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PLANO DE CARGOS CARREIRAS E SALÁRIOS: IMPLICAÇÕES DE SUA IMPLANTAÇÃO PARA AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE RELATÓRIO DE PESQUISA PROJETO Apoio à Estruturação da Rede de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde nas Regiões Norte e Centro-Oeste Oeste TED: 24/2013

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PLANO DE CARGOS

CARREIRAS E SALÁRIOS:

IMPLICAÇÕES DE SUA

IMPLANTAÇÃO PARA AS

INSTITUIÇÕES DE SAÚDE

RELATÓRIO DE PESQUISA

PROJETO

Apoio à

Estruturação da

Rede de Gestão

do Trabalho e

da Educação na

Saúde nas

Regiões Norte

e Centro-Oeste

Oeste TED: 24/2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE

OBSERVATÓRIO DE RECURSOS HUMANOS

“PLANO DE CARGOS CARREIRAS E SALÁRIOS: IMPLICAÇÕES DE

SUA IMPLANTAÇÃO PARA AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE”

RELATÓRIO DE PESQUISA

Equipe de pesquisa

Prof.ªDrª Janete Lima de Castro (Coordenação)

Pós-graduanda Tatiana de Medeiros Carvalho Mendes (Vice- Coordenação)

Prof. Dr. Antônio Medeiros Júnior

Pós-graduanda Renata Fonseca Sousa de Oliveira

Graduanda Juliana Marques Nogueira Mendonça

Graduanda Maria Clara Pinheiro de Lima

Natal/RN

2018

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SUMÁRIO

1 PONTO DE PARTIDA ............................................................................... 3

2 OBJETIVOS ................................................................................................ 6

2.1 GERAL ......................................................................................................... 6

2.2 ESPECÍFICO .............................................................................................. 6

3 NAVEGAÇÃO: A TRAJETÓRIA EM ALTO MAR ............................. 7

3.1 TIPO DE ESTUDO...................................................................................... 7

3.2 POPULAÇÃO E COLETA DOS DADOS ................................................ 7

3.3 ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................. 9

3.4 ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................... 12

4 DIÁRIO DE BORDO: DESBRAVANDO

CENÁRIOS.............................

13

4.1 VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES E PERSPECTIVA DE

CARREIRA....................................................................................................

15

4.2 DESAFIOS/LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES DE MELHORIAS

.........

18

4.3 MOTIVAÇÃO APÓS IMPLANTAÇÃO DOS PCCS

...................................

22

4.4 O SER SERVIDOR DIANTE DO PCCS....................................................... 24

5 LANÇANDO ÂNCORA .............................................................................. 28

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 30

ANEXOS........................................................................................................ 33

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1 PONTO DE PARTIDA

Saímos do nosso porto para navegar em águas mais

profundas. Vamos cheios de expectativas e anseios,

para desbravar aquele mar que se nos apresenta (Não

dá mais pra voltar – Pe Jonas Abib)

Este relatório apresenta os resultados da pesquisa intitulada “Plano de Cargos

Carreiras e Salários: implicações de sua implantação para as instituições de saúde”

cujo objetivo consistiu compreender os caminhos e implicações da implantação de

PCCS nas instituições de saúde, a partir da visão dos profissionais que trabalham na

região Centro-Oeste do Brasil. Faz-se necessário ressaltar que esta pesquisa integra o

Projeto de ações integradas Apoio à Estruturação da Rede de Gestão do Trabalho e

da Educação na Saúde das Regiões Norte e Centro-Oeste, coordenado e executado

pela UFRN, fruto de convênio com o Ministério da Saúde, viabilizado pelo Termo de

Cooperação Descentralizada 25000.123492/2013-64.

Por sua vez, o citado projeto teve como objetivo apoiar o fortalecimento da

área de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Sistema Único de Saúde. Para

tanto, suas ações foram destinadas, prioritariamente, às secretarias estaduais e

municipais de saúde e ao Ministério da Saúde.

A estrutura da área de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, na rede do

Sistema Único de Saúde (SUS) vem sofrendo importantes transformações nos últimos

anos, todavia muitos ainda são os problemas enfrentados. A melhoria da atuação da

citada área depende de um conjunto articulado de ações que estimule a criação de

estruturas físicas mais adequadas, a disponibilidade de recursos materiais e

tecnológicos, bem como incentivos para a qualificação e motivação dos

trabalhadores(CASTRO; VILAR; LIBERALINO, 2014; RUFINO, CAGOL, 2012).

Contudo, o que se encontra na maioria das vezes, são postos de trabalho

marcados por vínculos precários, ausência de incentivos, com grande insatisfação e

rotatividade dos profissionais. Nessa perspectiva, há uma necessidade de se estabelecer

avanços na política de gestão do trabalho e da educação na saúde que atenda aos

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princípios constitucionais e as diretrizes do SUS. Dentre essas necessidades, a

valorização do trabalhador em saúde se configura como uma das questões que merecem

ser discutidas.

Iniciativas no âmbito jurídico legal foram desencadeadas para potencializar a

valorização do trabalhador, entre elas a criação de Plano de Cargos, Carreiras e Salários

(PCCS), como instrumento de gestão do trabalho que tem como objetivo valorizar o

servidor e implantar o processo de carreira na instituição(OLIVEIRA, 2009).

O PCCS se constitui como uma ferramenta fundamental que organiza e regula os

principais direitos e deveres da relação organização e trabalhador. É através dele que o

trabalhador compreende suas responsabilidades, suas possibilidades de

desenvolvimento profissional e financeiro(SOARES et al, 2013).

Numa perspectiva histórica, com a promulgação da Constituição Federal em

1988, a União, Estados e Municípios teriam que instituir em suas esferas

administrativas os PCCS para os servidores da administração pública direta, das

autarquias e das fundações (BRASIL, 1988). Mais tarde, com a criação da Lei Federal

8.142/90, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as

transferências intergovernamentais de recursos financeiros, determinou-se que as

esferas de gestão só poderão receber recursos mediante a criação da Comissão de

elaboração do PCCS, previsto o prazo de dois anos para sua implantação (BRASIL,

1990).

Por conseguinte, o Ministério da Saúde institucionalizou diretrizes para a

elaboração e/ou reformulação de Planos de Carreira, Cargos e Salários no âmbito do

SUS, através do Protocolo n. 06/2006, regulamentado pela Portaria n. 1318/GM/MS

2007 (CASTRO; VILAR; LIBERALINO, 2014; BRASIL, 2007).

Segundo o Protocolo nº 006/2006, plano de carreira compreende-se como:

“Conjunto de normas que disciplinam o ingresso e

instituem oportunidades e estímulos ao desenvolvimento

pessoal e profissional dos trabalhadores de forma a

contribuir com a qualificação dos serviços prestados pelos

órgãos e instituições, constituindo-se em instrumento de

gestão da política de pessoal”(CASTRO; VILAR;

LIBERALINO, p. 2014).

No entanto, tem-se observado que apesar de todo o arcabouço jurídico criado e

muito embora se reconheça que essa temática ocupe lugar de destaque na agenda,

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discussão e deliberações dos principais fóruns realizados nas últimas décadas, ainda é

alto o contingente de secretarias que não usam o PCCS como uma ferramenta de gestão,

bem como a ausência da aplicabilidade de tais leis.

Investir na elaboração de um PCCS poderá ser uma iniciativa bastante

promissora, uma vez que o plano de carreira oportuniza o estímulo ao desenvolvimento

do trabalhador. Todavia, para que este garanta resultados satisfatórios se faz necessário

que ele seja bem elaborado e que contemple a coparticipação dos atores-chaves da

gestão do SUS: os trabalhadores e os gestores (CASTRO; VILAR; LIBERALINO,

2014).

A implantação do PCCS, além de representar perspectiva de carreira, fornece

melhores condições de trabalho e remuneração, pode também constituir-se numa

política atrativa para os trabalhadores e uma forma poderosa de fixação de

profissionais(OLIVEIRA, 2009).

Pesquisa sobre modelo para avaliação da gestão de recursos humanos em saúde

demonstrou que a valorização do trabalhador representa um dos fatores determinantes

para a motivação e manutenção do trabalhador nos serviços. A análise do estudo

considerou como “boa valorização” a gestão que possuía PCCS implantado(SCALCO;

LACERDA; CALVO, 2010).

No entanto, é fundamental que o plano seja implantado de acordo com o que se

foi planejado, visto que PCCS aquém de sua proposta original causam insatisfação ou

no máximo indiferença por parte de seu público alvo, conforme observado em estudo

sobre percepção dos funcionários de uma Secretaria Municipal de Saúde do Brasil

(SOARES, 2013).

Diante do que foi exposto e na perspectiva de desenvolver incentivos para a

indução de estratégias para as políticas no campo da gestão do trabalho e da educação

na saúde, bem como fortalecer a valorização do trabalhador em saúde, algumas questões

merecem ser indagadas, tais como: qual a percepção dos profissionais, que trabalham

em diferentes instituições de saúde, acerca do PCCS? Quais são as vivências

significativas desenvolvidas pelos profissionais de saúde, após a implantação do PCCS

em sua instituição? Que limites e possibilidades são apontados pelos profissionais de

saúde.

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2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Compreender os caminhos e implicações da implantação de PCCS nas instituições de

saúde, a partir da visão dos profissionais que trabalham na região Centro-Oeste do

Brasil.

2.2 ESPECÍFICOS

a) Conhecer a percepção dos profissionais que trabalham em diferentes

instituições de saúde, acerca do PCCS;

b) Investigar as vivências significativas desenvolvidas pelos profissionais de

saúde, após a implantação do PCCS em sua instituição;

c) Descrever os limites e possibilidades apontadas pelos profissionais de saúde.

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3 - NAVEGAÇÃO: A TRAJETÓRIA EM ALTO MAR

E aí vamos nós, impulsionados pelo vento, e com

as velas bem erguidas, para não perdermos a direção

(Não dá mais pra voltar – Pe Jonas Abib).

3.1 TIPO DO ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa documental, com abordagem qualitativa.O método

qualitativo aplica-se a estudos que envolvem relações, crenças, percepções e opiniões

que os humanos sentem e pensam sobre algum fenômeno (MINAYO, 2007).

3.2 POPULAÇÃO E COLETA DOS DADOS

Esta pesquisa teve como cenário os depoimentos postados no fórum de discussão

na plataforma virtual dos Cursos de Especialização e de Aperfeiçoamento em Gestão do

Trabalho e da Educação na Saúde, cursos estes realizados pela Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com o Ministério da Saúde (MS), na

modalidade a distância, no período de novembro de 2014 a janeiro de 2016, tendo como

temática “Plano de Cargos Carreiras e Salário” (PCCS).

Foram incluídos documentos com depoimentos dos profissionais de saúde que

possuíam PCCS exclusivos do setor saúde em suas instituições. Participaram dos cursos

profissionais com um dos seguintes perfis:

a) Ser gestor ou integrante da equipe gestora responsável pela formulação e

execução de políticas na área de gestão do trabalho e da educação na saúde/Recursos

Humanos do SUS;

b) Ser gestor ou integrante da equipe gestora ou docente das Escolas Técnicas do

SUS ou das Escolas de Saúde Pública do SUS;

c) Ser membro das mesas de negociação permanente do SUS ou integrante dos

espaços, formalmente instituídos, de negociação do trabalho do SUS;

d) Exercer o cargo/função de secretário de saúde, ou gerente de regionais de

saúde ou distritos sanitários;

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e) Integrar equipe de direção de Gestão de Recursos Humanos/Gestão do

Trabalho e da Educação na Saúde dos escritórios de representação do Ministério da

Saúde nos Estados;

f) Exercer cargos de gestão de hospitais, ou de Unidades de Referência, ou

Unidades Básicas de Saúde;

g) Ser da equipe de Gestão de Recursos Humanos/Gestão do Trabalho e

Educação na Saúde, dos escritórios da FIOCRUZ que estão localizados no estado onde

ocorrerá o curso.

h) Ser integrante da equipe técnica do COSEMS ou da Comissão Intergestora

Bipartide– CIB.

Foram incluídos documentos cujos profissionais de saúde possuíam em suas

instituições Plano de Cargos Carreiras e Salário exclusivos do setor saúde e que

responderam ao fórum. Os critérios de exclusão utilizados foram: documentos de

profissionais que participaram do curso, mas não pertenciam a Região Centro-Oeste;

documentos de profissionais cujas respostas não condiziam com a pergunta do fórum

em questão; bem como documentos de profissionais que copiaram respostas já postada

no fórum por outro participante do curso. Também foram excluídas da análise de

conteúdo trechos dos documentos que não respondiam aos objetivos do estudo.

Para a coleta e sistematização das informações foram realizado os seguintes

procedimentos:

1. Solicitação junto à Coordenação do Curso de Especialização e

Aperfeiçoamento em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde os depoimentos dos

alunos referente ao fórum de discussão do curso suscitado, cujo tema referia-se ao

PCCS;

2. Após o recebimento dos documentos, estes foram impressos e

submetidos a leituras para a aplicabilidade dos critérios de inclusão e exclusão;

3. Posteriormente, elaborou-se um quadro síntese para a sistematização das

informações de modo a subsidiar a investigação, a saber: Enumeração do respondente;

Idade; Estado; Município; Instituição; Órgão; Cargo; Existência de PCCS exclusivo da

área de saúde; Modalidade do curso (Aperfeiçoamento ou Especialização);

4. Ao final do preenchimento do quadro síntese obteve uma amostra de 211

depoimentos de profissionais, os quais responderam possuir PCCS em sua instituição, e

preenchem aos critérios de inclusão e exclusão do presente estudo.

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3.3 ANÁLISE DOS DADOS

Concluída a coleta de dados, realizou-se a análise de dados com o auxílio do

software Iramuteq, software livre, que permite fazer análises estatísticas sobre corpus

textuais e tabelas, indivíduos/palavras. Este software viabiliza diferentes tipos de

análises de dados textuais, desde as mais simples, como a lexicografia básica, que

abrange a lematização e o cálculo de frequência de palavras, até análises multivariadas

como a Classificação Hierárquica Descendente – CHD, Análise Pós-fatorial de

Correspondências e Análises de Similitude e Nuvem de Palavras(CAMARGO; JUSTO,

2013).

O uso de recursos informáticos e estatísticos, como a ferramenta Iramuteq,

facilita o processamento das análises de texto, sobretudo quando há uma grande

quantidade de dados, além de potencializar o alcance da pesquisa qualitativa (JUSTO;

CAMARGO, 2014).

O IRAMUTEQ apresenta rigor estatístico e permite a utilização de diferentes

recursos técnicos de análise lexical. Com o auxílio desse programa informático, pode

utilizar-se das análises lexicais sem que se perca o contexto em que as palavras

aparecem, tornando possível integrar níveis quantitativos e qualitativos na análise,

trazendo maior objetividade e avanços às interpretações dos dados textuais. O uso de

recursos informáticos e estatísticos, como a ferramenta Iramuteq, facilita o

processamento das análises de texto, sobretudo quando há uma grande quantidade de

dados, além de potencializar o alcance da pesquisa qualitativa(JUSTO; CAMARGO,

2014).

As análises lexicais se constituem de uma família de técnicas que permitem

utilizar métodos estatísticos aos textos. Esse tipo de análise viabiliza a construção de

categorias naturais a partir do uso de algumas técnicas estatísticas no campo dos dados

qualitativos, propondo, portanto, a superação da dicotomia clássica entre quantitativo e

qualitativo na análise de dados, na medida em que torna possível quantificar e empregar

cálculos estatísticos sobre variáveis essencialmente qualitativas - os textos(LAHLOU,

1994). Em alguns casos, as técnicas permitem também relacionar variáveis, comparar

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grupos, com validade e significância estatística, o que pode contribuir para os avanços

dos estudos qualitativos(LAHLOU, 2014).

Nas análises lexicais clássicas, o Iramuteq identifica e reformata as unidades de

texto, transformando Unidades de Contexto Iniciais (UCI) em Unidades de Contexto

Elementares(UCE); identifica a quantidade de palavras,frequência média e número de

hapax (palavras com frequência um); pesquisa o vocabulário e reduz as palavras com

base em suas raízes (lematização);cria dicionário de formas reduzidas, identifica formas

ativas e suplementares (CAMARGO; JUSTO, 2013).

Na análise por meio do método da Classificação Hierárquica Descendente

(CHD), também utilizada pelo software ALCESTE, o Iramuteq segmenta os segmentos

de texto em função dos seus respectivos vocabulários, e o conjunto deles é repartido

com base na frequência das formas reduzidas(palavras já lematizadas). Esta análise visa

obter classes de UCE que, ao mesmo tempo, apresentam vocabulário semelhante entre

si e vocabulário diferente das UCE das outras classes(CAMARGO; JUSTO, 2013).

No tocante à interpretação, os depoimentos dos alunos foram analisadas à luz da

Análise de Conteúdo que, segundo Bardin(2011), consistem em um conjunto de

técnicas e análise das comunicações que objetivam obter, por meio de procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores que

permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições e produção/recepção

dessas mensagens.

Segundo a análise de conteúdo de Bardin (2011), as diferentes fases da análise

de conteúdo se organizam em torno de três polos cronológicos: a pré-análise; a

exploração do material; e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

O polo cronológico da pré-análise ou a fase de organização dos materiais

propriamente ditatem como objetivo sistematizar as ideias iniciais. Dessa forma, foi

realizado uma “leitura flutuante” objetivando conhecer todo o texto, de forma a

relacionar os entrevistados às respostas.Todo o texto foi corrigido e revisado, a fim de

que os erros de digitação ou outros erros não fossem tratados pelo software como

palavras diferentes. Após a constituição do corpus, ocorreu a preparação do material.

O corpus é o conjunto de texto construído que se pretende analisar. É construído

pelo pesquisador e deve ser monotemático. O corpus foi construído segundo orientações

do tutorial para uso do software. Cada resposta foi separada por uma linha de comando

que identifica o entrevistado e algumas características (variáveis) consideradas

importantes para o delineamento da pesquisa. Neste estudo as variáveis utilizadas nas

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linhas de comando foram sexo, idade, nível de escolaridade e esfera administrativa, as

quais foram categorizadas de acordo com o Quadro1.

Quadro 1 - Categorização das variáveis sexo, idade, escolaridade e esfera administrativa. Natal/RN,

Brasil, 2017.

VARIÁVEIS CATEGORIZAÇÃO Sexo Masculino; Feminino

Idade (anos)

Em faixas etárias: - De 20 a 35 anos

- De 36 a 50

- De 51 a 66

Nível de escolaridade - Fundamental

- Médio

- Superior

Esfera -Municipal

- Estadual

- Federal Fonte: autores

O segundo polo cronológico é a exploração do material, que foi realizada por

operações efetuadas pelo software Iramuteq. Segundo Bardin (2011), essa fase consiste

essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função

de regras previamente formuladas. Quer se trate de procedimentos aplicados

manualmente, ou de operações efetuadas por computador, o decorrer do programa

completa-se mecanicamente, visto que a fase da análise propriamente dita consiste na

aplicação sistemática das decisões tomadas na etapa da pré-análise.

Para Bardin(2011), a codificação corresponde a uma transformação dos dados

brutos do texto em informações relevantes, e sua organização compreende três escolhas:

1) recorte – escolha das unidades; 2) enumeração – escolha das regras de contagem; 3)

classificação e agregação –escolha das categorias de análise. A etapa de categorização

foi realizada pelo software Iramuteq, que usa a denominação “classes” para o que

Bardin designa como “categorias”. O Iramuteqviabilizou a divisão do corpus em

classes a partir da CHD já referida anteriormente.A denominação usada pelo software

será utilizada neste estudo, em coerência com a respectiva ferramenta.

Após a categorização, buscou-se identificar os conteúdos relevantes que estavam

presentes em cada classe, os quais foram organizados para serem discutidos à luz do

referencial teórico.O terceiro e último polo cronológico refere-se ao tratamento dos

resultados, inferências e a interpretação, que serão apresentados no capítulo seguinte,

denominado“Diário de bordo: desbravando cenários”.

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3.4 ASPECTOS ÉTICOS

O estudo foi realizado com base nos princípios da bioética e submetido à análise

do Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos do Hospital Universitário Onofre

Lopes (HUOL), em cumprimento à Resolução 466/2012, que trata de pesquisas

envolvendo seres humanos, sendo aprovado com Número do Parecer: 1.908.863 e

CAAE: Coletiva 1 63139316.7.0000.5292.

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4 - DIÁRIO DE BORDO: DESBRAVANDO CENÁRIOS

Começam as tempestades, as contrariedades, e a força do vento

que a qualquer momento pode nos derrubar. Fixamos nosso

olhar na mesma direção do objetivo que nos fez partir, mas o

que vemos não se parece nada com aquele bonito horizonte, e

sim um imenso mar agitado (Não dá mais pra voltar – Pe Jonas

Abib)

O fórum sobre PCCS contou com a participação de 388 profissionais. Destes,

apenas 247 responderam que sua instituição possuía PCCS exclusivos da saúde. Foram

excluídos documentos referente a 13 profissionais que não pertenciam a região centro-

oeste, 18 documentos cujo conteúdo não condiziam com as perguntas do fórum, não

respondendo, portanto, aos objetivos do estudo, e 5 documentos de profissionais que

copiaram toda a resposta já postada no fórum por outro participante do curso.

No tocante à categorização da dos profissionais cujos documentos constam nos

documentos textuais da pesquisa, observou-se predominância de servidores do sexo

feminino (79,6%), na faixa etária de 36 a 50 anos (46,4%), de nível superior (91,9%) e

da esfera estadual (54%), conforme o observado na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização dos sujeitos da pesquisa, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2017.

VARIÁVEIS TOTAL

(n%)

Sexo Masculino

Feminino

168 (79,6)

43 (20,4)

Faixa etária

(anos)

20 a 35 anos

36 a 50 anos

51 a 66 anos

Sem informação

81 (38,4)

98 (46,4)

31 (14,7)

1 (5)

Escolaridade Nível Médio

Nível Superior

Sem informação

12 (5,7)

194 (91,9)

5 (2,4)

Esfera

administrativa

Municipal

Estadual

Federal

Sem informação

74 (35,1)

114 (54)

16 (7,6)

7 (3,3)

Fonte: autores

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A análise do corpus textual foi realizada com auxílio do Iramuteq, a partir de

3.653 palavras as quais ocorreram 27.571 vezes. Considerando o total de surgimento

das formas, 1.823 palavras apareceram uma única vez, correspondente a 6,61% das

ocorrências.

O corpus foi formado por 210 Unidades de Contexto Inicial (UCI) ou entrevistas

que, posteriormente, foram divididas em 777 Unidades de Contexto Elementar (UCE),

correspondendo a 100% do material analisado. Dentre elas, 694 UCE foram

classificadas com um aproveitamento de 89,32% do total de palavras, as quais foram

equiparadas através da classificação hierárquica descendente (CHD), gerando um

dendrograma formado por cinco classes semânticas distintas, apresentadas na Figura 1,

as quais serão discutidas em tópicos para uma melhor compreensão.

A CHD considerou a associação das classes às variáveis do estudo: sexo, idade,

escolaridade e esfera administrativa.

Para definir quais palavras eram mais significativas em cada classe, foram

considerados três critérios: 1. Frequência da palavra na classe maior que o ponto de

corte, o qual foi obtido pela divisão do número de ocorrências pelo número de formas;

2. Valor de qui-quadrado (X2) maior ou igual a 3,83 (quanto maior o valor do qui-

quadrado, maior a associação com a classe); 3.Valor de p≤ 0,05.

Conforme mostra a Figura 1, as classes/categorias receberam as seguintes

denominações:1) Fixação dos Servidores e perspectiva de carreira; 2)

Desafios/limitações e possibilidades de melhorias; 3) Motivação após implantação dos

PCCS.

As três classes serão apresentadas e comentadas a seguir, exemplificadas com

temas correspondentes a cada uma. Para manter o sigilo das identidades dos sujeitos,

foram utilizados como pseudônimos elementos presentes nas navegações, sendo a

“Bússola” representando a esfera municipal, “Mapa” sendo a esfera estadual e “Vela”,

esfera federal, conjuntamente com o número atribuído correspondente a cada

participante.

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Figura 1 – Dendrograma do corpus Plano de Cargos Carreiras e Salários. 2017.

Fonte: autores.

4. 1 VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES E PERSPECTIVA DE CARREIRA

A Classe 1, Valorização dos Servidores e perspectiva de carreira, foi formada

por 338 UCE, representando 48,7% das UCE classificadas, conforme exibe a Figura 1, e

se mostrou mais significativa para as esferas estadual e federal e sexo feminino.

As palavras mais significativas foram: Valorização, PCCS, SUS e conquista,

segundo mostra o Quadro 2.

Quadro 2 – Distribuição das palavras significativas da Classe 1.

694 UCE

Palavra Freq. X2

Valorização 55 45,59

PCCS 345 38,73

SUS 51 34,43

Conquista 37 22,33

Palavra Freq. X2

Não 101 34,68

Salário 35 30,73

Insatisfação 16 30,19

Condição 17 26,95

Palavra Freq. X

2

Mestrado 19 55,49

Curso 25 51,35

Aperfeiçoamento 16 49,61

Conhecimento 18 32,47

Classe 2:

28,24 % Desafios/limitações e

possibilidades de

melhorias

Classe3:

23,05 % Motivação após

implantação dos PCCS

Classe1

48,7% Valorização dos

Servidores e perspectiva

de carreira

Palavra Freq. X2

Valorização 50 45,59

PCCS 209 38,73

SUS 45 34,43

Conquista 32 22,33

Fonte: autores

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Esta classe aborda questões relacionadas à valorização do servidor diante dos

PCCS, bem como esses planos contribuíram para motivação e fixação destes. Quanto

mais o profissional for valorizado, melhor será o local em que este trabalha. A

motivação no âmbito organizacional tem relação coma qualidade do desempenho e dos

esforços de seus colaboradores, sendo fundamental que se se busquem alternativas que

motivem os profissionais a fim de se alcançar os resultados desejados (OSAWA et al,

2012).

Percebe-se uma diferenciação nos conteúdos dos documentos quando se

compara documentos das diferentes esferas administrativas. No que se refere aos

servidores da esfera municipal, apesar de em alguns municípios o PCCS ter promovido

a valorização e fixação dos servidores, em muitos não houve essa fixação, devido às

condições desfavoráveis de trabalho e não cumprimento dos direitos trabalhistas por

parte da gestão.

“[...]A política de valorização dos trabalhadores através do PCCS na instituição ajudou a motivar e

fixar os profissionais da força de trabalho promovendo melhor qualidade dos serviços na promoção de

saúde para comunidade. [...]” (Bussola123)

“[...]Implantar um PCCS é um grande passo para fixar o servidor na instituição. Com certeza essa

conquista gera motivação nos servidores, um sentimento de pertencimento, de valorização. Claro que

existem falhas que devem ser revistas, melhorias a serem propostas. [...]” (Bússola7)

“[...]O PCCS do nosso município não é um dos piores, porém requer algumas melhorias no que diz

respeito principalmente a valorização do profissional que se qualifica. É uma conquista recente, porém

esta ajudando a fixação de servidores em algumas categorias. [...]” (Bussola194)

“[...]Considero a implantação do PCCS um grande fator motivacional e de valorização profissional, sua

implantação, na época,favoreceu a fixação do servidor. Entretanto atualmente a realidade é diferente, os

servidores municipais além de desempenharem suas atividades sob péssimas condições de trabalho estão

se deparando com o congelamento dos PCCS e a redução de incentivos, como a insalubridade, a

movimentação entre outros. [...]” (Bussola 132)

“[...]Certamente o Plano serviu como um incentivo para o servidor criar ainda mais vínculo com o

município, baseado na possibilidade de ascensão na carreira. Porém, a atual gestão não tem cumprido

com as determinações previstas no PCCS, ou seja, os funcionários não estão recebendo devidamente as

suas progressões que deveriam ser pagas a cada 2 anos por direito, conforme está previsto na Lei do

PCCS. [...]”(Bússola26)

“[...]Em Goiânia, o PCCS,ao meu ver, é bom, abrange todos os aspectos necessários ou a maioria dos

recomendados pelas diretrizes para instituição de PCCS, no entanto está congelado por ação do atual

prefeito, levando inclusive a categoria a deflagrar greve. [...]”(Bussola107)

Desse modo, a implantação de um PCCS tem sido considerada como uma

ferramenta fundamental para a auxiliar a fixação dos trabalhadores, ao desenvolvimento

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17

gerencial dos serviços de saúde e consequentemente na consolidação do SUS (MORA,

RIZZOTTO, 2015).

No tocante à esfera estadual também é observado o descaso dos gestores de

alguns estados quanto ao cumprimento dos PCCS na fala de alguns profissionais. No

entanto em alguns estados, percebe-se sentimento de valorização em alguns segmentos

textuais.

[...] “Não há dúvidas que o PCCS auxilia e muito a fixação do servidor no estado, porém ainda precisa

ser reformulado, pois já está deficitário. Ainda é um bom instrumento de valorização profissional.” [...]

(Mapa 185)

[...] “A instituição de um PCCS,na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, tem sido uma grande

conquista de todos os trabalhadores do SUS sem sombra de dúvidas, porém existem vários aspectos a

serem explorados e ou implementados, com intuito de valorizar o trabalhador como, por exemplo, a

implantação e implementação de uma avaliação de desempenho do trabalhador, baseada na gestão por

competência de forma que venha verdadeiramente valorizar e não o desmotivar como a que se encontra

em vigor; A implementação de políticas de fixação e valorização do trabalhador no interior.” [...] (Mapa

151)

[...] “A implantação do PCCS dos Servidores do SUS foi uma grande vitória para os trabalhadores há

mais de 10 anos atrás. Representou valorização, coerência e incentivo à qualificação e pesquisa no

âmbito da Saúde Pública em Mato Grosso. Hoje, amarga total descaso por parte dos gestores. Muitos de

suas prerrogativas, que já serviram de modelo para outros estados brasileiros são desrespeitadas e

cruelmente deixadas de lado, a exemplo do incentivo à educação continuada e à qualificação”[...] (Mapa

167)

[...] “A principal força motivadora com a implantação do PCCS da Secretaria Estadual de saúde em

2000 foi a valorização dos servidores, uma vez que a carreira dos profissionais de saúde é uma das

melhores do Estado e a incrementação no salário foi significativa.” [...] (Mapa 142)

[...] “Por meio do PCCS se garantiu a valorização do trabalhador, melhor remuneração e

reconhecimento da qualificação adquirida, assegurando benefícios como oportunidade de formação,

qualificação e progressão, vantagens estendidas a todos os profissionais através de isonomia salarial,

manutenção de todos os rendimentos em subsídio único, direito às ações de segurança e saúde do

trabalhador dentre outro .” [...] (Mapa 162)

[...] “Nas três Leis que tratam do PCCS da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, a motivação,

pelo enquadramento, foi a mais evidente enquanto perspectivas de carreira, não, contudo sem deixar

algumas falhas, as quais ainda precisam de aprimoramento na contagem real do tempo de serviço do

servidor ” [...] (Mapa 144)

A necessidade de reformulação do plano esteve presente na fala de alguns

servidores. Resultado semelhante foi encontrado em estudo com gestores de municípios

da região Sul e Nordeste do Brasil, cuja necessidade de revisão e adequação dos PCCS

foi expressa em relatos de secretários municipais que mostraram interesse em iniciar

discussões sobre o tema, seja por meio da formulação de comissões locais ou através da

contratação de consultores (SILVEIRA et al, 2010).

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A motivação e fixação dos servidores devido à implementação do PCCS esteve

mais presente no conteúdo textual dos servidores da esfera federal, conforme pode-se

observar nas falas a seguir.

[...] “apesar da ineficiência de alguns órgãos, considero que o PCCS ajudou sim a fixar o trabalhador

nas instituições e é um instrumento motivador para o trabalho, uma grande conquista do servidor

público.” [...] (Bussola 44)

[...] “Quanto à fixação do servidor, por se tratar de um órgão público, onde o ingresso é através de

concurso público a fixação já é garantida. Ocorre a valorização do trabalhador e a melhoria da

qualidade dos serviços prestados, mas a maior motivação é a melhoria do salário” [...] (Bussola 47)

[...] “A política de PCCS no Hospital Público Federal como o Hospital das Clínicas de Goiás tem sido

de grande incentivo ao aprimoramento e a política de progressão do servidor. Em Goiânia, Goiás, o

trabalhador público federal tem sua política de progressão fluindo de forma bem tranquila. Isso

certamente cria motivação no servidor contribuindo para sua fixação e criando perspectiva de

carreiras.” [...] (Bussola 46)

[...] “O PCCS da UNEMAT tem atraído servidores de variadas regiões do Brasil, pois ele insere-se num

roll de PCCS atrativo, se comparado ao de outras Instituições de Ensino estadual ou federal”. [...]

(Bussola 135)

Os achados dessa pesquisa vai ao encontro com o estudo de Scalco, Lacerda e

Calvo (2010), ao afirmarem que a valorização do trabalhador representa um dos fatores

determinantes para a motivação e manutenção do trabalhador nos serviços.Os autores

apontam como uma boa valorização a gestão as instituições que possuíam o PCCS

implantado(SCALCO; LACERDA;CALVO, 2010).

Portanto de forma geral o PCCS, quando realmente implantado e implementado

pelos gestores, tem se mostrado como fator motivador e de fixação dos profissionais nas

instituições públicas. Nessa perspectiva, a literatura mostra dificuldades de fixação de

profissionais de saúde devido a fatores como a ausência de implementação de um PCCS

(NEY; RODRIGUES, 2012; COSTA et al., 2010).

4.2 DESAFIOS/LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES DE MELHORIAS

A Classe 2–Desafios dos PCCS - formada por 196 UCE, representa 28,24% das

UCE classificadas, conforme exibe a Figura 1, revelando-se mais significativa para

esfera municipal.

As palavras mais significativas foram: não, salário, insatisfação, condição, tal

como mostra o quadro 3.

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Quadro 3 – Distribuição das palavras significativas da Classe 2.

Esta classe mostra os desafios/limitações existentes após a implantação dos

PCCS na área da saúde, conforme pode-se observar nos segmentos textuais a seguir.

“[...]No início, todas as perspectivas foram garantidas, mas atualmente a desmotivação tomou conta do

servidor, e tem muitos servidores fazendo concurso para outras áreas e abandonado a atual.Isso se deve

não ao termo financeiro, mas a questão desumanizante que se encontra a atual Secretaria de Estado de

Saúde de Mato Grosso, tanto faz em termos físicos como humano. A maioria dos servidores se vê

sobrecarregados e sem nenhuma vontade de esperar mudanças ou vê-las acontecer. [...]” (Mapa 153)

“[...] A atual gestão não tem cumprido com as determinações previstas no PCCS, ou seja, os

funcionários não estão recebendo devidamente as suas progressões que deveriam ser pagas a cada 2

anos por direito, conforme está previsto na Lei do PCCS. [...]” (Bussola26)

“[...]Mas a grande questão é o cumprimento de tudo que está posto na lei principalmente em relação à

Saúde do Trabalhador do SUS que está desmotivado com as condições de trabalho se sentindo doente e

sem amparo da instituição que não volta o olhar para a categoria como reza a legislação [...]” (Mapa

161)

“[...]É um plano jovem, contudo só houve uma progressão de letra e a insatisfação tomou conta dos

servidores não apenas por isto, mas principalmente por melhores condições de trabalho. [...]”

(Bussola40)

“[...]Estamos passando por um momento crítico da saúde em Goiânia acompanhado de falta de

profissionais nas unidades, falta de recursos materiais, unidades depredadas e funcionários

descontentes. Tudo isso gera o que já acompanhamos há algum tempo, o descontentamento da população

mal assistida. Percebemos com essa realidade que um plano não deve ser executado sem a observância e

fiscalização de princípios básicos. [...]” (Mapa 11)

“[...]A gestão atual não vem desempenhando suas funções de forma digna com tais servidores. A

insatisfação é notória na fala de cada servidor, eles agora pedem que o executivo faça a reposição

salarial, paralelo aos PCCS. [...]” (Mapa45)

“[...]Infelizmente, ele não chegou a sequer ter consequências, já que apesar de tantos anos já de sua

implantação, ninguém colheu os louros dessas benesses. [...]” (Bussola49)

Percebe-se, principalmente em trechos documentais dos servidores municipais e

estaduais, desmotivação e insatisfação devido às más condições de trabalho. Ter um

ótimo ambiente de trabalho é fator importante para que o profissional se sinta motivado

e satisfeito com o trabalho que executa (OSAWA et al. 2012)

Palavra Freq. X2

Não 101 34,68

Salário 35 30,73

Insatisfação 16 30,19

Condição 17 26,95

Fonte: própria autora

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20

Resultados diferentes foram obtidos em estudo realizado por Silva et.al. (2014),

no qual características como ambiente de trabalho, conforto do espaço de trabalho, além

de salário alto e status do cargo ocupado não foram tão significantes na pesquisa como

prerrogativas para motivação. Nesse estudo, destacou-se como o principal fator a

satisfação em trabalhar naquilo que se faz.

Também foram citadas como limitações o fato de que apesar dos PCCS

existirem no papel, não são colocados em práticas pelos gestores.

Rufino e Cagol (2012) destacam que as organizações públicas são carentes de

práticas e instrumentos de gestão de pessoas eficientes, eficazes e efetivos. Além disso,

ressaltam os autores que a garantia de que o PCCS agregará valor para a organização e

para os trabalhadores depende de sua coerente aplicação prática, além de sua integração

com outros instrumentos e processos de trabalho da gestão de pessoas.

Nesse sentido, estudo de percepção de servidores quanto ao PCCS mostra

insatisfação, ou no máximo indiferença, na avaliação dos indicadores utilizados no

estudo, mostrando que o PCCS analisado está aquém de sua proposta original

(SOARES et al, 2013).

Também são evidenciadas insatisfações quanto aos baixos salários, falta de

oportunidade de qualificação e o fato de alguns planos não contemplarem todas as

categorias.

“[...]Existe um PCCS na Secretaria de Saúde do Município de Goiânia, porem não contempla todos as

categorias, isso deixa muitos servidores descontentes. São profissionais que atuam na saúde, mas que

ficaram de fora o que provocou grande descontentamento entre os profissionais [...]” (Bussola 80)

“[...] Não ajudou na fixação.Os baixos incentivos fizeram os trabalhadores migrarem para outros

concursos em outras cidades próxima, ou terem que trabalhar em outras instituições para haver um

complemento salarial negociando horários em seu setor e diminuindo a produtividade[...]” (Bussola

102)

“[...]Quanto aos salários ainda não está a contento, pois para aquelas profissões que não tem um piso

salarial instituído, não houve tanto ganho, porém melhorou diante da realidade salarial [...]” (Bussola

171)

“[...]Sem dar a oportunidade para que o servidor possa frequentar mais cursos e especializações para

aumentar esses percentuais, geraram insatisfação e desestímulo entre as diversas classes profissionais

[...]” (Bussola 99)

Necessidade de melhorias das condições de trabalho também foi evidenciada em

estudo sobre motivação, que mostrou sentimento de desmotivação e desvalorização

interferindo diretamente na qualidade da assistência prestada. Além de melhorias nas

condições de trabalho, este estudo demonstrou outros desafios a serem superados a fim

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de motivar os profissionais como melhor incentivo salarial, redução de carga horária,

aumento de recursos humanos e estruturais, dentre outros (AZEVEDO et al, 2016).

Percebe-se também nas falas a insatisfação por parte de alguns participantes da

pesquisa pelo falto do PCCS não contemplar todas as categorias profissionais,

mostrando a não adesão de alguns municípios ao princípio da universalidade presente

nas diretrizes nacionais do PCCS-SUS, a qual determina que os planos de todos os

órgãos e instituições públicas do SUS deverão abarcar todos os trabalhadores (BRASIL,

2006).

Acrescentando-se a discussão um estudo realizado por Vieira et al, (2017), ao

analisar a implantação de PCCS em secretarias municipais e estaduais de saúde,

observou-se que um dos desafios que causam insatisfação por parte dos profissionais

estão relacionados a abrangência do plano. Afirmam que, embora as diretrizes orientam

que todos os trabalhadores do SUS devem ser contemplados em PCCS há um

divergências no entendimento por parte de alguns gestores, para eles, alguns

determinados profissionais que ocupam cargos atuantes em qualquer setor, cabe-lhes o

enquadramento em um plano geral da instância (VIEIRA et al, 2017)

Algumas possibilidades de melhorias apontadas pelos profissionais de saúde

remetem a luta dos trabalhadores por seus direitos, maior envolvimento da população e

gestão participativa.Compreende-se que a elaboração e implantação de um PCCS apesar

de ser uma decisão institucional, na maioria das vezes é impulsionada pelas

reivindicações das entidades profissionais (CASTRO; VILAR; LIBERALINO, 2014).

Desse modo, a luta dos trabalhadores deve ser permanente na busca de se consolidar

planos que contemple todos os direitos assegurados.

“[...]Sim, estamos em greve. Mas a guerra deveria ser de todos, inclusive da população que é

verdadeiramente massacrada por não terem acesso de qualidade aos serviços públicos. Mas nossa

população ainda não entende e talvez leve mais algumas gerações pra entender e participar. [...]”

(Bussola 38)

“[...]Ter uma gestão participativa e comprometida é fundamental. Manter o diálogo entre as partes

envolvidas e cuidar para que as negociações sejam cumpridas é uma tarefa primordial na valorização

dos profissionais. [...]” (Mapa 11)

“[...]E esses PCCS não são atualizados juntos, pois cada categoria precisa lutar e com afinco para

garantir os direitos conquistados. A falta de valorização dos servidores faz com que os bons profissionais

procurem outros concursos. E é desgastante para o servidor ter que lutar por seus direitos e também por

melhorias de trabalho, trabalhar em ambientes precários realmente colabora para um serviço

ineficiente, desmotivando os servidores de exercerem a corresponsabilidade, a resolutividade nos

atendimentos e aumentar o absenteísmo.. [...]” (Bussola 52)

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22

No entanto, apesar da implementação dos PCCS, conforme as leis e diretrizes,

ser apontada como uma luta de todos os profissionais de saúde e inclusive da população,

estudo objetivando analisar o PCCS como tecnologia de gestão do trabalho na atenção

básica do Sistema Único de Saúde (SUS) concluiu que a temática é incipiente como

política pública de gestão, além de ser um assunto de pouco domínio dos usuários,

sindicalistas e trabalhadores do setor saúde nos municípios estudados. (LACAZ et al,

2010).

4.3 MOTIVAÇÃO APÓS IMPLANTAÇÃO DOS PCCS

A Classe 3, Motivação após implantação dos PCCS, aborda algumas

implicações da implantação de PCCS nas instituições de saúde, destacando-se a

motivação dos profissionais de saúde para qualificação. Foi formada por 160 UCE,

representando 23,05 % das UCE classificadas, conforme mostra a Figura 1, revelou-se

mais significativa para os servidores da esfera municipal e profissionais de nível médio.

As palavras mais significativas foram mestrado, curso, aperfeiçoamento e

conhecimento, conforme observa-se no quadro 4.

Quadro 4– Distribuição das palavras significativas da Classe 3.

Fonte: autores

O PCCS tem entre seus objetivos motivar as pessoas a serem mais efetivas em

seus trabalhos. A motivação deve ser vista como uma estratégia necessária e possível de

ser implementada nas instituições de saúde, visto que os fatores que interferem na

satisfação no trabalho exercem influência no comportamento da equipe, devendo os

gestores refletirem e criarem estratégias que resultem os efeitos desejados (SILVEIRA;

STIPP; MATTOS, 2014).

Para Castro (2012), o propósito da implantação do PCCS nos estados e nos

municípios permitem que os mesmos sejam instrumentos que possam assegurar a

profissionalização e a valorização dos trabalhadores da saúde. Dessa forma, o incentivo

Palavra Freq. X2

Mestrado 19 55,49

Curso 25 51,35

Aperfeiçoamento 16 49,61

Conhecimento 18 32,47

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a educação e a formação dos trabalhadores da saúde são estratégias fundamentais que

devem ser adotadas nas instituições de saúde no intuito de fortalecer a força de trabalho,

sendo considerada uma inciativa importante para a gestão do SUS (PINAFO et al,

2016).

Quanto à motivação, destaca-se uma maior procura por cursos de qualificação

profissional, nos segmentos textuais dos profissionais de saúde das três esferas

administrativas, conforme se pode perceber nas falas a seguir:

“[...] O PCCS da Secretaria de Saúde do Estado de Mato Grosso valorizou a carreira dos profissionais

incentivando ao aperfeiçoamento, mais de 90 por cento dos trabalhadores de nível médio já concluíram

faculdade, mestrado. Temos colegas concursados com nível superior com doutorado. Portanto o PCCS

da categoria trouxe benefícios para a categoria. [...]” (Bussola174)

“[...]Com a perspectiva de carreira se criou um estímulo por parte dos trabalhadores. É percebível o

entusiasmo por parte dos mesmos em ir à busca de crescimento profissional através dos cursos, pós-

graduação, mestrado, entre outros. [...]” (Bussola 171)

“[...]Criou motivações em vários colegas, incentivando-os a fazerem cursos de

Aperfeiçoamento,Especialização Mestrado, Doutorado, com o objetivo de conseguirem um adicional de

titulação, considerando a perspectiva da carreira profissional e com isso acabam adquirindo um

conhecimento inovador, trazendo implicações positivas tanto para a instituição, pois contará com

profissionais mais qualificados tanto para os trabalhadores e usuários. [...]” (Mapa 59)

“[...]Com o incentivo à educação permanente, é notória a busca dos servidores pela educação

permanente e títulos de especialização, mestrado, doutorado, o que consequentemente retorna para o

usuário dos serviços de saúde pública em forma de atendimento por profissionais mais qualificados.

[...]” (Mapa 50)

“[...]Dentre as consequências foram o aumento dos ganhos financeiros devido às gratificações

relacionadas à qualificação profissional (pós-graduação, especialização, mestrado ou doutorado), com

reflexo na qualidade da assistência à saúde e na permanência e motivação dos profissionais nas

instituições.Outra motivação procedente do PCCS refere-se à perspectiva de ampliação das atribuições e

competências do trabalho, uma vez que o PCCS contempla o cargo amplo. [...]” (Vela 29)

“[...]Logo quando o trabalhador requer o benefício após a conclusão de algum curso, seja de

capacitação, especialização, mestrado ou doutorado, ele tem seu benefício garantido de forma rápida, o

processo é simples. Isso certamente cria motivação no servidor contribuindo para sua fixação e criando

perspectiva de carreiras. [...]” (Vela 46)

Silva et al. (2014) também ressalta que o PCCS está fortemente ligado à

motivação do servidor, visto que viabiliza o crescimento profissional e as relações

pessoais. Os autores elencam a manutenção de benefícios constantes no PCCS como

conquista em prol dos servidores públicos, o qual cria novas oportunidades além de

incentivo e reconhecimento do aperfeiçoamento acadêmico.

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24

4.4 O SER SERVIDOR DIANTE DO PCCS

A análise de similitude, realizada pelo IRAMUTEQ, possibilita identificar as

coocorrências entre as palavras, e seu resultado traz indicações da conexidade entre elas.

A partir do resultado do gráfico (Figura 2), o qual gerou um leque semântico de palavras

mais frequentes no texto, percebe-se que as palavras “ser”, "PCCC" e “servidor”

organizam todos os outros termos do corpus.

Quanto maior a conexão entre as palavras, mais espessa é a ligação entre elas.

Dessa forma, observa-se uma maior conexão entre as palavras “ser”, “PCCS” e

“servidor”.

Figura 2 – Árvore de palavras obtidas através da Análise de similitude do corpus Plano de Cargos

Carreiras e Salários.

Fonte: autores.

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A árvore de similitude reflete o ser servidor diante da implantação dos PCCS. O

servidor de diferentes níveis (fundamental, médio e superior) e cargos, cuja

implantação e implementação do PCCS em sua instituição traz várias implicações para

estes servidores como motivação a qualificação, fixação, melhorias de salário,

melhorias na qualidade do serviço prestado, incentivos e perspectiva de carreira. O

PCCS é visto por muitos participantes da pesquisa como uma grande conquista para os

profissionais, para o SUS e para a saúde, uma conquista que pode gerar benefícios e a

valorização do trabalhador. No entanto, a concessão dos direitos e benefícios das

diversas categorias ainda se mostram muito dependente da gestão em algumas esferas

administrativas, que muitas vezes não permite a execução do que está escrito nos

respectivos PCCS.

Outra forma de análise viabilizada pelo Iramuteq é a nuvem de palavras. Esta é

um tipo de análise mais simples que considera apenas a freqüência das palavras, de

modo que as palavras que aparecem com maior freqüência são exibidas na nuvem com

tamanho proporcionalmente maior que as demais.

Foi realizada a análise de nuvem de palavras por esfera administrativa, a fim de

se observar se há diferenças nas falas dos servidores municipais, estaduais e federais

quando se considera apenas a freqüência das palavras. As nuvens de palavras são

exibidas nas figuras , 4 e 5.

Figura 3– Nuvem de palavras do corpus Plano de Cargos Carreiras e Salários/ Servidores da Esfera

Municipal.

Fonte: autores

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A Figura 3 mostra que, considerando as falas dos servidores da esfera municipal,

as palavras que mais se destacaram foram: PCCS, servidor, não, profissional, ir e

município. A análise da frequência de palavras do corpus exibiu 8249 ocorrências, 233

segmentos de texto e um número total de 73 textos, sendo as seguintes palavras as de

maior incidência: PCCS (133), servidor (127), não (127), profissional (79), município

(50), plano (40), trabalhador (39).

Figura 4– Nuvem de palavras do corpus Plano de Cargos Carreiras e Salários -Esfera Estadual.

Fonte: autores

A Figura 4 exibe como palavras que mais se destacaram servidor, PCCS, não,

trabalhador, profissional e nível. Ao analisar textualmente a frequência de palavras do

corpus dos servidores da esfera estadual, foram encontradas 17295 ocorrências, 487

segmentos de texto e um número total de 114 textos, sendo as seguintes palavras as de

maior incidência: servidor, PCCS, não, trabalhador, profissional, nível, saúde, carreira.

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27

Figura 5– Nuvem de palavras do corpus Plano de Cargos Carreiras e Salários - Esfera Federal.

Fonte: autores

As palavras que mais se destacaram foram ser, servidor, ter, progressão e

trabalhador. Quanto à frequência de palavras, foram encontradas 1484 ocorrências, 43

segmentos de texto e um número total de 16 textos. As seguintes palavras tiveram maior

incidência: ser (33), servidor (25), ter (17), progressão (14), trabalhador (13) e carreira

(11) e política (11).

Percebe-se que algumas palavras aparecem com maior frequência como “ser”,

“servidor”. No entanto a palavra “não” apareceu com maior freqüência nas esferas

municipal, seguida das esferas estadual e federal, respectivamente, reafirmando

resultados já encontrados no trabalho que mostra que houve uma menor fixação dos

servidores municipais e estaduais em relação aos federais, onde se destacaram palavras

como valorização, progressão, carreira, motivação e fixação.

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5 – LANÇANDO ÂNCORA

O ponto final não obstante está bem diante dos olhos, mais claro farol que

me guia. Quando talvez as certezas encontradas não sejam reveladas como

um dia imaginei.E no aconchego da chegada resta momentos vividos e não

os deixados de viver. (Navegar- Jorge Jacinto da Silva Junior)

Conclui-se que, as percepções dos sujeitos investigados quanto às implicações

da implantação de PCCS nas instituições de saúde apresentam distintos olhares quando

comparadas as diferentes esferas administrativas. No que se refere à valorização,

motivação, fixação dos servidorese perspectiva de carreira a partir da implementação do

PCCS evidenciou-se a presença de tais características nas falas dos servidores da esfera

federal.

No âmbito municipal e estadual embora os servidores afirmem que o PCCS tem

promovido a valorização e fixação dos servidores, na grande maioria dos casos não

houve essa fixação, devido às condições desfavoráveis de trabalho, o não cumprimento

dos direitos trabalhistas por parte da gestão e o descaso dos gestores de alguns estados

quanto ao cumprimento dos PCCS.

Quando investigado os desafios/limitações existentes após a implantação dos

PCCS na área da saúde, evidencia-se nas falas dos servidores municipais e estaduais a

desmotivação e insatisfação devido às más condições de trabalho, bem como a ausência

da operacionalização destes planos. Também foram apontadas insatisfações quanto aos

baixos salários, falta de oportunidade de qualificação e o fato de alguns planos não

contemplarem todas as categorias. Todavia, algumas possibilidades de melhorias foram

elencadas, como a luta dos trabalhadores por seus direitos, o maior envolvimento da

população e a prática da gestão participativa.

No que diz respeito à motivação, ficou evidente nas falas dos profissionais de

saúde que após implantação dos PCCS, houver uma maior procura por cursos de

qualificação profissional.

O estudo possibilitou navegar em diferentes cenários das esferas administrativas,

no intuito de se conhecer, a partir da percepção de profissionais da saúde, os caminhos e

implicações da implantação de PCCS nas instituições de saúde, subsidiando novos

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arranjos que busquem a efetividade dos planos e, consequentemente valorização

profissional.

Por fim, espera-se que esse trabalho contribua para ampliar o leque de debate na

área da gestão do trabalho, na busca de se alcançar melhorias nas condições de trabalho

e da necessidade de se (re) pensar novas práticas de gestão que possam incentivar

estratégias que favoreça a valorização e motivação dos profissionais de saúde.

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ANEXOS

PARECER CONSUBSTÂNCIAL DO CEP

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