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Denise Manne
PARALISIA OBSTETRICA - ESTUDO DE UM CASO
Monografia apresentada ao Curso de Terapia da Mao -Reabilita~aode membro superior, da Faculdade deCiencias da Saude, da Universidade Tuiuti do Parana,para requisito parcial para a obtenyiiodo titulo deTerapeuta de Mao.
Orientadora: Schirley Manhiies
Curitiba2006
CHAMPAG!I!AJ!-"='_'.~_..."C~.=_~_."..="._."J
TERMODEAPROVA~AO
Denise Manne
PARALISIA OBSTETRICA - ESTUDO DE UM CASO
Esta nwnografia foi julgada e aprovada para a obten~ao do titulo de Terapeuta de Mao no Curso de Ternpia da
Mao - Reabili~§'o de Membra Superior, da Facu!dade de Ci&m;ias da Saude, da Universidade Tuiuti do Parana.
Curitiba, 12 de maio de 2006
Prof'. Schirley Manhaes
CUrso de Terapia da Mao - Reabilitayful do Membra Superior
Universidade Tuiuti do Parana
Orientadora: Prof'. Schirley Manh!ies
Univetsidade Tuiuti do Parana
Banca examinadora: ProF. Schitley Manhiies
Universidade Tuiuti do Parana
Prof'. Vilmara Ramos Tavares Lucachiski
Universidade Tuiuti dQ Parana
AGRADECIMENTOS
Agradeyo a todos que junto estiveram comigo nesse periodo,
incentivando na passagem de mais uma etapa importante para minha fonnayao
profissional e pessoal.
Agrade,o tambem a minh. familia pela compreeosaD e apoio, pais sem
eles nao poderia veneer mais essa etapa.
Nao poderia deixar de agradecer em especial it c.oordenadora, professora.
supervisora e colega de trabalho Schirley Manhaes, pelo incentivo e apoio dado
durante todo 0 curso, dividindo seus conhecimentos para uma melhar fonna9ao
pro fissional.
sUMAruo
LlSTA DE FIGURAS vi
RESUMO vii
ABSTRACT viii
INTRODm;:AO 1
JUSTIFICATIVA 2
ESTUDO DE CASO 3
OBJETIVOS DE TRATAMENTO 7
SEss6ES DE TO- TM 8
MATERIAISEATIVIDADES 9
FOTOS REFERENTES As SESSOES DE TO-TM 10
FUNDAMENTA<;AO TEORICA 131.1 TERAPIAOCUPACIONAL 13
1.2 TERAPIADEMAO 14
1.3 PARALISIA OBSTE1RICA 15
1.4 INDICAC;AO CIRURGICA NA PBO 26
1.5 TOXINA BOTULiNICA (BOTOX) 30
CONSIDERAC;:OES FINAlS 32
REFERENCIAS BmLIOGRAFIcAS 33
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - ANATOMIA DO PLEXO BRAQUIAL .
FIGURA 2 - ANATOMIA DO PLEXO BRAQUIAL .
. 17
. 18
FIGURA 3 - PARALISIA TIPO ERB-DUCHENNE ..... .................................. 20
FIGURA 4 - PARALISIA TIPO KLUMPKE 21
FIGURA 5 - ESQUEMA DEMONSTRANDO UM AXONIO MOTOR EM RAizES
NERVOSAS. EXEMPLlFICANDO TIPOS DE LESOES 24
vi
RESUMO
Este trabalho vern apresentar 0 caso de uma crianya com Paralisia Braquial Obstetrica,ap6s tratamento convencional, aplica'.;ao de botox e transferencia tendinosa,encaminhada para sessoes de Terapia Ocupacional, combinada com tecnicas daTerapia da Mao. Esta tecnica aplicada a crianya trouxe tuna melhora significativa nassuas funyoes manuais.
Palavras-chave: Paralisia Braquial Obstetrica; estudo de urn caso; TerapiaOcupacional; Terapia da Mao.
vii
ABSTRACT
This work comes to present the case of a child with Brachial Paralysis Obstetric, afterconventional treatment, application of botox and transference tendinous, directed forsessions of Occupational Therapy, combined with techniques of Therapy of the Hand.This technique applied to the child brought a significant improvement in his manualfunctions.
Key-words: Brachial Paralysis Obstetric; study of a case; Occupational Therapy;Therapy of the Hand.
viii
INTRODU(:AO
Este trabalho vern apresentar a importiincia da Terapia da Mao e da
Terapia Oeupacional no caso de uma erianl'" com Paralisia Obstetrica. Esta
compareeeu no eonsult6rio, quando jii tinha 01 ano e 08 meses, e a mae relata
que 0 mesmo ja havia passado pelo tratamento convencional de fisioterapia e nao
obteve resultado, sendo necessario realizar uma cirurgia de transferencia
tendinosa e botox. Ap6s a cirurgia, houve indica~ao para a terapia da mao, para
que conseguisse realizar os movimentos de prono-supina~ao e rotadores
externos, ganho de for~a de biceps e triceps.
2
JUSTIFICATIV A
A Terapia Ocupacional, combinada com tecnicas de Terapia da mao.,
contribuem no tratamento de palologias do membro superior. Alraves de
levantamento bibliografico da Paralisia Braquial Obstetrica, e da Terapia
Desenvolvida, poderemos identificar que lecnicas aplicadas it crianl'3 desde 0 seu
nascimento., tras uma melhora significativa nas suas fun~oesmanuais e em
alguns casos lotais, dependendo do grau de comprometimento da lesao.
ESTUDO DE CASO
Nome: M.V.T.
Data de nascimento: 2210812003.
Sexo: masculino
Diagn6stico: paralisia obstetrica MSD
Peso: 3.IlSg
Parto catalico a forceps.
CONSUL TAS MEDICAS NO PEQUENO PRiNCIPE E ORIENT A<;6ES
DE TO-TM
Data: 26/08/2003
Queixa principal: nao movimenta MSD
Exame fisico: atitude de f1exao de punbo apresenta leve esbo~o do
cotovelo (grau II), movimento ativo dos dedos.
Data: 30/09/2003 (01 mes e 08 dias)
Exame fisico: boa flexiio dos dedos e extensao de punba.
Triceps=IV
Biceps=O"
4
Data: 02112/2003(03 meses ell dias)
Mae relata estar fazendo tisioterapia diana em casa, relata que melhorou
a mobilidade. Nao esUi f02endo exercicios para ganho de RE, tica com medo de
machucar.
Mantem atitude de RI + flexao de punho. Leva a mao a boca
passivamente com 0 auxilio da mao esquerda.
Triceps=IV
Biceps= IIII
Ext de punho= 0
Ext dos dedos= IVN
Ext do polegar= IV
PI de punho= IIIIIV
PI dos dedos= V
PI do polegar= IVN
RE=+1-20'
Data: 03105/2004 (08 meses e 12 clias)
Mantem atitude de RI de MSD
Triceps=V
Biceps=IV
Rotayao externa ativa=OC'
Aguarda aplica,ao de botox para rotadores
EnCaminhado para TO para fortalecimenlo de MSD
Data de intemamento: 22106/2004
Data da alta: 2310612004
Diagnostico: Paralisia Obstetrica de membro superior direito
Cirurgia: bloqueio neuromuscular com toxina botulinica em MSD
Descri.ao: reaJizado bloqueio Neuromuscular com toxina botulinica em
membro superior direito, utilizando neuroestimulador. da seguinte fonna:
M. Grande dorsal: 20 U.
M. Peitoral maior: 20 U.
M. Subescapular: 20 U.
Data: 16/1112004
Esta iniciando a marcha.
Atitude em RI e prona9ao do MSD (RE=OO).
05 meses apos a aplica.ao do botox.
Realiza sess6es de fisioterapia e segue as orientas;oes no ambulat6rio da
TO-TM.
Data: 22103/2005
Diagnostico: SeqUela de Par.lisia Obstetrica (atitude em rota9ilo interna
do MSD)
Cirurgia: Transposh;ao tendinosa dos rotadores externos + alongamento
do musculo peitoral maior.
6
Descri'tao cirurgica:
Seccionado tendao do musculo peitoral maior proximo a sua
inser>ao na corredeira biciptal, reparando-o.
Foi observado ml'lsculo sub-escapular scm tensao, com boa RE do
bra~o apos a Iibera~ao do peitoral maior.
Desinser~iio do musculo grande dorsal juntamente com 0 musculo
redondo menor, reparando-os.
Feito acesso posterior em bra~o direito
Passado os ten does do grande dorsal e redondo maior
posteriormente ao tunero e fixada a aneora com ethibond.
Reinseryao do IDlisculo peitoral maior.
Gesso com 0 ombro em RE e abduyao.
Data: 2610412005
Retirada do gesso e encaminhado para a TO-1M , com objetivos de
orientayao p6s-cimrgica.
Data: 02/05/2005 (01 ano e 08 meses)
Iniciam-se as sessoes de TO-1M no consultorio. seudo realizadas uma vez por
semana e a mae estando presente em todas as terapias para seguir as orientay5es em
casa.
Observado: cicatriz na regiao axilar, c·om boa aparencia e melhora nas
condi~oes de ombro e cotovelo. Come~ou a utili~ar a placa de silicone na regiiio da
cicatriz.
OBJETIVOS DE TRATAMENTO
1- OBJETIVOS GERAIS:
Melhorar a mobilidade do membro superior afetado (direito);
Aumentar a ADM;
Promover maior independencia nas AVD's e A VP's;
Promover melhora na qualidade de vida.
2- OBJETIVOS ESPECiFICOS:
Estimular 0 uso do membro superior direito;
Promover alividades de simetria corporal;
Alongar e fortalecer os musculos rotadores externos e supinadores;
Proporcionar atividades que desenvolvam habitidades motoras
finas e grossas;
Trabalhar as AYD's e AVP's para melhora da quaJidade de vida;
Orientar familiar quanto a importilncia das atividades realizadas em
casa, estimulando 0 uso do membra lesado de fanna adequada e menos
agressiva.
Orientar quanta aos cuidados com a cicatriz.
SESSOES DE TO-TM
Nos tres primeiros dias a crian9a chorava quando eram feitos os
alongamentos e parava quando realizavamos as alividades para melhora de sua
mobilidade com musicas e brinquedos.
Ap6s vinculo com a TO. por mais que a mae permaneeesse na sala, a
crianya flaO chorava mais, aproveitando aD maximo a terapia.
Durante as terapias eram realizadas atividades, principalmente para
desenvolver a mobilidade ativa de todo 0 membro superior direito.
Em casa a mae seguia adequadamente as orienta~oes, podendo ser
observadas durante os atendimentos.
No dia 0710612005, retomou ao ambulat6rio para avalia<;iio medica. A
mae relata melhora da mobiJidade e for9a de MSD. Relata que 0 paciente sente-
se incomodado na movimentas;ao passiva de abduyao e elevayao do ambra. Poi
observado: abdu<;iioaliva do colovelo it 90°, RE de =+1- 20° alivo.
No dia 20/09/2005, foi reavaliado pela equipe medica do ambulal6rio,
aonde a mile relata grande melhora. Observado: abdu<;iio ~OO, RE = 20-30° e
cicatriz em bom estado. Marcado retomo ao arobulatorio em 03 meses para
reavaliayao. A partir deste dia, de acordo com a equipe, 0 paciente passa a
realizar as sessOes de TO~TM 01 vez ao mes para avalia~ao terapeutica e
orienta~oes domiciliares.
Foi observada a melhora das preensoes e da mobilidade do MSD. Houve
maior independencia nas AVD)s e AVP's conforme a idade cronologica e
cognitiva.
9
MATERIAlS E ATIVIDADES
Massa graduada;
Baslao;
Mi~angasde varios tamanhos;
Bola;
Power- werb;
Atividades para coordenayao viso-motora;
Musica;
Arcos;
Materiais para AVD's (como: pasta de dente, escova de dente,
escova de cabel0. casacos, tenis, copo, talheres).
FUNDAMENTAf;AO TEOruCA
1.1 TERAPIA OCUPACIONAL
A Tefapia Ocupacion.1 e a ciencia que trabalha com os aspectos
biopsiquicosociais do individuo na preven~ao, reabilita~ao e manuten~ao de suas
capacidades funcionais~ adaptando-o ao seu meio como ser produtivo e de
maxima independencia, utilizando·se de metod OS, tecllicas e de atividades
elaboradas para cada individuo.
Terapia Ocupacional c a aplicayao da ocup~ (1i:nicaatum;ao) de qualquer atividadeque se emprega para avaliayao diagnostico e tratamento de problemas que interfiram naatuaiY80 funcional de pessoas debilitadas por doenyas fisicas ou mentais, desordensemocionais, desabilidades congenitas au de desenvolvimento ou no processo deenvelhecimento, com 0 objetivo de alcan9at um funcionrunento 6timo e de prevenir emanter a saude (ef. REED e SANDERSON, 1980, p. 7. In: FRANC1SCO, 1988, p. 21).
14
1.2 TERAPIA DE MAo
E uma especialidade da terapia ocupacional e/ou fisioterapia, que visa a
reabilita~§'o funcional do membro superior para os diversos casos de lesoes e
traumatismos) que envolvem partes 6sseas, musculos, ligamentos, nervos
periforicos e articula,oes. 0 trabalho ultrapassa 0 fortalecimento muscular e
ganbo de amplitude articular para somar 0 desenvolvimento funcional e
ocupacional na vida diana e pratica.
A comunicayao entre 0 cirurgiao e 0 terapeuta da mao cria urn sistema de
atendimento que permite a melhor orientac;ao aD paciente, estimulando-o a uma
maior coopera~ao aD tratamento e prontas soluc;oes de problemas que possam
surgir (MACKIN & BYRON apud PARDINI, 1990. In: SOCIEDADE
BRASILEIRA DE TERAPEUTAS DA MAo, 2003)
15
1.3 PARALISIA OBSTETRICA
A paralisia braquia! obstetrica (PBO) foi descrita por Smellie em 1764,
que reconheceu a rela~iio do trauma durante 0 parto e a paralisia subseqtlente.
Em 1872, Duchenne, fez a primeira correlayao entre paralisia superior do
br~o do neouata! com a tra~ao excessiva exercida no plexo braquia! durante 0
parto.
Heinrich Erb, em 1874, descreveu a lesilo das rBizes de C5 e C6 em
adultos, e tambem em urn de seus casas obstetricos que se tamau urn classico,
tendo sido denominada de paralisia de Erb.
Em 1885, KJumpke relatou a paralisia do tronco inferior compreendendo
as raizes C8 e Tl, alem de fazer pela primeira vez a associayao com altera~5es
pupilares que ocorrem do mesilla lado do membra acometido.
Em 1983,0 pediatra Tassin apresentou urn trabalho de avalia~iio de 44
crian,as com PO, acompanhadas por 10 anos (1973-1983), demonstrando as
vantagens da cirurgia precoce sabre 0 tratamento ortopedico nas lesoes graves.
Entre suas observa~oes, ele natoll que a recupera~ao completa s6 acontece nos
casas em que 0 biceps e 0 delt6ide comeyam a contrair ate 0 segundo mes de
vida, Quando ocorre ap6s 0 terceiro mes e meio a recupera9ao e incompleta,
sendo recomendado a exp1oral'ao cirUrgica do plexo braquia!.
A PBO e tida como uma lesao causada pela tral'ao da cabe,a durante 0
parto, embora a rna adapta98.0 intra~uterina tambem possa ser a causa, Os fatores
que aumentam 0 risco de lesao durante 0 parto sao: bebes muito grandes e
16
pesados (acima de 4000g), trabalhos de parto prolongado, maes ou hebes
sedados, extra~ao cesarea dificH e usn de f6rceps. A apresenta9iio do ombro no
momento do parto esM freqUentemente associada a PBO. Anormalidades
congenitas, como costela cervical ou vertebra tonicica anormal, podem resultar
em pressao no plexo braquial. Outros fatores incluem bebes obesos nascidos de
maes diabeticas ou bebes com apresenta~ao pelvica.
A paralisia residual e seus efeitos nas atividades da vida diana dependem
do nfunero de raizes envolvidas e da gravidade da lesao. Na sua maioria atingem
C5 e C6, afetando a fun~ao de ombro e cotovelo. Algumas vezes atingem a raiz
C7, junto com as raizes C5 e C6, afetando a extensiio de punho e dedos e as rnais
graves quando envo]vem tambem C8 e Tl causando lesao completa e resulta em
urn. fun,iio pobre de todo 0 membro superior.
A incidencia da PBO descrita nas literatnras varia de 0,9 a 2,3 par 1000
nascidos vivos.
Anatomia do plexo braqnial:
o plexo braquial e formado pelos ramos anteriores dos nervos
espinhais do 50 seguimento toracico. Os axonios do ramo posterior suprem os
miisculos para~vertebrais do troneo superior e nao fazem parte do plexo braquial.
Os ramos anteriores se unem para formar tres troncos:
a) Tronco superior: e formado pela jun~ao dos camas anteriores de C5 e C6.
b) Troneo medio: e a continua9iiOdo ramo anterior de C7 eo tronco inferior.
c) Troneo inferior: e a uniiio dos ramos anteriores de C8 e Tl.
17
"~FIGURA 1: Anatomia do plexo braquial. THOMPSON, Jon. C. Atlas deanatomia ortopidica de Netter/Jon C. Thompson. Tradu9.o de TerezinhaOppido. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 70.
19
Quadro cJinioo e classificayao:
A leslio e observada logo apos 0 nascimento. 0 membro lesado repousa
sem movimento ao longo do corpo. 0 reflexo de Moro esta ausente no lado
acometido, e, nos casos de PBO em raizes inferiores, ha perda da preensao
palmar.
A postUfa de um caso tipico de PBO consiste na atitude de rota~iio
interna (RI), prona,ao de antebrayo e punho, e adu,lio do membro lesado, que
permanece pendente ao longo do corpo. Os movimelltos passivos corn excelf-ao
dos RE estao livres.
Devido it paralisia ou perda parcial da funyao motora de urn grupo
muscular, haven! predominancia do grupo muscular antagonista, levando,
inicialmente) 0 membro a assumir atitude atfpica de rota~ao intema e adu~ao, que
promove gradualmente a formasoao de coutraturas de partes moles e
deformidades osseas.
Existem seis tipos de cIassifica~ao levan do em considera~ao as raizes
afetadas e 0 acometimento muscular principal:
I) Paralisia Braquial Completa
Envolvern fibras de todos os segmentos espinhais que formam 0 plexo
braquial. Caracteriza-se pela flacidez e imobilidade de todo 0membro superior, com
punho fletido e mao em garra. A paralisia do bravo pode ocorrer de forma transitOria
imediatamente ap6s 0 parto, Oll de fonna permanente, dependendo de se houver
avulsao de algumas raizes, ruptura ou estimmento de outras estruturas do plexo.
20
2) Paralisia de Erb-Duchenne
Envolvem as raizes espinhais dos segmentos cervicais de C5 e C6. A
lesao pode estar localizada no troneD superior ou ramo anterior dessas rafzes. A
postura tipica consciste em adui(ao e rota~ao interna do ombro, extensao do
cotovelo, prona9ao de antebra~o e flexao de punho e dedos. Os milsculos mais
prejudicados silo: Abdu~o (supra - espiuhoso e deltoide) e rota,iio externa do
ombro (infra-espinhoso), flexao do cotovelo (biceps e braquiorradial), supina~o
do aotebra,o (biceps e supinador). Os movimentos de punho e mao sao normais.
FIGURA 3: Paralisia Tipo Erb-Duchenne. Paralisia Braquial Obstetrica. In: RedeSarah de Hospitais de Reabilita,Go. Disponivel em:http://www.sarah.brlpaginasJdoencas/po/p1Oparalisiabr.quialobst.htm.Acesso em: dez. 2005.
3) Paralisia do tronco superior e medio
Esta lesao envolve os segmentos cervicais C5, C6 e C7, 0 bebe mantem
o ombro rodado intemamente e aduzido, cotovelo ligeiramente fletido, antebra90
pronado e 0 punbo em postnra cerrada, mas frouxa (devido Ii fraqueza dos
flexores e extensores longos do punho).
4) Paralisia do tronco inferior (Paralisia de Klumpke)
Envolvem os segmentos C8 e Tl, acometendo principalmente a
muscu]atura distal do membro superior. E rara. Geralmente relaciona-se a partos
pelvicos com hiperabdu\:ao dos bra90s. Apresentam flacidez em mao, flexao do
cotovel0, supinayao do antebr~o, extens:ao de punho e mao em garra com
hiperextensao das metacarpofalangeanas e flexao das interfalangeanas. A
sfndrome de Homer frequentemente estil associada devido II lesao de Tl.
FIGURA 4: Paralisia Tipo Klumpke. Ibid.
22
5) Paralisia fascicular
A apresenta'Y3.omais comum e a combina<;ao da fraqueza dos musculos
inervados distais do plexo braquial e a sindrome de homer. Outra fonna de
debilidade para mover 0 punho, associada a evidencia cUniea ou eletromiografia
no musculo do delt6ide.
6) Paralisia bilateral
Apresenta-se pelo acometimento dao dois membros superiores com
fraqueza muscular. OcoITe entre 8% e 23% dos casos de PBO. Observa-se mais
em casos com paralisia cerebral.
Classifica'Y3.o de acordo com 0 grau de lesao nervosa:
1) Neuropraxias: Ocorre uma interrup<;ao da conduyao nervosa por
uma lesiio da balnba de mielina do nervo. 0 bloqueio de condu,iio geralmente
afeta roais as tibras motoras que as sensitivas e simpaticas. E reversivel,
geralmente duram de 1-6 meses, embora se resolva em 3 meses.
2) Axonotmese: a lesao acomete os ax6nios do nervo e pode ser
dividida em duas fases. A primeira fase - envolve a desintegra<;ao do axonio e de
sua bainba de mielina (degenera,iio Walleriana - axonal). A segunda fase -
envolve 0 processo de regenera<;ao (reinerva<;ao) da continuidade entre 0 ax.6nio
e seu orgao tenninal, que foram separados na degenera<;ao axonal. 0 processo
23
regenerativo depende da condiyao do endoneuro, que e urn tecido conjuntivQ que
recobre 0 axonio, se ele e preservado a regenerayao processa-se compietamente.
A velocidade e lenta, de cerca de Innnldia. A reinerv"l'ao de rnusculos distantes
do local da inerva,ao IS rnais dernorada.
3) Neurotmese Sao les5es que comprometem todD 0 troneD nervoso e
o tecido conjuntivo que 0 circula (endoneuro, perineuro e epineuro), impedindo 0
retorno do ax6nio para seu orgao terminal original. A recuperayao e muito dificil
em funyao das alter~oes neurais retr6gradas serem muito mais graves e do
grande nu.mero de neur6nios que nao sobrevive. Esse tipo de lesao geralmente e
tratado cirurgicamente e, mesma com urn reparo cirUrgico adequado 0
progn6stieo de reeupera,ao funcional e limitado.
Na pnitica clinica, e :freqiiente a dificuldade de c1assifica(j:aodas lesoes,
principalmente da axonotmese. Sunderland (1951) detalhou, com estudos
anatomopato16gicos,as lesoes neurais em cinco grupos:
Grupo I: corresponde a neuropraxia de Seddon.
Grupo II: axonotmese com lesao mielinica e preservayao do endoneuro.
Grupo III: axonotmese com lesao endoneural e preservayao do perineuro.
Grupo IV: axonotmese com lesao do endoneuro e do perineuro e
preservayao do epineuro.
Grupo V: Corresponde a neurotmese de Seddon, isto e, lesao completa
donervo.
FIGURA 5: Esquema demonstrando um axomo motor em rafzes nervosas,exemplificando tipos de les5es. GALBIATTI, Jose Aotonio; FALOPPA, Fhivio;PARDINI, JR., Arlingo G.; et alii. Paralisia obstetrica. In: Ortopedia etraumatologia (prineipios e pratjea). 3. ed. [S.I.]: Editora Artmed, 2003. p. 830-838.
25
Progn6stico:
o progn6stico da PBO depende da gravidade da lesao, e a grande
maioria tem progn6stico favoravel. As lesoes das raizes de C5 e C tern 0
progn6stico mais promissor. Quando a raiz de C7 esM envolvida, 0 progn6stico e
menos favoravel. Se a lesao e total, 0 bra,o estil co~pletamente f1acido e a
crian~aapresenta sindrome de Homer, 0 prognostico e mais desencorajador.
Quando a criant;a apresenta alguma contra~ao no 10 e 2° mes, podepse
esperar a recupera9ao espont3nea total. Bons resultados podem ser esperados
quando a crian,a apresenta algnma contra<;:iiodo biceps e delt6ide no 3' mes e
toda a funy8.o no 5° meso Podem existir fraquezas residuais nos RE do ambra e
leve fraqueza na f1exao do cotovelo e abdu,ao do ombro.
Quando a contratura nao e observada no 3° mes, a fun~aousualmente
nao retoroa ao normal, apresentando algum grau de incapacidade permanente.
Exames complementares: Raios-X, Eletroneuromiografia(ENMG),
MieJografia com contraste, Ressoniincia Magnetica(RM).
26
1.4 INDICA<;AO CIRURGICA NA PBO
ASpacientes que nao evoluem favoravelmente em relal'i\o as paralisias e
nao recuperam a atividade do mtisculo bleeps braquial ate 0 terceiro mes de vida
tem indica~ao de explora~ao cirtirgica do plexo braquial.
A reconstru9ilo cirtirgica do pJexo braquial n. crianya requer
conhecimentos anatomicos precisos.
Nas reconstru~5es nervosas, com enxerto de nervo ou
neuromatizatyoes, devemos priorizar a recuperayao da rota~ao externa e
abduyao do ombro, da flexao do cotovelo e d. supinayao do antebrayo.
Anatomicamente, isso exige a reparayao do nervo supra-escapular, do
faseleulo lateral (nervo mtisculocutfrneo ) e do posterior ( nervo axilar ). Nas
paralisias totais, e importante recuperar a sensibilidade da mao por meio da
recupera'Y3o do nervo mediano.
No p6s-operat6rio, a crianya deve ser imobilizada em urn aparelho
gessado englobando a cabe~a, 0 t6rax e 0 membro superior. A recupera<;ao
nervosa e lenta, e os resultados funcionais podem ser observados a partir do
oitavo mes pOs-operat6rio, estendendo-se por 2 a 4 anos.
Cirurgias dos sequelas
o tratamento das seqtielas da PO inicia~se geralmente ap6s os dois anos
de idade. As deficiencias mais freqUentes sao encontradas no ombro e no
cotovelo.
Cirurgja do ombro
Os lratamentos das lesoes ortopedicas do ombro so se justificam, quando
existe uma boa funl'lio da mao. Deve ser indicado antes do aparecimento de
deformidades osseas.
As deformidades e limita90es funcionais do ombro denlro da PO estao
ligadas, na maioria dos casos, ao desequilfbrio dos rotadores externos e internos:
o musculo subescapular, que e 0 mais potente dos musculos do manguito rotador
inlemo. E inervado por fibras das raizes C7 e Cg. Nas lesoes de C5, C6 e C7 IS
em geral ativo e sempre mais potente que as rotadores externos e abdutores
inervados por C5 e C6 ( musculos deltoide, supra-espinhal e redondo menor ).
Ele acarreta urna posi9ao permanente de rota9ao intema do ombro, que pode
levar a uma posi~ao permanente de rotayao intema de ambro) que pode levar auma contratura ern ro~o intema. Clinicamente, essa contratura se manifesta
pela adu~ao e limita9ao da rota~ao externa passiva, "cotovelo no corpo". Outros
musculos podem estar envolvidos na deformidade por sua a930 continua; silo des
as musculos peitoral maior, redondo maior e grande dorsal.
As defonnidad.es 6sseas relacionam-se it trayao do tendao conjunto, que
leva ao logo do processo corac6ide, ocupando espas:o anterior a cabe~a umeraL A
cavidade glen6idea sofie altera~Oes,diminuindo sua altura e tornando-se rasa. Hii
tendencia de subJuxa,ao ou luxa,ao posterior da articula,ao glenoumeral.
As cirurgias estao aliceryadas no alongamento das partes moles e nas
transferencias musculares, com a finalidade de melhorar 0 sincronismo muscular
durante 0 movimento do ombro.
28
Tecnicas cirUrgicas:
Sever (1916 ) preconizou a tenotomia dos m6sculos subescapular e
peitoral maior.
L'Episcopo descreveu a transferencia do musculo redondo maior
para a pon;ao p6stero-lateral do llinero, 0 mais proximo da borda
lateral do musculo triceps. Ele aconselha sempre a associayao
previa da cirurgia de Sever.
Zachary (l947 ) descreveu uma modifica~ao da tecnica de
L'Episcopo com transferencia do miisculo grande dorsal
juntamente com 0 musculo redondo maior. Descreveu sua tecnica
principalmente para adultos, com lesoes de plexo braquial
ocorridas durante a II Guerra Mundial. Posteriormente esta
tecnica foi utilizada para seqiielas da PO.
Hoffer (l978) modificou a tecnica de Zachary, realizando
tenotomia do peitoral maior e transferencia dos musculos redondo
maior e grande dorsal para manguito rotador.
Persistindo a posilYao do membro superior em rota~ao intema apes os
procedimentos de partes moles, podemos proceder a osteotomia de rota~ao
extema do funero em ombros com congruencia articular nonnal. E condi'iao
essencial que nao exista subluxa'iao ou luxa'iao posterior do ombro.
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Cirurgia do eotovelo
No cotovelo, 0 tratamento das sequelas da PO visa restabeleeer a flexao.
o procedimento cirurgico utilizado depende do grau de comprometimento
neuro16gico do membro superior e conseqUentemente dos muscu10s funcionantes
remanescentes que possaro ser usados fla restiva~ao do movimento. Como Op90es
de transferencia temos os musenlas peitoral menor au maior, 0 triceps e 0 grande
dorsal, que sao transferidos para 0 tendao do musculo biceps braquial.
Cirurgia da mao
As sequelas da PO sao importantes em rela,ao a reeupera,ao da fun,ao
da mao, mesma nos pacientes com rel~ao nervosa microcirurgia precoce do
plexo braquial (Duclos e Gilbert, 1999).
Os m6sculos que se encontram fimcionantes sao os que pennitirao fazer
a transferencia tendinosa para ativar, mesma que parcialmente, as areas
paralisadas.
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1.5 TOXINA BOTULiNICA (BOTOX )
A tmuna botullnica tipo A (TBA) emergiu na ultima decada como 0 mais
novo trataffiento, que vern ao encontro nao 56 das necessidades dos medicos,
como tambem dos pacientes. Esse crescimento deve~se principalmente a resposta
terapeutica do paciente e a baixa incidencia de efeitos colaterais.
o mecanisme de afao da toxina envolve quatro etapas. A primeira delas
consiste na ligafao da toxina a membrana das terminayoes nervosas das placas
motoras. Em seguida, a toxina e internalizada e liga~se as vesiculas
armazenadoras de acetilcolina dessas terminayoes, bloqueando a liberayao desse
neurotransmissor e impedindo a contr~ao muscular. Por ultimo, com 0 tempo,
novos batoes sinapticos brotam, restituindo a fun'1.ao do musculo afetado.
(SOUZA, Enfoque Terapliutico, 2002).
o efeito fannacol6gico da TBA to observado geraimente a partir do
terceiro dia, atingindo 0 maximo em 2 semanas e persistindo por 3 a 6 meses: 0
efeito terapeutico, porem depende de outros fatores, podendo se manter por
perfodos maiores (Papadonikolakis, 2003).
A indicayao da toxina e promover 0 relaxamento da hipertonia em
musculos ou grupos musculares que interferem nas atividades funcionais ou
dificultam 0 posicionamento e favorecem as contraturas. 0 conhecimento da
anatomia, neurofisioiogia e a correta avaliavao funcional e pre-requisito para se
obter bons resultados.
Minimo aparecimento de efeitos secundarios que pode variar conforme a
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indica,ao: hematomas no local da aplica,ao, ptose, diplopia, hipertropia,
lacrimejamento, olho seeo, erupl(ao cutanea, inflamayao no local da inje~ao.
Contra- indicayoes:
Hipersensibilidade a qualquer urn dos componentes contidos na
f6nnula.
Quando houverem distiirbios generalizados da atividade muscular.
Quando estiverem seudo administrado antibi6tico aminoglicosideos
ou espectinomicina.
Em caso de inflama,ao ou infec,ao no local da aplica,ao.
Distiirbios de sangramento.
Tratamento com anticoagulantes.
Durante a Gestayao e Lactal(ao.
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CONSIDERAf;:OES FINAlS
Dentro de todo esse processo fica detectada a importiincia do tratamento
do menor M.V.T. acometido de seqUelas da PBO, com a Terapia Ocupacional em
canjunto com tecnicas especializadas da Terapia da Mao. Ap6s interven90es da
area medica com aplica~aode botox e transferencia tendinosa.
Houve melhoras nas suas atividades funcionais sendo elas da vida diaria,
pratica e de lazer dando uma melhor quaJidade de vida e de desenvolvimento
biopsiquicosociaL
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REFERENCIAS BmUOGRAFIcAS
BOTOX: toxina botulinica Tipo A (complexo de Neurotoxina Purificada). Silo
Panlo, 2001. I catalogo, colorido.
FRANCISCO, Berenice Rosa. Terapia Ocupacional. Campinas, SP: Papirus,1988.
FREITAS, PauJa Pardini. Reobilito,ao do mao. Silo Paulo: Atbeneu, 2005.
GALBIATTI, Jose Antonio; FALOPPA, Flavio; PARDINJ, JR., Arlingo G.; etalii. Paralisia obstetrica. In: Ortopedia e traumatologia (principios e pratica). 3.ed. [S.I.]: Editora Artmed, 2003. p. 830-838.
LIANZA, Sergio (Coord.). Esposticidade: conceitos atuais baseados emevidencias cientificas. Sao Paulo: Sociedade Paulista de Medicina Fisica eReabilita,ilo, 2004.
THOMPSON, Jon. C. Atlas de anatomia ortopi!dica de Netter/Jon C. Thompson.Tradul'ilo de Terezinha Oppido. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPEUTAS DA MAO. Terapia do mao noBrasil: edi~ao comemorativa dos 15 anos da Sociedade Brasileira de Terapeutasda Milo. Silo Paulo: 2003.
SOUZA, Jano Alves de. Botox e altemativa para tratamento de cefaleias.Enfoque Teropeutico, n' 2, p. 1,2002.
Paralisia BraquiaJ Obstetrica. In: Rede Sarah de Hospitais de Reobilita,ao. Disponivelem: http://www.sarab.br/paginasidoencas/poIplOparalisiabraguiaJobst.htm. Acessoem: dez. 2005.
AUTORIZA«;:AO
Eu, ?;u(;c,;hi IUaTa 2Q12.-;i0S , inscrita no RG sob 0 n.O7.256.90) .6 ,na quaJidade de mile do menor, MARCOS VINIC IUS
TONlOLO , venho por meio desta autorizayao permitir a publica9ao e divulgavao dasfotos realizadas durante as sessOes de T erapia Ocupacional- Terapia da Mao, para finscientificos.
Por ser a expressao da verdade, firmo a presente autoriza<;:ao.
Curitiha, 30 de novcmbro de 2005