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Universidade Brasil Campus de Fernandópolis PATRICIA DE OLIVEIRA PORTELA CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM AMBIENTE ESPECÍFICO DE UMA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA MICROBIOLOGICAL CHARACTERIZATION IN A SPECIFIC ENVIRONMENT OF A UNIVERSITY LIBRARY Fernandópolis, SP 2017

PATRICIA DE OLIVEIRA PORTELA CARACTERIZAÇÃO … · Taylor e Butler (1982) e Chen e Vaughn (1990) afirmam a eficiência da ação de dióxido de cloro (ClO 2) na destruição de

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Universidade Brasil

Campus de Fernandópolis

PATRICIA DE OLIVEIRA PORTELA

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM AMBIENTE ESPECÍFICO

DE UMA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA MICROBIOLOGICAL CHARACTERIZATION IN A SPECIFIC ENVIRONMENT OF A

UNIVERSITY LIBRARY

Fernandópolis, SP

2017

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Patrícia de Oliveira Portela

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM AMBIENTE ESPECÍFICO DE UMA

BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

Orientadora: Prof.ª Dra. Dora Inés Kozusny-Andreani

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em

Ciências Ambientais da Universidade Brasil, como complementação dos créditos

necessários para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Fernandópolis, SP

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

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Este trabalho é dedicado:

Àqueles que me foram exemplo de persistência e

determinação, meus pais Paulo e Luíza (in memoriam);

Àquele que nunca deixou de acreditar em mim, meu

amado Alexandre;

Àquelas com quem partilhei toda sorte de emoções desse

intento, minhas irmãs Tereza e Beatriz;

Àqueles que, seguramente, intercedem por mim junto ao

Pai maior, meus irmãos Marcelo e Américo (in memoriam);

Àquelas que me presentearam com efetivo suporte e

incentivo na conquista deste objetivo, amigas e colegas

Maira e Kelma;

Àqueles a quem desejo uma fase adulta junto a uma

natureza que ainda tenha muitas maravilhas a se

admirarem, meus sobrinhos brotos Paulo, Isabella, Marcelo,

Gabriela, Pedro e Maria Eduarda.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por permitir-me a realização deste sonho.

À professora Dra. Dora Inés Kozusny-Andreani, pela sabedoria, otimismo e

posicionamentos impecáveis na orientação.

Ao professor Dr. Roberto Andreani Junior, pelas sugestões valiosas apresentadas

durante o exame de qualificação.

À professora Dra. Danila Fernanda Rodrigues Frias, pelas necessárias e

enriquecedoras considerações tanto no exame de qualificação quanto na defesa.

Ao professor Dr. Carlos Eduardo Maia de Oliveira, pela cordialidade e brilhantes

observações apresentadas na defesa.

A todos os colegas de profissão e de trabalho nas pessoas de Yara Ribeiro de

Moura Silva e Fabiana de Oliveira Silva, pelo apoio, compreensão e generosidade;

Juliana Rodrigues Lira pela cooperação e assistência inestimáveis neste trajeto; e

Luiz Fernando Sabino que, no realizar de suas atividades com dedicação e

prestimosidade singulares, me possibilitou uma observação diferente e decisiva para

meu estudo.

À coordenação da Biblioteca, alvo deste estudo, por permitir a realização da

pesquisa naquele local.

À técnica do Laboratório de Microbiologia da Universidade Brasil, Glizely Andrea

Bonfim Santos, pela colaboração indispensável nos trabalhos de laboratório.

Aos amigos e colegas de mestrado Adalci dos Anjos Ferreira, Kelma Patrícia de

Souza, Mairny Abadia Ferreira Antônio dos Santos, Maria Aparecida de Araújo,

Siene de Faria Rodrigues, Tereza Cota de Jesus, Thais Nogueira Gonzaga e Vera

Lúcia Siqueira de Barros, por representarem conteúdos únicos e admiráveis na

disciplina “Conviver.”

A todos que estiveram do meu lado fisicamente ou em pensamento, no percurso

deste estudo.

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De tudo ficaram três coisas...

A certeza de que estamos começando...

A certeza de que é preciso continuar...

A certeza de que podemos ser interrompidos

antes de terminar...

Façamos da interrupção um caminho novo...

Da queda, um passo de dança...

Do medo, uma escada...

Do sonho, uma ponte...

Da procura, um encontro!

(Adaptado de Sabino, 1975).

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CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM AMBIENTE ESPECÍFICO

DE UMA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

RESUMO

A conservação e a preservação do material informacional de bibliotecas é primordial

para prolongar a vida útil dos seus suportes de informação e garantir a integridade

da memória histórica, científica e técnica para gerações futuras. Diante do

desconhecimento da qualidade ambiental do interior da biblioteca objeto deste

estudo e dos riscos a que o acervo e usuários estão expostos, foi arquitetada uma

pesquisa de natureza aplicada através de abordagem qualitativa e quantitativa e

procedimento experimental em um ambiente da biblioteca que apresentava

vulnerabilidade. Foram avaliadas 24 obras de determinada fileira de estantes da

biblioteca analisada e o ar dessa localização estabelecida, visando pesquisar a

microbiota daquele ambiente. A colheita das amostras nos livros foi realizada com

fricção de swab estéril na parte inferior da lombada de cada obra. As amostras foram

submetidas a diluições seriadas de NaCl e inoculadas em meios seletivos para

bactérias e fungos. Para a pesquisa no ar do ambiente, foram disponibilizadas, na

fileira de estantes definida, Placas de Petri contendo meio Agar Triptecaseina Soja e

outras com Sabouraud-dextrose por 12 horas e incubadas à temperatura de 37ºC

por 48 horas. Posteriormente, foram realizadas a contagem e a avaliação das

características macroscópicas e microscópicas das amostras, assim como a

identificação por métodos bioquímicos convencionas. Os resultados obtidos

evidenciaram variações numéricas quanto à presença de micro-organismos nas

superfícies dos livros e no ar do ambiente estabelecido. Bactérias das espécies

Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas spp. e

Micrococcus spp. e fungos Aspergillus niger, A. fumigatus, Fusarium spp., Rhizopus

spp., Penicillium spp. Microsporum gypseum e Candida albicans foram isolados da

superfície dos livros. No ar, foram detectados fungos filamentosos identificados

como Aspergillus niger, A. flavus, A. fumigatus, Fusarium spp., Rhizopus spp.,

Penicillium spp., Colletotricum gloeosporioides e Microsporum gypseum. Os

resultados evidenciaram presença de alguns micro-organismos potencialmente

degradantes de materiais de bibliotecas e patogênicos aos usuários e trabalhadores.

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Palavras-chave: micro-organismos, acervos bibliográficos, contaminação,

preservação documental.

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MICROBIOLOGICAL CHARACTERIZATION IN A SPECIFIC

ENVIRONMENT OF A UNIVERSITY LIBRARY

ABSTRACT

The preservation of library informational materials is primordial in extending the

useful life of their information media and ensuring integrity of historical, scientific and

technical memory for future generations. As people ignore the environmental quality

inside the library (that is object of this study) and the risks the collection and users

are exposed to, a research of an applied nature was designed through a qualitative

and quantitative approach and an experimental procedure in a library environment

that presented vulnerability. They were evaluated 24 works of a certain row of

shelves of the library and the air of that place, aiming to investigate its microbiota.

Sterile swab friction was the procedure to collect samples in lower parts of the spine

of each work. They submitted the samples to NaCl serial dilutions and inoculated

them in selective media for bacteria and fungi. For environment air research, in the

row of chosen shelves, Petri plates containing Trytecasein Soy Agar and others with

Sabouraud-dextrose agar were available for 12 hours and incubated at 37ºC for 48

hours. Subsequently, they counted and evaluated the macroscopic and microscopic

characteristics of the samples as well as they identified them by conventional

biochemical methods. The results showed numerical variations referring to the

presence of microorganisms on the books surfaces and in the air of the environment.

Bacteria of Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas spp.

and Micrococcus spp. species and Aspergillus niger, Aspergillus fumigatus, Fusarium

spp., Rizopus spp., Penicillium spp. Microsporum gypseum and Candida albicans

fungi were isolated from the surface of books. In the air, they were detected

filamentous fungi identified as Aspergillus niger, A. flavus, A. fumigatus, Fusarium

spp., Rhizopus spp., Penicillium spp., Colletotrichum gloeosporioides and

Microsporum gypseum. The results evidenced the presence of some potentially

degrading microorganisms for library materials and pathogens to users and workers.

Keywords: microorganisms, bibliographic collections, contamination, documentary

preservation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Descolamento da claraboia; ..................................................................... 38

Figura 2 – Livros embalados para transporte ao laboratório. .................................... 39

Figura 3 – Colheita de amostra em livros. ................................................................. 40

Figura 4 – Colheita de amostra no ar do ambiente. .................................................. 41

Figura 5 – Placa de Petri inoculada com amostra do ar. ........................................... 44

Figura 6 – Placa de Petri inoculada com amostra do livro......................................... 44

Figura 7 – Número de ocorrência dos diferentes micro-organismos encontrados no

ar e nos livros avaliados no estudo. .......................................................................... 46

Figura 8 – Intervalos de confiança (95%) para a contagem microbiana as estantes e

dos livros avaliados no estudo. ................................................................................. 48

Figura 9 – Valores individuais da contagem microbiana do ar e dos livros avaliados

no estudo. .................................................................................................................. 49

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Identificação de patologias causadas pelos micro-organismos isolados

no local investigado. .................................................................................................. 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ocorrência dos micro-organismos encontrados no ar e nos livros no

estudo........................................................................................................................ 43

Tabela 2 – Estatísticas descritivas da contagem microbiana do ar e livros avaliados

no estudo. .................................................................................................................. 47

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CICT Centro de Informação Científica e Tecnológica ClO2 Dióxido de cloro CLT Consolidação das leis do trabalho EPI Equipamento de proteção individual

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz NaCl Cloreto de sódio MEC O2

Ministério da Educação e Cultura

Oxigênio

SAB SCT

Sabouraud-dextrose

Síndrome do choque tóxico SED Síndrome do edifício doente SEM Scanning electron microscope (microscópio eletrônico de

varredura) TSA Triptecaseína soja UFC Unidade formadora de colônia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

1.1 Relevância do tema e estado atual da arte ...................................................... 17

1.2 Fundamentação ............................................................................................... 18

1.2.1 Biblioteca ...................................................................................................... 18

1.2.2 Contaminação geral ...................................................................................... 21

1.2.2.1 Combinação de técnicas de análises microbiológicas ............................... 23

1.2.2.2 Parâmetros ambientais na avaliação da contaminação microbiana ........... 24

1.2.2.3 Associação de fungos com poeira e excremento de pássaros .................. 24

1.2.2.4 Risco de contaminação por mofo em estantes deslizantes móveis ........... 26

1.2.2.5 Manipulação de livros e ventilação como fontes de esporos de fungos ..... 27

1.2.2.6 Métodos de controle de micro-organismos em bibliotecas ........................ 28

1.2.2.7 Síndrome do edifício doente (SED) em bibliotecas brasileiras................... 30

1.2.3 Bactérias ....................................................................................................... 32

1.2.3.1 Doenças causadas por bactérias ............................................................... 32

1.2.4 Fungos .......................................................................................................... 34

1.2.4.1 Doenças causadas por fungos ................................................................... 35

1.3 Objetivo geral e objetivos específicos .............................................................. 36

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................ 36

1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................... 36

2 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 37

2.1 Tipo de pesquisa .............................................................................................. 37

2.2 Caracterização do local investigado................................................................. 37

2.3 Colheita, transporte e análise microbiológica das amostras ............................ 39

2.4 Análise estatística dos dados ........................................................................... 41

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 43

4 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 53

5 RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Relevância do tema e estado atual da arte

Nos tempos atuais, em que o estudante é estimulado a construir seu próprio

conhecimento, principalmente no Ensino Superior, as bibliotecas se apresentam

como mecanismos fundamentais para subsidiar as atividades de aprendizagem.

A frequência e o tempo de permanência dos usuários nas bibliotecas estão

em conformidade com os recursos e serviços que elas oferecem (RODRIGUES,

2009), estando disponíveis documentos impressos e digitais, computadores,

materiais audiovisuais, acesso à internet, serviços de orientação na recuperação da

informação, normalização bibliográfica, digitalização e locais para estudo e consulta.

No ambiente das bibliotecas, as pesquisas são disponibilizadas em

documentos integrados aos acervos que subsidiam a geração de novas informações

por outros pesquisadores de modo a facilitar a criação de uma estrutura infinita de

conhecimento (MILANESE, 1983).

A conservação e a preservação do material informacional de uma biblioteca

é primordial para prolongar a vida útil dos seus suportes de informação e garantir a

integridade da memória histórica, científica e técnica para as gerações futuras. A

partir da entrada de um documento na biblioteca, é essencial que haja empenho na

sua inteireza ao longo do tempo, e isso pode ser feito também pelo monitoramento

do local onde está disposto, principalmente no que diz respeito ao controle ambiental

(REIS-MENEZES, 2009).

Os acervos bibliográficos possuem os agentes que desequilibram sua

integridade, classificados, conforme Cassares e Moi (2000) e Mello, Santos e Silva

Filho (2004), como: fatores ambientais, biológicos, químicos, intervenções

impróprias, furtos e vandalismos. Destes, os que estão relacionados a este estudo

são os fatores biológicos representados mais precisamente pelos micro-organismos

(fungos e bactérias).

A composição de micro-organismos de ambientes fechados depende de

fatores diversos como tipo de construção, umidade relativa e temperatura do ar,

quantidade de pessoas que frequentam, bem como as atividades que lá são

realizadas (TOLOZA-MORENO; LIZARAZO-FORERO; BLANCO-VALBUENA, 2012).

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No entendimento de que locais fechados como arquivos, bibliotecas,

museus, igrejas entre outros estão suscetíveis à síndrome do edifício doente (SED)

com base na qualidade microbiológica de seus ambientes, Gallo (1993), Bueno,

Silva e Oliver (2003) e Borrego et al. (2009, 2010) revelam que micro-organismos

podem desenvolver-se em material orgânico e inorgânico provocando sua

biodeterioração e, conforme Labarrère Sarduy et al. (2003), riscos para a saúde

humana, como alergias, infecções e intoxicações.

Diante do desconhecimento da qualidade ambiental do interior da biblioteca

objeto deste estudo, bem como dos riscos a que o acervo e usuários estão

expostos, foi arquitetada uma pesquisa de natureza aplicada através de abordagem

qualitativa e quantitativa e procedimento experimental em um ambiente que

apresentava vulnerabilidade. O estudo, além de permitir diagnosticar a realidade,

aponta caminhos relacionados ao tema e traz medidas para recompor e/ou

prognosticar um ambiente favorável à preservação das obras e da saúde de seres

humanos envolvendo todas as bibliotecas do sistema ao qual está vinculada.

O estudo proposto visou caracterizar a microbiota de um ambiente

específico em uma biblioteca universitária como forma de conhecer os riscos que

possa trazer para os documentos e materiais e, ainda, como possibilidade de

prevenção de doenças dos seus trabalhadores e usuários.

1.2 Fundamentação

1.2.1 Biblioteca

A biblioteca é mais antiga que o livro e o manuscrito e tem sua história desenvolvida

a partir da história do homem, pois, assim que foram criados os registros

informativos, foram adotados critérios mesmo que rudimentares para assegurá-los.

Evoluiu de conjunto de placas de argila para rolos de papiro ou pergaminho, esse

último sendo, posteriormente, recortado e unido originando um produto com aspecto

de livro (MILANESI, 1983).

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Inicialmente, as bibliotecas estavam disponíveis apenas aos religiosos, o

livro era considerado misterioso, vindo do demônio, e somente aqueles que

possuíam conhecimentos de exorcismo poderiam manuseá-lo. Assim, até o final da

Idade Média, as bibliotecas eram exatamente o que significavam etimologicamente,

‘depósito de livros’, como, por exemplo, a Biblioteca de Nínive1 somente tinha saída

para onde viviam os sacerdotes. Da Antiguidade à Idade Média, a figura do leitor

comum não existia e, por muitos séculos, o ‘clérigo’ dominava o conhecimento,

sendo os ‘laicos’ aqueles que não se relacionavam com a palavra escrita (MARTINS,

2002).

A Biblioteca de Nínive, desde o século VII a.C. célebre por suas 22 mil

placas de argila com conteúdo referente a obras religiosas, históricas, de magia,

Astrologia, plantas e animais, pertencente ao palácio do rei Assurbanípal, foi

descoberta em 1854. A Biblioteca de Alexandria, a mais famosa da Antiguidade, que

se supõe ter reunido mais de setecentos mil volumes, passou por três incêndios,

sendo o último e definitivo em 642 a.C. (MILANESE, 1983; MARTINS, 2002).

A China começou a fabricar livros no século II a.C. a partir da seda

desintegrada transformada em papel. O papel de celulose surgiu na China no ano

105 d.C. com a utilização de materiais diferentes da seda, como cascas de plantas,

resíduos de algodão e redes de pesca. Atualmente, a madeira é o material mais

utilizado para produção do papel, sendo os tecidos (seda, linho, algodão)

empregados na fabricação de papéis de luxo (MARTINS, 2002). A produção dos

manuscritos foi estimulada com o aparecimento das universidades, e nos locais de

consulta os volumes mais usados eram acorrentados. Com a invenção da imprensa

por Gutemberg no século XV, o livro deixou de ser um produto artesanal

confeccionado pelos religiosos para ser produzido em série com menor custo e mais

agilidade (MARTINS, 2002).

De acordo com Milanesi (1983), no Brasil, os primeiros livros vieram com os

jesuítas para evangelizar e colonizar. Qualquer publicação passava pelo crivo da

igreja católica e poder civil, e as bibliotecas dos conventos eram rigorosamente

fiscalizadas.

1 Antiga cidade da Mesopotâmia, próxima da atual Mosul (Iraque). Mais informações podem ser

obtidas em: http://brasil.planetasaber.com/search/results.asp?txt=N%C3%ADnive.

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Em 1810, foi fundada no Brasil a Biblioteca Real com o acervo da Livraria do

Rei de Portugal D. José I, trazida pelo rei D. João VI em 1808, constituindo o acervo

básico do que viria a ser a Biblioteca Nacional. A segunda biblioteca pública

brasileira foi a da Bahia fundada em 1811 e teve grande parte de seu acervo

constituído de duplicatas dos livros da Biblioteca Real. Em 1825 foi criada a

Biblioteca da Faculdade de Direito de São Paulo, inicialmente como Biblioteca

Pública de São Paulo, em 1929 a Biblioteca Pública do Estado do Maranhão, 1930 a

da Faculdade de Direito de Pernambuco e, em 1837, no Rio de Janeiro a do Real

Gabinete Português de Leitura. A partir de então, outras bibliotecas com acesso

público foram criadas no Brasil (MILANESI, 1983; MARTINS, 2002).

Desde que a escrita foi criada, a história da biblioteca tem conquistado uma

expansão cada vez maior. Com o aparecimento da internet, a comunicação

impressa passou a coexistir com a digital, e a biblioteca como centro do saber

assumiu a posição de conciliar os dois modelos, onde novos conhecimentos e

tecnologias podem ser harmonizados com o conhecimento tradicional tendo o

usuário como foco. De acordo com Darnton (2010), os livros, tanto impressos no

papel quanto armazenados em servidores, conduzem a conhecimento da mesma

forma pelo fato de transcenderem a tecnologia que os hospeda.

A evolução das tecnologias de comunicação é tão revolucionária quanto a

invenção da imprensa. Baseando-se nisso, Darnton (2010) destaca que a publicação

de manuscritos continuou por muito tempo após a criação de Gutemberg, que os

jornais não substituíram o livro nem a televisão o rádio, e a internet não fez os

telespectadores desistirem da televisão.

A informação impressa ainda é muito utilizada nas universidades,

considerando a indisponibilidade no formato eletrônico de várias obras das

bibliografias dos cursos de graduação, bem como a necessidade de suas bibliotecas

priorizarem a aquisição de material impresso para atender às exigências do

Ministério da Educação (MEC) no que diz respeito ao instrumento de avaliação de

cursos que preconiza para a obtenção do conceito máximo 5 na bibliografia básica:

Quando o acervo da bibliografia básica, com no mínimo três títulos por unidade curricular, está disponível na proporção média de um exemplar para menos de 5 vagas anuais pretendidas/autorizadas, de cada uma das unidades curriculares, de todos os cursos que efetivamente utilizam o acervo, além de estar informatizado e tombado junto ao patrimônio da IES. (BRASIL, 2015b).

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Já se percebe, porém, a flexibilidade no referido instrumento referente ao

formato eletrônico, considerando que este seja permitido para compor a bibliografia

básica, reduzindo em um exemplar a quantidade exigida para o conceito 5, devendo

a biblioteca possuir 1 exemplar para menos de 6 vagas anuais e admitindo na

bibliografia complementar o acesso virtual dos 5 títulos exigidos, ou 2 exemplares

impressos de cada um (BRASIL, 2015b).

Conforme Morigi e Souto (2005, p. 197), “[...] a biblioteca, mesmo

modificada, não perdeu o seu significado conferido historicamente. [...] O que a

mantém viva e atuante é a sua essência.” Neste sentido Ornellas et al. (2013, p. 3)

afirmam:

As bibliotecas são instituições que, tradicionalmente, por serem, em si mesmas, um produto social, estão sempre sofrendo mudanças em seus princípios devido às mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas do momento histórico em que estão inseridas [...]

As tecnologias da informação e comunicação (TICs) estão incorporando-se

às bibliotecas e facilitando-lhes os diversos processos na disponibilização e

disseminação da informação. As transformações primordiais que têm provocado

assemelham-se à mudança de paradigma da época da invenção da imprensa em

que se alterou da preservação dos livros para o acesso a eles. Atualmente, o

paradigma é prover recursos de acesso, mesmo que não fisicamente

(DRABENSTOTT; BURMAN, 1997; ORNELLAS et al., 2013).

Como mecanismo de democratização do conhecimento através de diversos

suportes, em que o moderno se associa ao clássico, além dos serviços que apoiam

o aprendizado, o ensino e a pesquisa, a biblioteca dificilmente será substituída. Ao

mesmo tempo em que a internet tende a distanciar as pessoas, a biblioteca faz

justamente o oposto, por ser um local físico (COUNCIL ON LIBRARY AND

INFORMATION RESOURCES, 2005) e se apresentar como uma forma de reunir

pessoas de interesses comuns.

1.2.2 Contaminação geral As bibliotecas, pela sua natureza de acumular matéria orgânica através de grande

parte de seus materiais informacionais, tornam-se ambientes favoráveis ao

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desenvolvimento de micro-organismos e pragas. Entre os agentes biológicos

contaminantes que atuam em ambientes fechados estão os fungos filamentosos e

leveduras, esporos de fungos e alérgenos, bactérias e esporos de bactérias, ácaros

entre outros (WANNER et al., 1993).

De acordo com Gallo (1993), entre as bactérias que causam danos ao papel

estão as dos gêneros Cytophaga, Sporocytophaga, Cellfalcicula, Cellvibrio, Serratia,

Nocardia. Os fungos, mais frequentemente encontrados em livros, são da classe

Deuteromycetes predominantemente dos gêneros Aspergillus, Penicillium,

Trichoderma, Stachybooys, Stemphylium, Alternaria, Myrothecium e, em menor grau,

Phycomycetes (Rhizopus e Mucor) e Ascomycetes (Chaetomiun). Esses micro-

organismos não são atraídos apenas pelo papel, mas também pelas colas, adesivos,

filmes plásticos, fitas magnéticas, materiais sintéticos entre outros.

Para Wanner et al. (1993), a maioria dos fungos de ambientes fechados são

saprófitas pertencentes à classe dos Deuteromycetes, ou fungos imperfeitos que

podem crescer em temperaturas entre 10 e 35°C. Os mesmos autores relatam

informações de que, em condições de temperatura e umidade adequadas, podem

utilizar como alimento materiais orgânicos como celulose, tinta ou produtos

armazenados, necessitando de um mínimo de quantidade de água para se

desenvolver.

Gallo, Pasquariello e Valentin (2013) descrevem que as partes mais

afetadas por fungos nos livros são as primeiras e últimas páginas, as bordas

externas e as ligações e, nessa perspectiva, Gallo (1993) revela que a razão da

maior biodegradabilidade das partes externas está na maior higroscopicidade2 das

mesmas.

Toloza-Moreno, Lazarazo-Forero e Blanco-Valbuena (2012) avaliaram a

composição e concentração microbiana do ambiente da Biblioteca Central Jorge

Palacios Preciado da Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia, e a maior

diversidade microbiana encontrada no ambiente foi representada por fungos

filamentosos com 34 gêneros da classe Ficomicetes, a levedura encontrada foi

representada pelos gêneros Rhodotorula em maior quantidade e escassos isolados

de Candida. Na concentração bacteriana representada por 15 gêneros, o Bacillus foi

o mais abundante, seguido por Neisseria, Acinetobacter e Pseudomonas.

2 Capacidade de absorver umidade do ar.

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Na investigação microbiológica da Biblioteca Pública Alfonso Patiño Rosselli,

na cidade de Tunja, Boyacá na Colômbia, Toloza-Moreno e Lazarozo-Forero (2013)

pesquisaram o ambiente e livros da biblioteca. Os gêneros de fungos que mais

predominaram no ambiente foram Cladosporium, Acremonium e Penicillium. As

bactérias Gram-positivas prevaleceram em relação às bactérias Gram-negativas,

sendo os gêneros mais encontrados Staphylococcus, Micrococcus e Kurthia. Os

gêneros de bactérias Gram-negativas isoladas foram Acinetobacter, Pseudomonas e

Neisseria, em pequena quantidade. Nos livros, o gênero Aspergillus foi o mais

encontrado, seguido de Penicillium spp. e Trichoderma spp. Foram encontrados,

ainda, os fungos Cladosporium, Alternaria, Chaetomium, de significativas atividades

celulolíticas.

1.2.2.1 Combinação de técnicas de análises microbiológicas

Michaelsen et al. (2009), no trabalho sobre biodeterioração e restauração de um livro

do século XVI, ‘Le Stanze del Bandello’, concluíram que alguns fungos filamentosos

podem dissolver fibras celulósicas, descolorir e causar danos ao papel e que

processos microbianos de deterioração podem ser desencadeados por condições

ambientais adversas como luz, temperatura e umidade. O conhecimento dos

materiais usados na confecção de um volume e a identificação das avarias e dos

agentes responsáveis pelos danos são fundamentais para a restauração.

Para estudar as lesões microbiológicas do livro de Bandello, Michaelsen et

al. (2009) utilizaram as técnicas de amostragens, culturas e avaliações

convencionais e análises moleculares; obtiveram como resultado a seguinte

identificação filogenética: Cladosporium cladosporioides, Cladosporium spp.,

Penicillium pinophilum, Aspergillus versicolor, Aspergillus nidulans, Botryotinia

fuckeliana, Epicoccum nigrum, Debaryomyces hansenii e Rhizopus oryzae.

Quanto aos critérios de isolamento utilizados, os autores consideraram as

técnicas moleculares vantajosas em relação aos métodos clássicos pela

possibilidade da realização de testes exaustivos em pequenas amostras, porém,

presumiram que a combinação de ambas as metodologias deva ser adotada para

diagnosticar a contaminação de patrimônios culturais (MICHAELSEN et al., 2009).

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1.2.2.2 Parâmetros ambientais na avaliação da contaminação microbiana

Arabidian e Saad (2014), ao avaliarem a contaminação microbiana de acervos da

Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Maria, RS, observaram que

quanto mais baixa a temperatura de um ambiente maior é a umidade relativa do ar.

Constataram que a proliferação de micro-organismos está associada a

condições inadequadas e integradas de iluminação, ventilação e umidade. Nos

resultados das análises encontraram as bactérias: Bacillus sp., Serratia plymuthica,

Acinetobacter sp., Bordetella trematum, Pseudomonas sp., Enterobacter

agglomerans, Moraxella sp., Micrococcus, Staphylococcus coagulase negativa,

Staphylococcus epidermidis, Aeromonas sp., Enterococcus sp., Cedecea lapagei,

Nocardia sp., Pseudomonas aeruginosa e fungos Penicillium sp., Fusarium sp. e

Cladosporium sp.

Conforme tabela de agentes biológicos da NR 323 do Ministério do Trabalho,

item 32.2, muitos dos micro-organismos encontrados se enquadram no grupo 2,

caracterizando risco moderado de doenças para o ser humano, e uma bactéria no

grupo 3, especificamente, Bacillus spp., com risco elevado de doenças e infecções

no ser humano (BRASIL, 2011).

1.2.2.3 Associação de fungos com poeira e excremento de pássaros

Como primeiro relatório brasileiro sobre a associação entre o fungo Cryptococcus

spp e poeira encontrados em bibliotecas, o estudo de Leite Junior et al. (2012),

realizado dentro de três bibliotecas da cidade de Cuiabá, MT, relata que esse gênero

é composto de 34 espécies de levedura aproximadamente que se reproduzem

assexuadamente por brotamento. As duas espécies mais evidenciadas no estudo

foram Cryptococcus neorformans, encontrada em países europeus e América do

Norte, e Cryptococcus gattii, encontrada em regiões tropicais e subtropicais, ambas

causadoras da doença Criptococose,4 conforme Pereira e Barros (2012), estando a

ocorrência de leveduras de Cryptococcus ssp associada com vegetais em

decomposição, frutas e excremento de pássaros. A principal fonte de C. neoformans

3 Norma regulamentadora que estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de

proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores em serviços de saúde. 4 Causadora da meningoencefalite.

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são fezes de pombos, a qual permanece viável nesse excremento seco por muito

tempo; já C. gattii tem sido isolada principalmente em eucalipto e outras árvores

brasileiras.

Dos quarenta e um isolados de Cryptococcus spp, foco da pesquisa de Leite

Junior et al. (2012), C. gattii foi a espécie mais encontrada, seguida por C. terreus,

C. luteolus, C. neoformans e C. uniguttulatus, C. albidus e C. humiculus. Takahara

et al. (2011) encontraram C. neoformans em excrementos de pássaros em locais

públicos, comerciais e domésticos na cidade de Cuiabá.

Fatores como temperatura, umidade e luz podem influenciar a presença de

espécies de Cryptococcus, assim como C. neoformans que é mais frequente em

épocas mais úmidas em fezes secas (GRANADOS; CASTAÑEDA, 2006), porém,

não crescem em altas temperaturas, além de ser sensíveis à luz solar direta, o que

pode explicar a prevalência de C. gattii no estudo de Leite Junior et al. (2012).

No estudo de Molina e Borrego (2014), é relatada a importância de se

conhecerem os micro-organismos, principalmente fungos que habitam arquivos e

bibliotecas devido à biodeterioração dos acervos e equipamentos. Os autores

avaliaram a microbiota da Mapoteca do Arquivo Nacional da República de Cuba, em

que a colheita de amostra do ar foi realizada com a exposição de placas de Petri no

ambiente, além da análise da própria poeira recolhida por aspirador elétrico sobre os

mobiliários em que os mapas estavam arquivados. A concentração microbiana

média do ar da mapoteca foi inferior a 750 UFC m-3 considerada como local pouco

contaminado conforme escala de Omeliansky5. Foram encontrados: Acremonium sp,

Alternaria sp., Aspergillus alliaceus, Aspergillus auricomus, Aspergillus candidus,

Aspergillus flavus, Aspergillus japonicas, Aspergillus oryzae, Aspergillus ostianus,

Cladosporium cladosporioides, Curvularia pallecens, Curvularia australiensis,

Curvularia eragrostidis, Epicoccum sp., Penicillium canescens, Penicillium

chrysogenum, Penicillium citrinum, Penicillium sp., Pestalotia sp., Trichoderma sp. Já a concentração de propágulos fúngicos na poeira foi de 6.105 UFC g-1 identificando

esse substrato como um reservatório da microbiota em ambientes interiores; foram

encontrados: Aspergillus flavus, Aspergillus chevalieri, Aspergillus niger,

5 Escala que estabeleceu como não contaminado o ambiente com concentração microbiana de até

500 UFCm-3 (BORREGO; AMISTAD, 2014; BORREGO et al., 2011).

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Chaetomium globosum, Cladosporium caryigenum, Cladosporium cladosporioides,

Humicola sp., Penicillium janczewskii, Penicillium sp.

1.2.2.4 Risco de contaminação por mofo em estantes deslizantes móveis

Algumas pesquisas, como a de Montanari et al. (2012), abordam a colonização de

fungos em livros de arquivos e bibliotecas italianas disponibilizados em estantes

metálicas, fechadas, móveis e deslizantes. Micheluz et al. (2015) afirmam que essas

estantes compactas, além de reduzirem o espaço para o arquivamento de livros, os

protegem da degradação pela luz e poeira, porém, podem propiciar o crescimento

de espécies fúngicas que danificam os livros na falta de um sistema de controle

climático.

No caso das pesquisas italianas, o agente principal foi o Eurotium

halophilicum, fungo xerofílico6 muito tolerante a estresse hídrico e ventilação

reduzida. Observações de vários estudos indicam que Eurotium halophilicum pode

ocorrer em estantes deslizantes, no entanto a detecção pode ser dificultada por

procedimentos inadequados de amostragem e crescimento lento dos fungos. Micheluz et al. (2015) analisaram uma biblioteca universitária de Veneza

para constatar a contaminação por E. halophilicum em livros armazenados em

estantes móveis deslizantes onde se desenvolveu um crescimento branco

semelhante à colonização típica por este fungo. Nos livros, as espécies mais

encontradas foram Aspergillus creber e Penicillium brevicompactum. Foi levantada a

hipótese de que o micélio de E. halophilicum serve como substrato para o

desenvolvimento de esporos de outros fungos, o que explica a não detecção do

mesmo, sendo sua presença identificada por métodos moleculares e de imagem

SEM7.

A análise morfológica e molecular do ar isolou 11 gêneros fúngicos, sendo

mais frequente o Aspergillus, seguido de Penicillium e Cladosporium. As espécies

de maior quantidade encontradas foram Aspergillus creber, A. protuberus,

Penicillium chrysogenum e P. brevicompactum. No entanto não se detectaram

colônias de E. holophilicum, o que reforça a ideia de poder ocorrer a inobservância

6 Organismo que vive em ambiente seco. 7 Scanning Electron Microscope (microscópio eletrônico de varredura = imagens de alta resolução).

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deste fungo em análise da qualidade do ar em arquivos ou bibliotecas por motivo de

crescimento lento in vitro (MICHELUZ et al., 2015).

Na análise referente à biodegradação dos livros, Micheluz et al. (2015) ainda

ressaltam que Aspergillus e Penicillium spp. em alta concentração em ambiente

fechado como bibliotecas podem causar problemas de saúde para trabalhadores e

usuários, sendo recomendado, como prevenção, os diagnósticos rápidos, limpeza e

ventilação adequada.

Montanari et al. (2012), embora reconheçam as características positivas das

estantes móveis referentes a espaço, salientam que estas podem oferecer riscos de

contaminação por mofo aos materiais nelas acondicionados, especialmente quando

produzidos a partir de materiais higroscópicos.8

Os mesmos autores pesquisaram documentos contaminados por mofo,

armazenados em estantes deslizantes de uma biblioteca histórica em Roma. A

infestação foi semelhante à de outras pesquisas realizadas em bibliotecas da Itália

em que se isolaram manchas brancas de tamanho variável (MONTANARI et al.,

2012).

Como resultado das pesquisas, Montanari et al. (2012) obtiveram colônias

de Cladosporium e Penicillium spp., colônias brancas de crescimento lento que se

desenvolveram em cleistothecia,9 Aspergillus spp. e colônias com semelhança à

Eurotium halophilicum.

Em estudos anteriores realizados em bibliotecas e arquivos que utilizavam

estantes deslizantes, foram encontrados resultados semelhantes, o que demonstra

que E. halophilicum pode ocorrer nesse ambiente, podendo-se concluir que a alta

tolerância a estresse hídrico e a tendência a desenvolver-se em materiais de

bibliotecas arquivados em estantes fechadas com baixa ventilação, como estantes

deslizantes, torna esse fungo uma ameaça (MONTANARI et al., 2012).

1.2.2.5 Manipulação de livros e ventilação como fontes de esporos de fungos

Apetrei et al. (2009) observam que o desconhecimento sobre a atuação dos micro-

organismos no desenvolvimento de doenças de ocupantes de ambientes interiores

8 Que absorve a umidade do ar. 9 Estrutura fechada de esporos de alguns fungos (especialmente Aspergillaceae e Erysiphaceae).

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úmidos é devido à falta de avaliação. Todo o processo de propagação dos fungos no

ar é pouco conhecido, bem como a significação da exposição a eles por contato

dérmico e ingestão, situação sustentada pela carência de métodos para avaliar a

exposição humana a agentes fúngicos. Destacam o uso contínuo do computador

nos locais de trabalho como condutor do ar contaminado a contagiar as pessoas por

problemas respiratórios através do cooler levando as partículas do chão para o ar.

Os mesmos autores analisaram amostras de fungos em todos os espaços

interiores de uma biblioteca universitária da Romênia e identificaram como gêneros

e espécies: Absidia corymbifera, Alternaria alternata, Alternaria spp., Aspergillus

candidus, Aspergillus flavus, Aspergillus fumigatus, Aspergillus Níger, Aspergillus

versicolor, Candida spp., Chaetomium murorum, Chaetomium spp., Cladosporium

cladosporoides, Cladosporium herbarum, Cladosporium spp., Cladosporium.

Cladosporoides, Curvularia spp., Fusarium spp., Mucor spp., Penicillium citrinum,

Penicillium commune, Penicillium spp., Pseudallescheria boydii, Rhizomucor spp.,

Rhizopus microspores, Rhizopus spp., Rhizopus stolonifer. Rhodotorula spp.,

Stachybotrys chartarum, Trichoderma viride, Yeasts (APETREI et al., 2009).

Para Hsu, Lu e Huang (2015), as fontes fúngicas são transportadas para os

ambientes interiores pelos sistemas de ventilação e pelas pessoas e podem

contaminar as coleções de livros no caso das bibliotecas, diferentemente das

bactérias pouco frequentes em papel podendo, porém, propagarem-se em situações

de umidade. Além da deterioração do acervo e materiais das bibliotecas, a

concentração acentuada de fungos e bactérias pode representar um grave risco

para a saúde humana.

1.2.2.6 Métodos de controle de micro-organismos em bibliotecas

Taylor e Butler (1982) e Chen e Vaughn (1990) afirmam a eficiência da ação de

dióxido de cloro (ClO2) na destruição de micro-organismos e, nesta perspectiva, Hsu,

Lu e Huang (2015) realizaram um estudo para investigar a eficácia de dióxido de

cloro gasoso na melhoria da qualidade do ar do ambiente de prateleiras compactas

de uma biblioteca universitária em Taiwan, visando à proteção de seus ocupantes e

coleções contra os riscos microbianos, considerando a alta concentração de

contaminantes biológicos naquele país.

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Destacando-se a necessidade de encontrar um desinfetante eficaz, de ação

antimicrobiana prolongada, sem riscos para os ambientes com seus acervos e

pessoal, Gutarowska et al. (2012) ressaltam o interesse de pesquisadores do

assunto nos últimos anos pelas nanopartículas de prata (AGNPS) devido às suas

acentuadas propriedades antimicrobianas que atuam nas células dos micro-

organismos exterminando-os.

Gutarowska et al. (2012) evidenciam as pesquisas sobre a toxicidade das

AGNPS para mamíferos e outros animais, bem como efeitos no equilíbrio ecológico,

e indicam o uso do produto somente em casos necessários. Esclarecem, porém, que

o contato dos trabalhadores na desinfecção pode ser reduzido com medidas

individuais de proteção, considerando apenas o envolvimento da pele na atividade.

Ribeiro e Lubisco (2016) avaliaram a efetividade de uso do sistema de

neblina quimicamente ativada na redução de fungos no ar da Bibliotheca Gonçalo

Moniz da Universidade Federal da Bahia. O sistema de neblina utilizado foi

desenvolvido no Centro de Pesquisas Ambientais da Universidade de Frankfurt,

Alemanha, e adaptado no laboratório de Química Analítica Ambiental da

Universidade Federal da Bahia. O teste da aplicação de neblina ativada foi

considerado eficiente, ocasionando uma redução de 95,7% dos fungos do interior da

biblioteca.

Com a pesquisa desenvolvida em instituições polonesas (museus, arquivos

e bibliotecas) sobre eliminação de micro-organismos por nanopartículas de prata,

Gutarowska et al. (2012) encontraram diferenças na sensibilidade de nanopartículas

de prata entre tipos, espécies e mesmo estirpes de micro-organismos. Os autores

justificam o uso do produto pelo efeito duradouro nos objetos atuando nos micro-

organismos, podendo a desinfecção em papéis, tecidos, pinturas entre outros ser

realizada através de nebulização.

No estudo referente ao uso de ClO2 na destruição de micro-organismos,

Hsu, Lu e Huang (2015) empregaram formas diferentes de desinfecção usando um

dispositivo ultrassom de aerossol: uma vez por dia, duas vezes por dia e três vezes

por dia em iluminação natural e em artificial, tendo em vista a eficiência de

desinfecção com ClO2 estar relacionada com as condições de iluminação em que é

aplicada. Antes do tratamento, as amostras de ar foram colhidas e analisadas com

a finalidade de se verificar redução na concentração de bactérias e fungos.

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Nos resultados obtidos por Hsu, Lu e Huang (2015) com o uso de ClO2 na

destruição de micro-organismos, em modos diferentes de desinfecção, as três

formas reduziram a concentração bioaerossol residual, e a aplicação em condições

de iluminação natural resultou eficiência de desinfecção maior para todos os três

modos de tratamento devido a um menor efeito de fotodegradação de ClO2. O modo

de tratamento de duas vezes por dia foi considerado o mais apropriado para se obter

a melhoria da qualidade do ar interior nas bibliotecas universitárias de Taiwan por

questões de facilidade e economia.

1.2.2.7 Síndrome do edifício doente (SED) em bibliotecas brasileiras

Bortoleto, Machado e Coutinho (2002) registraram um acidente fúngico ocasionado

na Biblioteca de Manguinhos vinculada ao Centro de Informação Científica e

Tecnológica (CICT) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) localizada na cidade do

Rio de Janeiro no ano de 1995, após mudança de prédio, que expôs o acervo em

condição de risco, atingindo, ainda, instalações físicas e equipamentos.

Os fatores apontados no registro de Bortoleto, Machado e Coutinho (2002)

foram a alta umidade do ar na cidade, altas temperaturas e oscilações da

temperatura interna do prédio (16º a 24º C) e sistema de ar condicionado deficiente.

Foram realizadas análises de materiais colhidos encontrados na biblioteca através

da aspiração de obras em diferentes locais e de amostras ambientais nas áreas de

acervo, hall de entrada e salas internas; foram identificados nas obras os fungos:

Aspergillus sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Candida sp., Trichoderma sp. No

ambiente foram identificados: Aspergillus sp., Aspergillus niger, Penicillium sp.,

Cladosporium sp., Trichoderma sp., Alternaria sp., Fusarium sp.

A síndrome do edifício doente acontece “[...] quando ocorre um acréscimo de

10% no número de casos de doença numa população que convive num determinado

ambiente interior.” (BORTOLETO; MACHADO; COUTINHO, 2002, p. 16). Dessa

forma, segundo as mesmas autoras, a Biblioteca de Manguinhos foi atingida, tendo

em vista o alto índice de queixas respiratórias (50%) e dermatológicas (66%)

possivelmente em decorrência de alergias provocadas pelos fungos.

Strausz, Machado e Brickus (2007) analisaram um caso de contaminação

fúngica ocorrido em uma biblioteca pública no município do Rio de Janeiro no ano de

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1996, considerado acidente por se tratar de um acontecimento grave de

contaminação ambiental com riscos à saúde dos frequentadores da biblioteca e

caracterizado como síndrome do edifício doente. O acidente foi provocado por

problemas de climatização da biblioteca referentes à baixa temperatura do ar (14º

C), desligamento do sistema de refrigeração por ocasião do feriado de final de ano e

alto grau de umidade (90% a 100%), ocasionando a proliferação dos fungos no

ambiente.

Os valores climatológicos recomendados pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT, 1980) para ambientes de arte, os quais incluem depósitos

de livros, manuscritos, obras raras, museus e galerias de arte, são de 21 a 23º C de

temperatura e 40 a 55% de umidade relativa do ar, correspondendo com os valores

estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para

ambientes de arte, em que se pode incluir acervo bibliográfico (ANVISA, 2000).

Na análise das amostras do ar ambiente da biblioteca cujo acidente foi

relatado por Strausz, Machado e Brickus (2007), os fungos mais encontrados foram:

Aspergillus spp. (96,4-164,3 ufc m3-1), Aspergillus niger (67,9-153,6 ufc m3-1) e

Penicillium spp. (78,6-246,4 ufc m3-1), sendo que os valores totais estiveram na faixa

de 600,0- 960,7 ufc m3-1.

Pereira et al. (2010), em avaliação da microbiota e investigação dos

sintomas da síndrome do edifício doente da Biblioteca Central da Universidade do

Vale do Paraíba, aplicaram um questionário aos funcionários do local além das

colheitas das amostras.

Foi constatado que, dos 22 entrevistados, 19 revelaram a síndrome do

edifício doente por apresentarem mais de 12 dos 22 sintomas da doença:

sonolência, fadiga, dor de cabeça, irritação ocular, falta de concentração, resfriado,

dor de garganta, irritação nasal, dificuldade para focalizar, dor nas costas, dor no

pescoço, extremidades frias, tensão, pele seca, depressão, tontura, dor muscular,

fraqueza, náusea, dificuldade respiratória, chiado. Os fungos isolados são de

importância médica, entre eles, Phaeoacremonium parasiticum e Acremonium sp.,

causadores de doenças dermatológicas, e Penicillium sp., de doenças respiratórias

que indicaram a síndrome do edifício doente na Biblioteca Central da universidade

(PEREIRA et al., 2010).

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1.2.3 Bactérias De acordo com descrição de Vieira e Fernandes (2012), as bactérias são

representadas por organismos unicelulares, desprovidos de núcleo celular definido

(procariotos) e organelas membranosas. Apresentam-se de tamanho e formas

variáveis, podendo ser encontradas isoladamente ou em colônias. O período de

geração das bactérias varia de alguns minutos até algumas horas, dependendo da

espécie e das condições ambientais. As bactérias podem crescer em diferentes

condições físicas e utilizar diferentes alimentos.

Na perspectiva nutricional, as bactérias são divididas em fototróficas, que

utilizam a luz como fonte de energia, e quimiotróficas, que dependem de reações

químicas para obtenção de energia (VIEIRA; FERNANDES, 2012).

A temperatura ideal de crescimento das bactérias é aquela em que crescem

mais aceleradamente, porém, varia de acordo com os grupos fisiológicos, sendo

que, para as bactérias psicrófilas, a temperatura ótima de crescimento se configura

entre 15 - 25º, as mesófilas entre 15 - 25ºC e as termófilas entre 45 - 80ºC (VIEIRA;

FERNANDES, 2012).

Em relação à tolerância ao pH, as bactérias podem ser acidófilas (tolerantes

à acidez), neutrofílicas e alcalófilas. Podem ser aeróbias estritas quando necessitam

de oxigênio (O2) para crescer, anaeróbias estritas quando crescem na ausência de

O2, microaerofílicas quando precisam de O2 em pressão inferior à atmosférica e

anaeróbias facultativas ou aerotolerantes quando crescem na presença ou ausência

de O2. A necessidade de água entre os micro-organismos é variável, porém, os

endósporos bacterianos podem sobreviver sem água (VIEIRA; FERNANDES, 2012).

1.2.3.1 Doenças causadas por bactérias As bactérias Staphylococcus e Streptococcus são causadoras de doenças

associadas à pele, possuem enzimas invasivas e capazes de produzir toxinas. O S.

aureus é o mais patogênico dos estafilococos, podendo causar a foliculite, infecção

que ocorre como espinhas ou pelos encravados podendo evoluir para o furúnculo,

tipo de abscesso que se apresenta como uma região localizada de pus circundado

por tecido inflamado. Quando o organismo não consegue isolar o furúnculo, pode

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resultar o carbúnculo, constituído de uma massa endurecida e profundamente

inflamada de tecido sob a pele (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012).

Os estafilococos são os mais importantes agentes causadores do impetigo,

doença de pele altamente infecciosa, causada por Staphylococcus aureus e, com

menos frequência, pelo Streptococcus pyogenes. A doença pode apresentar-se de

duas formas: o impetigo não bolhoso, a mais comum, e o impetigo bolhoso, causado

por uma toxina estafilocócica. Ele representa uma forma localizada da síndrome da

pele escaldada estafilocócica, que é também característica dos estágios mais tardios

da síndrome do choque tóxico (SCT), potencialmente fatal, em que febre, vômitos e

erupções semelhantes a queimaduras solares são seguidos de choque e,

eventualmente, falência de órgãos, em especial os rins (TORTORA; FUNKE; CASE,

2012).

Os Streptococcus causam diversas doenças incluindo meningite,

pneumonia, dor de garganta, otite média, endocardite, febre puerperal e mesmo

cáries dentárias. Os Streptococcus pyogenes estão entre os patógenos humanos

mais comuns e são responsáveis por uma variedade de doenças humanas, algumas

fatais; quando infectam as camadas da derme, podem causar a doença denominada

erisipela, que apresenta erupções na pele formadas por placas avermelhadas e de

bordas elevadas podendo evoluir para faciite necrosante (TORTORA; FUNKE;

CASE, 2012).

Das doenças do sistema cardiovascular linfático, a sepse é uma resposta

inflamatória causada pela propagação das bactérias gram-positivas e gram-

negativas, podendo a sepse gram-negativa levar ao choque séptico. Tanto os

estafilococos quanto os estreptococos produzem exotoxinas potentes que causam a

síndrome do choque tóxico. A endocardite caracterizada pela inflamação do

endocárdio geralmente é causada por estreptococos α−hemolíticos, comuns na

cavidade oral, embora enterococos ou estafilococos, muitas vezes, estejam

envolvidos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012).

Conforme apresentado em Tortora, Funke e Case (2012), as pneumonias

bacterianas referentes a infecções pulmonares são causadas, na maioria, por

Streptococcus pneumoniae, nesse caso referida como pneumonia típica.

A intoxicação alimentar estafilocócica, principal causa da gastrenterite, é

causada pela ingestão de uma enterotoxina produzida por S. aureus. A salmonelose,

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que é a gastrenterite causada pela bactéria Salmonella, tem como habitat normal o

trato intestinal dos seres humanos e de muitos animais. A febre tifoide é causada

pela Salmonella typhi, disseminada somente nas fezes de outros seres humanos. A

gastrenterite é causada por Bacillus cereus, uma bactéria grande, gram-positiva,

formadora de endosporos, geralmente considerada inofensiva (TORTORA; FUNKE;

CASE, 2012).

1.2.4 Fungos Os fungos são organismos eucariotos10 aclorofilados11, químio-heterotróficos.12 São

aeróbicos13 na maioria e alguns anaeróbicos14 estritos e facultativos (VIEIRA;

FERNANDES, 2012; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).

De acordo com Ferreira, Sousa e Lima (2010), mais de 90.000 espécies de

fungos com variadas características já foram reveladas com possibilidade de

existirem mais de 1,5 milhões de espécies. Podem ser unicelulares como as

leveduras, ou multicelulares como os filamentosos e reproduzem-se sexuada ou

assexuadamente. Ainda compreendem o mofo, os bolores e as trufas.

Alguns fungos são causadores de doenças em seres humanos, animais e

plantas; outros, porém, trazem benefícios para a área da saúde, na produção de

antibióticos, especialmente a penicilina elaborada pelo fungo Penicilium notatum, na

indústria alimentar por meio da fermentação e, ainda, pela importância na agricultura

auxiliando as plantas na aquisição de minerais através das associações simbióticas

com as raízes (MADIGAN et al., 2010; VIEIRA; FERNANDES, 2012).

Para Madigan et al. (2010), muitos fungos resistem a ambientes ácidos (pH)

e temperatura elevada (até 62ºC), o que os torna contaminantes de produtos

alimentícios, meios de cultura e superfícies.

De acordo com Ferreira, Sousa e Lima (2010), os fungos podem reproduzir-

se simultaneamente, sexuada e assexuadamente, ou de uma maneira ou outra

isoladamente.

10 Organismos de células com núcleo distinto contendo o material genético celular (DNA) circundado

pela membrana nuclear. 11 Desprovidos de clorofila, por isso não realizam fotossíntese. 12 Alimentação dependente de outros, requerem fonte de carbono orgânica. 13 Ocorrem na presença de oxigênio. 14 Ocorrem sem consumo de oxigênio.

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1.2.4.1 Doenças causadas por fungos De acordo com Madigan et al. (2010), algumas doenças fúngicas são sérias e

acometem indivíduos com sistema imune comprometido, principalmente AIDS ou por

medicamentos imunossupressores. Cerca de 50 espécies de fungos provocam

doenças em humanos que variam de menor importância a micoses sistêmicas

graves e de risco de vida. Alguns fungos causam infecções e doenças oportunistas,

em que os indivíduos com imunidade comprometida são os mais suscetíveis. As

doenças fúngicas são causadas por meio dos mecanismos, reações alérgicas,

produção de micotoxinas e micoses.

As reações alérgicas são originadas pela exposição a antígenos fúngicos

que podem provocar o desenvolvimento de sintomas alérgicos. Aspergillus spp.

produz alérgenos potentes que podem ocasionar asma e outras reações de

hipersensibilidade. As aflatoxinas são exemplos de micotoxinas produzidas por

Aspergillus flavus que se desenvolvem em grãos alimentícios e são altamente

tóxicas e carcinogênicas. As micoses são infecções fúngicas que podem causar

doenças sérias ou não. São subdivididas em três categorias: superficiais,

subcutâneas e sistêmicas (MADIGAN et al, 2010).

Nas micoses superficiais, os fungos colonizam a pele, cabelo ou unha,

infectando apenas as camadas superficiais. Normalmente, são doenças benignas

como, por exemplo, a infecção dos pés por Trichophyton (pé de atleta). As micoses

subcutâneas envolvem camadas mais profundas da pele como, por exemplo, a

esporotricose causada por Sporotrix schenckii, saprófita, encontrado na madeira e

no solo. As micoses sistêmicas correspondem a infecções fúngicas mais graves,

envolvem o crescimento fúngico em órgãos internos do corpo e são subdivididas em

infecções primárias, que atingem indivíduos saudáveis, e secundárias, que

comprometem indivíduos propensos. São exemplos a histoplasmose, causada por

Histoplasma capsulatum e coccidioidomicose, causada por Coccidioides immites.

(MADIGAN et al., 2010).

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1.3 Objetivo geral e objetivos específicos

1.3.1 Objetivo geral

O presente trabalho teve como objetivo geral caracterizar a microbiota de um

ambiente específico em uma biblioteca universitária representada pelos micro-

organismos isolados no ar e nos livros daquele local.

1.3.2 Objetivos específicos

a) isolar, quantificar e identificar os micro-organismos presentes nas amostras

nos livros e no ar do ambiente estudado;

b) conhecer os riscos a que estão expostos os materiais, documentos e

frequentadores da biblioteca;

c) oferecer subsídios para medida de prevenção de doenças dos trabalhadores

da biblioteca.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Tipo de pesquisa Trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada, no sentido de gerar conhecimentos

para a aplicação prática no objeto de estudo, que é uma das nove unidades de um

sistema de bibliotecas universitárias, convertendo-os em medidas de precaução

para minimizar o desenvolvimento de agentes maléficos à conservação do acervo,

bem como à saúde das pessoas que a frequentam, tanto profissionais, quanto

usuários, podendo ser estendidos às demais bibliotecas do sistema.

Em consonância com Silveira e Córdova (2009), trata-se de um estudo de

abordagem qualitativa e quantitativa para buscar informações, fornecer explicações

e, ao mesmo tempo, quantificar os micro-organismos pesquisados, centrando-se na

objetividade.

Os procedimentos foram experimentais por se determinar um ambiente

específico de uma biblioteca selecionando-se as variáveis que podem influenciar os

resultados, como infiltração de água, conforme evidenciado a seguir.

2.2 Caracterização do local investigado

A biblioteca, objeto deste estudo, compreende um espaço físico referente de 5.735

m², onde se concentram a diretoria do Sistema de Bibliotecas, que a engloba, as

divisões de serviços de tratamento técnico do material informacional de todas as

bibliotecas do sistema e o acervo referente aos cursos oferecidos no campus em

que está localizada. Dados do último relatório (ano de 2016) revelam que a referida

biblioteca teve a frequência de 633.766 usuários e realizou 396.756 empréstimos de

seus 225.756 volumes. Ainda compõem as obras da biblioteca 3.092 títulos de

periódicos e 8.809 volumes de coleções especiais.

No que diz respeito à qualidade ambiental, a biblioteca, de maneira geral,

não conta com refrigeração artificial plena, apenas ventiladores e alguns poucos

equipamentos de ar condicionado nas salas de trabalhos internos, sendo o prédio

construído de maneira a facilitar a entrada de ventilação natural nos ambientes de

acervo e estudo através de janelas protegidas pela própria estrutura arquitetônica.

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Possui um setor específico de conservação e restauração do acervo geral e faz um

tratamento de climatização com esterilizador e desumidificador em ambientes de

coleções especiais.

Devido à falta de espaço, as obras do acervo geral estão acondicionadas

muito próximas umas das outras, o que dificulta a aeração entre si, facilitando o

desenvolvimento de fungos. Ainda há que se considerar esse favorecimento em

decorrência de infiltração do teto da biblioteca que, em épocas de chuva, coloca em

risco a integridade física das obras molhando-as muitas vezes, o que é contornado

paliativamente com lonas plásticas. Quanto à situação da infiltração do teto, trata-se

de uma questão crônica, tendo em vista que, do ano de 2001 até a atualidade, foram

realizadas três reformas para a reparação do problema, observada a dificuldade de

se proverem verbas para este tipo de reparos na instituição.

O local estabelecido para a pesquisa constou de um ambiente que

apresenta vulnerabilidade em épocas de chuva devido a um pequeno descolamento

da proteção de uma claraboia (Figura 1) acima de uma fileira de estantes do acervo

geral, composta de 12 módulos posicionada no segundo andar do prédio. O

ambiente foi escolhido por terem sido encontrados, no local, vários livros

apresentando umidade e muitos outros com resquícios do mesmo problema.

Figura 1 – Descolamento da claraboia. Fonte: A autora (2017).

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2.3 Colheita, transporte e análise microbiológica das amostras

Na colheita do material necessário à pesquisa, foram utilizados os seguintes

equipamentos de proteção individual (EPIs): luvas, avental impermeável, máscara e

óculos de segurança.

Para a colheita das amostras dos livros, foram retiradas 24 obras da fileira

de estantes estipulada, posteriormente acondicionadas em sacos plásticos

individuais, estéreis, identificados e transportados ao Laboratório de Microbiologia da

Universidade Brasil (Figura 2).

Figura 2 – Livros embalados, individualmente, para transporte ao laboratório. Fonte: A autora (2017).

As amostras foram colhidas utilizando-se a metodologia proposta por

Lourenço e Sampaio (2005) e Skóra et al. (2015). Para isto, um swab estéril

umedecido em solução salina (NaCl 0,5 %) foi friccionado individualmente em

ziguezague em uma superfície de 4cm2 na parte inferior da lombada de cada

volume, partindo para o corte do pé da obra (Figura 3). Cada amostra foi

acondicionada em frasco estéril de capacidade compatível com a quantidade

colhida.

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Figura 3 – Colheita de amostra em livros. Fonte: Capturada pela autora em 2017.

Os experimentos para as análises microbiológicas nos livros foram

realizados em triplicata, e todas as amostras colhidas foram particuladas e

homogeneizadas com auxílio de equipamentos esterilizados anteriormente à

realização dos experimentos. Realizaram-se diluições seriadas em solução de NaCl

e inoculações em placas de Petri contendo o meio Ágar Triptecaseína Soja (TSA,

OXOID®) para o cultivo das bactérias, e para os fungos foi empregado o meio Ágar

Sabouraud-dextrose (OXOID®). Os cultivos bacterianos foram incubados à

temperatura de 37 ºC, por 24 - 48h, e as culturas fúngicas de 4 a 7 dias, quando as

colônias foram contabilizadas e os micro-organismos identificados.

As amostras do ar referente ao ambiente estudado foram colhidas de

acordo com a metodologia descrita por Kalwasińska, Burkowska e Wilk (2012) e

Hayleeyesus e Manaye (2014). Utilizaram-se 20 placas de Petri contendo o meio

seletivo Agar Triptecaseína Soja (TSA, OXOID®), e 20 com o meio seletivo Ágar

Sabouraud-dextrose (SAB, OXOID®), abertas, disponibilizadas nas estantes da

fileira estipulada por 12 horas (Figura 4).

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Figura 4 – Colheita de amostra no ar do ambiente.

Fonte: A autora (2017).

Em seguida, as placas foram acondicionadas em caixa isotérmica e

transportadas ao laboratório sendo incubadas à temperatura de 37 ºC por 24 - 48h,

as placas contendo meio TSA e as de meio SAB por 4 a 7 dias

Após esse período foi realizada a contagem e a avaliação das

características das colônias como, por exemplo, forma, tamanho e cor. A

metodologia de coloração de Gram foi empregada para caracterizar bactérias Gram-

positivas e Gram-negativas. Para a caracterização das espécies bacterianas Gram-

negativas, foi utilizado o sistema Api 20E e, para a caracterização das espécies

bacterianas Gram-positivas, foram realizados os testes de catalase, coagulase,

DNAse, oxidase e hemólise.

Para a identificação dos fungos foram empregadas as características

morfológicas macro e microscópicas, assim como métodos bioquímicos

convencionais.

2.4 Análise estatística dos dados Os dados obtidos foram tratados por meio da análise descritiva da contagem

microbiana dos agentes contidos nas amostras. Além de poder destacar os micro-

organismos isolados com a pesquisa, houve o interesse em observar as possíveis

diferenças estatísticas entre a contagem microbiana observada no ar comparada à

dos livros, verificando se essa comparação foi significativa ou não. Para atender a

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esse objetivo, foi aplicado o teste de Mann-Whitney devido à elevada dispersão dos

dados.

O teste de Mann-Whitney é indicado para comparação de dois grupos

amostrais a fim de verificar possíveis diferenças entre eles quando a dispersão dos

dados analisados é elevada, como no caso da contagem microbiana observada no

estudo (ZAR, 2009).

Todos os testes estatísticos foram aplicados com nível de significância de

5% (p<0,05). O software utilizado para a realização da análise foi o Minitab 17

(Minitab Inc.) e Microsoft Excel (Microsoft®).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1, são apresentados os resultados referentes à ocorrência microbiana no

local estudado, sendo verificadas 84 no ar e 114 nos livros, constatando-se um total

de 198 ocorrências. A percentagem de ocorrência de cada micro-organismo

representada no ar e nos livros foi relativa ao seu respectivo total, cabendo ressaltar

que alguns micro-organismos foram encontrados somente no ar, como Aspergillus

flavus e Colletotrichum gloeosporioides, e outros somente nos livros, como

Staphylococcus aureus, Pseudomonas spp., Pseudomonas aeruginosa, Candida

albicans e Micrococcus spp. (Figura 7). Tabela 1 – Ocorrência dos micro-organismos encontrados no ar e nos livros no estudo

Fonte: A autora (2017).

De forma geral, os livros apresentaram quantidades superiores de diferentes

tipos de micro-organismos, ou seja, a variedade de micro-organismos encontrada

nos livros foi superior em relação à variedade encontrada no ar. Em contrapartida,

apesar de os livros apresentarem maior variedade de micro-organismos

identificados, eles apresentaram menores valores de contagem microbiana, sendo

essa contagem significativamente inferior à contagem observada no ar.

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As figuras 5 e 6 mostram os micro-organismos desenvolvidos nas Placas de

Petri inoculadas com amostras do ar e de livro.

Figura 5 – Placa de Petri inoculada com amostra do ar. Fonte: A autora (2017).

Figura 6 – Placa de Petri inoculada com amostra de livro. Fonte: A autora (2017).

Nos livros, os resultados evidenciaram presença de bactérias dos gêneros

Pseudomonas, Staphylococcus e Micrococcus. Em estudo realizado por Skóra et al.

(2015), foram isoladas 16 estirpes bacterianas dos gêneros Micrococcus,

Staphylococcus e Bacillus, enquanto a composição qualitativa dos fungos variou em

ambientes testados: isolaram-se 24 espécies em arquivos e em bibliotecas. Os

fungos mais comuns foram dos gêneros Aspergillus, Cladosporium, Penicillium e

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Rhizopus. Resultados semelhantes foram obtidos na presente pesquisa que se

caracterizou pelo isolamento dos mesmos gêneros fungicos exceto Cladosporium

(Tabela 1, Figura 7).

De acordo com Gallo (1993), existem mais de 200 espécies de micro-

organismos entre bactérias e fungos que podem atacar os materiais em bibliotecas.

A autora destaca a classe Deuteromycetes, agentes degradantes mais frequentes

para papel, representada por Penicillium spp., Aspergillus spp. e algumas

Dematiaceae, estando os dois primeiros gêneros de fungos de acordo com os

resultados do trabalho.

A presença desses micro-organismos em bibliotecas está relacionada com a

celulose contida no papel dos livros, bem como as proteínas nas ligações de livros

que fornecem um meio de crescimento ideal para várias espécies microbianas. Além

disso, a alta densidade de livros e prateleiras nas bibliotecas pode impedir o fluxo de

ar e permitir que micro-organismos no ar sofram sedimentação e permaneçam na

forma de poeira. O controle desses micro-organismos pode ser particularmente

desafiador, pois eles podem espalhar-se pelo ar e colonizar outras superfícies

(KARBOWSKA-BERENT et al., 2011).

Ribeiro (2013), ao realizar um levantamento bibliográfico internacional

retrospectivo dos tipos de gêneros de fungos detectados em livros de bibliotecas no

período de 1977 a 2012, indicou que os mofos ou bolores se apresentaram

predominantes numa ocorrência de 96,2%, enquanto os leveduriformes tiveram uma

detecção média de 3,8%. Entre os fungos filamentosos mais evidenciados

concomitantes com essa pesquisa estiveram: Aspergillus, Fusarium, Penicillium e a

levedura Candida spp. Comparando-se as porcentagens de tipos de fungos isolados

nos livros investigados, os mofos ou bolores representaram 87,5% e as leveduras

12,5%.

Micheluz et al. (2015) e Montanari et al. (2012) abordam a colonização de

fungos em livros de bibliotecas disponibilizados em estantes metálicas, fechadas,

móveis e deslizantes. Em suas pesquisas, verificaram entre outros micro-organismos

a ocorrência de Aspergillus e Penicillium spp. O fato pode servir de precaução para

a biblioteca objeto deste estudo, por também armazenar parte de seu acervo em

estantes do mesmo tipo daquelas mencionadas pelos autores.

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O estudo de Leite Junior et al. (2012) referente a isolados do gênero

Cryptococcus em bibliotecas da cidade de Cuiabá, no estado de Mato Grosso,

descrito na seção 3, constitui novo alerta para a biblioteca analisada neste trabalho,

por estar localizada em local frequentado por pombos, cujas fezes estão associadas

a C. neofarmans, embora o citado micro-organismo não tenha sido identificado nesta

pesquisa.

Em estudos realizados por Osman et al. (2017) em bibliotecas localizadas no

National Research Center, Dokki, Giza, no Egito, as bibliotecas investigadas diferiam

em idade, design, tamanho, tipo de ventilação e em relação aos parâmetros

microclimáticos e à carga de partículas. Os autores verificaram que os cocos e

bacilos Gram-positivos foram os isolados bacterianos predominantes no ar,

enquanto os bacilos representavam 100% dos isolados totais no pó das superfícies.

Aspergillus e Penicillium foram os gêneros comuns de fungos nas bibliotecas novas

e antigas. Muitos dos fungos isolados realizam atividades enzimáticas (lipase,

protease e celulase), tais como Aspergillus flavus, Curvularia pallescens, Fusarium

oxysporium, Penicillium notatum e Trichoderma. Estes resultados corroboram os

obtidos na presente pesquisa, que evidenciou maior frequência de fungos

filamentosos dos gêneros Aspergillus e Penicillium, seguidos por Fusarium e

Rhizopus (Figura 7 ).

Figura 7 – Número de ocorrência dos diferentes micro-organismos encontrados no ar e nos livros avaliados no estudo.

Fonte: A autora (2017).

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Na Figura 7, pode-se observar o número de ocorrências de cada um dos

micro-organismos avaliados de acordo com os locais estudados.

Os resultados da Tabela 2 indicam que a contagem microbiana do ar foi

significativamente superior à contagem microbiana encontrada nos livros, visto que a

mediana da contagem do ar (8,8.03) foi significativamente superior à mediana da

contagem microbiana dos livros (4,4.102); o valor p no teste estatístico resultou

(p<0,001) inferior ao nível de significância (0,05), evidenciando a probabilidade de se

rejeitar a hipótese nula (FERREIRA; PATINO, 2015).

Tabela 2 – Estatísticas descritivas da contagem microbiana do ar e livros avaliados no estudo.

Local de colheita N* Média±desvio padrão Mediana2 (Mín;Máx)

Ar 20 4,8.105±1,2.106 8,8.103 (5,0.102; 4,7.106)

Livros 72 4,9.105±1,8.106 4,4.102 (1,4.101; 8,9.106)

Valor p1 <0,001 1 Valor p referente ao teste de Mann-Whitney a p<0,05. * N: número de repetições referentes às análises realizadas. Fonte: A autora (2017).

A Figura 8 evidencia os intervalos de confiança da distribuição da contagem

microbiana para o ar e livros avaliados no estudo com suas respectivas medianas,

confirmando a diferença significativa entre a contagem microbiana observada no ar

quando comparada aos livros.

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Médias Medianas

Figura 8 – Intervalos de confiança (95%) para a contagem microbiana as estantes e dos livros

avaliados no estudo. Fonte: A autora (2017).

Pela Figura 9, pode-se visualizar os valores individuais da contagem

microbiana em cada um dos locais avaliados, através da representação de unidades

formadoras de colônias (UFC) em uma escala de zero a 9.000.000 em que o valor

máximo de micro-organismos foi de 8.900.000 em um dos livros avaliados. Mesmo

assim, é possível notar que, nos livros, a contagem microbiana encontrada foi

significativamente inferior à encontrada no ar pela elevada concentração de valores

na faixa próxima ao zero.

livrosar

1 200000

1 000000

800000

600000

400000

200000

0

Cont

agem

mic

robi

ana

p<0,001

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livrosar

9000000

8000000

7000000

6000000

5000000

4000000

3000000

2000000

1000000

0

Cont

agem

mic

robi

ana

Figura 9 – Valores individuais da contagem microbiana do ar e dos livros avaliados no estudo. Fonte: A autora (2017).

A presença de variedades e de número elevados de micro-organismos em

ambientes fechados pode ser atribuído ao seu caráter funcional específico.

Conforme Kalwasińska, Burkowska e Wilk (2012), as bibliotecas constituem

microambientes únicos onde a possibilidade de contaminação do ar com espécies

microbianas que se desenvolvem nos itens de suas dependências é alta. Quando

ocorrem condições microclimáticas favoráveis, os micro-organismos podem infectar

as coleções e iniciar o processo de biodeterioração, sendo possível relacionar esta

afirmativa com o fato ocorrido na biblioteca objeto desta pesquisa, considerando a

situação particular do local investigado.

Scott (2001) esclarece que a circulação natural do ar interage com o ar

próximo da superfície dos materiais, reduzindo a umidade daquele ambiente, o que

pode dificultar o desenvolvimento de esporos de mofo, corroborando Nascimento

(2011) que, em seu trabalho sobre avaliação do ar em ambientes internos, revelou

que baixas trocas de ar entre ambiente interno e externo aumentam a concentração

de poluentes químicos e biológicos. No que diz respeito à aeração da biblioteca

objeto desta pesquisa, embora o prédio receba a ventilação natural, esta pode não

Médias

Medianas

Micro-organismos

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contemplar integralmente o acervo devido à grande concentração de estantes, o que

certamente favoreceu o desenvolvimento de micro-organismos.

O dano ao papel deve-se principalmente a fungos de espécies pertencentes

aos gêneros Aspergillus, Penicilium, Rhizopus, Trichoderma, Alternaria e Mucor,

estando os três primeiros fungos coincidentes com aqueles encontrados neste

estudo. Em menor grau, bactérias heterotróficas representam-se nocivas ao papel

podendo aumentar significativamente sua quantidade quando as coleções de

biblioteca ou arquivo estão úmidas, inundadas, ou quando o processo de secagem

deste tipo de material é muito lento (KALWASIŃSKA; BURKOWSKA; WILK , 2012).

As bactérias isoladas no trabalho ora realizado (Staphylococcus aureus,

Pseudomonas spp., Pseudomonas aeruginosa, Micrococcus spp.) estavam

presentes em 12 dos 24 livros avaliados, sendo o gênero Micrococcus spp. o

responsável pelo maior número de ocorrências.

A exposição dos trabalhadores aos micro-organismos pode ter

consequências adicionais, como infecções e micotoxicoses. As micotoxinas

produzidas por fungos Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. versicolor, Penicillium

chrysogenum, P. expansum, Stachybotrys chartarum, frequentemente isolados de

museus, bibliotecas e instalações de arquivo, são conhecidas por efeitos nocivos

(STRYJAKOWSKA-SEKULSKA et al., 2007; EDUARD, 2009). Outrossim, as

micotoxinas e os compostos microbianos orgânicos voláteis podem constituir fatores

etiológicos na síndrome do edifício doente (SCHWAB; STRAUS, 2004; KORPI;

JÄRNBERG; PASANEN, 2009), uma situação complexa em que os ocupantes

experimentam uma variedade de sintomas e se sentem geralmente indispostos,

recuperando-se apenas quando deixam de frequentar o local (ROSS et al., 2000;

RENN et al., 2001). Assim, deve-se despender atenção para controlar os fatores

ambientais que facilitem o crescimento e a multiplicação de micro-organismos no

ambiente interno das bibliotecas a fim de proteger a saúde dos usuários e dos

trabalhadores (HAYLEEYESUS; MANAYE, 2014).

É evidente que os fungos, devido à alta prevalência em bibliotecas, são,

atualmente, mais preocupantes para a saúde do público em geral em relação aos

patógenos bacterianos. No entanto, pode ser particularmente importante considerar

a prevenção de organismos bacterianos para indivíduos imunocomprometidos.

Dessa forma, procedimentos de higiene adequados, tais como a lavagem das mãos

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antes e após o manuseio dos materiais da biblioteca e o uso de água, em vez de

saliva para molhar os dedos no ato de folhear páginas dos livros, podem ajudar a

mitigar o risco de infecção por esses indivíduos (HEMPEL et al., 2014).

Várias medidas preventivas que podem inibir o crescimento de tais micro-

organismos devem ser implementadas como parte dos procedimentos operacionais

padrão para bibliotecas. Estas incluem o controle de temperatura e umidade, com

condições de armazenamento recomendadas de 18-22oC e 55% ou menos de

umidade (DALAL; BHOWAL; KALBENDE, 2011). A ventilação adequada e a

circulação do ar também são essenciais para se evitar que os esporos fúngicos se

estabeleçam em livros (REIS-MENEZES; GAMBALE; GIUDICE, 2011). Os

empregadores também devem tomar iniciativas para abordar condições higiênicas

insatisfatórias por meio do aumento da frequência de medidas mecânicas de

remoção de poeira, como a aspiração (PINZARI et al., 2004). Para a manutenção e

reparação de livros, recomenda-se que colas vegetais e animais sejam evitadas,

uma vez que estas podem fornecer propriedades de reprodução ideais para vários

micro-organismos (SHAMSIAN et al., 2006).

O Quadro 1 mostra que a grande maioria dos micro-organismos isolados

neste estudo pode causar sérias complicações para a saúde das pessoas expostas

por período prolongado a esses agentes. Entre 13 micro-organismos isolados, 11

são causadores de doenças em seres humanos e 1 em plantas. Neste sentido, cabe

mencionar um Projeto de Lei, elaborado em 2015 e tramitando atualmente (2017)15

na Câmara dos Deputados, com o objetivo de acrescentar um inciso à Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT), atribuindo medida especial de proteção ao trabalho

realizado em arquivos, bibliotecas, museus e centros de documentação e memória

(BRASIL, 2015a, [2017]). Esse projeto vem respaldado na Norma Regulamentadora

NR - 15 - Atividades e operações insalubres, aprovada pela Portaria n. 3.214/1978

do Ministério do Trabalho (BRASIL, 1978).

15 Apresentação do parecer do relator n. 1 da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania

(CCJC), Dep. Expedito Netto (PSD-RO), em 21/11/2017.

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Quadro 1 – Identificação de patologias causadas pelos micro-organismos isolados no local investigado.

BAC

TÉR

IAS

Micro-organismos Doenças

Pseudomonas spp. conjuntivite, dermatite, otite, queimaduras e feridas; pode infectar o trato

urinário e causar infecções sanguíneas (septicemia), abscessos e meningite

Pseudomonas

aeruginosa dermatite, conjuntivite, otite externa/; pode colonizar pulmões de pacientes com fibrose cística constituindo a principal causa morte

Staphylococcus aureus Síndrome do choque tóxico, foliculite, endocardite bacteriana aguda, otite,

Intoxicação alimentar estafilocócica, impetigo, síndrome da pele escaldada, infecções por MRSA (Methicillin-resistant S. aureus)

FUN

GO

S

Aspergillus flavus produz a aflatoxina, micotoxina de propriedades carcinogênicas, podendo

causar a cirrose e câncer hepático

Aspergillus fumigatus aspergilose

Aspergillus niger rinite e asma

Candida albicans candidíase mucocutânea vulvoginal ou oral ‘sapinho’, infecções na pele

Colletotrichum

gloeosporioides doenças em plantas

Fusarium spp. infecções oculares, produz a toxina tricotecenos, que causa cefaleias, calafrios,

náuseas graves, vômito e distúrbios visuais.

Microsporum dermatomicose, tinha, pé de atleta

Penicillium spp. pode causar doenças fatais em pacientes com Aids

Rhizopus spp. infecções pulmonares, infecções oportunistas

Fonte: Dados de Urben (2004 apud ARRUDA, 2016, p. 7), Silva et al. (2006) e Tortora, Funke e Case (2017).

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4 CONCLUSÕES

O estudo mostrou a diferença entre a contagem microbiana do ar quando

comparada com a contagem nos livros, tendo-se encontrado mais micro-organismos

no ar do que nos livros, embora estes tenham apresentado maior variedade de

micro-organismos identificados.

Observou-se que alguns micro-organismos foram encontrados somente no

ar, como Aspergillus flavus e Colletotrichum gloeosporioides, sendo isolados

Staphylococcus aureus, Pseudomonas spp., Pseudomonas aeruginosa, Candida

albicans e Micrococcus spp. somente nos livros.

As bactérias foram isoladas somente nos livros, destacando-se

Staphylococcus aureus, Pseudomonas spp. O ar caracterizou-se pela presença de

fungos filamentosos dos gêneros dos gêneros Aspergillus, Penicillium, Fusarium,

Rhizopus e Microsporum

A pesquisa evidenciou a presença de micro-organismos potencialmente

degradantes de materiais de bibliotecas e patogênicos aos usuários e trabalhadores.

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5 RECOMENDAÇÕES

Como se pode depreender dos resultados deste estudo, ainda que as bibliotecas

sejam locais propícios para desenvolvimento de micro-organismos, a situação

particular do ambiente escolhido para retirada de amostras, que apresentava

vulnerabilidade, certamente comprometeu a microbiota do ambiente, o que pode

servir de alerta para as autoridades competentes elencarem entre as prioridades da

instituição o monitoramento e a manutenção constante das estruturas de suas

unidades.

Na fundamentação teórica, foram mencionados testes com métodos de

controle de micro-organismos em bibliotecas, como Ribeiro e Lubisco (2016), que

relataram e consideraram eficiente a aplicação de neblina quimicamente ativada na

redução de fungos em biblioteca. Gutarowska et al. (2012) pesquisaram a

eliminação de micro-organismos com nanopartículas de prata. Hsu, Lu e Huang

(2015) investigaram a eficácia de dióxido de cloro gasoso (Cl02) na melhoria da

qualidade do ar de uma biblioteca universitária.

Embora todos os métodos tenham obtido resultados satisfatórios, para a

utilização de qualquer prática é necessário considerar diversos aspectos tanto do

método quanto do local, materiais e documentos armazenados a fim de se evitarem

novos infortúnios.

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