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VINICIUS HIDEO HONDA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA EMPRESA DO SETOR DE VAREJO DE VESTUÁRIO Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção SÃO PAULO 2014

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VINICIUS HIDEO HONDA

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA EMPRESA DO SETOR DE

VAREJO DE VESTUÁRIO

Trabalho de formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheiro de Produção

SÃO PAULO

2014

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VINICIUS HIDEO HONDA

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA EMPRESA DO SETOR DE

VAREJO VESTUÁRIO

Trabalho de formatura apresentado à

Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo para obtenção do Diploma de

Engenheiro de Produção

Orientador: Prof. Dr. Álvaro Euzébio

Hernandez

SÃO PAULO

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Honda, Vinicius Hideo

Planejamento estratégico em uma empresa do setor de varejo de vestuário / V.H. Honda. -- São Paulo, 2014.

p. 109

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1.Planejamento estratégico I.Universidade de São Paulo.

Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II.t.

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DEDICATÓRIA

A minha família e amigos

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AGRADECIMENTOS

A meu orientador, Prof. Álvaro Euzébio Hernandez, por todo o apoio e contribuição para o

desenvolvimento deste trabalho através de seus conhecimentos e experiência.

Aos meus pais, sem os quais não teria chegado até aqui. Serei eternamente grato por todos os

ensinamentos e por sempre me apoiarem.

Aos meus irmãos, pelo exemplo que continuam sendo em minha vida.

Aos meus amigos, por me proporcionarem momentos de felicidade até nos momentos mais

difíceis.

Por fim, a minha namorada, simplesmente por ser a melhor companhia e a melhor

companheira.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a estruturação e a execução do processo de

planejamento estratégico em uma empresa que atua no setor de vestuário. O processo de

planejamento estratégico é de grande importância, pois é por meio dele que são traçadas as

grandes diretrizes que as empresas seguirão no médio e longo prazo. É também bastante

complexo e requer grande conhecimento do setor, dos concorrentes e de si mesmo. O trabalho

está estruturado em três partes sequenciais organizadas de maneira a facilitar a linha de

raciocínio.

A primeira parte tem como objetivo compreender o ambiente em que a empresa está inserida,

ou seja, entender o setor e seus concorrentes. Após ter esta visão, a segunda parte visa

entender quais as fontes de diferenciação que criam vantagens competitivas à empresa, quais

são suas competências essenciais, suas forças e fraquezas. Por fim, a terceira parte consiste na

formulação da estratégia de fato, determinando qual o melhor caminho a ser seguido pela

empresa no médio e longo prazo.

As análises realizadas neste trabalho utilizam métodos e ferramentas reconhecidos na

literatura que buscam estruturar a linha de raciocínio utilizada durante o processo de

planejamento. Este trabalho é baseado na empresa do estágio do autor, que será denominada

de Empresa X, por questões de confidencialidade.

Palavras-chave: Vestuário. Varejo. Planejamento estratégico.

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ABSTRACT

This monograph aims to structure and execute the strategic planning process of a company

from the clothing sector. The strategic planning process is of great importance for companies

because it establishes the major guidelines that the company may follow in the middle and

long term. However, the process is quite complex and requires extensive knowledge of the

industry, competitors and the company itself. This work is structured in three parts, arranged

in sequential order to facilitate the line of reasoning.

The first part aims to understand the environment in which the company operates, in other

words, understand the industry and your competitors. The second part aims to understand

which sources of differentiation create competitive advantages to the company, also, what are

its core competencies, strengths and weaknesses. Finally, the third part consists in formulating

the strategy, determining the best course to be followed by the company in the medium and

long term.

The analysis developed here uses recognized methods and tools in the literature that seek to

structure the line of reasoning used during the planning process. This monograph is based on

the company's internship of the author, which will be called Empresa X, for reasons of

confidentiality.

Keywords: Clothing. Retail. Strategic planning.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Evolução da receita bruta ........................................................................................ 24

Figura 2 – Organograma da empresa ........................................................................................ 25

Figura 3 – Distribuição das lojas no Brasil............................................................................... 26

Figura 4 – Características das escolas de pensamento de formulação de estratégia ................ 32

Figura 5 – Camadas do ambiente empresarial .......................................................................... 33

Figura 6 – Fatores macro ambientais ........................................................................................ 34

Figura 7 – As cinco forças competitivas de Porter ................................................................... 35

Figura 8 – Mapa de grupos estratégicos ................................................................................... 43

Figura 9 – Capacidades estratégicas e vantagem competitiva .................................................. 44

Figura 10 – Matriz SWOT ........................................................................................................ 48

Figura 11 – Matriz competência X critérios de vantagem competitiva .................................... 50

Figura 12 – Estratégias competitivas genéricas ........................................................................ 53

Figura 13 – Estratégia de adjacências....................................................................................... 59

Figura 14 – Estrutura hierárquica de decisão ........................................................................... 60

Figura 15 – Escala de intensidade de importâncias .................................................................. 61

Figura 16 – Matriz genérica de comparação ............................................................................ 61

Figura 17 – Matriz normalizada de comparação ...................................................................... 62

Figura 18 – Evolução do número de lojas físicas ..................................................................... 65

Figura 19 – Canais de venda..................................................................................................... 67

Figura 20 – Breakdown das vendas em peças por tipo de produto .......................................... 68

Figura 21 – Breakdown das vendas em valor por tipo de produto ........................................... 69

Figura 22 – Análise do poder de barganha dos clientes ........................................................... 72

Figura 23 – Intensidade das forças competitivas de Porter ...................................................... 73

Figura 24 – Mapa dos grupos estratégicos do varejo de vestuário ........................................... 75

Figura 25 – Análise das competências essenciais .................................................................... 79

Figura 26 – Evolução do faturamento do comércio eletrônico brasileiro ................................ 82

Figura 27 – Categorias mais vendidas no comércio eletrônico no 1º semestre de 2014 .......... 83

Figura 28 – Matriz SWOT da Empresa X ................................................................................ 84

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores de referência do Índice de Consistência .................................................... 62

Tabela 2 – Matriz de comparação dos critérios de decisão ...................................................... 89

Tabela 3 – Matriz normalizada de comparação dos critérios de decisão ................................. 89

Tabela 4 – Peso dos critérios de decisão .................................................................................. 89

Tabela 5 – Matriz de comparação dos subcritérios de decisão ................................................. 90

Tabela 6 – Matriz normalizada de comparação dos subcritérios de decisão ............................ 90

Tabela 7 – Peso dos subcritérios de decisão ............................................................................. 91

Tabela 8 – Peso dos critérios e subcritérios de decisão ............................................................ 91

Tabela 9 – Ranking das estratégias ........................................................................................... 92

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHP – Analytic Hierarchy Process

BI – Business Intelligence

IC – Índice de Consistência

MCP – Matriz de Comparação Paritária

SKU – Stock Keeping Unit

TI – Tecnologia da Informação

VM – Visual Merchandising

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 23

1.1. Definição do problema ............................................................................................. 23

1.2. Objetivo do trabalho ................................................................................................ 23

1.3. Descrição da empresa .............................................................................................. 24

1.4. Descrição do Estágio ................................................................................................ 26

1.5. Estrutura do Trabalho ............................................................................................ 26

2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 29

2.1. O conceito de estratégia ........................................................................................... 29

2.2. Fatores que influenciam as decisões estratégicas .................................................. 32

2.2.1. Fatores Externos ................................................................................................ 33

2.2.1.1. Análise do macroambiente .......................................................................... 34

2.2.1.2. Análise do Setor .......................................................................................... 34

2.2.1.3. Análise dos Concorrentes............................................................................ 41

2.2.2. Fatores Internos ................................................................................................. 44

2.2.2.1. Bases da capacidade estratégica ................................................................ 45

2.2.2.2. Capacidades para vantagem competitiva sustentável ................................ 46

2.3. Análise SWOT .......................................................................................................... 47

2.3.1. Oportunidades e Ameaças .................................................................................. 48

2.3.2. Forças e Fraquezas ............................................................................................ 50

2.4. Estratégias Competitivas ......................................................................................... 51

2.4.1. Estratégias Competitivas Genéricas .................................................................. 52

2.4.1.1. Liderança no Custo Total ............................................................................ 53

2.4.1.2. Diferenciação .............................................................................................. 54

2.4.1.3. Enfoque........................................................................................................ 55

2.4.1.4. O Meio Termo ............................................................................................. 57

2.5. Estratégias de Crescimento ..................................................................................... 57

2.5.1. Estratégia de Adjacências .................................................................................. 57

2.6. Decisões multicritério – AHP .................................................................................. 59

3. ANÁLISE DA EMPRESA ............................................................................................. 65

3.1. Descrição da Empresa ............................................................................................. 65

3.1.1. Canais de venda ................................................................................................. 66

3.1.2. Produtos ............................................................................................................. 66

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3.2. Análise dos Fatores Externos .................................................................................. 69

3.2.1. Análise do macroambiente ................................................................................. 69

3.2.2. Análise do Setor .................................................................................................. 70

3.2.2.1. Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes............................................... 70

3.2.2.2. Intensidade da Rivalidade entre os Concorrentes Existentes ..................... 71

3.2.2.3. Pressão dos Produtos Substitutos ............................................................... 72

3.2.2.4. Poder de negociação dos compradores ...................................................... 72

3.2.2.5. Poder de negociação dos fornecedores ...................................................... 73

3.2.3. Análise dos Concorrentes ................................................................................... 74

3.3. Análise dos Fatores Internos ................................................................................... 77

3.3.1. Capacidades estratégicas ................................................................................... 77

3.3.1.1. Capacidades iniciais ................................................................................... 77

3.3.1.2. Recursos únicos e competências essenciais ................................................ 77

3.3.2. Capacidades para vantagem competitiva sustentável ........................................ 78

3.4. Análise SWOT .......................................................................................................... 81

3.4.1. Oportunidades e Ameaças .................................................................................. 81

3.4.2. Forças e Fraquezas ............................................................................................ 83

3.5. Análise das Estratégias Competitivas .................................................................... 84

3.5.1. Estratégia Competitiva Genérica ....................................................................... 84

3.6. Análise das Estratégias de Crescimento ................................................................ 85

4. ESTRATÉGIA PROPOSTA ......................................................................................... 87

4.1. Definição das propostas ........................................................................................... 87

4.2. Critérios de decisão .................................................................................................. 88

4.2.1. Definição dos critérios ....................................................................................... 88

4.2.2. Atribuição de pesos aos critérios ....................................................................... 88

4.2.3. Classificação das propostas de estratégia ......................................................... 92

4.3. Descrição da solução ................................................................................................ 92

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 95

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 99

APÊNDICE A ....................................................................................................................... 101

APÊNDICE B ........................................................................................................................ 107

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23

1. INTRODUÇÃO

O mundo vivenciou nas últimas décadas uma grande intensificação do processo de

globalização, fenômeno que diminuiu as barreiras geográficas no mundo. Os grandes grupos

varejistas1 atuantes no mercado começaram a enfrentar situações de competição cada vez

mais acirrada, com oportunidades de crescimento cada vez mais limitadas. Deste modo, a

partir da década de 80, as grandes redes varejistas começaram a repensar em suas estratégias

para continuar sobrevivendo nesse cenário cada vez mais competitivo (CLARKE, 2002).

1.1. Definição do problema

A empresa objeto de estudo do presente trabalho está inserida nesse cenário de

transformações. Porém, os primeiros administradores da empresa definiram brevemente as

estratégias a serem seguidas e investiram somente na operação. Hoje, com uma nova

administração, a empresa está numa fase de foco apenas nos negócios considerados mais

estratégicos. No entanto, o processo de formulação da estratégia da empresa é extremamente

informal. A empresa não consegue definir objetivos e metas de longo prazo, pois não possui

processos estruturados de estudo da concorrência e de si mesma. Surge assim, a necessidade

de um processo formal de elaboração do planejamento estratégico.

1.2. Objetivo do trabalho

O objetivo deste trabalho é auxiliar a administração da empresa na elaboração de um processo

de formulação de planejamento estratégico, além da elaboração do planejamento em si,

utilizando a literatura de referência disponível para que ela possa conhecer seu ambiente, seu

setor, seus concorrentes e, principalmente, se conhecer.

1 Apesar de o texto tratar do varejo alimentício, o contexto pode ser estendido ao varejo de vestuário.

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1.3. Descrição da empresa

A Empresa X2, que atua no varejo de vestuário íntimo feminino (lingerie), foi criada em 2009

pertencendo a uma holding3. Seu portfólio abrange linhas de lingerie de marca própria, além

de marcas internacionais. Seus produtos trouxeram para o mercado brasileiro um conceito

inovador de sutiãs que se ajustam perfeitamente ao corpo: diferentes tamanhos de taça e de

costas, que permitem um perfeito ajuste ao corpo. Além de lingeries, a empresa trabalha com

outros produtos como acessórios e produtos de beleza.

A primeira administração da empresa definiu sua missão como: “Ser líder no varejo de

lingerie para as classes A e B no Brasil, em uma grande faixa etária.”.

Figura 1 – Evolução da receita bruta

Fonte: Elaborado pelo autor

2 Por motivos de confidencialidade, não será revelado o nome da empresa.

3 Conglomerado de empresas.

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Figura 2 – Organograma da empresa

Fonte: Elaborado pelo autor

A empresa possui diversos canais de venda, que serão descritos posteriormente, sendo o mais

relevante as suas lojas físicas. No ano de 2013, a Empresa X atingiu uma receita de 80,6

milhões de Unidades Monetárias4 (UM) somente nas lojas físicas, como mostra a Figura 1. A

empresa conta com aproximadamente 300 funcionários, sendo 50 no backoffice e 250 atuando

nas lojas. Os funcionários do backoffice são organizados entre as áreas mostradas na Figura 2.

A sede administrativa está localizada na cidade de São Paulo. A Empresa X atualmente conta

com 21 lojas próprias, as quais estão distribuídas pelo Brasil nos Estados de São Paulo, Rio de

Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal, como mostra a Figura 3.

Além das lojas físicas, a empresa conta com uma operação por E-commerce.

4 Por motivos de confidencialidade, os dados da empresa serão mostrados em uma moeda fictícia.

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26

Figura 3 – Distribuição das lojas no Brasil

Fonte: Elaborado pelo autor

1.4. Descrição do Estágio

O autor do presente trabalho acadêmico estagia na sede corporativa da empresa desde julho de

2013. O estágio é realizado na área de Novos Negócios, uma área que possibilita ao autor ter

contato com diversos projetos, além do contato com todos os outros departamentos da

empresa. Essa grande exposição concede uma boa visão geral da empresa e um bom

aprendizado.

1.5. Estrutura do Trabalho

Nesta seção faz-se uma descrição da estrutura deste trabalho de formatura, constituída de três

etapas principais, sendo elas: revisão da literatura, análise da empresa em estudo e elaboração

e escolha das propostas de solução para a empresa.

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27

A revisão da literatura buscará entender quais são os principais conceitos de estratégia e quais

são as ferramentas mais adequadas para a elaboração de um processo de planejamento

estratégico. Além disso, a revisão da literatura buscará um método adequado para a escolha da

solução, a partir das soluções propostas.

Na análise da empresa será fornecida uma descrição mais detalhada a respeito de seus

produtos, conceitos e canais de venda. Assim, com o conhecimento adquirido na revisão da

literatura, será feita uma análise da situação atual da empresa e de seu ambiente, identificando

as principais oportunidades e ameaças.

Por fim, com todo o conhecimento da empresa e do ambiente, serão propostas algumas

soluções ao problema e será escolhida uma solução com o método de escolha visto na revisão

da literatura.

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29

2. REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo apresenta a revisão de literatura que fundamenta as análises posteriores,

detalhando os principais conceitos referentes ao planejamento estratégico que serão utilizados

ao longo do trabalho.

2.1. O conceito de estratégia

O conceito de estratégia tem sido amplamente estudado na literatura. Esse, além de ter

diversas abordagens distintas, está em constante evolução (CARVALHO; LAURINDO,

2007).

Para Porter (2004), a estratégia consiste em um conjunto de atividades de uma empresa que

serão responsáveis pela entrega de um composto, cujo valor é único e diferente de seus

concorrentes. Markides (1999) também considera que para uma empresa o termo “estratégia”

consiste em estabelecer uma posição no mercado que pode ser sustentada como própria.

Johnson; Scholes e Whittington (2005) consolidam várias abordagens sobre o termo

“estratégia” na literatura para gerar uma definição própria:

Estratégia é a direção e o escopo de uma organização no longo prazo, que

obtém vantagem em um ambiente em mudança através de sua configuração

de recursos e competências com o objetivo de atender às expectativas dos

stakeholders. (JOHNSON; SCHOLES; WHITTINGTON, 2005).

Carvalho e Laurindo (2007) observam que os elementos que afetam as decisões estratégicas

podem ser originários de três dimensões diferentes: (i) escolha dos clientes em que se desejará

focar, (ii) escolha dos produtos que serão oferecidos e (iii) o modo que será adotado para

realizar essas atividades de maneira eficiente.

Dadas as múltiplas abordagens que o termo “estratégia” pode evocar, a partir de diversos

estudos e conclusões de pesquisas científicas, Mintzberg e Lampel (1999) apud Carvalho e

Laurindo (2007) distinguiram 10 escolas de pensamento de formulação da estratégia, cada

qual com uma visão de estratégia.

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30

Primeiramente, Mintzberg e Lampel (1999) apud Carvalho e Laurindo (2007) dividiram essas

escolas de pensamento em dois grupos: as prescritivas e as descritivas. A ideia das escolas

descritivas surgiu com o general prussiano Karl von Clausewitz (1780-1831). Para ele, a

teoria da estratégia deveria ter um caráter prescritivo, pois não haveria uma “receita” para o

sucesso estratégico, mas sim um aprendizado observando as experiências alheias

(CARVALHO; LAURINDO, 2007).

Por outro lado, a ideia das escolas prescritivas surgiu com o general franco-suíço Antoine-

Henri de Jomini (1779-1869). Para ele, haveria princípios científicos para a estratégia militar

que não somente poderiam ser prescritos, mas deveriam ser seguidos. Ele acreditava que os

princípios da guerra seriam válidos sempre, independentemente da situação e da tecnologia

empregada (CARVALHO; LAURINDO, 2007).

Dessa forma, Mintzberg e Lampel (1999) apud Carvalho e Laurindo (2007) definiram as

escolas de pensamento de caráter prescritivo como sendo:

Design (Estratégia como um processo de concepção): vê o processo de formação da

estratégia como ajuste entre pontos fortes e fracos internos a empresa e ameaças e

oportunidades do meio externo.

Planejamento (Estratégia como um processo formal): desenvolveu-se concomitantemente

com a escola de Design e surgiu com Igor Ansoff em 1965.

Posicionamento (Estratégia como um processo analítico): tem como base a ideia de que a

estratégia pode ser definida a partir de posições genéricas que são identificadas a partir da

análise do setor.

Do mesmo modo, Mintzberg e Lampel (1999) apud Carvalho e Laurindo (2007) definiram as

escolas de pensamento de caráter descritivo como sendo:

Empreendedorismo (Estratégia como um processo visionário): baseia o processo de

formulação de estratégia na intuição criativa de um líder visionário e na sua capacidade de

controlar a implementação de suas ideias.

Cognitivo (Estratégia como um processo mental): fundamenta-se na capacidade de

compreender o processo mental das pessoas. Atualmente, foca-se numa abordagem mais

subjetiva, interpretativa ou construtivista do processo de formulação de estratégia.

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31

Aprendizado (Estratégia como um processo emergente): a estratégia é vista como um

processo emergente, onde qualquer pessoa na empresa pode ser um estrategista. A

formulação e a implementação da estratégia não podem ser separadas.

Poder (Estratégia como um processo de negociação): estratégia baseada no poder. Utiliza

seu poder sobre outros para formar parcerias ou outros inter-relacionamentos para formar

estratégias de interesse comum entre as duas ou mais partes.

Cultural (Estratégia como um processo social): baseia a estratégia na cultura, nos interesses

comuns e na integração.

Ambiental (Estratégia como um processo reativo): procura-se entender qual a liberdade de

uma empresa em se movimentar dentro de seu ambiente, além de quais são as demandas

deste meio ambiente.

Configuração (Estratégia como um processo de transformação): há dois aspectos nessa

escola que se complementam: um mais acadêmico e outro mais profissional. O primeiro

aspecto, de caráter mais descritivo, entende a empresa como uma configuração para cada

situação, integrando a visão das outras escolas, podendo se utilizar de todas. O segundo

aspecto, de caráter mais prescritivo, vê as mudanças como transformações dramáticas de

um estado para outro.

As principais características de cada uma delas estão apresentadas sinteticamente na Figura 4.

Entretanto, considera-se que essas diferentes escolas podem ser aplicadas em fases distintas

do processo de formulação estratégica. Assim, dependendo do momento enfrentado por uma

determinada empresa, sua visão estratégica pode mudar de filosofia. Assim, a partir das

características apresentadas pelas diferentes Escolas de Pensamento, os diversos pensamentos

estratégicos, apesar de possuir diferentes abordagens, não são inconciliáveis entre si, mas sim

fortemente complementares (CARVALHO; LAURINDO, 2007).

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Escola de

Pensamento

Visão do Processo de

Formulação da

Estratégia

Exemplo de autores

Prescritivas

Design Processo de

Concepção

Selznick; Newman;

Andrews

Planejamento Processo Formal Ansoff

Posicionamento Processo Analítico Porter; Schendel;

Hatten

Descritivas

Empreendedorismo Processo Visionário Schumpeter; Cole

Cognitivo Processo Mental Simon; March

Aprendizado Processo Emergente

Lindblom; Cyert &

March; Weick;

Quinn; Prahalad &

Hamel

Poder Processo de

Negociação

Allison (micro);

Pfeffer & Salancik;

Astley (macro)

Cultural Processo Social Rhenman & Normann

Ambiental Processo Relativo Hannan & Freeman;

Pugh et al

Configuração Processo de

Transformação

Chandler; Mintzberg;

Miller; Miles; Snow

Figura 4 – Características das escolas de pensamento de formulação de estratégia

Fonte: Extraída de CARVALHO; LAURINDO, 2007, adaptada de MINTZBERG; LAMPEL, 1999

2.2. Fatores que influenciam as decisões estratégicas

As decisões estratégicas das empresas podem ser influenciadas por dois grupos de fatores: os

externos e os internos. Johnson; Scholes e Whittington (2005) acrescentam ainda a influência

da expectativa dos diversos stakeholders. Ele acredita que os stakeholders não fazem parte do

ambiente empresarial, portanto não são considerados nos fatores externos. Uma explicação

mais detalhada será realizada a seguir.

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33

2.2.1. Fatores Externos

Os fatores externos são aqueles relativos ao mercado e ao ambiente competitivo em que a

empresa está inserida, fatores sobre os quais a empresa não tem, normalmente, controle ou

influência direta. A Figura 5 ilustra as camadas do ambiente empresarial que estão além das

fronteiras da organização.

Figura 5 – Camadas do ambiente empresarial

Fonte: Adaptado de Johnson; Scholes e Whittington (2005)

As camadas são descritas de maneira sucinta a seguir:

Macroambiente: A camada mais geral do ambiente. Ela consiste de fatores ambientais

amplos que afetam, em maior ou menor grau, quase todas as organizações.

Segmento (ou Setor): A próxima camada depois do ambiente geral amplo. Ela representa

um grupo de organizações produzindo os mesmos produtos ou serviços.

Concorrentes/Mercados: A camada mais imediata do ambiente. Dentro da maioria dos

segmentos ou setores existem diferentes organizações com diferentes características,

concorrendo em bases diferentes.

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2.2.1.1. Análise do macroambiente

Fatores macro ambientais podem ter uma influência importante nas decisões estratégicas das

empresas. A estrutural PESTEL é utilizada para categorizar as influências ambientais em seis

tipos principais: políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, ambientais e legais (JOHNSON;

SCHOLES; WHITTINGTON, 2005). Os principais componentes macroambientais dos quais

as empresas devem estar cientes para desenvolver suas estratégias são explicitados na Figura

6.

Figura 6 – Fatores macro ambientais

Fonte: Johnson; Scholes e Whittington (2005)

2.2.1.2. Análise do Setor

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Segundo Porter (2004), a intensidade da concorrência de um setor é determinada por sua

estrutura econômica básica, não se restringindo apenas ao comportamento dos atuais

concorrentes. Para ele, em todo setor existem cinco forças competitivas básicas que

competem entre si em busca da “maior parte do bolo” e que juntas determinam o grau de

concorrência e o potencial de lucro final no setor.

As cinco forças competitivas são explicitadas na Figura 7:

Figura 7 – As cinco forças competitivas de Porter

Fonte: Adaptado de Porter (2004)

No esquema da figura acima, as forças horizontais constituem a disputa pela lucratividade

dentro da cadeia produtiva, que dependem do poder de barganha/negociação dos fornecedores

e compradores. As forças verticais constituem as forças competitivas entre os concorrentes,

sejam aqueles já estabelecidos, os novos entrantes ou os produtos substitutos.

Porter (2004) afirmou que a estrutura do setor é fruto de fatores econômicos e tecnológicos

básicos do setor e do negócio em específico, embora fatores históricos possam influenciar e

estar presentes nela. Ele ainda ressaltou que é preciso atentar-se para fatores de curto prazo

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que podem afetar a concorrência e a rentabilidade do setor de forma transitória, não sendo

enraizados em sua economia e tecnologia estrutural.

As forças competitivas são explicadas a seguir com base na referência de Porter (2004).

2.2.1.2.1. Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes

A ameaça de entrada de novos concorrentes consiste na ameaça potencial de que novas

empresas entrem no setor trazendo nova capacidade produtiva, em busca de parcela de

mercado e, assim, aumentando a concorrência.

Uma maior concorrência e o aumento da oferta podem levar a um menor market-share,

podem fazer com que os preços caiam, ou podem fazer com que os custos dos participantes

inflacionem, diminuindo, assim, as vendas e a rentabilidade das empresas.

O grau de ameaça de entrada no setor depende das barreiras de entrada existentes e da

reação/retaliação que o novo concorrente pode esperar por parte dos concorrentes já existentes

no setor.

Existem seis principais tipos de barreiras de entrada:

Economias de escala: referem-se à diminuição no custo unitário à medida que o volume de

produção aumenta. A presença de economias de escala faz com que os novos entrantes

tenham que ingressar no setor já em larga escala, arriscando-se mais, ou tenham que

ingressar em pequena escala, sujeitando-se a uma desvantagem de custos.

Diferenciação do Produto (e/ou Marca): A diferenciação do produto e/ou da marca

estabelecida cria um vínculo de lealdade com os clientes. Dessa forma, os novos entrantes

necessitam quebrar este vínculo para conseguir vender aos clientes. A quebra de vínculo

demanda produtos melhores ou mais baratos, promoções ou ações publicitárias que

incorrem em despesas pesadas.

Necessidades de Capital: A necessidade de alto volume de capital para iniciar o negócio

gera dois tipos de dificuldades: o aumento do montante que se está pondo em risco, ou

seja, o risco total do novo negócio, e a necessidade de conseguir captar tal volume, que

nem sempre está disponível a taxas atrativas.

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Custo de Mudança: O custo que o comprador encontra ao ter que mudar de fornecedor.

Caso o custo seja elevado a ponto de não valer a pena ao comprador mudar de fornecedor,

ele não o fará, e por consequência, os atuais concorrentes possuem esta vantagem frente

aos novos entrantes.

Acesso aos Canais de Distribuição: Ao entrar no setor, o novo entrante precisa assegurar a

distribuição de seu produto por meio dos canais de distribuição. Para isso, precisa negociar

e convencer os canais a aceitarem seu produto. Em alguns casos, esta tarefa pode ser mais

difícil, até impossível, dependendo do grau de envolvimento e parcerias dos canais com os

atuais concorrentes.

Desvantagens de Custo Independentes de Escala: Existem algumas vantagens de custos

impossíveis de serem igualadas pelos novos entrantes. Por exemplo:

Tecnologia patenteada do produto;

Acesso favorável às matérias-primas;

Localizações favoráveis;

Subsídios oficiais;

Curva de aprendizagem ou de experiência;

Política governamental: o governo pode limitar ou mesmo impedir a entrada em

setores com controles como licenças de funcionamento e limites ao acesso a

matérias-primas. Restrições governamentais mais sutis podem derivar de controles

tais como padrões de poluição do ar e da água e índices de segurança e de eficiência

de produto.

Quando os novos entrantes verificam que a probabilidade de reação/retaliação à sua entrada,

por parte dos concorrentes atuais, é alta, isso pode constituir para eles uma barreira de entrada

relevante. Algumas condições aumentam a probabilidade de retaliação à entrada, são elas:

Um passado de vigorosas retaliações aos entrantes

Empresas estabelecidas com recursos substanciais para a disputa (ex.: excedente de caixa e

capacidade de contrair empréstimos não exercitada, excesso de capacidade de produção,

etc.)

Empresas estabelecidas com alto grau de comprometimento com o setor e ativos altamente

não-líquidos nela empregados

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38

Crescimento lento do setor, o que limita a capacidade do setor de absorver novas empresas

sem deprimir as vendas e o desempenho financeiro das empresas estabelecidas.

2.2.1.2.2. Intensidade da Rivalidade entre os Concorrentes Existentes

A rivalidade entre os concorrentes existentes constitui a forma mais direta e corriqueira de

concorrência no setor. A disputa entre os concorrentes pelos mesmos clientes pode ser feita

pela gama de produtos e serviços oferecidos, pela concorrência de preços, pela diferenciação

dos produtos, pela proximidade e facilidade de acesso/compra, além de batalhas de

publicidade e disputa pelos melhores fornecedores e canais de distribuição.

Existem diversas formas de concorrência, algumas podem ser benéficas e outras prejudiciais

para todo o setor. Por exemplo, uma concorrência de preços tende a ser altamente instável e

piora a rentabilidade do setor como um todo. Já a concorrência por meio de batalhas de

publicidade podem expandir a demanda e aumentar o nível de diferenciação, sendo benéfico

para toda setor.

A rivalidade e sua forma é consequência da interação de vários fatores estruturais:

Concorrentes numerosos ou bem equilibrados;

Crescimento lento do setor;

Custos fixos ou de armazenamento altos;

Ausência de diferenciação ou custos de mudança;

Capacidade aumentada em grandes incrementos;

Concorrentes divergentes;

Grandes interesses estratégicos;

Barreiras de saída elevada.

2.2.1.2.3. Pressão dos Produtos Substitutos

Produtos substitutos são aqueles que possam desempenhar a mesma função que aquele do

setor. De maneira geral, todas as empresas em um setor competem, de forma direta ou

indireta, com as empresas de setores que fabricam produtos substitutos.

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Os produtos substitutos delimitam um teto nos preços que podem ser praticados, limitando e

reduzindo os retornos potenciais de um setor. Eles demandam maior atenção quando estão

sujeitos a tendências de melhoramento do seu trade-off de preço-desempenho com o produto

da setor, ou quando são produzidos por setores com altas margens de lucro.

2.2.1.2.4. Poder de Negociação dos Compradores

Os compradores influenciam a rentabilidade da empresa por meio do preço e/ou qualidade dos

produtos e serviços transacionados. Quanto mais poderosos os compradores, mais poder de

barganha eles possuem para baixar os preços e/ou aumentar a qualidade dos produtos

comprados, de forma a consumir parcela da rentabilidade do setor.

Um grupo comprador é poderoso se algumas circunstâncias forem verdadeiras:

Ele está concentrado ou adquire grandes volumes em relação às vendas do vendedor;

Os produtos que ele adquire do setor representam uma fração significativa de seus próprios

custos ou compras;

Os produtos que ele compra do setor são padronizados ou não diferenciados;

Ele enfrenta poucos custos de mudança;

Ele consegue lucros baixos;

Compradores que são uma ameaça concreta de integração para trás;

O produto do setor não é importante para a qualidade dos produtos ou serviços do

comprador;

O comprador tem total informação.

Uma vez que alguns dos fatores descritos acima mudam com o tempo ou variam dependendo

das decisões da companhia, o poder de negociação do comprador depende das decisões da

empresa. Logo, a seleção/escolha do grupo de compradores com quem comercializar pode e

deve ser vista como uma decisão estratégica relevante para a empresa.

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2.2.1.2.5. Poder de Negociação dos Fornecedores

Os fornecedores influenciam a rentabilidade da empresa por meio do preço e/ou qualidade dos

bens e serviços fornecidos. Quanto mais poderosos os fornecedores, mais poder de

negociação eles possuem para aumentar os preços e/ou diminuir a qualidade dos bens

fornecidos, de forma a consumir parcela da rentabilidade do setor ou diminuir a qualidade do

produto final.

Um grupo fornecedor é poderoso se algumas circunstâncias forem verdadeiras:

É dominado por poucas companhias e é mais concentrado do que a setor para a qual vende;

Não está obrigado a lutar com outros produtos substitutos na venda para o setor;

O setor não é um cliente importante para o grupo fornecedor;

O produto dos fornecedores é um insumo importante para o negócio do comprador;

Os produtos do grupo fornecedor são diferenciados ou o grupo desenvolveu custos de

mudança;

O grupo de fornecedores é uma ameaça concreta de integração para frente.

Uma posição estratégica boa é aquela que defende a empresa das cinco forças e que permite

influenciá-las a seu favor. A formulação da estratégia competitiva pode assumir caráter

ofensivo ou defensivo no que diz à criação de uma posição defensável contra as cinco forças

competitivas. Ele cita três tipos de abordagens possíveis (Posicionamento, Influenciando o

equilíbrio e Explorando a mudança):

Posicionamento: posicionar a empresa de modo que suas capacidades proporcionem a

melhor defesa contra o conjunto existente de forças competitivas. Esta abordagem toma a

estrutura do setor como dada e ajusta os pontos fortes e fracos da companhia a essa

estrutura.

Influenciando o equilíbrio: influenciar o equilíbrio de forças a partir de movimentos

estratégicos e, assim, melhorar a posição relativa da empresa. Essa postura é determinada

para fazer algo mais do que simplesmente enfrentar as forças propriamente ditas; ela visa

alterar suas causas.

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Explorando a mudança: antecipar as mudanças nos fatores básicos das forças e responder a

elas, explorando, assim, a mudança por meio da escolha de uma estratégia apropriada ao

novo equilíbrio competitivo antes que os rivais a identifiquem.

2.2.1.3. Análise dos Concorrentes

Johnson; Scholes e Whittington (2005) dizem que um segmento ou setor pode estar num nível

muito geral para garantir um entendimento detalhado da concorrência. Num determinado

setor, pode haver muitas companhias, cada uma com capacidades diferentes e concorrendo em

bases diferentes.

Dessa forma, o conceito de Grupos Estratégicos é mais adequando quando se trata de análise

de concorrência. O conceito é detalhado a seguir.

O que são?

Segundo Porter (2004), grupos estratégicos são grupos de empresas, dentro de um mesmo

setor, que possuem posicionamentos estratégicos idênticos ou semelhantes ao longo das

dimensões estratégicas. Ele ressalta que grupos estratégicos não são equivalentes a segmentos

de mercado, sendo definidos com base em uma concepção mais ampla de postura estratégica.

Porter (2004) ainda afirma que empresas pertencentes a um mesmo grupo estratégico

geralmente se assemelham de outras formas. Por seguirem a mesma estratégia, elas tendem a

ter parcelas de mercado semelhantes, além de serem afetadas e de responderem de modo

semelhante a acontecimentos externos.

Como são formados e porque existem?

Segundo Carvalho e Laurindo (2007), grupos estratégicos são formados tanto por motivos

históricos (uma vez que as empresas entraram no setor sob o mesmo contexto), como

circunstanciais ou também devido às opções e prioridades das empresas.

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Segundo Porter (2004), a existência de diversos grupos estratégicos, uns mais rentáveis que

outros, ocorrem pelo fato de existirem Barreiras de Mobilidade, que são barreiras que

dificultam que uma empresa mude de um grupo estratégico para outro. Barreiras de

Mobilidade se baseiam no mesmo conceito das Barreiras de Entrada, explicitadas no Capítulo

2.2.1.2.1 deste trabalho.

Além disso, Porter (2004) lembra que assim como as barreiras de entrada, as barreiras de

mobilidade podem mudar, gerando movimentos das empresas entre os grupos estratégicos,

podendo até haver movimentos para grupos estratégicos novos.

Como identificá-los?

Conforme explicitado no Capítulo 2.4 deste trabalho, o posicionamento estratégico de uma

empresa pode ser explicado por um conjunto de dimensões estratégicas (como especialização,

identificação de marca, etc.). Para identificar os grupos estratégicos, Porter (2004) sugere que

seja feita uma caracterização dos concorrentes significativos do setor em cada uma das

dimensões estratégias.

Porque identificá-los?

Por seguirem a mesma estratégia e serem muito semelhantes entre si, empresas de um mesmo

grupo estratégico normalmente se relacionam com as Cinco Forças Competitivas de Porter de

maneira parecida.

Dessa forma, é possível realizar a análise das Cinco Forças Competitivas de Porter para os

Grupos Estratégicos, servindo como um quadro de referência intermediário entre a visão

global do setor e a consideração isolada de cada empresa (PORTER, 2004).

O Mapa dos Grupos Estratégicos

Uma utilização útil do conceito de grupos estratégicos para a o estudo do setor pode ser feita

por meio do Mapa dos Grupos Estratégicos (PORTER, 2004). O mapa é um instrumento

analítico que permite observar graficamente a concorrência do setor, sob o formato de grupos

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estratégicos, e permite ver tendências de mudanças do setor por meio de movimentações entre

os grupos estratégicos.

O mapa (Figura 8) consiste em um gráfico formado por dois eixos, que são representados por

duas variáveis estratégicas selecionadas pelo analista. Segundo Porter (2004), as melhores

variáveis estratégicas para serem utilizadas como eixos são as que determinam as barreiras de

mobilidade principais no setor.

Figura 8 – Mapa de grupos estratégicos

Fonte: Adaptado de Carvalho e Laurindo (2007)

Uma vez concluído o mapa dos grupos estratégicos, Porter (2004) sugere alguns passos que

podem auxiliar na obtenção de insights:

Identificação das Barreiras de Mobilidade. Pode auxiliar na previsão de ameaças a cada

grupo e de mudanças prováveis de posição entre as empresas

Identificação de Grupos Marginais. Pode auxiliar a identificar grupos em posições

desfavoráveis, que são candidatos mais prováveis à saída ou a tentativa de movimentos

para outros grupos. Podem ser também alvos de aquisições

Representação Gráfica das Direções dos Movimentos Estratégicos. Permite ver o caminho

natural que as empresas costumam percorrer

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Análise de Tendências. Pode ser esclarecedor pensar nas implicações de cada tendência do

setor para o mapa de grupos estratégicos

Previsão de Reações

2.2.2. Fatores Internos

A seção anterior mostrou como o ambiente externo no qual a organização opera pode afetar as

decisões estratégicas da empresa. Mas estratégias bem-sucedidas também dependem de a

organização ter a capacidade estratégica interna necessária para sobrevivência e sucesso

(JOHNSON; SCHOLES; WHITTINGTON, 2005).

Johnson; Scholes e Whittington (2005) definem capacidade estratégica como adequação e

conveniência dos recursos e competências de uma organização para que ela sobreviva e

prospere. A Figura 9 mostra os elementos da capacidade estratégica que serão empregados

nas sessões seguintes para explicar o conceito. Todas as definições terão como base a

literatura de Johnson; Scholes e Whittington (2005).

Figura 9 – Capacidades estratégicas e vantagem competitiva

Fonte: Adaptado de Johnson; Scholes e Whittington (2005)

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2.2.2.1. Bases da capacidade estratégica

2.2.2.1.1. Recursos e Competências

Recursos tangíveis são os ativos físicos de uma organização, como fábricas, mão-de-obra, e

finanças. Em contraste, os recursos intangíveis são os ativos não-físicos, como informações,

reputação e conhecimento.

Esses recursos são certamente importantes para a organização. Porém, a forma como a

organização emprega esses recursos e dispõe deles é tão importante quanto os recursos que

ela possui. As atividades e os processos através dos quais uma organização dispõe de seus

recursos efetivamente é denominado competência.

2.2.2.1.2. Capacidades Iniciais

Uma extensão desses conceitos está relacionada à busca de vantagem competitiva. É

importante diferenciar capacidades (recursos e competências) que estão no nível inicial e

aquelas que podem ajudar a organização a atingir vantagem competitiva. Capacidades

iniciais são as capacidades essenciais para que a empresa possa concorrer num determinado

mercado.

2.2.2.1.3. Recursos únicos e competências essenciais

Embora as capacidades iniciais sejam fundamentalmente importantes, elas não criam

vantagem competitiva por si próprias. A vantagem competitiva tem mais chance de ser criada

e sustentada se a organização tiver capacidades diferenciadas ou únicas que os concorrentes

não possam imitar. Isso pode acontecer porque a organização possui recursos únicos.

Recursos únicos são aqueles que sustentam criticamente a vantagem competitiva e que outras

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organizações não podem imitar ou obter. No entanto, é mais provável que uma organização

consiga atingir vantagem competitiva porque possui competências diferenciadas, ou

essenciais.

De acordo com Hamel e Prahalad (1995), é de extrema importância que uma organização seja

ciente das suas competências essenciais. Conseguir claramente identificá-las e explorá-las

seria um fator chave para o sucesso competitivo.

De fato, conseguir identificar as competências essenciais é extremamente benéfico para uma

organização, pois, contrariamente aos produtos finais da empresa, com o uso, elas não se

tornam obsoletas, mas são na verdade aprimoradas (CARVALHO; LAURINDO, 2007).

Entretanto, se essas competências não são bem identificadas, construídas e cultivadas, elas

podem acabar por serem perdidas.

Hamel e Prahalad (1990) afirmam que a competitividade teria uma relação direta com a

habilidade de uma organização de delinear suas competências essenciais antes de seus

concorrentes e a um custo mais baixo. Assim, o cultivo de competências essenciais seria

primordial na medida em que essas permitem a uma organização o compartilhamento de

custos, sem que para isso tenha que necessariamente fazer mais investimentos em pesquisa e

desenvolvimento que os concorrentes.

2.2.2.2. Capacidades para vantagem competitiva sustentável

Todos os fatores discutidos anteriormente são importantes. Porém, se o objetivo é atingir

vantagem competitiva, isso não é suficiente. Para que isso seja atingido, a capacidade

estratégica precisa atender outros critérios, que serão apresentados abaixo:

Valor das capacidades estratégicas: Se uma organização tenta construir vantagem

competitiva, deve atender as necessidades e expectativas de seus clientes. A importância de

valor para o cliente pode ser vista como uma questão óbvia, mas na prática é sempre

deixada de lado. Não significa muita coisa ter capacidades que “não tem valor” para o

cliente. As capacidades estratégicas precisam ser capazes de entregar aquilo que os clientes

valorizam em termos de produto ou serviço.

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Raridade das capacidades estratégicas: Não se pode atingir vantagem competitiva se a

capacidade estratégica de uma organização for a mesma de outras organizações. Pode ser,

porém, que um concorrente possua alguma capacidade única ou rara, gerando vantagem

competitiva. Isso poderia assumir a forma de recursos únicos ou competências essenciais.

Robustez das capacidades estratégicas: Também é citado como não-imitabilidade das

capacidades estratégicas. Podem ser obtidas através de:

Complexidade;

Cultura e história;

Ambiguidade causal: Dificuldade em discernir as causas e efeitos que sustentam a

vantagem competitiva.

Não-substituibilidade: A substituição pode assumir diferentes formas:

Produtos ou serviços: como visto na seção 2.2.1.2.3;

Competência.

Capacidades dinâmicas: Habilidade de uma organização de desenvolver e mudar as

competências para atender as necessidades de ambientes que mudam rapidamente.

2.3. Análise SWOT

A análise SWOT é creditada a Albert S. Humphrey (1926-2005). Por motivos didáticos, o

autor utilizou a referência de Kotler (2000). Segundo Kotler (2000), a análise SWOT é uma

análise que busca relacionar a forças e fraquezas internas da empresa com as oportunidades e

ameaças externas à empresa, de tal forma que suas forças sejam destacadas e fortalecidas,

suas fraquezas trabalhadas e mitigadas, as oportunidades capturadas e as ameaças protegidas.

Ou seja, é um método que busca auxiliar no planejamento estratégico de determinada

empresa, de forma a perseguir oportunidades e evitar ameaças, com base nas forças e

fraquezas da empresa.

O termo SWOT deriva a partir das palavras do inglês Strengths (Forças), Weaknesses

(Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças).

A análise SWOT é caracterizada por meio de uma matriz dois por dois conforme Figura 10. A

montagem da matriz deve ser feita por meio da análise de dois ambientes; primeiro o

ambiente interno à empresa, onde se deve caracterizar as forças e fraquezas da empresa; e o

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ambiente externo à empresa, onde se deve caracterizar as oportunidades e ameaças do

ambiente.

Figura 10 – Matriz SWOT

Fonte: Adaptado de Kotler (2000)

2.3.1. Oportunidades e Ameaças

Kim e Mauborgne (1999) apud Johnson; Scholes e Whittington (2005) alegam que, se as

organizações se concentrarem simplesmente em concorrer cabeça-a-cabeça com suas rivais

competitivas, atingirão uma convergência competitiva na qual todos os participantes

encontrarão um ambiente difícil e ameaçador. Eles encorajam os administradores a procurar

no ambiente empresarial oportunidades que eles chama de lacunas estratégicas. Uma lacuna

estratégica é uma oportunidade no ambiente competitivo que não esta sendo totalmente

explorada pelos competidores. De acordo com Johnson; Scholes e Whittington (2005), essas

oportunidades podem ser encontradas em:

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Oportunidades em segmentos substitutos

As organizações enfrentam concorrência de segmentos que produzem substitutos, como

discutido na Seção 2.2.1.2.3. Mas a substituição também traz oportunidades. Para

identificar lacunas é necessário fazer uma avaliação realista dos méritos relativos de

produtos/tecnologias (titular e potenciais substitutos) aos olhos do cliente.

Oportunidades em outros grupos estratégicos ou espaços estratégicos

Também é possível identificar oportunidades analisando os grupos estratégicos –

particularmente se as mudanças no macroambiente tornarem os novos espaços de mercado

economicamente viáveis.

Oportunidades na cadeia de compradores

Na cadeia de compradores, o usuário do produto ou serviço não necessariamente é o

comprador. É importante lembrar que cada uma dessas partes pode valorizar diferentes

aspectos do produto ou serviço. Ao considerar quem é o comprador mais lucrativo, uma

organização pode mudar sua visão de mercado e voltar seus esforços de promoção e

vendas para aqueles compradores, com a intenção de criar novos clientes estratégicos.

Oportunidades para produtos e serviços complementares

Identificar o valor de produtos ou serviços complementares pode ser uma boa oportunidade

de mercado.

Oportunidades em novos segmentos de mercado

Procurar novos segmentos de mercado pode significar oportunidades, mas as

características do produto/serviço podem ter que ser alteradas.

Oportunidades ao longo do tempo

Ao prever o impacto das mudanças no ambiente macro ou competitivo, é importante

considerar como elas vão afetar o consumidor. Dessa forma, as organizações podem

ganhar as vantagens do primeiro a se mover.

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2.3.2. Forças e Fraquezas

Johnson; Scholes e Whittington (2005) identificam as forças de uma organização como sendo

suas competências essenciais que atendem aos critérios de vantagem competitiva sustentável.

Uma matriz pode ser construída para identificar quais critérios cada competência satisfaz. Um

exemplo dessa matriz é explicitado na Figura 11:

Figura 11 – Matriz competência X critérios de vantagem competitiva

Fonte: Elaborado pelo autor

Do resultado da matriz, podemos extrair quatro cenários possíveis:

A competência satisfaz todos os critérios: Vantagem sustentável

Em relação aos concorrentes, essa competência estabelece uma vantagem sustentável. Ela

é considerada uma das forças da organização, e as decisões estratégicas devem girar em

torno dela.

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A competência satisfaz dois ou três critérios: Vantagem temporária

Essa competência, apesar de apresentar uma vantagem em relação aos concorrentes, ela é

apenas uma vantagem temporária. Em um curto período de tempo o concorrente é capaz de

contornar essa vantagem.

A competência satisfaz um critério: Paridade

Essa competência não apresenta nenhuma vantagem, pois os concorrentes provavelmente

possuem essa mesma competência ou são capazes de obter ou copiar facilmente.

A competência não satisfaz nenhum critério: Desvantagem

Apesar de ser uma competência essencial, ela representa uma desvantagem à organização

se comparada com as outras empresas atuantes no mercado, pois ela não apresenta valor

aos clientes e é algo comum no mercado.

2.4. Estratégias Competitivas

Em todos os setores, diversas empresas competem entre si não somente em busca da

sobrevivência, mas também de maiores vendas e lucros. Neste cenário altamente competitivo,

é de suma importância para as empresas buscarem posições diferenciadas que lhes garantam

vantagens competitivas frente aos concorrentes, levando assim a melhores resultados.

Segundo Porter (2004), a estratégia competitiva consiste na formulação de um

posicionamento estratégico diferenciado que gere vantagens competitivas sustentáveis frente

aos concorrentes. O posicionamento estratégico é formado por um conjunto de dimensões

estratégicas, que são relacionadas entre si e devem ser internamente consistentes.

Segundo ele, as seguintes dimensões estratégicas em geral captam as diferenças possíveis

entre as opções estratégicas de uma companhia em um dado setor:

Especialização/variedade de linha de produtos e/ou serviços;

Especialização/variedade de segmentos de clientes;

Amplitude de mercados geográficos atendidos;

Identificação de marcas;

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Política de canal;

Seleção do canal;

Qualidade do produto;

Liderança tecnológica;

Integração vertical;

Posição de custo;

Atendimento;

Política de preço;

Alavancagem;

Relacionamento com a matriz;

Relacionamento com os governos do país de origem e anfitriões.

Para Carvalho e Laurindo (2007), a estratégia consiste em uma busca deliberada, dirigida pela

razão e imaginação, visando acelerar o ritmo das mudanças, alterando o resultado final de maneira

tal que favoreça a empresa responsável pelas mudanças.

2.4.1. Estratégias Competitivas Genéricas

Segundo Porter (2004), existe três abordagens estratégicas genéricas que são internamente

consistentes e potencialmente bem-sucedidas para superar as outras empresas e se defender

das forças competitivas em um setor:

Liderança no custo total;

Diferenciação;

Enfoque.

Carvalho e Laurindo (2007), de maneira mais aprofundada, ressaltam que existem quatro

estratégias genéricas possíveis, resultantes do cruzamento do tipo de vantagem competitiva

versus o escopo de atuação estratégica que a empresa deseja ter, conforme ilustra a Figura 12.

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Figura 12 – Estratégias competitivas genéricas

Fonte: Adaptado Carvalho e Laurindo (2007)

2.4.1.1. Liderança no Custo Total

A primeira estratégia genérica de Porter (2004), a estratégia de Liderança no Custo Total,

como o nome já indica, consiste na busca da empresa em atingir a liderança de custo dentro

do setor.

Embora o custo seja o foco desta estratégia, outras características como qualidade,

assistências extras, atendimento, ou outras áreas não podem, nem devem ser relevadas. De

nada adianta baixar os custos, se o valor percebido pelo cliente, e consequentemente o preço

do produto tiver que abaixar também.

Para alcançar a liderança no custo, a empresa precisa adotar um conjunto de políticas

funcionais orientadas para alcançar este objetivo. Além de instalações em escala eficiente, a

empresa precisa perseguir vigorosamente a redução e o controle de seus custos.

Por ter custos mais baixos que seus concorrentes, a empresa ainda consegue obter retornos

mesmo depois que seus concorrentes consumiram todos seus lucros na competição. De forma

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semelhante, ela protege a empresa contra os fornecedores e compradores, uma vez que a

negociação com eles só pode continuar até que as margens de lucro do próximo concorrente

mais eficiente tenham sido eliminadas e porque os concorrentes menos eficientes sofrerão

antes as pressões competitivas.

Como principais riscos, Porter (2004) destaca alguns como consequência de se seguir a

estratégia de Liderança no Custo Total, sendo eles:

Mudança tecnológica que anula o investimento ou os aprendizados anteriores;

Aprendizado de baixo custo por novas empresas que entrem no setor ou por seguidores,

por meio da imitação ou de sua capacidade de investir em instalações modernas;

Incapacidade de ver a mudança necessária no produto ou no seu marketing em virtude da

atenção colocada no custo;

Inflação em custos que estreitam a capacidade de a firma manter o diferencial de preço

suficiente para compensar a imagem da marca do produto em relação ao preço dos

concorrentes ou outras formas de diferenciação.

2.4.1.2. Diferenciação

A segunda estratégia genérica de Porter (2004) é a estratégia de Diferenciação, que consiste

na criação de um produto ou serviço único, o qual os concorrentes não consigam imitar.

Para isso, a empresa pode se diferenciar de diversas formas, dentre eles:

Pelo projeto ou imagem da marca;

Através de tecnologia mais avançada, possivelmente patenteada;

Por peculiaridades do produto, serviço;

Oferecendo serviços sob encomenda;

Ou possuindo uma rede de fornecedores diferenciada.

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Porter (2004) ressalta que a diferenciação não precisa ocorrer através de apenas uma forma.

Idealmente, a empresa deve buscar se diferenciar ao longo de várias dimensões, de forma a

minimizar o risco de imitação dos concorrentes, garantindo assim sua vantagem competitiva.

Assim como a estratégia de liderança no custo total não pode deixar totalmente de lado a

qualidade dos produtos, a estratégia de diferenciação não permite à empresa ignorar os custos,

embora estes não sejam o foco estratégico primário.

Ao adquirir um status diferenciado, a empresa adquire a lealdade e preferência dos

consumidores com relação à marca e a seus produtos/serviços, tornando-os menos sensíveis

ao preço. Dessa forma, ela se isola contra a rivalidade competitiva, além de estar mais

blindada aos produtos substitutos. A necessidade de superar a supremacia de uma empresa

diferenciada e conquistar seus clientes pode ser vista como uma forte barreira de entrada

contra potenciais entrantes.

Empresas diferenciadas possuem maior poder frente aos compradores, uma vez que lhes

faltam alternativas comparáveis. Com isso seus clientes são menos sensíveis ao preço,

podendo a empresa vender seus produtos a preços mais elevados. A venda a preços mais

elevados garante à empresa margens maiores, o que lhe dá mais espaço para negociar com os

fornecedores.

Porter (2004) destaca alguns dos principais riscos de se seguir a estratégia de Diferenciação,

sendo eles:

O diferencial de custos entre os concorrentes de baixo custo e a empresa diferenciada

torna-se muito grande para que a diferenciação consiga manter a lealdade à marca;

A necessidade dos compradores em relação ao fator de diferenciação diminui;

A imitação reduz a diferenciação percebida, uma ocorrência comum quando o setor

amadurece.

2.4.1.3. Enfoque

A última estratégia genérica de Porter (2004), Enfoque, se baseia na ideia de focar seus

esforços em um alvo delimitado, podendo ser um determinado grupo comprador, um

segmento da linha de produtos, ou um determinado mercado geográfico.

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Dessa forma, a empresa provavelmente estará mais preparada para atender ao alvo de forma

mais eficaz e eficiente que os concorrentes que estão atuando de forma mais ampla.

Primeiramente, a empresa precisa encontrar um segmento-alvo que, embora limitado, seja

lucrativo e sustentável. Carvalho e Laurindo (2007) sugerem que a escolha do segmento deva

priorizar aqueles segmentos que sejam mais carentes que os demais.

Uma vez escolhido o segmento, a empresa pode adotar tanto uma postura de diferenciação,

quanto de custo. O importante aqui é a empresa se ater focada à melhor atender determinado

segmento, comunicando claramente ao mercado sua opção.

A estratégia se fundamenta na ideia de que uma empresa consegue atender melhor um

segmento-alvo, caso esteja focado nele, do que os concorrentes que estão competindo sobre

todo o setor. Seus produtos e/ou serviços, por serem mais dedicados, podem ter características

específicas que agradem ao alvo escolhido e podem deixar de ter características com pouco

valor percebido por eles. Dessa forma, a empresa se diferencia dos concorrentes a um custo

mais baixo, podendo a empresa estar focada em uma das duas vantagens estratégicas (custo e

diferenciação), ou ambas.

Sua proteção contra as demais forças competitivas ocorre de formas semelhantes às das

estratégias de Liderança no Custo e de Diferenciação.

Porter (2004) destaca alguns dos principais riscos de se seguir a estratégia de Enfoque, sendo

elas:

O diferencial de custos entre os concorrentes que atuam em todo o mercado e as empresas

que adotam enfoques particulares se amplia de tal modo que elimina as vantagens de

custos de atender a um alvo estreito ou anula a diferenciação alcançada pelo enfoque;

As diferenças nos produtos ou serviços pretendidos entre o alvo estratégico e o mercado

como um todo são reduzidas;

Os concorrentes encontram submercados dentro do alvo estratégico e desfocalizam a

empresa com estratégia de enfoque.

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2.4.1.4. O Meio Termo

Caso uma empresa fique no meio-termo, sem um posicionamento claro quanto à sua

estratégia, ela provavelmente estará em uma posição de desvantagem e terá baixa

rentabilidade no longo prazo (PORTER, 2004). Ela estará em desvantagem contra os Líderes

de Custo na competição pelos clientes de grandes volumes, que exigem preços baixos. E

também estará em desvantagem contra as empresas diferenciadas na competição pelos

clientes que estão dispostos a pagar preços superiores por produtos diferenciados.

Porter (2004) ressalta ainda que empresas que se encontram no meio-termo provavelmente

possuem uma cultura empresarial fraca e indefinida, e seus arranjos organizacionais e

sistemas de motivação não andam junto, gerando problemas de coordenação interna.

Carvalho e Laurindo (2007) ressaltam que a falta de posicionamento claro também é

prejudicial à imagem que a empresa passa a seus clientes, gerando pouca identificação com a

marca.

2.5. Estratégias de Crescimento

2.5.1. Estratégia de Adjacências

As empresas, principalmente aquelas de capital aberto, estão sempre em busca de crescimento

a taxas elevadas, preferencialmente acima da média do mercado e no mínimo acima da

inflação e das taxas de investimentos de baixo risco. Entretanto, os caminhos que se podem

tomar em busca do crescimento são diversos e arriscados.

Zook (2003), de maneira similar à Hamel e Prahalad (1990), sugere que a primeira maneira de

crescer de forma bem sucedida é por meio de esforços concentrados em seus pontos fortes

(core), que o diferenciam e criam vantagens competitivas. Devido à grande competitividade

nos campos de batalha dos negócios, concentrar os esforços nos pontos críticos é fundamental

para o sucesso. A esta estratégia com foco no negócio atual, Zook denominou “Estratégia com

Foco no Core”.

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Entretanto, todos os setores tendem a amadurecer e, consequentemente, diminuir sua taxa de

crescimento com o tempo. A desaceleração do setor impede o elevado crescimento desejado e

requerido pelos investidores, de forma que muitas vezes as empresas precisam buscar fontes

de crescimento diferentes do atual campo onde atua. Ciente deste cenário, Zook (2003)

acredita que a melhor forma de crescimento é por meio de “estratégias de adjacências”.

A estratégia de adjacências se fundamenta na ideia de que quanto mais próximo do core for o

crescimento, maior a chance de sucesso. Ao não se distanciar muito de seu core, a empresa

ainda se aproveita de seus pontos fortes, provavelmente possui sinergias e não foge muito do

que sabe fazer, mantendo sua competitividade e diminuindo os riscos de fracasso.

Segundo Zook (2003) a estratégia de crescimento pode variar dependendo do tipo de

adjacência e do nível/distanciamento do core do novo negócio. Os tipos de adjacências,

conforme mostrados na Figura 13, são:

Adjacências de produto

Adjacências geográficas

Adjacências na cadeia de valor

Adjacências em canais

Adjacências de clientes

Adjacências de novos negócios

Zook (2003) ressalta que quanto mais distante a adjacência estiver do core, maior o risco e

potencial de fracasso. Entretanto, ele destaca que isto não impede que uma empresa faça

movimentos para longe do core caso vislumbre uma oportunidade, ele só lembra que esses

casos devem ser analisados com mais cuidado e precaução.

Além dos tipos de adjacência, Zook (2003) aborda três pilares que sustentam o sucesso de

uma expansão adjacente:

As melhores adjacências partem de cores fortes, mantem-se perto dele e mais que isso, elas

o reforçam;

O setor para onde se está mirando o crescimento deve permitir lucros atrativos;

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Deve-se buscar entrar em setores onde há potencial de liderança, que, segundo o autor, é

uma das, se não a principal fonte de diferenciação.

Figura 13 – Estratégia de adjacências

Fonte: Zook (2003)

2.6. Decisões multicritério – AHP

Esta seção apresenta a revisão sobre o conceito de AHP como ferramenta de auxílio a

decisões baseadas em múltiplos critérios.

Um fator bastante importante no escopo da estratégia corporativa de uma empresa engloba

certamente o processo de tomada de decisão. De acordo com Costa Neto (2007), estudos

referentes ao tema tem mostrado que o uso de métodos estruturados melhora a qualidade das

decisões tomadas.

Em decisões multicritérios, os métodos existentes permitem a comparação das diferentes

alternativas com base tanto em aspectos tangíveis e objetivos, quanto em aspectos intangíveis

e subjetivos (COSTA NETO, 2007). Dentre os diversos métodos existentes, Costa Neto

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(2007) observa que uma das mais difundidas ao redor do mundo é o AHP (Analytic Hierarchy

Process), ou Processo de Análise Hierárquica.

O AHP auxilia o tomador de decisão em dois processos básicos e

importantes, primeiramente no entendimento de suas preferências e como

estas levaram a uma determinada escolha. Em segundo lugar, na

documentação do processo de escolha, permitindo-se justificar a seleção de

determinada alternativa. (COSTA NETO, 2007)

O método AHP propõe que os diferentes critérios aos quais as alternativas são submetidas

sejam agrupados de acordo com suas propriedades comuns, dando origem a um “novo

elemento em um nível superior de agregação”, que por sua vez pode ser agrupado com outros

elementos do mesmo nível, até que um único elemento seja atingido, sendo este último a meta

do processo de decisão (COSTA NETO, 2007). A Figura 14 ilustra essa estrutura hierárquica

de decisão.

Figura 14 – Estrutura hierárquica de decisão

Fonte: Costa Neto (2007)

Assim, esse processo decisório consiste em determinar o peso com que os subcritérios dos

níveis hierárquicos mais baixos atuam individualmente no elemento geral da decisão. Para

tanto, o método sugere que os subcritérios e critérios devem ser comparados dois a dois, de

acordo com suas importâncias relativas. Essas importâncias relativas podem ser explicitadas a

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partir de uma escala de intensidade criada por Thomas Saaty na década de 70, que atribui uma

escala numérica a uma escala verbal, de acordo com a Figura 15:

Escala Numérica Escala Verbal Explicação

1 Mesma importância Os dois atributos contribuem igualmente para o

objetivo

3 Importância moderada

de um sobre o outro

A experiência e o julgamento favorecem

levemente um atributo em relação ao outro

5 Importância essencial

ou forte

A experiência e o julgamento favorecem

fortemente um atributo em relação ao outro

7 Importância muito forte

Um atributo é fortemente favorecido em relação

ao outro; sua dominação de importância é

demonstrada na prática

9 Importância extrema A evidência favorece um atributo em relação ao

outro com mais alto grau de certeza

2, 4, 6, 8 Valores intermediários Quando se procura uma condição de

compromisso entre duas definições

Figura 15 – Escala de intensidade de importâncias

Fonte: adaptada de COSTA NETO, 2007

O grau de importância dos subcritérios é comparado dois a dois segundo a escala de

intensidade verbal. O grau de importância da escala verbal é então traduzido para a escala

numérica para se criar uma matriz em que todos os subcritérios tenham sido julgados dois a

dois, conforme Figura 16.

A B C D

A 1 aAB aAC aAD

B 1/aAB 1 aBC aBD

C 1/aAC 1/aBC 1 aCD

D 1/aAD 1/aBD 1/aCD 1 Figura 16 – Matriz genérica de comparação

Fonte: adaptada de COSTA NETO, 2007

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Em seguida, a matriz é normalizada dividindo-se cada elemento pela soma total de sua

respectiva coluna. A média aritmética de cada linha da matriz normalizada se traduz então no

peso de cada subcritério, conforme Figura 17:

A B C D Média (Pesos)

A XAA XAB XAC XAD PA (%)

B XBA XBB XBC XBD PB (%)

C XCA XCB XCC XCD PC (%)

D XDA XDB XDC XDD PD (%)

Total 1 1 1 1 100%

Figura 17 – Matriz normalizada de comparação

Fonte: adaptada de COSTA NETO, 2007

Ainda, um Índice de Consistência (IC) deve ser calculado a fim de verificar a consistência dos

resultados obtidos. Esse índice, que indica se os julgamentos da matriz devem ser revistos ou

não, é calculado através da seguinte fórmula:

𝐼𝐶 =𝜆𝑚𝑎𝑥 − 𝑛

𝑛 − 1

onde 𝜆𝑚𝑎𝑥 é o autovalor principal da matriz, e n é o número de elementos comparados.

A tolerância admitida para o IC varia de acordo com o valor de n, conforme estabelecido por

Saaty (Tabela 1).

Tabela 1 – Valores de referência do Índice de Consistência

N 3 4 5 ou mais

ICmáximo 5% 8% 10%

Fonte: adaptada de COSTA NETO, 2007

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Assim, se o valor de IC da matriz superar o ICmáximo estabelecido, os julgamentos devem ser

revistos.

Uma vez que todos os subcritérios tenham sido analisados, parte-se então para a mesma

estrutura metodológica no nível hierárquico superior, até que todos os subcritérios e critérios

tenham sido analisados e tenham tido seus pesos atribuídos.

Em seguida, uma vez que os graus de importância dos critérios tenham sido estabelecidos,

pode-se então partir para a análise de cada alternativa com respeito a cada critério.

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3. ANÁLISE DA EMPRESA

Neste capítulo será realizado a análise da empresa e seu ambiente, tendo como base a revisão

da literatura vista no capítulo anterior.

3.1. Descrição da Empresa

Como dito anteriormente na missão da empresa, ela possui como público alvo mulheres das

classes média e alta brasileiras. Para atrair esse determinado público, as lojas possuem um

design atrativo e convidativo. Além disso, elas estão localizadas nos melhores shoppings das

cidades brasileiras e as funcionárias realizam um atendimento personalizado às clientes,

oferecendo uma experiência de compra única.

Conforme visto na Figura 3, a Empresa X conta com vinte e uma lojas atualmente. A Figura

18 ilustra a evolução desse número ao longo dos anos:

Figura 18 – Evolução do número de lojas físicas

Fonte: Elaborado pelo autor

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3.1.1. Canais de venda

A Empresa X possui basicamente três canais de venda: lojas próprias, E-commerce e outros

canais. As lojas próprias representam grande parte das vendas (vide Figura 19 abaixo), sendo

a principal fonte de receita da empresa. É através das lojas próprias que a marca tem contato

direto com os clientes, sendo este um momento chave à empresa, pois é nele que a marca

consegue fidelizar os seus clientes, mostrando todo o seu conceito diferenciado e a

experiência única de compra.

Além das lojas físicas, a Empresa X possui uma loja virtual. Apesar de o seu faturamento não

ter uma grande representatividade no faturamento total da empresa, o E-commerce possui um

papel fundamental, pois é através dele que é realizado todo o marketing digital da marca,

sendo a representante da empresa no mundo digital. Nos dias atuais, onde grande parte da

população brasileira possui acesso à Internet, possuir um espaço no mundo virtual aumenta a

exposição da marca às pessoas, contribuindo no aumento do share-of-mind.

Finalmente, a Empresa X vende alguns de seus produtos por outros canais, que engloba

basicamente a venda para Outlets. A venda para os Outlets é realizada com o intuito de

“limpar” os estoques, ou seja, são vendidas peças de coleções passadas ou peças velhas. Em

muitos casos, o produto que é vendido perde toda a sua ligação com a marca, a fim de não

permitir que o cliente atribua a qualidade do produto à marca. Abaixo, segue um resumo dos

canais de venda:

3.1.2. Produtos

Por conta da grande diversidade de lingeries oferecida pela Empresa X, elas são classificadas

em três grupos: Básicos, Fashion e Terceiros.

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Básicos

Como o próprio nome da categoria sugere, neste grupo estão as lingeries mais básicas, com

menor preço médio de venda. Os produtos dessa categoria são perenes, ou seja, sempre são

vendidos na loja, não saem de circulação.

Figura 19 – Canais de venda

Fonte: Elaborado pelo autor

Fashion

Os produtos dessa categoria possuem um valor agregado maior, pois possuem mais detalhes e

são frequentemente atualizados de acordo com a moda vigente. Existem duas coleções no

ano: de inverno e de verão. Seu preço de venda médio é mais elevado em relação aos produtos

Básicos.

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Terceiros

Os produtos dessa categoria são originados de outras marcas. A empresa X possui

exclusividade de venda de algumas marcas internacionais e vende os produtos das mesmas em

sua loja. Por serem produtos importados, seu preço médio de venda é bastante elevado.

A relação entre os preços médios de venda pode ser observada nas figuras a seguir. Na Figura

20 notamos que em termos de peças, os produtos Básicos e Fashion são vendidos na mesma

proporção. No entanto, a Figura 21 mostra que em termos de valor (UM), os produtos Fashion

representam 5 (cinco) pontos percentuais a mais que os produtos Básicos. O mesmo pode ser

observado com relação aos produtos de Terceiros, que possuem uma participação em peças de

19,3%, mas em valor essa participação passa a ser 41,7%.

Além de lingeries, a Empresa X trabalha também com mais duas categorias de produto:

Acessórios e produtos de Beleza. Esses produtos representam uma pequena parte do

faturamento, tanto em peças como em valor, no entanto, eles existem para complementar as

vendas de lingeries.

Figura 20 – Breakdown das vendas em peças por tipo de produto

Fonte: Elaborado pelo autor

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Figura 21 – Breakdown das vendas em valor por tipo de produto

Fonte: Elaborado pelo autor

3.2. Análise dos Fatores Externos

3.2.1. Análise do macroambiente

As atividades do varejo dizem respeito àquelas em que produtos ou serviços são vendidos

diretamente aos consumidores finais para uso pessoal (SPANHOL; BENITES, 2004). Dentre

as diferentes formas do varejo, o setor de varejo de vestuário movimenta uma parcela

importante das atividades econômicas da maioria dos países (OLIVEIRA; MACHADO,

2003), tanto é que, conforme observado por Spanhol e Benites (2004)5:

[...] os indicadores desse desempenho [do comércio varejista] são de grande

importância como termômetro da atividade econômica, tornando-se

parâmetro fundamental para a tomada de decisões estratégicas pelas

entidades governamentais, industriais, e, também, pelo próprio comércio

(SPANHOL; BENITES, 2004).

5 Apesar de o texto tratar do varejo alimentício, o contexto pode ser estendido ao varejo de vestuário.

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70

Ainda, nas últimas décadas, o cenário do varejo mudou em muitos países com o surgimento

de novos formatos, a crescente predominância de grandes cadeias de lojas, e investimentos

significativos em novas tecnologias e melhorias logísticas (CLARKE, 2002).

De fato, o setor verificou nas últimas décadas o surgimento de enormes organizações

controlando parcelas significantes do mercado interno de seus países de origem, bem como o

surgimento de grupos operando internacionalmente. O tamanho de certos varejistas já os faz

entrar na lista das maiores companhias de seus países de origem.

3.2.2. Análise do Setor

Com base nas cinco forças competitivas propostas por Porter (2004), nesse tópico

desenvolve-se a análise do setor de varejo de vestuário, embasado pela literatura e por dados

secundários do setor.

3.2.2.1. Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes

A ameaça de entrada de novos concorrentes, principalmente grandes concorrentes

internacionais, é bastante elevada por dois motivos: baixas barreiras de entrada e pouco

potencial de retaliação por parte dos atuais concorrentes.

Esta ameaça de entrada de concorrentes internacionais é agravada por alguns fatores: em geral

se tratam de empresas grandes (normalmente estão entre as líderes de seus países), com

marcas bem fortes (não apenas em seus países de origem, mas também internacionalmente),

know-how e produtos competitivos, capital para investimento, além de pretenderem abrir suas

lojas nos principais pontos do Brasil e roubarem os executivos das principais empresas já

estabelecidas aqui.

Vale destacar que uma marca forte garante vantagem competitiva não apenas frente aos

clientes, mas também pode ajudar na busca por melhores pontos em shoppings, uma vez que

elas podem ser priorizadas pela administração dos shoppings por atraírem maior fluxo. Além

disso, a marca forte pode ajudar na obtenção de maior penetração na venda para clientes

multimarcas.

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Com relação às barreiras de entrada específicas das empresas internacionais, pode-se destacar:

a necessidade de adaptação à realidade brasileira (burocracia, problemas logísticos, custos

trabalhistas, carga tributária, etc.) bastante característica do país e bastante diferente de outros

países; e a proteção do governo contra importações, por meio da legislação e de impostos.

Assim, trata-se de uma força considerada de alta intensidade.

3.2.2.2. Intensidade da Rivalidade entre os Concorrentes Existentes

Os concorrentes existentes representam muito provavelmente a força de mais alta

intensidade atuando sobre uma organização do varejo de vestuário.

A rivalidade entre os concorrentes existentes dentro do setor é bastante forte, característica

comum em setores fragmentados.

Naturalmente, a concorrência é mais acirrada nas grandes cidades e regiões metropolitanas,

em especial nos shoppings de médio e alto fluxo. Estes locais, por concentrarem grande poder

de consumo, contam com lojas das grandes empresas, tornando-se verdadeiros campos de

batalha por vendas. Embora haja bastante diferenciação por segmentos de clientes e linha de

produtos, as empresas batalham pelas vendas por meio de maiores descontos, promoções,

liquidações, etc.

Embora as cidades pequenas enfrentem uma competição menos acirrada, elas também são

dispersas e concentram menos poder de consumo, tornando mais difícil a instalação e

distribuição para tais cidades.

Diante deste cenário, de elevada concorrência, mercado consumidor altamente heterogêneo e

ganho de escala limitado, duas estratégias parecem ser potencialmente mais bem sucedidas: a

de enfoque com foco na diferenciação ou no custo (dependendo do mercado alvo e sua

sensibilidade ao preço).

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3.2.2.3. Pressão dos Produtos Substitutos

O principal produto substituto para o caso do varejo de vestuário é a venda através da internet.

Por enquanto, trata-se de uma força de baixa intensidade, mas com tendência de

intensificação como ocorre em outros tipos de varejo. A venda de vestuários pela internet se

dá principalmente através dos próprios canais das grandes redes varejistas. Entretanto, com o

aumento do poder da internet, pode-se imaginar que a tendência do consumo através desse

canal passará a exercer uma grande influência num futuro não muito longínquo.

3.2.2.4. Poder de negociação dos compradores

Carvalho e Laurindo (2007) sugerem alguns aspectos que seriam determinantes na análise da

força exercida pelos clientes em um setor, de acordo com o modelo de forças competitivas de

Porter. Esses aspectos, bem como a análise para o caso do setor de varejo de vestuário, estão

resumidos na Figura 22.

Setor Varejo de Vestuário

Os clientes estão concentrados ou adquirem em grande volume

Não

As compras representam uma fração significativa de seus custos

Não

Os produtos do setor são padronizados e/ou não são importantes para a

qualidade de produtos dos clientes Não

Os clientes têm total informação Sim

O grupo de clientes é uma ameaça concreta de integração para trás

Não

Figura 22 – Análise do poder de barganha dos clientes

Fonte: Elaborado pelo autor

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Assim, pode-se concluir que a força exercida pelos clientes no modelo de forças competitivas

de Porter pode ser considerada de baixa intensidade.

3.2.2.5. Poder de negociação dos fornecedores

O poder de negociação dos fornecedores pode ser considerado de baixa intensidade.

Segundo notícia publicada no jornal Ultimo Instante (em 06 de agosto de 2012), “o setor é

bastante fragmentado, formado por pequenas confecções muitas vezes familiares: 70% das

indústrias de vestuário brasileiras são de pequeno porte, com menos de 20 funcionários”. Ou

seja, os fornecedores são pequenos e bastante fragmentados, de forma que tenham pouco

poder sobre os varejistas e comerciantes em geral.

Abaixo, a Figura 23 ilustra um resumo da intensidade das forças competitivas:

Figura 23 – Intensidade das forças competitivas de Porter

Fonte: Elaborado pelo autor

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3.2.3. Análise dos Concorrentes

Dentro do setor de vestuário brasileiro, é possível identificar alguns grupos estratégicos

diferentes. As duas variáveis identificadas como mais importantes, que costumam criar

barreiras de mobilidade entre os grupos foram a “identificação da marca” e a “amplitude de

mercados geográficos atendidos / porte”.

A identificação da marca no mercado de vestuário é uma variável estratégica muito

importante. As empresas estão constantemente em busca de um reconhecimento maior de suas

marcas, uma vez que os consumidores costumam dar muito valor às suas marcas preferidas,

normalmente estando dispostos a gastar quantias bem mais elevadas por seus produtos.

A outra variável que cria uma barreira de mobilidade importante é a “amplitude de mercados

geográficos atendidos”. Esta variável está relacionada ao porte da empresa, e a barreira de

mobilidade encontra-se na necessidade de se obter capital para conseguir tal amplitude.

Possuir uma marca forte permite que a empresa aumente seus preços, e consequentemente

suas margens de lucro, e a amplitude geográfica aumenta o número de mercados atendidos, e

consequentemente sua receita total. Desta forma, as empresas, que desejam lucros e margens

de lucros maiores, buscam melhorar seu posicionamento estratégico nestas duas posições.

Conforme é possível ver na Figura 24, foi possível identificar cinco principais grupos

estratégicos dentro do setor:

Pequenas redes de lojas (ou até mesmo lojas únicas) que não possuem marca forte, e/ou

vendem peças de várias marcas (multimarcas) e com baixa amplitude geográfica.

Normalmente são lojas com caráter não “profissional”, possuídas por donos pequenos e

familiares.

As redes de lojas de médio porte, normalmente regionais, que possuem marcas

reconhecidas apenas por nichos de mercados específicos.

Os supermercados e hipermercados, que normalmente possuem alta amplitude

geográfica, mas onde os produtos de vestuário não são o foco, estando separados em algum

departamento/área do estabelecimento. Em quase todos os casos seus produtos não são de

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marca, possuem faixa de preço mais baixa e são destinados aos consumidores das classes C

menos e D.

Ex.: Extra, Wal-Mart, etc.

As grandes lojas de departamento, que estão presentes em quase todos os shoppings

importantes em todas as regiões do Brasil e que vendem diversas linhas de produtos de

vestuário, mas normalmente sem marca própria. Algumas lojas possuem marcas próprias

em algumas linhas, como por exemplo, a íntima.

Ex.: C&A, Renner, Riachuelo.

As grandes redes de lojas de marcas reconhecidas, que buscam estarem presentes em

todos os centros comerciais relevantes em todas as regiões do Brasil.

Ex.: Hope, Jogê, Intimissimi.

Figura 24 – Mapa dos grupos estratégicos do varejo de vestuário

Fonte: Elaborado pelo autor

Vale lembrar, neste ponto, que o setor de vestuário é muito complexo, e este mapa representa

apenas uma simplificação do que o autor considera serem as partes mais importantes dentro

do setor.

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Uma vez desenhado o mapa dos grupos estratégicos, o próximo passo é entender os motivos

que levaram à configuração atual (ex.: barreiras de mobilidade que impedem mudanças dos

grupos) e tentar identificar possíveis movimentos e tendências de mudanças do setor.

Conforme dito anteriormente, as empresas buscam andar na direção da direita, para cima no

mapa. Portanto, a primeira análise consiste na avaliação da possibilidade de cada grupo andar

em tal direção.

O primeiro grupo, das pequenas redes de lojas multimarcas, não apresenta ameaça de

movimentação dentro do mapa, uma vez que normalmente são possuídas por pequenos

investidores que não possuem capital suficiente nem para formar uma marca própria e nem

para se expandir geograficamente.

O segundo grupo, das redes de lojas médias, possui uma série de barreiras a serem superadas

para alcançar o status de grande rede de loja com marca reconhecida. Com o passar do tempo,

é de se esperar que algumas redes regionais cresçam e se expandam, tornando-se mais

reconhecidas. Entretanto, este processo é gradual e demora. Caso alguma empresa grande,

provavelmente internacional, decida ingressar no Brasil de maneira forte, um dos caminhos

possíveis seria realizar a entrada por meio de aquisição de alguma(s) empresa(s) deste grupo.

O terceiro grupo, dos supermercados e hipermercados, não parece apresentar uma grande

ameaça, uma vez que o departamento de vestuário não parece ser o core de tais empresas.

Entretanto, eles atingem o mercado que mais cresce no Brasil, os consumidores das classes C

e D, e podem ficar tentados a investir mais no departamento caso os negócios se provem

bastante lucrativos.

O quarto grupo, das lojas de departamentos, caso tente aumentar o tamanho do mercado

atendido, poderia buscar os melhores centros comerciais que ainda não estão presentes ou

estar disposto a ingressar em centros comerciais um pouco menos atrativos, entretanto, ele

precisaria verificar se o atual modelo de loja é viável em locais menos movimentados e mais

remotos (em termos de demanda, receita por metro quadrado, custos, logística, etc.). Na

direção horizontal do mapa, ele poderia tentar reforçar a força da marca de seus produtos para

aumentar o ticket médio, o que é aparentemente mais difícil com o modelo de loja de

departamento.

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O quinto grupo, das grandes redes de lojas com marcas reconhecidas, precisa encontrar meios

de se distanciar das demais, fortalecendo mais ainda sua marca, ou utilizando-a para se

expandir mais geograficamente.

3.3. Análise dos Fatores Internos

A seguir será realizada uma análise dos fatores internos à empresa que influenciam as

decisões estratégicas.

3.3.1. Capacidades estratégicas

3.3.1.1. Capacidades iniciais

Considerando toda a capacidade da Empresa X, como principais capacidades iniciais podem-

se destacar:

Recursos tangíveis: Espaço das lojas, espaço do escritório e toda a mão-de-obra.

Recursos intangíveis: Conhecimento e informação para conduzir a empresa em suas

tarefas cotidianas.

Competências: Habilidade em operar os sistemas de forma a realizar as tarefas

corretamente.

3.3.1.2. Recursos únicos e competências essenciais

Seguindo a lógica de Johnson; Scholes e Whittington e Prahalad e Hamel (conforme visto na

seção 2.2.2.1.3), de que as competências essenciais e os recursos únicos são aquelas que dão

acesso a uma grande variedade de mercados e agregam valor ao produto final, é possível

identificar 5 (cinco) deles na Empresa X:

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Marca

A Empresa X possui uma marca muito forte. Ela é altamente conhecida no mercado,

considerando o tempo em que ela está nele (desde 2009).

Conceito

A Empresa X é altamente conhecida pela sua proposta de valor. O conceito dos sutiãs que

vestem perfeitamente no corpo é o que atrai as clientes às lojas.

Mix de produtos

O variado mix de produtos nas lojas é outro fator que atrai as clientes. A cliente consegue

em uma única visita levar vários produtos diferentes. Este conceito é denominado de “One

Stop Shop”.

Qualidade de atendimento

O atendimento personalizado realizado pelas vendedoras da Empresa X é visto como algo

extremamente positivo. Esse atendimento personalizado promove nas clientes um

sentimento de que elas são especiais para a marca, criando uma fidelização das clientes.

Visual Merchandising (VM)

O visual atrativo das lojas é outra competência considerada essencial. As vitrines das lojas

são atrativas e convidativas, atraindo grandes fluxos de clientes para as lojas.

3.3.2. Capacidades para vantagem competitiva sustentável

Para atingir vantagem competitiva sustentável, a capacidade estratégica precisa atender alguns

critérios específicos. As competências listadas anteriormente são analisadas de acordo com

esses critérios na Figura 25:

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Figura 25 – Análise das competências essenciais

Fonte: Elaborado pelo autor

Marca: Vantagem Sustentável

Valor: A marca é forte, portanto ela tem valor para o cliente.

Raridade: Apesar de existirem outras marcas fortes no mercado, nenhuma possui a

mesma ideia da marca da Empresa X.

Robustez: Para conseguir copiar a marca da Empresa X, um concorrente deverá

investir bastante capital e tempo.

Substituibilidade: A marca não apresenta nenhum potencial substituto.

Conceito: Vantagem Sustentável

Valor: Os clientes são atraídos às lojas pelo conceito, portanto, ele apresenta valor.

Raridade: Nenhuma outra empresa atuante no mercado possui o mesmo conceito.

Robustez: Para obter o mesmo conceito de variedade de tamanhos, o concorrente

precisaria investir em sua rede de distribuição e no sistema de TI, pois a quantidade

de SKU’s aumenta em grandes proporções.

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Substituibilidade: Atualmente, existem alguns produtos que substituem o sutiã.

Porém, eles não apresentam crescimentos expressivos que possam ameaçar a venda

de lingeries.

Mix de Produtos: Paridade

Valor: O mix de produtos apresenta valor ao cliente pela possibilidade de “One Stop

Shop”.

Raridade: Outros concorrentes apresentam o mix de produtos variados.

Robustez: Para que um concorrente tenha o mesmo mix de produtos, o investimento

necessário não é relevante.

Substituibilidade: O canal de venda virtual é um potencial substituto às lojas físicas,

sendo um substituto ao mix de produtos que a loja apresenta.

Atendimento: Paridade

Valor: Os clientes gostam do atendimento personalizado, pois eles se sentem clientes

especiais para a marca. Portanto, o atendimento possui valor ao cliente.

Raridade: Outras marcas apresentam o mesmo atendimento personalizado.

Robustez: Para obter o mesmo atendimento personalizado, basta que a loja faça um

treinamento com as suas vendedoras.

Substituibilidade: O atendimento personalizado pode ser substituído por um

autoatendimento do cliente.

Visual Merchandising: Vantagem Temporária

Valor: As vitrines convidativas atraem os clientes às lojas, portanto apresenta valor

ao cliente.

Raridade: As outras marcas do mercado não apresentam um VM tão desenvolvido.

Robustez: O investimento em VM para obtenção de algo mais chamativo e atrativo

não é expressivo.

Substituibilidade: A venda pelo canal virtual é um potencial substituto ás lojas

físicas, sendo um substituto ao VM das lojas.

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Em resumo, a Empresa X apresenta dois pontos de vantagem sustentável em relação aos seus

concorrentes: a sua marca e o seu conceito.

3.4. Análise SWOT

3.4.1. Oportunidades e Ameaças

Como visto na análise do setor na seção 3.2.2, as forças competitivas de maior intensidade são

a ameaça de novos entrantes e a rivalidade entre os concorrentes existentes. Em se tratando de

novos entrantes, a maior ameaça são os grandes varejistas internacionais, que entrariam no

mercado brasileiro com uma grande força de marca. Portanto, a Empresa X precisa reforçar

suas barreiras de entrada, para evitar a entrada de novos concorrentes. Com relação aos

concorrentes existentes, a Empresa X se encontra no grupo estratégico das Grandes Redes de

Lojas. Com dito na seção 3.2.3, os melhores movimentos para as empresas deste grupo é o

distanciamento ainda maior em relação aos outros, seja por meio de um aumento de

abrangência geográfica, ou um aumento da identificação da marca.

Com relação às principais oportunidades, pode-se identificar:

Oportunidades em segmentos substitutos: O comércio digital é um segmento que vem

crescendo a grandes passos nos últimos anos (Figura 26). Dentro dele, as categorias mais

vendidas são Moda e Acessórios e Cosméticos e Perfumaria (Figura 27). Dessa forma, o E-

commerce da Empresa X tem bastante espaço para crescer, sendo que atualmente ele

representa apenas 0,4% da receita da empresa.

Oportunidades para produtos e serviços complementares: A venda de cosméticos e

perfumaria é uma oportunidade de produtos complementares a lingeries. Apesar de a

Empresa X já oferecer tais produtos, eles não são de boa qualidade e são muitas vezes

esquecidos pelas vendedoras. Um investimento em produtos melhores, com treinamentos

adequados para as vendedoras, acarretaria numa melhor venda desses produtos. Como

exemplo, a marca internacional Victoria’s Secret tem grande sucesso na venda de seus

produtos de beleza.

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Oportunidades ao longo do tempo: A abertura de novas lojas físicas em outras regiões do

Brasil, ou até mesmo fora do país, pode ser uma oportunidade de longo prazo. Novos

centros comerciais surgirão e novos mercados poderão ser explorados.

Figura 26 – Evolução do faturamento do comércio eletrônico brasileiro

Fonte: Ebit

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Figura 27 – Categorias mais vendidas no comércio eletrônico no 1º semestre de 2014

Fonte: Ebit

3.4.2. Forças e Fraquezas

Conforme visto anteriormente, as competências essenciais que garantem uma vantagem

sustentável à empresa em relação aos seus concorrentes são a sua marca e o seu conceito.

Dessa forma, essas são as forças da empresa, os pontos que devem ser levados em

consideração como foco nas estratégias.

No entanto, apesar de o conceito ser considerado um ponto forte, ele possui algumas

consequências negativas. A quantidade de SKU’s necessária para atender o conceito, gera

uma grande quantidade de informações. Essas informações necessitam de um bom sistema de

TI para gerenciá-las e um bom sistema de BI para analisá-las. A Empresa X, no momento, não

possui softwares capazes de acompanhar essa quantidade de informações, sendo isso uma

fraqueza da empresa.

Outra competência que tem como consequência uma fraqueza é o VM da Empresa X. O

design atrativo e convidativo da loja acaba tendo um trade-off muito grande: o custo de

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construção da loja é extremamente elevado. Além disso, como foi visto anteriormente, o VM

é somente uma vantagem temporária.

Um resumo das principais forças, fraquezas, oportunidades e ameaças é mostrado na Figura

28.

Figura 28 – Matriz SWOT da Empresa X

Fonte: Elaborado pelo autor

3.5. Análise das Estratégias Competitivas

3.5.1. Estratégia Competitiva Genérica

Conforme visto na revisão da literatura, existem três possíveis estratégias competitivas

genéricas: Liderança em Custo, Diferenciação e Enfoque.

Considerando as características da Empresa X, a estratégia mais adequada é a Diferenciação.

Olhando os pontos fortes da empresa (marca e conceito), percebe-se que a empresa busca ser

diferente das concorrentes oferecendo produtos e serviços diferenciados. Seus produtos são de

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ótima qualidade e possuem cabimento perfeito. As vendedoras realizam o atendimento nas

lojas de forma bem personalizada. Em suma, a empresa possui uma marca única e produtos e

serviços com algumas peculiaridades. Porém, a estratégia de Diferenciação não é adequada à

empresa somente por esses fatores. Adicionalmente, esse status diferenciado da empresa faz

com que ela adquira a lealdade e preferência dos consumidores, tornando-os menos sensíveis

ao preço. Dessa forma, ela adquire uma vantagem sobre seus competidores, além de estar

mais protegida aos produtos substitutos. Ademais, a necessidade de superar a supremacia de

uma empresa diferenciada e conquistar seus clientes pode ser vista como uma forte barreira de

entrada contra potenciais entrantes. Assim, a estratégia de Diferenciação não só faz uso dos

pontos fortes da empresa, como a defende das ameaças do mercado.

É importante ressaltar que essa diferenciação resulta em custos mais altos para a empresa,

aumentando o diferencial de custo entre os concorrentes de baixo custo, representando um

risco à empresa. O custo pode não ser o foco da estratégia, mas não deve ser ignorado.

3.6. Análise das Estratégias de Crescimento

Após compreender o contexto no qual está inserida, sua posição relativa no setor, suas forças

e fraquezas, já é possível pensar no futuro e nos passos a serem tomados.

Conforme visto na seção 2.2.2.1.3, a Empresa X possui cinco competências essenciais: marca,

conceito, mix de produtos, atendimento personalizado e VM atrativo. Essas competências

formam um modelo de negócio que fideliza a cliente com a experiência de compra nas lojas

físicas. Assim, esse modelo pode ser expandido por meio da estratégia de adjacências.

O próximo passo é verificar quais estratégias de adjacências são adequadas a essas

competências essenciais.

Novas áreas geográficas: extremamente adequada. A empresa já vem se expandindo

geograficamente e está fortemente ligada ao core.

Novas etapas da cadeia de valor: não adequada. A Empresa X não possui escala para

comprar algum fornecedor ou possuir a própria fábrica.

Novos negócios: não adequada. Um novo negócio poderia afetar negativamente a marca

e sua reputação.

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Novos produtos: adequada. A empresa pode vender produtos complementares ou

substitutos, aumentando seu mix.

Novos segmentos de clientes: não adequada. A empresa tem como foco um determinado

segmento de clientes. Atingir um novo segmento poderia ser prejudicial à marca e à

reputação.

Novos canais: adequada. A venda por outros canais fortaleceria ainda mais a marca e seu

conceito.

Como é possível perceber, a Empresa X já vem se expandindo por meio de adjacências nos

últimos anos, através de novas geografias, canais de venda e produtos. Entretanto, nenhuma

dessas atingiu o seu potencial máximo, havendo ainda bastante espaço para aumentar as

vendas. Temos então, três caminhos para o crescimento: novas geografias, novos canais de

venda e novos produtos.

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4. ESTRATÉGIA PROPOSTA

Este capítulo consolidará todas as informações obtidas na revisão da literatura (capítulo 2) e

na análise da empresa (capítulo 3). Em seguida, serão geradas algumas propostas de

estratégia, onde somente uma será escolhida através do método AHP visto na revisão. Uma

vez escolhida a solução, ela será brevemente detalhada, a fim de permitir o início do processo

de implementação.

4.1. Definição das propostas

Conforme visto no capítulo anterior, através da estratégia de adjacências descobriu-se que a

Empresa X possui três caminhos para o crescimento:

Novas áreas geográficas: o caminho para essa estratégia seria através do aumento do

número de lojas físicas. A empresa está presente em somente 7 (sete) estados brasileiros,

somando apenas 21 (vinte e uma) lojas. Ainda há diversas cidades brasileiras com um

potencial de compra elevado.

Novos produtos: o caminho para essa estratégia seria através da melhoria dos produtos

atuais. Atualmente as vendas de lingeries representam 97,6% do faturamento da empresa,

muito devido à má qualidade dos outros produtos. Uma nova linha de produtos de

qualidade, não só aumentariam as vendas e a fora da marca, como deixariam o mix de

produtos mais equilibrado.

Novos canais de venda: o caminho para essa estratégia seria através do investimento no

comércio eletrônico. Conforme visto anteriormente, o comércio eletrônico vem crescendo

a grandes números nos últimos anos, representando uma oportunidade de investimento.

Atualmente, o e-commerce da Empresa X é terceirizado, não havendo uma concentração

de esforços em melhorá-lo.

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4.2. Critérios de decisão

4.2.1. Definição dos critérios

Para realizar a escolha de uma das propostas, é necessário definir alguns critérios de decisão.

A estratégia escolhida precisa estar em linha com a análise feita, ou seja, com a análise

SWOT e a estratégia competitiva genérica. Além disso, a estratégia precisa estar em linha

com os interesses da empresa, que é representado pelo interesse dos acionistas. Dessa forma,

podemos definir os seguintes critérios e subcritérios:

A estratégia está em linha com a análise SWOT?

A estratégia está aproveitando as oportunidades do mercado?

A estratégia está se defendendo contra as ameaças do mercado?

A estratégia está aproveitando os pontos fortes da empresa?

A estratégia é afetada pelos pontos fracos da empresa?

A estratégia está em linha com a estratégia competitiva genérica?

A estratégia está em linha com os acionistas da empresa?

4.2.2. Atribuição de pesos aos critérios

Uma vez decididos os critérios a serem considerados, parte-se então para o estabelecimento

dos pesos de cada critério. Seguindo o modelo proposto pelo método AHP, os critérios são

comparados dois a dois, sendo estabelecidas as relações de intensidade de importância entre

eles. A matriz de resultado das comparações, elaborada junto com a administração da

empresa, pode ser vista na Tabela 2.

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Tabela 2 – Matriz de comparação dos critérios de decisão

Critérios C1 C2 C3

C1 SWOT 1 3 1/3

C2 Estratégia Competitiva Genérica 1/3 1 1/5

C3 Acionistas 3 5 1

Fonte: Elaborado pelo autor

Após a normalização dos valores, chega-se a Tabela 3:

Tabela 3 – Matriz normalizada de comparação dos critérios de decisão

Critérios C1 C2 C3

C1 SWOT 0,23 0,33 0,22

C2 Estratégia Competitiva Genérica 0,08 0,11 0,13

C3 Acionistas 0,69 0,56 0,65 Fonte: Elaborado pelo autor

Por fim, tem-se o peso de cada critério apresentado na Tabela 4:

Tabela 4 – Peso dos critérios de decisão

Critérios Peso

SWOT 26%

Estratégia Competitiva Genérica 11%

Acionistas 63% Fonte: Elaborado pelo autor

A análise do Índice de Consistência (IC) foi efetuada para verificar se não haveria

necessidade de revisão dos critérios, conforme visto no método AHP.

𝐼𝐶 =𝜆𝑚𝑎𝑥 − 𝑛

𝑛 − 1=3,038 − 3

2≅ 2%

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90

Como o Índice de Consistência obtido foi menor do que o limite de 10% estipulado para a

necessidade de revisão dos julgamentos dos critérios, pode-se considerar que os critérios e os

pesos atribuídos estão coerentes.

Ainda, após análise da consistência dos critérios escolhidos, deve-se partir para análise dos

subcritérios. A cada conjunto de subcritérios, foi realizado um procedimento igual ao da

elaboração da Matriz de Comparação Paritária de critérios, assegurando-se sempre que os

subcritérios obedecessem também às normas do índice de consistência.

Apenas um critério apresentava subcritérios, sendo ele “Análise SWOT”. O resultado da

matriz de comparação dos subcritérios é apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 – Matriz de comparação dos subcritérios de decisão

Subcritérios SC1 SC2 SC3 SC4

SC1 Oportunidades 1 1 3 5

SC2 Ameaças 1 1 3 5

SC3 Forças 1/3 1/3 1 3

SC4 Fraquezas 1/5 1/5 1/3 1 Fonte: Elaborado pelo autor

Após a normalização dos valores, chega-se a Tabela 6:

Tabela 6 – Matriz normalizada de comparação dos subcritérios de decisão

Critérios SC1 SC2 SC3 SC4

SC1 Oportunidades 0,39 0,39 0,41 0,36

SC2 Ameaças 0,39 0,39 0,41 0,36

SC3 Forças 0,13 0,13 0,14 0,21

SC4 Fraquezas 0,08 0,08 0,05 0,07 Fonte: Elaborado pelo autor

Por fim, tem-se o peso de cada critério apresentado na Tabela 7:

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91

Tabela 7 – Peso dos subcritérios de decisão

Critérios Peso

Oportunidades 39%

Ameaças 39%

Forças 15%

Fraquezas 7% Fonte: Elaborado pelo autor

A análise do Índice de Consistência (IC) foi efetuada para verificar se não haveria

necessidade de revisão dos critérios, conforme visto no método AHP.

𝐼𝐶 =𝜆𝑚𝑎𝑥 − 𝑛

𝑛 − 1=4,043 − 4

3≅ 1%

Novamente, o Índice de Consistência obtido foi menor do que o limite de 10% estipulado para

a necessidade de revisão dos julgamentos dos critérios. Então, pode-se considerar que os

subcritérios e os pesos atribuídos estão coerentes.

Assim, dadas as ponderações dos critérios e subcritérios, chegou-se ao resultado final de

ponderações mostrado na Tabela 8 a seguir.

Tabela 8 – Peso dos critérios e subcritérios de decisão

Critérios Peso

SWOT 26%

Oportunidades 39%

Ameaças 39%

Forças 15%

Fraquezas 7%

Estratégia Competitiva Genérica 11%

Acionistas 63% Fonte: Elaborado pelo autor

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4.2.3. Classificação das propostas de estratégia

As propostas de estratégia foram então analisadas segundo cada critério e subcritério

estabelecidos seguindo o método AHP. Em cada análise, foram elaboradas matrizes de

comparação paritárias, em que as propostas de estratégia foram analisadas duas a duas com

referência a cada critério e subcritério (ver APÊNDICE A para visualização das matrizes

preenchidas). O preenchimento das matrizes foi feito em conjunto com a administração da

empresa.

Assim, tem-se de um lado os critérios ordenados de acordos com seu peso para a tomada de

decisão, e do outro as estratégias ordenadas de acordo com os critérios. Após ponderação dos

resultados dos candidatos com os critérios estabelecidos (vide APÊNDICE A), foi possível

obter um ranking das estratégias propostas, sintetizado na Tabela 9.

Tabela 9 – Ranking das estratégias

Estratégia Rank

Novas áreas geográficas 54%

Novos produtos 31%

Novos canais de venda 16% Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com a análise realizada, verifica-se que a empresa deve focar sua estratégia em

novas áreas geográficas, ou seja, expansão das lojas físicas.

4.3. Descrição da solução

Para iniciar a expansão das lojas físicas, é necessário verificar potenciais locais que podem

abrigar uma loja da Empresa X. Dessa forma, foi realizada uma extensa pesquisa para coleta

desses locais. O resultado encontra-se no APÊNDICE B.

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93

Em seguida, os locais foram classificados de acordo com uma ordem de prioridade. Essa

ordem levou em consideração o público do local, a proximidade com lojas existentes e o

potencial de vendas do local.

Uma vez definido os locais onde serão as lojas, é necessário definir se elas serão lojas

próprias ou franquias. A Empresa X não possui franquias atualmente, porém a alternativa se

torna interessante quando se trata de uma grande expansão pelo Brasil. Além disso, no caso de

as lojas serem franquias, o custo de construção da loja, ponto fraco da empresa, é totalmente

repassado ao franqueado.

Um último ponto a ser mencionado, refere-se ao sistema de TI da empresa. No caso de uma

expansão em larga escala, seria adequado ter um sistema mais robusto, capaz de processar

corretamente todas as informações, para que as análises feitas tenham mais qualidade e,

consequentemente, as decisões tomadas sejam mais embasadas.

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95

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo apresenta as principais conclusões obtidas ao longo do trabalho bem como

recomendações que puderam ser desenvolvidas como consequência desse estudo.

Depois de feita uma revisão da literatura sobre os diferentes conceitos de estratégia e as

principais ferramentas para analisar a empresa e seu ambiente, foi possível observar que o

setor de varejo de vestuário é extremamente fragmentado, principalmente por apresentar um

mercado consumidor bastante diversificado, além de uma grande variedade de produtos. O

necessário lançamento frequente de novos produtos e a grande importância do aspecto da

moda também impede que as empresas deste setor ganhem muita escala. Desta forma, as

barreiras de entrada são baixas, tornando a indústria bastante fragmentada.

Após esta analise inicial, foram avaliadas as cinco forças competitivas do setor. Como é

comum em setores fragmentados, a intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes

constitui uma força bastante relevante. A ameaça de novos concorrentes também foi

considerada uma força relevante, principalmente a ameaça dos concorrentes internacionais. A

pressão dos produtos substitutos (comércio eletrônico) foi considerada fraca, entretanto tem

grande potencial e deve ser monitorada.

Em seguida, buscou-se analisar a concorrência agregando as empresas em grupos estratégicos.

As duas barreiras de mobilidade utilizadas para mapear o setor foram a identificação/força da

marca e a amplitude geográfica/porte da empresa. Foram identificados cinco grupos

estratégicos, dos quais as grandes redes de lojas encontram-se na posição mais privilegiada,

garantindo sua vantagem estratégica por meio da larga abrangência geográfica e forte

identificação de marca. As lojas de departamento representam o grupo estratégico mais

próximo das grandes redes, entretanto elas possuem marcas menos fortes, que limitam a

diferenciação de seus produtos.

Com essas análises foi possível identificar quais as principais oportunidades e as principais

ameaças existentes no mercado.

O próximo passo foi realizar uma análise da empresa em si. Para isso, utilizou-se uma visão

baseada em recursos, onde os pontos fortes da empresa são considerados os recursos mais

valiosos que ela possui com relação a seus concorrentes. De forma semelhante, os recursos

comuns a todos o mercado é considerado um ponto fraco. A análise mostrou que os pontos

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fortes da empresa são sua marca e seu conceito. Por outro lado, seus pontos fracos são seus

sistemas e seus custos elevados.

Com a análise do ambiente e da empresa, elaborou-se uma matriz SWOT, que consolida essas

informações. Adicionalmente, a empresa foi analisada conforme sua estratégia competitiva

genérica, que indica o caminho a ser seguido pela empresa, de uma forma ampla. No caso da

empresa em questão, a melhor estratégia competitiva genérica é a diferenciação, que

conquista os consumidores através de uma marca e produtos únicos, tornando-os menos

sensíveis ao preço, gerando uma vantagem em relação aos competidores.

Para obter uma direção mais específica de qual caminho seguir, foi realizada uma análise da

empresa através das estratégias de adjacências, que foca o crescimento no core da empresa. A

partir disso, foi possível identificar três caminhos possíveis para a empresa: através de novas

geografias, novos produtos ou novos canais de venda. Dentre os caminhos possíveis, utilizou-

se o método AHP para definir qual seria o caminho mais adequado, considerando as análises

feitas anteriormente. Com a ajuda da administração da empresa, os critérios de escolha foram

ponderados, chegando-se a conclusão de que o crescimento por novas geografias seria o mais

adequado.

O objetivo deste trabalho era a elaboração de um processo de formulação da estratégia, bem

como a realização planejamento estratégico da Empresa X, de forma a criar uma visão para o

futuro que direcionasse a empresa no caminho do sucesso no médio e longo prazo. O

resultado do projeto foi a criação de um processo de formulação da estratégia, com a

execução do mesmo resultando num objetivo a ser seguido. Apesar de o resultado do trabalho

ainda passar por uma fase de discussão e alinhamento dentro da empresa, para enfim poder

ser implementado, pode-se dizer que os objetivos do trabalho foram atingidos.

Como sugestões de trabalhos futuros, que possam aperfeiçoar o trabalho realizado, pode ser

realizada uma análise financeira das soluções propostas. A questão financeira, na grande

maioria dos casos, é o critério mais importante na decisão das empresas, tornando o trabalho

extremamente relevante. Outro estudo relevante que poderia ser realizado é o plano detalhado

de implementação da estratégia, definindo objetivos e metas a serem alcançados.

Finalmente, ressalta-se a importância do conhecimento adquirido durante o curso de

Engenharia de Produção para realização deste trabalho. Em particular, o curso de Gestão

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Estratégica da Produção, que forneceu a linha de raciocínio e as ferramentas necessárias para

todo o processo de planejamento estratégico.

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REFERÊNCIAS

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Implementação. São Paulo, Editora Atlas, 2007, 2ª Edição.

CLARKE, R. Buyer power and competition in European food retailing, volume 10, 2002.

COSTA NETO, P. L. de O. Qualidade e competência nas decisões. São Paulo, Ed. Blücher,

2007.

HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. The core competence of the corporation. Harvard

Business Review, p.79-91, May/June 1990.

________________ Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o

controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Tradução de Outras Palavras, Rio de

Janeiro: Campus, 1995.

JOHNSON, G.; SCHOLES, K.;WHITTINGTON, R. Explorando a estratégia corporativa:

texto e casos. Pearson Education Limited, 7ª ed, 2005.

KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

MARKIDES, C.C. A dynamic view of strategy. Sloan management review, Vol. 40, Nº. 3,

1999 , pp. 55-63.

PORTER, M. E. From Competitive Advantage to Corporate Strategy. Harvard Business

Review, May/June 1987.

____________ Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústria e da

concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004

____________ Vantagem Competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior.

Rio de Janeiro: Elsevier, 1989

RELATÓRIO WEBSHOPPERS. E-Bit, 2014. Disponível em:

<http://www.ebitempresa.com.br/web-shoppers.asp>. Acesso em 2 de outubro de 2014.

SPANHOL, C. P.;BENITES A.T. Evolução histórica do varejo brasileiro de alimentos e

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ZOOK. C. Além das Fronteiras do Core Business: Expandindo o mercado sem

abandonar as raízes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

ZOOK. C. Lucro A Partir do Core Business: Como Retomar o Crescimento em Tempos

Incertos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

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101

APÊNDICE A

Matrizes de comparações paritárias (MCP’s) para análise das estratégias propostas:

1) Oportunidades

MCP:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 1 1 1

E2 Novos produtos 1 1 1

E3 Novos canais de venda 1 1 1

MCP normalizada:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 0,33 0,33 0,33

E2 Novos produtos 0,33 0,33 0,33

E3 Novos canais de venda 0,33 0,33 0,33

Pesos:

Critérios Peso

Novas áreas geográficas 33%

Novos produtos 33%

Novos canais de venda 33%

IC:

λmax IC

3 0%

2) Ameaças

MCP:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 1 3 5

E2 Novos produtos 1/3 1 3

E3 Novos canais de venda 1/5 1/3 1

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102

MCP normalizada:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 0,65 0,69 0,56

E2 Novos produtos 0,22 0,23 0,33

E3 Novos canais de venda 0,13 0,08 0,11

Pesos:

Critérios Peso

Novas áreas geográficas 63%

Novos produtos 26%

Novos canais de venda 11%

IC:

λmax IC

3,038 2%

3) Forças

MCP:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 1 3 1

E2 Novos produtos 1/3 1 1/3

E3 Novos canais de venda 1 3 1

MCP normalizada:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 0,43 0,43 0,43

E2 Novos produtos 0,14 0,14 0,14

E3 Novos canais de venda 0,43 0,43 0,43

Pesos:

Critérios Peso

Novas áreas geográficas 43%

Novos produtos 14%

Novos canais de venda 43%

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103

IC:

λmax IC

3,000 0%

4) Fraquezas

MCP:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 1 1/5 1/5

E2 Novos produtos 5 1 3

E3 Novos canais de venda 5 1/3 1

MCP normalizada:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 0,09 0,13 0,05

E2 Novos produtos 0,45 0,65 0,71

E3 Novos canais de venda 0,45 0,22 0,24

Pesos:

Critérios Peso

Novas áreas geográficas 9%

Novos produtos 61%

Novos canais de venda 30%

IC:

λmax IC

3,136 7%

5) Estratégia competitiva genérica

MCP:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 1 1/3 1

E2 Novos produtos 3 1 3

E3 Novos canais de venda 1 1/3 1

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104

MCP normalizada:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 0,20 0,20 0,20

E2 Novos produtos 0,60 0,60 0,60

E3 Novos canais de venda 0,20 0,20 0,20

Pesos:

Critérios Peso

Novas áreas geográficas 20%

Novos produtos 60%

Novos canais de venda 20%

IC:

λmax IC

3,000 0%

6) Acionistas

MCP:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 1 3 5

E2 Novos produtos 1/3 1 3

E3 Novos canais de venda 1/5 1/3 1

MCP normalizada:

Critérios E1 E2 E3

E1 Novas áreas geográficas 0,65 0,69 0,56

E2 Novos produtos 0,22 0,23 0,33

E3 Novos canais de venda 0,13 0,08 0,11

Pesos:

Critérios Peso

Novas áreas geográficas 63%

Novos produtos 26%

Novos canais de venda 11%

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105

IC:

λmax IC

3,038 2%

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107

APÊNDICE B

Base de potenciais locais para abertura de lojas físicas.

Shopping Cidade UF Região Administradora Prioridade

Brasília Shopping Brasilia DF CO Paulo Octavio 1

Shopping Conjunto Nacional Brasilia DF CO Ancar Ivanhoe 1

Flamboyant Goiania GO CO Jardim Goiás 1

Shopping Salvador Salvador BA NE JCPM 1

Iguatemi Fortaleza Fortaleza CE NE Local 1

Riomar Fortaleza Fortaleza CE NE JCPM 1

BH Shopping Belo Horizonte MG SE Multiplan 1

Diamond Mall Belo Horizonte MG SE Multiplan 1

Shopping Leblon Rio de Janeiro RJ SE Aliansce 1

Shopping Tijuca Rio de Janeiro RJ SE BrMalls 1

Ibirapuera Sao Paulo SP SE Independente 1

Pátio Higienópolis Sao Paulo SP SE Brookfield 1

Pátio Paulista Sao Paulo SP SE Brookfield 1

Shopping Villa-Lobos Sao Paulo SP SE BrMalls 1

ParkShopping Barigui Curitiba PR S Multiplan 1

Iguatemi Porto Alegre Porto Alegre RS S Iguatemi 1

Moinhos Porto Alegre RS S Aliansce 1

Iguatemi Brasilia Brasilia DF CO Iguatemi 2

Goiânia Buena Vista Goiania GO CO Transcer Construtora 2

Shopping Campo Grande Campo Grande MS CO BrMalls 2

Pantanal Shopping Cuiaba MT CO Ancar Ivanhoe 2

Shopping Maceió Maceio AL NE Pro-Shopping 2

Shopping Barra Salvador BA NE Ennashop 2

Shopping da Ilha Sao Luis MA NE Sá Cavalcante Construtora 2

Manaira Shopping Center Joao Pessoa PB NE Independente 2

Shopping Teresina Teresina PI NE Adm. Shopping Centers

Ltda 2

Midway Mall Natal RN NE Independente 2

Shopping Riomar Aracaju Aracaju SE NE JCPM 2

Amazonas Shopping Manaus AM N BrMalls 2

Manauara Shopping Manaus AM N Sonae Sierra 2

Boulevard Belem PA N Aliansce 2

Pátio Belem PA N Ad Shopping 2

Shopping Vitória Vitoria ES SE Nova Cidade 2

Botafogo Praia Shopping Rio de Janeiro RJ SE Ancar Ivanhoe 2

Rio Fashion Mall Rio de Janeiro RJ SE BrMalls 2

Rio Ipanema Rio de Janeiro RJ SE Rua 2

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Shopping da Gávea Rio de Janeiro RJ SE APSA 2

Galleria Campinas SP SE Iguatemi 2

Praiamar Shopping Center Santos SP SE Independente 2

Parkshopping São Caetano Sao Caetano do Sul SP SE Multiplan 2

Riopreto Shopping Sao Jose do Rio Preto SP SE Independente 2

Centervale Sao Jose dos Campos SP SE Ancar Ivanhoe 2

Center Norte Sao Paulo SP SE Independente 2

Cidade Jardim Sao Paulo SP SE JHSF 2

Jardim Sul Sao Paulo SP SE Lumine 2

Jardins - Av. Paulista Sao Paulo SP SE Rua 2

Jardins - Oscar Freire Sao Paulo SP SE Rua 2

Plaza Sul Sao Paulo SP SE Sonae Sierra 2

Shopping Metro Santa Cruz Sao Paulo SP SE BrMalls 2

Esplanada Shopping Center Sorocaba SP SE Ad Shopping 2

Shopping Crystal Curitiba PR S BrMalls 2

Iguatemi Florianópolis Florianopolis SC S Iguatemi 2

Goiânia Shopping Goiania GO CO BrMalls 3

Bosque dos Ipês Campo Grande MS CO Lumine 3

Goiabeiras Shopping Cuiaba MT CO Lumine 3

Pátio Maceió Maceio AL NE ProConshopping 3

Recife Rua Recife PE NE Rua 3

Shopping Natal Natal RN NE Ancar Ivanhoe 3

Shopping Jardins Aracaju SE NE JCPM 3

Ponta Negra Manaus AM N JHSF 3

Shopping Praia da Costa Vila Velha ES SE Awal 3

BH Rua - Lourdes Belo Horizonte MG SE Rua 3

Boulevard Shopping Belo Horizonte MG SE Aliansce 3

Independência Shopping Juiz de Fora MG SE BrMalls 3

Center Shopping Uberlandia MG SE BrMalls 3

Uberlândia Shopping Uberlandia MG SE Sonae Sierra 3

Niterói Icaraí Niteroi RJ SE Rua 3

Rio Design Barra Rio de Janeiro RJ SE Ancar Ivanhoe 3

Rio Design Leblon Rio de Janeiro RJ SE Ancar Ivanhoe 3

Iguatemi Alphaville Barueri SP SE Iguatemi 3

Parque D Pedro Shopping Campinas SP SE Sonae Sierra 3

Shopping Granja Vianna Granja Viana SP SE BrMalls 3

Iguatemi Jundiai Jundiai SP SE Iguatemi 3

Jundiai Shopping Jundiai SP SE Multiplan 3

Shopping Piracicaba Piracicaba SP SE BRMalls 3

Shopping Santa Ursula Ribeirao Preto SP SE Multiplan 3

Shopping ABC Santo Andre SP SE BrMalls 3

São Bernardo Plaza Shopping Sao Bernardo do

Campo SP SE BrMalls 3

Shopping Colinas Sao Jose dos Campos SP SE Lumine 3

Market Place Sao Paulo SP SE Iguatemi 3

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Moema Sao Paulo SP SE Rua 3

Shopping D&D Sao Paulo SP SE WTC 3

Shopping Frei Caneca Sao Paulo SP SE Independente 3

Vila Nova Conceição Sao Paulo SP SE Rua 3

Iguatemi Esplanada Sorocaba SP SE Iguatemi 3

Patio Batel Curitiba PR S Grupo Soifer 3

Catuaí Londrina PR S BrMalls 3

Iguatemi Caxias do Sul RS S BrMalls 3

BarraShopping Sul Porto Alegre RS S Multiplan 3

Beiramar Shopping Florianopolis SC S Beira Mar 3

Mueller BrMalls Joinville SC S Independente 3

Norte Shopping Grupo Salvador BA NE JCPM 4

Shopping Aldeota Fortaleza CE NE Independente 4

São Luis Sao Luis MA NE BrMalls 4

Shopping Tacaruna Recife PE NE JCPM 4

Castanheira Shopping Belem PA N Grupo Lider 4

Shopping Uberaba Uberaba MG SE Independente 4

Buzios Rua Armacao dos Buzios RJ SE Rua 4

Norte Shopping Rio de Janeiro RJ SE BRMalls 4

Rio Centro Rio de Janeiro RJ SE Rua 4

Village Mall Rio de Janeiro RJ SE Multiplan 4

Patio Limeira Americana SP SE Ad Shopping 4

Bauru Centro Bauru SP SE Rua 4

Franca Shopping Franca SP SE Sonae Sierra 4

Guaruja Rua Guaruja SP SE Rua 4

Mogi Centro Mogi das Cruzes SP SE Rua 4

Shopping União de Osasco Osasco SP SE Savoy 4

PrudenShopping Presidente Prudente SP SE Prudente Adm 4

Iguatemi São Carlos Sao Carlos SP SE Iguatemi 4

Iguatemi São José do Rio Preto Sao Jose do Rio Preto SP SE Iguatemi 4

Pinheiros Sao Paulo SP SE Rua 4

VillagioShopping Sorocaba SP SE TecnoCBL 4

Via Vila Garden Taubate SP SE Tenco 4

Catuaí Shopping Maringá Maringa PR S BrMalls 4

Newmarkt Blumenau Blumenau SC S Almeida Junior 4

Continente Parkshopping Florianopolis SC S Almeida Junior 4