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PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL PROCURADORIA ESPECIAL DA ATIVIDADE CONSULTIVA PARECER643/2016- PRCON/PGDF PROCESSO 060.011.797/2015 INTERESSADA:DÉBORA BARBOSA RONCA _ ASSUNTO: LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CONJUGE '.. -----I LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE. PRETENSÃODE SERVIDORADISTRITALEMACOMPANHAR SEUMARIDO, PROFESSOR DA UNIVERSIDADEDEBRASíLIA,AUTORIZADOA REALIZARPROJETO DE PESQUISA DE ESTÁGIO PÓS-DOUTORAL NA STANFORD UNIVERSITY (EUA).IMPOSSIBILIDADEDA CONCESSÃO DA LICENÇA. LC 840/2011, ART. 133. VIABILIDADE DA OUTORGA DE LICENÇA PARATRATARDEASSUNTOSPARTICULARES. LC 840/2011, ART. 144. - A LC 840/2011, no seu artigo 133, I e li, autoriza a concessão de licença, sem remuneração, ao servidor distrital estável para acompanhar cônjuge, apenas quando este for deslocado: (a) para trabalhar em localidade situada fora da RIDE ou (b) para exercer mandato eletivo em Estado ou Município não compreendido na RIDE. - Fora dessas restritas hipóteses, segundo a compreensão da PGDF, inviável a outorga da licença, remanescendo possível a concessão de licença, sem remuneração, para tratar de assuntos particulares. Exma. Sra. Procuradora-Chefe, 1- RELATÓRIO 1. Em 03.12.2015, a interessada pleiteou a concessão de licença por motivo de afastamento de cônjuge (LC 840/2011, art. 133), entre 13.07.2016 a 31.01.2017, comprovando que seu marido, Ricardo Moreno Lima, Professor da Universidade de Brasília, foi autorizado a realizar projeto de pesquisa de estágio pós-doutoral na Stanford University, localizada nos Estados Unidos da América, entre 02.02.2016 e 31.01.2017 (fls. 02/05). ; r-- ...L.. 0/ _

Pesquisa de Pareceres na Web - PARECER643/2016 ...parecer.pg.df.gov.br/arquivo/PRCON/2016/PRCON.0643.2016.pdfmotivo de afastamento de cônjuge (LC 840/2011, art. 133), entre 13.07.2016

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PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERALPROCURADORIA ESPECIAL DA ATIVIDADE CONSULTIVA

PARECER643/2016- PRCON/PGDFPROCESSO n° 060.011.797/2015INTERESSADA:DÉBORA BARBOSA RONCA _ASSUNTO: LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CONJUGE

'..-----I

LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE. PRETENSÃODE

SERVIDORADISTRITALEM ACOMPANHAR SEUMARIDO, PROFESSOR

DA UNIVERSIDADEDE BRASíLIA,AUTORIZADOA REALIZARPROJETO

DE PESQUISA DE ESTÁGIO PÓS-DOUTORAL NA STANFORD

UNIVERSITY(EUA). IMPOSSIBILIDADEDA CONCESSÃO DA LICENÇA.

LC 840/2011, ART. 133. VIABILIDADE DA OUTORGA DE LICENÇA

PARA TRATARDEASSUNTOSPARTICULARES.LC 840/2011, ART. 144.

- A LC 840/2011, no seu artigo 133, I e li, autoriza a

concessão de licença, sem remuneração, ao servidor distrital

estável para acompanhar cônjuge, apenas quando este for

deslocado: (a) para trabalhar em localidade situada fora da

RIDE ou (b) para exercer mandato eletivo em Estado ouMunicípio não compreendido na RIDE.

- Fora dessas restritas hipóteses, segundo a compreensão

da PGDF, inviável a outorga da licença, remanescendo possível

a concessão de licença, sem remuneração, para tratar deassuntos particulares.

Exma. Sra. Procuradora-Chefe,

1- RELATÓRIO

1. Em 03.12.2015, a interessada pleiteou a concessão de licença pormotivo de afastamento de cônjuge (LC 840/2011, art. 133), entre 13.07.2016 a

31.01.2017, comprovando que seu marido, Ricardo Moreno Lima, Professor da

Universidade de Brasília, foi autorizado a realizar projeto de pesquisa de estágio

pós-doutoral na Stanford University, localizada nos Estados Unidos da América,entre 02.02.2016 e 31.01.2017 (fls. 02/05). ; r--...L.. 0/ _

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2. A Assessoriade Carreiras e Legislação da Secretaria de Saúde

opinou pelo deferimento do pedido (fls.09/11). Após a juntada de documentos

complementares (fls. 16/30), a AssessoriaJurídico-Legislativa emitiu nota técnica,

afirmando ser inviável o acolhimento da pretensão (fls.34/36).

3. Cientificada, a servidora manejou recurso (fls. 41/56). A AJL

manteve o seu entendimento, sugerindo, à vista da decisão exarada pela 3°

Turma Cível do TJDFno AGI 2016.00.2.000141-5, a oitiva da PGDF(fls.62/63), com

o que, em 04.07.2016,concordou a Secretária-Adjunta (fls.64).

11 - FUNDAMENTACÃO

4. A LC 840/2011 autoriza a concessão de licença por motivo de

afastamento do cônjuge ou companheiro, sem remuneração, por até cinco

anos, ao servidor distrital estável cujo cônjuge ou companheiro for deslocado: (a)

para trabalhar em localidade situada fora da RIDEou (b) para exercer mandato

eletivo em Estado ou Município não compreendido na RIDE.Veja-se:

"Art. 133. Pode ser concedida licença ao servidor estável para

acompanhar cónjuge ou companheiro que for deslocado para:

I - trabalhar em localidade situada fora da Região Integrada de

Desenvolvimento Económico do Distrito Federal e Entorno - R/DE;

/I - exercer mandato eletivo em Estado ou Município não compreendido

na RIDE.

§ 1°. A licença é por prazo de até cinco anos e sem remuneração ou

subsídio.

§ 2°. A manutenção do vínculo conjugal deve ser comprovada

anualmente, sob pena de cancelamento da licença."

5. Como se vê, embora essa licença consubstancie direito subjetivo

do servidor que atender os pressupostoslegais --- por incumbir ao Estado oferecer

especial proteção à família (CF, art. 226) ---, certo é que, no caso, por razões

acadêmicas (estágio pós-doutoral), o cônjuge da servidora foi autorizado a

frequentar, pelo período de um ano (02/2016a 02/2017), a Stanford University.

6. Entretanto, nos termos da exegese que lhe empresta a PGDF,o

aperfeiçoamento acadêmico não foi eleito pelo legislador distrital, no art. 133daL'..;---.

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LC 840/2011, como fator apto a ensejar a concessão da licença (Pareceres

PRCON 756/2015 e 1.013/2015).

7. Nessecontexto, remanesce a possibilidade de a servidora usufruir

licença para tratar de assuntosparticulares, consoante o art. 144da LC840/2011:

"Art. 144.A critério da administração pública, pode ser concedida ao

servidor estável licença para tratar de assuntosparticulares, pelo prazo de até três

anos consecutivos, sem remuneração, desde que:

I - não possua débito com o erário relacionado com sua situação

funcional;

11- não se encontre respondendo a processo disciplinar.

§ 1°. A licença pode ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do

servidor ou a critério da administração.

§ 2°. O servidor não pode exercer cargo ou emprego público

inacumulável durante a licença de que trata este artigo.

§ 3°. A licença pode serprorrogada por igual período, uma única vez."

8. Essapossibilidade não acarretará prejuízosfuncionais à servidora,

eis que a licença para acompanhar cônjuge e a licença para tratar de assuntos

particulares, ambas sem remuneração, não são contadas como tempo de

serviço, nos termos dos arts. 164,165e 166,da LC840/2011:

"Art. 164.Salvo disposição legal em contrário, não são contados comotempo de serviço:

I - a falta injustificada ao serviço e a não compensada na forma destaLei Complementar;

11- o período em que o servidor estiver:

a) licenciado ou afastado sem remuneração;

b) cumprindo sanção disciplinar de suspensão;

111-o período decorrido entre:

a) a exoneração e o exercício em outro cargo de provimento efetivo;

b) a concessão de aposentadoria voluntária e a reversão;

c) a data de publicação do ato de reversão, reintegração, reconduçãoou aproveitamento e o retorno ao exercício do cargo.

Art. 165.São considerados como efetivo exercício:

I - as férias;

11- as ausênciasprevistas no art. 62;

111- a licença:

a) maternidade ou paternidade; /

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b) médica ou odontológica;

c) prêmio por assiduidade;

d) para o serviço militar obrigatório;

IV - o abono de ponto;

V - o afastamento para:

a) exercício em outro órgão ou entidade, inclusive em cargo em

comissão ou função de confiança, de qualquer dos Poderes do Distrito Federal, União,

Estado ou Município;

b) estudo ou missão no exterior,com remuneração;

c) participação em competição desportiva;

d) participação em programa de treinamento regularmente instituído ou

em programa de pós-graduação stricto sensu;

e) (VETADO).

VI - o afastamento em virtude de auxílio-doença previsto na legislação

previdenciária;

V/I - o período entre a demissão e a data de publicação do ato dereintegração;

VIII - a participação em tribunal do júri ou outros serviços obrigatórios porlei.

Parágrafo único. A licença para o desempenho de mandato classista ou

o afastamento para exercer mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal

são considerados como efetivo exercício.

Art. 166. Conta-se para efeito de disponibilidade:

1- o tempo de serviço prestado a Município, Estado ou União, inclusive o

prestado ao Tribunal de Justiça, Ministério Público ou Defensoria Pública do DistritoFederal e Territórios;

/I - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada ao regime geral

de previdência social, inclusive o prestado à empresa pública ou à sociedade de

economia mista de qualquer ente da federação;

/lI - a licença remunerada por motivo de doença em pessoa da famíliado servidor;

IV - a licença remunerada para atividade política;

V - o tempo de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,anterior ao ingresso no serviço público do Distrito Federal;

VI - o afastamento para frequência em curso de formação, quandoremunerado. "

9. Assim,na esteira do pensamento predominante da PGDF,não épossívelo acolhimento da pretensão da servidora. I

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10. Cabe advertir, todavia, que, de fato, a 3° Turma Cível do TJDF,no

AGI 2016.00.2.000141-5, apreciando o indeferimento do pedido de licença para

acompanhar cônjuge, formulado pela servidora distrital Vanessa Christiane C. S.

de Vasconcellos (objeto do Parecer 1.013j2015-PRCONjPGDF), reputou incorreto

o modo de pensar da PGDF.

11. Oportuna a transcrição dos seguintes excertos do voto proferido

pelo Desembargador Flavio Rostirola,Relator:

"(...) Resta a apreciação referente à natureza do afastamento do

cônjuge da Agravada, a justificar a concessão da licença.

Entendo, em conformidade com o que foi decidido à origem, o instituto

legal trazido à baila pelo já reproduzido artigo 133da Lei Complementar Distrital n0840/2011 visa garantir especial proteção ao instituto familiar, conforme determina oartigo 226, caput, da Constituição Federal.

Nessesentido, visando a proteção familiar, é de se considerar, ainda que

a própria Administração, que emprega também o cônjuge da Autora, demonstrou ser

de seu interesse, público, portanto, o deslocamento do servidor para

aperfeiçoamento. À f/.50 consta ofício da Advocacia Geral da União que atesta o

reconhecido interesse público no cumprimento da missão de estudos do cônjuge daAgravada.

A visão de que tal interesse é pessoal e não se amolda ao interesse

público deve ser rechaçada. Os interesses público e privado nem sempre são

conflitantes e o ápice da harmonização do Estado é a conjunção de tais interesses.

Portanto, em casos como o presente, deve o poder público louvar a

existência de interesse particular harmônico aos interesses públicos e não, por vias

transversas, obstá-lo, penalizá-lo, à afirmativa de que os interesses particulares não

podem ser harmônicos aos interessespúblicos. Em sendo harmônicos, não há que se

falar em interesse primário ou secundário; ambos são prevalentes.

A privilegiar tanto o núcleo familiar como o próprio interesse público noaperfeiçoamento de seusquadros, cabe apenas ao poder judiciário chancelar e, me

permitam, louvar o interesse da porte Agravada ao abdicar de seus vencimentos e

labor para, conferindo especial proteção à sua família, auxiliar no interesse público aser cumprido por seu cônjuge.

(...)

Por fim, cabe ressaltar não tratar-se de licença cuja concessão se sujeite

à discricionariedade da Administração, mas vinculada ao pedido e preenchimento

L' ~

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dos requisitoslegais. Igualmente, não se trata de licença que confira prejuízo material

aos cofres públicos, porquanto concedida semremuneração, na forma da lei.

Restam, portanto, no caso concreto, atendidos os requisitos legais de

concessão da licença para acompanhamento de cônjuge, motivo que aliado àpremência da data para mudança da família para o exterior, deve justificar a

concessão da medida antecipatória.

Dessa forma, rechaçados osargumentos recursais, tenho que merece ser

mantida a decisão combatida, porquanto atendidos os requisitos legais de concessão

da antecipação dos efeitos da tutela. (...)"

12. Como se verifica, embora não arrolado como motivo para a

concessão da licença para acompanhar cônjuge, o afastamento para fins de

estudo (ou aperfeiçoamento acadêmico) foi assimilado pelo Poder Judiciário

como fator hábil à outorga da licença, dando-se interpretação ampliativa ao

art. 133da LC840/2011, em homenagem à diretriz constitucional que impõe, ao

Estado,especial atenção à família (CF,art. 226,ccour] '.

13. Note-se que, no caso, o afastamento do cônjuge da servidora se

deu por um ano (01.02.2016a 31.01.2017)(fls.27), para desenvolver, na Stanford

University, a pesquisa "Efeitos Fisiológicos do Treinamento Resistido em Idosos com

Doença Arterial Coronariana: Função Endo telia I e Respostas Hemodinãmicas Centrais"

(fls.27), presente interessepúblico, como atestado pela UnB(fls.55/56).

14. Dentro de tais quadrantes, possívelque a recusa ao pedido da

servidora seja tornado sem efeito pelo Poder Judiciário, caso provocado.

15. Nada obstante, cumpre enfatizar que a servidora pleiteou a

licença apenas para o período de 13.07.2016a 3l.0l.2017, a significar, com todo

o respeito, não ser viável apontar o Distrito Federal como responsável por

eventual desagregação da unidade familiar.

111 - CONCLUSÃO

16. Forte em tais considerações, afirma-se que hipótese não se

subsume aos requisitos previstos no art. 133da LC 840/2011, não sendo possível

conceder-se, à interessada, licença para acompanhar cônjuge.

I "Art. 226.A tamltio. base da sociedade, tem especial proteção do Estado. "

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17. Remanesce, porém, a possibilidade da outorga da licença para

tratar de assuntos particulares (LC 840/2011, art. 144), que não acarretará

quaisquer prejuízos funcionais à servidora.

Ao discernimento sábio de V. Exa.

BrasOia,14 de julho de 2016.,t _ _~ ~ '-o.......v,,-(L.o

SÉRGIO CARVALHOSUBPROCURADOR-GERAL DO DISTRITOFEDERAL

OAB/DF 5.306

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GOVERNO DO DISTRITO FEDERALPROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERALGabinete da Procuradora-GeralProcuradoria Especial da Atividade Consultiva

~. ~-.:::=::...-".DFPROCURADORIA-GERAL

DO D,I$TRITO FEDERAL

PROCESSO N°:INTERESSADO:ASSUNTO:

MATÉRIA:

060.011.797/2015Débora Barbosa RoncaConcessão licença

Pessoal

Ressalvo meu entendimento pessoal, consubstanciado na cota dedesaprovação do Parecer nO0257/2014-PROPES/PGDF, cujos fundamentos,mutatis mutantis, aplicam-se à hipótese vertente. Todavia, em homenagem à

importância da uniformização na seara consultiva, de modo a se propiciar maiorsegurança, à Administração enquanto consulente, APROVO O PARECER N°0643/2016 - PRCON/PGDF, exarado pelo ilustre Subprocurador-Geral doDistrito Federal Sérgio Carvalho.

Ademais, cumpre consignar outro impedimento que autoriza oindeferimento da pretensão da servidora, qual seja, o casamento em data

posterior à concessão do afastamento ao seu cônjuge (does. de fls. 03 e 04),não havendo qualquer informação ou prova de que a unidade familiar a ser

preservada já existisse antes disso.

Nesse contexto, não se impõe à Administração o dever dapreservação da convivência familiar, se essa não existia por ocasião doafastamento do cônjuge, conforme entende o e. Superior Tribunal de Justiça.Confira-se, pois, os seguintes arestos:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO PARA ACOMPANHARCONJUGE. IMPOSSIBILIDADE. CONJUGES QUE NÃO COABITAVAM ANTES DAREMOÇÃO DA ESPOSA, POR ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.INEXIST~NCIA DE CONVIVeNCIA DIÁRIA E DIRETA. IMPOSSIBILIDADE DETRAUMA NA UNIÃO FAMILIAR. REJEiÇÃO DE oissioro JURISPRUDENÇIALNÃO DEMONSTRADO A CONTENTO. 1. A Corte de origem, fundada em prova dosautos, reconheceu que a remoção de otrcio da esposa do recorrente não interferiuna quebra da unidade familiar, uma vez que Inexistia prévia coabltaçlo entre oscônjuges. 2. O trauma à unidade familiar configura-se quando ocorre o afastamentodo convívio familiar direto e diário entre os cônjuges, hipótese não verificada nosautos. Precedentes. 3. Decisões monocráticas não constituem paradigmas para finsde demonstração de dissidio jurisprudencial, nos termos do art. 266 do RIST J.Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1209391/PB, ReI. MinistroHUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 13/09/2011).

IAS , {) I .----------------~"=B-rn-s~iIi-a--~P~a~tr~im~O~n~io-C~u~lt~u-rn~l~da~H~u-m-a~ni~d-ad~e~"--------~--~' V~

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. PRINCiPIO DA FUNGIBILIDADERECURSAL. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO PARA ACOMPANHAR CONJUGE.INVIABILIDADE. AUS~NCIA DE COABITAÇÃO ANTES DA REMOÇÃO DOCONJUGE. INEXIST~NCIA DE CONVIV~NCIA DIÁRIA E DIRETA.IMPOSSIBILIDADE DE TRAUMA NA UNIÃO FAMILIAR. (...) 3. A impetrante, emvirtude de posse em concurso público, foi lotada no município de Ortigueira/PR.Posteriormente, seu cônjuge foi removido a pedido do município de Fazenda RioGrande/PR para o município de Curitiba/PR. 4. É certo que, antes da posse daimpetrante, ambos os cônjuges possuíam residência fixa em Curitiba/PR. Contudo,após tal fato, foi lotada no município de Ortigueira/PR, sendo que seu cônjuge,nesse momento, exercia suas atividades no município de Fazenda Rio Grande/PR,aproximadamente 31 km do município de Curitiba/PR, onde já residia. 5. Assim, aquebra da unidade familiar resultou da posse e exercício da servidora no cargo queatualmente ocupa, na cidade de Ortigueira, pois, anteriormente a tal fato, tanto elacomo seu cônjuge residiam no município de Curitiba/PR, sendo certo que a lotaçãoinicial da servidora consistiu no fato preponderante de cessação do convívio diáriodo casal, e não no deslocamento posterior de seu cônjuge. 6. O STJ já decidiu que"o trauma à unidade familiar configura-se quando ocorre o afastamento doconvivlo familiar direto e diário entre os cônjuges" (AgRg no REsp1.209.391/PB, ReI. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 13.9.2011,noticiado no Informativo 482), caso em que, inexistindo prévia habitação entre oscônjuges, caracterizada está a impossibilidade de remoção. Precedente do STJ. 7.Inconteste que a impetrante teve que alterar seu domicflio em virtude de aprovaçãoem concurso público, estando ciente de que iria assumir o cargo em local diverso daresidência do marido, não possui direito subjetivo a acompanhar cônjuge que foiremovido para cidade em que já resida. 8. "A tutela à família não pode ser vista deforma absoluta, devendo os interessados observarem o enquadramento legal paraque não se cometa injustiças ou preterição em favor de uma pequena parcelasocial" (AgRg no AREsp 201.588/CE, ReI. Ministro Benedito Gonçalves, PrimeiraTurma, DJe 8/8/2014). 9. Agravo Regimental não provido. (EDcl no REsp1506600/PR, ReI. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em07/04/2015, DJe 21/05/2015).

ANA VI~~T~OLlProcuradora-Chefe em substituição

Procuradoria Especial da Atividade Consultiva

De acordo. Restituam-se os autos à Secretaria de Estado de Saúde

do Distrito Federal, para ciência e adoção das providências cabíveis.

Em lq / Di' /2016.

KARLA~_A DEsoüza MOTTAProcuradora-Geral Adjunta para Assuntos do Consultivo

IAS 2"Brasília - Patrimônio Cultural da Humanidade"