as, assim como contra-argumentar, isto é,elaborar argumentos a possíveis objeçõesque possam surgir em relação às proposi-ções defendidas.

A presente pesquisa vem ainda preen-cher uma lacuna no campo de estudos so-bre livros didáticos produzidos no Brasil, já

que a maior parte das investigações reali-zadas se concentra nos anos finais do En-sino Fundamental ou no Ensino Médio (ver,por exemplo, Bonini, 1998).

Considerações Teóricas

O livro didático é considerado como umimportante suporte para o trabalho do pro-fessor. Oliveira, Guimarães e Momény(1994) definem o livro didático como ummaterial impresso, estruturado, destinado ouadequado a ser utilizado em um processode aprendizagem ou formação.

Segundo o MEC, os livros didáticos de-vem:

Cumprir tanto a função de um compên-dio quanto as de um livro de exercícios,

devem conter todos os tipos de saberes

envolvidos no ensino da disciplina e não

se dedicar, com maior profundidade, aum dos saberes que a constituem; de-vem ser acompanhadas pelo livro do pro-

fessor, que não deve conter apenas asrespostas às atividades do livro do alu-

no, mas também uma fundamentaçãoteórico-metodológica e assim por dian-

te. (Batista, 2000; pp568).A escolha do livro didático como objeto

de estudo decorreu da posição de destaqueque ele vem ocupando no cenário educacio-nal. De fato, nas últimas décadas, o acessoa esse material, nas escolas públicas brasi-leiras, tem sido crescente. Considerando queo livro didático é um dos recursos mais usa-dos na sala de aula, tomaremos a presençade textos da ordem do argumentar nessesportadores como medida do quanto essestextos são lidos pelas crianças nos anos ini-ciais do Ensino Fundamental. Pesquisas re-alizadas por Bezerra (2001), Lopes (1998) eBonini (1998) indicam que a argumentaçãotem aparecido com pouca freqüência nos li-vros didáticos em todos os níveis de ensino.

Bonini (1998) analisou oito coleções de li-vros didáticos de Língua Portuguesa dirigidosao Ensino Médio. Nesse estudo, foi detectadauma grande variedade de gêneros textuais emtais coleções, tais como cartas, anúncios enotícias. No entanto, não havia uma explica-ção sobre esses gêneros, ou havia apenas

Os gêneros textuaisno livro didático:3 rgtirnentaÇãOe ensino

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uma breve conceituação, sem exploração desuas características lingüísticas.

Bezerra (2001), analisando a tendênciados livros didáticos de Língua Portuguesa noBrasil quanto à seleção de textos principais ecomplementares, evidenciou que os livros dai a a 8a séries são compostos por textos pre-dominantemente do tipo narrativo. Os gêne-ros textuais mais freqüentes nos volumes 1 a4 são, segundo esse estudo, os contos in-fantis, e nos volumes 5 a 8, as crônicas econtos. A autora indica, ainda, que dentre ostextos não-literários, são mais freqüentes osjornalísticos (notícias, reportagens, anúncios,entrevistas) e os instnjcionais (regras de jogo,receitas culinárias, manual de instruções). Emrelação aos textos argumentativos, Bezerra(2001) afirma que são encontrados com mai-or freqüência os textos de opinião e as reda-ções, que são gêneros tipicamente escolares.

Como podemos perceber, as pesquisasjá realizadas não enfocam, em profundida-de, a dimensão argumentativa presente noslivros didáticos. Nesta pesquisa, portanto,buscaremos nos concentrar na análise destetópico por meio da identificação dos gênerosda ordem do argumentar inseridos nos livrosde Língua Portuguesa da P a 4C séries.

Para a condução dessa identificação/ca-tegorização dos textos presentes nesses li-vros, torna-se necessário explicitar aconcepção que se tem acerca de texto daordem do argumentar.

O termo argumentação vem sendo utili-zado com diferentes sentidos, possibilitando,assim, a construção de diferentes concep-ções que não se mostram, necessariamen-te, inconciliáveis. Para Koch (1987) e Pécora(1999), qualquer uso de linguagem, desdeque se efetive um vinculo intersubjetivo, e quese possa reconhecer um efeito de sentido,constitui uma argumentação. Apesar de re-conhecermos essa base argumentativa dalinguagem, acreditamos que alguns textosapresentam de forma mais explicita o objeti-vo de defender idéias.

Utilizamos, portanto, a classificação pro-posta por Dolz e Schneuwly (1996), que con-

sideram os contextos de uso, as finalidadese os tipos textuais dominantes em cada textoe classificam os gêneros textuais em cincoagrupamentos. São eles: textos da ordem dorelatar, textos da ordem do narrar, textos daordem do expor, textos da ordem do descre-ver ações e textos da ordem do argumentar.Os gêneros da ordem do argumentar são osque têm finalidades direcionadas à defesa depontos de vista, tais como: textos de opinião,diálogos argumentativos, cartas ao leitor, car-tas de reclamação, cartas de solicitação, de-bates, editoriais, requerimentos, ensaios,resenhas críticas, artigos de opinião, mono-grafias, dissertações, entre outros.

Com relação aos gêneros textuais, o con-ceito adotado na presente investigação estáapoiado na teoria dos gêneros textuais deBakhtin (2000). Esse autor parte do princípiode que "cada esfera de utilização da línguaelabora seus tipos relativamente estáveis deenunciados" (Bakhtin, 2000, p. 279). Nessaperspectiva, a comunicação verbal só é pos-sível por meio de algum gênero textual.

Com base nesse conceito, Marcuschi(2002), afirma que género textual é:

Uma noção propositadamente vaga para

referir os textos materializados que en-contramos em nossa vida diária e queapresentam características sócio-comu-nicativas definidas por conteúdos, pro-priedades funcionais, estilo e

composição característica. Se os tipostextuais são apenas meia dúzia, os gé-neros são inúmeros. Alguns exemplos de

gêneros textuais seriam: telefonema,sermão, carta comercial, carta pessoal

(...). (p. 22-23)

Buscando evitar a confusão entre os con-ceitos de gênero e tipo textual, Marcuschi(2002) salienta que tipos textuais são, porsua vez:

Uma espécie de construção teórica de-finida pela natureza lingüística de sua

composição (aspectos lexicais, sintáti-cos, tempos verbais, relações lógicas).Em geral os tipos textuais abrangem cer-

ca de meia dúzia de categorias conheci-das como narração, argumentação,exposição, descrição, injunção. (p. 22)

Os gêneros textuaisno livro didático:

argumentaçãoe ensino

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Partindo dos princípios acima expostos,adotamos pressupostos sóciointeracionistasde que o contato com diferentes gêneros tex-tuais possibilita ao aluno desenvolver capa-cidades textuais que o auxiliam a melhorconduzir os processos de interlocução, sejapor meio de textos orais, seja por meio detextos escritos. No entanto, alertamos para anecessidade de garantir que essa diversifi-cação leve em conta distintos contextos deinteração e aspectos formais dos textos. Ocontato com textos da ordem do argumentarfamiliariza os estudantes com situações emque indivíduos ou grupos de indivíduos se en-gajam em tarefas de convencer "outras pes-soas" a adotarem os seus pontos de vista.

Saber introduzir um ponto de vista, de-fender tal ponto de vista por inserção de jus-tificativas, justificativas das justificativas econtra-argumentação, utilizar articuladoreslógicos em atividades de produção de tex-tos; saber identificar pontos de vista, anali-sar a consistência argumentativa de textosem atividades de leitura são aprendizagenspossíveis apenas se forem proporcionadassituações de produção, leitura e reflexãosobre textos da ordem do argumentar.

MetodologiaForam analisadas três coleções de livros

didáticos de Língua Portuguesa, aprovadospelo PNLD/ 2004. São elas: coleção A— Por-tuguês: uma proposta para o letramento, daautora Magda Becker Soares, (recomenda-da com distinção); coleção B - Análise, Lin-guagem e Pensamento - ALP novo, dosautores Marco Antonio de A. Hailer e MariaFernández Cocco (recomendada); e cole-

ção C - Corri texto e trama, das autorasMaria Mello Garcia e Dilia Maria A. Glória(recomendada).

Inicialmente buscou-se identificar todosos gêneros textuais presentes nos livros di-dáticos, nas três coleções, em cada uma dasséries. Em seguida, foram selecionados osgêneros textuais da ordem do argumentar.Desta forma, foram identificados os títulosdos textos, sua classificação quanto ao gê-nero textual e as respectivas páginas emcada volume das três coleções. Todos oslivros foram analisados por dois juizes inde-pendentes e os casos discordantes foramdiscutidos no grupo de pesquisa.Apresentação e discussãodos resultados

Na análise das três coleções, foram com-putados 739 textos. Para uma melhor apre-sentação dos resultados, faremos a exposiçãodos dados de cada coleção separadamente.É importante esclarecer que na apresentaçãodas tabelas de gêneros textuais utilizados commaior freqüência em cada coleção há umaquantidade registrada como "outros". Nestacategoria foram reunidos todos os génerostextuais encontrados numa quantidade igualou inferior a dois.Análise da coleção A: Portuguêsuma proposta para o letramento

Na coleção A, foram identificados 313textos, dos quais apenas 9,91% são da or-dem do argumentar. Na Tabela 1, pode servisto o número total de textos que apare-cem nos livros, por volume, bem como a fre-qüência dos gêneros textuais da ordem doargumentar presentes em cada exemplar.

Os gêneros textuaisno livro didático:argumentaçãoe ensino

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Tabela 1: Freqüência de textos na "coleção A"

Textos 1 série 2a sério 33 série 43 série Total

Textos da ordem 5 7 4 15 31do argumentarTextos de outrascategorias 67 82 66 67 282

Total 72 89 70 82 313

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Os gêneros textuais que aparecem commaior freqüência na coleção A podem servistos na Tabela 2 abaixo.

Visivelmente, a tendência da coleção étrabalhar uma grande variedade de gêne-ros textuais em todas as séries. Apesar dis-so, alguns gêneros textuais, tais comopoema, texto didático, conto e capa de li-vros aparecem em quantidade bem superi-

or em relação a outros gêneros, como, porexemplo, receita culinária, que se faz pre-sente apenas uma vez em toda coleção(sendo incluída na categoria de "Outros").

A Tabela 3 a seguir é um desdobramen-to da Tabela 1, apresentando os exempla-res dos gêneros textuais da ordem doargumentar encontrados na coleção A emcada série.

Tabela 2: Gêneros textuais mais freqüentes na "coleção A"

Tabela 3: Gêneros textuais da ordem do argumentar presentes na "coleção A"

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Como foi visto, a coleção A apresenta umagrande variedade de textos, porém, os da or-dem do argumentar aparecem com um peque-no percentual (apenas 9,91% do total dostextos presentes nos quatro volumes). Desses,a maioria se encontra no volume 4, sendo asreportagens e os anúncios, os gêneros textu-ais mais freqüentemente encontrados.

O gênero da ordem do argumentar maispresente nessa coleção foi a reportagem.Vejamos um exemplo de uma reportagemencontrada no volume 3 (pp. 100-101).Como pode ser visto, embora a jornalista nãoexplicite seu ponto de vista claramente, ela,por meio de exemplos, defende a idéia deque crianças podem e devem ajudar a mãenos trabalhos domésticos, especialmentequando ela está trabalhando fora de casapara garantir o sustento de sua família.Eles são os donos da casaLavínia Fávero

"Mãe é uma só", diz o ditado. Ela faz acomida, ensina a fazer a lição de casa, cui-da da gente. E quando ela precisa trabalharfora? Ainda bem que existem os irmãos.

A Folhinha conta hoje algumas históriasde crianças que precisam substituir a mãe.

Elas aprenderam a se cuidar sozinhas,ajudam no serviço da casa e tomam contados irmãos menores, enquanto os pais dãoduro fora de casa.

Na casa das trigêmeas Karen, Karina eKátia de Aguiar, 8, quem manda depois damãe é Kátia, a última das três a nascer. Asmeninas e o irmão Bismarck, 10, lavam alouça, varrem o chão, arrumam a cama, lim-pam o banheiro e até fazem comida.

"A Kátia dá mais bronca que minha mãe,mas só nas meninas, por que elas paramde arrumar a casa para assistir televisão.Em mim, ela só dá bronca de vez em quan-do", conta Bismarck.

A mãe deles, Maria Aparecida, 34, é dia-rista (faz limpeza cada dia para uma pes-soa). Sai de manhã cedinho e só volta ànoite. O pai delas mora em Altamira, no Pará.

As tarefas da casa são divididas entreos irmãos. Bismarck arruma a mesa. "Delavar a louça, gosto mais ou menos, Kátia éque lava. Secar, a gente não seca", diz.

"Nosso quarto é organizado, pode olhar',fala Kátia. "Mas a mãe precisa mandar agente fazer isso", conta Bismarck

Para ir à escola e fazer os deveres, nãoprecisa mandar. Eles estudam à tarde e vãosozinhos, caminhando.

Folhinha, São Paulo, Folha de S. Paulo,

8 de maio 1999, p. 4.Análise da coleção B: Análise,Linguagem e Pensamento - ALP novo

Na coleção B, foi identificado um núme-ro menor de textos em relação à coleção A(237 textos na coleção B vs. 313 na coleçãoA). Além disso, apenas 3,8% do total de tex-tos da coleção B foram incluídos como daordem do argumentar, ou seja, uma percen-tagem também mais reduzida do que a apre-sentada na coleção anterior.

Na Tabela 4 pode ser vista a freqüênciacom que os textos aparecem na coleção 8,por série, bem como os gêneros textuais daordem do argumentar presentes em cadavolume.

Os géneros textu,isno livro didático:argumentaçãoe ensino

Renata M. BarrosLesta de AndradeTeima Ferraz LealAna C. P. Brandão

Tabela 4: Freqüência de textos na 'coleção B"

Textos ia série 21 série 31 série 43 série Total

Textos da ordem -- 2 2 5 9do argujnentar _____________Textos de outras 42 57 59 70 228categoriasTotal 42 59 61 75 237

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Os gêneros textuais identificados commais freqüência na coleção B podem servistos na tabela 5.

Observa-se mais uma vez que os textosargumentativos estão mais concentrados novolume 4, o que aparentemente sugere a

Tabela 5: Gêneros textuais mais freqüentes na "coleção B"Gêneros textuais V série 21 série 33 série 4' série Total

Conto 15 16 21 16 68(28,69%)Texto didá tico 5 7 10 6 29(12,23%)Poema 5 4 5 13 27(11,39%)Letra de música 2 3 3 5 13(5,48%)Noticia 1 1 3 2 7(2,95%)Relato 2 2 1 1 6(2.52%)Piada 1 2 1 1 5(2,12%)Conversa - 1 - 3 4(1.69%)Tabela 1 2 - 1 4(1,69%)Anúncio publicitário - 1 1 1 3(1,27%)Bilhete 1 - - 2 3(1,27%)Capa de livro 1 1 1 - 3(1,27%)Carta pessoal - 1 - 2 3(1,27%)Fábula - - 2 1 3(1,27%)Mapa - - 2 1 3(1,27%)Obra teatral - 1 1 1 3(1,27%)Receita culinária 1 1 - 1 3(1,27%)Texto de opinião - - 1 - 3 3(1,27%)Outros 7 13 10 14 44(18,56%)

Total 237(100%)

Como se pode ver, contos, textos didáti-cos e poemas, se somados, representam emtorno de 50% do total de gêneros textuais pre-sentes nessa coleção B. Há, portanto, umapreferência nítida dos autores em relação aesses gêneros em detrimento de outros.

Com relação aos gêneros textuais daordem do argumentar, foi observada, nacoleção B, uma menor variedade de textosem relação à coleção A. como pode ser vis-to na Tabela 6, abaixo.

noção de que esses textos deveriam estarreservados para crianças mais velhas.

Ainda em relação aos dados da Tabela 6,é importante esclarecer a distinção que faze-mos entre texto de opinião e artigo de opinião,

presentes nas coleções B e A, respectivamen-te. Os aqui chamados 'lextos de opinião" apre-sentam-se como a expressão de uma opiniãosobre um tema qualquer, seguida de uma bre-ve justificativa para a posição colocada. Sãotextos mais restritos à esfera escolar de in-

Os gêneros textuaisno livro didático:

argumentaçãoe ensino

Renata M. BarrosLessa de AndradeTeima Tenaz Leal

Ana C. P. Brandão

Tabela 6: Gêneros textuais da ordem do argumentar presentes na "coleção B"

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teração e dado que não conseguimos incluí-los em nenhum dos gêneros comumente ado-tados nas diversas situações do cotidiano,resolvemos nomeá-los desta forma. Ao con-trário, os 'artigos de opinião" são textos quecirculam no mundo fora da escola, em revis-tas e jornais, por exemplo, e que a partir deum tema polêmico, assumem certo ponto devista, de modo mais ou menos explícito. Ve-jamos os exemplos:

"Artigo de opinião": identificado na cole-ção A, no livro da 1 série (p. 35).

Quanto pesa sua mochila?

Ana Holanda

Você já parou para pensar quanto pesasua mochila? Então, aproveite e pare emalguma farmácia do caminho para pesá-la.O material escolar que todos têm de levarpara a escola diariamente muitas vezes su-pera os cinco quilos.

Pode ser pouco para um adulto, mas cer-tamente mais do que muitas crianças poderi-am carregar sem comprometer sua coluna.

Agora, imagine todo peso colocado emcima de suas costas. Ruim, né? E isso semfalar que você provavelmente costuma levartodo peso da mochila em um ombro só, o quepode ser mais prejudicial. A melhor forma decarregar a mochila é bem apoiada nas cos-tas e presa nos dois ombros, pelas alças.

Revista Zá, ano!, n. 1, julho 1996, p24.(Fragmento).'Texto de opinião": identificado na cole-ção B, no livro da 45 série, na página 109.

Opinião 1

Eu acho que os trens são um meio detransporte de carga e de passageiros muitoeconômico e mais eficiente e seguro do queos carros, caminhões e ônibus. Eles nãopoluem porque não utilizam combustíveisderivados do petróleo. Penso que as ferro-vias deveriam ser construídas por todo opaís, facilitando o transporte.

Como pode ser observado, o artigo deopinião acima foi retirado de uma revista, ten-do sido, portanto, um texto criado para umsuporte textual autêntico. Já o texto de opi-nião não aparece com créditos que indiquemum portador textual, sugerindo-se que o tex-to foi criado para o próprio livro didático ouque se constitui um fragmento de outro texto.Análise da coleção C. Com texto e trama

Na terceira e última coleção analisada,foi encontrado um número ainda menor detextos em relação às demais coleções: ape-nas 189 textos. Do total desses textos,7,41% são géneros da ordem do argumen-tar. Na Tabela 7 pode ser visto o númerototal de textos que aparecem nos livros, as-sim como os gêneros textuais da ordem doargumentar identificados em cada volume.

Tabela 7: Freqüência de textos na "coleção C"

Textos V série r série Y série 48 série 1 TotalemTextos daord -- 6 2 6 14

do argumentarTextos de outras 48 43 42 42 175categorias

Total 48 49 44 48 189

Os gêneros textuaisno livro didáticoargumentaçãoe ensino

Renata M. BarrosLessa de AndradeTeima Ferra LealAna C. P. Brandão

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Renata M. BarrosLessa de Andrade -Teima Ferraz Leal

Ana C. P. Brandão

Tabela 9: Gêneros textuais da ordem do argumentar presentes na "coleção C"

Na Tabela 8 podem ser vistos os gêne-ros textuais apresentados com maior fre-qüência na coleção C.

Note-se que poemas, textos didáticos econtos, seguindo a tendência das coleçõesanalisadas anteriormente, são mais uma vezos gêneros textuais mais freqüentementeencontrados.

Os gêneros textuais da ordem do argu-mentar encontrados na coleção C podem servistos na Tabela 9.

Assim como ocorreu na coleção B (verTabela 6), no volume 1 não aparecem os gê-neros textuais da ordem do argumentar, ha-vendo uma maior freqüência desses textosnos volumes 2 e 4.

Tabela 8: Gêneros textuais mais freqüentes na "coleção C"

Os géneros textuaisno livro didMico:

argumentaçãoe ensino

Gêneros textuais 13 série 21 série 3a série 4a série TotalPoema 3 5 4 7 19(10%)Texto didático 4 6 6 3 19(10%)Conto 1 7 1 7 16(8,47%)Histó ria em quadrinhos 2 3 1 5 11(5,82%)Cabeçalho de jornal 7 1 1 - 9(4,77%)Capa de livro 6 1 2 - 9(4,77%)Lenda - - - 6 6(3,17%)Receita culinária 4 2 - - 6(3,17%)Tira 3 3 - - 6(317%)Cartaz educativo - 4 - 1 5(2,65%)Conto de fadas - - 4 1 5(2,65%)Fábula - 2 3 - 5(2,135%)Reportagem - - 1 4 5(2,65%)Piada - 1 - 3 4(2,13%)Verbete 1 2 1 - 4(2,13%)Cartão pessoal - - 3 - 3(1,6%)Crônica - 1 - 2 3(1,6%)Nota de enciclopédia 3 - - - 3(1,6%)Rótulo 2 - - 1 3(1,6%)Outros 12 11 17 8 48(25,4%)

Total 189(100%)

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coIeço g coleço B coieço O

lo

98765432

[i

Síntese dos resultados das trêscoleções analisadase considerações finais

Diante dos resultados das análises dastrês coleções de livros didáticos aprovadospelo Programa Nacional do Livro Didático(2004), pode-se afirmar que há uma maioroferta de textos em relação a certos gêne-ros, tais como: contos, poemas e textos di-dáticos. Apesar disso, também é evidente queem todos os volumes das três coleções apa-recem variados gêneros textuais que circu-lam na sociedade, como, por exemplo,histórias em quadrinhos, carta pessoal, diá-no intimo, receita culinária, anúncios publici-tários, entre outros. Observa-se, portanto,uma preocupação dos autores em propiciarum universo variado de textos que circulamfora da escola, não se limitando a ofereceràs crianças os tradicionais contos da literatu-ra infantil, que embora continuem sempre ater o seu papel para a formação de leitores,não devem ser os únicos textos a serem ofe-recidos na escola.

A grande variedade de gêneros textuaisencontrados em todas as séries das cole-ções analisadas também parece indicar ainexistência de um planejamento por partedos autores dos livros, em relação a explo-ração de certos gêneros por volume. Ao con-trário, nas três coleções nota-se a presençade um grande número de gêneros textuaisdistintos em todos os volumes, indicandoque a opção é de trabalhar "de tudo, umpouco" e não a de se concentrar em géne-ros específicos que de acordo com algumcritério seriam distribuídos ao longo dasquatro volumes da coleção.

Com respeito aos gêneros da ordem doargumentar, estes aparecem em número re-duzido nas três coleções, embora na cole-ção Aos alunos tenham acesso a um númeromais significativo, sobretudo no volume 4 (15textos). Nos outros volumes, a quantidadede textos da ordem do argumentar foi tãobaixo quanto nas outras coleções, confor-me podemos verificar no Gráfico 1, apresen-tado abaixo.

Gráfico 1: Percentagem de textos da ordem do argumentarnas coleções A. B e C em cada série

•la série02a séfle•3a série•4a série

Os gêneros textuaisrio livro didático:r:grimentaçáoe ensino

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O Gráfico 1 evidencia ainda que embo-ra nas coleções A e B os textos argumenta-tivos sejam mais freqüentes rio volume 4,não se observa uma progressão regular naoferta desses textos ao longo dos quatroanos. De fato, nas coleções A e C há, inclu-sive, mais textos da ordem do argumentarno volume 2 (e até no 1 no caso da coleçãoA) do que no volume 3. Na coleção B, porsua vez, a percentagem de textos nos volu-mes 2 e 3 é idêntica, ocorrendo o mesmona coleção O em relação aos volumes 2 e 4.

pretação oral ou escrita. Tal resultado apon-ta, portanto, para a necessidade de que pro-fessores das séries iniciais invistam mais notrabalho com textos dessa natureza.

Por fim, vale ressaltar um dado interes-sante revelado na pesquisa que pode vir aampliar o universo de exploração de argu-mentos para além dos gêneros mais comu-mente identificados como argumentativosnos livros didáticos. Vejamos, por exemplo,o texto abaixo, retirado da coleção A, novolume 1 (p.18).

Os gêneros textuaisno livro didático:

argumentaçãoe ensino

Considerando que a defesa de nossospontos de vista é fundamental para queconquistemos espaço social e autonomia, éimprescindível que a escola estimule a com-petência argumentativa dos seus alunos tan-to oralmente, como na leitura e escrita detextos. Se reconhecermos que em muitoscasos o livro didático é a principal referênciade leitura disponível para os alunos, pode-seinferir, com base nos resultados da presenteinvestigação, que os textos argumentativosparecem ser pouco lidos e, conseqüentemen-te, pouco explorados em atividades de inter-

Como se pode notar, gêneros textuais,tais como a tirinha apresentada acima, que,em principio, seriam tomados como narrati-vas, podem por vezes apresentar a defesade pontos de vista. É necessário, assim, queo professor fique atento não apenas aos gê-neros textuais comumente classificadoscomo da ordem do argumentar, mas a ou-tros textos que também possam se prestarpara o trabalho de identificação e reflexãosobre possíveis argumentos defendidos, ex-plorando a forma como se dá a defesa detais argumentos.

Renata M. BarrosLema de AndradeTeima Ferraz Leal

Ana C. P. Brandão

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