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PERFIL PSICOLÓGICO DE PRESTAÇÃO, ORIENTAÇÕES COGNITIVAS E NEGATIVISMO DO FUTEBOLISTA PORTUGUÊS: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE JOGADORES PROFISSIONAIS E AMADORES Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do Curso do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Treino de Alto Rendimento Desportivo, de acordo com o Decreto de Lei nº 74/2006 de 24 de Março. Orientador: José Vasconcelos Raposo Professor Catedrático da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Luís Manuel de Oliveira Marques de Almeida Porto, Setembro de 2013

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PERFIL PSICOLÓGICO DE PRESTAÇÃO,

ORIENTAÇÕES COGNITIVAS E NEGATIVISMO DO

FUTEBOLISTA PORTUGUÊS: ESTUDO COMPARATIVO

ENTRE JOGADORES PROFISSIONAIS E AMADORES

Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto, no âmbito do Curso do 2º

Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em

Treino de Alto Rendimento Desportivo, de acordo

com o Decreto de Lei nº 74/2006 de 24 de Março.

Orientador: José Vasconcelos Raposo – Professor Catedrático da Universidade

de Trás-os-Montes e Alto Douro

Luís Manuel de Oliveira Marques de Almeida

Porto, Setembro de 2013

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II

Ficha de catalogação

Almeida, L. M. O. M. (2013). Perfil Psicológico de Prestação, Orientações

Cognitivas e Negativismo do Futebolista Português: Estudo Comparativo entre

Jogadores Profissionais e Amadores. Dissertação de Mestrado em Treino de

Alto Rendimento Desportivo apresentada à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, PSICOLOGIA DO DESPORTO, FATORES

PSICOLÓGICOS, RENDIMENTO, PROFISSIONALISMO.

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III

DEDICATÓRIAS

“O sofrimento é a forma suprema de aprendizagem” (Enrique Rojas)

Dedico este trabalho à Inês e ao Arlindo, os meus pais, a quem quase tudo

devo.

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IV

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V

AGRADECIMENTOS

Foram vários os que, direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização deste meu trabalho. Agradeço assim à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto a oportunidade concedida para realizar esta formação. Ao Professor Vasconcelos-Raposo, mais uma vez, pela sua imensa sabedoria, pelo elevado nível de exigência a que já me habituou e ao qual tanto devo, pelo incentivo, entusiamo, paciência e, acima de tudo, pela amabilidade e disponibilidade sempre demonstradas. Muitas mais palavras e páginas seriam necessárias para demonstrar a imensa gratidão que sinto para consigo, Professor. Bem haja. Aos dirigentes, treinadores e, acima de tudo, aos futebolistas, que tornaram possível este trabalho. Ao meu “mano”, José Quadros, e à Liceth Santos, pela amizade e apoio incondicionais.

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VI

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VII

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V

ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII

ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... IX

RESUMO........................................................................................................... XI

ABSTRACT ..................................................................................................... XIII

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................... XV

1 INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ............................ 17

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 23

2.1 FATORES PSICOLÓGICOS DETERMINANTES DO RENDIMENTO DESPORTIVO ..... 24 2.2 AUTOCONFIANÇA ..................................................................................... 28 2.3 NEGATIVISMO .......................................................................................... 29 2.4 ATENÇÃO ................................................................................................ 30 2.5 IMAGÉTICA ............................................................................................... 32 2.6 PENSAMENTOS POSITIVOS ........................................................................ 33 2.7 ATITUDE COMPETITIVA .............................................................................. 34 2.8 MOTIVAÇÃO ............................................................................................. 35

2.8.1 Orientações cognitivas ................................................................... 37 2.9 ESTUDOS REALIZADOS COM O PERFIL PSICOLÓGICO DE PRESTAÇÃO ............ 39

3 OBJECTIVOS E HIPÓTESES .................................................................. 41

4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 43

4.1 AMOSTRA ................................................................................................ 43 4.2 VARIÁVEIS ............................................................................................... 45 4.3 INSTRUMENTOS ........................................................................................ 45

4.3.1 Questionário para dados pessoais ................................................. 45 4.3.2 Perfil Psicológico de Prestação ...................................................... 46 4.3.3 Questionário de Orientação para a Tarefa e Ego no Desporto ...... 47 4.3.4 Escala de Negativismo e Autoconfiança ........................................ 48

4.4 PROCEDIMENTOS ..................................................................................... 49 4.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ....................................................................... 50 4.6 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES ..................................................................... 51

5 RESULTADOS ......................................................................................... 53

5.1 SKILLS PSICOLÓGICOS .............................................................................. 53 5.1.1 Estatuto laboral............................................................................... 53 5.1.2 Idade .............................................................................................. 54 5.1.3 Experiência Competitiva ................................................................. 55

5.2 ORIENTAÇÕES COGNITIVAS ....................................................................... 56 5.2.1 Estatuto laboral............................................................................... 56 5.2.2 Idade .............................................................................................. 56 5.2.3 Experiência competitiva .................................................................. 57

5.3 NEGATIVISMO E AUTOCONFIANÇA .............................................................. 58 5.3.1 Estatuto laboral............................................................................... 58

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VIII

5.3.2 Idade .............................................................................................. 59 5.3.3 Experiência competitiva .................................................................. 59

5.4 RESUMO DOS RESULTADOS ....................................................................... 60

6 DISCUSSÃO DE RESULTADOS ............................................................. 63

6.1 SKILLS PSICOLÓGICOS .............................................................................. 63 6.2 ORIENTAÇÕES COGNITIVAS ....................................................................... 73 6.3 NEGATIVISMO E AUTOCONFIANÇA .............................................................. 77

7 CONCLUSÕES ......................................................................................... 81

7.1 REFLEXÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 82

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 85

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IX

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - caracterização da amostra em função idade (grupos etários) ........ 44

Quadro 2 - caracterização da amostra em função do estatuto laboral ............. 44

Quadro 3 - caracterização da amostra em função da experiência competitiva 45

Quadro 4 - itens utilizados para o cálculo de cada skill psicológico do PPP .... 46

Quadro 5 - correspondência entre valores e o seu significado no PPP ........... 47

Quadro 6 - itens utilizados para o cálculo das duas escalas do TEOSQ ......... 48

Quadro 7 - itens utilizados para o cálculo das duas escalas do ENAC ............ 49

Quadro 8 - comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função do estatuto laboral ................................................................................................. 53

Quadro 9 - comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função da idade ................................................................................................................ 54

Quadro 10 - comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função da experiência competitiva .................................................................................... 55

Quadro 11 - comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função do estatuto laboral ............................................................................................ 56

Quadro 12 - comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função da idade ........................................................................................................... 57

Quadro 13 - comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função da experiência competitiva ............................................................................... 57

Quadro 14 - comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função estatuto laboral ............................................................................... 58

Quadro 15 - comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função da idade .......................................................................................... 59

Quadro 16 - comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função da experiência competitiva ............................................................. 60

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X

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XI

RESUMO

Objetivou-se caracterizar e comparar futebolistas de diferentes estatutos

laborais, idades e experiências competitivas quanto aos skills psicológicos, às

orientações cognitivas, à autoconfiança e ao negativismo. Participaram 379

futebolistas portugueses do sexo masculino, com idades entre os 18 e os 36

anos. Utilizaram-se o PPP (Perfil Psicológico de Prestação), o TEOSQ (Task

and Ego Orientation in Sport Questionnaire) e a ENAC (Escala de Negativismo

e Autoconfiança). A metodologia foi dos tipos correlacional, pela intenção de

relacionar variáveis e apreciar interações entre si, e diferencial, por contemplar

as diferenças entre grupos ou condições para a análise das relações entre as

variáveis. Os resultados sugerem que os jogadores de futebol portugueses se

preparam mentalmente para a competição, embora não o façam de forma

sistemática. Os futebolistas profissionais apresentam skills psicológicos mais

desenvolvidos que os amadores, encontrando-se diferenças significativas no

controlo do negativismo, na atenção, na motivação e na atitude competitiva.

Têm médias mais altas na orientação para a tarefa e mais baixas na orientação

para o ego, não se constatando diferenças significativas ao nível do estatuto

laboral. Os profissionais revelam índices mais baixos e mais altos,

respetivamente, no negativismo e na autoconfiança aferidos pela ENAC,

evidenciando diferenças significativas no negativismo. A idade e a experiência

competitiva influenciam o desenvolvimento dos skills psicológicos, das

orientações cognitivas, da autoconfiança e do negativismo, embora, por si só,

não garantam um nível excelente de preparação mental. Conclui-se que o

autocontrolo emocional se poderá constituir como fator determinante do

rendimento desportivo face às especificidades e exigências dos contextos

sociocultural e económico-financeiro que caracterizam o futebol profissional

como indústria. A prática profissional e o compromisso do ponto de vista laboral

que lhe é inerente parecem promover a robustez mental dos jogadores.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, PSICOLOGIA DO DESPORTO, FATORES

PSICOLÓGICOS, RENDIMENTO, PROFISSIONALISMO.

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XIII

ABSTRACT

The aim was to characterize and compare football players of various statutes,

ages and competitive experiences, in what respects to psychological skills,

cognitive guidance, self-confidence and negativism. 379 Portuguese male

football players participated, with ages between 18 and 36. The PPP

(Psychological Performance Inventory), the TEOSQ (Task and Ego Orientation

in Sport Questionnaire) and ENAC (Scale of Negativism and Self Confidence)

were used. The methodology was from the correlational type, for the intention to

relate variables and appreciate interactions between them, and differential type,

for contemplating the differences between groups or conditions for the analysis

of relationships between variables. The results suggest that Portuguese players

prepare themselves mentally for the competition, although they do not do it

frequently. The professional football players present more developed

psychological skills than amateur players, with significant differences being

found in the control of negativism, in the attention, in the motivation and in the

competitive attitude. They have high averages in the orientation for the task and

lower averages in the orientation for the ego, with no significant differences

being found at the level of employment status. Professional players have lower

indices and higher indices, respectively, in negativism and self-confidence

assessed by ENAC, showing significant differences in negativism. Both the age

and the competitive experience influence the development of psychological

skills, cognitive guidance, self-confidence and negativism, although they do not

ensure an excellent level of mental preparation by themselves. It is concluded

that emotional self-control may constitute a determinant factor for sports

performance given the specificities and demands of the socio-cultural and

economic contexts that characterize the professional football as an industry.

The professional practice and the commitment from a labor status viewpoint

inherent to it seem to promote the mental strength of the players.

KEYWORDS: FOOTBAL, SPORTS PSYCHOLOGY, PSYCHOLOGICAL

FACTORS, PERFORMANCE, PROFESSIONALISM.

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XIV

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XV

LISTA DE ABREVIATURAS

CSAI Competitive State Anxiety Inventory

DP Desvio padrão

ENAC Escala de Negativismo e Autoconfiança

F Razão F

M Média

PPP Perfil Psicológico de Prestação

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

TEOSQ Task and Ego Orientation in Sport Questionaire

η2 Partial eta-squared

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

17

1 INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O futebol profissional atual, ao reger-se pelos princípios da

competitividade, do rendimento e da eficácia, personifica, na perfeição, os

paradigmas produtivista e consumista da cultura industrial de hoje. Constitui-se,

numa abordagem maussiana, como um facto social total, um fenómeno

complexo no qual as instituições sociais se exprimem e o todo social pode ser

observado (Costa, 1997). É uma área comercial, uma indústria, que tem vindo

a assumir importância e protagonismo crescentes na sociedade

contemporânea, não só porque movimenta inesgotáveis recursos humanos,

materiais e financeiros, mas também porque se tem vindo a evidenciar como

um fenómeno global e globalizante, com um número exponencialmente

crescente de praticantes, adeptos e consumidores despertando, cada vez mais,

a atenção da comunicação social, especialmente da televisão. Deixou de ser

apenas um jogo para se tornar num campo onde se disputam interesses

desportivos, económicos, financeiros, sociais e, por vezes, políticos. Como

argumenta Santos (2004), o futebol largou a sua dimensão de desporto, na sua

aceção antropológica, para se converter numa mercadoria subordinada às

regras do mercado, da oferta e da procura.

As dimensões sociocultural e económico-financeira do fenómeno

futebolístico de hoje, das quais tem resultado a emergência de inúmeros

clubes-empresa, cuja sobrevivência, interesses e visibilidade dependem do

sucesso desportivo das suas equipas, exigem mais que nunca, à imagem dos

contextos empresarial e industrial, consistência e excelência no rendimento,

produtividade e resultados obtidos, tudo isto durante os 11 meses que

compõem a tradicional época desportiva. Esta envolvência atingiu uma

dimensão tal que transcende a mera prática e performance daqueles que

deveriam ser os principais atores do espetáculo, os jogadores. A profundidade

do futebol profissional contemporâneo é tão grande que tudo o que se passa

no jogo e todos os seus intervenientes são analisados ao pormenor (Joyce,

2002). Trata-se de um contexto extremamente exigente, nivelado e seletivo,

profundamente marcado pela competitividade, em que o que conta é a

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

18

produtividade, a eficiência e o resultado. Não há lugar para os derrotados.

Costa (1997) lembra que já os romanos usavam uma expressão que ainda hoje

personifica a sociedade em que vivemos: “ai dos vencidos”. A história só fala

dos pequenos quando eles se encontram com ela na qualidade de vencedores.

Trata-se assim de um contexto que requer um estudo constante dos fatores

que influenciam a performance desportiva, visando não só a identificação das

variáveis que a determinam, mas também das que permitem diferenciar os

futebolistas de sucesso dos outros, numa demanda incessante pela

maximização do rendimento.

É consensual o reconhecimento da multidimensionalidade do rendimento

desportivo por serem vários os fatores que o determinam (Barreiros, Silva,

Freitas, Duarte, & Fonseca, 2011; Garganta, Marques, & Maia, 2002). A

otimização da performance e a procura da excelência têm recebido, ao longo

dos tempos, o contributo de um conjunto variado de ciências do desporto.

Contudo, a fisiologia, a biomecânica, a medicina, entre outras áreas, estão de

tal forma desenvolvidas e “espremidas” que o seu contributo para a melhoria do

rendimento desportivo já não é tão diferenciador como o foi no passado. As

próprias dimensões física e técnica ao nível dos jogos desportivos coletivos,

muitas vezes sustentadas em abordagens castradoras porque encaradas

isoladamente da componente globalizante – a tática -, estão de tal forma

exploradas que é de facto o “psicológico” aquele que cada vez mais faz a

diferença. Esta realidade é mais evidente no contexto de equipas de futebol de

alto rendimento, em que a filosofia de vitória (jogar sempre para ganhar) está

sempre presente. Nem sempre as de maior sucesso são as que contam com

os jogadores mais habilidosos, os que correm ou treinam “mais metros” ou, até,

as que têm os modelos de jogo mais desenvolvidos ou consolidados (Almeida,

2010).

Fonseca (2004) sustenta que, no futebol, os fatores psicológicos são os

que mais vezes são apontados como justificação do desempenho desportivo,

especialmente quando este fica aquém do desejado. Segundo aquele autor e

Almeida (2010), da análise das declarações de jogadores, treinadores,

dirigentes ou mesmo adeptos, resulta a perceção de que poucas vezes os

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

19

resultados ou níveis de rendimento no futebol são determinados por aspetos

físicos, técnicos e até táticos. Na verdade, não existe uma única jornada, ou

mesmo um único jogo, em que não sejam evocadas razões ou variáveis de

natureza psicológica para procurar predizer, interpretar ou justificar resultados

e desempenhos (Fonseca, 2004). Há, sem dúvida, um reconhecimento do

papel exercido pelos fatores psicológicos no rendimento desportivo no futebol,

tanto o dos atletas como o das suas equipas.

No contexto da investigação, tem sido inquestionável o reconhecimento

da importância que os fatores e as competências psicológicas têm no

rendimento desportivo, podendo, inclusive, constituir-se como elementos

diferenciadores entre atletas de sucesso e os outros, de menor sucesso

(Coelho, 2007; Cruz, 1996a; Dias, Cruz, & Fonseca, 2009; Gomes & Cruz,

2001; Loehr, 1986; Sigh & Kumar, 2011; Vasconcelos-Raposo, 1993). Também

que a psicologia do desporto pode ter um papel muito importante na melhoria

da performance desportiva (Fonseca, 2001; Vasconcelos-Raposo & Aranha,

2000).

Vasconcelos-Raposo (1993) sustenta que a psicologia é a área onde se

podem obter ganhos mais significativos, já que ela permite o desenvolvimento

das capacidades humanas até níveis ainda desconhecidos. Sublinha ainda que

quanto mais elevado é o nível competitivo maior é a importância que dimensão

psicológica assume.

Contudo, no que se refere ao “estado da arte”, se por um lado existem

numerosas investigações no âmbito da influência que os fatores psicológicos

têm no rendimento em desportos individuais, por outro lado, no contexto dos

desportos coletivos, nomeadamente no futebol, e concretamente em Portugal,

os trabalhos realizados são muito poucos. De facto, apesar de unanimemente

reconhecida a necessidade da integração da preparação psicológica no

quotidiano das equipas e seus futebolistas, a verdade é que a realidade da

psicologia do desporto aplicada ao futebol, tanto no campo da investigação

como no “terreno”, está muito abaixo do desejável (Almeida, 2005; Coetzee,

Grobbelaar, & Gird, 2006; Fonseca, 1997, 2004).

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

20

Da análise da evolução do processo de treino desportivo no futebol,

resulta a perceção de que existe uma clara assimetria quanto ao valor atribuído

às distintas componentes do rendimento. A componente psicológica, na opinião

de Fonseca (2004) e de Barreiros et al. (2011) ainda não é suficientemente

valorizada, situação que se repercute ao nível do treino das equipas

profissionais. Sem dúvida que o reconhecimento da relevância dos aspetos

psicológicos no sucesso desportivo ainda não tem correspondente expressão

na importância do papel que o psicólogo do desporto pode desempenhar no

“terreno”. De facto, no que concerne ao Futebol, ainda se está a dar os

primeiros passos ao nível da aplicação dos conhecimentos da psicologia,

sendo evidente a falta de especialistas neste sector a colaborar com as

equipas técnicas, particularmente no que se refere às que competem ao mais

elevado nível (Barreiros et al., 2011; Fonseca, 1997).

Ao contrário do que acontece com a componente fisiológica do

rendimento, poucos têm sido os estudos sobre a influência das competências

psicológicas na performance de futebolistas, isto apesar de o futebol ser a

modalidade mais popular e praticada do planeta (Coetzee et al, 2006). Em

Portugal o panorama não é diferente. Assim, para que os objetivos da

psicologia do desporto, neste contexto aplicada ao futebol, sejam atingidos, é

necessário aumentar o número de investigações que objetivem o estudo dos

processos psicológicos que envolvem e influenciam o desempenho desportivo

dos jogadores e suas equipas.

As pressões sociais, culturais e económico-financeiras que envolvem o

futebol, a par das especificidades e evoluções do próprio jogo, com

intensidades e densidades cada vez mais elevadas, onde o tempo para os

processos de tomada de decisão são cada vez mais reduzidos, exigem cada

vez mais futebolistas mentalmente robustos e determinados. Trata-se de um

universo pautado por crescentes níveis de exigência e pressão, onde o

pormenor faz a diferença e o erro se pode pagar muito caro, não havendo lugar

para qualquer tipo de amadorismo. Assim, a dedicação em exclusividade e,

acima de tudo, um elevado compromisso dos atletas em relação à sua

atividade profissional, entidades patronais, patrocinadores e outros agentes,

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

21

parecem constituir-se, simultaneamente, como necessidade e exigência tendo

em vista a sobrevivência e o sucesso no atual futebol de alta competição,

especialmente quando se almeja o rendimento superior.

Face à comprovada influência da componente psicológica sobre o

rendimento desportivo no futebol e ao contexto sociocultural e económico-

financeiro que o envolvem, o problema a que pretendemos atender neste

trabalho, traduz-se, genericamente, na seguinte questão: de que forma a

prática profissional do jogador de futebol influencia o desenvolvimento das suas

competências psicológicas?

O estudo, por um lado, das características, fatores e competências

psicológicas relevantes para o desempenho no futebol de alta competição, e,

por outro, do impacto que esta modalidade, enquanto fenómeno social total e

indústria, tem na multidimensionalidade do rendimento desportivo individual e

coletivo no futebol profissional, considera-se pertinente dado que permitirá o

acesso a dados preciosos para a melhoria do processo de treino e potenciação

dos desempenhos individual e coletivo em competição. O caso do futebol de

alta competição, nomeadamente o de alto rendimento, pelas suas

especificidades e exigências ao nível dos seus processos físicos, tático-

técnicos e psicológicos, por um lado, e envolvências socioculturais e

económico-financeiras, por outro, requerem da psicologia do desporto uma

intervenção contextualizada e de carácter aplicado, numa abordagem eco-

antropológica que contemple a interação futebolista-equipa-contexto.

Os propósitos da presente investigação, realizada no âmbito da psicologia

do desporto aplicada ao futebol e à luz das propostas de Loehr (1986) e

Vasconcelos-Raposo (1993), são, para além da caracterização do perfil

psicológico de prestação do futebolista português, tanto profissional como

amador, a identificação das variáveis psicológicas que diferenciam praticantes

enquadrados naqueles estatutos laborais. A contemplação desta variável

constitui-se como uma abordagem inovadora no panorama da investigação

nacional realizada no contexto não só da psicologia do desporto em geral, mas

também no que toca à sua aplicação ao futebol. Por outro lado, a existência de

uma realidade e de um contexto de realização, como é o caso do futebol, com

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INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

22

as suas exigências e especificidades, exige que neste trabalho se contemple

também a análise da relação atleta-meio, nomeadamente a forma como o

atleta interpreta esse meio, a relação que tem com ele e a maneira como todos

estes aspetos influenciam os seus comportamentos. Acrescentamos assim, à

presente investigação, o estudo das orientações motivacionais e do

negativismo, denominado no contexto clínico de ansiedade.

O presente trabalho está estruturado por capítulos. Assim, à descrição e

delimitação da área em que se insere o problema, não esquecendo os

propósitos e pertinência da presente investigação, segue-se a revisão da

literatura, na qual é realizada um enquadramento teórico da abordagem

adotada. No capítulo da metodologia são descritas a amostra, as variáveis e

instrumentos utilizados, os procedimentos para a elaboração do trabalho e as

dificuldades e limitações do estudo. De seguida, são expostos os resultados

obtidos na pesquisa, posteriormente discutidos com base na revisão da

literatura anteriormente efetuada. A concluir, antes das referências

bibliográficas, são apresentadas as principais conclusões, além de algumas

reflexões sobre as temáticas abordadas.

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REVISÃO DA LITERATURA

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Na atualidade, o futebol de alto rendimento, concretamente o de cariz

profissional, e os contextos sociocultural e económico-financeiro que o

envolvem, exigem dos jogadores níveis de desempenho nunca antes vistos. A

procura incessante de prestações de alto rendimento e da sua manifestação de

forma consistente, sem as quais não é possível alcançar-se e manter-se o

sucesso, requerem dos atletas uma capacidade de superação na procura da

otimização do rendimento.

A sociedade contemporânea valoriza cada vez mais o sucesso, a

ascensão e a vitória. O que leva um atleta a ultrapassar barreiras é um

conjunto de fatores técnicos, físicos, materiais e psicológicos que, quando bem

trabalhados, ampliam muito os seus limites (Silva & Rubio, 2003). É cada vez

mais importante auxiliar cada atleta na identificação e caracterização dos

fatores que tendem a facilitar ou a dificultar o aparecimento e a manutenção do

próprio estado ótimo para o desempenho desportivo. Alves (2004) acrescenta

que os desportistas devem ser sujeitos a uma prática sistemática de treino nas

diferentes facetas do rendimento desportivo, nomeadamente na psicológica, de

forma a obterem uma adaptação ótima às exigências da modalidade e da

competição.

Segundo Cruz (1996a) e Gomes e Cruz (2001), uma grande quantidade

de literatura no âmbito da Psicologia do desporto tem procurado identificar e

analisar, nos últimos tempos, as características, competências e processos

psicológicos implicados ou subjacentes ao rendimento e ao sucesso

desportivo. A investigação realizada tem gerado um corpo próprio de

conhecimentos, proporcionando a emergência de novos modelos teóricos,

técnicas, estratégias e instrumentos que, por procurarem compreender a

especificidade dos contextos desportivos e da dimensão psicológica dos

sujeitos e grupos que o integram, identificam e definem um espaço próprio de

intervenção (Pacheco, 2003). Contudo, para que esta evolução continue, é

necessário continuar a estudar os fatores psicológicos específicos,

frequentemente resultantes de contextos igualmente específicos, assim como

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questionar as teorias relevantes do alto rendimento desportivo com o objetivo

de se melhor compreender os processos psicológicos que contribuem para a

performance de excelência.

Tendo em consideração o problema equacionado, será apresentada de

seguida uma revisão da literatura no âmbito dos constructos e das variáveis

psicológicas consideradas como determinantes e influentes do rendimento

desportivo.

2.1 Fatores psicológicos determinantes do rendimento

desportivo

As primeiras abordagens neste âmbito partiram da contemplação da

personalidade dos atletas, procurando saber-se se as diferenças entre atletas

com níveis de rendimento diferenciados se deviam às variabilidades individuais

no campo da personalidade. Os resultados não permitiram encontrar "perfis" na

"maneira de ser" que justificassem as diferenças de rendimento (Gomes &

Cruz, 2001). Assim sendo, os investigadores procuraram encontrar outras

justificações, fora do contexto da personalidade, numa área mais focalizada na

análise dos processos e fatores cognitivos envolvidos no rendimento dos

atletas. Ou seja, para além das características psicológicas que diferenciam os

desportistas entre si, passou a analisar-se o modo como eles percebem e

avaliam, do ponto de vista cognitivo, as competições (Gomes & Cruz, 2001). A

existência de um determinado contexto desportivo, com as suas

especificidades e exigências, implica que se considere a relação atleta-meio,

nomeadamente a forma como o atleta interpreta esse meio, a relação que tem

com ele e de que forma todos estes aspetos influenciam o seu comportamento.

Ao longo das últimas décadas, algumas abordagens concentraram-se não

apenas no estudo dos fatores e competências psicológicas que distinguem

futebolistas de diferentes níveis competitivos e rendimento e nos efeitos e

benefícios do treino mental, mas também nos processos sociopsicológicos que

envolvem e influenciam o seu desempenho desportivo.

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Corrêa, Alchieri, Duarte e Strey (2002) identificaram a motivação, a

confiança, a preparação mental e o momento psicológico no decorrer da

partida como sendo considerados, por jogadores, ex-jogadores, treinadores e

preparadores físicos, importantes para a performance desportiva no futebol.

Coetzee et al. (2006), num estudo com 36 futebolistas, identificaram a

preparação mental, a concentração, a capacidade de lidar com a pressão, a

formulação de objetivos, a motivação para a realização e o controlo da ativação

como fatores diferenciadores das equipas de sucesso. Verificaram ainda que

os jogadores mais bem-sucedidos revelavam superiores índices de

concentração, treinabilidade e preparação mental comparativamente aos seus

colegas de menor sucesso.

Num trabalho também realizado no contexto do futebol, Pain e Harwood

(2008) apresentaram um conjunto de variáveis sinalizadas por atletas,

treinadores, fisioterapeutas, médicos e fisiologistas, como sendo

influenciadoras dos desempenhos individual e coletivo nesta modalidade.

Esses fatores foram o suporte positivo da família e dos amigos, a existência de

rotinas pré-competitivas, a formulação clara de objetivos individuais e coletivos,

a compreensão do papel a desempenhar, a existência de uma liderança

positiva, forte coesão e compromisso coletivo, uma boa relação treinador-

equipa, forte resiliência de equipa, bons feedbacks por parte dos treinadores,

análise de jogos em vídeo, saber o que se espera da equipa adversária,

atuação clara e de forma simples por parte do treinador, boa recuperação

física, disponibilidade das equipas médicas e uma boa preparação física e

mental.

Sublinhando a necessidade da existência de uma psicologia do desporto

aplicada ao futebol, concretamente no âmbito tático-técnico, apontamos o

trabalho de Thelwell, Greenlees e Weston (2006). Estes autores viram

reconhecidos por parte de futebolistas os benefícios sobre o seu rendimento de

uma intervenção psicológica específica sobre atletas da posição médio-centro,

através de práticas de relaxamento, imagética e self-talk.

Num estudo de Thelwell, Greenlees e Weston (2010), os resultados de

uma intervenção, que incluiu self-talk, relaxamento e imagética, sobre algumas

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habilidades psicológicas específicas de futebolistas, revelaram efeitos positivos

sobre alguns aspetos do desempenho. Os atletas melhoraram a qualidade e

eficácia do passe, o primeiro toque e a capacidade de confronto na segunda

parte dos jogos. Os dados forneceram algumas evidências de que as

competências psicológicas podem afetar o desempenho de diferentes maneiras

ao longo do jogo.

Após a concretização de uma planificação de dezanove semanas de

preparação psicológica com base em rotinas pré-competitivas, com recorrência

a técnicas de música assíncrona e imagética, Pain, Harwood e Anderson

(2011) constataram um impacto positivo não só ao nível do flow mas também

da performance desportiva dos futebolistas intervencionados.

Johnson, Ekengren e Andersen (2005) realizaram uma intervenção com

futebolistas antecipadamente identificados como tendo elevado risco de se

lesionarem no futuro. Este trabalho evidenciou a potencialidade da psicologia

do desporto ao nível da prevenção de lesões, dado que dele resultou uma

redução significativa destas no grupo alvo. Neste âmbito, Ivarsson, Johnson e

Podlog (2013) sublinham a necessidade de atletas, treinadores e médicos

recorrerem a técnicas proactivas de gestão de stress tendo em vista a redução

do risco de lesões em futebolistas. Zafra et al. (2006) defendem que os

jogadores que possuem melhores recursos psicológicos tendem a lesionar-se

menos.

Vasconcelos-Raposo (1993) refere que o treino mental visa maximizar o

uso pleno das capacidades humanas dos atletas, fazendo com que sejam

minimizados, e de preferência neutralizados, os elementos prejudiciais ao seu

rendimento. González e Garcés de los Fayos (2009) e Olmedilla, Ortega,

Andreu e Ortín (2010) acrescentam que o treino psicológico se deve constituir

numa prática habitual, em que deverão ser contempladas, além das

competências psicológicas, estratégias de afrontamento, incidindo-se na sua

aprendizagem e no seu uso, não esquecendo ainda os processos de reflexão e

tomada de decisão, tanto a nível individual, com cada atleta, como a nível

coletivo, no seio da equipa.

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O modelo teórico que sustenta o presente trabalho tem por base a linha

de investigação proposta por Loehr (1986) e Vasconcelos-Raposo (1993). O

primeiro autor faz referência ao conceito de robustez mental, definindo-a como

a capacidade de sustentar, de forma consistente e face a todas as

adversidades, um estado ideal de performance durante a competição. Para

este autor, a consistência da performance resulta da consistência psicológica,

constituindo-se o controlo psicológico como um pré-requisito fundamental para

o controlo da performance. Assim sendo, estabelecer e manter um clima

interno estável durante a competição é um dos fatores mais importantes no

sucesso desportivo.

O modelo de Loehr (1986) tem como base a aplicação do instrumento

PPP (Perfil Psicológico de Prestação), o qual contempla o estudo dos skills

psicológicos autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, visualização,

motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva. Segundo esta

abordagem, os atletas que melhor controlam estas competências atingem uma

maior consistência nas suas prestações. Também que desportistas de igual

nível competitivo apresentam um perfil psicológico idêntico, devendo os valores

mais elevados ser obtidos pelos atletas de nível de prestação desportiva

superior. Contudo, na atualidade, apesar do reconhecimento da importância do

treino psicológico na preparação para a competição por parte de atletas e

treinadores, a verdade é que na prática ele raramente é contemplado. Entre

outras razões, porque existe a crença errada, segundo Loehr (1986), de que os

skills psicológicos são inatos. Para este autor, estas competências são

aprendidas, não inatas, sendo necessário treino para o seu desenvolvimento.

Ao estudar o processo que determinou o desenvolvimento dos perfis

psico-socioculturais dos atletas olímpicos portugueses que se apresentaram

nos Jogos Olímpicos de 1992, Vasconcelos-Raposo (1993) desenvolveu um

modelo sustentado nas teorias de Loehr (1986) e de Hemery (1986). Este

último argumenta que os domínios sociocultural, físico, mental e moral,

influenciam e determinam os comportamentos dos indivíduos e as suas

prestações desportivas. Vasconcelos-Raposo (1993) concluiu que entre os

fatores físicos, psicológicos, sociais e morais, somente os psicológicos

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permitiram diferenciar níveis de rendimento, evidenciando-se a preparação

mental como um fator determinante para a alta competição. Também que os

atletas com maior controlo sobre esses fatores atingiram superiores prestações

desportivas, que os mais velhos e mais experientes em termos competitivos

têm melhores índices de skills psicológicos, que os de superior nível de

rendimento são significativamente mais orientados, em termos de objetivos de

realização, para a tarefa e menos para o resultado, e que os de menor sucesso

demonstram uma orientação cognitiva mais direcionada para o resultado.

Vasconcelos-Raposo (1993) sublinhou ainda que os atletas mais orientados

para o resultado, por dependerem de fatores externos para se sentirem bem-

sucedidos, tendem a experimentar um maior sentimento de frustração e de

negativismo.

2.2 Autoconfiança

Loehr (1986) defende que o nível de autoconfiança é um dos melhores

preditores do sucesso desportivo, permitindo aos atletas acreditar que têm

competências psicológicas e mentais para atingir o seu potencial máximo,

independentemente do talento e da habilidade física. A autoconfiança é

percecionada como um sentimento de que somos capazes de realizar uma boa

prestação, de crença em nós próprios e de que assim seremos mais bem-

sucedidos, constituindo-se o sucesso percebido como o ingrediente.

Para Williams (1991) a autoconfiança desenvolve-se ao longo dos anos,

sendo fruto de pensamentos positivos e da acumulação de experiências bem-

sucedidas. Os pensamentos positivos dos atletas confiantes conduzem, com

maior probabilidade, a sentimentos capacitantes e a uma boa atuação, sendo

oposto o resultado dos pensamentos inapropriados. A melhoria da destreza

física é uma maneira de edificar a autoconfiança, dado que pode gerar uma

história de experiências de êxito, promovendo a confiança e a emergência

expetativas de êxito futuras.

A Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva, de Martens, Burton,

Vealey, Bump e Smith (1990), apresenta a autoconfiança como uma

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componente cognitiva, contrária ao estado de ansiedade pré-competitiva, esta

considerada como ausência de pensamentos negativos. Pressupõe que a

autoconfiança se relaciona de forma positiva e linear com o rendimento, em

que o estado de autoconfiança aumenta, assim que as expectativas positivas

de sucesso aumentam, sendo que os atletas mais habilidosos e capazes

possuem, antes da competição, níveis de autoconfiança superiores aos seus

colegas menos competentes.

2.3 Negativismo

Vasconcelos-Raposo (1993) defende que o conceito de ansiedade foi

erradamente adaptado, por psicólogos clínicos e psiquiatras, ao contexto

desportivo, pois parte do pressuposto da universalidade das experiências e das

suas classificações pelos indivíduos. Argumenta, posteriormente, que é

necessário proceder a uma reclassificação daquele conceito, por se enquadrar

na psicologia clínica (Vasconcelos-Raposo, 2000). Para ele, o que está em

causa é estado emocional vivido no contexto desportivo, concretamente as

sensações e dúvidas que os atletas podem ter relativamente às suas

capacidades nos momentos que antecedem a competição. Neste nosso

trabalho aceitamos as propostas apresentadas, substituindo o termo ansiedade

por negativismo.

Foram várias as abordagens ao negativismo pré-competitivo no desporto,

nomeadamente à sua relação com o rendimento. Uns argumentam que a

situação desportiva competitiva é sempre geradora de pensamentos negativos

prejudiciais à performance desportiva, existindo uma relação inversa entre

negativismo pré-competitivo e rendimento (Martens, Vealey, & Burton, 1990).

Outros que o negativismo pré-competitivo, na mesma situação, pode ser

facilitador para uns atletas e prejudicial para outros (Cruz, 1996b).

A Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva, de Martens et al.

(1990a), pressupõe que as três dimensões (negativismo, ativação e

autoconfiança) se relacionam de forma diferente com o rendimento: o

negativismo de forma negativa e linear, a ativação de forma curvilínea, em U-

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invertido, e a autoconfiança de forma positiva e linear. Por outras palavras, o

aumento do negativismo faz desviar, erradamente, a atenção dos aspetos

relevantes à tarefa para aspetos de avaliação do "eu" ou avaliação social,

irrelevantes para a tarefa, reduzindo a performance. O modelo defende ainda

que os pensamentos negativos têm uma correlação mais forte com a

performance que a ativação, dado que são indiciadores das expectativas

negativas do sucesso numa determinada tarefa, tendo, como tal, um forte

impacto na performance. A diminuição da ativação no início da competição leva

a que o negativismo e a autoconfiança se tornem mais fortemente preditores da

performance. Contudo, caso a correlação seja superior, nomeadamente

quando a ativação é tão elevada levando a um desvio da atenção da tarefa a

realizar, por exemplo por estados internos como preocupação e pensamentos

negativos, a performance é prejudicada. Em termos gerais, é sugerido que os

atletas mais habilidosos têm uma superior capacidade para lidar com os

pensamentos negativos comparativamente aos menos hábeis, revelando

também, antes da competição, níveis de negativismo e ativação inferiores e

uma autoconfiança superior.

2.4 Atenção

Loehr (1986) sustenta que a atenção se refere à capacidade de manter a

focalização, de forma contínua, numa tarefa, executando-a na perfeição, e que

este skill não é mais do que a habilidade de se focalizar naquilo que é

importante em detrimento do que não interessa. Como exemplificam Viana e

Cruz (1996), durante um jogo de futebol, o barulho provocado pela assistência,

a movimentação das pessoas fora das quatro linhas ou o pensamento numa

jogada já passada, serão, em princípio, irrelevantes para a realização da tarefa.

Já a localização da bola, o posicionamento do guarda-redes ou a

movimentação de um adversário, constituem pistas importantes a atender.

Contudo, para além da importância ou relevância dos estímulos inerentes a

cada situação, existem, para Viana e Cruz (1996), outras características da

estimulação que podem influenciar o processo de seletividade: a quantidade e

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complexidade das pistas a atender, a sua origem interna ou externa, o facto de

constituírem ou não novidade ou de serem particularmente valorizadas pelo

indivíduo.

Viana e Cruz (1996) sublinham o facto de que determinadas modalidades,

como o futebol, obrigam o atleta a prestar atenção a um grande número de

estímulos em constante transformação: movimentação da bola, colocação dos

colegas e adversários, flutuação dos processos coletivos, a localização das

balizas, as instruções do treinador, o planeamento e execução de uma

estratégia, entre outras. Noutras modalidades, o número de pistas relevantes é

menor e mantém-se relativamente constante ao longo da competição. O

denominado reflexo, ou resposta de orientação, dirige automaticamente a

nossa atenção para a ocorrência percebida como pouco usual. É um

mecanismo que permite a deteção, sem esforço voluntário, de estímulos mais

intensos que o habitual (luzes, ruídos, cheiros), com alguma novidade ou que

estejam em movimento, como por exemplo a deteção rápida da desmarcação

de um adversário dentro do campo visual.

Weinberg e Gould (2001) acrescentam que muitos atletas reconhecem

que, durante as competições, têm dificuldades de concentração causados por

um foco atencional desadequado, seja por distrações seja por outros processos

como pensamentos e emoções. Tais constrangimentos podem dever-se tanto a

fatores internos como externos. É proposto que quando o ambiente muda

rapidamente, o foco de atenção também o deverá fazer, dado que o

pensamento no passado ou no futuro pode originar sinais irrelevantes indutores

de erros.

Uma dimensão importante da atenção seletiva, nomeadamente no

futebol, é a flexibilidade. O jogo é extremamente dinâmico, obrigando os

jogadores a selecionar diferentes tipos de pistas consoante os diferentes

momentos e fases do jogo. Viana e Cruz (1996) sustentam que a flexibilidade

da atenção é a capacidade que o indivíduo tem de mudar o foco atencional

(conjugação da seletividade e direção) de acordo com as exigências da tarefa.

A sequência da situação pode exigir ao atleta que foque a atenção

internamente em vez de o fazer na direção de objetos ou acontecimentos

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externos. Pode ainda levar o atleta a focar a atenção num pormenor, em vez de

estar atento a um amplo espectro de índices. A focalização sequencial da

atenção em diferentes objetos e acontecimentos pelo período de tempo

necessário constitui-se, possivelmente, como uma das fontes mais importantes

das oscilações da atenção que acontecem durante o desempenho desportivo.

Trata-se, segundo Viana e Cruz (1996), de um aspeto tanto mais importante

quanto menor for o tempo disponível para iniciar uma resposta. Nas

modalidades coletivas, como o futebol, as ocorrências sucedem-se, na maioria

das vezes, sem que o atleta tenha a possibilidade de poder controlar o seu

desencadeamento, sendo crítica a capacidade de mudar o focus atencional

com rapidez e de forma adequada às exigências da tarefa.

2.5 Imagética

Da revisão da literatura, conclui-se que existem vários constructos neste

âmbito: prática mental, visualização e imagética. Suinn (1993) sustenta que a

expressão prática mental é utilizada para a distinguir da prática física ou

motora. É usada para referenciar as técnicas de natureza mental a que por

vezes se recorre para a melhoria da performance desportiva. Etnier e Landers

(1996) consideram aquele construto como a performance mental de uma tarefa

realizada sem qualquer movimento físico.

Para Vasconcelos-Raposo (1998), enquanto a visualização se refere à

capacidade de imaginar situações, já a imagética significa "pensar com os

músculos". Ou seja, a imagética contempla não só o uso da visão, mas

também de todos os sentidos que dão forma às sensações cinestésicas.

Vasconcelos-Raposo, Costa e Carvalhal (2001) consideram-na como a

habilidade de nos vermos a nós próprios a desempenhar tarefas, recorrendo a

pensamentos e imagens. Consiste na recuperação da informação armazenada

na memória, através de todo o tipo de experiências, remodelando-a através

dos processos cognitivos. Recriam-se experiências passadas, transportando-as

para o presente, reconstruindo-as e ajustando-as ao estado emocional

desejado (Vasconcelos-Raposo, 1998).

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Godinho e Serpa (2005) argumentam que ao falarmos de imagética

estamos a falar de imagens mentais. Contudo, segundo estes autores, as

características daquelas não se limitam apenas às imagens visuais e a objetos

estáticos. Eles consideram como imagética o uso dos sentidos para recriar uma

experiência na mente. Esta definição, embora sintética, considera como

principais características desta técnica a localização na mente, a possibilidade

de recriação de experiências conhecidas ou criação de experiências inéditas e

o uso dos sentidos, não apenas a dimensão visual. No fundo, ela pode ser

considerada como sendo o relembrar ou re-percecionar das possibilidades de

ação que um envolvimento em particular oferece. Pode servir para preparar a

competição, desenvolver habilidades e prevenir e reabilitar lesões (Godinho &

Serpa, 2005).

Face à literatura revista, pode-se argumentar que a diferença entre

visualização e imagética está na forma como estes conceitos se aplicam à

prática. Assim, enquanto a visualização se refere à capacidade de imaginar

situações recorrendo-se unicamente a imagens visuais, já a imagética implica

uma vivenciação dessas mesmas situações como se elas fossem reais no

momento. Aqui a experiência é concretizada recorrendo-se a todos os sentidos,

não apenas à visão. Neste trabalho optamos pelo termo imagética.

2.6 Pensamentos positivos

Loehr (1986) defende que para se ter sucesso em competição é

determinante uma boa capacidade de controlo das emoções negativas. Na sua

opinião, os pensamentos positivos, ao estarem relacionados com fatores

motivacionais e com o desenvolvimento de atitudes, tornam possível a

performance máxima. Constituem-se como um fluxo de energia positiva que

permite elevada ativação enquanto, simultaneamente, se evidencia calma,

baixa tensão muscular e forte controlo atencional.

Os pensamentos positivos, denominados por Bunker e Williams (1986)

como self-talk, podem ser positivos para a performance quando a beneficia, se

relacionam com a tarefa e aumentam a autoconfiança. Aqueles investigadores

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preconizam que atletas autoconfiantes têm um self-talk, imagens e sonhos

positivos, vendo-se eles próprios a ganhar e a ter sucesso. Nunca minimizam

as próprias capacidades, concentram-se na realização da tarefa em mão sem

se preocuparem com as consequências negativas do fracasso e reconhecem

as próprias capacidades e limitações. O self-talk é negativo para o

desempenho quando o prejudica, é inapropriado ou tão frequente que dificulta

a automatização dos skills.

Vasconcelos-Raposo (1994a) argumenta que quando um atleta

percepciona que pode não ter um desempenho suficientemente bom para

atingir um objectivo importante poderá sentir-se preocupado ou em stress. É

quando o desafio que se estabelece é demasiado fácil ou demasiado difícil que

a competição se torna geradora de stress. No primeiro caso o atleta sentir-se-á

aborrecido, não se mentalizando o suficiente para manter uma performance ao

mais alto nível. Na segunda situação poderá ficar preocupado com a obtenção

do sucesso. Vasconcelos-Raposo (1994b) defende que esta sensação é

causada pelo receio de falhar, originado um esforço excessivo ou pressão, que

impedirá o seu integrador de guiar automaticamente a performance. É assim

desejável que o atleta seleccione um desafio similar ao seu nível de habilidade

para que se sinta menos stressado.

2.7 Atitude competitiva

Dias (2000) concluiu que as equipas de futebol que jogam para ganhar e

que para isso assumem o jogo através da procura constante da posse da bola,

ganham mais vezes do que aquelas que têm atitudes menos dinâmicas.

Vasconcelos-Raposo (1993) sustenta que as atitudes expressas nos

sentimentos e comportamentos dos indivíduos é um dos temas que mais tem

fascinado os estudiosos do comportamento humano. Loehr (1986) sublinha que

a atitude competitiva é um reflexo dos hábitos de pensamento de um atleta,

sendo certo que as atitudes certas permitem o controlo das emoções,

promovendo um fluxo de energia positiva.

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Foram várias as investigações realizadas em Portugal, com recorrência

ao PPP, sob a orientação de docentes da Universidade de Trás-os-Montes e

Alto Douro. Concluiu-se que a atitude competitiva:

- reflete a forma como o atleta encara a competição (Coelho, 1995); se é

negativa e com pouca autoconfiança, surgem dúvidas pessoais e receio de

falhar, o que reduz o prazer na participação (Linhares, 1998); só as atitudes

positivas podem ser benéficas para alcançar os objetivos propostos (Linhares,

1998), para o empenhamento e a vontade de ganhar (Simões, 1995).

- parece estar relacionada com a vontade que o atleta demonstra em atingir o

sucesso e a direção dada ao seu comportamento para o conseguir (Silva,

2002);

- é entendida como um dos aspetos da agressividade no desporto (Cortesão,

1995); esta relação pode ser aceite se a agressividade for positiva (Luzio,

1995), não destrutiva, com respeito pelo adversário (Silva, 1997) e fair-play

(Silva, 2002).

- é determinante para a performance (Luzio, 1995; Nave, 2008), sendo

assumida como um dos mais importantes, senão o mais importante, fatores do

sucesso desportivo (Linhares, 1998); é espectável que atletas com níveis de

rendimento superiores tenham valores superiores na atitude competitiva, dado

que esta variável contempla a vontade, dedicação e empenho numa

determinada tarefa (Mahl, 2005).

2.8 Motivação

No contexto do futebol, a motivação é um dos fatores mais apontados

para justificar o sucesso ou insucesso das equipas ou jogadores. Treinadores,

futebolistas e espectadores associam, frequentemente, as performances

individual e coletiva a diferentes estados motivacionais (Eubank & Gilbourne,

2005). É um dos conceitos que mais se desenvolveu, tendo sido alvo de

inúmeras investigações ao longo dos anos (Fonseca, 2001; Roberts, 2001).

Contudo, para Vallerand (2004), compreender a motivação é uma questão de

tal forma complexa que, nos últimos tempos, os psicólogos do desporto têm

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passado uma grande quantidade de tempo a tentar perceber o complexo

quadro da motivação no contexto do desporto.

Entre a bibliografia de referência mais recente, destaca-se o conceito de

motivação que se refere a “disposições, variáveis sociais, e/ou variáveis

cognitivas que intervêm quando um sujeito se envolve numa tarefa, na qual ele

ou ela é avaliado, entra em competição com outros ou tenta atingir um patamar

de excelência “ (Roberts, 2001, p. 6). Coloca-se como hipótese que as

determinantes dos comportamentos de realização são as atitudes de

aproximação ou de afastamento, as expectativas, os valores que conduzem ao

sucesso ou fracasso, o entendimento desse mesmo sucesso ou fracasso e a

própria possibilidade de ser bem-sucedido ou de fracassar (Roberts, 2001).

É habitual que o indivíduo evidencie, no contexto desportivo,

comportamentos de esforço, concentração e persistência, objetivando o melhor

desempenho possível (Roberts, 2001). Sendo um contexto de carácter

competitivo, o desporto é um meio orientado para a realização (Roberts, 1993)

no qual os indivíduos empenham o seu esforço para cumprir tarefas (objetivos),

que são posteriormente avaliados em termos de sucesso ou fracasso (Roberts,

1993, 2001). Assim, o estudo da motivação para a realização implica a análise

das variáveis que potenciam e direcionam os comportamentos dos indivíduos,

ou seja, a sua intensidade e direção (Fonseca, 1993; Roberts, 2001; Vallerand,

2001). A primeira refere-se à quantidade de esforço que o sujeito coloca em

determinada situação. A direção corresponde ao esforço e à procura ou

aproximação a dada situação (Weinberg & Gould, 2001).

Os estudos sobre a motivação têm-se baseado em teorias

sociocognitivas, as quais encaram o homem não apenas como um ser reativo,

mas também ativo, considerando que as cognições desempenham um papel

mediador entre os estímulos e os comportamentos dos indivíduos. Segundo

esta perspetiva, as pessoas avaliam os seus comportamentos, pensamentos,

acontecimentos e contextos em que estão envolvidas de uma forma recíproca,

sendo a partir deste processo que antecipam as consequências futuras

(Fonseca, 1999).

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REVISÃO DA LITERATURA

37

Existem quatro teorias da motivação: a Teoria da Necessidade de

Realização, a Teoria da Atribuição, a Teoria da Motivação para a Competência

e a Teoria dos Objetivos de Realização (Coelho, 2007; Weinberg & Gould,

2001). No presente trabalho opta-se por esta última por se constituir como base

teórica para o questionário a utilizar (TEOSQ).

2.8.1 Orientações cognitivas

Uma das atuais linhas de investigação no âmbito da motivação no

desporto direciona-se para a identificação dos objetivos de realização que os

atletas consideram prioritários na sua prática desportiva (Fonseca & Maia,

2000). Tal decorre dos pressuposto sociocognitivos, segundo os quais, para se

perceber as determinantes motivacionais dos indivíduos, é necessário

conhecer o que eles consideram como sucesso, sucesso este entendido como

demonstração de competência (Duda, 2001; Fonseca & Maia, 2000; Roberts,

2001). Em função dos seus objetivos, o indivíduo investe os seus recursos

pessoais numa determinada atividade (Roberts, 2001), pois todos, tal como

subscrevem Fonseca e Maia (2000), têm a necessidade de demonstrar

competência. Tudo indica, segundo estes autores, que o que significa

competência ou sucesso para uns não é, necessariamente, o mesmo para

outros. Assim sendo, é importante saber o que cada um entende a esse

respeito.

A Teoria dos Objetivos de Realização emergiu em contexto escolar.

Assume o indivíduo como um organismo intencional, direcionado por objetivos,

que atua de forma racional, gerando e guiando crenças, decisões e

comportamentos em contextos de sucesso (Eubank & Gilbourne, 2005;

Fonseca & Brito, 2005; Fonseca & Maia, 2000; Roberts, 2001). Os objetivos

influenciam a interpretação e a resposta em situações de realização, afetando

a autoavaliações da habilidade demonstrada, o esforço despendido e as

atribuições para o sucesso e fracasso (Duda, 1992). São percecionados como

teorias pessoais de realização que direcionam não só a forma como os

indivíduos configuram os contextos de realização, mas também o modo como

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REVISÃO DA LITERATURA

38

interpretam, avaliam e reagem a feedbacks de realização (Fonseca, 2000;

Fonseca & Maia, 2000).

De um modo geral, os indivíduos definem competência de duas formas

diferentes, orientando-se, por esse motivo, de um ponto de vista cognitivo, para

alcançarem dois tipos principais de objetivos de realização ou orientações

cognitivas (Duda, 1992, 1993; Roberts, 1992, 1993, 2001; Vasconcelos-

Raposo, 1993). Apesar de habitualmente denominadas de orientação para a

tarefa e ego, contudo, alguns autores propuseram outras designações:

aprendizagem e performance, mestria e habilidade ou mestria e

competitividade (Roberts, 1992; Fonseca & Brito, 2005). Contudo, as diferentes

conceções parecem ser, na sua essência, relativamente semelhantes:

a) Orientação para a performance, habilidade ou competitividade, ego ou

resultado – definição de sucesso de um modo normativo ou socialmente

comparativo (por exemplo “ganhar”, “fazer melhor que os outros”); existe uma

preocupação em demonstrar habilidade quando em comparação com outros,

maximizando as probabilidades de atribuição de uma elevada competência e

minimizando as possibilidades de atribuição de uma reduzida competência aos

próprios; é privilegiada a superioridade sobre outros, em que o sucesso reside

na comparação favorável da própria capacidade ou resultados com outros; “ter

sucesso é ser melhor que os outros”;

b) Orientação para a aprendizagem ou mestria, a tarefa ou processo – existe

um objetivo de realização relativamente à tarefa quando o indivíduo define

sucesso de um modo autorreferenciado (por exemplo “melhorar o rendimento

pessoal”, “realizar com sucesso um gesto técnico”, “completar uma tarefa”);

prevalece uma preocupação em demonstrar mestria na realização da tarefa; há

uma procura da demonstração de competência relativamente aos próprios

indivíduos, quer aumentando os seus conhecimentos, quer resolvendo

determinadas tarefas com sucesso; são enfatizadas a aprendizagem, a

melhoria contínua, a tentativa de alcançar objetivos próprios da modalidade;

“ter sucesso é ser melhor que antes”.

A literatura refere tanto a ortogonalidade (i.e. independência) como a

bipolaridade da associação entre as orientações cognitivas (Duda, 1992, 1993;

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REVISÃO DA LITERATURA

39

Fonseca & Balagué, 2001; Fonseca & Biddle, 2001; Fonseca & Maia, 2000;

Mahl, 2005). Duda (1993) argumenta que as pessoas podem ser fortemente

orientadas para a tarefa e ego, apresentar baixos índices em ambas as

orientações ou então altos numa e baixos noutra.

Conclui-se que a motivação é um fator psicológico de grande relevância

no contexto desportivo, contemplando a intensidade e a direção do

comportamento dos indivíduos em contexto desportivo. Assim, é necessário ter

em consideração o significado que o sucesso tem para os atletas e

compreender os objetivos da sua ação.

2.9 Estudos realizados com o Perfil Psicológico de Prestação

O Perfil Psicológico de Prestação (Loehr, 1986) avalia as forças e

fraquezas mentais dos atletas, concretamente os skills psicológicos

autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, imagética, motivação,

pensamentos positivos, atitude competitiva e robustez mental. Segundo Loehr

(1986), quanto mais consistentes forem as prestações desportivas, mais

elevados serão os valores obtidos.

Uma das conclusões resultantes da utilização deste instrumento é a de

que atletas de diferentes níveis competitivos utilizam os skills psicológicos de

forma diferenciada, constatando-se que, de uma forma geral, os de níveis mais

altos revelam índices superiores (Almeida, 2010; Carvalho, 1998; Casimiro,

2004; Coelho, 2007; Golby & Sheard, 2004; Mahl, 2005; Nave, 2008;

Vasconcelos-Raposo, 1993, 2002, 2005; Silva, 1997; Silva, 2002). Constatou-

se, ainda, que quanto mais próximo for o nível competitivo dos atletas, maior a

similaridade encontrada em termos psicológicos (Carvalho, 1998; Casimiro,

2004; Mahl, 2005; Violas, 2009).

No campo da maturidade competitiva, concretamente no que toca à

associação entre a idade e os skillls psicológicos, os resultados são

contraditórios. Casimiro (2004) e Linhares (1998) verificaram que a idade não

influencia de forma significativa o desenvolvimento dos skills psicológicos. Já

as conclusões de Almeida (2010) e de Mahl (2005) apontam em sentido

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REVISÃO DA LITERATURA

40

contrário, indiciando uma associação positiva entre aquela variável

independente e a maior parte dos skills psicológicos. No que concerne à

experiência competitiva, alguns trabalhos (Almeida, 2010; Casimiro, 2004;

Linhares, 1998; Mahl, 2005; Simões, 1995) indiciaram que os anos de prática

competitiva favorecerem o desenvolvimento das habilidades psicológicas,

reforçando-se a importância do treino mental para a melhoria da performance

desportiva.

Em termos gerais, os estudos referenciados evidenciam a tendência para

os atletas de níveis competitivos superiores apresentarem índices mais altos

nas escalas do PPP comparativamente aos restantes, reforçando-se a

consistência do uso deste instrumento na diferenciação por níveis de

rendimento. Também que quanto mais próximo é o nível competitivo maior é a

semelhança no perfil psicológico de prestação. Realçam ainda que a idade e a

experiência competitiva favorecem o fortalecimento dos skills psicológicos. Por

outro lado constatou-se que, de uma forma geral, os atletas se preparam

mentalmente para a competição, embora não o façam de forma sistemática.

Como tal, além de se reforçar o reconhecimento da importância dos fatores

psicológicos no processo de rendimento desportivo, acentua-se a necessidade

da integração da preparação mental no quotidiano dos atletas, especialmente

ao nível do controlo dos pensamentos negativos.

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OBJETIVOS E HIPÓTESES

41

3 OBJECTIVOS E HIPÓTESES

Tendo em conta o problema formulado e a revisão da literatura realizada,

foram estabelecidos como objetivos específicos para esta investigação os

seguintes: caracterizar e comparar futebolistas de diferentes estatutos laborais

(profissionais e amadores), idades e experiências competitivas (anos de prática

competitiva) nos skills psicológicos, nas orientações cognitivas, na

autoconfiança e no negativismo.

As hipóteses orientadoras do presente trabalho são:

H01 – Não existem diferenças significativas entre futebolistas de diferentes

estatutos laborais nos skills psicológicos, nas orientações cognitivas, no

negativismo e na autoconfiança.

H02 – Não existem diferenças significativas entre futebolistas de diferentes

idades nos skills psicológicos, nas orientações cognitivas, no negativismo e na

autoconfiança.

H03 – Não existem diferenças significativas entre futebolistas de diferentes

experiências competitivas nos skills psicológicos, nas orientações cognitivas,

no negativismo e na autoconfiança.

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MATERIAL E MÉTODOS

43

4 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo sustenta-se no paradigma quasi-experimental pois, como

referem Almeida e Freire (2003), é feita uma aproximação ao plano

experimental. Recorreu-se a grupos de comparação constituídos

aleatoriamente, não tendo sido exercido qualquer controlo sobre as variáveis

parasitas. Trabalhou-se, como tal, fora do contexto laboratorial.

A investigação foi dos tipos correlacional, pela intenção de relacionar

variáveis e apreciar interações entre si, e diferencial, por contemplar as

diferenças entre grupos ou condições para a análise das relações entre as

variáveis.

A bibliografia que serviu de base para a revisão teórica foi consultada em

fontes científicas online (Elsevier, PsycINFO, Scielo, SPORTDiscus, EBSCO,

Web Of Knowledge e B-ON) e bibliotecas universitárias (Faculdade de

Desporto e Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade do Porto, Universidade do Minho, Universidade de Trás-os-

Montes e Alto Douro e Instituto Superior da Maia).

4.1 Amostra

Recorreu-se à amostragem por conveniência para a constituição da

amostra, dado que o investigador estabeleceu contactos com futebolistas e

treinadores conhecidos, fruto do seu passado desportivo como treinador-

adjunto em equipas técnicas da modalidade. Esta metodologia tem como

limitação o facto das conclusões só se aplicarem à amostra, não podendo ser

extrapoladas com confiança para a população (Hill & Hill, 2008).

A amostra foi constituída por 379 futebolistas portugueses do sexo

masculino, participantes em todos os campeonatos seniores de futebol

(profissionais, nacionais e distritais) disputados em Portugal. No que concerne

à idade, dada a heterogeneidade da sua distribuição e o facto de variar entre

os 18 e os 36 anos (M=24,06; DP=4,54), não existindo, como tal, atletas com

enquadramento em escalões jovens, os jogadores foram divididos, a partir da

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MATERIAL E MÉTODOS

44

análise dos quartis, em quatro grupos etários: 74 (19,5%) jogadores com 19

anos ou menos, 100 (26,4%) entre 20 e 22 anos, 108 (28,5%) entre 23 e 27

anos e 97 (25,6%) com 28 ou mais anos (quadro 1).

Quadro 1 - caracterização da amostra em função idade (grupos etários)

Idade (grupos etários) Frequência Percentagem

<= 19 74 19,5

20 - 22 100 26,4

23 - 27 108 28,5

28+ 97 25,5

Total 379 100,0

Relativamente ao estatuto laboral, os participantes deste estudo foram

distribuídos por dois grupos, de acordo com o tipo de exercício profissional

exercido. Assim, dos 379 futebolistas, 159 (42,0%) eram profissionais e 220

(58,0%) amadores (quadro 2).

Quadro 2 - caracterização da amostra em função do estatuto laboral

Estatuto laboral Frequência %

Profissional 159 42,0

Amador 220 58,0

Total 379 100,0

No que concerne à experiência competitiva (total de anos de prática

competitiva no futebol desde o seu início nos escalões jovens), a qual variou

entre 1 e 29 anos (14,61±4,61), dada a heterogeneidade da distribuição desta

variável, os jogadores foram divididos, a partir da análise dos quartis, por

quatro grupos: com 11 ou menos anos de experiência competitiva participaram

86 (22,7%) futebolistas, entre 12 e 14 anos eram 115 (30,3%), entre 15 e 17

anos foram incluídos 86 (22,7%) e com 18 ou mais anos de prática competitiva

participaram 92 (24,3%) futebolistas (quadro 3).

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MATERIAL E MÉTODOS

45

Quadro 3 - caracterização da amostra em função da experiência competitiva

Experiência competitiva Frequência Percentagem

<= 11 86 22,7

12-14 115 30,3

15-17 86 22,7

18+ 92 24,3

Total 379 100,0

4.2 Variáveis

Como variáveis independentes deste estudo estabelecemos o estatuto

laboral, a idade (grupos etários) e a experiência competitiva (anos de prática

competitiva).

As variáveis dependentes foram os skills psicológicos (autoconfiança,

controlo do negativismo, atenção, imagética, motivação, pensamentos

positivos, atitude competitiva), a orientação cognitiva para a tarefa, a orientação

cognitiva para o ego, a autoconfiança e o negativismo.

4.3 Instrumentos

Aos elementos da amostra foi aplicado um instrumento constituído por

quatro questionários: um para a recolha dos dados pessoais, o PPP para

avaliar os skills psicológicos, o TEOSQ para avaliar as orientações cognitivas

(Tarefa e Ego) e a ENAC, uma adaptação do CSAI-2, para avaliar o

negativismo e a autoconfiança.

4.3.1 Questionário para dados pessoais

Com este instrumento recolheram-se dados relativos à idade, experiência

competitiva e estatuto laboral.

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MATERIAL E MÉTODOS

46

4.3.2 Perfil Psicológico de Prestação

O Perfil Psicológico de Prestação (Psychological Performance Inventory,

PPP), desenvolvido por Loher (1986) e validado para a população portuguesa

por Vasconcelos-Raposo (1993), permite conhecer o estado de preparação

psicológica dos atletas (forças e fraquezas) no que diz respeito aos skills

psicológicos que definem o PPP: autoconfiança, controlo do negativismo,

atenção, imagética, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva.

Consiste, como se pode constatar no quadro 4, em 42 itens respondidos de

forma fechada numa escala tipo Likert de 5 pontos, que varia entre 1 (quase

nunca) e 5 (quase sempre). Existem 6 itens para cada fator, sendo o valor de

cada um calculado pelo seu somatório. A quantificação dos parâmetros

respeita uma sequência para os itens invertidos: 1 → 5, 2 → 4, 3 = 3, 4 → 2 e 5

→ 1.

Quadro 4 - itens utilizados para o cálculo de cada skill psicológico do PPP

Escala Itens

Autoconfiança1 1, 8*, 15, 22*, 29*, 36*

Controlo do negativismo 2, 9, 16, 23, 30, 37*

Atenção 3, 10, 17*, 24, 31, 38

Imagética 4*, 11*, 18*, 25*, 32*, 39*

Motivação 5*, 12*, 19*, 26*, 33, 40*

Pensamentos positivos 6*, 13*, 20, 27*, 34*, 41*

Atitude competitiva 7*, 14, 21*, 28*, 35*, 42*

* Item com valor inverso

Cada escala oscila entre 0 e 30. Segundo Vasconcelos-Raposo (1993),

os atletas cujos valores se apresentem iguais ou superiores a 26 em todos os

parâmetros, revelam-se os mais consistentes nas suas prestações (quadro 5).

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MATERIAL E MÉTODOS

47

Quadro 5 - correspondência entre valores e o seu significado no PPP

Valores Significado

≤ 19 . Preparação mental muito fraca ou inexistente; o atleta necessita de integrar o treino

mental nas suas rotinas diárias de treino para melhorar o skill psicológico em causa.

20 - 25

. Preparação mental média, realizada de forma não sistemática; o atleta necessita de

melhorar o skill psicológico referenciado, integrando o treino mental nas suas rotinas

diárias de treino.

26 - 30 . Excelentes skills psicológicos, representativos de uma boa preparação mental, realizada

de forma sistemática; o atleta já tem o treino mental integrado na sua preparação diária.

Relativamente às propriedades psicométricas deste instrumento,

especificamente no que toca à análise da consistência interna, os estudos de

Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007), Coelho (2007) e Gucciardi (2012) revelam

que o PPP, de uma forma geral, tem uma boa consistência interna. Estes

autores defendem que, conjuntamente, os valores das medidas de ajustamento

da análise fatorial confirmatória, os fortes pressupostos teóricos e práticos

subjacentes à sua construção, a elevada validade aparente e preditiva e o facto

de avaliar diversos constructos psicológicos fundamentais no estudo da

excelência desportiva, permitem reconhecer o PPP como um instrumento

válido para a investigação científica.

Será utilizada, na apresentação dos resultados e respetiva discussão, a

denominação autoconfiança1 quando este skill estiver enquadrado no PPP.

4.3.3 Questionário de Orientação para a Tarefa e Ego no

Desporto

O Questionário de Orientação para a Tarefa e Ego no Desporto foi

traduzido e adaptado, para a língua portuguesa, por Fonseca e Biddle (2001),

do Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ). Permite a

avaliação dos objetivos de realização (ou critérios de sucesso) dos indivíduos

em contexto desportivo, ou seja, a sua orientação cognitiva (Fonseca & Brito,

2001), tendo em consideração a tendência de cada um para o envolvimento

com a tarefa ou o ego no desporto (Duda, 1992). É constituído por 13 itens que

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MATERIAL E MÉTODOS

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refletem a perceção que cada atleta tem do que é ter sucesso no desporto.

Neste questionário, no qual 7 itens estão relacionados com a orientação para a

tarefa e 6 com a orientação para o ego, solicita-se a cada indivíduo que indique

o seu grau de acordo ou desacordo relativamente a frases complementares à

afirmação “Ao praticar desporto, sinto-me mais bem-sucedido quando”. É

utilizada uma escala tipo Likert de 5 pontos, que varia entre 1 (discordo

completamente) e 5 (concordo completamente). Os resultados emergem do

cálculo da média dos itens correspondentes a cada orientação cognitiva (ver

quadro 6).

Quadro 6 - itens utilizados para o cálculo das duas escalas do TEOSQ

Escala Itens

O. Tarefa 2, 5, 7, 8, 10, 12, 13

O. Ego 1, 3, 4, 6, 9, 11

Diversos estudos demonstraram que o TEOSQ tem não só uma boa

consistência interna, mas também uma estrutura fatorial que o permite

considerar como válido para a investigação científica (Coelho, 2007; Fernandes

& Vasconcelos-Raposo, 2010; Mahl, 2005; White & Duda, 1994).

4.3.4 Escala de Negativismo e Autoconfiança

A Escala de Negativismo e Autoconfiança (ENAC) resulta de uma

adaptação para a realidade portuguesa, por Coelho, Vasconcelos-Raposo e

Fernandes (2007), do Inventário de Estado de Ansiedade Competitiva-2

(Competitive State Anxiety Inventory-2, CSAI-2) de Martens et al. (1990a). Este

permite uma avaliação da intensidade das escalas negativismo (negativismo

cognitivo), ativação (negativismo somático) e autoconfiança em situações

competitivas.

O CSAI-2, embora continue a evidenciar uma forte consistência interna

nas suas três escalas (Mahl, 2005; Rodrigues & Cruz, 1997), a verdade é que,

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MATERIAL E MÉTODOS

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quanto à sua validade fatorial, revelou acentuadas fragilidades (Coelho, 2007;

Coelho et al., 2007; Fernandes, Nunes, Vasconcelos-Raposo, Fernandes, &

Brustad, 2013), questionando-se assim as suas propriedades. Assim, fruto do

seu trabalho, Coelho et al. (2007) propuseram sugeriram um modelo composto

apenas pelas escalas de negativismo e autoconfiança, com a denominação de

Escala de Negativismo e Autoconfiança (ENAC).

Nos seus estudos com futebolistas brasileiros e portugueses,

respetivamente, Vasconcelos-Raposo et al. (2007) e Almeida (2010)

confirmaram não só a boa consistência interna da ENAC, como também a boa

adequação do modelo.

A ENAC é constituída por 18 itens, cujas respostas estão classificadas

numa escala de Likert de 4 pontos, variando entre 1 (nada) e 4 (muito). Cada

uma das suas escalas consiste em nove itens (ver quadro 7), sendo o valor de

cada uma calculada através da soma dos itens, variando como tal entre um

mínimo de 9 e um máximo de 36. Como no CSAI-2, na ENAC quanto maior for

o valor das escalas, maior será a intensidade do negativismo e da

autoconfiança.

Quadro 7 - itens utilizados para o cálculo das duas escalas do ENAC

Escalas Itens

Negativismo 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17

Autoconfiança2 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18

Na apresentação dos resultados e sua discussão será utilizada a

denominação de autoconfiança2 quando este skill for associado ao ENAC.

4.4 Procedimentos

Objetivando a facilitação das primeiras abordagens e a sensibilização dos

agentes desportivos para o interesse e pertinência do presente estudo, foram

estabelecidos contactos pessoais com dirigentes, treinadores e futebolistas do

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MATERIAL E MÉTODOS

50

relacionamento pessoal do investigador, fruto do seu passado desportivo como

técnico na modalidade. Foi possível assim, além da aplicação dos inquéritos,

um conjunto de contactos para alargamento da amostra.

Os procedimentos, durante a aplicação dos questionários, tiveram em

conta os seguintes aspetos: apresentação dos objetivos do estudo e do perfil

da amostra, garantia de anonimato, confidencialidade e carácter de

voluntariado da participação, instruções acerca do modo de preenchimento,

esclarecimento de possíveis dúvidas e aplicação dos instrumentos. Todos os

questionários foram aplicados pelo investigador, fora de situação competitiva.

4.5 Tratamento estatístico

Recorreu-se ao programa SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social

Sciences) para o tratamento estatístico. Foram eliminados todos os inquéritos

que apresentassem itens por responder.

A análise descritiva dos dados procedeu-se através do cálculo da média,

desvio padrão, valor máximo e mínimo, amplitude, frequências e quartis. O

estudo da normalidade das distribuições foi realizado a partir das medidas de

simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis). Uma vez que a maior parte das

variáveis dependentes revelou uma distribuição normal, na medida em que os

valores absolutos dos coeficientes de assimetria e achatamento variaram entre

-1 e 1 (Maroco, 2010), optou-se pela estatística paramétrica. Atendendo ao

facto do número de participantes por grupo ser superior a doze, assumiu-se a

validação do pressuposto da multinormalidade para análise de variância

multivariada (Dancey & Reidy, 2011). A homogeneidade das variâncias foi

analisada através do Teste de Levene.

Para estudo do efeito das variáveis independentes no conjunto das

dimensões que constituem os instrumentos utilizados, recorreu-se à análise de

variância multivariada (MANOVA One-way). Os efeitos significativos obtidos

foram posteriormente discriminados através de ANOVAs one-way com o

respetivo teste de comparações múltiplas (método de Tukey para os casos em

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MATERIAL E MÉTODOS

51

que a igualdade de variâncias é assumida e de Tamhane’s para as situações

restantes). Estabeleceu-se um nível de significância de 5% (p ≤ 0.05).

4.6 Dificuldades e limitações

O investigador encontrou as seguintes dificuldades:

- o difícil acesso aos clubes da divisão mais importante do futebol português (1ª

Liga) foi uma das primeiras e principais dificuldades encontradas para a

concretização do estudo, tanto pela falta de contactos disponíveis como pela

difícil acessibilidade, nomeadamente no que toca à obtenção de respostas

positivas às nossas solicitações;

- o elevadíssimo número de jogadores estrangeiros que fazem parte dos

planteis da equipas de nível profissional; existem clubes em Portugal que são

constituídos quase exclusivamente por futebolistas estrangeiros; esta é uma

das consequências do futebol globalizado referenciado na introdução;

- ao nível dos campeonatos distritais, os constrangimentos surgiram do lado

dos jogadores dada a menor recetividade demonstrada; na opinião do

investigador, esta dificuldade deveu-se ao facto destes atletas treinarem

normalmente ao fim do dia, após o exercício das respetivas atividades

profissionais; este fator pareceu condicionar a predisposição para a realização

de outras atividades que não o treino;

- a extensão do inquérito, com um total de 81 questões, revelou-se, em

algumas situações, como elemento desmobilizador da vontade de colaboração

de alguns jogadores e treinadores; o tempo necessário para a sua conclusão

do inquérito foi, de uma geral, superior a 20 minutos, dadas as precárias

condições de aplicação;

No que concerne às limitações desta investigação, por se enquadrar no

paradigma quasi-experimental, há que considerar a possibilidade de existir

outro tipo de explicações para os resultados obtidos. Acrescente-se o facto do

processo de recolha dos dados se ter realizado, na maior parte dos casos, nos

balneários dos clubes. Tal situação constituiu-se, na opinião do responsável

por este estudo, como um fator gerador de alguns constrangimentos,

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MATERIAL E MÉTODOS

52

nomeadamente no que toca à privacidade necessária para o preenchimento

dos inquéritos.

A constituição da amostra realizou-se através do processo de

amostragem por conveniência. Ora, neste método, segundo Hill e Hill (2008),

as conclusões só se aplicam à amostra, não podendo ser extrapoladas com

confiança para o universo.

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RESULTADOS

53

5 RESULTADOS

A metodologia adotada levou em consideração os objetivos pré-definidos

e as características das variáveis em estudo. Os resultados obtidos, fruto da

recolha de dados e respetivo tratamento estatístico, serão apresentados em

quatro subcapítulos: (1) Skills psicológicos, (2) Orientações cognitivas, (3)

Negativismo e autoconfiança e (4) Resumo dos resultados.

5.1 Skills psicológicos

5.1.1 Estatuto laboral

O estudo da homogeneidade das variâncias, realizado com o Teste de

Levene, demonstrou que a igualdade entre grupos pode ser assumida em

todas as variáveis, exceção feita aos pensamentos positivos [F(1,377) =7,596 e

p=0,006] e à atitude competitiva [F (1,377) =10,550 e p=0,001]. Visando a

diferenciação de grupos relativamente aos skills psicológicos, efetuou-se uma

análise de variância multivariada (Manova a um fator) que indiciou não existir

um efeito diferenciador significativo por parte da variável estatuto laboral [Wilks'

Lambda=0,965, F(7,371)=1,192, p=0,062 e η2=0,035]. Todavia, quando analisado

separadamente o seu poder diferenciador (ANOVA univariada a um fator), os

resultados revelaram diferenças significativas entre grupos nas dimensões

controlo do negativismo, atenção, motivação e atitude competitiva (quadro 8).

Quadro 8 - comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função do estatuto laboral

Profissionais (P)

(N=159)

Amadores (A)

(N=220) F

Diferenças

significativas entre

grupos Média DP Média DP

Autoconfiança1 25,48 3,02 24,93 3,33 2,744 --

C. Negativismo 21,37 2,74 20,64 3,19 5,505 P>A

Atenção 23,65 3,10 22,92 3,05 5,228 P>A

Imagética 21,72 3,75 21,37 3,93 0,736 --

Motivação 26,60 2,77 25,89 3,30 4,921 P>A

P. Positivos 24,28 2,43 24,11 2,93 0,347 --

At. Competitiva 24,67 2,44 23,92 3,05 6,464 P>A

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RESULTADOS

54

Podemos observar que os jogadores profissionais apresentam índices

mais elevados que os amadores em todas as variáveis.

5.1.2 Idade

Os resultados do Teste de Levene permitiram assumir a igualdade de

variâncias entre grupos em todas as variáveis, exceção feita à imagética

[F(3,375) =2,659 e p=0,048]. Para análise da diferenciação da variável idade

relativamente às escalas do PPP, realizou-se uma análise de variância

multivariada (Manova a um fator) que evidenciou que a mesma tem um efeito

significativo na diferenciação entre grupos [Wilks' Lambda=0,852, F(21,1060.119)=

2,903, p=0,000 e η2=0,052]. Os resultados das análises univariadas (ANOVAs

a um fator) evidenciaram diferenças significativas nas dimensões

autoconfiança1, controlo do negativismo, atenção e atitude competitiva (quadro

9).

Quadro 9 - comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função da idade

<= 19 (I1)

(n=74)

20 - 22 (I2)

(n=100)

23 - 27 (I3)

(n=108)

28+ (I4)

(n=97) F

Diferenças

significativas

entre grupos Média DP Média DP Média DP Média DP

Autoconfiança1 24,19 3,23 24,63 2,94 25,26 3,20 26,35 3,14 8,070 I1, I2<I4

C. Negativismo 20,14 3,32 20,36 2,58 20,94 3,28 22,16 2,54 8,777 I1, I2, I3<I4

Atenção 22,51 3,03 22,79 3,33 23,48 2,98 23,95 2,84 4,086 I1, I2<I4

Imagética 20,97 3,51 21,21 3,27 22,20 3,85 21,48 4,55 1,860 --

Motivação 25,73 3,32 26,31 2,70 26,22 3,05 26,38 3,39 0,718 --

P. Positivos 23,51 2,83 24,08 2,68 24,46 2,65 24,47 2,74 2,300 --

At. Competitiva 23,30 2,89 23,77 2,49 24,40 2,82 25,25 2,83 8,315 I1<I3, I4; I2<I4

Os dados revelam que, de uma forma geral, os índices dos skills

psicológicos aumentam com a idade.

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RESULTADOS

55

5.1.3 Experiência Competitiva

A análise da homogeneidade das variâncias, realizada com recurso ao

teste de Levene, demonstrou que a igualdade entre grupos pode ser assumida

em todas as variáveis, exceção feita à imagética [F(3,375) =3,914 e p=0,009].

Comparando grupos de diferentes experiências competitivas, recorrendo-se à

análise de variância multivariada (Manova a um fator), concluiu-se que existe

um efeito diferenciador significativo [Wilks' Lambda=0,818, F(21,1060.119)=3,666,

p=0,000 e η2=0,065]. As diferenças significativas entre grupos foram

identificadas, através das ANOVAs a um fator, em todas as escalas do PPP,

exceção feita à imagética, à motivação e aos pensamentos positivos, tal como

se pode observar no quadro 10.

Quadro 10 - comparação e diferenciação dos skills psicológicos em função da experiência

competitiva

<= 11 (E1)

(n=86)

12 – 14 (E2)

(n=115)

15 – 17 (E3)

(n=86)

18+ (E4)

(n=92) F

Diferenças

significativas entre

grupos Média DP Média DP Média DP Média DP

Autoconfiança1 23,95 3,04 24,56 3,28 25,90 2,73 26,36 3,15 12,225 E1,E2<E3,E4

C. Negativismo 20,13 3,43 20,37 2,55 21,09 3,11 22,29 2,64 10,372 E1,E2,E3<E4

Atenção 22,34 3,30 22,86 3,10 23,92 2,90 23,88 2,80 5,948 E1<E3,E4

Imagética 20,67 3,10 21,43 3,70 22,02 3,68 21,95 4,67 2,228 --

Motivação 25,81 3,16 25,92 3,34 26,65 2,69 26,45 3,06 1,555 --

P. Positivos 23,90 2,87 23,74 2,94 24,60 3,33 24,60 2,59 2,761 --

At. Competitiva 23,56 2,83 23,49 2,81 24,64 2,41 25,42 2,79 11,136 E1,E2<E3,E4

É possível afirmar que, de uma forma geral, as médias dos skills

aumentam com a experiência competitiva. Constituem exceções os atletas com

12 a 14 anos de prática, que são mais frágeis que os menos experientes da

amostra nos pensamentos positivos e na atitude competitiva, e os do grupo

mais experiente (18+), que apresentam índices inferiores na atenção, imagética

e motivação, aos elementos do grupo com 15 a 17 anos de experiência

competitiva.

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RESULTADOS

56

5.2 Orientações cognitivas

5.2.1 Estatuto laboral

O estudo da homogeneidade das variâncias, realizado com o Teste de

Levene, demonstrou que a igualdade entre grupos pode ser assumida em

ambas as orientações cognitivas. Para a comparação de diferentes grupos,

efetuou-se uma análise de variância multivariada (Manova a um fator) que

revelou não existir um efeito diferenciador significativo por parte da variável

estatuto laboral [Wilks' Lambda=0,998, F(2,376)=0,464, p=0,629 e η2=0,002].

Quando analisado separadamente o seu poder diferenciador (ANOVA

univariada a um fator), os resultados não revelaram diferenças significativas

entre grupos (quadro 11).

Quadro 11 - comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função do estatuto

laboral

Profissional (P)

(N=159)

Amador (A)

(N=220) F

Média DP Média DP

O. Tarefa 4,30 0,59 4,29 0,51 0,045

O. Ego 2,57 0,88 2,65 0,84 0,822

Verificamos que os atletas profissionais apresentam os índices mais alto

na orientação cognitiva para a tarefa e o mais baixo na orientação para o ego.

5.2.2 Idade

O estudo da homogeneidade das variâncias, realizado com recorrência ao

Teste de Levene, mostrou que a igualdade entre grupos pode ser assumida em

ambas as escalas. Para clarificar a diferenciação de grupos no que concerne

às orientações cognitivas, procedeu-se a uma análise de variância multivariada

(Manova a um fator) que permitiu evidenciar um efeito diferenciador

significativo por parte da variável idade [Wilks' Lambda=0,967, F(6,748)= 2,139,

p=0,047 e η2=0,017]. As diferenças significativas entre grupos foram

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RESULTADOS

57

localizadas, com recorrência a ANOVAs a um fator, na orientação cognitiva

para o ego (quadro 12).

Quadro 12 - comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função da idade

<= 19 (I1)

(n=74)

20 - 22 (I2)

(n=100)

23 - 27 (I3)

(n=108)

28+ (I4)

(n=97) F

Diferenças

significativas

entre grupos Média DP Média DP Média DP Média DP

O. Tarefa 4,21 0,64 4,35 0,58 4,30 0,50 4,30 0,49 0,965 --

O. Ego 2,75 0,80 2,76 0,80 2,56 0,87 2,43 0,90 3,233 I2> I4

Os dados revelam que a orientação cognitiva para o ego diminui com a

idade. Por sua vez, a orientação para a tarefa não apresenta alterações

assinaláveis. Contudo, aumenta do grupo dos futebolistas mais novos (<=19)

para os mais velhos (28+).

5.2.3 Experiência competitiva

O teste de Levene demonstrou que a igualdade de variâncias entre

grupos pode ser assumida em ambas as orientações cognitivas. Para

diferenciar grupos quanto às dimensões do TEOSQ, procedeu-se a uma

Manova (um fator) que denunciou não existir um efeito diferenciador

significativo por parte da variável experiência competitiva [Wilks'

Lambda=0,973, F(6,748)=1,692, p=0,120 e η2=0,013]. Os resultados das análises

univariadas (ANOVAs a um fator) não evidenciaram quaisquer diferenças

significativas (quadro 13).

Quadro 13 - comparação e diferenciação das orientações cognitivas em função da experiência

competitiva

<= 11 (E1)

(n=86)

12 – 14 (E2)

(n=115)

15 – 17 (E3)

(n=86)

18+ (E4)

(n=92) F

Média DP Média DP Média DP Média DP

O. Tarefa 4,27 0,51 4,37 0,54 4,22 0,64 4,31 0,48 1,239

O. Ego 2,73 0,80 2,72 0,80 2,50 0,88 2,50 0,92 2,335

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RESULTADOS

58

Constata-se que a orientação cognitiva para o ego diminui à medida que

aumenta a experiência competitiva. A orientação para a tarefa tem evoluções

irregulares e pouco visíveis. No entanto, pode-se assinalar que aumenta

ligeiramente dos menos experientes (<=11) para os mais experientes (18+).

5.3 Negativismo e autoconfiança

5.3.1 Estatuto laboral

O Teste de Levene demonstrou que a igualdade de variâncias entre

grupos pode ser assumida em ambas as escalas da ENAC, exceção feita

negativismo [F(1,377) =4,196 e p=0,041]. Para analisar a diferenciação da

variável estatuto laboral relativamente às escalas da ENAC, recorreu-se a uma

análise de variância multivariada (Manova a um fator) que permitiu observar

que a mesma tem um peso significativo na diferenciação entre grupos [Wilks'

Lambda=0,974, F(2,376)=4,927, p=0,008 e η2=0,026]. Os resultados das análises

univariadas (ANOVAs a um fator) revelam diferenças significativas no

negativismo (quadro 14).

Quadro 14 - comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função

estatuto laboral

Profissionais (P)

(N=159)

Amadores (A)

(N=220) F

Diferenças

significativas

entre grupos Média DP Média DP

Negativismo 18,13 4,10 19,59 4,71 9,794 P<A

Autoconfiança2 30,17 3,69 29,43 4,13 3,221 --

Podemos referir eu os profissionais têm índices de negativismo e

autoconfiança, respetivamente, inferiores e superiores aos amadores.

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RESULTADOS

59

5.3.2 Idade

O Teste de Levene demonstrou que a igualdade entre grupos pode ser

assumida nas duas variáveis da ENAC. Com o intuito de clarificar a

diferenciação da variável idade relativamente àquelas duas dimensões,

efetuou-se uma análise de variância multivariada (Manova a um fator) que

permitiu concluir que a mesma tem um efeito diferenciador significativo [Wilks'

Lambda=0,906, F(6,748)= 6,301, p=0,000 e η2=0,048]. As diferenças

significativas foram encontradas, com ANOVAs a um fator, no negativismo e na

autoconfiança2 (quadro 15).

Quadro 15 - comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função da

idade

<= 19 (I1)

(n=74)

20 - 22 (I2)

(n=100)

23 - 27 (I3)

(n=108)

28+ (I4)

(n=97) F

Diferenças

significativas

entre grupos Média DP Média DP Média DP Média DP

Negativismo 21,14 4,38 19,23 4,40 18,85 4,52 17,21 4,01 11,644 I1>I2,I3,,I4;I2,I3>I4

Autoconfiança2 28,26 4,19 29,51 3,93 30,19 3,77 30,62 3,72 5,828 I1<I2,I3

Os dados revelam que o negativismo e a autoconfiança2 diminuem e

aumentam, respetivamente, com a idade.

5.3.3 Experiência competitiva

A análise da homogeneidade das variâncias (Teste de Levene) mostrou

que a igualdade entre grupos pode ser assumida na autoconfiança, mas não no

negativismo [F(3,375) =2,971 e p=0,032]. Com o objetivo de diferenciar grupos

quanto aquelas duas dimensões, efetuou-se uma análise de variância

multivariada (Manova a um fator) que revelou existir, por parte da variável nível

competitivo, um efeito diferenciador significativo [Wilks' Lambda=0,918,

F(6,748)=5,464, p=0,000 e η2=0,042]. Com recurso a análises univariadas

(ANOVAs a um fator), identificaram-se diferenças significativas em ambas as

escalas da ENAC (quadro 16).

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RESULTADOS

60

Quadro 16 - comparação e diferenciação do negativismo e da autoconfiança2 em função da

experiência competitiva

<= 11 (E1)

(n=86)

12 – 14 (E2)

(n=115)

15 – 17 (E3)

(n=86)

18+ (E4)

(n=92) F

Diferenças

significativas entre

grupos Média DP Média DP Média DP Média DP

Negativismo 20,55 5,11 19,58 4,47 18,05 3,73 17,62 4,11 8,669 E1>E3,E4; E2>E4

Autoconfiança2 28,24 4,16 29,69 4,04 30,20 3,45 30,78 3,76 6,907 E1<E2,E3,E4

Constata-se que o negativismo e a autoconfiança2 diminuem e

aumentam, respetivamente, com a experiência competitiva.

5.4 Resumo dos resultados

Os resultados permitem-nos tecer as seguintes observações às hipóteses

apresentadas no ponto 3:

- existem diferenças significativas entre futebolistas de diferentes estatutos

laborais no controlo do negativismo, na atenção, na motivação, na atitude

competitiva e no negativismo, apresentando os atletas profissionais índices

mais altos que os amadores em todas estas variáveis, exceção feita ao

negativismo, escala em que revelaram uma média mais baixa;

- existem diferenças significativas entre futebolistas de diferentes idades na

autoconfiança1, no controlo do negativismo, na atenção, na atitude competitiva,

na orientação cognitiva para o ego, no negativismo e na autoconfiança2; os

dados sugerem que a idade contribui para o aumento dos índices de todas

estas variáveis, exceção feita à orientação cognitiva para o ego e ao

negativismo, onde o efeito parece ser contrário;

- existem diferenças significativas entre futebolistas com diferentes

experiências competitivas na autoconfiança1, no controlo do negativismo, na

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RESULTADOS

61

atenção, na atitude competitiva, no negativismo e na autoconfiança2; os dados

encontrados sugerem que os anos de prática competitiva favorecem o aumento

dos índices destas variáveis, exceção feita ao negativismo, onde o efeito

parece ser contrário.

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

63

6 DISCUSSÃO DE RESULTADOS

A discussão dos resultados terá como linhas orientadoras os objetivos

específicos pré-estabelecidos para esta investigação: caracterizar e comparar

futebolistas de diferentes estatutos laborais (profissionais vs. amadores),

idades (grupos etários) e experiências competitivas (anos de prática

competitiva) nos skills psicológicos, nas orientações cognitivas, na

autoconfiança e no negativismo.

Embora sejam estabelecidas algumas comparações com modalidades

individuais, são privilegiados estudos realizados no contexto dos desportos

coletivos, com especial ênfase no futebol. Existem vários autores que

defendem que existem diferenças, ao nível das exigências psicológicas, entre

modalidades individuais e coletivas (Coelho, 2007; Fonseca & Maia, 2000;

Martens et al., 1990a; Nave, 2008).

Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007) sustentam que há que ter em conta

que as especificidades dos desportos, no seu processo de treino desportivo,

privilegiam a aprendizagem de algumas habilidades psicológicas em detrimento

de outras. Alguns investigadores (Almeida, 2010; Coelho, 2007; Costa, 1997;

Mahl & Vasconcelos-Raposo, 2007; Vasconcelos-Raposo, 1993, 2002)

acrescentam que não devem ser esquecidas, nas investigações, as

especificidades socioculturais, gerais e desportivas, que envolvem, não só os

diversos desportos, mas também as suas amostras e universos.

6.1 Skills psicológicos

Os resultados encontrados nesta investigação apontam no sentido de que

o exercício profissional da atividade de futebolista, a idade e a experiência

competitiva favorecem o fortalecimento da robustez mental dos jogadores de

futebol.

Segundo Loehr (1986), índices entre 20 e 25 nos skills psicológicos

indiciam uma preparação mental não sistemática e, consequentemente, a

necessidade da sua integração na rotina diária dos atletas (ver quadro 5).

Como tal, a análise do quadro 8 sugere que, de uma forma geral, os

futebolistas portugueses, tanto profissionais como amadores, preparam-se

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

64

mentalmente para a competição, embora o façam de forma não sistemática.

São assim referenciadas as mesmas fragilidades sinalizadas por Vasconcelos-

Raposo (1994b), Carvalho (1998) e Almeida (2010), também com futebolistas

portugueses, e Mahl (2005) e Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007), com

praticantes profissionais de nacionalidade brasileira.

Segundo Fonseca (2004), são muito poucas as equipas portuguesas que

integram, de forma sistemática, a preparação psicológica nas suas rotinas de

trabalho. Para tal poderão contribuir fatores como o desconhecimento dos

papéis da Psicologia do desporto e dos seus profissionais, a perceção negativa

e a desconfiança relativamente a esta área, a necessidade de resultados

imediatos quanto possível, tudo isto por parte dos agentes desportivos, e a falta

de formação e de conhecimento específico da modalidade por parte dos

psicólogos.

Vários estudos sublinham a importância da preparação psicológica, não

só na melhoria da performance de jogadores de futebol, mas também no que

toca à prevenção de lesões. Vasconcelos-Raposo (1993) argumenta, como já

referimos, que o treino mental permite maximizar o uso pleno das capacidades

humanas dos atletas, fazendo com que sejam minimizados, e de preferência

neutralizados, os elementos prejudiciais ao seu rendimento.

Thelwell et al. (2006) obtiveram efeitos positivos numa intervenção

psicológica específica sobre futebolistas médio-centro, melhorando os skills

psicológicos considerados específicos para aquela posição. Numa abordagem

semelhante, Thelwell et al. (2010) melhoraram a qualidade do passe e a

capacidade de confronto de jogadores de futebol recorrendo a técnicas de self-

talk, relaxamento e imagética. Após um período de preparação psicológica,

contemplando técnicas de música assíncrona e imagética, Pain et al. (2011)

conseguiram resultados positivos ao nível do flow e da performance desportiva

com futebolistas. Já Johnson et al. (2005), Zafra et al. (2006) e Ivarsson et al.

(2013), além de comprovarem a influência que os fatores psicológicos do

rendimento podem ter sobre o risco de lesões, evidenciaram os benefícios que

o treino mental pode ter na sua prevenção.

Com os índices mais altos, tanto nos atletas profissionais como nos

amadores, destacou-se a motivação, que atingiu o índice de 26,60 entre os

primeiros, revelando-se, segundo as propostas de Loehr (1986), como o único

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

65

skill com um nível de desenvolvimento excelente. Este dado vai ao encontro

das pesquisas realizadas, também no futebol, por Luzio (1995), Carvalho

(1998) e Almeida (2010) e noutros desportos coletivos (Casimiro, 2004; Coelho,

1995; Linhares, 1998; Silva, 1997).

A motivação é um dos fatores mais referenciados entre as razões

justificativas do sucesso ou insucesso no desempenho desportivo individual e

coletivo no futebol (Corrêa et al., 2002; Coetzee et al., 2006; Eubank &

Gilbourne, 2005; Pain & Harwood, 2008). Eubank e Gilbourne (2005)

acrescentam inclusive que é frequente a associação das performances a

diferentes estados motivacionais por parte de treinadores, jogadores e

espectadores. Outros autores apontam a motivação como um dos aspetos que

mais pode determinar o rendimento desportivo (Gomes & Cruz, 2001; Loehr,

1986, Nave, 2008).

Holt e Dunn (2004), ao sinalizarem o compromisso como um pressuposto

para uma carreira de sucesso no futebol profissional, referem-no como uma

representação da força motivacional e do alicerce psicológico subjacente à

busca de uma carreira nesta modalidade.

A maior fragilidade, tal como noutros trabalhos realizados no futebol

(Almeida, 2010; Luzio, 1995; Mahl, 2005; Mahl & Vasconcelos-Raposo, 2007;

Vasconcelos-Raposo, 1994b) e noutras modalidades coletivas (Coelho, 1995;

Golby & Sheard, 2004; Linhares, 1998; Silva, 1997; Silva, 2002), verificou-se ao

nível do controlo do negativismo. Esta evidência reforça a conclusão de que os

futebolistas portugueses não realizam uma preparação mental sistemática.

A existência de uma determinada envolvência, como é o caso do futebol,

influencia a relação indivíduo-meio, a forma como o atleta interpreta e se

relaciona com o contexto que o abarca e, consequentemente, o seu

comportamento (Gomes & Cruz, 2001). A imprevisibilidade do próprio jogo de

futebol, acentuada pelas crescentes intensidade e densidade, maior

competitividade, não esquecendo a envolvência socioeconómica, constituem-

se como um permanente desafio à capacidade de autocontrolo emocional dos

jogadores, nomeadamente nas situações de grande pressão competitiva. Face

à adversidade e envolvência, o manter-se calmo, relaxado e concentrado são

requisitos que se relacionam diretamente com a habilidade de manter a energia

negativa em valores mínimos (Loehr, 1986).

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

66

No que concerne ao estatuto laboral, constata-se que os futebolistas

profissionais apresentam índices superiores aos jogadores amadores, em

todos os skills psicológicos. A envolvência sociocultural e económico-financeira

que caracteriza o atual futebol profissional, a par das especificidades e

evoluções do próprio jogo, cada vez mais intenso e denso, exige cada vez mais

atletas mentalmente robustos e determinados. Os crescentes níveis de

exigência e pressão, onde o pormenor cada vez mais faz a diferença e o erro

se paga cada vez mais caro, coadunam-se pouco com amadorismos.

A dedicação em exclusividade e o compromisso para com a carreira e a

profissão, as entidades patronais, os patrocinadores e outros agentes, surgem

como necessidade e pressupostos para se poder almejar o sucesso no atual

futebol profissional. Num estudo realizado com futebolistas ingleses, Williams e

Ford (2012) constataram que os jogadores profissionais começam a sua prática

desportiva significativamente mais cedo que os amadores e que, após dez

anos de envolvimento, tinham acumulado mais horas de atividade, tanto em

treino como em jogos.

O profissionalismo implica uma dedicação a tempo integral à atividade e

ao treino, situação esta potencialmente geradora, por um lado, de um maior

envolvimento e, por outro, de uma superior solicitação, aplicação e

consequente desenvolvimento de competências diversas, entre elas as

psicossociais.

Na sua “Grounded Theory of the Psychosocial Competencies and

Environmental Conditions Associated with Soccer Success”, Holt e Dunn (2004)

apontam quatro grandes competências como sendo fulcrais para uma carreira

de sucesso no futebol profissional: disciplina (dedicação ao desporto e

disposição para o sacrifício), resiliência (capacidade para usar estratégias de

coping para a superação de obstáculos), apoio social (capacidade para usar o

apoio informativo e emocional) e compromisso. Como já foi referido, este é

usado para representar a força motivacional e o alicerce psicológico subjacente

à busca de uma carreira no futebol. De sublinhar, ainda, que são contempladas

duas categorias para descrever e explicar o compromisso requerido por

futebolistas profissionais de elite: (1) vários e diferentes tipos de motivos que

(2) se sustentam numa planificação estratégica dos objetivos de carreira.

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

67

Holt e Dunn (2004) fundamentam a sua teoria em competências

psicossociais que parecem estar relacionadas com a obtenção de sucesso no

futebol profissional. Segundo eles, a carreira de um futebolista profissional de

sucesso resulta de uma sucessão de três estádios de desenvolvimento e

respetiva interação. Numa primeira fase, os atletas, sejam crianças ou jovens,

devem demonstrar uma capacidade técnica acima da média. A segunda etapa

representa o período em que o jogador se integra numa organização

profissional. Demonstradas as qualidades necessárias neste patamar,

aumentam as possibilidades do futebolista se integrar, a tempo integral, num

clube profissional (fase três). Estes estádios representam as três condições

ambientais que contextualizam a proposta de Holt e Dunn (2004). Estes

autores acrescentam que a oportunidade de transição para o futebol

profissional surge com o desenvolvimento da autodisciplina, a resiliência, a

disponibilidade e utilização do apoio social percebido e o compromisso. É da

interação destes quatro fatores que resulta a otimização do sucesso no futebol

profissional. Portanto, a capacidade técnica por si só si não permite a

integração no futebol profissional sénior. Se os jogadores forem capazes de

atingir, promover e utilizar de forma articulada as quatro competências

psicossociais terão maior probabilidade de integração no futebol profissional. A

manutenção de um estilo de vida disciplinado, a disponibilidade para os

sacrifícios necessários, a capacidade de recuperação face aos contratempos

que forem surgindo, a aceitação do apoio adequado e, acima de tudo, o

desenvolvimento de um compromisso forte, aumentarão as potencialidades

para o profissionalismo e contribuirão para o sucesso.

Segundo Larsen, Alfermann e Christensen (2013), as pesquisas mais

recentes no âmbito do desenvolvimento de talentos no futebol mostram que as

circunstâncias psicológicas e socioculturais desempenham um papel

determinante para se almejar o sucesso a nível profissional. Os autores

defendem que, mais que as habilidades psicossociais explícitas como a

motivação, a autoconsciência e a capacidade de trabalhar duro, são as

habilidades psicossociais implícitas, tais como a gestão de desempenho, a

orientação para o processo e a capacidade de utilizar as competências da

equipe e as sociais e interpessoais, aquelas que parecem facilitar a transição

para o futebol profissional. Argumentaram ainda que é do entrelaçamento das

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

68

competências e práticas psicossociais no período de formação desportiva que

resulta uma construção social mais sólida das competências psicossociais

necessárias ao desporto profissional de elite.

De referir que os atletas profissionais participantes deste estudo

pertencem, na sua maioria, a equipas dos níveis competitivos mais elevados,

nomeadamente aos que são tutelados pela Liga Portuguesa de Futebol

Profissional. Diversos estudos (Almeida, 2010, Mahl, 2005; Mahl &

Vasconcelos-Raposo, 2007) sugeriram que, de uma forma geral, a robustez

mental e os índices das habilidades psicológicas aumentam à medida que o

nível competitivo sobe. Esta realidade implica maiores exigências físicas,

tático-técnicas e psicológicas, tanto ao nível da competição como do treino,

pelo que atletas de diferentes níveis competitivos utilizam e recorrem aos seus

skills psicológicos de forma diferenciada (Almeida, 2010; Carvalho, 1998;

Casimiro, 2004; Coelho, 2007; Golby & Sheard, 2004; Mahl, 2005; Nave, 2008;

Silva, 1997; Silva, 2002; Vasconcelos-Raposo, 1993, 2002, 2005).

Vasconcelos-Raposo (1993) argumenta que os atletas com maior controlo

sobre as variáveis do PPP obtêm melhores prestações.

Foram encontradas diferenças significativas entre profissionais e

amadores no controlo do negativismo, atenção, motivação e atitude

competitiva, apresentando os primeiros índices mais elevados. Os resultados

ao nível das duas primeiras competências são similares aos encontrados por

Golby e Sheard (2004), com jogadores de rugby, e Mahl (2005), Mahl e

Vasconcelos-Raposo (2007) e Almeida (2010), com futebolistas.

Palmeiras, Ramos e Passos (2002) argumentam que a capacidade de

controlo das próprias emoções é determinante para o desempenho dos atletas

em competição, especialmente em modalidades com contextos geradores de

situações de grande pressão competitiva como é o caso do futebol profissional.

Loehr (1986) aponta a capacidade de desenvolver e manter um clima

interno estável durante a competição como um dos fatores mais importantes do

sucesso desportivo, constituindo o autocontrolo de emoções, especificamente

do negativismo, um elemento determinante não apenas para a melhoria do

rendimento desportivo, mas também para a diferenciação de atletas de

diferentes níveis de desempenho. Considera ainda determinante a capacidade

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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de sustentação, de forma consistente, de um estado ideal de performance

durante a competição.

A duração da época desportiva no futebol (onze meses) requer um

rendimento regular e consistente, de preferência sem grandes oscilações e

sem picos de forma, já que todos os jogos contam para a classificação final.

Para tal são necessários jogadores mentalmente fortes, robustos, resistentes,

determinados e com um forte autocontrolo emocional. A consistência da

performance resulta da consistência psicológica, sendo o autocontrolo

psicológico um pré-requisito fundamental para o controlo da performance

(Loehr, 1986).

A superior robustez dos jogadores profissionais na atenção estará

possivelmente associada às superiores médias destes atletas no controlo do

negativismo. Como refere Loehr (1986), o controlo da energia positiva permite

aos atletas a obtenção de níveis elevados de ativação, enquanto,

simultaneamente, evidenciam calma, baixa tensão muscular e elevado controlo

atencional. No seu estudo com futebolistas, Almeida (2010) além de concluir

que a gestão da relação negativismo-autoconfiança se constitui como um fator

determinante do rendimento desportivo no futebol, sublinhou também a

importância que o autocontrolo emocional na eficácia dos processos

atencionais.

Weinberg e Gould (2001) sustentam que, em ambiente desportivo, os

processos atencionais estão associados aos bons desempenhos. Quando o

ambiente muda rapidamente, o mesmo deve acontecer com o foco de atenção

dado que a focalização do pensamento no passado ou no futuro pode originar

sinais irrelevantes, indutores de erro no desempenho. Num jogo de futebol, o

ruído, a movimentação das pessoas fora das quatro linhas ou o pensamento

numa jogada passada, serão, em princípio, irrelevantes para a realização da

tarefa. Além disso, o elevado número de estímulos em constante

transformação (localização da bola, movimentação dos colegas e adversários,

instruções do treinador, planeamento e execução de determinadas estratégias)

constituem-se como potenciais indicadores a ter em conta. Se o atleta não lhes

dirigir a atenção, poderá não os perceber nem vivenciar (Viana & Cruz, 1996).

Para que tal não aconteça é necessário um controlo eficaz dos pensamentos

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

70

negativos, potencialmente distratores e constrangedores dos processos

atencionais.

A motivação abarca a intensidade e a direção dos comportamentos dos

indivíduos tendo em vista a obtenção, com sucesso, de determinados objetivos.

Ora, o futebol, é um meio orientado para realização, pois, de acordo com o que

defende Roberts (1993, 2001), como desporto de competição, é um contexto

no qual os indivíduos (os futebolistas) empenham o seu esforço no

cumprimento de tarefas e funções (objetivos), posteriormente avaliados em

termos de sucesso ou fracasso, uma realidade atual do futebol profissional

como fenómeno social total, reflexo da própria sociedade. Mais do que nunca,

existe uma envolvência sociocultural e económico-financeira que exige dos

jogadores esforço, concentração e persistência, objetivando sempre o melhor

desempenho possível, tanto a nível individual como ao nível do seu contributo

para a realidade coletiva.

No âmbito do compromisso, já referenciado como uma competência

determinante para o sucesso no futebol profissional, Holt e Dunn (2004)

apontam fatores motivacionais como diligência, desejo e determinação como

estando associados a elevados níveis de habilidade. Sustentam que é crucial

investigar os fatores motivacionais que levam os jovens a envolver-se, ao longo

de vários anos, na prática necessária à obtenção de um nível de expertise

elevado. O compromisso representa o suporte psicológico que capacita os

atletas a manter um estilo de vida disciplinado, refletindo os motivos a que os

atletas recorrem para ultrapassar os constrangimentos motivacionais.

Reconhece-se a indiscutível influência da motivação no comportamento

dos futebolistas no seio das suas equipas, dado que os processos

motivacionais, tal como argumenta Roberts (1992, 1993), estão ligados aos

relacionamentos interpessoais, tão importantes em desportos coletivos.

Relativamente à atitude competitiva, Loehr (1986) sustenta que ela reflete

os hábitos de pensamento de um atleta. Dias (2000) defende que as equipas

de futebol que jogam sempre para ganhar e que para isso assumem o jogo

através da procura constante da posse da bola, ganham mais vezes do que

aquelas que têm atitudes menos dinâmicas. A demanda pelo sucesso e pela

vitória é inerente às envolvências sociocultural e económico-financeira do

futebol profissional. Por outro lado, só atitudes positivas podem ser benéficas

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

71

para alcançar os objetivos propostos, para o empenhamento e para a vontade

de ganhar (Linhares, 1998; Simões, 1995). É espectável que os futebolistas

profissionais, com o nível de compromisso que assumem não só do ponto de

vista laboral mas também da perspetiva de evolução na carreira, apresentem

valores mais elevados na atitude competitiva, dado que esta contempla a

vontade, dedicação e empenho numa determinada atividade.

Num estudo com futebolistas de campeonatos interuniversitários,

intermunicipais e intercolegiais, Castillo, Duda, Alvarez, Mercé e Balaguer

(2011) constataram que os jogadores de níveis competitivos mais altos revelam

índices de agressividade superiores comparativamente aos atletas de níveis

mais baixos, concluindo assim que esta variável favorece o rendimento

desportivo no futebol. Mills, Butt, Maynard e Harwood (2012) identificaram a

resiliência (lidar com contratempos e atitude otimista), a paixão e a atitude

profissional como fatores influenciadores do desenvolvimento de jovens

futebolistas em fases críticas da sua carreira, nomeadamente na transição para

o nível profissional. Larsen et al. (2013) referenciaram a capacidade de

trabalhar no duro não só como fator facilitador da integração de jovens no

futebol profissional, mas também como pressuposto para se almejar o sucesso

nesta modalidade.

Pode-se partir do pressuposto que o contexto do futebol profissional, em

termos gerais, acarreta exigências físicas, técnicas, táticas e psicológicas

superiores à sua versão amadora, uma vez que se trata de uma modalidade

cuja envolvência sociocultural e, acima de tudo, económico-financeira, acarreta

situações de grande pressão, de grande stress, para os quais são

determinantes o controlo dos skills psicológicos, com especial destaque para o

controlo emocional. Há que ter em consideração, também, que o jogo tem uma

natureza permanentemente mutável em que é necessário ter em atenção, em

simultâneo, a fatores como a posição da bola, dos adversários, dos colegas de

equipa, a flutuação destes processos coletivos, a posição de ambas as balizas

e a maior ou menor proximidade às mesmas, as indicações do treinador, a

envolvência do público, a pressão da massa associativa, dos patrocinadores,

da imprensa, a existência de pessoas externas ao jogo na envolvência do

campo, entre outros aspetos. Entende-se que no futebol, especialmente no

profissional, a maior exigência, tanto ao nível do jogo como da envolvência

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

72

psico-sociocultural, requer dos jogadores uma grande capacidade de resposta

e, consequentemente, um nível de prestação mental de elevado nível.

Relativamente à variável idade, os dados revelaram diferenças

significativas em todos os skills psicológicos, exceções feitas à imagética, à

motivação e aos pensamentos positivos. Verificou-se também que, de uma

forma geral, todos os índices melhoram com a idade. Estas tendências vão ao

encontro dos resultados de Mahl (2005), Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007) e

de Almeida (2010), com trabalhos também concretizados com futebolistas.

Noutros estudos, como o de Linhares (1998), concretizado no basquetebol, e

de Casimiro (2004), no andebol, não se constataram diferenças nos itens do

PPP entre diferentes escalões etários, possivelmente por terem sido

contemplados níveis competitivos muito próximos.

No âmbito da experiência competitiva, constatou-se que a acumulação

de anos de prática contribui para o fortalecimento das habilidades psicológicas,

fazendo-o de forma significativa nas variáveis autoconfiança, controlo do

negativismo, atenção e atitude competitiva. Estes dados, em termos gerais,

apontam no mesmo sentido dos trabalhos de Simões (1995), concretizado com

basquetebolistas, e de Mahl (2005), Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007) e de

Almeida (2010), realizados no contexto do futebol. Os resultados que emergem

da presente investigação e das referenciadas indiciam que a idade e a

experiência competitiva contribuem para o desenvolvimento dos skills

psicológicos, fortalecendo-os.

A vivência de experiências, tanto positivas como negativas, parece

proporcionar um contexto de aprendizagem promotor do robustecimento das

competências psicológicas e, consequentemente, da eficácia dos futebolistas,

não só na resolução dos problemas impostos pelo treino e pela competição,

mas também no enfrentamento dos constrangimentos resultantes do contexto

do futebol profissional como fenómeno socioeconómico e indústria.

Compromisso e trabalho duro são, para Williams e Reilly (2000), pré-

requisitos para uma performance excecional. O investimento em horas e horas

de prática tendo em vista o desenvolvimento das competências são, para estes

autores, determinantes no caminho para a excelência. Baker (2003) faz

referência à “regra dos 10 anos”, a qual estipula ser necessário existir um

compromisso com uma prática deliberada, durante pelo menos aquele tempo e

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

73

em condições de elevada exigência, tendo em vista a promoção de uma

adaptação progressiva à realidade que caracteriza o trajeto até à excelência

desportiva.

Como se pode observar nos quadros 9 e 10, apesar dos índices das

escalas do PPP aumentarem com a idade e os anos de prática, a verdade é

que só na autoconfiança e na motivação se constatam valores superiores a 26,

indiciadores, segundo Loehr (1986), de um nível excelente de preparação

psicológica. Como sublinha Vasconcelos-Raposo (1993), o processo de

maturação, por si só, não garante que um atleta venha a obter, mais tarde ou

mais cedo, um nível excelente de desenvolvimento dos skills psicológicos e da

robustez mental. Ou seja, embora haja indícios de que, em princípio, a idade e

a experiência competitiva contribuem significativamente para o

desenvolvimento dos skills psicológicos, também é uma realidade de que, por

si só, não são garantia de obtenção de uma preparação psicológica de elevado

nível. A este propósito, Vasconcelos-Raposo (1993) refere que, se por um lado

uma maior experiência competitiva conduz a uma maior capacidade de esforço,

resistência e empenhamento por parte dos atletas e que a maturação aumenta

o seu empenho no desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades, por

outro lado, como qualquer outra competência humana, também a qualidade de

prestação desportiva é aprendida. Como tal, a componente psicológica deverá

ser contemplada, a par da física e da tático-técnica, no quotidiano da atividade

desportiva dos futebolistas e suas equipas.

6.2 Orientações cognitivas

Os futebolistas da amostra revelaram, independentemente do seu

estatuto laboral, uma elevada orientação para a tarefa, variável onde não se

constataram diferenças significativas, tal como acontece nos estudos de Mahl

(2005), Vasconcelos-Raposo e Mahl (2005) e Almeida (2010). Esta tendência

poder-se-á, em princípio, justificar pelo facto da presente investigação se ter

concretizado numa modalidade coletiva, à qual é inerente um processo coletivo

ao qual cada unidade se deve subjugar e para o qual deve contribuir em todas

as tarefas. Constata-se ainda que, na sua maioria, os futebolistas participantes

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

74

nesta investigação são mais orientados para a tarefa que para o ego, tal como

acontece nos trabalhos de Mahl (2005), Vasconcelos-Raposo e Mahl (2005) e

Almeida (2010). Esta evidência será fruto da necessidade de orientação dos

objetivos de realização, durante o treino, a competição e o quotidiano, para o

processo que sustenta não só a construção da forma de jogar – o modelo de

jogo –, mas também da entidade coletiva que é a própria equipa.

A existência e o sucesso da equipa (o todo), a qual é muito mais do que a

soma das suas partes (os jogadores), dependem de um processo coletivo

sustentado na articulação das partes, cujos comportamentos, ações e objetivos

individuais se subordinam e subjugam, necessariamente, aos objetivos do todo,

contribuindo, assim, não só para o funcionamento do sistema, tanto a nível

sócio-afetivo como ao nível da coesão, mas também para o desenvolvimento e

consolidação dos modelos e sistemas de jogo da equipa. O sucesso no

alcance das metas coletivas depende da eficácia e consistência deste processo

coletivo, no qual todos participam, sublinhando-se, como tal, a necessidade de

uma superior orientação para o processo e para a tarefa, em detrimento do

resultado (ego).

Num estudo com jogadores de futebol de diferentes patamares

competitivos, Castillo et al. (2011) constaram que os atletas de níveis mais

altos revelaram índices de motivação para a realização superiores aos

jogadores de níveis mais baixos, concluindo que esta orientação favorece o

rendimento no futebol. Larsen et al. (2013) apontam a motivação, a orientação

para o processo e a capacidade para utilizar as competências da equipa como

fatores determinantes não só do desenvolvimento do talento, mas também do

sucesso na transição para uma carreira desportiva de natureza profissional no

futebol.

A Teoria dos Objetivos de Realização pressupõe que o indivíduo é um

organismo intencional, orientado por objetivos, que atua de uma forma racional

e que os objetivos geram as suas crenças, guiam as suas decisões e o

comportamento em contextos de sucesso (Duda, 1992; Roberts, 1992). Biddle

(2001) defende que os objetivos de realização influenciam de forma

determinante os processos motivacionais através dos processos cognitivos e

afetivos.

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

75

No futebol, se por um lado o objetivo do jogo é a conquista dos pontos - o

resultado -, um dos fatores justificativos da omnipresença da orientação para o

ego, por outro, o sucesso parece depender, acima de tudo, da competência,

consistência e eficácia da equipa e do seu modelo de jogo. Este é um processo

coletivo e um fenómeno construído, para o qual todos contribuem e no qual

todos desempenham o seu papel. A sua construção e prática são fenómenos

indutores das orientações motivacionais no sentido do trabalho e da

concentração no processo e nas tarefas, sem os quais nenhum futebolista ou

equipa pode aspirar à obtenção dos resultados desejados.

Ao nível da orientação para o ego não se denotaram diferenças

significativas, embora se tenha constatado que os atletas profissionais revelam

índices mais baixos. Tal tendência poderá justificar-se pelo facto de que os

jogadores profissionais participam em competições de níveis competitivos mais

altos. Mahl (2005), Vasconcelos-Raposo e Mahl (2005) e Almeida (2010)

encontraram diferenças significativas entre níveis competitivos distintos na

orientação para o ego, revelando os jogadores de níveis de rendimento

superiores valores mais baixos. Como tal, apesar da elevada orientação para a

tarefa, deve ser sempre tomada em conta a focalização no processo uma vez

que a orientação para o ego aparenta ser influenciadora do nível de rendimento

no futebol (Almeida, 2010). Serpa (2007) defende que a focalização na tarefa

proporciona melhores níveis de desempenho comparativamente à orientação

para o ego. Tudo indica que os futebolistas profissionais encaram as derrotas e

outros constrangimentos como elementos inerentes ao seu percurso

profissional.

Segundo Holt e Dunn (2004), o amor pelo jogo reflete fatores intrínsecos

que servem de base para o sucesso no futebol. Em primeiro lugar, a perceção

do estatuto social revela objetivos sociais de aprovação, aspetos estes

importantes na construção da motivação. O reconhecimento social da

competência constitui-se, segundo aqueles investigadores, como uma

característica considerada como sendo suscitadora do gosto pelo desporto.

Aqueles investigadores argumentam que alguns sociólogos desportivos

identificaram a importância de granjear respeito como um motivo subjacente à

prossecução de carreiras desportivas. O dinheiro, por seu lado, aparece como

um reflexo de recompensas extrínsecas. Todos estes motivos, em conjunto,

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

76

podem fornecer um rumo para as aspirações de carreira de futebolistas

profissionais, indiciando que estes possuem razões idiossincráticas para

seguirem carreiras no futebol, que podem incluir fatores intrínsecos,

extrínsecos e sociais.

Os resultados encontrados nesta investigação, juntamente com os

referenciados (Almeida, 2010; Mahl, 2005; Vasconcelos-Raposo & Mahl, 2005),

a que se acrescentam os de Reilly, Williams, Nevill e Franks (2000) e de Etnier,

Sidman e Hancock (2004), evidenciam a variabilidade das orientações

cognitivas no contexto desportivo, nomeadamente no futebol. Reilly et al.

(2000), num trabalho realizado com jogadores de futebol, não encontraram

diferenças significativas entre atletas de elite e de sub-elite na orientação para

o ego, embora tenham notado que os segundos evidenciavam médias mais

altas comparativamente aos primeiros. Contudo, identificaram uma diferença

significativa na orientação para a tarefa, já que os jogadores de elite

apresentaram índices significativamente mais altos que os de sub-elite. Já

Etnier et al. (2004), num estudo também concretizado no futebol, concluíram

não existir diferenças significativas na orientação dos objetivos em função do

nível competitivo.

Foram localizadas diferenças significativas entre grupos de jogadores de

diferentes idades na orientação cognitiva para o ego, constatando-se que esta

vai diminuindo com a idade, tal como propõem White e Duda (1994).

Relativamente à orientação para a tarefa, não se verificaram alterações

significativas com a idade.

No que concerne à experiência competitiva, não foram identificadas

diferenças significativas entre grupos, embora seja evidente que a orientação

para o ego diminui com a acumulação dos anos de prática. Observa-se ainda

que a orientação para a tarefa apresenta valores relativamente altos nos

diferentes grupos etários e de experiência competitiva. Estas tendências

coincidem com os resultados de Mahl (2005), Vasconcelos-Raposo e Mahl

(2005) e Almeida (2010). Fonseca e Maia (2000), ao estudarem jovens

praticantes de diversas modalidades desportivas, objetivando a análise das

orientações motivacionais em função da idade e de outras variáveis, não

encontraram diferenças naquela.

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

77

Os resultados deste trabalho sugerem que, se por um lado a idade e a

experiência competitiva contribuem para a diminuição da orientação cognitiva

para o ego, por outro, parece que não têm qualquer influência sobre a

orientação para a tarefa. Estes resultados sustentar-se-ão, muito

provavelmente, na natureza coletiva do futebol e, consequentemente, na

existência da entidade coletiva “equipa”. Existirá a consciencialização de que o

ter-se sucesso é profundamente determinado pela equipa. Também que as

forças e competências coletivas dependem da participação e do contributo de

cada um para a exercitação e consolidação contínuas do processo coletivo que

sustenta os todos socio-afetivo e tático-técnico. Daí a importância da

focalização diária no processo, mais ainda quando a orientação para o ego se

revelou diferenciadora de futebolistas de diferentes níveis competitivos

(Almeida, 2010; Mahl, 2005; Vasconcelos-Raposo & Mahl, 2005), sendo que os

de patamares superiores evidenciaram médias significativamente mais baixas

nesta orientação motivacional comparativamente aos outros atletas de níveis

competitivos inferiores.

6.3 Negativismo e autoconfiança

Os dados deste trabalho sugerem que o estatuto laboral, a idade e a

experiência competitiva influenciam o desenvolvimento de negativismo e

autoconfiança nos futebolistas portugueses.

Começando pelo estatuto laboral, podemos observar que os atletas

profissionais apresentam índices significativamente inferiores de negativismo

comparativamente aos amadores. Relativamente à autoconfiança, embora não

se encontrem diferenças significativas, os profissionais evidenciam médias

superiores aos amadores. Estes resultados vão ao encontro dos que foram

obtidos com o PPP.

As diferenças encontradas no negativismo, além de reforçarem a

importância do autocontrolo emocional no rendimento desportivo de

futebolistas profissionais, também apontam no sentido de que esta capacidade,

em situações de grande pressão competitiva, como é o caso do futebol

profissional, parece constituir-se como fator determinante para o desempenho

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

78

desportivo, dadas as exigências inerentes aos contextos sociocultural e

económico-financeiro que caracterizam o futebol profissional atual como

industria e atividade económica e à dedicação em tempo integral.

Atendendo a que os futebolistas profissionais pertencem a níveis

competitivos mais elevados, pode-se também argumentar que os resultados

encontrados vão ao encontro dos de Mahl (2005), Vasconcelos-Raposo et al.

(2007) e Almeida (2010), que concluíram que os jogadores de rendimento

superior revelam índices de negativismo significativamente mais baixos

comparativamente aos atletas de níveis inferiores. Estes resultados são,

também, sustentados pelos trabalhos de Coetzee et al. (2006) e Castillo et al.

(2011), igualmente realizados com futebolistas, os quais também encontraram

diferenças significativas no negativismo, concluindo que os atletas de níveis

competitivos e de rendimento superiores apresentam índices mais baixos nesta

variável comparativamente aos de menor sucesso.

Os resultados encontrados, na sua generalidade, vão ao encontro da

Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva (Martens et al., 1990a,

1990b), que defende que o rendimento se relaciona de forma negativa e linear

com o negativismo e positiva e linear com a autoconfiança. Os atletas com

maior habilidade têm, habitualmente, uma superior capacidade para lidar com

os pensamentos negativos, possuindo, antes da competição, níveis de

negativismo e de ativação inferiores e uma autoconfiança superior (Martens et

al., 1990a).

Saliente-se, contudo, que para alguns autores a situação desportiva

competitiva é sempre geradora de pensamentos negativos prejudiciais à

performance desportiva, existindo uma relação inversa entre negativismo e

rendimento (Martens et al., 1990b). Já para outros, o negativismo, na mesma

situação, pode ser facilitadora para uns e prejudicial para outros (Cruz, 1996b).

Jones e Hanton (2001) defendem também que os pensamentos negativos

podem ser benéficos para a prestação desportiva.

No que diz respeito à autoconfiança, apesar de não se terem constatado

diferenças significativas, observa-se que os futebolistas profissionais são mais

robustos nesta variável quando comparados com os amadores. Estes

resultados vão ao encontro dos encontrados por Vasconcelos-Raposo et al.

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

79

(2007) e de Almeida (2010) já que concluíram que os jogadores de futebol de

níveis competitivos superiores são mais autoconfiantes.

Estudos realizados noutras modalidades, tanto individuais como coletivas,

demonstraram que atletas de nível de rendimento superior possuem valores

mais elevados na autoconfiança quando comparados com outros de nível

inferior. Hanton et al. (2005) argumentam que a autoconfiança é determinante

para atletas de elite, uma vez que os pode proteger contra potenciais

pensamentos e sentimentos debilitadores vivenciados em situações

competitivas. Por outro lado, os bons resultados parecem promover esta

variável.

Segundo Williams (1991), a autoconfiança desenvolve-se ao longo do

tempo, resultando de pensamentos positivos e da acumulação de experiências

bem-sucedidas. O contexto do futebol profissional, pelo superior nível

competitivo a que está associado, número de jogos e competições, pela

necessidade de dedicação integral à prática, pelo compromisso para com a

mesma, pelas dificuldades que acarreta, requer dos atletas pensamentos

positivos e sentimentos capacitantes para fazer face às exigências e aos

constrangimentos da prática desportiva profissional. Por outro lado, a

possibilidade e necessidade de aprimoramento das componentes física e

tático-técnica inerentes ao rendimento no futebol podem constituir-se como

fatores de edificação da autoconfiança, dado que poderão contribuir para uma

história de experiências de êxito, promovendo a confiança e a emergência de

expetativas de êxito no futuro.

Relativamente à idade e à experiência competitiva, tal como acontece

nos trabalhos de Mahl (2005), Vasconcelos-Raposo et al. (2007) e Almeida

(2010), os resultados sugerem que estas variáveis influenciam,

significativamente, os índices de negativismo e autoconfiança. Constatou-se

que estas dimensões diminuem e aumentam, respetivamente, com a idade e

os anos de prática competitiva. Também Perry e Williams (1998) verificaram

que os futebolistas mais experientes apresentam níveis inferiores de

negativismo e superiores de autoconfiança quando comparados com atletas

iniciados.

Os resultados encontrados com a aplicação da ENAC e do PPP

sublinham a importância da idade e da experiência competitiva e,

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

80

consequentemente, do processo de aprendizagem que lhes é inerente,

concretamente do que resulta da articulação entre vivências positivas e

negativas e perceção dos seus resultados, no desenvolvimento da capacidade

de autocontrolo emocional. Barbosa e Cruz (1997) sinalizam inclusive a

experiência competitiva como um dos fatores que mais contribui para a

habilidade de recorrência a diferentes estratégias para lidar com o negativismo.

Por outro lado, para além de promoverem o controlo emocional, parecem

proporcionar vivências e experiências mobilizadoras do sentimento de

autoconfiança nas próprias competências.

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CONCLUSÕES

81

7 CONCLUSÕES

O processo de investigação apresentado, cujo enquadramento teve como

base os objetivos e hipóteses pré-estabelecidos, permitiu-nos chegar a várias

conclusões.

Neste estudo constatou-se que os futebolistas profissionais são mais

robustos que os amadores nos skills psicológicos, apresentando ainda índices

mais altos na orientação cognitiva para a tarefa e na autoconfiança e mais

baixos na orientação para o ego e negativismo. Foram encontradas diferenças

significativas entre jogadores de distintos estatutos laborais no controlo do

negativismo, na atenção, na motivação, na atitude competitiva e no

negativismo. Conclui-se que o autocontrolo emocional se poderá constituir

como fator determinante do rendimento desportivo dos futebolistas e respetivas

equipas face às especificidades e pressões dos contextos sociocultural e

económico-financeiro que caracterizam o futebol profissional como indústria.

Por outro lado, a prática profissional desta modalidade, a dedicação em

exclusividade e o compromisso que lhes é inerente parecem promover a

robustez mental dos jogadores.

Pode-se observar, nesta investigação, que com o avanço da idade

aumentam os índices de todas as escalas do PPP e da autoconfiança e

diminuem os da orientação para o ego e do negativismo. Foram encontradas

diferenças significativas, entre futebolistas de diferentes idades na

autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, atitude competitiva, na

orientação cognitiva para o ego e negativismo. No que concerne à experiência

competitiva, constata-se que a acumulação dos anos de prática contribui para o

aumento das médias dos skills psicológicos e da autoconfiança e diminuem as

da orientação para o ego e negativismo. Revelaram-se como variáveis

diferenciadoras de jogadores de distintas experiências competitivas a

autoconfiança, o controlo do negativismo, a atenção, a atitude competitiva e o

negativismo. Os dados apontam a idade e a experiência competitiva como

fatores fortalecedores dos skills psicológicos, influenciadores da orientação

cognitiva para o ego, diminuindo-a, tendo ainda um peso determinante sobre a

autoconfiança e o negativismo, contribuindo para o desenvolvimento do

autocontrolo emocional dos atletas. Contudo, pode-se partir do princípio de

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CONCLUSÕES

82

que, embora contribuam para o fortalecimento das competências psicológicas,

por si só, não garantem uma preparação psicológica de elevado nível.

Na generalidade, conclui-se que os futebolistas portugueses, profissionais

e amadores, se preparam mentalmente para a competição de forma não

sistemática, necessitando, como propõe Loehr (1986), de integrar o treino

mental nas suas rotinas de treino. A literatura reforça também a evidência de

que os fatores psicológicos influenciam o rendimento desportivo no futebol,

permitindo diferenciar jogadores de diferentes níveis competitivos. Constata-se

ainda que o compromisso inerente à dedicação em exclusividade e as

exigências e pressões características dos contextos que envolvem o futebol

como indústria e área económica exigem futebolistas mentalmente robustos e

determinados.

7.1 Reflexões e recomendações

Embora a componente psicológica do rendimento, a preparação mental e

a Psicologia do desporto tenham vindo a ganhar relevo e reconhecimento no

mundo do futebol, a verdade é que esta tendência não se reflete no “terreno”,

dada a evidente fragilidade dos futebolistas portugueses no campo da

preparação psicológica. Considera-se, assim, prioritária a integração da

preparação mental no seu processo de treino e quotidiano. Há que combater e

contrariar as desconfianças e resistências dos agentes do futebol à entrada da

Psicologia do desporto no seu “mundo”.

Como facto social total, o futebol, qual metáfora e alegoria da sociedade,

funciona segundo os princípios da competitividade, do rendimento e da

eficácia, personificando como tal, na perfeição, o atual paradigma produtivista-

consumista da nossa cultura industrial. Ele constitui-se como um universo

extremamente dinâmico, exigente, nivelado e seletivo, que, à imagem dos

mundos empresarial e industrial, exige aos clubes e seus futebolistas

consistência e excelência tanto no rendimento como na produtividade e

resultados obtidos. É um contexto que vai impondo progressivamente novas

exigências e responsabilidades dos pontos de vista desportivo e social. A sua

envolvência socioeconómica e cultural, especialmente no futebol profissional

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CONCLUSÕES

83

de alto rendimento, cuja realidade passa obrigatoriamente por ter que se jogar

sempre para ganhar, é um contexto que exige cada vez mais jogadores

mentalmente fortes, robustos, resistentes, consistentes e determinados. Como

tal, entende-se que esta realidade, para além de evidenciar a potencialidade do

futebol como laboratório de estudo não só da sociedade e dos fenómenos que

a caracterizam mas também do próprio Homem, sublinha a urgência do

reforço, no “terreno” e no campo da investigação, da presença da Psicologia do

desporto aplicada.

No âmbito dos processos motivacionais, concretamente no que toca à

omnipresença da orientação para o ego entre os futebolistas investigados,

consideramos necessário e urgente a revisão do atual paradigma da formação

jovem. Esta, reflexo do futebol como facto social-total, encontra-se

indelevelmente marcada pelos princípios da produtividade, do rendimento e da

eficácia, enferma não só da sobrevalorização do fator “resultado”, mas também

da necessidade de rentabilização e mercantilização de ativos. A mediatização

do fenómeno “futebol”, alimentadora de sonhos entre os mais jovens, poderá

desviar o desenvolvimento pessoal e desportivo destes no sentido do

deslumbramento, do egoísmo e do egocentrismo.

Preconiza-se uma metodologia sustentada nos aspetos qualitativos, que

privilegie o trabalho e os processos coletivos, tanto sócio-afetivos como tático-

técnicos. Considera-se que estes princípios poderão constituir-se como parte

de um caminho para a obtenção do sucesso, devendo-se contemplar-se, tanto

no treino como no quotidiano dos jogadores em formação, a componente

psicológica, visando a promoção não só do desenvolvimento da robustez

mental individual, mas também da coletiva, alimentando-se assim o espírito de

equipa e o sentimento de que o trabalho é uma premissa fundamental para se

chegar ao sucesso, tanto no desporto como na vida. Entende-se que a

quantidade, qualidade e direção dos reforços dos treinadores e dirigentes

naquele sentido poderão constituir-se como fatores mobilizadores dos

processos motivacionais num sentido adaptado.

A envolvência económico-sócio-cultural do futebol, com as pressões que

lhes são inerentes, reforçam a importância dos aspetos formativos

anteriormente referenciados dado que os atletas que revelam orientação para o

ego tendem a justificar os seus resultados com fatores extrínsecos, sobre os

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CONCLUSÕES

84

quais não têm qualquer controlo, sendo como tal mais permeáveis a

frustrações e pensamentos negativos. Considera-se ainda que a envolvência

socioeconómica frequentemente agressiva do futebol, as contrariedades e

constrangimentos dos jogos e campeonatos, os momentos maus e as derrotas

deverão ser sempre encarados e aproveitados como situações potencialmente

propiciadoras de aperfeiçoamento e aprendizagem individual e coletiva.

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