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Direito Administrativo Facilitado Cyonil Borges e Adriel Sá
Atualizações
Modificações gerais pela Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais).
A seguir, nossas considerações sobre o impacto da Lei das Estatais nos capítulos do livro. Para a 2ª edição, reservaremos um tópico para uma análise mais detalhada. Por enquanto, só fizemos as observações para que a obra permaneça com informações corretas.
Pág. 72 – Inserção de “tome nota”
Redação anterior
E, mais recentemente, também parece ter admitido o fenômeno ao conceder liminar, no MS 28.745, reconhecendo a constitucionalidade do procedimento simplificado de licitação da Petrobras. Na espécie, o procedimento foi inaugurado via Decreto 2.745/1998, por autorização do art. 67 da Lei 9.478/1997.
Redação proposta
E, no MS 28.745/DF, o Supremo parece, também, ter admitido o fenômeno da deslegalização, afinal reconheceu, em caráter liminar, a constitucionalidade do procedimento simplificado de licitação da Petrobras. Na espécie, o procedimento foi inaugurado por Decreto 2.745/1998, por autorização do art. 67 da Lei 9.478/1997.
Com a Lei nº 13.303/2016 (estatuto das empresas estatais), houve a revogação expressa dos arts. 67 e 68 da Lei nº 9.478/1997, a qual permitiu a edição do Decreto 2.745/1998 (regime simplificado de licitações da Petrobras). Portanto, à semelhança das demais empresas
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governamentais, a Petrobras deverá adequar suas licitações ao rito do novo estatuto.
Pág. 478 – Alteração legislativa.
A proposta é excluir todo o item 8.1.4.1.
Pág. 548 – Alteração legislativa.
Redação anterior
1. Em razão do valor: por exemplo, até o limite de 20% da modalidade convite (R$ 16.000 – compras e serviços gerais – e R$ 30.000,00 – obras e serviços de engenharia), sociedade de economia mista, empresa pública, agências executivas podem dispensar a licitação. Ou seja, até o limite citado, as referidas entidades não estão obrigadas a licitar, mas poderiam realizar a licitação, uma vez que esta é dispensável nos termos da Lei (§ 1.º do art. 24 da Lei 8.666/1993).
Redação proposta
1. Em razão do valor: por exemplo, as agências executivas, até o limite de 20% da modalidade convite, para obras, serviços e compras, podem dispensar a prévia modalidade de licitação. Quer dizer que tais entidades não estão obrigadas a licitar, porém, facultativamente, poderiam realizar a licitação, uma vez que esta é dispensável, nos termos do §1.º do art. 24 da Lei 8.666/1993.
Pág. 551 – Alteração legislativa.
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A proposta é inserir um “Tome Nota”, com a seguinte redação:
Em sua redação originária, a Lei nº 8.666/1993 estabeleceu o limite de até 20% da modalidade licitação convite para que as empresas estatais dispensassem a prévia modalidade de licitação. Logo, tínhamos os limites de até R$ 30 mil reais para obras e serviços de engenharia, e de R$ 16 mil reais para compras e outros serviços.
Ocorre que, com a Lei das Estatais (Lei 13.303/2016), esses limites foram alterados. Atualmente, é dispensável a realização de licitação para obras e serviços de engenharia de valores até R$ 100 mil reais, e de até R$ 50 mil reais, para outros serviços e compras (incs. I e II do art. 29).
Pág. 586 – Alteração legislativa.
A proposta é mudar a redação da “Dica da hora”, para:
A EC 19/1998 permitiu a edição de lei ordinária específica para regular os contratos e licitações de empresas públicas e de sociedades de economia mista (§ 1.º do art. 173 da CF). Finalmente, com a Lei nº 13.303/2016, houve a regulamentação das licitações e dos contratos das empresas governamentais.
Em relação ao “sistema S”, a posição do TCU é a de que estão desobrigados de seguir a Lei 8.666/1993, podendo editar seus próprios regulamentos. Esse raciocínio é válido para as Organizações Sociais e as OSCIPs. Inclusive, realça-se que as entidades privadas, sem fins lucrativos, só recebem os qualificativos de OSs ou de OSCIPs se tiverem aprovado regulamento próprio de licitação.
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Capítulo 1 – Noções Introdutórias
Pág. 5. ERRATA. Houve inversão nos conceitos.
Redação anterior
Antes de tratarmos de Estado de Direito, cabe registrar que, no direito internacional, apenas a República Federativa do Brasil tem competência para a formalização de tratados, dela não dispondo a União, os Estados-membros, o Distrito Federal ou os Municípios. Nesse particular, o Presidente da República não subscreve os tratados como Chefe de Governo (representante do Estado em face de outros Estados igualmente soberanos), mas como Chefe de Estado (representante dos afazeres internos – políticas internas).
Redação atual
Antes de tratarmos de Estado de Direito, cabe registrar que, no direito internacional, apenas a República Federativa do Brasil tem competência para a formalização de tratados, dela não dispondo a União, os Estados-membros, o Distrito Federal ou os Municípios. Nesse particular, o Presidente da República não subscreve os tratados como Chefe de Governo (representante dos afazeres internos – políticas internas), mas como Chefe de Estado (representante do Estado em face de outros Estados igualmente soberanos).
Pág. 8. Melhorar a redação.
Redação anterior
No seu clássico O Espírito das Leis, Montesquieu registrou que as missões fundamentais do Estado de legislar(função legislativa: criar o Direito novo), de julgar (função judicial ou jurisdicional: aplicar o Direito aos casos conflituosos, solucionando-os em definitivo) e de administrar(função administrativa ou executiva: usar a norma jurídica criada, para, aplicando-a, dar atendimento às demandas concretas da coletividade) deveriam ser exercidas por órgãos diferentes, independentes.
Redação proposta
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No seu clássico O Espírito das Leis, Montesquieu registrou que as missões fundamentais do Estado é de: legislar (função legislativa: criar o Direito novo), julgar (função judicial ou jurisdicional: aplicar o Direito aos casos conflituosos, solucionando-os em definitivo) e administrar (função administrativa ou executiva: usar a norma jurídica criada, para, aplicando-a, dar atendimento às demandas concretas da coletividade) deveriam ser exercidas por órgãos diferentes, independentes.
Capítulo 2 – Origem, conceito e fontes
Pág. 19. Erro de digitação. Por favor, trocar (sistema de jurisdição uma) por (sistema de jurisdição una).
Capítulo 3 – Regime Jurídico da Administração
Pág. 92. Modificação da redação, para incluir previsão do uso da arbitragem pela Administração (Lei nº 13.129/2015).
Redação anterior
Ainda sobre a indisponibilidade do interesse público, surge a intrigante questão do uso da arbitragem na esfera pública. Sinteticamente, pode-se definir arbitragem como o mecanismo para a solução de conflitos em foro extrajudicial. No entanto, a arbitragem dá-se em relação a direito disponível das partes, e, como registrado, o interesse público é indisponível. Assim, numa visão apressada, seríamos levados à conclusão da inaplicabilidade do instituto na esfera pública. Ocorre que a legislação brasileira já admite o uso da arbitragem na esfera pública (art. 23-A da Lei 8.987, de 1995, e art. 11 da Lei 11.079, de 2004), e o STF reconheceu sua constitucionalidade (ver RE 253885/MG).
Redação atualizada
Ainda sobre a indisponibilidade do interesse público, surge a intrigante questão do uso da arbitragem na esfera pública. Sinteticamente, pode-se definir arbitragem como o mecanismo para a solução de conflitos em foro extrajudicial. No entanto, a arbitragem dá-se em relação a direito disponível das partes, e, como registrado, o interesse público é indisponível.
Assim, numa visão apressada, seríamos levados à conclusão da inaplicabilidade do instituto na esfera pública. Ocorre que a legislação brasileira já admite o uso da arbitragem na esfera pública (art. 23-A da Lei 8.987, de 1995, e art. 11 da Lei 11.079, de 2004), e o STF reconheceu sua constitucionalidade (ver RE 253885/MG).
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Com a Lei 13.129/2015, introduziu-se o §1º ao art. 1º da Lei nº 9.307/1996 (Lei da Arbitragem), para prever, expressamente, que a Administração Pública poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. Ademais, fica a informação de que a arbitragem que envolva a Administração será sempre de direito (veda-se a arbitragem por equidade) e respeitará o princípio da publicidade.
Veja o exemplo das cláusulas financeiras nos contratos administrativos. Tais cláusulas impactam no equilíbrio econômico-financeiro, e, por isso, não podem ser alteradas unilateralmente pelo Estado; porém, não há impedimento de, por sua natureza tipicamente contratual, serem objeto de acordo entre as partes.
FCC - Procurador Autárquico (MANAUSPREV)/2015 – O contexto de consenso-negociação onde se insere a Administração pública na atualidade, permite a adoção de soluções anteriormente não adotadas, tais como a arbitragem. A utilização desse instituto, no entanto, é predicada por limites, de modo que:
a) ficam excluídas todas as demandas envolvendo a Administração pública direta, em razão da prevalência do princípio da indisponibilidade dos bens públicos, que se sobrepõe às disposições legais que com ele colidirem.
b) fica restrita a direitos patrimoniais primários da Administração direta, que depende de autorização legislativa para negociação de direitos indisponíveis.
c) fica sujeita à homologação judicial, tendo em vista que inexistem direitos patrimoniais disponíveis no âmbito da Administração pública.
d) depende de autorização judicial para instauração do procedimento, prescindindo de homologação judicial após a sentença arbitral.
e) fica restrita a direitos patrimoniais disponíveis, universo onde se inserem as demandas que versem, por exemplo, sobre reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, desde que não pretendam novação dos aspectos negociais do contrato.
Comentários:
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A arbitragem é restrita a direitos patrimoniais disponíveis. É um mecanismo bastante interessante, sobretudo para “desafogar” o Poder Judiciário. É que, com a arbitragem, os litígios entre as partes podem ser resolvidos “amigavelmente”, na esfera extrajudicial, seja por um árbitro ou Tribunal Arbitral; estruturas, diga-se de passagem, estranhas ao Poder Judiciário.
E a relação da arbitragem com o Direito Administrativo, embora discutida doutrinariamente, é uma realidade incontornável. Nesse contexto, com a nova lei, previu-se, de forma expressa, que a Administração Direta e Indireta poderão estabelecer a convenção de arbitragem para a resolução de conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Mas o direito público não é marcado pela indisponibilidade? Como então se admitir o instituto da arbitragem, por se referir ao tratamento de direitos disponíveis?
De fato, isso pode ser percebido pela leitura do art. 23-A da Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões de Serviços Públicos) e inc. III do art. 11 da Lei 11.079/2004 (Lei da Parceria Público-Privada). Antes de a Lei 13.129/2015 alterar a Lei 9.307/1996 já havia previsão para o uso da arbitragem na seara pública. A diferença, agora, é que a arbitragem será aplicável a todos os contratos celebrados entre a Administração e os particulares em geral.
Para nós, o problema é identificar, nos acordos travados entre a Administração e particulares, o que há de direito disponível, afinal, como destacado, a arbitragem é a técnica para solução de controvérsias contratuais patrimoniais disponíveis. E a doutrina não é rica em nos responder.
Vasculhando as possíveis situações, vislumbramos a arbitragem, por exemplo, para se discutir entre a Administração e as empresas os índices de reajuste. Como o reajuste é direito da empresa, torna-se algo disponível em relação à Administração.
E, assim, confirmamos a correção da letra “E”.
Por fim, fica a informação de que a Lei 13.129/2015 previu algumas limitações para o uso da técnica:
1ª) Deve se restringir a direitos patrimoniais disponíveis;
2ª) Fica vedada a arbitragem por equidade, haja vista o princípio da legalidade norteador dos atos estatais; e
3ª) Dever de publicidade, ressalvados os casos de sigilo.
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Capítulo 4 – Atos Administrativos
Pág. 141. LC 152/2015. A idade limite para a aposentadoria compulsória é de 75 anos.
Redação anterior
Mévio, servidor estatutário, detentor de cargo efetivo, completa 70 anos (idade da aposentadoria compulsória). No entanto, gosta tanto do trabalho que decidiu permanecer na Administração Pública. Tício, cidadão, comparece à Administração e solicita certidão a Mévio, agora com 71 anos.
A despeito disso, a certidão será considerada válida e eficaz (Teoria da Aparência). Nesse caso concreto, o ato praticado por Mévio é considerado EXISTENTE E VÁLIDO, distintamente do ato do usurpador de função pública.
Redação atualizada
Mévio, servidor estatutário, detentor de cargo efetivo, completa 75 anos (idade da aposentadoria compulsória). No entanto, gosta tanto do trabalho que decide permanecer na Administração Pública. Tício, cidadão, comparece à Administração e solicita certidão a Mévio, agora com 76 anos.
Apesar de Mévio ser meramente agente de fato, a certidão será considerada válida e eficaz (teoria da aparência). Nesse caso concreto, o ato praticado por Mévio será considerado existente e válido, distintamente do ato praticado, eventualmente, pelo usurpador de função pública.
Observação: desconsiderar a nota de rodapé.
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Capítulo 5 – Poderes Administrativos
Pág. 232. LC 152/2015. A idade limite para a aposentadoria compulsória é de 75 anos.
Redação anterior
Alguns outros autores consideram não existir “poder vinculado estrito senso”, uma vez que este não encerra prerrogativa do Poder Público, mas mera restrição à atuação administrativa. E, ainda assim, para a doutrina poucas são as situações de vinculação pura, não sendo recomendável, por isso, a oposição rígida entre poder vinculado e discricionário, devendo ser considerado o aspecto dominante no exercício do poder. São exemplos clássicos de poder vinculado: a licença para construir e a aposentadoria compulsória. Por exemplo: o servidor público efetivo, ao completar 70 anos de idade, deverá ser aposentado compulsoriamente, não havendo espaço para que a Administração o mantenha em atividade, a não ser que lei complementar federal disponha em sentido diverso, afinal, com a EC 88/2015, a idade-limite da aposentadoria compulsória poderá ser alterada de 70 para 75 anos.
Redação atualizada
Alguns outros autores consideram não existir “poder vinculado estrito senso”, uma vez que esse não encerra prerrogativa do Poder Público, mas sim mera restrição à atuação administrativa. E, ainda, para a doutrina, poucas são as situações de vinculação pura, não sendo recomendável a oposição rígida entre poder vinculado e discricionário, devendo ser considerado o aspecto dominante no exercício do poder.
São exemplos clássicos de poder vinculado: a licença para construir, a licença-gestante e a aposentadoria compulsória. Dessa forma, o servidor público efetivo, ao completar 75 anos de idade, deverá ser aposentado compulsoriamente, não havendo espaço para que a Administração o mantenha em atividade.
Pág. 259. Lei 13.301/2016.
Exemplo de autoexecutoriedade, decorrente do poder de polícia, pode ser encontrado na Lei nº 13.301/2016. Na situação de iminente perigo à saudade pública, pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, da chikungunya e da zika, a autoridade pública competente poderá ingressar, coativamente, em imóveis públicos e particulares, no
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caso de situação de abandono, ausência ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente público.
Capítulo 6 – Organização Administrativa
Pág. 300. Autarquias. Alteração legislativa. Novo Código de Processo Civil (NCPC/2015) e prerrogativas processuais.
Redação anterior
As autarquias possuem uma série de privilégios processuais, pois exercem atividades típicas de Estado, sendo enquadradas no conceito de Fazenda Pública. Por exemplo: as autarquias possuem prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (art. 188 do CPC).
Contam, ainda, com o duplo grau de jurisdição obrigatório, e as sentenças contra as autarquias não produzirão seus efeitos antes de confirmadas por um Tribunal (art. 475, caput, do CPC).
Há, também, a questão dos débitos judiciais das autarquias. Em regra, o pagamento é feito via precatórios (art. 100 da CF/1988). E o prazo prescricional de suas dívidas passivas é de cinco anos, nos termos do art. 1.º do Decreto 20.910/1932.
De toda forma, cumpre destacar que tais prerrogativas processuais não são absolutas. O duplo grau, por exemplo, sofre restrição quando a condenação em desfavor da autarquia não ultrapassar 60 salários mínimos (§ 2.º do art. 475 do CPC) e/ou quando a decisão estiver fundamentada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula de qualquer Tribunal Superior competente (§ 3.º do art. 475 do CPC). Em tais hipóteses, a autarquia, caso deseje, terá que interpor recurso voluntário, se quiser ver suas razões apreciadas na instância superior.
Redação atualizada
Uma vez enquadradas no conceito de Fazenda Pública, as autarquias possuem uma série de prerrogativas processuais. De regra, por exemplo, tais pessoas administrativas possuem prazo em dobro para todas as manifestações processuais (até então, vigorava o prazo em quádruplo para contestar, sendo alterado pelo Código de Processo Civil de 2015 – NCPC/2015). Contam, também, com a regra do duplo grau de jurisdição obrigatório (reexame necessário), de modo que as sentenças desfavoráveis às autarquias não produzirão seus efeitos antes de confirmadas por um Tribunal (órgão colegiado).
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No Código de Processo Civil de 1973, havia a previsão de dispensa, por parte dos entes federados, de depósito prévio para a propositura de ações rescisórias (5% do valor da causa) e, igualmente, para a interposição de recursos. Com o NCPC/2015, essa prerrogativa foi estendida, expressamente, às pessoas jurídicas de direito público da Administração Indireta (autarquias e fundações autárquicas). O NCPC só fez reconhecer a orientação sumular do STJ (Súmula nº 175: “descabe o depósito prévio nas ações rescisórias propostas pelo INSS”).
Há, também, a questão dos débitos judiciais das autarquias. De regra, o pagamento é feito via precatórios, exceção feita aos débitos de pequeno valor. E o prazo prescricional de suas dívidas passivas é de cinco anos.
De toda forma, fica a informação de que tais prerrogativas processuais não são absolutas. O duplo grau de jurisdição ou reexame necessário sofre restrição quando a condenação em desfavor da autarquia não ultrapassar, no âmbito da União, 1.000 salários mínimos (art. 496 do NCPC) (antes o limite-base era de 60 salários mínimos). E, igualmente, quando a decisão estiver fundamentada em jurisprudência do STF ou em súmula de qualquer Tribunal Superior competente (§4º do art. 496 do NCPC). Em tais hipóteses, se for de seu interesse, a autarquia terá que interpor recurso voluntário, para que suas razões sejam apreciadas pela instância superior.
Pág. 300. Alteração legislativa. Novo Código de Processo Civil (NCPC/2015) e prerrogativas processuais.
Redação anterior (comentário da QF-14)
Comentários:
Se uma autarquia sucumbir no processo em juízo singular, não há necessidade de recurso voluntário, porque o processo sobe imediatamente para o tribunal competente (é o que se denomina de reexame necessário). No entanto, nem sempre isso ocorrerá automaticamente, pois, dependendo do valor (até 60 salários mínimos) e da existência de jurisprudência do STF (Plenário) ou Súmula de tribunal Superior, se a autarquia pretender o reexame da matéria deverá interpor o recurso voluntário.
Redação atualizada
Comentários:
Se uma autarquia sucumbir no processo em juízo singular, não há, de regra, necessidade de recurso voluntário, afinal o processo sobe imediatamente para
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o tribunal competente (é o que se denomina de reexame necessário). No entanto, nem sempre isso ocorrerá automaticamente. Aproveitemos a questão para enumerar as hipóteses encontradas no NCPC/2015 (§§ 3º e 4º do art. 496):
1) condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 salários-mínimos: União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - 500 salários-mínimos: Estados, DF, as respectivas autarquias e fundações de direito público, e Municípios que constituam capitais dos Estados;
III - 100 salários-mínimos: todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
2) quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; e
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
Pág. 301. Alteração legislativa. Novo Código de Processo Civil (NCPC/2015) e prerrogativas processuais.
Redação anterior
� Os prazos nos processos no Judiciário são diferenciados: dobro para recorrer e quádruplo para contestar;
� Sujeitas ao duplo grau de jurisdição: se uma autarquia perde o processo em juízo singular, não precisa interpor recurso, porque o processo sobe, imediatamente, para o Tribunal competente (é o que se denomina de reexame necessário). No entanto, nem sempre isso ocorrerá imediatamente, pois, dependendo do valor (até 60 salários mínimos) e da existência de jurisprudência do STF (Plenário) ou Súmula de Tribunal Superior, se a autarquia pretender o reexame da matéria, deverá interpor o recurso (leia-se: voluntário).
Redação atualizada
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� Os prazos nos processos no Judiciário são diferenciados: de regra, em dobro para todas as manifestações processuais;
� Sujeitas ao duplo grau de jurisdição: as sentenças desfavoráveis às autarquias, nos juízos singulares, são remetidas ao Tribunal (reexame necessário). Porém, não é uma regra absoluta: na ocorrência de situações específicas (§§3º e 4º do NCPC), a autarquia precisará interpor, voluntariamente, o recurso para ver suas razões apreciadas.
Pág. 317. Alteração legislativa (Lei 13.151/2015). Novas áreas de atuação para as fundações.
Redação anterior
De plano, assinale-se que as fundações, de que ora se trata, são as públicas, ou seja, as constituídas pelo Estado. Apesar de um tanto evidente, isso deve ser dito para evitarmos confusão, porque, na iniciativa privada, são comuns as fundações criadas por particulares. Sobre o tema, observemos o disposto no art. 62 do CC/2002:
“Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.”
Os grifos não constam do texto original, servindo-nos para esclarecer:
1.º A figura do instituidor: é o sujeito que entrega patrimônio (bens livres) para a criação da entidade. Isso pode ser feito ainda em vida (escritura pública) ou post mortem (testamento);
2.º Os fins a serem atingidos pela fundação: podem ser vistos como sociais, já que são religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Redação atualizada
De plano, assinale-se que as fundações, de que ora se trata, são as públicas, ou seja, as constituídas pelo Estado. Apesar de um tanto evidente, isso deve ser dito para evitarmos confusão, porque são comuns as fundações criadas por particulares. Sobre o tema, dispunha o art. 62 do CC/2002:
“Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
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Atualizações
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.”
Os grifos não constam do texto original, servindo-nos para esclarecer o seguinte:
1.º A figura do instituidor: é o sujeito que entrega patrimônio (bens livres) para a criação da entidade. Isso pode ser feito ainda em vida (escritura pública) ou post mortem (testamento);
2.º Os fins a serem atingidos pela fundação: podem ser vistos como sociais, já que são religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Em relação ao rol de atividades sociais previstas no dispositivo, a doutrina criticava a sua restrição, isso por não ser bastante para esgotar todas as atividades sociais atreladas à satisfação dos direitos fundamentais. Por essa razão, o art. 62 do CC/2002 foi alterado pela Lei 13.151/2015, com o seguinte teor:
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas.
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Atualizações
Na redação originária da Lei 13.151/2015, previu-se a área de atuação "habitação de interesse social” (inc. X do parágrafo único do art. 62). Porém, o inciso foi objeto de veto presidencial, pelas seguintes razões:
“Da forma como previsto, tal acréscimo de finalidade poderia resultar na participação ampla de fundações no setor de habitação. Essa extensão ofenderia o princípio da isonomia tributária e distorceria a concorrência nesse segmento, ao permitir que as fundações concorressem, em ambiente assimétrico, com empresas privadas, submetidas a regime jurídico diverso.”
Pág. 321. Alteração legislativa (Lei 13.151/2015). Incorporação da orientação jurisprudencial do STF (ADIN 2794/DF).
Redação anterior
Ocorre que o § 1.º do art. 66 do CC/2002 estabelecia caber ao Ministério Público Federal o encargo de fiscalizar as fundações em funcionamento no Distrito Federal ou em Território, o que não se amoldava ao ordenamento jurídico. O dispositivo, por consequência, foi declarado inconstitucional, cabendo essa função ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por ser competência reservada ao MP dos Estados (STF – ADIN 2794/DF).
Redação proposta
Ocorre que o §1º do art. 66 do CC/2002 estabelecia competir ao Ministério Público Federal (MPF) o encargo de fiscalizar as fundações em funcionamento no Distrito Federal ou em Territórios. Por não se ajustar ao ordenamento jurídico, o dispositivo foi declarado inconstitucional pelo STF (ADIN 2794/DF), cabendo a veladura de tais fundações ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por ser competência reservada ao MP dos Estados.
Diante da inconstitucionalidade reconhecida pelo STF, o legislador ordinário (Lei 13.151/2015) alterou a redação do §1º do art. 66 do CC/2002, para:
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
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Atualizações
Capítulo 7 – Agentes Públicos
Pág. 349. Alteração legislativa. Com a LC 152/2015, a idade limite da aposentadoria compulsória é de 75 anos.
Redação anterior
Esclareça-se que o fato de o agente ser vitalício não quer dizer que não se aposente compulsoriamente, atualmente, aos 70 anos de idade. A vitaliciedade não significa que o sujeito será agente público “para sempre”. Não é isso. Tanto é assim que o STF editou a Súmula 36, para informar que “servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade”.
Redação atualizada
Esclareça-se que o fato de o agente ser vitalício não quer dizer que não se aposente compulsoriamente, atualmente, aos 75 anos de idade. A vitaliciedade não significa que o sujeito será agente público “para sempre”. Não é isso! Tanto é assim que o STF editou a Súmula 36, para informar que “servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade”.
Observação: desconsiderar a nota de rodapé.
Pág. 365. Acréscimo de jurisprudência do STF, só para reforçar o nosso entendimento.
Redação anterior
No entanto, o raciocínio será diverso se o edital não dispuser expressamente sobre as novas vagas surgidas no prazo de validade do concurso público. Inclusive, o STJ (MS 17886/DF), alinhado à jurisprudência do STF, tem entendido competir à Administração decidir sobre a forma de gestão dos cargos que surjam durante o período de validade do certame, podendo, inclusive, extingui-los conforme juízo de conveniência e oportunidade.
Redação proposta
No entanto, o raciocínio será diverso se o edital não dispuser expressamente sobre as novas vagas surgidas no prazo de validade do concurso público. Alinhado à jurisprudência do STF, o STJ (MS 17886/DF) dispõe competir à Administração decidir sobre a forma de gestão dos cargos que surjam durante o período de validade do certame, podendo, inclusive, extingui-los conforme juízo de conveniência e oportunidade.
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Atualizações
No RE 837311/PI, o STF fixou a orientação de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital. Ficam ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Logo, o direito subjetivo à nomeação exsurge nas seguintes hipóteses:
1ª – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas previsto no edital;
2ª – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;
3ª – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração.
Págs. 409 e 445. Alteração legislativa. Com a LC 152/2015, a idade limite da aposentadoria compulsória é de 75 anos.
� A questão QF-27 está desatualizada. � A questão QF-31, na alternativa “E”, está com comentário desatualizado. � A questão QF-32, no item II, cita a aposentadoria compulsória aos 70
anos; logo, o comentário está desatualizado, porém, sem alteração do gabarito.
Observação:
1) Desconsiderar a nota de rodapé 76.
2) As questões, acima desatualizadas, podem ser retiradas do livro. E renumerar as questões.
Págs. 434 e 435. Alteração legislativa. Com a LC 152/2015, a idade limite da aposentadoria compulsória foi fixada em 75 anos.
Redação anterior
7.4.13.2.1. aposentadoria compulsória
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Atualizações
De regra, a aposentadoria compulsória ocorre aos 70 anos de idade do servidor, indistintamente para mulheres ou homens com proventos, ordinariamente, proporcionais ao tempo de contribuição. Como decorre do inc. II do § 1.º do art. 40 da CF/1988, há uma presunção absoluta de incapacidade do servidor quanto ao desempenho de cargo EFETIVO. É dizer, completados os 70 anos de idade, o servidor deverá ser aposentado.
O destaque para “efetivo” deve-se ao fato de que essa modalidade de aposentação, vulgarmente conhecida como “expulsória”, não alcança os servidores ocupantes, exclusivamente, de cargos em comissão, sendo possível encontramos, na Administração, comissionados com mais de 90 anos de idade.
STJ – MS 36950/RO
“Os preceitos do art. 40 da CF/1988, portanto, não se aplicam aos servidores em geral, mas apenas aos titulares de cargos efetivos. O § 13, reconhecendo essa circunstância, é claro quando determina que, ‘ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social’ (excluído, obviamente, o regime de previdência disciplinado no art. 40 da CF/1988).
Os servidores comissionados, mesmo no período anterior à EC 20/1998, não se submetem à regra da aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade. O 2.º do art. 40 da CF/1988, em sua redação original, remetia à lei ‘a aposentadoria em cargos ou empregos temporários’. Portanto, cabia à lei disciplinar a aposentadoria dos servidores comissionados, incluindo, logicamente, estabelecer, ou não, o limite etário para a aposentação.”
Logo, ao completar 70 anos de idade, o servidor será aposentado do cargo efetivo, sem se cogitar de direito à permanência em atividade. É desnecessária a edição de qualquer ato para a produção dos efeitos, sendo o dia seguinte ao atingimento de 70 anos de idade o marco inicial da aposentadoria do servidor.
João, servidor público federal até o dia 27.12.2012, completou 70 anos naquela data, oportunidade em que seus colegas de trabalho, sabendo que João não possuía nenhum parente próximo, organizaram uma
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comemoração em agradecimento a tantos anos de serviços prestados. No dia 28.12.2012, João dirigiu-se ao trabalho no mesmo horário de sempre e, já sem o crachá de identificação, argumentou com o vigilante da portaria que iria retirar seus pertences pessoais. Tratando-se do último dia útil do ano, João encontrou seus colegas de trabalho muito atarefados e, ainda possuindo as senhas de acesso aos sistemas corporativos, não hesitou em ajudá-los praticando vários atos vinculados em nome da União, inclusive recebendo documentos e atestando tal recebimento a terceiros. Neste caso, o tratamento dado pela Administração aos atos por ele praticados é de agente de fato.
Esclareça-se que as normas constitucionais federais que dispõem a respeito da aposentadoria dos servidores públicos são de absorção obrigatória pelas Constituições dos Estados. Portanto, a CF/1988, ao fixar em 70 anos a idade para a aposentadoria compulsória dos servidores das três esferas da Federação, não deixou margem para a atuação inovadora do legislador constituinte estadual. Em suma, as normas constitucionais dos Estados e as leis orgânicas devem observar a idade de 70 anos para a aposentadoria compulsória. Esse é o entendimento do STF (ADIs 4696/DF e 4698/MA).
Na ADI 5298/RJ, o STF deferiu liminar para suspender a eficácia do inc. VI do art. 156 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, que aumentou de 70 para 75 anos a idade para aposentadoria compulsória dos servidores estaduais. Para o STF, a autonomia constitucional de cada ente federativo é limitada pelo que dispõe a própria Constituição da República (art. 40, § 1º, inc. II), que prevê que servidores públicos em geral, titulares de cargos efetivos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, serão compulsoriamente aposentados aos 70 anos de idade.
Cabe o reforço de que os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Não são servidores públicos, não lhes sendo aplicável, portanto, a aposentadoria compulsória aos 70 anos de idade (STF – ADI 2602/MG).
É digno de nota que é factível que, aos 70 anos, o servidor se aposente com “proventos integrais”, embora a CF, expressamente, mencione que a aposentadoria compulsória ocorra com proventos proporcionais. É a figura do abono de permanência. O servidor que tiver completado os requisitos da aposentadoria voluntária, e decidir manter-se na ativa, será compensado com o valor equivalente à importância da contribuição previdenciária. Portanto, ao completar 70 anos, sua aposentadoria será regida pelas leis que vigoravam quando do cumprimento dos requisitos constitucionais.
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Por fim, fica a dica de que, com a Emenda Constitucional 88/2015, decorrente da “PEC da Bengala”, a idade-limite da aposentadoria compulsória foi alterada. Em relação aos membros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, STM, TSE e TST) e do TCU, a idade-limite foi, automaticamente, alterada de 70 para 75 anos de idade (norma de eficácia plena) (art. 100 do ADCT).
Por sua vez, para os demais agentes públicos, submetidos ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), a idade-limite poderá ser aumentada de 70 para 75 anos, nos termos de lei complementar federal, que disponha sobre normas gerais (inc. II do § 1º do art. 40 da CF/1988). O grifo em “poderá ser” serve-nos para esclarecer a natureza de eficácia limitada da norma constitucional, pois seus efeitos ficam a depender da edição de lei complementar da União.
A norma complementar exigida pelo inc. II do § 1º do art. 40 da CF deve advir do Congresso Nacional, afinal, como decidido pelo STF no MI 1898/DF, a “competência concorrente para legislar sobre previdência dos servidores públicos não afasta a necessidade da edição de norma regulamentadora de caráter nacional, cuja competência é da União”.
Redação atualizada
7.4.13.2.1. aposentadoria compulsória
Com a Emenda Constitucional 88/2015, decorrente da “PEC da Bengala”, a idade-limite da aposentadoria compulsória foi alterada.
Em relação aos membros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, STM, TSE e TST) e do TCU, a idade-limite foi, automaticamente, alterada de 70 para 75 anos de idade (norma de eficácia plena) (art. 100 do ADCT).
O art. 100 do ADCT determinou que as autoridades do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU se submetam à nova sabatina ao completarem 70 anos de idade, para que possam se aposentar compulsoriamente aos 75 anos. Na ADI 5316/DF, o STF suspendeu a disposição do ADCT, afinal, a exigência de nova sabatina acaba “por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação de Poderes, cláusula pétrea inscrita no artigo 60, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal”.
Por sua vez, para os demais agentes públicos, submetidos ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), a idade-limite foi aumentada, posteriormente, de 70 para 75 anos, com o advento da Lei Complementar Federal 152/2015 (LC 152/2015) (inc. II do § 1º do art. 40 da CF/1988).
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Atualizações
Por dispor de normas gerais, a LC 152/2015, embora editada pela União, é obrigatória para as demais unidades federadas. Não há, nesse ponto, qualquer mácula de inconstitucionalidade, afinal, como decidido pelo STF no MI 1898/DF, a “competência concorrente para legislar sobre previdência dos servidores públicos não afasta a necessidade da edição de norma regulamentadora de caráter nacional, cuja competência é da União”.
Portanto, atualmente, a aposentadoria compulsória ocorre aos 75 anos de idade do servidor, indistintamente para mulheres ou homens com proventos, ordinariamente, proporcionais ao tempo de contribuição. Como decorre do inc. II do § 1.º do art. 40 da CF/1988, há uma presunção absoluta de incapacidade do servidor quanto ao desempenho de cargo efetivo. É dizer, completados os 75 anos de idade, o servidor deverá ser aposentado.
O destaque para “efetivo” deve-se ao fato de que essa modalidade de aposentação, vulgarmente conhecida como “expulsória”, não alcança os servidores ocupantes, exclusivamente, de cargos em comissão, sendo possível encontramos, na Administração, comissionados com mais de 90 anos de idade.
STJ – MS 36950/RO
“Os preceitos do art. 40 da CF/1988, portanto, não se aplicam aos servidores em geral, mas apenas aos titulares de cargos efetivos. O § 13, reconhecendo essa circunstância, é claro quando determina que, ‘ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social’ (excluído, obviamente, o regime de previdência disciplinado no art. 40 da CF/1988).
Os servidores comissionados, mesmo no período anterior à EC 20/1998, não se submetem à regra da aposentadoria compulsória aos setenta e cinco anos de idade. O 2.º do art. 40 da CF/1988, em sua redação original, remetia à lei ‘a aposentadoria em cargos ou empregos temporários’. Portanto, cabia à lei disciplinar a aposentadoria dos servidores comissionados, incluindo, logicamente, estabelecer, ou não, o limite etário para a aposentação.”
Logo, ao completar 75 anos de idade, o servidor será aposentado do cargo efetivo, sem se cogitar de direito à permanência em atividade. É desnecessária a edição de qualquer ato para a produção dos efeitos, sendo o dia seguinte ao atingimento de 75 anos de idade o marco inicial da aposentadoria do servidor.
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João, servidor público federal até o dia 27/5/2016, completou 75 anos naquela data, oportunidade em que seus colegas de trabalho, sabendo que João não possuía nenhum parente próximo, organizaram uma comemoração em agradecimento a tantos anos de serviços prestados. No dia 28/5/2016, João dirigiu-se ao trabalho no mesmo horário de sempre e, já sem o crachá de identificação, argumentou com o vigilante da portaria que iria retirar seus pertences pessoais. Tratando-se do último dia útil do ano, João encontrou seus colegas de trabalho muito atarefados e, ainda possuindo as senhas de acesso aos sistemas corporativos, não hesitou em ajudá-los praticando vários atos vinculados em nome da União, inclusive recebendo documentos e atestando tal recebimento a terceiros. Neste caso, o tratamento dado pela Administração aos atos por ele praticados é de agente de fato.
Como sobredito, as normas constitucionais federais que dispõem a respeito da aposentadoria dos servidores públicos são de absorção obrigatória pelas Constituições dos Estados. Portanto, a CF/1988, ao permitir, por lei complementar federal, a fixação em 75 anos da idade para a aposentadoria compulsória dos servidores das três esferas da Federação, não deixou margem para a atuação inovadora do legislador constituinte estadual. Em síntese, as normas constitucionais dos Estados e as leis orgânicas devem observar a idade de 75 anos para a aposentadoria compulsória, nos termos da LC 152/2015. Inclusive, esse é o entendimento do STF (ADIs 4696/DF e 4698/MA).
Cabe o reforço de que os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Assim, não são servidores públicos, não lhes sendo aplicável, portanto, a aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade (STF – ADI 2602/MG).
Por fim, é digno de nota que, aos 75 anos, é factível que o servidor se aposente com “proventos integrais”, embora a CF, expressamente, mencione que a aposentadoria compulsória ocorra com proventos proporcionais. É a figura do abono de permanência.
Pág. 437. Alteração legislativa. Com a LC 152/2015, a idade limite da aposentadoria compulsória foi fixada em 75 anos.
Redação anterior
Para tanto, tais servidores devem, obviamente, continuar no exercício de seus cargos, fazendo jus ao abono de permanência enquanto estiverem em exercício, até a data em que completarem setenta anos de idade, quando
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serão compulsoriamente aposentados. Em síntese: o abono de permanência, como o nome de certa maneira indica, é pago a quem, já podendo se aposentar, permanece na atividade nos quadros públicos.
Redação atualizada
Para tanto, tais servidores devem continuar no exercício de seus cargos, para fazer jus ao abono de permanência, até a data em que completarem setenta e cinco anos de idade, quando serão compulsoriamente aposentados. Em síntese: o abono de permanência, como o nome de certa maneira indica, é pago a quem, já podendo se aposentar, permanece em atividade nos quadros públicos.
Observação: a nota de rodapé 70 recebe a seguinte redação:
“Com a EC 88/2015, permitiu-se que, por lei, a idade-limite para a aposentadoria compulsória dos servidores detentores de cargos efetivos, em geral, fosse alterada de 70 para 75 anos. E, com o advento da LC 152/2015, de natureza nacional, houve a consolidação da idade-limite de 75 anos de idade”.
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Capítulo 8 – Licitações
Pág. 483. Alteração legislativa (Lei 13.243/2016). Nova hipótese de contratação direta, por licitação dispensável.
Redação anterior
Todavia, o § 1.º do art. 9.º admite a participação do autor ou da empresa, conforme o caso, como consultores, desde que exclusivamente a serviço da Administração Licitante.
Redação atualizada
Todavia, o §1.º do art. 9.º admite a participação do autor ou da empresa, conforme o caso, como consultores, desde que exclusivamente a serviço da Administração Licitante.
Com o advento da Lei nº 13.243/2016, houve atenuação ao impedimento do inc. I do art. 9º. Não há vedação de o autor do projeto básico ou executivo (pessoa física ou jurídica) executar as obras e os serviços de engenharia no âmbito da contratação direta de produto para pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico (inciso XXI do art. 24 da Lei nº 8.666/1993).
Pág. 485. Alteração legislativa (Lei 13.156/2015). Novo critério para desempate.
Redação anterior
Como aplicação do princípio da igualdade, a Lei estabelece alguns parâmetros para a resolução de casos de empate entre os licitantes. Sobre o tema, o § 2.º do art. 3.º traz a seguinte sequência:
“I – produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional; (Revogado pela Lei n.º 12.349, de 2010.)
II – produzidos no País;
III – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.”
Redação atualizada
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Atualizações
Como aplicação do princípio da igualdade, a Lei estabelece alguns parâmetros para a resolução de casos de empate entre os licitantes. Sobre o tema, o § 2º do art. 3º traz a seguinte sequência:
“I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional; (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010)
II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação”. (Incluído pela Lei 13.146, de 2015)
Com o advento da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), houve a inserção de novo critério de desempate. O inc. V do §3º do art. 3º da Lei de Licitações prevê, agora, favorecimento às empresas que comprovem a reserva de vagas para portadores de deficiência ou reabilitados da Previdência Social. Certamente, essa mudança será objeto de cobrança nos próximos concursos públicos.
Pág. 519. Alteração legislativa (Lei 13.156/2015). Novo critério para desempate.
Redação anterior
No caso de empate entre duas ou mais propostas, aplicar-se-á o § 2.º do art. 3.º da Lei, que determina seja dada preferência, como critério de desempate, aos bens e serviços:
“I – (revogado);
II – produzidos no País;
III – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.”
Redação atualizada
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Atualizações
No caso de empate entre duas ou mais propostas, aplicar-se-á o § 2.º do art. 3.º da Lei, que determina seja dada preferência, como critério de desempate, aos bens e serviços:
“I – (revogado);
II – produzidos no País;
III – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.” (Incluído pela Lei 13.146, de 2015)
Pág. 548. Alteração legislativa (Lei 13.243/2016). Nova hipótese de contratação direta, por licitação dispensável.
Redação anterior
f) Aquisição de bem destinado exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela Capes/CNPq ou outras instituições oficiais credenciadas pelo CNPq;
Redação atualizada
f) Com a Lei 13.243/2016, previu-se a contratação direta, por dispensa de licitação (inc. XXI do art. 24), para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento tecnológico e científico. Houve uma alteração redacional bem significativa, afinal não há mais a necessidade de os recursos serem advindos exclusivamente do CNPq, FINEP e CAPES, por exemplo.
Dispõe a atual redação do inc. XXI do art. 24 (Lei 13.243/2016): “para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23”.
Perceba que a contratação direta das obras e serviços de engenharia, os quais seguem regulamentação específica, deve observar o limite de 20% da Tomada de Preços (“b”, I, do art. 23 – R$ 1.5000.000,00); logo, a contratação direta só será viável se não ultrapassar o limite-base de R$ 300.000,00.
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E, nesses casos, houve atenuação à vedação do inc. I do art. 9º da Lei de Licitações. Não há impedimento de o autor do projeto básico ou executivo (pessoa física ou jurídica) participar do procedimento licitatório, e, na espécie, executar as obras ou os serviços de engenharia.
Pág. 561. Alteração legislativa. Nova hipótese de contratação direta. Inciso XXXIV do art. 24 da Lei 8.666/1993. Lei 13.204/2015.
Redação anterior
j) Com a Lei 12.873, de 2013, inseriu-se a possibilidade de contratação direta de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou de outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
Redação atualizada
j) Com a Lei 12.873, de 2013, inseriu-se a possibilidade de contratação direta de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou de outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
k) Com a Lei 13.204/2015, incluiu-se nova hipótese de dispensa de licitação, com o seguinte teor:
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Perceba que o dispositivo é exclusivo para as pessoas de direito público; logo, não é possível a contratação direta por empresas públicas, por exemplo. Ademais, há a restrição de que tais fundações tenham sido criadas em data anterior à vigência da Lei 8.666/1993.
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Capítulo 11 – Responsabilidade Civil do Estado
Pág. 686. Proposta de precedente do STF para reforçar a responsabilização do Estado em caso de morte em presídios.
Redação anterior
Logo, se a questão não fizer nenhuma alusão a casos hipotéticos sobre pessoas sob a guarda ou a custódia do Estado (presidiários, alunos ou hospitalizados), pode marcar que a omissão estatal importará a responsabilização do Estado com base na teoria subjetiva. Ao contrário disso, se houver um contexto, o concursando deve, primeiro, perceber se se refere às pessoas então mencionadas. Em caso positivo, haverá omissão específica, e, sendo assim, o caso será de responsabilidade objetiva. Para reforçar o ensinamento, mais um precedente do STF (RE 272839/MT):
julgamento
“Morte de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do risco administrativo.
Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda(art. 5.º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos.”
No mesmo sentido é a jurisprudência do STJ (REsp 713682/RJ), para quem “O Estado responde objetivamente por dano advindo de morte de detento provocada por demais presidiários dentro do estabelecimento prisional”.
Redação proposta
Logo, se a questão não fizer nenhuma citação a casos hipotéticos sobre pessoas sob a guarda ou a custódia do Estado (presidiários, alunos ou hospitalizados, por exemplo), sugerimos a orientação de que a omissão estatal importará a responsabilidade subjetiva do Estado.
Ao contrário disso, se houver um contexto, o concursando deve, primeiro, perceber se se refere às pessoas então mencionadas. Em caso positivo, poderá haver omissão específica, e, sendo assim, estabelecida a
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responsabilidade objetiva do Estado. Para reforçar o ensinamento, mais um precedente do STF (RE 272839/MT):
Julgamento
“Morte de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do risco administrativo.
Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda(art. 5.º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos.”
Idêntica é a jurisprudência do STJ (REsp 713682/RJ), para quem “O Estado responde objetivamente por dano advindo de morte de detento provocada por demais presidiários dentro do estabelecimento prisional”.
Obviamente, por ser inaplicável, entre nós, a teoria do risco integral (só em situações constitucionais pontuais, como acidente nuclear e danos ambientais, por exemplo), existe a necessidade de a morte do detento decorrer de inobservância de dever específico do Estado. Sobre o tema, no julgamento do RE 841526/RS, o STF nos apresentou duas situações:
1ª – Se o detento que praticou o suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia agir assim, então, neste caso, o Estado deverá ser condenado a indenizar seus familiares. Isso porque o evento era previsível e o Poder Público deveria ter adotado medidas para evitar que acontecesse.
2ª – Por outro lado, se o preso nunca havia demonstrado anteriormente que poderia praticar esta conduta, de forma que o suicídio foi um ato completamente repentino e imprevisível, neste caso o Estado não será responsabilizado porque não houve qualquer omissão atribuível ao Poder Público.
Pág. 694. Alteração legislativa. Novo Código de Processo Civil. Previsão expressa de responsabilidade regressiva dos magistrados (art. 143).
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Por fim, esclareça-se que o magistrado poderá praticar atos jurisdicionais com o intuito deliberado de causar prejuízo à parte. Nesse caso, o juiz responderá por perdas e danos, se e somente se tiver agido dolosamente, inclusive com fraude, assim como quando recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. Nessas situações, a responsabilidade é individual do juiz, a quem caberá o dever de indenizar os prejuízos causados.
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Note que o magistrado só responderá por dolo ou fraude, enquanto os agentes públicos, em geral, respondem por dolo ou culpa.
Redação atualizada
Por fim, esclareça-se que o magistrado poderá praticar atos jurisdicionais com o intuito deliberado de causar prejuízo à parte. Nesse caso, o juiz responderá por perdas e danos, se e somente se tiver agido com fraude ou dolosamente, assim como quando recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. E como sustenta a doutrina, nessas hipóteses, o juiz pode ser responsabilizado individualmente pelos prejuízos causados às partes.
Sobre o tema, o Código de Processo Civil (CPC) de 1973 dispunha:
Art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Ocorre que essa disposição foi alterada pelo novo CPC (NCPC/2015), com o seguinte teor (grifou-se):
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Então, dá para perceber alguma diferença entre a redação anterior e a atual?
Claro que sim! Especialmente porque foi grifada passagem do art. 143. O NCPC foi expresso em afirmar que o juiz poderá, sim, ser responsabilizado civilmente, porém, regressivamente.
Em verdade, o NCPC só fez reconhecer a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que não admite que o prejudicado acione diretamente o agente público causador do dano. No Recurso Extraordinário 327904/SP, o STF fixou
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Atualizações
a orientação de que a “ação de indenização há de ser promovida contra a pessoa jurídica causadora do dano e não contra o agente público, em si, que só responderá perante a pessoa jurídica que fez a reparação, mas mediante ação regressiva”.
Apesar da clareza do legislador, o tema permanece controvertido no campo doutrinário. Para José dos Santos Carvalho Filho, Celso Antônio Bandeira de Mello, Rafael Rezende, entre outros, é forçoso reconhecer que o prejudicado pelo ato jurisdicional doloso terá a alternativa de propor a ação indenizatória contra o Estado ou contra o próprio juiz responsável pelo dano, ou, ainda, contra ambos (litisconsórcio passivo).
É um entendimento de peso, sustentado por ícones do Direito Administrativo, e que não pode ser descartado para efeito de concursos públicos. Porém, ficamos a pensar porque o legislador ordinário inseriu, expressamente, o termo “regressivamente” ao art. 143 do NCPC! Realmente, será que foi para se abrir a possibilidade de o particular acionar diretamente o juiz pelos danos causados? Para nós, não seria nada inteligente, não é verdade?
Acreditamos tratar-se da incorporação da jurisprudência do STF que não admite a ação diretamente contra o agente público causador do dano.
Perfeito! Mas como se comportar no dia da prova? Seguem nossas dicas:
1º - Se a questão referenciar, expressamente, o NCPC, aconselha-se escolher a alternativa em que o juiz pode ser responsabilidade regressivamente;
2º - Se o quesito citar o posicionamento do STF, a alternativa correta será a que não admite a ação diretamente contra o juiz;
3º - Ao se destacar o entendimento doutrinário, escolha a alternativa mais completa; logo, ação direta contra o magistrado (responsabilidade subjetiva), em desfavor diretamente do Estado (responsabilidade objetiva) ou ambos (juiz e Estado), em litisconsórcio passivo; e
4º - Em relação ao STJ, indicamos o Recurso Especial 325862/PR, em que se possibilita ao particular o ajuizamento da ação diretamente contra o agente público, contra o estado ou contra ambos, se assim desejar.
Pág. 713. Tópico de responsabilidade dos tabeliães. Alteração legislativa.
Redação anterior
Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público (art. 236 da CF/1988). Os cartórios são unidades desprovidas de personalidade jurídica, sendo geridos por pessoas físicas (tabeliães), aprovadas em concurso público de provas e títulos.
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Atualizações
Em tema de responsabilidade civil, as bancas organizadoras são bastante conflitantes. Ora adotam o entendimento do STF, em que se reconhece a responsabilidade objetiva do Estado, cabendo ação de regresso contra o tabelião. Ora adotam o entendimento do STJ, em que fica evidenciada a responsabilidade objetiva direta e imediata do tabelião, e, conforme o caso, subsidiária do Estado.
No entanto, aconselha-se que o candidato siga as decisões mais recentes do STJ, que responsabilizam o tabelião, a não ser que a questão seja expressa quanto ao entendimento do STF.
julgamento
AgRg no AREsp 273876/SP
“1. A jurisprudência mais recente desta Corte foi firmada no sentido da responsabilidade dos notários e oficiais de registro por danos causados a terceiros, não permitindo a interpretação de que há responsabilidade pura do ente estatal.
2. Em hipóteses como a dos autos, em que houve delegação de atividade estatal, verifica-se que o desenvolvimento dessa atividade se dá por conta e risco do delegatário, tal como ocorre com as concessões e as permissões de serviços públicos, nos termos do que dispõem os incisos II, III e IV da Lei 8.987/1995.
3. ‘O art. 22 da Lei 8.935/1994 é claro ao estabelecer a responsabilidade dos notários e oficiais de registro por danos causados a terceiros, não permitindo a interpretação de que deve responder solidariamente o ente estatal’ (REsp 1087862/AM, Rel. Min. Herman Benjamin, 2.ª Turma, j. 02.02.2010, dJe19.05.2010). Agravo regimental improvido.”
Em prova recente, a banca organizadora FCC, inclusive, adotou o referido posicionamento como correto:
Esse também é o entendimento da banca Cespe.
Para facilitar o entendimento, vamos analisar o esquema a seguir:
Redação atualizada
Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público (art. 236 da CF/1988). Os cartórios são unidades desprovidas de personalidade jurídica, sendo geridos por pessoas físicas (tabeliães), aprovadas em concurso público de provas e títulos.
Em tema de responsabilidade civil, as bancas examinadoras sempre foram bastante conflitantes. Ora adotavam o entendimento do STF, em que se
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reconhecia a responsabilidade objetiva do Estado, cabendo ação de regresso contra o tabelião. Ora acompanhavam o entendimento do STJ, em que ficava evidenciada a responsabilidade objetiva direta e imediata do tabelião, e, conforme o caso, subsidiária do Estado.
Porém, com a edição da Lei nº 13.286/2016, houve alteração no art. 22 da Lei nº 8.935/1994 (Lei dos Cartórios), e, de certa forma, pacificação para efeito de concurso público. Vejamos:
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.
Enfim, a responsabilidade civil dos tabeliães é de natureza subjetiva, logo, ficam afastados os precedentes dos Tribunais Superiores que reconheciam a responsabilidade independentemente de dolo ou culpa (objetiva). E o prazo prescricional, antes de cinco anos, foi reduzido para três anos.
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Capítulo 12 – CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Pág. 725 – A questão de fixação de nº 3 está com gabarito invertido.
Pág. 746 – Alteração Legislativa. Lei do Mandado de Injunção. Lei nº 13.300/2016.
Redação anterior
se já existe norma regulamentadora do direito previsto na Constituição: mesmo que a norma não seja “o melhor dos mundos”, caso ela exista, não caberá o MI, que existe para suprir a falta da norma, não os defeitos em sua formação;
Proposta
Este trecho deve ser excluído, por ser admitido o MI parcial pela nova legislação.
Pág. 752 – Alteração Legislativa. Lei do Mandado de Injunção. Lei nº 13.300/2016.
Redação anterior
(2) Não há uma lei para o mandado de injunção. Socorre-se, por analogia, da Lei do MS, conforme previsto no parágrafo único do art. 24 da Lei 8.038/1990.
Proposta
(2) Aplicava-se, por analogia, a Lei do MS. Atualmente, o MI está regulamentado pela Lei nº 13.300/2016.
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Capítulo 13 – Improbidade Administrativa
Pág. 818. Alteração legislativa em vigor. A Lei 13.019/2014, já citada no Manual, entrou em vigor.
Redação anterior
Fica o registro de que o art. 10 da LIA foi alterado pela Lei 13.019/2014, para, adicionalmente, prever a improbidade no caso de frustração à licitude de processo seletivo para a celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos. É o caso de se frustrar o concurso de projetos para a escolha de OSCIPs e a respectiva assinatura do Termo de Parceria. No entanto, alerta-se para o fato de que as alterações normativas procedidas, pela lei, só entram em vigor a partir de 31 de julho de 2015.
Redação atualizada
Fica o registro de que o art. 10 da LIA foi alterado pela Lei 13.019/2014, para, adicionalmente, prever a improbidade no caso de frustração à licitude de processo seletivo para a celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos. É o caso de se formalizar o termo de fomento ou de colaboração, com organização da sociedade civil na área de assistência social, sem o prévio chamamento público.
Págs. 819 e 820. Alteração legislativa em vigor (Lei 13.019/2014, com alterações pela Lei 13.204/2015). A Lei 13.019/2014, já citada no Manual, entrou em vigor.
Redação anterior
Por fim, salienta-se que, com a Lei 13.019/2014, foram inseridos seis novos incisos ao art. 10 da LIA, porém, com vigência a partir de 31 de julho de 2015. Vejamos:
“XVI– facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio
particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela Administração Pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela Administração Pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
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Atualizações
XVIII – celebrar parcerias da Administração Pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX – frustrar a licitude de processo seletivo para celebração de parcerias da Administração Pública com entidades privadas ou dispensá-lo indevidamente;
XX – agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas;
XXI – liberar recursos de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.”
Redação atualizada
Por fim, com a Lei 13.019/2014, com redação parcialmente alterada pela Lei 13.204/2015, seis novos incisos foram inseridos ao art. 10 da LIA. Vejamos:
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.”
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Atualizações
Págs. 820 e 821. Alteração legislativa em vigor. A Lei 13.019/2014, já citada no Manual, entrou em vigor.
Redação anterior
Como a lista de situações desses atos é menor, passemos à sua reprodução:
“I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
V – frustrar a licitude de concurso público;
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.”
Observação: nesta página, há nota de rodapé, para mencionar a inserção de nova hipótese de infração à norma, pela Lei nº 13.019/2014. Quando da edição do livro, a lei não estava em vigor. Veja a proposta abaixo.
Redação atualizada
Como a lista de situações desses atos é menor, passemos à sua reprodução:
“I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV – negar publicidade aos atos oficiais;
V – frustrar a licitude de concurso público;
VI – deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII – revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.”
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Atualizações
Com a Lei 13.019/2014 (Estatuto das Parcerias), o art. 11 da LIA recebeu o acréscimo do inciso VIII, de seguinte teor: “descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela Administração Pública com entidades privadas”.
E, com a Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), houve a inserção do inciso IX ao art. 11 da LIA, com a seguinte redação: “IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação”. Por isso, requer-se sua atenção redobrada.
Fica o reforço teórico de que a infração à LIA, por ferimento a princípios, só se configura se houver dolo, má-fé, não se tipificando improbidade a conduta meramente culposa (por negligência, imprudência e imperícia).
Pág. 837. Alteração legislativa (Lei 13.204/2015). Nova hipótese de prescrição.
Redação anterior
A prescrição é definida como a perda da pretensão de agir. É aplicação da máxima de que “o direito não socorre aquele que dorme”. Portanto, se o Estado deixar de acionar judicialmente o agente público por determinado lapso de tempo, a sua inércia importará a ocorrência de prescrição. Sobre o tema, a LIA estabelece:
“Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I – até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.”
Perceba que os prazos são diversos, a depender da natureza do vínculo com a Administração.
Redação atualizada
A prescrição é definida como a perda da pretensão de agir. É aplicação da máxima de que “o direito não socorre aquele que dorme”. Portanto, se o Estado deixa de acionar judicialmente o agente público por determinado lapso de tempo, a sua inércia importará a ocorrência de prescrição. Sobre o tema, a LIA estabelece:
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Atualizações
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei.’
Perceba que os prazos são diversos, a depender da natureza do vínculo com a Administração, ressalvado o inciso III. Esse inciso foi inserido pela Lei 13.019/2014 (Estatuto das Parcerias), alterada pela Lei 13.024/2015, e observa que, nesse caso, o prazo é contado da apresentação da prestação de contas pela organização da sociedade civil e não da aprovação das contas pelo Poder Público.
Pág. 838. Atualização jurisprudencial (RE 669069/MG). As ações de ressarcimento, decorrentes de ilícitos civis, são prescritíveis.
Redação anterior
Cabe reforçar que são imprescritíveis as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra servidores ou não, em virtude de prejuízos causados à Fazenda Pública. Todos os ilícitos prescreverão, mas não as ações de ressarcimento, por força do § 5.º do art. 37 da CF/1988.
Redação proposta
Cabe reforçar que são imprescritíveis as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra servidores ou não, em virtude de prejuízos que decorram de ato de improbidade administrativa. Todos os ilícitos prescreverão, ressalvando-se, por exemplo, as ações de ressarcimento por prejuízo decorrente de improbidade, por força do § 5.º do art. 37 da CF/1988.
STF – RE 669069/MG
Para o STF, “é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil”. Porém, a tese não alcança prejuízos que decorram de ato de improbidade administrativa. No curso do processo, o Supremo fez a anotação, ainda, de que a tese da prescrição
Direito Administrativo Facilitado Cyonil Borges e Adriel Sá
Atualizações
dos ilícitos não atinge ilícitos penais que impliquem prejuízos ao erário, ou, também, as demais hipóteses de atingimento do patrimônio estatal nas suas mais variadas formas.
Direito Administrativo Facilitado Cyonil Borges e Adriel Sá
Atualizações
Capítulo 15 – Domínio Público
Pág. 939 – Inserção de “Importante”
A Lei Federal nº 13.311/2016 instituiu normas gerais para a ocupação e
utilização de área pública urbana por equipamentos do tipo quiosque,
trailer, feira e banca de venda de jornais e de revistas. Porém, os requisitos
específicos para a outorga das áreas urbanas serão fixados pelo poder
público local (municípios e Distrito Federal, conforme o caso).
Admite-se a transferência da outorga a terceiros. E, em caso de falecimento
do beneficiário, o direito poderá transferido, nesta ordem, ao cônjuge ou
companheiro, aos ascendentes e descendentes, se houver provocação
do interessado.
A norma lista as seguintes formas de extinção da outorga: o advento do
termo, o descumprimento das obrigações assumidas (forma de cassação) e
a revogação.
Direito Administrativo Facilitado Cyonil Borges e Adriel Sá
Atualizações
Capítulo 16 – Intervenção do Estado na Propriedade Privada
Págs. 980, 981, 983 e 984. Alteração legislativa. Extinção do direito de preferência em favor das entidades federativas. Novo Código de Processo Civil (art. 1072).
Redação anterior
Pág. 980.
O tombamento não transforma a coisa tombada em um bem público, pois a coisa continua sob o domínio do seu proprietário. Em consequência, nada impede, em regra, que o bem tombado seja gravado por ônus e encargos, como hipoteca, penhora e penhor, ou até mesmo alienado. Contudo, as restrições são extensivas aos terceiros envolvidos nessas relações.
No caso de alienação, o bem tombado deverá ser oferecido primeiramente à União, ao Estado ou ao Município, para que exerçam, nessa ordem, seu direito de preferência na aquisição da coisa, segundo dispõe o art. 22 do Decreto-lei 25/1937.
Pág. 981.
De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a transcrição no Registro de Imóveis não integra o procedimento, pois mesmo sem ela o tombamento produz efeitos jurídicos para o proprietário. Tem-se entendido que a falta de registro apenas impede as entidades públicas de exercerem o direito de preferência para aquisição do bem tombado, conforme previsto no art. 22 do Decreto-lei 25.
Pág. 983.
Obrigações positivas: fazer as obras de conservação necessárias à preservação do bem ou, se não tiver meios, comunicar a sua necessidade ao órgão competente, sob pena e incorrer em multa correspondente ao dobro da importância em que foi avaliado o dano sofrido pela coisa (art. 19); em caso de alienação onerosa do bem, deverá assegurar o direito de preferência da União, Estados e Municípios, nessa ordem, sob pena de nulidade do ato, sequestro do bem por qualquer dos titulares do direito de preferência e multa de 20% do valor do bem a que ficam sujeitos o transmitente e o adquirente; as punições serão determinadas pelo Poder Judiciário (art. 22). Se o bem tombado for público, será inalienável, ressalvada a possibilidade de transferência entre União, Estados e Municípios (art. 11).
Direito Administrativo Facilitado Cyonil Borges e Adriel Sá
Atualizações
Pág. 984.
– Providenciar, se se tratar de bens particulares, a transcrição do tombamento no Registro de Imóveis e a averbação ao lado da transcrição do domínio (art. 13). Não adotada essa providência, a União, os Estados e os Municípios perderão o direito de preferência.
- Se for alienar, o Estado tem direito de preferência em face do bem tombado, sob pena de nulidade da alienação.
Redação atualizada
Pág. 980.
O tombamento não transforma a coisa tombada em um bem público, pois o patrimônio continua sob o domínio de seu proprietário. Em consequência, nada impede que um bem tombado seja gravado por ônus e encargos, como hipoteca, penhora e penhor, ou até mesmo alienado. Claro que, nessas relações, as restrições impostas ao patrimônio pelo tombamento são extensivas aos terceiros envolvidos.
Com o art. 1.072 do NCPC/2015, o art. 22 do Decreto-lei 25/1937 foi revogado, e dispunha sobre o direito de preferência na alienação dos bens tombados em favor dos entes federados. Logo, os proprietários de bens em que incida o tombamento podem alienar livremente os imóveis, sem que haja a necessidade de comunicação prévia aos entes federados. Enfim, revogou-se o direito de preferência, isto no que se refere ao tombamento.
Como nos sinaliza o autor José dos Santos Carvalho Filho, o direito de preferência não foi revogado por completo do nosso ordenamento jurídico. Por exemplo, na Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), há o direito de preempção (preferência) urbanístico em favor do Poder Público municipal.
Ou seja, a alienação onerosa de bem imóvel urbano, dentro da área prevista no Plano Diretor e em lei específica, deve ser, previamente, comunicada ao Poder Público municipal, para que este exerça o direito de preferência na aquisição. Nesse caso, perceba que o direito é restrito aos municípios, tendo esses entes o prazo de 30 dias, para manifestação por escrito de seu interesse em adquirir o bem.
Pág. 981.
Direito Administrativo Facilitado Cyonil Borges e Adriel Sá
Atualizações
De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a transcrição no Registro de Imóveis não integra o procedimento, pois mesmo sem ela o tombamento produz efeitos jurídicos para o proprietário.
Pág. 983.
– Obrigações positivas: fazer as obras de conservação necessárias à preservação do bem ou, se não tiver meios, comunicar a sua necessidade ao órgão competente, sob pena e incorrer em multa correspondente ao dobro da importância em que foi avaliado o dano sofrido pela coisa (art. 19); as punições serão determinadas pelo Poder Judiciário (art. 22). Se o bem tombado for público, será inalienável, ressalvada a possibilidade de transferência entre União, Estados e Municípios (art. 11).
Pág. 984.
– Providenciar, se se tratar de bens particulares, a transcrição do tombamento no Registro de Imóveis e a averbação ao lado da transcrição do domínio (art. 13).
- Se for alienar, o Estado tem direito de preferência em face do bem tombado, sob pena de nulidade da alienação (trecho revogado)
Págs. 997 e 998. Mudança de orientação doutrinária e jurisprudencial.
Redação anterior
Ressalta-se que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem realizar desapropriação com fins de reforma agrária, pois se trata de competência exclusiva da União. Isso não significa que tais entes não possam desapropriar propriedades rurais. Podem, mas terão que fazê-lo com pagamento prévio em dinheiro, nos termos da desapropriação ordinária prevista no inc. XXIV do art. 5.º da CF/1988, não fazendo jus ao privilégio de indenizar em títulos da dívida agrária resgatáveis em 20 anos.
Redação atualizada
Ressalta-se que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem realizar desapropriação rural sancionatória do art. 184 da CF/1988, pois se trata de competência exclusiva da União. Isso não significa que tais entes não possam desapropriar propriedades rurais, inclusive para fins de Reforma Agrária. Porém, nesse caso, terão que fazê-lo com pagamento prévio em dinheiro, nos termos da desapropriação ordinária prevista no inc. XXIV do art. 5.º da CF/1988, não fazendo jus ao privilégio de indenizar em títulos da dívida agrária resgatáveis em 20 anos.
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Capítulo 17 – TÓPICOS ESPECIAIS
Lei 8.112/1990
Pág. 1054 – Alteração legislativa. Com a LC 152/2015, houve a fixação da idade-limite de 75 anos para a aposentadoria compulsória.
Redação anterior
Já na reversão no interesse da Administração (a pedido), os seguintes requisitos devem ser satisfeitos, de acordo com o art. 25 da Lei 8.112/1990:
a) o servidor aposentado requerer a reversão e não ter completado 70 anos (idade da aposentadoria compulsória);
Redação atualizada
Já na reversão a pedido, e a critério da Administração, os seguintes requisitos devem ser satisfeitos, de acordo com o art. 25 da Lei 8.112/1990:
a) o servidor aposentado requerer a reversão e não ter completado 70 anos;
Observação: a nota de rodapé 7 ganha a seguinte redação:
Com a EC 88/2015, permitiu-se que, por lei, a idade-limite para a aposentadoria compulsória dos servidores detentores de cargos efetivos, em geral, fosse alterada de 70 para 75 anos. E, nos termos de lei complementar federal (LC 152/2015), de natureza nacional, houve a fixação da idade-limite de 75 anos. Ocorre que a Lei 8.112/1990 não sofreu, por enquanto, qualquer alteração legislativa formal; logo, para todos os efeitos, a idade-limite de 70 anos deve ser adotada para a reversão a pedido.
Pág. 1069. Alteração legislativa. Lei 13.172/2015 alterou o art. 45 da Lei 8.112/1990, para prever, expressamente, o limite do consignável em folha de pagamento.
Redação anterior
Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento; entretanto, mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos, na forma definida em regulamento (art. 45).
Redação proposta
Salvo por imposição legal ou por mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. Porém, mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a
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Atualizações
critério da Administração e com reposição de custos, na forma definida em regulamento (caput do art. 45).
Com a Lei 13.172/2015, previu-se, expressamente, que o total das consignações facultativas em folha de pagamento, em favor de terceiros, não excederá a 35% da remuneração mensal. Ocorre que, deste percentual, 5% devem ser reservados exclusivamente para:
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
Pág. 1119. Alteração legislativa. Lei 13.257/2016. Prorrogação da licença-paternidade.
Redação anterior
Pelo nascimento ou adoção, o servidor (do sexo masculino) terá direito à licença de cinco dias consecutivos, a título de licença-paternidade.
Redação atualizada
Pelo nascimento ou adoção, o servidor terá direito de cinco dias consecutivos de licença-paternidade.
Com a Lei 13.257/2016, promoveu-se alteração à Lei 11.770/2008, possibilitando que a licença-paternidade, fixada constitucionalmente em 5 dias (§1º do art. 10 do ADCT), seja prorrogada por mais 15 dias, num total de 20 dias. E, na espécie, a Administração Pública fica autorizada a instituir programa que garanta a prorrogação da licença-paternidade para seus servidores estatutários.
O art. 208 da Lei nº 8.112/1990 previu o prazo de 5 dias consecutivos de licença-paternidade (nascimento ou adoção de filhos, até 12 doze anos de idade incompletos).
Com o Decreto Federal nº 8.737/2016, institui-se o programa de prorrogação da licença-paternidade. Assim, no prazo de dois dias úteis do nascimento ou da adoção, o servidor poderá requerer a prorrogação, a qual terá a duração de
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Atualizações
quinze dias, a contar do término da licença-paternidade. E, neste prazo adicional, o servidor não poderá exercer qualquer atividade remunerada.
Págs. 1121 e 1122. Alteração legislativa. A Lei 13.135/2015 alterou, de forma profunda, o sistema das pensões. Ocorre que, antes de o livro ser publicado, os autores atualizaram os trechos com a Lei de Conversão da MP 664/2014. Portanto, a única alteração é, no lugar de “Lei de Conversão”, considerar “Lei 13.135/2015”.
Convênios Administrativos
Pág. 1185. Alteração Legislativa. Lei 13.019/2014.
Inserir “Fica ligado”.
Com a Lei nº 13.019/2014 (estatuto das parcerias), os convênios só poderão ser celebrados em duas hipóteses:
1ª – entre entes federados ou pessoas jurídicas a eles vinculadas, e
2ª – com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos, nos termos do §1º do art. 199 da CF/1988 (assistência à saúde).
Por isto, acreditamos que, doravante, o Decreto Federal 6.170/2007 seja cada vez menos objeto de cobrança, havendo prevalência, dos ilustres examinadores, pelo estatuto das parcerias.
Consórcios Públicos
Pág. 1215 – Excluir, na lista, a prerrogativa de promover desapropriação e instituir servidões. É que, nos termos da Lei, esta prerrogativa depende de previsão no contrato do consórcio de direito PÚBLICO.
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Parceria Público-Privada
Pág. 1247. Alteração legislativa. Lei 13.137/2015.
Redação anterior
Nesse quadro, a ementa da Lei das PPPs estabelece: “Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública”, o que vem a ser confirmado pelo art. 1.º da Lei:
“Art. 1.º Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Esta Lei se aplica aos órgãos da Administração Pública direta, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.”
Redação atualizada
Nesse quadro, a ementa da Lei das PPPs estabelece: “Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública”, o que vem a ser confirmado pelo art. 1.º da Lei:
“Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
A redação do parágrafo único do art. 1º da Lei da PPP foi alterada pela Lei 13.137/2015. Citou-se, expressamente, a Administração Direta e Indireta do Poder Legislativo, e, com isto, abrindo-se a prerrogativa de o Legislativo socorrer-se da Lei da PPP, para, por exemplo, a formalização de concessões administrativas (prestação de serviços internos às Casas Legislativas).
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Inclusive, na esfera federal, a Câmara e o Senado ficam autorizados a dispor sobre a instituição de órgão gestor próprio de parcerias público-privadas (art. 14-A).
Em todo caso, não pode ser afastada a competência do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade da concessão da garantia e à sua forma, relativamente aos riscos para o Tesouro Nacional e ao cumprimento dos limites do art. 22 da Lei (inc. II do §3º do art. 14).
Regime Diferenciado de Contratações
Pág. 1266. Alteração legislativa. Leis 13.190/2015 e 13.243/2016. Novas hipóteses de cabimento para o RDC.
Redação anterior
Acrescenta-se que as particularidades do RDC, por serem desburocratizantes e notadamente gerenciais, foram estendidas a objetos diversos dos esportes:
“Art. 1.º É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização:
(...)
IV – das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
V – das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS;
VI – das obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo.”
Com a Lei 12.722/2012, o RDC também se tornou aplicável às licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino. E, mais recentemente, as Leis 12.833/2013 e 12.873/2013 estenderam o RDC às licitações, respectivamente:
a) da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, para a aquisição de bens e serviços de engenharia e técnicos especializados, tendentes à modernização, ampliação e construção de aeródromos públicos (art. 63-A da Lei 12.462/2011);
b) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), para a contratação das ações ligadas às unidades armazenadoras de produtos agropecuários em ambiente natural.
E, por fim, com a Lei 12.983/2014, permitiu-se a utilização do RDC para prevenção em áreas de risco de desastres e recuperação em locais atingidos por catástrofes (art. 15-A da Lei 12.340/2010), afinal, o sistema diferenciado de
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contratação, além de reduzir o tempo da licitação, flexibiliza os critérios para a contratação.
Assim, com essas inserções, a Lei do RDC, a qual antes era doutrinariamente reconhecida como norma temporária (encerrar-se-ia em 2016, com os Jogos Olímpicos), caminha para a definitividade. Igualmente, afasta-se a ideia de uso da Lei por somente parte das entidades federativas, veja o exemplo das licitações promovidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (sistema constitucional de natureza nacional). Logo, o RDC deixa de ser norma temporária, podendo ser aplicado em todas as esferas de Governo.
Portanto, o RDC é aplicável na realização:
– dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
– da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo 2014;
– de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades-sede dos eventos anteriormente relacionados;
– das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
– de obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
– de obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo;
– de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino;
– da aquisição de bens e serviços de engenharia e técnicos especializados, tendentes à modernização, ampliação e construção de aeródromos públicos;
– da contratação das ações ligadas às unidades armazenadoras de produtos agropecuários em ambiente natural;
– de prevenção em áreas de risco de desastres e recuperação em locais atingidos por catástrofes, afinal, o sistema diferenciado de contratação, além de reduzir o tempo da licitação, flexibiliza os critérios para a contratação.
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Acrescenta-se que as particularidades do RDC, por serem desburocratizantes e notadamente gerenciais, foram estendidas a objetos diversos dos esportes:
“Art. 1º É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização:
(...)
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IV - das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS;
VI - das obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo;
VII - das ações no âmbito da segurança pública; (Incluído pela Lei 13.190, de 2015)
VIII - das obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infraestrutura logística; (Incluído pela Lei 13.190, de 2015)
IX - dos contratos a que se refere o art. 47-A; e (Incluído pela Lei 13.190, de 2015)
X - das ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação”. (Incluído pela Lei 13.243, de 2016)
Com a Lei 13.190/2015, possibilitou-se o uso do RDC para os contratos do art. 47-A, na espécie, contratos de locação de bens móveis e imóveis, nos quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou reforma substancial, com ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela Administração.
Doutrinariamente, tais contratos são chamados de “built to suit” ou “locação sob medida ou encomenda”.
O valor da locação não poderá exceder, ao mês, a 1% do valor do bem locado. Essa última passagem é para evitar que a locação seja mais onerosa do que a compra dos bens propriamente ditos.
Em linhas gerais, a modalidade de contrato “built to suit”, previsto no art. 47-A do RDC, quer dizer “construído para servir”.
Um exemplo de aplicação prática envolveu a construção de algumas sedes de procuradorias do Ministério Público Federal.
Visando evitar um processo de edificação extremamente demorado e custoso, e, ainda, locações de imóveis sem as adequações físicas
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necessárias, o órgão anunciou a necessidade de locação de imóvel nos moldes por ele planejado.
Desse modo, a pessoa jurídica interessada em celebrar esse negócio jurídico com a Administração poderá comprar um terreno, realizar a construção do imóvel e alugá-lo para a Administração Pública.
Destaca-se que, nessa modalidade de contrato, as obrigações contratuais de ambas as partes são fixadas antes da construção ou até antes mesmo da aquisição do imóvel.
Com a Lei 13.190/2015, o RDC tornou-se aplicável, também, às licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino e pesquisa, ciência e tecnologia.
Por sua vez, com a Lei 12.722/2012, o RDC também se tornou aplicável às licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino.
Ainda, as Leis 12.833/2013 e 12.873/2013 estenderam o RDC às licitações, respectivamente, da:
- Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, diretamente ou, a seu critério, quando por intermédio de instituição financeira pública federal, realizar procedimento licitatório, podendo, em nome próprio ou de terceiros, adquirir bens, contratar obras e serviços de engenharia e de técnicos especializados; e
- Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, para a contratação de todas as ações relacionadas à reforma, modernização, ampliação ou construção de unidades armazenadoras próprias destinadas às atividades de guarda e conservação de produtos agropecuários em ambiente natural. Ainda, quando a CONAB contratar instituição financeira pública federal para atuar nas ações já citadas, essa também fica autorizada a utilizar o Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC.
Com a Lei 12.983/2014, permitiu-se a utilização do RDC para prevenção em áreas de risco de desastres e recuperação em locais atingidos por catástrofes (art. 15-A da Lei 12.340/2010), afinal o sistema diferenciado de contratação, além de reduzir o tempo da licitação, flexibiliza os critérios para a contratação.
Assim, com essas inserções, a Lei do RDC, a qual antes era doutrinariamente reconhecida como norma temporária (encerrar-se-ia em 2016, com os Jogos Paraolímpicos), caminha para a definitividade. Igualmente, afasta-se a ideia de uso da Lei por somente parte das entidades federativas, veja o exemplo das
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licitações promovidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (sistema constitucional de natureza nacional). Logo, o RDC deixa de ser norma temporária, podendo ser aplicado em todas as esferas de Governo.
Assim, temos o RDC aplicável na realização:
– da Copa das Confederações 2013 e da Copa do Mundo 2014;
– dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016;
– de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades-sede dos eventos anteriormente relacionados;
– das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
– de obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
– de obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de atendimento socioeducativo;
– das ações no âmbito da segurança pública;
– das obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infraestrutura logística;
– dos contratos a que se refere o art. 47-A;
– das ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação;
– de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino;
– da aquisição de bens e serviços de engenharia e técnicos especializados, tendentes à modernização, ampliação e construção de aeródromos públicos;
– da contratação das ações ligadas às unidades armazenadoras de produtos agropecuários em ambiente natural; e
– de prevenção em áreas de risco de desastres e recuperação em locais atingidos por catástrofes, afinal, o sistema diferenciado de contratação, além de reduzir o tempo da licitação, flexibiliza os critérios para a contratação.
Pág. 1270. Alteração legislativa. Inserção de nova diretriz. Lei 13.173/2015.
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Redação anterior
Relativamente às diretrizes a serem observadas nas licitações e contratações, o art. 4º da Lei do RDC lista as seguintes, dentre outras:
– padronização do objeto da contratação relativamente às especificações técnicas e de desempenho;
– padronização de instrumentos convocatórios e minutas de contratos, previamente aprovados pelo órgão jurídico competente;
– busca da maior vantagem para a Administração, considerando custos e benefícios, diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental;
– condições de aquisição, de seguros, de garantias e de pagamento compatíveis com as condições do setor privado, inclusive mediante pagamento de remuneração variável conforme desempenho;
– parcelamento do objeto, visando à ampla participação de licitantes, sem perda de economia de escala.
Redação atualizada
Relativamente às diretrizes a serem observadas nas licitações e contratações, o art. 4º da Lei do RDC lista as seguintes, dentre outras:
– padronização do objeto da contratação relativamente às especificações técnicas e de desempenho;
– padronização de instrumentos convocatórios e minutas de contratos, previamente aprovados pelo órgão jurídico competente;
– busca da maior vantagem para a Administração, considerando custos e benefícios, diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental;
– condições de aquisição, de seguros, de garantias e de pagamento compatíveis com as condições do setor privado, inclusive mediante pagamento de remuneração variável conforme desempenho;
– parcelamento do objeto, visando à ampla participação de licitantes, sem perda de economia de escala;
– ampla publicidade, em sítio eletrônico, de todas as fases e procedimentos do processo de licitação, assim como dos contratos, respeitado o art. 6o desta Lei. (Incluído pela Lei 13.173, de 2015).
Pág. 1270. Alteração legislativa. Lei 13.190/2015. Previsão expressa do uso da arbitragem.
Redação anterior
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Outras inovações são citadas por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entre as quais:
� “Ampliação dos Objetivos da Licitação (§ 1.º do art. 1.º); � Restrições à Publicidade do Orçamento Estimado (art. 6.º); � Inversão nas Fases de Julgamento (art. 12); � Novos Critérios de Julgamento (art. 18); � Previsão de Procedimentos Auxiliares das Licitações (art. 29); � Possibilidade de Remuneração Variável Vinculada ao Desempenho da
Contratada (art. 10); � Previsão da Contratação Simultânea (art. 11); � Previsão da Contratação Integrada entre os Regimes de Execução do
Contrato (art. 8.º); � Pré-qualificação das empresas licitantes (procedimentos auxiliares)”.
Redação atualizada
Outras inovações são citadas por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entre as quais:
� “Ampliação dos Objetivos da Licitação (§ 1.º do art. 1.º); � Restrições à Publicidade do Orçamento Estimado (art. 6.º); � Inversão nas Fases de Julgamento (art. 12); � Novos Critérios de Julgamento (art. 18); � Previsão de Procedimentos Auxiliares das Licitações (art. 29); � Possibilidade de Remuneração Variável Vinculada ao Desempenho da
Contratada (art. 10); � Previsão da Contratação Simultânea (art. 11); � Previsão da Contratação Integrada entre os Regimes de Execução do
Contrato (art. 8.º); � Pré-qualificação das empresas licitantes (procedimentos auxiliares)”.
O instituto da arbitragem não foi previsto na redação originária do RDC. Com a arbitragem, os litígios podem ser resolvidos em foro extrajudicial e de forma mais ágil, sem que isso acarrete a perda da desejada imparcialidade dos julgadores, como ocorre nos processos decididos no âmbito do Poder Judiciário.
À vista dessa omissão originária, a Lei 13.190/2015 inseriu ao RDC o art. 44-A, de seguinte teor:
"Art. 44-A. Nos contratos regidos por esta Lei, poderá ser admitido o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996, e a mediação, para dirimir conflitos decorrentes da sua execução ou a ela relacionados".
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Pág. 1295. Alteração legislativa. Lei 13.019/2014.
Redação anterior
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), disciplinadas pela Lei 9.790/1999, regulamentada pelo Decreto 3.100/1999, são constituídas por iniciativa de particulares, sob o regime jurídico de direito privado e sem o intuito de lucro. São prestadoras de serviços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização do Poder Público e com vínculo jurídico por meio de Termo de Parceria.
Verifica-se, pois, que as OSCIP possuem conceito assemelhado ao das OS. Veremos que assemelhado, porém não igual!
Redação atualizada
As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), disciplinadas pela Lei 9.790/1999, regulamentada pelo Decreto 3.100/1999, são constituídas por iniciativa de particulares, sob o regime jurídico de direito privado e sem o intuito de lucro. São prestadoras de serviços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização do Poder Público e com vínculo jurídico por meio de Termo de Parceria.
Assim, fácil verificar que as OSCIPs possuem conceito assemelhado ao das OSs. Porém, embora assemelhadas, veremos que não são iguais.
Com a Lei 13.019/2014, houve importante inserção à Lei das OSCIPs. Atualmente, só podem ser qualificadas como OSCIP as pessoas de direito privado que se encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, três anos.
Pág. 1301. Alteração legislativa. Lei 13.243/2016.
Alteração no quadro que sintetiza as características das fundações de apoio, em especial, quanto à execução de convênios, contratos, acordos e demais ajustes abrangidos pela lei 8.958/1994 que envolvam recursos provenientes do poder público. Nesses casos, as fundações de apoio não mais contratarão de forma direta, e socorrendo-se da Lei 8.666/1993, mas sim adotarão
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regulamento específico de aquisições e contratações de obras e serviços, a ser editado por meio de ato do Poder Executivo de cada nível de governo.
Prezados Concursandos,
Abaixo, segue o conteúdo do Estatuto das Parcerias. É uma atualização do Manual de Direito Administrativo Facilitado, lançado pela Editora Método/Gen.
Certamente, será um dos temas mais cobrados nos próximos certames. É que os convênios, então regidos pelo Decreto 6.170/2007 (esfera federal), restringiram-se, com a Lei, aos acordos entre os Entes Federativos. E o projeto das Organizações Sociais e das OSCIPs será, aos poucos, substituído pelo rito do novo diploma legal, afinal, a lei consagra proteções mais rigorosas ao interesse público que as leis das OS e das OSCIP.
Temos a convicção de que o capítulo será muito útil a todos!
No caso, o capítulo foi praticamente reescrito. É que a Lei 13.019/2014 sofreu profundas alterações com a Lei 13.204/2015 (entrou em vigor em 2016).
Boa leitura a todos,
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Cyonil Borges e Adriel Sá.
17.9. Estatuto das Parcerias – Lei 13.019/2014
17.9.1. Natureza e objeto
Em sentido amplo, a expressão parceria público-privada refere-se a todo e qualquer acordo celebrado entre o Estado e o particular para o atingimento do interesse coletivo, exemplo das concessões, contratos de gestão e termos de parceria. Em relação ao regime jurídico das parcerias entre as entidades privadas sem fins lucrativos e a Administração Pública, houve o detalhamento da matéria pela Lei nº 13.019/2014.
Caiu em prova
2016/FUNDEP – Especialista de Serviços Públicos (Uberaba) – De acordo com a Lei N.º 13.019/14, considera-se organização da sociedade civil pessoa jurídica de direito:
a) privado sem fins lucrativos.
b) público sem fins lucrativos.
c) público com fins lucrativos.
d) privado com fins lucrativos.
Comentários:
As organizações da sociedade civil são todas aquelas destituídas de finalidades lucrativas. E não fazem parte da estrutura formal do Estado, dotadas, assim, de personalidade jurídica de Direito Privado. E, assim, fica confirmada a correção da letra “A”.
Para efeito de concurso público, o ponto de partida é termos a precisa ideia sobre a natureza do novo diploma legal e o objeto a que se destina.
É de conhecimento do concursando que as leis editadas pela União são, ordinariamente, de abrangência restrita à própria União, como é o caso da Lei nº 8.112/1990, a qual dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos da União. Porém, há leis “desenhadas” pela União e válidas para todas as Administrações dos demais entes políticos, como é o caso da Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos). Doutrinariamente, estas são reconhecidas como normas-moldura ou quadro, por estabelecerem as diretrizes gerais, permitindo-se a acomodação legislativa aos demais entes políticos dentro do desenho preestabelecido pela União.
Então, qual é a natureza da Lei 13.019/2014? Façamos a leitura de trecho do art. 1º:
“Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para as parcerias entre a administração pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de
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atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação”.
O grifo não consta do texto original, servindo-nos para concluir que o diploma em estudo é norma geral da União, e, bem por isso, deve ser seguido por todas as demais Administrações dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Esclareça-se que, para a lei, o conceito de Administração Pública não alcança as empresas estatais interventoras no domínio econômico, como é o caso da Caixa Econômica Federal (CEF), do Banco do Brasil (BB) e da Petrobras. Segundo o normativo, a Administração Pública é a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista prestadoras de serviço público e suas respectivas subsidiárias.
Com a Lei nº 13.204/2015, previu-se que só as empresas governamentais dependentes encaixam-se no conceito de Administração Pública. Nos termos do §9º do art. 37 da CF/1988, são assim consideradas as estatais que recebam recursos da União, dos Estados, do DF ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
Lei 8.112/1990
(Lei federal)
Editada pela União
Aplicável apenas para a
União
Lei 13.019/2014
(Lei nacional)
Editada pela União
Válida para todos os entes
federativos
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Nem todos os dispositivos da lei são obrigatórios para os demais entes federados. Há disposições exclusivas para a União, como a prevista no art. 15. De acordo com o dispositivo, o Poder Executivo federal poderá criar o Conselho Nacional de Fomento e Colaboração, de composição paritária, a ser definida em regulamento, entre representantes governamentais e organizações da sociedade civil, com a finalidade de divulgar boas práticas e de propor e apoiar políticas e ações voltadas ao fortalecimento das relações de fomento e de colaboração.
Já em relação ao objeto, a lei trata dos acordos firmados entre a Administração e as organizações da sociedade civil, em regime mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação.
Dica da hora
Para o alcance da finalidade pública, muitas das vezes, a Administração utiliza-se das “contratações”. No entanto, os contratos do Poder Público nem sempre são tipicamente administrativos, ou seja, acordos em que os interesses buscados, embora recíprocos, são opostos entre si. Ao lado desses, os acordos firmados entre a máquina administrativa e particulares podem ser de natureza “convenial”, em que os objetivos são paralelos, mútuos entre si, não havendo, assim, qualquer oposição. Nesse contexto, resta evidente que as parcerias aqui tratadas são típicas relações conveniais, isso porque os interesses almejados são convergentes entre si.
Abre-se um parêntese para registrar que as organizações da sociedade civil, aqui referidas, não se confundem com as OSCIPs. Neste caso, está-se diante da questão
Lei 13.019
União
Estados
DFMunicípios
Respectivas AI -
prestadoras de serviços
públicos
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gênero versus espécie. Com outras palavras, todas as OSCIPs são pessoas de direito privado sem fins lucrativos, porém, nem todas as organizações da sociedade civil são qualificadas, pelo Ministério da Justiça, como OSCIPs; daí se conclui que o termo usado, pelo legislador, é gênero. Por didático, vejamos o conceito legal para organizações da sociedade civil:
“Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se:
I - organização da sociedade civil:
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;
b) as sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867, de 10 de novembro de 1999; as integradas por pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e ações de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação e capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural; e as capacitadas para execução de atividades ou de projetos de interesse público e de cunho social.
c) as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos;”
Informa-se, contudo, que as exigências da Lei não se aplicam a qualquer tipo de acordo, não sendo extensíveis aos seguintes casos (art. 3º):
“I - às transferências de recursos homologadas pelo Congresso Nacional ou autorizadas pelo Senado Federal naquilo em que as disposições dos tratados, acordos e convenções internacionais específicas conflitarem com esta Lei;
II - aos contratos de gestão celebrados com organizações sociais, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998.”
Para efeito de concurso público, podem ser extraídas duas importantes conclusões:
1ª – As diretrizes da lei aplicam-se, também, aos acordos internacionais, quando não houver conflito direto entre as normas, sejam ou não os recursos provenientes de fontes externas.
2ª – A lei não se aplica aos contratos de gestão celebrados com organizações sociais.
Com a Lei nº 13.204/2015, outros casos de inaplicabilidade foram incluídos ao art. 3º. São eles:
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• Convênios e contratos celebrados com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos nos termos do §1o do art. 199 da Constituição Federal;
• Termos de compromisso cultural referidos no § 1o do art. 9o da Lei no 13.018, de 22 de julho de 2014;
• Termos de parceria celebrados com organizações da sociedade civil de interesse público, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
• Transferências referidas no art. 2o da Lei no 10.845, de 5 de março de 2004, e nos arts. 5º e 22 da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009;
• Pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições ou taxas associativas em favor de organismos internacionais ou entidades que sejam obrigatoriamente constituídas por: a) membros de Poder ou do Ministério Público;
b) dirigentes de órgão ou de entidade da administração pública;
c) pessoas jurídicas de direito público interno;
d) pessoas jurídicas integrantes da administração pública;
• Parcerias entre a administração pública e os serviços sociais autônomos.
Neste rol, para efeito de concurso público, o que mais nos chama a atenção é a extensão da vedação aos termos de parceria celebrados com as OSCIPs, afinal, a redação originária da Lei só fazia menção aos contratos de gestão formalizados com as OSs.
E houve, também, previsão expressa de não aplicação às parcerias entre a Administração e os serviços sociais autônomos (“Sistema S”), sendo que, na redação originária da Lei, havia disposições garantindo a aplicação da Lei aos serviços sociais autônomos.
17.9.2. Princípios e diretrizes fundamentais
Por envolver o repasse de recursos públicos, reconhecidamente escassos, o regime de parcerias deve observância a princípios da Administração. Sobre o tema, dispõe o caput o art. 5º:
“Art. 5º O regime jurídico de que trata esta Lei tem como fundamentos a gestão pública democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil, a transparência na aplicação dos recursos públicos, os princípios da legalidade, da legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da eficiência e da eficácia, destinando-se a assegurar: (...)”.
O rol de princípios é meramente exemplificativo, sendo que os expressos indicados na lei são em número maior do que os encontrados no caput do art. 37 da CF/1988. Na espécie, além do “batido” LIMPE, a lei louva-nos com a legitimidade, a economicidade e a eficácia, princípios que, apesar de não encontrados no caput do art. 37 da CF/1988, foram listados no art. 70 da CF/1988.
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Além de uma série de princípios, o legislador preocupou-se, ainda, em indicar expressamente as diretrizes fundamentais do regime jurídico das parcerias, como (art. 6º):
I - a priorização do controle de resultados (é controle típico da gramática gerencial);
II - o incentivo ao uso de recursos atualizados de tecnologias de informação e comunicação;
III - a ação integrada, complementar e descentralizada, de recursos e ações, entre os entes da Federação, evitando sobreposição de iniciativas e fragmentação de recursos;
IV - a adoção de práticas de gestão administrativa necessárias e suficientes para coibir a obtenção, individual ou coletiva, de vantagens ou benefícios indevidos (redação dada pela Lei nº 13.204/2015).
17.9.3. Capacitação
No art. 7º da Lei, previu-se a instituição, pela União, de programas de capacitação para gestores, representantes de organizações da sociedade civil e conselheiros dos conselhos de políticas públicas, em coordenação com os demais entes políticos e organizações da sociedade civil. E, na espécie, a participação nos programas de capacitação não é condição para o exercício das funções de gerência ou representação das entidades civis.
Com a Lei nº 13.204/20015, houve nova redação para o art. 7º, o qual, por sua importância, será reproduzido na íntegra:
“Art. 7o A União poderá instituir, em coordenação com os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e organizações da sociedade civil, programas de capacitação voltados a:
I - administradores públicos, dirigentes e gestores;
II - representantes de organizações da sociedade civil;
III - membros de conselhos de políticas públicas;
IV - membros de comissões de seleção;
V - membros de comissões de monitoramento e avaliação;
VI - demais agentes públicos e privados envolvidos na celebração e execução das parcerias disciplinadas nesta Lei.
Parágrafo único. A participação nos programas previstos no caput não constituirá condição para o exercício de função envolvida na materialização das parcerias disciplinadas nesta Lei.”
Tais medidas são necessárias para se perpetuar a boa e regular aplicação dos dinheiros públicos. De fato, não é razoável ou mesmo prudente transferir os escassos recursos públicos a entidades desprovidas de qualificações técnicas e operacionais. Por isso, caberá ao titular do órgão ou entidade, na qualidade de administrador público (art. 8º):
- Considerar, obrigatoriamente, a capacidade operacional da administração pública para celebrar a parceria, cumprir as obrigações dela decorrentes e assumir as respectivas responsabilidades,
- Avaliar as propostas de parceria com o rigor técnico necessário,
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- Designar gestores habilitados a controlar e fiscalizar a execução em tempo hábil e de modo eficaz, e
- Apreciar as prestações de contas na forma e nos prazos determinados na Lei e na legislação específica.
Sensível à realidade de que muitas entidades não são tão filantrópicas, e não gozam de capacidade técnico-operacional para o cumprimento dos ajustes com a Administração Pública, há a exigência de que a organização da sociedade civil possua (art. 33), por exemplo:
a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, comprovados por meio de documentação emitida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos Municípios, do Distrito Federal ou dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de nenhuma organização atingi-los;
b) experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da parceria ou de natureza semelhante;
c) instalações, condições materiais e capacidade técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas.
17.9.4. Transparência, controle e participação social
Nos arts. 9º a 12 da Lei, encontramos importantes diretrizes sobre a transparência e o controle do regime de parcerias.
Como medida de transparência, o art. 9º da Lei previa que, no início de cada ano civil, a Administração Pública publicaria, nos meios oficiais de divulgação (jornais diárias de grande circulação, Diário Oficial e sítios eletrônicos), os valores aprovados na lei orçamentária anual vigente para execução de programas e ações do plano plurianual em vigor, que poderão ser executados por meio de parcerias. Ocorre que esta disposição foi revogada, expressamente, pela Lei nº 13.024/2015, sendo, doravante, forte quesito para o concurso público.
Outra medida salutar, e que abre espaço para o controle social, é o dever de a Administração manter, em seu sítio oficial na internet, a relação das parcerias celebradas e os planos de trabalho, por 180 dias, contado do encerramento do acordo (art. 10). A Administração deverá, ainda, divulgar pela internet os meios para apresentação de representação sobre a aplicação irregular dos recursos envolvidos nas parcerias (art. 12).
Com a Lei nº 13.204/2015, houve duas alterações significativas para efeito de concurso público. A primeira é que a Administração tinha o dever de manter as informações das parcerias pelo prazo de cinco anos, e contados da apreciação da prestação de contas final. Agora, o prazo é de
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até cento e oitenta dias, após o respectivo encerramento. A segunda é que a expressão DENÚNCIA foi substituída por representação.
Fiquem atentos aos detalhes:
Ainda como forma de incentivar a participação social, impõe-se à Administração, na forma de regulamento, divulgar, nos meios públicos de comunicação por radiodifusão de sons e de sons e imagens, as campanhas publicitárias e programações desenvolvidas por organizações da sociedade civil, no âmbito das parcerias com a administração pública, com previsão de recursos tecnológicos e linguagem adequados à garantia de acessibilidade por pessoas com deficiência (art. 14).
O art. 15 da Lei faculta que, no âmbito do Poder EXECUTIVO federal, seja criado Conselho Nacional de Fomento e Colaboração, de composição paritária entre representantes governamentais e organizações da sociedade civil. A composição e o funcionamento são matérias a serem disciplinadas em regulamento. E, na espécie, as propostas do Conselho Nacional são submetidas à consulta dos conselhos setoriais de políticas públicas e a Administração Pública.
Esclareça-se que a organização da sociedade civil também deverá divulgar, em seu sítio na internet, caso o mantenha, e em locais visíveis de suas sedes sociais e dos estabelecimentos em que exerça suas ações, todas as parcerias celebradas com o poder público (art. 11).
São informações a serem públicas, dentre outras (art. 11, parágrafo único):
uso de sítio oficial na internet
relação das parcerias celebradas (nãoforam considerados os valores dosacordos)
divulgação da informação pelo prazo deaté 180 dias após os respectivosencerramentos das parcerias celebradas
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“I - data de assinatura e identificação do instrumento de parceria e do órgão da administração pública responsável;
II - nome da organização da sociedade civil e seu número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB;
III - descrição do objeto da parceria;
IV - valor total da parceria e valores liberados, quando for o caso (esta parte em destaque foi inserida pela Lei nº 13.204/2015);
V - situação da prestação de contas da parceria, que deverá informar a data prevista para a sua apresentação, a data em que foi apresentada, o prazo para a sua análise e o resultado conclusivo.
VI - quando vinculados à execução do objeto e pagos com recursos da parceria, o valor total da remuneração da equipe de trabalho, as funções que seus integrantes desempenham e a remuneração prevista para o respectivo exercício”. (Incluído pela Lei nº 13.204/2015)
17.9.5. Termo de colaboração, termo de fomento e acordo de cooperação
Agora, cumpre-nos desvendar os nomes dos acordos que podem ser celebrados entre a Administração e as organizações da sociedade civil: termo de colaboração, termo de fomento e acordos de cooperação.
Tome nota
O termo de fomento, o termo de colaboração e o acordo de cooperação somente produzirão efeitos jurídicos após a publicação dos respectivos extratos no meio oficial de publicidade da administração pública (art. 38). Ou seja, o termo pode ser perfeito e válido, porém, enquanto não ofertada a publicidade oficial, é considerado ineficaz.
No termo de colaboração, a Administração Pública é quem propõe o plano de trabalho, sendo a organização da sociedade civil convidada a “colaborar” com o atendimento ao interesse público. Assim dispõe a Lei (art. 16):
“O termo de colaboração deve ser adotado pela administração pública para consecução de planos de trabalho de sua iniciativa, para celebração de parcerias com organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos financeiros.”
Por sua vez, no termo de fomento, o plano de trabalho é proposto pela organização da sociedade civil, cabendo à Administração efetuar as transferências de recursos financeiros para subsidiar a entidade, enfim, fomentá-la. Sobre o tema, o art. 17 da Lei dispõe:
"O termo de fomento deve ser adotado pela administração pública para consecução de planos de trabalho propostos por organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos financeiros."
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Os termos de colaboração e fomento são ajustes formalizados entre a Administração Pública e as organizações da sociedade civil, e inconfundíveis entre si. Porém, há uma identidade entre os termos: é que em ambos há transferências de recursos financeiros.
Exatamente aqui "mora o perigo", pois, com a Lei nº 13.204/2015, previu-se a celebração de acordo de cooperação, assim definido pela Lei: “instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros”.
Percebeu a diferença? Isso mesmo, nos acordos de cooperação, não há transferências de recursos financeiros.
17.9.6. Chamamento público
O ponto de coincidência no regime de parcerias é que as entidades sem fins lucrativos deverão, de regra, ser selecionadas por meio de chamamento público. Sobre o tema, a Administração deverá adotar procedimentos claros, objetivos, simplificados, que orientem os interessados e facilitem o acesso direto aos órgãos da administração pública, independentemente da modalidade de parceria (art. 23)1.
1 Com a Lei nº 13.204/2015, houve a revogação do trecho “sempre que possível, padronizados”, logo, os procedimentos devem ser claros, objetivos e simplificados, porém, sem a necessidade de padronização do objeto.
Termo de colAboração
Quem propõe o plano de trabalho é a Administração
A organização é convidada
Há transferência de recursos financeiros
Termo de fOmento
Quem propõe o plano de trabalho é a Organização
Administração subsidia a entidade
Há transferência de recursos financeiros
Acordo de cooperação
Não há transferência de
recursos financeiros
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Enfim, nota-se que, para a celebração das parcerias, a Administração deverá realizar chamamento público para selecionar organizações da sociedade civil que torne mais eficaz a execução do objeto (art. 24). Porém, a regra do chamamento público não é para todos os acordos previstos na Lei. A Lei nº 13.204/2015 alterou o comando do art. 24, para indicar, expressamente, apenas os termos de colaboração e de fomento, não fazendo menção aos acordos de cooperação, talvez, pelo fato de, nestes, não haver transferência de recursos financeiros.
Segundo a lei (art. 2º, XII), o chamamento público é procedimento destinado a selecionar organização da sociedade civil para firmar parceria por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual se garanta a observância dos princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Oportuno registrar que o chamamento público é um procedimento administrativo de escolha de organizações da sociedade civil para a formalização de termos de colaboração e de fomento, conforme o caso. Para doutrina majoritária, o chamamento é nova modalidade de licitação, regida por legislação própria. E, à semelhança das demais modalidades licitatórias (com poucas adaptações), conta com as fases externas de convocação (por edital), de julgamento e classificação, de homologação e de habilitação. Porém, fica a informação de que a Lei nº 8.666/1993 não se aplica às parcerias regidas por esta Lei, em seu art. 84.
Sobre o tema, o chamamento é precedido de edital, que especificará, no mínimo (§1º do art. 24):
“I - a programação orçamentária que autoriza e viabiliza a celebração da parceria (alterado pela Lei nº 13.204/2015);
II. (revogado);
III - o objeto da parceria;
IV - as datas, os prazos, as condições, o local e a forma de apresentação das propostas;
V - as datas e os critérios objetivos de seleção e julgamento das propostas, inclusive no que se refere à metodologia de pontuação e ao peso atribuído a cada um dos critérios estabelecidos, se for o caso;
VI - o valor previsto para a realização do objeto;
VII (revogado);
VIII - as condições para interposição de recurso administrativo; (incluído pela Lei nº 13.204/2015)
IX - a minuta do instrumento por meio do qual será celebrada a parceria;
X - de acordo com as características do objeto da parceria, medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e idosos.”
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Em nome da transparência, o edital deverá ser amplamente divulgado em página do sítio oficial da Administração Pública na internet. Com a Lei nº 13.204/2015, previu-se a publicidade com antecedência mínima de 30 dias (art. 26).
Dentre outros princípios regentes do chamamento público, destacam-se o da competitividade e da isonomia. Por isto, o §2º do art. 25 da Lei veda, expressamente, que os atos de convocação incluam, prevejam ou tolerem cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo. Apesar disso, o legislador fez duas ressalvas, as quais, certamente, são próprias para cobrança nos concursos públicos. São admitidos:
I - a seleção de propostas apresentadas exclusivamente por concorrentes sediados ou com representação atuante e reconhecida na unidade da Federação onde será executado o objeto da parceria;
II - o estabelecimento de cláusula que delimite o território ou a abrangência da prestação de atividades ou da execução de projetos, conforme estabelecido nas políticas setoriais.
O grau de adequação da proposta aos objetivos específicos do programa ou ação em que se insere o tipo de parceria, e, quando for o caso, ao valor de referência constante do chamamento público, é critério obrigatório de julgamento. E, no caso, as propostas serão julgadas por uma comissão de seleção previamente designada (art. 27). A Lei nº 13.204/2015 previu prerrogativa de constituição da comissão de seleção pelo respectivo conselho gestor, se o projeto for financiado com recursos de fundos específicos.
Na Lei 8.666/1993, a comissão de licitação é formada por, no mínimo, três servidores, sendo dois obrigatoriamente do órgão ou entidade licitante.
Já a comissão de seleção é órgão colegiado destinado a processar e julgar os chamamentos públicos, constituído por ato publicado em meio oficial de comunicação, assegurada a participação de pelo menos um servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da administração pública (inc. X do art. 2º).
E, por fim, fica a informação de que será impedida de participar da comissão de seleção pessoa que, nos últimos cinco anos, tenha mantido relação jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do chamamento público (§2º do art. 27).
Com a Lei nº 13.204/2015, previu-se que (§§5º e 6º do art. 27):
1) será obrigatoriamente justificada a seleção de proposta que não for a mais adequada ao valor de referência constante do chamamento público, e
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2) A homologação não gera direito para a organização da sociedade civil à celebração da parceria.
Acrescenta-se que, no lugar de gestor ou fiscal de contrato, típico da Lei de Licitações, a lei estabelece a comissão de monitoramento e avaliação, entendida como órgão colegiado com a função de monitorar e avaliar as parcerias celebradas com organizações da sociedade civil mediante termo de colaboração ou termo de fomento, constituído por ato publicado em meio oficial de comunicação, assegurada a participação de pelo menos um servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da administração pública (inc. XI do art. 2º).
Um detalhe importante no chamamento público é a inversão de fases, à semelhança do que ocorre com a modalidade de licitação pregão.
Depois de encerrada a etapa competitiva e ordenadas as propostas, a Administração Pública procederá à verificação dos documentos de habilitação. E, na hipótese de a organização da sociedade civil selecionada não atender aos requisitos de habilitação, aquela imediatamente mais bem classificada será convidada a aceitar a celebração de parceria nos mesmos termos ofertados pela concorrente desqualificada (art. 28). É clássica a questão de concurso em que se afirma, de forma incorreta, que a empresa imediatamente mais bem classificada manterá seus próprios preços e condições.
Assim como ocorre com as modalidades de licitação, a lei prevê hipóteses de “contratação direta”, assim entendida a celebração de acordos com a dispensa do chamamento público (art. 30):
“Art. 30. A administração pública poderá dispensar a realização do chamamento público:
I - no caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de atividades de relevante interesse público, pelo prazo de até cento e oitenta dias; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública ou ameaça à paz social; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança;
VI - no caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação, saúde e assistência social, desde que executadas por organizações da sociedade civil previamente credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)”
Ainda sobre o tema, considera-se inexigível o chamamento público na hipótese de inviabilidade de competição entre as organizações da sociedade civil, em razão da natureza singular do objeto do plano de trabalho ou quando as metas somente puderem ser atingidas por uma entidade específica. Sobre o tema, dispõe o art. 31 da Lei:
“Art. 31. Será considerado inexigível o chamamento público na hipótese de inviabilidade de competição entre as organizações da sociedade civil, em razão da natureza singular do objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser
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atingidas por uma entidade específica, especialmente quando: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
I - o objeto da parceria constituir incumbência prevista em acordo, ato ou compromisso internacional, no qual sejam indicadas as instituições que utilizarão os recursos; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - a parceria decorrer de transferência para organização da sociedade civil que esteja autorizada em lei na qual seja identificada expressamente a entidade beneficiária, inclusive quando se tratar da subvenção prevista no inciso I do § 3o do art. 12 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, observado o disposto no art. 26 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.”
Para o autor Marçal Justen Filho, a natureza singular do objeto caracteriza-se como uma situação anômala, incomum, impossível de ser enfrentada satisfatoriamente por qualquer profissional “especializado”. Envolve os casos que demandam mais do que a especialização, pois apresentam complexidades que impedem obtenção de solução satisfatória a partir da contratação de qualquer profissional.
Nos casos de ausência do chamamento público, o extrato da justificativa da “contratação direta” deverá ser publicado, na mesma data em que for efetivado, no sítio oficial da administração pública na internet e, eventualmente, a critério do administrador público (ato discricionário), também no meio oficial de publicidade da Administração Pública, a fim de garantir ampla e efetiva transparência (art. 32).
A publicidade prévia da justificativa à “contratação direta” propriamente dita é para permitir a interposição de impugnações. E, uma vez acolhida a impugnação, o ato que declarou a dispensa ou considerou inexigível o chamamento público será anulado (a Lei traz o termo “revogado”, porém, por decorrer o ato de um vício, a providência da
• urgência decorrente de paralisação ou
iminência de paralisação de atividades
relevantes
• casos de guerra, calamidade pública, grave
perturbação da ordem pública ou ameaça à
paz social
• realização de programa de proteção a pessoas
• atividades voltadas ou vinculadas a serviços de
educação, saúde e assistência social
Dispensa
• natureza singular do objeto do plano de
trabalho
• quando as metas somente puderem ser
atingidas por uma entidade específica
Inexigibilidade
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Administração deve ser anulada), sendo imediatamente iniciado o procedimento para a realização do chamamento público (§3º do art. 32).
A Lei nº 13.204/2015 dispõe que a impugnação à justificativa poderá ser apresentada no prazo de cinco dias a contar de sua publicação, cujo teor deve ser analisado pelo administrador público responsável em até cinco dias da data do respectivo protocolo (§2º do art. 32).
Cabe o registro de que as organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos poderão provocar a Administração para que esta avalie a possibilidade de realização de um chamamento público para a celebração de parceria (art. 18). É o que a lei intitula de “Procedimento de Manifestação de Interesse Social (PMIS)”. São requisitos da proposta a ser submetida ao crivo da Administração (art. 19):
I - identificação do subscritor da proposta;
II - indicação do interesse público envolvido;
III - diagnóstico da realidade que se quer modificar, aprimorar ou desenvolver e, quando possível, indicação da viabilidade, dos custos, dos benefícios e dos prazos de execução da ação pretendida.
Uma vez preenchidos os requisitos, acima citados, a Administração DEVERÁ tornar pública a proposta em seu sítio eletrônico, e, verificada a conveniência e oportunidade (ato discricionário) para a realização do PMIS, abrir-se-á a audiência pública (oitiva) da sociedade sobre o tema, no prazo a ser estabelecido em regulamentos de cada ente federado (art. 20).
Fique ligado
A proposição ou a participação no Procedimento de Manifestação de Interesse Social não impede a organização da sociedade civil de participar no eventual chamamento público subsequente (§2º do art. 21).
Por fim, esclareça-se que a realização do PMIS não implicará necessariamente a execução do chamamento público, que acontecerá de acordo com os interesses da Administração (art. 21). E, no caso, a realização do procedimento não dispensa a convocação por meio de chamamento público para a celebração de parceria.
Nos termos do §3º do art. 21 da Lei, com redação dada pela Lei nº 13.204/2015, "é vedado condicionar a realização de chamamento público ou a celebração de parceria à prévia realização de Procedimento de Manifestação de Interesse Social".
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Caiu em prova
2016/ESAF – CVM – Analista Administrativo - Assinale a opção correta.
a) O termo de colaboração é o instrumento que a Administração Pública deverá adotar em caso de transferências voluntárias de recursos para a consecução de planos de trabalho propostos pelas organizações da sociedade civil.
b) A organização da sociedade civil indicará ao menos um dirigente que se responsabilizará de forma subsidiária pela execução das atividades e pelo cumprimento das metas pactuadas na parceria.
c) A eventual inadimplência da organização da sociedade civil no pagamento dos encargos trabalhistas relativos ao cumprimento do termo de colaboração ou de fomento é de sua responsabilidade, havendo apenas a responsabilidade subsidiária da administração pública parceira.
d) Como regra, a Administração Pública, para poder celebrar as parcerias previstas na Lei n.º 13.019/2014, está obrigada a realizar o chamamento público, ressalvadas as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de tal procedimento.
e) Nas contratações de bens e serviços que efetuem com o uso de recursos transferidos pela Administração Pública, as organizações da sociedade civil estão obrigadas a realizar licitação nos termos da Lei n.º 8.666/93.
Comentários:
Para a celebração de termos de colaboração ou de fomento, a regra é a seleção da entidade sem fins lucrativos por meio de chamamento público.
Assim como ocorre com as modalidades de licitação, a lei prevê hipóteses de “contratação direta”, como a dispensa do chamamento público (art. 30). E, no art. 31, previu-se a inexigibilidade do procedimento. E, desta forma, confirmamos a correção da letra “D”.
Os demais itens estão errados. Abaixo:
Letra A – Há três instrumentos previstos na Lei: termo de colaboração, termo de fomento e acordos de cooperação. Nos dois primeiros, há repasses financeiros, e, no último, não há transferências financeiras. A diferença entre os dois primeiros é bem tranquila, porém, sutil. Vejamos um “macete”:
Termo de colAboração – proposto pela Administração.
Termo de fOmento – proposto pela Organização.
Logo, a banca examinadora só fez inverter os conceitos.
Letra B - Aqui a banca, bem provavelmente, fez a questão baseada em legislação revogada, mas nem por isto torna a questão inválida, afinal, o quesito mantém incorreto.
Dispunha a Lei, em seu art. 37:
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Art. 37. A organização da sociedade civil indicará ao menos 1 (um) dirigente que se responsabilizará, de forma solidária, pela execução das atividades e cumprimento das metas pactuadas na parceria, devendo essa indicação constar do instrumento da parceria.
A responsabilidade prevista era solidária e não subsidiária, como previsto no quesito.
Letra C - Não há sequer responsabilidade subsidiária da Administração Pública. Vejamos (art. 42):
XX - a responsabilidade exclusiva da organização da sociedade civil pelo pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à execução do objeto previsto no termo de colaboração ou de fomento, não implicando responsabilidade solidária ou subsidiária da administração pública a inadimplência da organização da sociedade civil em relação ao referido pagamento, os ônus incidentes sobre o objeto da parceria ou os danos decorrentes de restrição à sua execução.
Letra E – Sobre o tema, não há mais previsão de qualquer tipo de procedimento de licitação.
17.9.7. Celebração do termo de colaboração e do termo de fomento
Finalizado o procedimento administrativo de chamamento público, parte-se para a celebração propriamente dita dos termos de colaboração e de fomento. Obviamente, para a formalização das parcerias, as organizações da sociedade civil deverão atender a rígidos requisitos. As entidades privadas deverão ser regidas por normas de organização interna que prevejam, expressamente (art. 33):
“I - objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância pública e social;
II. (revogado pela Lei nº 13.024/2015). Previa-se a necessidade de constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente.
III - que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que preencha os requisitos desta Lei e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta;
IV - escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade;
V - possuir:
a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, comprovados por meio de documentação emitida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos Municípios, do Distrito Federal ou dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de nenhuma organização atingi-los;
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b) experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da parceria ou de natureza semelhante;
c) instalações, condições materiais e capacidade técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas.”
A Lei nº 13.204/2015 praticamente reescreveu o Estatuto das Parcerias (Lei nº 13.019/2014). Houve importantes alterações redacionais, supressões e inclusões, e, por isso, os concursandos devem ficar ainda mais atentos, especialmente porque “corre” na internet muita informação desatualizada. Por exemplo:
1) Na celebração de acordos de cooperação, em que não há transferências de recursos financeiros, exige-se apenas o inc. I do art. 33, o que, para nós, foi um parcial retrocesso;
2) Já as organizações religiosas estão dispensadas dos incs. I e III do art. 33;
3) As sociedades cooperativas seguem os requisitos previstos em legislação específica e o disposto no inc. IV, achando-se dispensadas do cumprimento dos incs. I e III; e, por fim,
4) Para fins de atendimento do previsto na alínea “c” do inciso V, não será necessária a demonstração de capacidade instalada prévia.
TIPOS NORMA(S) DE ORGANIZAÇÃO INTERNA
EXIGIDA(S)
Acordos de cooperação (sem transferências
de recursos financeiros)
- objetivos voltados à promoção de atividades
e finalidades de relevância pública e social
Organizações religiosas
- escrituração de acordo com os princípios
fundamentais de contabilidade e com as
Normas Brasileiras de Contabilidade;
- possuir:
a) no mínimo, um, dois ou três anos de
existência, com cadastro ativo, comprovados
por meio de documentação emitida pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil, com
base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
- CNPJ, conforme, respectivamente, a
parceria seja celebrada no âmbito dos
Municípios, do Distrito Federal ou dos
Estados e da União, admitida a redução
desses prazos por ato específico de cada ente
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na hipótese de nenhuma organização atingi-
los;
b) experiência prévia na realização, com
efetividade, do objeto da parceria ou de
natureza semelhante;
c) instalações, condições materiais e
capacidade técnica e operacional para o
desenvolvimento das atividades ou projetos
previstos na parceria e o cumprimento das
metas estabelecidas.
Sociedades cooperativas
- escrituração de acordo com os princípios
fundamentais de contabilidade e com as
Normas Brasileiras de Contabilidade; e
- exigências previstas na legislação específica.
Ademais, as organizações da sociedade civil deverão apresentar (art. 34):
“Art. 34. Para celebração das parcerias previstas nesta Lei, as organizações da sociedade civil deverão apresentar:
(...)
II - certidões de regularidade fiscal, previdenciária, tributária, de contribuições e de dívida ativa, de acordo com a legislação aplicável de cada ente federado;
III - certidão de existência jurídica expedida pelo cartório de registro civil ou cópia do estatuto registrado e de eventuais alterações ou, tratando-se de sociedade cooperativa, certidão simplificada emitida por junta comercial; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
(...)
V - cópia da ata de eleição do quadro dirigente atual;
VI - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade, com endereço, número e órgão expedidor da carteira de identidade e número de registro no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB de cada um deles;
VII - comprovação de que a organização da sociedade civil funciona no endereço por ela declarado; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)”.
Esclareça-se que, antes de a Administração celebrar as parcerias, devem ser adotadas providências hábeis, como (art. 35):
“I - realização de chamamento público, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei;
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II - indicação expressa da existência de prévia dotação orçamentária para execução da parceria;
III - demonstração de que os objetivos e finalidades institucionais e a capacidade técnica e operacional da organização da sociedade civil foram avaliados e são compatíveis com o objeto;
IV - aprovação do plano de trabalho, a ser apresentado nos termos desta Lei;
V - emissão de parecer de órgão técnico da administração pública, que deverá pronunciar-se, de forma expressa, a respeito:
a) do mérito da proposta, em conformidade com a modalidade de parceria adotada;
b) da identidade e da reciprocidade de interesse das partes na realização, em mútua cooperação, da parceria prevista nesta Lei;
c) da viabilidade de sua execução; (nova redação pela Lei nº 13.204/2015)
d) da verificação do cronograma de desembolso; (nova redação pela Lei nº 13.204/2015)
e) da descrição de quais serão os meios disponíveis a serem utilizados para a fiscalização da execução da parceria, assim como dos procedimentos que deverão ser adotados para avaliação da execução física e financeira, no cumprimento das metas e objetivos;
(...)
g) da designação do gestor da parceria;
h) da designação da comissão de monitoramento e avaliação da parceria;
VI - emissão de parecer jurídico do órgão de assessoria ou consultoria jurídica da administração pública acerca da possibilidade de celebração da parceria.” (nova redação pela Lei nº 13.204/2015)
Na lista apresentada, perceba que haverá a emissão de dois pareceres sobre as parcerias. O primeiro é de natureza técnica, em que se avaliará, por exemplo, a viabilidade da execução da parceria, inclusive no que se refere aos valores estimados, que deverão ser compatíveis com os preços praticados no mercado. O segundo, de cunho jurídico, em que o emitente deverá examinar a parceria à luz das normas da lei e da legislação específica.
Tais pareceres, embora obrigatórios, não são vinculantes, afinal, o administrador público pode, mediante ato formal, justificar as razões pelas quais deixou de seguir eventuais ressalvas técnico-jurídicas, conforme o §2º do art. 35:
“Caso o parecer técnico ou o parecer jurídico de que tratam, respectivamente, os incisos V e VI concluam pela possibilidade de celebração da parceria com ressalvas, deverá o administrador público sanar os aspectos ressalvados ou, mediante ato formal, justificar a preservação desses aspectos ou sua exclusão.”
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Não será exigida contrapartida financeira como requisito para celebração de parceria, facultada a exigência de contrapartida em bens e serviços economicamente mensuráveis. A contrapartida financeira costuma ser requerida nos convênios administrativos regidos pelo Decreto nº 6.170/2007.
Nos termos do art. 35-A da Lei, é permitida a atuação em rede para a execução de iniciativas
agregadoras de pequenos projetos, por duas ou mais organizações da sociedade civil, mantida
a integral responsabilidade da organização celebrante do termo de fomento ou de
colaboração, desde que a organização signatária possua:
I - mais de cinco anos de inscrição no CNPJ;
II - capacidade técnica e operacional para supervisionar e orientar diretamente a atuação da
organização que com ela estiver atuando em rede.
A organização da sociedade civil que assinar o termo de colaboração ou de fomento deverá
celebrar termo de atuação em rede para repasse de recursos às não celebrantes, ficando
obrigada a, no ato da respectiva formalização:
I - verificar, nos termos do regulamento, a regularidade jurídica e fiscal da organização
executante e não celebrante do termo de colaboração ou do termo de fomento, devendo
comprovar tal verificação na prestação de contas;
II - comunicar à administração pública em até sessenta dias a assinatura do termo de atuação
em rede.
Por fim, fica a informação de que será obrigatória a estipulação do destino a ser dado aos bens remanescentes da parceria, sendo que os adquiridos com os recursos públicos
Pare
cere
sParecer técnico
Parecer jurídico
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poderão ser doados, a critério do administrador público, sempre que não forem necessários para assegurar a continuidade do objeto pactuado (art. 36).
17.9.8. Vedações
Ainda sobre a celebração das parcerias, o concursando deve ficar alerta com as hipóteses de vedação de parceria. Fica impedida de celebrar qualquer modalidade de parceria a organização da sociedade civil que (art. 39 e incs. II e III do art. 73):
“I - não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, não esteja autorizada a funcionar no território nacional;
II - esteja omissa no dever de prestar contas de parceria anteriormente celebrada;
III - tenha como dirigente membro de Poder ou do Ministério Público, ou dirigente de órgão ou entidade da administração pública da mesma esfera governamental na qual será celebrado o termo de colaboração ou de fomento, estendendo-se a vedação aos respectivos cônjuges ou companheiros, bem como parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau;
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos últimos cinco anos, exceto se: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
a) for sanada a irregularidade que motivou a rejeição e quitados os débitos eventualmente imputados; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
b) for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
c) a apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre recurso com efeito suspensivo; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015);
V - tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo período que durar a penalidade:
a) suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar com a administração;
b) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública;
c) suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgãos e entidades da esfera de governo da administração pública sancionadora, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
d) declaração de inidoneidade para participar em chamamento público ou celebrar termos de fomento, termos de colaboração e contratos com órgãos e entidades de todas as esferas de governo, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que a organização da sociedade civil ressarcir a administração pelos prejuízos resultantes, e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base na alínea ‘c’.
VI - tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
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VII - tenha entre seus dirigentes pessoa:
a) cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
b) julgada responsável por falta grave e inabilitada para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança, enquanto durar a inabilitação;
c) considerada responsável por ato de improbidade, enquanto durarem os prazos estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.”
Tais vedações são tão graves a ponto de impedir a transferência de novos recursos no âmbito de parcerias em execução. No entanto, excetuam-se os casos de serviços essenciais que não podem ser adiados, sob pena de prejuízo ao erário ou à população, desde que precedida de expressa e fundamentada autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade da administração pública, sob pena de responsabilidade solidária (§1º do art. 39).
A Lei nº 13.204/2015 incluiu três novos parágrafos ao art. 39. Vejamos:
§ 4º Para os fins do disposto na alínea a do inciso IV e no § 2o, não serão considerados débitos que decorram de atrasos na liberação de repasses pela administração pública ou que tenham sido objeto de parcelamento, se a organização da sociedade civil estiver em situação regular no parcelamento.
§ 5º A vedação prevista no inciso III não se aplica à celebração de parcerias com entidades que, pela sua própria natureza, sejam constituídas pelas autoridades referidas naquele inciso, sendo vedado que a mesma pessoa figure no termo de colaboração, no termo de fomento ou no acordo de cooperação simultaneamente como dirigente e administrador público.
§ 6º Não são considerados membros de Poder os integrantes de conselhos de direitos e de políticas públicas.
Veda-se, também, a celebração de parcerias que tenham por objeto, envolvam ou incluam, direta ou indiretamente, delegação das funções de regulação, de fiscalização, do exercício do poder de polícia ou de outras atividades exclusivas do Estado (art. 40).
17.9.9. Cláusulas essenciais
Na formalização das parcerias são consideradas cláusulas essenciais, entre outras (art. 42):
I - a descrição do objeto pactuado;
II - quando for o caso, o valor total e o cronograma de desembolso;
III - a contrapartida, quando for o caso, observado o disposto no § 1o do art. 35;
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IV - a obrigação de prestar contas com definição de forma, metodologia e prazos;
V - a definição, se for o caso, da titularidade dos bens e direitos remanescentes na data da conclusão ou extinção da parceria e que, em razão de sua execução, tenham sido adquiridos, produzidos ou transformados com recursos repassados pela administração pública;
VI - a prerrogativa atribuída à administração pública para assumir ou transferir a responsabilidade pela execução do objeto, no caso de paralisação, de modo a evitar sua descontinuidade;
VII - quando for o caso, a obrigação de a organização da sociedade civil manter e movimentar os recursos em conta bancária específica, observado o disposto no art. 51;
VIII - o livre acesso dos agentes da administração pública, do controle interno e do Tribunal de Contas correspondente aos processos, aos documentos e às informações relacionadas a termos de colaboração ou a termos de fomento, bem como aos locais de execução do respectivo objeto;
IX - a faculdade dos partícipes rescindirem o instrumento, a qualquer tempo, com as respectivas condições, sanções e delimitações claras de responsabilidades, além da estipulação de prazo mínimo de antecedência para a publicidade dessa intenção, que não poderá ser inferior a 60 (sessenta) dias;
X - a indicação do foro para dirimir as dúvidas decorrentes da execução da parceria, estabelecendo a obrigatoriedade da prévia tentativa de solução administrativa, com a participação de órgão encarregado de assessoramento jurídico integrante da estrutura da administração pública;
XI - a responsabilidade exclusiva da organização da sociedade civil pelo pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à execução do objeto previsto no termo de colaboração ou de fomento, não implicando responsabilidade solidária ou subsidiária da administração pública a inadimplência da organização da sociedade civil em relação ao referido pagamento, os ônus incidentes sobre o objeto da parceria ou os danos decorrentes de restrição à sua execução.
O plano de trabalho constará como anexo dos instrumentos de parceria, logo, sendo parte integrante e indissociável das parcerias (parágrafo único do art. 42).
17.9.10. Contratações pelas organizações da sociedade civil
As parcerias por fomento ou por colaboração são, de regra, precedidas de chamamento público pela Administração Pública. Ou seja, há um procedimento público cercado da observância mínima de princípios, como da legalidade, impessoalidade, moralidade e legitimidade. E, até o advento da Lei nº 13.204/2015, a Lei exigia que a organização social dispusesse de regulamento de compras e contratações, afinal, é gestora de recursos públicos.
No entanto, nosso criativo legislador ordinário, com a Lei nº 13.204/2015, deixou de exigir qualquer procedimento de licitação para as contratações viabilizadas pelas organizações da sociedade civil.
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Talvez esta revogação expressa se deva pela dificuldade de a entidade civil contar com aparato burocrático para licitar suas compras e serviços. Porém, este receio é pouco razoável e justificável, até porque a redação originária da Lei permitia que a organização utilizasse os meios eletrônicos disponibilizados pela Administração, exemplo do comprasnet, na esfera federal.
E, na espécie, destaca-se que as Leis nºs 9.637/1998 (OSs) e 9.790/1999 (OSCIPs) sempre foram, expressa, em exigir a edição de regulamentos próprios de licitação, com atendimento a princípios da Administração (entidades civis em pé de igualdade, sendo tratadas com desigualdade jurídica).
Ademais, fica a informação de que a Lei nº 13.204/2015 não revogou a disposição do §3º do art. 77 da Lei nº 13.242/2015 (Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO), até porque esta lei é posterior àquele veículo normativo. O §3º do art. 77 da LDO dispõe constituir exigência para o recebimento de transferências voluntárias a observância das normas publicadas pela União relativas à aquisição de bens e à contratação de serviços e obras, inclusive na modalidade pregão, e preferencialmente em sua forma eletrônica.
A LDO não exige, expressamente, que se observe, na íntegra, a Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações). E, de fato, em tradução ao art. 116 da Lei de Licitações, a doutrina defende a desnecessidade de, no âmbito dos ajustes com mútua colaboração, a contratação ser precedida das modalidades licitatórias.
Portanto, além do pregão expressamente exigido pela LDO, sustentamos a aplicação, por analogia, do art. 11 do Decreto nº 6.170/2007, o qual exige, no mínimo, a realização de cotação prévia de preços no mercado antes da celebração do contrato, como forma de dar aplicabilidade aos princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade.
17.9.11. Despesas
Em termos de formalização e execução, ficou vedada a realização de determinadas despesas, como (art. 45):
I - utilizar recursos para finalidade alheia ao objeto da parceria, e
II - pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público com recursos vinculados à parceria, salvo nas hipóteses previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias,
Por outro lado, poderão ser pagas com recursos vinculados à parceria, desde que aprovadas no plano de trabalho, as despesas com (art. 46):
I - remuneração da equipe encarregada da execução do plano de trabalho, inclusive de pessoal próprio da organização da sociedade civil, durante a vigência da parceria, compreendendo as despesas com pagamentos de impostos, contribuições sociais, Fundo
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de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, férias, décimo terceiro salário, salários proporcionais, verbas rescisórias e demais encargos sociais e trabalhistas;
II - diárias referentes a deslocamento, hospedagem e alimentação nos casos em que a execução do objeto da parceria assim o exija;
III - custos indiretos necessários à execução do objeto, seja qual for a proporção em relação ao valor total da parceria;
IV - aquisição de equipamentos e materiais permanentes essenciais à consecução do objeto e serviços de adequação de espaço físico, desde que necessários à instalação dos referidos equipamentos e materiais.
A responsabilidade é exclusiva da organização da sociedade civil pelo pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à execução do objeto previsto no termo de colaboração ou de fomento, não implicando responsabilidade solidária ou subsidiária da administração pública a inadimplência da organização da sociedade civil em relação ao referido pagamento, os ônus incidentes sobre o objeto da parceria ou os danos decorrentes de restrição à sua execução.
17.9.12. Liberação de Recursos
Para honrar com suas despesas, a organização civil precisa receber os recursos da Administração Pública. Nesse contexto, temos que as parcelas dos recursos são liberadas de acordo com o cronograma de desembolso aprovado, exceto nos casos a seguir, nos quais ficarão retidas até o saneamento das impropriedades (art. 48):
“I - quando houver evidências de irregularidade na aplicação de parcela anteriormente recebida;
II - quando constatado desvio de finalidade na aplicação dos recursos ou o inadimplemento da organização da sociedade civil em relação a obrigações estabelecidas no termo de colaboração ou de fomento;
III - quando a organização da sociedade civil deixar de adotar sem justificativa suficiente as medidas saneadoras apontadas pela administração pública ou pelos órgãos de controle interno ou externo.”
Fique atento
A inadimplência da administração pública não transfere à organização da sociedade civil a responsabilidade pelo pagamento de obrigações vinculadas à parceria com recursos próprios. E, de fato, não poderia ser diferente. Tratando-se de uma parceria, há os repasses da Administração, porém, há recursos próprios da organização civil. Em tempos de crises ou por falta de planejamento, o Estado pode atrasar o repasse financeiro, porém, neste caso, a instituição privada não ficará obrigada a utilizar os recursos próprios para honrar as obrigações da parceria.
E, bem por isto, a inadimplência da organização da sociedade civil em decorrência de atrasos na liberação de repasses relacionados à parceria não poderá acarretar restrições à liberação de parcelas subsequentes. É que a
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inadimplência, nesta hipótese, não foi provocada intencionalmente pela instituição, de modo que as parcelas financeiras não poderão sofrer restrições por parte do órgão ou entidade pública parceira.
E, por fim, o fato de a organização da sociedade civil pagar o pessoal que conduz a parceria com os recursos públicos, não gera, para a Administração, qualquer tipo de vínculo empregatício.
Não há impedimento de o recurso ser liberado em parcela única. No entanto, esta não é a regra nos acordos celebrados entre as entidades civis e a Administração Pública, devendo esta viabilizar o acompanhamento pela internet dos processos de liberação dos recursos. E, nas parcerias cuja duração exceda um ano, é obrigatória a prestação de contas ao término de cada exercício (art. 49).
Para facilitar o controle dos recursos públicos e aferir-se a boa e regular aplicação, as verbas repassadas deverão ser depositadas e geridas em conta bancária específica, e, no caso, isenta de tarifa bancária. O depósito é efetuado em instituição financeira pública determinada pela Administração Pública (art. 51).
Os rendimentos das aplicações financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto da parceria,
estando sujeitos às mesmas condições de prestação de contas exigidas para os recursos transferidos
(parágrafo único do art. 51). Com outras palavras, as organizações sociais devem prestar contas,
inclusive, das aplicações financeiras, e eventuais sobras devem ser devolvidas aos cofres públicos.
Toda a movimentação de recursos no âmbito da parceria será realizada mediante transferência eletrônica sujeita à identificação do beneficiário final e à obrigatoriedade de depósito em sua conta bancária (art. 53). Este procedimento facilita bastante as eventuais auditorias pelos órgãos de controle, afinal, todos os recursos transitam por conta específica, e, consequentemente, todos os pagamentos são identificados.
No entanto, nem sempre a transferência eletrônica será cabível, seja devido às peculiaridades do objeto, seja por conta da região onde se desenvolverão as atividades. Logo, em casos excepcionais, será admitida a realização de pagamentos em espécie. Dispõe o §2º do art. 53 da Lei que “demonstrada a impossibilidade física de pagamento mediante transferência eletrônica, o termo de colaboração ou de fomento poderá admitir a realização de pagamentos em espécie”.
17.9.13. Vigência das parcerias e alterações
Quanto à vigência das parcerias, esta poderá ser alterada mediante solicitação da organização da sociedade civil, devidamente formalizada e justificada, a ser apresentada na Administração Pública em, no mínimo, 30 dias antes do término de sua vigência. Obviamente, não se afasta a prorrogação de ofício da vigência dos termos de colaboração e de fomento. Neste caso, a Administração Pública deve formalizar o termo
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de prorrogação antes do término da parceria, sendo justificada pelo atraso na liberação dos recursos, limitada, na espécie, ao exato período do atraso verificado (art. 55).
O plano de trabalho da parceria também poderá ser revisto para alteração de valores ou de metas, mediante termo aditivo ou por apostila ao plano de trabalho original (art. 57).
17.9.14. Acompanhamento pela Administração Pública
Outro ponto de grande interesse na Lei é o acompanhamento efetuado pela Administração Pública. Resta ultrapassada a ideia de que o Poder Público só deve fiscalizar o acordo quando da prestação final de contas. Neste contexto, a Administração está incumbida de realizar procedimentos de fiscalização das parcerias celebradas antes do término da sua vigência, inclusive por meio de visitas in loco, para fins de monitoramento e avaliação do cumprimento do objeto (art. 58).
Para o cumprimento da rotineira fiscalização, a Administração Pública poderá valer-se do apoio técnico de terceiros, delegar competência ou firmar parcerias com órgãos ou entidades que se situem próximos ao local de aplicação dos recursos.
Ademais, em parcerias com vigência superior a um ano, a Administração realizará, sempre que possível, pesquisa de satisfação com os beneficiários do plano de trabalho e utilizará os resultados como subsídio na avaliação da parceria celebrada e do cumprimento dos objetivos pactuados, bem como na reorientação e no ajuste das metas e atividades definidas (§2º do art. 58). E, para esta finalidade, a Administração Pública poderá valer-se do apoio técnico de terceiros, delegar competência ou firmar parcerias com órgãos ou entidades que se situem próximos ao local de aplicação dos recursos.
Como decorrência da fiscalização da parceria, caberá à Administração Pública emitir relatório técnico, o qual será submetido à comissão de monitoramento e avaliação, a quem compete homologar o relatório, sem prejuízo de a organização social apresentar a devida prestação de contas.
Fica o registro de que a fiscalização pela administração pública e pelos órgãos de controle não afasta o acompanhamento e fiscalização pelos conselhos de políticas públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada esfera de governo, de mecanismos de controle social previstos na legislação (art. 60).
Tome nota
No caso de parcerias financiadas com recursos de fundos específicos, o monitoramento e a avaliação serão realizados pelos respectivos conselhos gestores, respeitadas as exigências desta Lei.
Na hipótese de inexecução por culpa exclusiva da organização da sociedade civil, a Administração Pública poderá, exclusivamente para assegurar o atendimento de serviços essenciais à população, por ato próprio e independentemente de autorização judicial, a fim de realizar ou manter a execução das metas ou atividades pactuadas (art. 62):
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I - retomar os bens públicos em poder da organização da sociedade civil parceira, qualquer que tenha sido a modalidade ou título que concedeu direitos de uso de tais bens;
II - assumir a responsabilidade pela execução do restante do objeto previsto no plano de trabalho, no caso de paralisação, de modo a evitar sua descontinuidade, devendo ser considerado na prestação de contas o que foi executado pela organização da sociedade civil até o momento em que a administração assumiu essas responsabilidades.
17.9.15. Prestação de contas
Agora, falemos um pouco sobre a prestação de contas.
Sabe-se que, por ocasião da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção da parceria, os saldos financeiros remanescentes serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 dias do evento, sob pena de imediata instauração de tomada de contas especial do responsável (art. 52).
A prestação de contas apresentada pela organização da sociedade civil deverá conter elementos que permitam ao gestor da parceria avaliar o andamento ou concluir que o seu objeto foi executado conforme pactuado, com a descrição pormenorizada das atividades realizadas e a comprovação do alcance das metas e dos resultados esperados, até o período de que trata a prestação de contas2 (art. 64).
No caso, a organização está obrigada a prestar as contas finais da boa e regular aplicação dos recursos recebidos no prazo de até 90 dias a partir do término da vigência da parceria ou no final de cada exercício, se a duração da parceria exceder um ano, podendo o prazo ser prorrogado até 30 dias, desde que devidamente justificado (caput e §4º do art. 69).
Tome nota
O caput do art. 69 da Lei dispõe que o prazo é de ATÉ 90 dias, ou seja, não é um prazo fixo, mas sim variável. É que o prazo da prestação final de contas será estabelecido de acordo com a complexidade do objeto da parceria.
A manifestação conclusiva sobre a prestação de contas pela Administração Pública deve concluir, alternativamente, pela:
I - aprovação da prestação de contas;
II - aprovação da prestação de contas com ressalvas; ou
III - rejeição da prestação de contas e determinação de imediata instauração de tomada de contas especial.
2A prestação de contas e todos os atos que dela decorram dar-se-ão em plataforma eletrônica, permitindo a visualização por qualquer interessado (art. 65).
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As impropriedades que deram causa à rejeição da prestação de contas serão registradas em plataforma eletrônica de acesso público, devendo ser levadas em consideração por ocasião da assinatura de futuras parcerias com a administração pública, conforme definido em regulamento.
É dever de a Administração Pública fornecer manuais específicos às organizações da sociedade civil por ocasião da celebração das parcerias, tendo como premissas a simplificação e a racionalização dos procedimentos (§1º do art. 69).
Durante o prazo de 10 anos, contado do dia útil subsequente ao da prestação de contas, a entidade civil deve manter em seu arquivo os documentos originais que compõem a prestação de contas (parágrafo único do art. 68). E, no caso, os documentos incluídos na plataforma eletrônica, que possuam garantia de origem e de signatário por certificação digital, serão considerados originais para os efeitos de prestação de contas.
Uma vez constatada irregularidade ou omissão na prestação de contas, será concedido o prazo de até 45 dias, prorrogável por igual período, para que a entidade civil saneie a irregularidade ou cumpra a obrigação. Transcorrido o prazo para correção, não havendo o saneamento, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária, deve adotar as providências para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano e obtenção do ressarcimento, nos termos da legislação vigente (art. 70).
Já o prazo para que a Administração Pública aprecie a prestação final de contas é de até 150 dias, contado do recebimento da prestação ou do cumprimento de diligência. O prazo para apreciar a prestação final de contas poderá ser prorrogado, no máximo, por igual período, desde que devidamente justificado (caput art. 71).
O art. 72 da Lei apresenta os tipos de avaliação resultantes da prestação de contas, que, por sua importância, passa-se à reprodução na íntegra:
“Art. 72. As prestações de contas serão avaliadas:
I - regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva, o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos no plano de trabalho;
II - regulares com ressalva, quando evidenciarem impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal que não resulte em dano ao erário;
III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes circunstâncias:
a) omissão no dever de prestar contas;
b) descumprimento injustificado dos objetivos e metas estabelecidos no plano de trabalho;
c) dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico;
d) desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos.
§ 1o O administrador público responde pela decisão sobre a aprovação da prestação de contas ou por omissão em relação à análise de seu conteúdo, levando em consideração, no primeiro caso, os pareceres técnico, financeiro e jurídico, sendo permitida delegação a autoridades diretamente subordinadas, vedada a subdelegação.
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§ 2o Quando a prestação de contas for avaliada como irregular, após exaurida a fase recursal, se mantida a decisão, a organização da sociedade civil poderá solicitar autorização para que o ressarcimento ao erário seja promovido por meio de ações compensatórias de interesse público, mediante a apresentação de novo plano de trabalho, conforme o objeto descrito no termo de colaboração ou de fomento e a área de atuação da organização, cuja mensuração econômica será feita a partir do plano de trabalho original, desde que não tenha havido dolo ou fraude e não seja o caso de restituição integral dos recursos.”
Das disposições do art. 72 da Lei, o §2º, incluído pela Lei nº 13.204/2015, é um dos mais interessantes para concursos públicos. Perceba que a prestação de contas avaliadas como irregulares, em que haja dano ao erário, permite que a organização civil proponha à Administração Pública medidas de ordem compensatória para ressarcir os cofres públicos. No entanto, devem ser observados alguns requisitos: 1º) não pode ter havido dolo ou fraude na execução da parceria original, e 2º) não pode ser um caso de ressarcimento integral dos recursos.
Vejamos um esquema que reproduz essa classificação:
17.9.16. Sanções administrativas
À semelhança da Lei 8.666/1993 (exceção da multa), a Lei 13.019/2014 previu penalidades aplicáveis às organizações parceiras (art. 73):
• Advertência; • Suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades da esfera de governo da administração pública sancionadora, por prazo não superior a dois anos; • Declaração de inidoneidade para participar de chamamento público ou celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades de todas as esferas de governo, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que a organização da sociedade civil
Regulares Regulares, com ressalva
- impropriedade ou falta de
natureza formal
(sem dano ao erário)
Irregulares
- omissão na prestação de
contas;
- descumprimento injustificado
dos objetivos e metas;
- dano ao erário;
- desfalque ou desvio de
dinheiro, bens ou valores
públicos.
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ressarcir a administração pública pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso II.
Em todos os casos, serão observados o contraditório e a ampla defesa, sendo a suspensão e a declaração de inidoneidade de competência exclusiva do Ministro de Estado ou do Secretário Estadual ou Municipal, facultada a defesa do interessado no prazo de 10 dias da abertura de vista (§1º do art. 73).
Importante
O poder-dever de punir da Administração Pública é restrito. Depois de cinco anos, contados da data de apresentação da prestação de contas, há a perda da pretensão de a Administração aplicar a penalidade decorrente da infração relacionada à execução da parceria, pois, dá-se a prescrição. E, no caso, a prescrição será interrompida com a edição de ato administrativo voltado à apuração da infração.
17.9.17. Disposições finais
É costumeiro, nós autores, não indicarmos o estudo das disposições finais das leis, afinal, muitas das vezes, são normas de caráter transitório. Ocorre que as atuais bancas examinadoras se acham cada vez mais criativas, e, para a elaboração de questões inéditas, avançam por todo o diploma legal, especialmente pelos trechos pouco lidos pelos concursandos em geral.
E, tratando-se da Lei em estudo, as disposições finais merecem o seu devido respeito, isto porque, com a Lei nº 13.204/2015, houve importantes alterações redacionais, inserções e supressões. Então, vamos ao seu estudo.
O processamento das compras e contratações que envolvam recursos financeiros provenientes de parceria poderá ser efetuado por meio de sistema eletrônico disponibilizado pela administração pública às organizações da sociedade civil, aberto ao público via internet, que permita aos interessados formular propostas (art. 80).
Apesar de, atualmente, não mais se exigir das entidades civis a edição de regulamento próprio de licitação, o legislador remete à possibilidade de as compras serem
• âmbito: órgão ou entidade responsável pela aplicação da sanção
Suspensão temporária
• âmbito: toda a Administração PúblicaDeclaração de inidoneidade
• âmbito: União, Estado, Distrito Federal ou Município
Impedimento de licitar e contratar
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viabilizadas em sistema eletrônico fornecido pela Administração, como é o caso do Comprasnet, na esfera federal.
Importante
Em âmbito federal, as empresas costumam se credenciar, voluntariamente, no SICAF (Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores). Certamente, há maior celeridade no procedimento de licitação, pelo fato de a documentação de habilitação já achar-se disponível no cadastro da Administração. E, no caso, o SICAF fica disponibilizado aos demais entes federados, sem prejuízo do uso de seus próprios sistemas.
Outro importante instrumento à disposição da União é o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV). Se houver autorização da União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal poderão aderir ao SICONV para utilizar suas funcionalidades no cumprimento da Lei.
Até que seja viabilizada a adaptação do SICONV ou de seus correspondentes nas demais unidades da federação:
I - serão utilizadas as rotinas previstas antes da entrada em vigor desta Lei para repasse de recursos a organizações da sociedade civil decorrentes de parcerias celebradas nos termos desta Lei;
II - os Municípios de até cem mil habitantes serão autorizados a efetivar a prestação de contas e os atos dela decorrentes sem utilização da plataforma eletrônica.
As parcerias existentes no momento da entrada em vigor do Estatuto das Parcerias permanecerão regidas pela legislação vigente ao tempo de sua celebração, sem prejuízo da aplicação subsidiária desta Lei, naquilo em que for cabível, desde que em benefício do alcance do objeto da parceria (art. 83). Não há óbice de tais parcerias serem prorrogadas de ofício, no caso de atraso na liberação de recursos por parte da Administração Pública, por período equivalente ao atraso.
Importante
As parcerias firmadas por prazo indeterminado antes da data de entrada do Estatuto ou prorrogáveis por período superior ao inicialmente estabelecido, no prazo de até um ano após a data da entrada em vigor da Lei, serão, alternativamente:
I - substituídas pelos termos de colaboração ou de fomento, conforme o caso;
II - objeto de rescisão unilateral pela administração pública.
Em relação aos convênios, uma das mais tradicionais formas de transferências voluntárias, a Lei traz uma consideração bastante interessante. Os convênios permanecem regidos pelo art. 116 da Lei nº 8.666/1993, e, atualmente, só são permitidos em duas hipóteses:
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I - entre entes federados ou pessoas jurídicas a eles vinculadas. Por exemplo: convênio entre a União e o Estado para saneamento básico, sendo, neste caso, regido pelo Decreto nº 6.170/2007;
II – entre a Administração Pública e entidades filantrópicas e sem fins lucrativos, de forma complementar do sistema único de saúde (§1º do art. 199 da CF/1988).
Fique ligado
Com a entrada em vigor da Lei nº 13.019/2014, o Decreto Federal nº 6.170/2007 foi, parcial e tacitamente, revogado. É que o Decreto ficará restrito aos convênios celebrados entre os entes federados e as entidades administrativas vinculadas (como autarquias e fundações), ou no campo da assistência à saúde (§1º do art. 199 da CF/1988).
De regra, para que organizações civis tenham direito a benefícios e a incentivos fiscais, há a necessidade de prévia certificação, como a de utilidade pública. Ocorre que a Lei, no seu art. 84-B, enumera um rol de benefícios que independem de certificação. Vejamos:
I - receber doações de empresas, até o limite de 2% (dois por cento) de sua receita bruta;
II - receber bens móveis considerados irrecuperáveis, apreendidos, abandonados ou disponíveis, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil;
III - distribuir ou prometer distribuir prêmios, mediante sorteios, vale-brindes, concursos ou operações assemelhadas, com o intuito de arrecadar recursos adicionais destinados à sua manutenção ou custeio.
Porém, tais benefícios só serão conferidos às organizações da sociedade civil que apresentem os seguintes objetivos sociais, entre outros:
• promoção da educação; • promoção do voluntariado; • experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; • organizações religiosas que se dediquem a atividades de interesse público e de
cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos; Importante
É vedada às entidades beneficiadas a participação em campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas.
Por fim, as exigências de transparência e publicidade previstas em todas as etapas que envolvam a parceria, desde a fase preparatória até o fim da prestação de contas, naquilo que for necessário, serão excepcionadas quando se tratar de programa de proteção a pessoas ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança, na forma do regulamento (art. 87).
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SINOPSE DO TÓPICO
Natureza e objeto
Normas gerais para as parcerias entre a administração pública
e organizações da sociedade civil, em regime de mútua
cooperação, para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de
projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho
inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento
ou em acordos de cooperação
Acordos firmados entre a Administração e as organizações da
sociedade civil, em regime mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco,
mediante a execução de atividades ou de projetos previamente
estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de
colaboração, em termos de fomento ou em acordos de
cooperação.
- As diretrizes da lei aplicam-se, também, aos acordos
internacionais, quando não houver conflito direto entre as
normas, sejam ou não os recursos provenientes de fontes
externas.
- A lei não se aplica aos contratos de gestão celebrados com
organizações sociais.
Termo de colaboração
A Administração Pública é quem propõe o plano de trabalho, sendo
a organização da sociedade civil convidada a “colaborar” com o
atendimento ao interesse público.
Termo de fomento
O plano de trabalho é proposto pela organização da sociedade civil,
cabendo à Administração efetuar as transferências voluntárias para
subsidiar a entidade, enfim, fomentá-la.
Acordo de cooperação
Instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público
e recíproco que não envolvam a transferência de recursos
financeiros.
Chamamento público
Procedimento destinado a selecionar organização da sociedade civil
para firmar parceria por meio de termo de colaboração ou de
fomento, no qual se garanta a observância dos princípios da
isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
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igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos.
- Ocorre a inversão de fases.
- Há hipóteses de contratação direta, assim entendida a celebração
de acordos com a dispensa do chamamento público.
- Há hipótese de inexigibilidade de chamamento público (natureza
singular do objeto ou entidade específica).
Procedimento de
Manifestação de Interesse
Social
Provocação pelas organizações da sociedade civil, movimentos
sociais e cidadãos para que a Administração avalie a possibilidade de
realização de um chamamento público para a celebração de
parcerias (ato discricionário).
Liberação de recursos para a
organização civil
As parcelas dos recursos são liberadas de acordo com o cronograma
de desembolso aprovado, exceto nos casos de impropriedades, nos
quais ficarão retidas até os seus saneamentos.
As verbas repassadas deverão ser depositadas e geridas em conta
bancária específica. O depósito é efetuado em instituição financeira
pública indicada pela Administração Pública.
Os rendimentos de ativos financeiros serão aplicados no objeto da
parceria, estando sujeitos às mesmas condições de prestação de
contas exigidas para os recursos transferidos.
Toda a movimentação de recursos no âmbito da parceria será
realizada mediante transferência eletrônica sujeita à identificação
do beneficiário final e à obrigatoriedade de depósito em sua conta
bancária.
Vigência das parcerias
Poderá ser alterada mediante solicitação da organização da
sociedade civil, devidamente formalizada e justificada, a ser
apresentada na Administração Pública em, no mínimo, 30 dias antes
do término de sua vigência. Não se afasta a prorrogação de ofício da
vigência dos termos de colaboração e de fomento. Neste caso, a
Administração Pública deve formalizar o termo de prorrogação antes
do término da parceria, sendo justificada pelo atraso na liberação
dos recursos, limitada, na espécie, ao exato período do atraso
verificado.
O plano de trabalho da parceria também poderá ser revisto para
alteração de valores ou de metas, mediante termo aditivo ou por
apostila ao plano de trabalho original.
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Prestação de contas
Por ocasião da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção da
parceria, os saldos financeiros remanescentes serão devolvidos à
entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável
de 30 dias do evento, sob pena de imediata instauração de tomada
de contas especial do responsável.
A organização está obrigada a prestar as contas finais da boa e
regular aplicação dos recursos recebidos no prazo de até 90 dias a
partir do término da vigência da parceria ou no final de cada
exercício, se a duração da parceria exceder um ano, podendo o
prazo ser prorrogado até 30 dias, desde que devidamente
justificado.
É dever de a Administração Pública fornecer manuais específicos às
organizações da sociedade civil por ocasião da celebração das
parcerias, tendo como premissas a simplificação e a racionalização
dos procedimentos.
Durante o prazo de 10 anos, contado do dia útil subsequente ao da
prestação de contas, a entidade civil deve manter em seu arquivo os
documentos originais que compõem a prestação de contas. E, no
caso, os documentos incluídos na plataforma eletrônica, que
possuam garantia de origem e de signatário por certificação digital,
serão considerados originais para os efeitos de prestação de contas.
Constatada irregularidade ou omissão na prestação de contas, será
concedido o prazo de até 45 dias, prorrogável por igual período,
para que a entidade civil saneie a irregularidade ou cumpra a
obrigação.
Transcorrido o prazo para correção, não havendo o saneamento, a
autoridade administrativa competente, sob pena de
responsabilidade solidária, deve adotar as providências para
apuração dos fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do
dano e obtenção do ressarcimento, nos termos da legislação vigente.
O prazo para que a Administração Pública aprecie a prestação final
de contas é de até 150 dias, contado do recebimento da prestação
ou do cumprimento de diligência. O prazo para apreciar a prestação
final de contas poderá ser prorrogado, no máximo, por igual período,
desde que devidamente justificado.
Avaliação resultantes da
prestação de contas
As prestações de contas serão avaliadas:
I - regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva, o
cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos no plano de
trabalho;
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II - regulares com ressalva, quando evidenciarem impropriedade ou
qualquer outra falta de natureza formal que não resulte em dano ao
erário;
III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes
circunstâncias:
a) omissão no dever de prestar contas;
b) descumprimento injustificado dos objetivos e metas
estabelecidos no plano de trabalho;
c) dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ou
antieconômico;
d) desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos.