27
PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO SOBRE A SUSTENTABILIDADE: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA EM BELO HORIZONTE/MG Cristiamara Giordani Souza e Euziane Rodrigues Dutra 1 Natália Dias Andrade Faria 2 RESUMO Este trabalho tem como finalidade, investigar a percepção dos alunos do curso de Administração sobre a sustentabilidade. O objetivo geral é ter ciência do entendimento sobre o tema, entre os alunos recém-ingressados na Instituição de Ensino Superior (IES) e aqueles que estão na fase de conclusão do curso. O objetivo específico perpassa pela identificação do perfil dos discentes, tal como a questão sustentável é aplicada na vida social e organizacional destes alunos. A metodologia utilizada é a abordagem qualitativa-quantitativa, de natureza aplicada, do tipo descritiva, os procedimentos foram pesquisa de campo/levantamento, a modalidade/instrumento é o questionário e os gráficos empregados como técnica de análise de dados. Considerações apontadas pela amostra: a responsabilidade do desenvolvimento sustentável deve ser compartilhada, a coleta seletiva é tratada como instrumento de sustentabilidade, a reciclagem como fator relevante para a conservação do meio ambiente, o uso racional da água é uma atitude de cunho social e deve haver a prática sustentável no espaço corporativo. PALAVRAS-CHAVE: Instituição de Ensino Superior. Mudança de comportamento. Percepção dos alunos. Sustentabilidade. 1 INTRODUÇÃO A utilização insustentável dos recursos naturais no cenário atual é um fator preocupante, devido ao risco de escassez. A responsabilidade em garantir a sustentabilidade ambiental é de toda a sociedade, sendo necessário adotar ações simples e/ou planejadas de curto a longo prazo, condizentes com as alternativas disponíveis. Cabe a todos os cidadãos, como também aos administradores, atuarem efetivamente, ao gerenciar os recursos naturais e atender à necessidade vigente, para que a tomada de decisão seja cautelosa e proveniente de um planejamento, com o intuito de minimizar os impactos no meio ambiente. O resultado de um comportamento adequado, como fechar a torneira enquanto se 1 Graduandas em Administração do Centro Universitário de Belo Horizonte. E-mails: [email protected] e [email protected] 2 Professora Orientadora. Especialista em Gestão Ambiental e Geoprocessamento. E-mail: [email protected]

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO SOBRE … · aplicada, do tipo descritiva, os procedimentos foram pesquisa de campo/levantamento, a modalidade/instrumento é o

Embed Size (px)

Citation preview

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO SOBRE A SUSTENTABILIDADE: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

SUPERIOR PRIVADA EM BELO HORIZONTE/MG

Cristiamara Giordani Souza e Euziane Rodrigues Dutra 1 Natália Dias Andrade Faria 2

RESUMO

Este trabalho tem como finalidade, investigar a percepção dos alunos do curso de Administração sobre a sustentabilidade. O objetivo geral é ter ciência do entendimento sobre o tema, entre os alunos recém-ingressados na Instituição de Ensino Superior (IES) e aqueles que estão na fase de conclusão do curso. O objetivo específico perpassa pela identificação do perfil dos discentes, tal como a questão sustentável é aplicada na vida social e organizacional destes alunos. A metodologia utilizada é a abordagem qualitativa-quantitativa, de natureza aplicada, do tipo descritiva, os procedimentos foram pesquisa de campo/levantamento, a modalidade/instrumento é o questionário e os gráficos empregados como técnica de análise de dados. Considerações apontadas pela amostra: a responsabilidade do desenvolvimento sustentável deve ser compartilhada, a coleta seletiva é tratada como instrumento de sustentabilidade, a reciclagem como fator relevante para a conservação do meio ambiente, o uso racional da água é uma atitude de cunho social e deve haver a prática sustentável no espaço corporativo. PALAVRAS-CHAVE: Instituição de Ensino Superior. Mudança de comportamento.

Percepção dos alunos. Sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

A utilização insustentável dos recursos naturais no cenário atual é um fator

preocupante, devido ao risco de escassez. A responsabilidade em garantir a sustentabilidade

ambiental é de toda a sociedade, sendo necessário adotar ações simples e/ou planejadas de

curto a longo prazo, condizentes com as alternativas disponíveis.

Cabe a todos os cidadãos, como também aos administradores, atuarem efetivamente,

ao gerenciar os recursos naturais e atender à necessidade vigente, para que a tomada de

decisão seja cautelosa e proveniente de um planejamento, com o intuito de minimizar os

impactos no meio ambiente.

O resultado de um comportamento adequado, como fechar a torneira enquanto se

1 Graduandas em Administração do Centro Universitário de Belo Horizonte. E-mails: [email protected] e [email protected] 2 Professora Orientadora. Especialista em Gestão Ambiental e Geoprocessamento. E-mail: [email protected]

2

escova os dentes e ao lavar a louça da cozinha, apagar as luzes ao sair do cômodo ou reutilizar

a água da lavagem das roupas, ocorre quando a população é bem informada/instruída, visando

à conscientização e orientação para a adoção de boas práticas. Por serem atitudes que estão ao

alcance de todos, é imprescindível para a pesquisa, ter ciência do quanto, como e quando o

corpo discente definido pela amostragem, entende, pratica, defende, apoia, compartilha e é

orientado sobre a questão abordada. O ideal é que os acadêmicos, sociedade civil,

governantes, empresários de pequeno, médio, grande porte e seus respectivos funcionários

exercitem a responsabilidade compartilhada, a partir da sensibilização para a aplicabilidade

imediata de medidas sustentáveis.

Ao se falar em atitude sustentável é relevante a sua associação à reeducação

ambiental, haja vista que o impacto nos recursos naturais pode ser proveniente do consumo

excessivo, da falta de coleta seletiva, uso inadequado da água, poluição do ambiente -

originado principalmente pela emissão de gás carbônico através dos meios de transporte,

ambiente doméstico e industrial.

A partir desta premissa, aliado ao fato dos administradores serem responsáveis por

uma gestão estratégica organizacional, foi realizado um estudo de caso, tendo como pergunta

norteadora: Qual a percepção e o comportamento dos alunos do curso de Administração sobre

a sustentabilidade?

Tem-se como objetivo geral, pesquisar o entendimento do tema sustentabilidade

entre os alunos recém-chegados na comunidade acadêmica e aqueles que estão prestes a se

formar, ou seja, entender como estes interpretam ou a praticam.

Os objetivos específicos são: conhecer características pontuais do perfil dos discentes

do ciclo 1 módulo A (1º período) e ciclo 4 módulo B (8º período) do Centro Universitário de

Belo Horizonte (Unibh), Campus Estoril, curso de Administração nos turnos matutino e

noturno; identificar como a questão sustentável é desenvolvida/aplicada na vida social e

organizacional destes alunos.

Por meio das informações que são reproduzidas pelos educadores da Instituição de

Ensino Superior sobre o assunto, os acadêmicos podem se tornar multiplicadores do

conhecimento, ao compartilha-lo com o meio social em que vivem.

A sustentabilidade é inerente a todos, entretanto é importante para a pesquisa

mensurar o conhecimento e sua aplicabilidade com base nas experiências de vida, tanto

quanto a possível contribuição após os ensinamentos transmitidos pelos educadores do Unibh.

Não obstante, a mídia, os governantes e empresários são considerados formadores de opinião,

3

podem cooperar ao disseminar a situação da escassez hídrica, economia de energia elétrica,

reciclagem dos resíduos, logística reversa, incentivando assim a educação ambiental.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial é fundamentado pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), educação ambiental e sustentabilidade/desenvolvimento na sociedade.

2.1 ENSINO SUPERIOR PELA PERSPECTIVA DA LEI DAS DIRETRIZES E BASES DA

EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB)

As Diretrizes e Bases da Educação Nacional são fundamentadas pela lei nº 9.394 de

20 de dezembro de 1996, que trata da educação, princípios e fins da educação nacional,

direito à educação e do dever de educar, organização da educação nacional, níveis e

modalidades de educação e ensino, profissionais da educação, recursos financeiros,

disposições gerais e transitórias. Aborda a pré-escola/educação infantil, ensinos fundamental,

médio e superior, nas instituições públicas e privadas.

Um dos propósitos da educação é a preparação para o exercício da cidadania. A LDB

prevê que seja assegurada a compreensão do ambiente natural e social na formação básica do

cidadão; o conhecimento do mundo físico e natural deve figurar nos currículos dos ensinos

fundamental/médio e que a educação superior deve desenvolver o entendimento do ser

humano e o meio em que vive.

A Educação Superior, da lei supracitada, aponta algumas finalidades específicas.

Quadro 1: Finalidades da LDB no artigo 43

Inciso I Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do

pensamento reflexivo;

Inciso III

Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e,

desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

Inciso VI

Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e

estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

4

Inciso VII

Promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das

conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e

tecnológica geradas na instituição. Fonte: Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996

De acordo com o artigo 52, “as universidades são instituições pluridisciplinares de

formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão, e de domínio

e cultivo do saber humano [...]”. Sendo uma das características, citada no inciso I, a

“produção intelectual institucionalizada, mediante o estudo sistemático dos temas e problemas

mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional”.

No artigo 10 da resolução nº 2 do Ministério da Educação, que será apresentada mais

adiante, aponta “As instituições de Educação Superior devem promover sua gestão e suas

ações de ensino, pesquisa e extensão orientadas pelos princípios e objetivos da Educação

Ambiental.”

Compreendida através da lei 9.394/1996, um fato social, em Gomes (2011, p. 353),

representa a ideia de que a educação tende a ser o caminho para atingir a modernidade, ao

prevalecer à legitimidade dos valores essenciais ao desenvolvimento de uma sociedade.

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental surge como uma etapa educativa, que conduz ao entendimento

sobre o meio ambiente, consolidada nas diretrizes dos valores éticos e regras, de convívio

social e mercadológico, trazendo benfeitorias e danos advindos da utilização dos recursos

naturais (SORRENTINO, et. al., 2005, p. 288-289).

Para efeito da lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação

ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e dá outras

providências, descreve no artigo 1º:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A resolução nº 2, de 15 de junho de 2012, do Ministério da Educação, Estabelece as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Nos artigos 2 a 6 e 8 é

5

apresentada a importância da mudança individual com vistas ao equilíbrio socioambiental,

diante do atual contexto global em que, a preocupação com determinadas questões, tais como,

alterações climáticas e a degradação da natureza, ratifica a prática social integrada.

A construção de conhecimento, o desenvolvimento de habilidades, atitudes, ética

ambiental, a proteção do meio ambiente natural e valores sociais potencializam a relação dos

seres humanos e destes com a natureza, conduzindo ao efeito coletivo de caráter educativo. A

educação ambiental deve atingir um envolvimento interdisciplinar, contínuo e permanente em

todo contexto de aprendizagem. Conforme Nascimento (2008, p. 60), ela ocorre através do

método formal (escolas) ou informal (campanhas, ações práticas), que possibilita a aquisição

de conhecimentos e habilidades, bem como a adoção de conduta, que se transforma

necessariamente em prática de cidadania (sociedade sustentável).

“A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação

nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do

processo educativo, em caráter formal e não-formal”, artigo 2º da lei nº 9.795/99.

2.3 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO NA SOCIEDADE

O tema sustentabilidade é visivelmente discutido nas esferas sociais, empresariais,

governamentais e acadêmicas. Entretanto, veio à tona com o lançamento do Relatório da

Comissão Brundtland em 1987, também conhecido como Nosso Futuro Comum (TADEU et.

al., 2013, p. 146). A preocupação com o desenvolvimento sustentável, que implica em atender

às necessidades atuais sem comprometer as futuras gerações, é sustentada pelo tripé:

econômico, social e ambiental. O filósofo Comte (apud NARCISO, 2013, p. 13), defendia a

ideia de que “para uma sociedade funcionar corretamente, precisa estar organizada e só assim

alcançaria o progresso. Era preciso retomar o equilíbrio e restabelecer a ordem das ideias e

conhecimentos”.

Os recursos naturais são essenciais à sobrevivência da humanidade, portanto se faz

necessário adotar medidas de contingência para proteger, manter e racioná-los. O ser humano

provocou modificações no ecossistema de forma a atender a crescente demanda por

alimentos, água, fibras e energia. O resultado destas ações enfraqueceu a capacidade da

natureza em prover benefícios, como a purificação do ar, da água e até mesmo evitar desastres

naturais. “O Homem modificou os ecossistemas mais rápida [...], na maioria das vezes para

6

suprir rapidamente a crescente demanda por alimentos, água doce, madeira, fibras e

combustível” (ALMEIDA, 2009, p. 9).

O capital natural é tangível, porém quantificá-lo pode vir a ser um obstáculo, pois

não são estabelecidos os limites da natureza e os fatores de transformação que o indivíduo a

submete, principalmente ao envolver questões sociais e econômicas.

A indústria contribui para o crescimento econômico e social, mas em contrapartida

por fazer uso de recursos naturais, suas atividades podem refletir diretamente nos impactos

ambientais, caso não sejam adotadas estratégias planejadas de cunho sustentável, visando o

desenvolvimento responsável. Segundo Almeida (2009, p. 6), “A tecnologia e o

conhecimento podem reduzir consideravelmente o impacto humano nos ecossistemas.”

Na lei nº 9.795/99, artigo 3°, como parte do aprendizado, todos têm direito à

educação ambiental, incumbindo no inciso V:

Às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente.

A aplicação do desenvolvimento sustentável é demasiadamente abrangente, por

envolver atores adversos como integrantes do processo, competindo a cada um o princípio da

corresponsabilidade, compartilhando a responsabilidade entre o poder público, empresas e

consumidores, diante das questões relacionadas ao tema. Inclusive, foi este princípio que

consolidou a estruturação da política brasileira de resíduos sólidos.

Em Almeida (2009, p. 16), “a tomada de decisão sobre a localização de novas

atividades terá de levar em consideração a viabilidade hídrica, a reciclagem e a eficiência no

uso da água”.

As empresas precisam canalizar diligências para criar medidas em seu processo

produtivo, a fim de colaborar com a redução do consumo de água e seu reuso, tratamento dos

resíduos sólidos e efluentes líquidos, como também o uso racional da energia elétrica. Para

tanto, é necessário investir em tecnologia que exige prazos maiores, ou seja, o resultado não é

de imediato, logo precisa ser planejado. Segundo Almeida (2009, p. 6):

Esforços coordenados de todos os setores governamentais, empresariais e institucionais serão necessários para uma melhor proteção do capital natural. A produtividade dos ecossistemas depende de escolhas corretas no tocante a políticas de investimentos, comércio, subsídios, impostos e regulamentação.

7

Para complementar, ainda no artigo 3° da lei nº 9.795/99, no inciso VI, compete “à

sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e

habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a

identificação e a solução de problemas ambientais”.

Devido aos principais efeitos causados nos ecossistemas, pelas práticas

insustentáveis, em especial a escassez de água e alterações climáticas, a “ação integrada

simples pode gerar melhores condições de vida para a comunidade e garantir o futuro das

próximas gerações” (ALMEIDA, 2009, p. 15).

A sociedade tem como desafio a adaptação comportamental, tendo como base a

reeducação na maneira de utilizar a água, descartar os resíduos, consumir energia, em prol do

coletivo.

A sustentabilidade no desenvolvimento da sociedade, envolve uma cadeia sistêmica

no que tange a utilização dos recursos naturais. A conscientização ambiental é auferida a

partir do esclarecimento e entendimento sobre os recursos, que implica na adaptação do

comportamento humano acerca dos resíduos hídricos/sólidos, como também a utilização da

energia, sendo fatores de suma importância para o ambiente em que se vive.

2.3.1 Recursos Hídricos

“A água ocupa aproximadamente 75% da superfície da Terra [...]”, Libânio (2010, p.

15) e 97% aproximadamente constituem em mares, oceanos e lagos de água salgada, Von

Sperling (2006). Portanto, a água doce disponível pode ser considerada a alternativa mais

acessível para o abastecimento da população, em detrimento da tecnologia utilizada no

processo de dessalinização (LIBÂNIO, 2010, p. 16).

A distribuição da disponibilidade hídrica das Américas é assim representada: do

Norte 34%, Central 6% e do Sul 60%, sendo que 28% é concentrada no Brasil, Von Sperling

(2006). O volume de água consumido pelos brasileiros figura da seguinte forma: doméstico

urbano 27%, indústria 18%, doméstico rural 3%, pecuária 6% e irrigação 46%, Libânio (2010,

p. 18. Sabe-se que a água consumida (potável) é finita, aponta sinais de escassez e essa

situação se mostra cada vez mais presente.

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) colocou em vigor a

campanha “Economizar 30% de água para não faltar, cada gota conta”. Entretanto, conforme

informações do Ministério das Cidades do Governo Federal, em 2013 foram perdidas 37% da

8

água potável, tendo como base uma média nacional, devido às falhas nos canais de

distribuição pelas concessionárias de abastecimento. Diante deste quadro, é necessário adotar

estratégias para reduzir as perdas de água pelo sistema que abastece a população.

A sociedade tem ao seu alcance determinadas posturas, que contribuem de pronto

com o cenário hídrico: eliminar o desperdício, aplicar o uso responsável, reutilizar o recurso e

fazer adequações de forma sustentável.

2.3.2 Resíduos Sólidos (RS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela lei nº 12.305 de

02 de agosto de 2010, traz no art. 3º, inciso XVI a seguinte definição:

Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

De acordo com Barros (2012, p. 20, 35), a tramitação perdurou por 20 anos até ser

sancionada e houve uma ampliação de definição da NBR nº 10.004/04, onde os gases foram

incorporados aos resíduos, visando à importância na fase da destinação final. “O objetivo

primordial de conhecer um resíduo é poder lhe dar um encaminhamento adequado, até sua

disposição final viável em termos econômicos e compatíveis em termos ambientais”

(BARROS, 2012, p. 45).

A questão dos recursos hídricos e resíduos sólidos estão em discursão mundialmente,

mediante o embasamento das causas e suas respectivas consequências, visando à gestão

sustentável e integrada.

O capitalismo gira em torno do acúmulo de riquezas/bens, provocando o consumo

desenfreado e o aumento da produção de resíduos sólidos ganha espaço sobre as políticas

sociais e econômicas, englobando o desenvolvimento, saúde e meio ambiente. Ratifica-se em

Barros (2012, p. 16-17):

Não se pode mais desconsiderar os altos custos e os graves impactos ambientais, de curto e médio e longo prazos, derivados da aceleração do consumo – do inelutável aumento da produção de RS -, e a inexorável necessidade de lhes dar uma destinação ambientalmente correta.

9

Para uma boa qualidade de vida da comunidade, principalmente nas áreas urbanas,

onde a concentração populacional segue aumentando, é imprescindível dar a devida

destinação aos resíduos sólidos, seja através da coleta seletiva, logística reversa, reciclagem e

reutilização. Além das alternativas supracitadas, a própria lei 12.305/2010, aponta também:

compostagem, padrões sustentáveis de produção e consumo, responsabilidade conjunta pelo

ciclo de vida dos produtos, tomadores do serviço público de limpeza urbana e manipulação

dos resíduos sólidos.

Uma gestão integrada de resíduos sólidos canaliza esforços na busca por soluções,

perpassando pela política, economia, meio ambiente, cultura e sociedade, monitorando sob o

ponto de vista social, o desenvolvimento sustentável, abordado no artigo 3º, inciso XI, da lei

2.305/2010. Barros (2012, p. 16) agregou os aspectos éticos e administrativos como

abordagem integrada. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é

descrita no mesmo artigo, inciso XVII como:

Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei.

2.3.3 Energia

A Revolução Industrial otimizou os processos industriais. Como consequência, o

aumento da extração dos recursos naturais, utilização de energia com o objetivo de manter as

máquinas operantes, migração da população rural para as áreas urbanas, acúmulo de resíduos,

ou seja, mudanças que foram transformando a maneira de viver e desta com o meio ambiente.

Baseado em Almeida (2009, p. 23), “O consumo de energia deverá ser incrementado, de

modo significativo, em razão do crescimento econômico, do desenvolvimento urbano de áreas

rurais e de processos migratórios para áreas urbanas”.

O carvão, petróleo e gás são combustíveis fósseis utilizados como fontes básicas de

energia, que sustentam os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Recursos estes,

responsáveis pela alta emissão do dióxido de carbono (CO² - gás carbônico) na atmosfera. Os

gases são causadores do efeito estufa e provocam o aquecimento global, sendo o de maior

impacto na infraestrutura dos serviços ambientais. O impasse existente entre atender à

crescente demanda por energia para fomentar a economia e reduzir a miséria, em

10

contrapartida intensificar o risco do desequilíbrio nos ecossistemas, é explícito e ilustra a

necessidade por melhores escolhas (ALMEIDA, 2009, p. 21-22).

A geração de energia, habitação, transporte e o perfil do consumidor, representam

uma parcela expressiva pela emissão do CO², dentre os principais fatores relacionados ao

aquecimento global. A utilização de veículos, computadores, ar condicionado, aquecedores e

toda a infraestrutura predial movida por energia elétrica, impacta na degradação ambiental

(ALMEIDA, 2009, p. 23).

Baseado em Creder (2011, p. 1), um sistema elétrico possui os seguintes

componentes: geração, transmissão e distribuição. A geração pode ser realizada através da

potência das águas (hidrelétrica) ou dos combustíveis (termoelétrica).

Da energia elétrica consumida no Brasil, 97% advém das hidrelétricas, Dias (2006, p.

70) e para aproveitá-la é necessário ter água em abundância, existência de desnível entre a

casa de máquinas e a barragem (CREDER, 2011, p. 5). O sistema de geração e fornecimento

desta, fica comprometido com a falta de chuvas, consumo inconsciente da energia elétrica,

uso excessivo de água no processo de irrigação, devastação das florestas e nascentes (DIAS,

2006, p. 70).

Afirma-se em Dias (2006, p. 69) “Não se concebe mais a vida moderna sem a

utilização da energia elétrica. Então, seu consumo deve ser responsável e eficiente”.

Conforme Almeida (2009, p. 26):

O papel do consumidor consciente se tornará cada vez mais crucial até 2050. O estilo de vida precisa ser mudado. Decisões como a compra de uma geladeira energeticamente mais eficiente ou o uso do transporte público, em vez de automóvel, dentre tantas outras, terão um forte efeito positivo em todas as outras áreas.

Na tentativa de reverter à postura predatória dos recursos naturais, trazida até então

pela civilização humana, é possível combinar fontes alternativas/renováveis de energia, tais

como a fotovoltaica (solar), eólica (ventos), geotérmica (terra) e célula a combustível.

Compete à sociedade do mundo tripolar (governos, empresas e sociedade civil organizada)

sua capacidade de adaptação e sobrevivência em meio à contemporaneidade.

Para Almeida (2009, p. 32), “fica o desafio para a ciência e os empreendimentos

econômicos: estabelecer, de modo seguro, os limites dessa capacidade de intervenção e

utilização dos ecossistemas”.

11

3 METODOLOGIA

A metodologia é definida como o caminho para ser percorrido na busca por um

determinado objetivo. Pode ser traçada através de métodos científicos, projetos e técnicas de

pesquisa, estrutura e elaboração de relatórios. “É, portanto, a forma, o modo para resolver

problemas e buscar respostas para as necessidades e dúvidas” (MICHEL, 2009, p. 35).

O método adotado quanto à abordagem da pesquisa é o qualitativo-quantitativo

(quali-quanti), sendo este, um importante instrumento de pesquisa social onde quantifica

opiniões, que conduz ao resultado de análise crítica qualitativa. “Isso permite levantar

atitudes, pontos de vista, preferências que as pessoas têm a respeito de determinados assuntos,

fatos de um grupo definido de pessoas” (MICHEL, 2009, p. 39). Tendo em vista a amplitude

para uma atuação sustentável de âmbito social, o foco do estudo é voltado ao corpo discente

de Administração, do Unibh, unidade Estoril, turnos matutino e noturno, nos dois extremos do

curso, primeiro e último módulo. Escolha esta foi proveniente da facilidade de acesso aos

respondentes.

Quanto à natureza, foi utilizada a pesquisa aplicada, que identifica o conhecimento, a

opinião e a conduta dos alunos, envolvendo o interesse e incentivo à sustentabilidade. Em

Michel (2009, p. 44):

A pesquisa aplicada procura transformar o conhecimento puro em elementos, situações destinadas a melhorar a qualidade de vida da humanidade. Implica na ação do homem sobre as descobertas para a criação de produtos, serviços, visando à qualidade de vida na terra.

O objetivo teve como base a pesquisa descritiva, cujos fenômenos do mundo físico e

humano são analisados e interpretados, sem a interferência ou manipulação do pesquisador.

Apresenta como característica, a técnica padronizada da coleta de dados, realizada

principalmente através de questionários e da observação sistemática (ANDRADE, 2010, p.

112).

Os procedimentos selecionados foram a pesquisa de campo e de levantamento. A

pesquisa de campo auxilia a coleta de dados com o intuito de observar o comportamento,

vivências e experiências dos alunos acerca da sustentabilidade, aplicadas no dia a dia. Já a

pesquisa de levantamento, oferece suporte através da interrogação direta aos alunos

selecionados, cujo comportamento sustentável se deseja conhecer, e em seguida, a partir das

12

informações e mediante análise quali-quanti dos resultados obtidos, é possível observar as

conclusões correspondentes aos dados coletados.

No que se refere à técnica de coleta de dados, de acordo com Michel (2009, p. 64),

“sua elaboração e aplicação devem seguir critérios técnicos rigorosos, que não comprometam

a qualidade dos resultados”. Dentre as mais usuais, a modalidade que melhor se encaixa a

pesquisa é o questionário, disposto no apêndice, composto por 20 questões: 18 fechadas e 2

abertas. Elaborado e aplicado pelas autoras da pesquisa, presencialmente nas salas de aula,

entre os dias 19 a 21/08/2015, com perguntas objetivas acerca do perfil dos respondentes e

afirmativas visando facilitar o processo de análise. Inclusive, perfazendo da Escala Likert de

cinco pontos, que oferece as seguintes alternativas de posicionamento: discordo totalmente,

discordo parcialmente, indiferente, concordo parcialmente e concordo totalmente. Conforme

Michel (2009, p. 73), a Escala figura como: Importante instrumento para pesquisa de campo em ciências sociais, na medida em que quantifica opiniões, permitindo que os dados possam ser criticados e analisados tanto quantitativa como qualitativamente. [...] Consiste em apresentar itens em forma de afirmações ou juízos a respeito de uma categoria de análise, sobre a qual se pede às pessoas consultadas que externem sua posição em relação ao conceito posto.

As técnicas de análise dos dados empregadas foram os gráficos e a análise de

conteúdo. Os gráficos ilustram a representação de dados numéricos e resultados coletados,

que permitem evidenciar as relações (ANDRADE, 2010, p. 143), da concepção ambiental dos

discentes do primeiro e último módulo do curso de Administração. A análise de conteúdo é

uma técnica que conduz ao levantamento dos dados coletados e sua proposta para a pesquisa

envolve avaliar o conteúdo das informações prestadas pelos alunos, analisando em maior

profundidade a pertinência das respostas, como também sancionar os dados informados. 4 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA

A proposta da pesquisa foi identificar o entendimento e as ações sustentáveis tanto

dos alunos ingressantes, quanto àqueles que estão na fase final do curso de Administração,

sendo as duas extremidades da graduação.

O tratamento das informações coletadas seguiu a ordem apontada no questionário

que fora aplicado aos discentes, estando subdivididas nas segmentações a seguir:

13

caracterização da empresa, perfil dos pesquisados, responsabilidade sustentável,

comportamento/atitude e entendimento/percepção.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A instituição de ensino foi fundada em 1964, possui cinco unidades, oferece mais de

cinquenta cursos de graduação nas modalidades bacharelado, licenciatura e tecnológica;

dezenas de cursos de pós-graduação lato sensu; projetos de extensão e pesquisa.

4.2 PERFIL DOS PESQUISADOS

A amostragem teve como sustentação o quantitativo de 128 respondentes, sendo 66

discentes do ciclo 1 módulo A e 62 do ciclo 4 módulo B, que representa aproximadamente

76% dos 168 alunos matriculados.

O perfil do público alvo caracteriza-se 69% entre 17 a 25 anos, 27% de 26 a 34 anos,

3% no intervalo de 35 a 43 anos e 1% acima de 43 anos (Gráfico 1). Sendo destes, 79%

residem em Belo Horizonte e 21% na região metropolitana (Gráfico 2).

A amostragem apresenta que 39% dos alunos trabalham em empresa de grande porte,

22% não trabalham, 14% em microempresas e 14% de médio, 8% de pequeno porte e 3% são

autônomos (Gráfico 3). Empresas prestadoras de serviço representam 28% dos empregadores

e este mesmo percentual não se aplica aos segmentos apontados, 24% sendo do comércio,

12% no setor público, 6% da indústria e 2% agronegócio (Gráfico 4). O critério para a

distinção do porte da empresa teve como base a percepção dos alunos (trabalhadores).

14

Para analisar as informações da pesquisa, os respondentes foram avaliados pelos

seguintes quesitos: responsabilidade sustentável, comportamento/atitude e

entendimento/percepção.

4.3 RESPONSABILIDADE SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento sustentável sendo de responsabilidade concomitante das

empresas, governos e sociedade civil é representado por 83% das respostas, 9% a cargo

exclusivo da sociedade, 7% das empresas e 1% da União.

Almeida (2007, p. 56), afirma que o desenvolvimento em questão exige das

dimensões econômica, social e ambiental a capacidade de pensar e operar com

responsabilidade mútua. No setor público, por exemplo, tem sido uma dificuldade visível em

todas as esferas (executivo, legislativo, judiciário) e em todos os níveis (federal, estadual e

municipal), apesar da crescente difusão do conceito de sustentabilidade. Em Dias (2013, p.

489), acrescenta que se deve manter um compromisso dos entes públicos no cumprimento

efetivo e adequação na legislação e das políticas para a educação ambiental. Inclusive, a

afirmação de Almeida (2007), converge com a maioria das respostas dos entrevistados,

conforme o gráfico 5.

15

4.4 COMPORTAMENTO/ATITUDE

Questões foram elaboradas para ter o conhecimento das práticas sustentáveis

utilizadas no cotidiano dos alunos, levando em consideração sua respectiva incidência ou a

falta desta, abordando os comportamentos a seguir: fechar a torneira da pia/chuveiro, apagar

as luzes, reutilização da água e desligar o computador.

A primeira abordagem referencia a frequência com que a torneira da pia é fechada

quando os dentes são escovados ou ao lavar a louça da cozinha.

De acordo com Dias, (2013, p. 528) “Se você fechar a torneira, enquanto escova os

dentes, economizará 20 litros de água tratada!”, neste aspecto, 76% dos discentes sempre

fecham a torneira, 13% às vezes e 11% quase sempre (Gráfico 6).

Ratifica-se em Dias, (2013, p. 319):

[...] pequenas atitudes fazem a diferença. O hábito que temos de deixar a torneira aberta, enquanto não estamos utilizando a água de alguma forma – como quando estamos escovando os dentes, por exemplo – causa um aumento razoável do consumo.

No que tange o lavar a louça da cozinha, 60% dos alunos sempre fecham a torneira,

21% quase sempre, 12% às vezes, 5% não se aplicam a este quesito e 2% nunca o fazem

(Gráfico 7).

16

“Se fechar a torneira, enquanto ensaboa os pratos, economizará 100 litros de água

tratada” (DIAS, 2013, p. 528).

Desligar o chuveiro ao ensaboar, 67% dos respondentes nunca o faz, 14% às vezes,

10% sempre, 7% quase sempre e 2% afirmaram que o processo não se aplica (Gráfico 8).

Conforme Dias (2013, p. 319), tomar banhos prolongados podem gerar a utilização

de 95 a 180 litros de água potável, portanto é necessário adequar o uso dos recursos naturais

com pequenos e importantes hábitos, que beneficiem a todos.

O chuveiro elétrico é uma invenção nacional, utilizado quase que exclusivamente

pelo Brasil e outros países da América Latina (GARDENAL, 2014). Para cada equipamento

instalado, o Brasil tem que investir mais de 8 mil dólares, o que ratifica a indicação para o

desenvolvimento e uso de energias alternativas, bem como a eólica, solar, biomassa e

geotérmica (DIAS, 2013, p. 529).

Apagar a luz ao sair do cômodo, 56% dos alunos sempre adotam esta iniciativa, 32%

quase sempre, 11% às vezes e 1% nunca apaga (Gráfico 9).

Reutilizar a água da lavagem das roupas corresponde a 42% que nunca é colocado

17

em prática, 20% sempre, 19% às vezes, 12% não se aplicam a este item e 7% quase sempre

(Gráfico 10).

O recurso hídrico é tratado com tamanha relevância na atualidade, que para reutilizá-

lo, uma lei foi promulgada em 31 de agosto de 2015, pela Câmera Municipal de Belo

Horizonte, obrigando os novos prédios residenciais, comerciais e industriais reaproveitarem a

água da máquina de lavar, pia e do banho, sendo denominada “água cinza”. Esta água será

reaproveitada na irrigação das plantas, lavagem de carros ou limpeza das áreas/pisos. A

iniciativa prevê uma economia de 40% na conta de água (NASCIMENTO, 2015, p. 2).

Desligar o computador quando não está sendo utilizado, 56% dos discentes sempre

adotam esta prática, 17% quase sempre e também às vezes, 9% nunca e 1% não se aplica a

esta ação (Gráfico 11).

4.5 ENTENDIMENTO/PERCEPÇÃO

Afirmações relacionadas à educação ambiental foram elaboradas para inferir a

percepção e/ou entendimento dos alunos, perfazendo da escala tipo Likert de cinco pontos,

18

abrangendo os segmentos: coleta seletiva, reciclagem, uso das fontes de energia não

renováveis, recurso hídrico, recursos naturais quantitativos, sustentabilidade organizacional,

impacto do consumo no meio ambiente e organizações não governamentais.

Acerca da coleta seletiva, 79% concordam totalmente que seja um instrumento de

sustentabilidade, 17% concordam parcialmente, 3% figuram com indiferença e 1% discorda

totalmente (Gráfico 12).

Os resíduos sólidos que compõem o lixo podem ser compostos por substâncias

nocivas, sendo assim é de suma importância para uma destinação adequada, a separação em

relação ao agrícola, industrial ou urbano, após o uso e descarte (TADEU et. al., 2013, p. 7).

A reciclagem é considerada um fator relevante para a conservação do meio ambiente

por 89% dos alunos, 7% concordam parcialmente, 2% afirmam discordar totalmente e 2%

discordam parcialmente (Gráfico 13).

De acordo com Dias (2013, p. 530), a reciclagem é imprescindível e tem como

exemplos: para cada tonelada de papel que é reciclado, há redução do lixo, evita a emissão de

27 kg de poluição no ar, 17 árvores são preservadas e 26 mil litros de água economizados; a

19

energia extraída de uma garrafa de vidro reciclada é suficiente para conduzir uma lâmpada de

100 watts acesa por 4 horas, já uma lata de alumínio mantêm por 3 horas uma lâmpada de 60

watts em funcionamento; e para fabricar 700 sacos de papel que são consumidos em um curto

intervalo de tempo, é necessário arrancar uma árvore com 15 anos de idade.

Diante da amostragem, 66% concordam totalmente que a diminuição no uso das

fontes de energia não renováveis (petróleo, gás, carvão etc.) é importante para a preservação

do planeta, 28% concordam parcialmente, 4% se mostram indiferentes ao assunto e 2%

discordam parcialmente (Gráfico 14).

Dias (2013, p. 528) relata que as queimadas e os combustíveis fósseis (gás de

cozinha, querosene, óleo diesel, gasolina e outros) são responsáveis por produzir o alto índice

de gás carbônico. O efeito estufa é causado pelo excesso deste gás na atmosfera, que retém o

calor ao invés de propagá-lo para o espaço, ocasionando o degelo das calotas polares, com

impacto na elevação do nível do mar.

A pesquisa aponta, 87% concordam totalmente que o uso racional da água é uma

postura de responsabilidade social, 10% concordam parcialmente, 2% discordam totalmente e

1% discorda parcialmente (Gráfico 15).

20

Em Almeida (2007, p. 43) é relatado pela AEM (Millenium Ecosystem Assessment)

“uma parcela de 5% a 20% da captação de água para uso industrial ou doméstico não é

sustentável no longo prazo, uma vez que a água é obtida por transferência de bacia

hidrográfica e retirada dos lençóis freáticos em quantidades superiores a da reposição

natural”. Em um futuro próximo, o recurso será equivalente ao que o petróleo representa no

presente para a economia global. A disputa pela água se elevará tão quanto o seu custo.

A análise assinala, 53% dos alunos discordam totalmente que os recursos naturais

são infinitos, 30% discordam parcialmente, 7% concordam totalmente, o mesmo percentual

para a concordância parcial e 3% julgam como indiferentes (Gráfico 16).

A sustentabilidade aplicada nas empresas é vista por 82% com relevância, entretanto

14% concordam parcialmente, para 3% são indiferentes e 1% discorda totalmente (Gráfico

17).

As empresas buscam “[...] seguir o próprio perfil e área geográfica de atuação. Isso

inviabiliza um modelo de sinergia que atenderia melhor, com os mesmos recursos, uma

população maior” (ALMEIDA, 2007, p. 108).

21

De acordo com os respondentes, 42% concordam totalmente que o consumo tem

impacto negativo no meio ambiente, 40% concordam de forma parcial, 9% são indiferentes ao

problema, 6% discordam parcialmente e 3% discordam totalmente (Gráfico 18).

Em Tadeu (2013, p. 40, 47), cresceram as necessidades por consumo de serviços e

produtos, como consequência “as trocas atingiram um volume sem precedentes e o descarte e

geração de resíduos também aumentaram na mesma proporção”.

No que se refere à Organização Não Governamental (ONG), como uma alternativa

para efetivação da prática sustentável, 47% concordam parcialmente, 31% concordam

totalmente, 14% optaram por ser indiferentes, 6% responderam que discordam parcialmente e

2% discordam totalmente (Gráfico 19).

Conforme Almeida (2007, p. 109), as “ONGs poderiam ser as gestoras locais,

guiadas por um conselho controlador, com accountability (métrica para prestação de contas)

muito bem definida”.

22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

O problema de pesquisa com ênfase no comportamento e percepção dos alunos

novatos na IES, e àqueles que estão em fase concluinte do curso de Administração, sobre a

sustentabilidade, teve como fundamento a unificação dos itens questionados.

O objetivo geral foi atingido, tendo em vista que a aplicação do questionário

elaborado para a pesquisa possibilitou ter ciência da percepção sustentável, ao abranger um

quantitativo significante da amostragem, aproximadamente 76% dos alunos matriculados.

Através dos objetivos específicos, foi possível coletar informações sobre o perfil dos

alunos, bem como a faixa etária, onde residem e se trabalham, qual o tipo/porte da empresa.

Para o tema central da pesquisa, foi identificado como a sustentabilidade está imersa na vida

diária destes alunos mediante ao resultado obtido nas questões apresentadas. Figuram entre os

principais resultados apontados pela amostra: o desenvolvimento sustentável é de

responsabilidade conjunta das empresas, governo e sociedade; o chuveiro não é desligado ao

ensaboar; a água da lavagem das roupas geralmente não é reutilizada; a coleta seletiva é

considerada como instrumento de sustentabilidade; a reciclagem é um fator relevante para a

conservação do meio ambiente; o uso racional da água é uma atitude de responsabilidade

social, como também considerou que a sustentabilidade deve ser incentivada/aplicada em seu

local de trabalho. É interessante inferir pelas respostas que, a maioria dos respondentes

concordam com o uso racional da água, embora não otimize o recurso ao tomar banho e não

praticam o reuso.

A matéria referida no trabalho permitiu absorver conhecimentos pontuais no que

tange o triple bottom line (ambiental, econômico, social) e a política. As partes interessadas

devem atuar juntas de forma efetiva, em prol de uma comunidade sustentável, ou seja, adotar

medidas ecologicamente corretas e economicamente viáveis. A partir das referências e os

dados expostos, percebe-se a relevância da criação/aprovação de leis através do poder

legislativo, sua consequente aplicação pelo executivo, à fiscalização pontual por parte do

governo, e se for necessário, o judiciário seja acionado para determinar punições face do que

foge as regras estabelecidas. Os administradores têm como responsabilidade corporativa

investir na gestão socioambiental e também assumir seu papel como cidadãos. Por sua vez, a

sociedade deve ser orientada para que possa contribuir com atitudes sustentáveis, conduzindo

a mudanças de comportamento. Postura esta, proveniente de programas preventivos por parte

dos entes envolvidos, em especial, as empresas como modelos a serem seguidos, com foco no

23

coletivo das gerações presentes e futuras. No cenário hídrico, por exemplo, a crise instaurada

é um reflexo da falta de planejamento urbano, verticalização de moradia e falha na

manutenção das redes, que transportam água para a população.

Na fase de análise de dados, foi percebido que os discentes têm certo entendimento

sobre a questão sustentável, contudo não a praticam. Donde é sugerida a criação de projetos

no Unibh, para incentivar a adoção de tais atitudes. O ideal seria tomar como amostragem, os

alunos ingressantes e abordá-los novamente com os mesmos questionamentos, quando

estiverem por formar, após a fundamentação prática. Desta forma, é possível mensurar se o

conhecimento sobre a matéria foi potencializado durante sua permanência no curso de

Administração.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. ________. Responsabilidade social e meio ambiente “Os desafios da sustentabilidade”. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. BARROS, Raphael Tobias de Vasconcelos. Elementos de gestão de resíduos sólidos. Belo Horizonte: Tessitura, 2012. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CONSELHO PLENO. Resolução n. 2, de 15 jun. 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=17810&Itemid=866>. Acesso em: 01 mai. 2015. BRASIL. PLANALTO. Lei n. 9.394, de 20 dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 01 mai. 2015. BRASIL. PLANALTO. Lei n. 9.795, de 27 abr. 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 01 mai. 2015. BRASIL. PLANALTO. Lei n. 12.305, de 02 ago. 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 03 mai. 2015.

24

COPASA. Companhia de Saneamento de Minas Gerais. Economizar 30% de água. Disponível em: <http://www.copasa.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home>. Acesso em 17 mar. 2015. CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2011. DIAS, Genebaldo Freire. Atividades interdisciplinares de educação ambiental. São Paulo: Gaia, 2006. _____. Educação ambiental. Princípios e práticas. 9ª ed. São Paulo: Gaia, 2013. GARDENAL, Isabel. O chuveiro na curva do consumo. Jornal da Unicamp, Campinas, 19 a 25 mai. 2014. Ano 2014. n. 597. Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/ju/597/o-chuveiro-na-curva-do-consumo>. Acesso em: 07 set. 2015. G1 GLOBO. Brasil perde quase 40% da água tratada antes de chegar às torneiras. Disponível em: <http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/01/brasil-perde-quase-40-da-agua-tratada-antes-de-chegar-torneiras.html>. Acesso em: 18 mar. 2015. GOMES, Catarina Barbosa Torres. Ecos da modernidade na lei máxima da educação brasileira: uma interlocução com Émile Durkheim. Filosofia e Educação, Campinas, v. 3, n. 1, p. 352-371, abril/setembro. 2011. Disponível em: <https://www.fe.unicamp.br/revistas/ged/index.php/rfe/article/viewArticle/2266>. Acesso em: 02 mai. 2015. LIBÂNIO, Marcelo. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas: Átomo, 2010. MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa científica em ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. NARCISO, Roseane de Aguiar Lisboa. Sociologia das organizações. Belo Horizonte: Anima Educação, 2013. NASCIMENTO, Luís Felipe. Gestão ambiental e a sustentabilidade. Curso de graduação em Administração à distância. Sistema Universidade Aberta do Brasil. 2008, 190 p. NASCIMENTO, Pedro. Reuso da água vira lei para novas edificações. Metro Jornal, Belo Horizonte. Foco, p. 2. 1º set. 2015. SORRENTINO, Marcos, et. al. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a10v31n2.pdf>. Acesso em: 03 mai. 2015. TADEU, Hugo Ferreira Braga, et. al. Logística reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2013. UNIBH. Disponível em: <http://unibh.br/o-unibh/apresentacao>. Acesso em: 28 set. 2015.

25

VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos – princípios do tratamento biológico das águas residuárias. 3. ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMG, 2006. V. 1.

26

APÊNDICE Prezado(a) aluno(a), somos graduandas do curso de Administração e estamos realizando uma pesquisa

para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), acerca do tema Percepção dos alunos do curso de Administração sobre a sustentabilidade: estudo de caso em uma instituição de ensino superior privada em Belo Horizonte/MG. Contamos com a sua valiosa colaboração em responder o questionário abaixo.

Obrigada!

Cristiamara Giordani Souza e Euziane Rodrigues Dutra

Informamos que não é necessária a sua identificação

Faixa etária

17 a 25 anos 26 a 34 anos 35 a 43 anos Acima de 43 anos

Domicílio

Bairro ___________________________________ Cidade _________________________________

Porte da empresa que trabalha

Microempresa Pequeno Médio Grande Autônomo Não trabalho

Tipo de empresa/setor

Privada: Agronegócio Comercial Industrial Prestação de serviços

Pública Não se aplica

O desenvolvimento sustentável é de responsabilidade

Empresa Governo Federal/Estadual/Municipal Sociedade Todas as anteriores

Considerando o quadro a seguir, marque com que frequência realiza as seguintes atividades:

Com que frequência... Sempre Quase Sempre

Às vezes Nunca Não se

aplica

Fecha a torneira enquanto escovo os dentes

E quando lava a louça da cozinha

Desliga o chuveiro ao ensaboar

Apaga as luzes ao sair do cômodo

Reutiliza a água da lavagem das roupas

Desliga o computador e/ou tela quando não está em uso

27

Diante das afirmações abaixo, marque seu nível de concordância:

Afirmações Discordo totalmente

Discordo parcialmente Indiferente Concordo

parcialmente Concordo totalmente

Considero a coleta seletiva como instrumento de

sustentabilidade

Reciclagem é um fator relevante para a

conservação do meio ambiente

A diminuição no uso das fontes de energia

não renováveis (petróleo, gás, carvão etc.) é importante para

a preservação do planeta

O uso racional da água é uma atitude de

responsabilidade social

Os recursos naturais são infinitos

A sustentabilidade deve ser incentivada/aplicada

em seu local de trabalho

O consumo tem impacto negativo no

meio ambiente

A ONG é uma alternativa para à

efetivação da prática sustentável

Deseja fazer algum comentário sobre o tema?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________