PNAE_estudos_21outubro2011_

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Pnae

Presidncia da Repblica Ministrio da Educao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao

Programa Nacional de Alimentao Escolar Pnae

Programa Nacional de Formao Continuada a Distncia nas Aes do FNDEMEC / FNDE Braslia, 2011 4 edio atualizada

Colaboradores conteudistas Maria Lcia Cavalli Neder Adalberto Domingos da Paz lida Maria Loureiro Lino Colaboradores Coordenao Geral do Programa Nacional de Alimentao Escolar CGPAE Centro Colaborador em Alimentao e Nutrio do Escolar CECANE: UFBA, UFRGS, UFSC, UFGO, UNIFESP Campus da Baixada Santista.

Reviso UFMT Projeto grfico e diagramao UFMT Ilustraes Zubartez e Cespe/UnB 4 Reviso e atualizao lida M Loireiro Lino

B823p

Brasil. Ministrio da Educao (MEC).

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao. Secretaria de Educao a Distncia 4.ed., atual. Braslia : MEC, FNDE, 2011. 139p. : il. color. (Formao pela escola) Acompanhado de caderno de atividades (52 p.) 1. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE). 2. Financiamento da Educao. 3. Polticas Pblicas Educao. 4. Programa e Aes FNDE. 5. Formao continuada a distncia FNDE. 6. Formao pela Escola FNDE. I. Brasil. Ministrio da Educao. II. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao. III. Ttulo. IV. Srie. CDU 371.217.2

SumrioContextualizao do mdulo _____________________________________________________________________ 9 Plano de ensino do mdulo: Programa Nacional de Alimentao Escolar _________________________________10 Para comeo de conversa _______________________________________________________________________13 Problematizando ______________________________________________________________________________16 Unidade I Alimentao escolar: um dos fundamentos para uma educao de qualidade ___________________20 1.1. Finalidade da alimentao escolar ___________________________________________________________20 1.2. Princpios e diretrizes do Pnae ______________________________________________________________22 Unidade II Conhecendo melhor o Pnae ___________________________________________________________28 2.1. Sntese da evoluo da alimentao escolar no Brasil ___________________________________________28 2.2. Objetivos do Pnae _______________________________________________________________________31 2.2.1. Sistemtica de repasse de recursos financeiros do Pnae _____________________________________32 2.3. Entidades executoras (EE) _________________________________________________________________32 2.3.1. Outros parceiros na rede de relacionamento do Pnae _______________________________________33 Unidade III Alimentao e nutrio ______________________________________________________________39 3.1 A importncia do cardpio de alimentao escolar e as regras para a sua elaborao __________________39 3.2. O papel do nutricionista na elaborao do cardpio escolar ______________________________________44 3.3. As responsabilidades em relao qualidade da alimentao no Pnae _____________________________46 3.3.1. Armazenagem _______________________________________________________________________48

Unidade IV Gesto e operacionalizao do Pnae ___________________________________________________54 4.1. Formas de gesto ________________________________________________________________________54 4.2. O repasse dos recursos pelo FNDE __________________________________________________________62 4.3. O clculo do valor a ser repassado pelo FNDE s entidades executoras _____________________________63 4.3.1. Como calcular o valor a ser repassado s entidades executoras pelo Pnae _______________________64 4.3.2. Aplicando e reprogramando os recursos do Pnae __________________________________________68 4.4. O repasse de recursos para o Programa Mais Educao _________________________________________70 4.4.1. A importncia do programa ____________________________________________________________70 4.4.2. O Programa Mais Educao na prtica ____________________________________________________72 4.4.3. Alimentao escolar no contexto do Programa Mais Educao ________________________________73 4.5. O processo de aquisio de alimentos no mbito do Pnae _______________________________________75 Unidade V Agricultura Familiar __________________________________________________________________83 5.1. Conhecendo a Agricultura Familiar __________________________________________________________83 5.2. A Agricultura Familiar no contexto das polticas pblicas adotadas pela Unio ______________________86 5.2.1. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf _________________________87 5.2.2 Programa de Aquisio de Alimentos - PAA ________________________________________________89 5.2.3 Programa de Garantia de Preos para a Agricultura Familiar - PGPAF_____________________________94 5.3. Aquisio de alimentos no mbito do Pnae ___________________________________________________96 Unidade VI A prestao de contas no mbito do Pnae ______________________________________________106 6.1. O significado de prestar contas ____________________________________________________________106 6.2. A prestao de contas no mbito do Pnae ___________________________________________________108 6.2.1. O fluxo da prestao de contas do Pnae _________________________________________________108

6.3. A suspenso dos repasses ______________________________________________________________112 6.3.1. Denncia de irregularidades ___________________________________________________________114 Unidade VII - O Conselho de Alimentao Escolar (CAE) ______________________________________________118 7.1 O surgimento dos conselhos de controle social como reflexo da redemocratizao no Brasil ___________118 7.2 Finalidade, composio e atribuies do CAE _________________________________________________119 7.2.1 Origem, finalidade e criao ___________________________________________________________119 7.2.2 Composio e critrios para a indicao dos membros do CAE _______________________________120 7.2.3 Ato de nomeao dos membros e eleio do presidente e vice-presidente do CAE _______________121 Retomando a conversa inicial ___________________________________________________________________128 Ampliando seus horizontes ____________________________________________________________________130 Contatos ____________________________________________________________________________________132 Glossrio ____________________________________________________________________________________133

Contextualizao do mduloO mdulo sobre o Programa Nacional de Alimentao Escolar (Pnae) faz parte do Programa Nacional de Formao Continuada a Distncia nas Aes do FNDE Formao pela Escola, desenvolvido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE). O Formao pela Escola um Programa que utiliza a metodologia de educao a distncia, tendo como finalidade primordial a capacitao de agentes, parceiros, conselheiros, operadores e demais envolvidos com a execuo, acompanhamento e avaliao de aes e Programas financiados pelo FNDE. Com este mdulo de estudo, o Formao pela Escola busca contribuir para a capacitao de pessoas que possam exercer o controle social, de modo a elevar a qualidade da gesto do Pnae, bem como atuar no s na busca de garantia da alimentao escolar de qualidade e em quantidade suficiente a todos os alunos, mas tambm no desenvolvimento de hbitos e prticas alimentares saudveis no contexto escolar.Programa Nacional de Alimentao Escolar

Nesse contexto, este mdulo vai disponibilizar a voc conhecimentos sobre a concepo do Programa, sua finalidade, gesto e operacionalizao, sobre os objetivos e atribuies do Conselho de Alimentao Escolar CAE - e sobre as exigncias e responsabilidades relacionadas elaborao dos cardpios de alimentao escolar. Antes de iniciar seus estudos, sugerimos que voc leia o plano de ensino para conhecer os objetivos de aprendizagem e o contedo programtico, entre outras informaes.

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Plano de ensino do mdulo: Programa Nacional de Alimentao EscolarCarga horria: 40 horas Perodo de durao: mnimo 30 dias e mximo 45 dias.Objetivo geralPropiciar ao cursista a aquisio de informaes tericas e prticas que fundamentem sua compreenso e atuao, de forma eficiente e eficaz, na operacionalizao, no controle social e no acompanhamento do Programa Nacional de Alimentao Escolar (Pnae). Dessa forma, cada unidade de estudo do mdulo deve possibilitar a voc o alcance dos seguintes objetivos especficos:

Programa Nacional de Alimentao Escolar

Unidade I Alimentao escolar: um dos fundamentos para uma educao de qualidade:: ampliar sua compreenso sobre a finalidade social e poltica da alimentao escolar como direito humano; :: conhecer os princpios e diretrizes do Pnae.

Unidade II Conhecendo melhor o Pnae:: conhecer a evoluo das aes de alimentao escolar no pas; :: ampliar sua compreenso sobre os objetivos, as diretrizes e a abrangncia do Pnae; :: identificar quem so os responsveis pela execuo do Programa.

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Unidade III - Alimentao e nutrio:: compreender a importncia do cardpio no contexto do Pnae e as responsabilidades exigidas quanto sua elaborao; :: conhecer o papel do nutricionista do Pnae na elaborao do cardpio de alimentao escolar; :: conhecer as responsabilidades das EE quanto qualidade dos alimentos adquiridos, bem como a armazenagem desses alimentos e os cuidados de higiene na sua preparao.

Unidade IV - Gesto e operacionalizao do Pnae:: conhecer as formas de gesto e operacionalizao do Pnae, bem como os procedimentos de responsabilidades das entidades executoras; :: entender como feito o clculo do valor dos recursos a serem repassados, conta do Programa, para as entidades executoras; :: conhecer os principais passos do processo de aquisio dos alimentos no mbito do Programa.

Unidade V Agricultura FamiliarPrograma Nacional de Alimentao Escolar

:: enfatizar a importncia da Agricultura Familiar no Brasil em conformidade com a Lei 11.326 de 24/07/2006. :: conhecer os aspectos econmicos, sociais e ambientais que perpassam pela agricultura familiar. :: conhecer a interface entre o Programa Nacional de Alimentao Escolar e a Agricultura Familiar de acordo com a Lei 11.947 de 16/06/2009 e a Resoluo CD/FNDE n 38 de 16/07/2009

Unidade VI A prestao de contas no mbito do Pnae:: compreender a importncia da prestao de contas no Pnae; :: entender como realizada a prestao de contas; :: identificar os responsveis pela prestao de contas.

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Unidade VII Conselho de Alimentao Escolar (CAE):: compreender a importncia do CAE para o controle social do Programa de alimentao escolar; :: conhecer os motivos pelos quais o CAE foi criado, sua finalidade e suas atribuies, assim como os critrios para indicao dos seus membros.

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

Para comeo de conversaPrezado cursista, um prazer poder dialogar com voc a respeito do Programa Nacional de Alimentao Escolar, o Pnae. O propsito dessa nossa conversa apresentar as principais informaes que possam ajudar voc na tarefa que desenvolve, ou poder desenvolver, junto ao Pnae em sua entidade executora EE (estados, Distrito Federal e municpios). Com o intuito de proporcionar uma discusso aprofundada das questes mais importantes para a compreenso do Programa, dividimos nosso objeto de estudo em vrios subtemas (unidades de estudo), conforme exposto no plano de ensino. Buscaremos responder aqui as perguntas comumente feitas aos tcnicos do FNDE e aos responsveis pelo Programa nos encontros, realizados nos estados e municpios, em que se estuda e discute o Pnae. As dvidas mais freqentes encontram-se sintetizadas nas seguintes questes: :: O que o Pnae, quais so seus objetivos e a quem se destina? :: Como ocorre a execuo e a prestao de contas do programa? :: A escola pode receber o recurso do Pnae diretamente do FNDE? :: De que maneira realizado o controle social do programa, como so organizados os conselhos e quais so suas funes? :: Quem o responsvel pela prestao de contas do Pnae? :: O que Agricultura Familiar e qual a sua relao com o Pnae? :: Qual o vnculo existente entre o Pnae e o Programa Mais Educao?

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

Assim, neste mdulo, responderemos a essas questes, buscando facilitar a atuao de todas as pessoas que, direta ou indiretamente, estejam envolvidas com aes concernentes ao Pnae. Alm disso, trataremos da qualidade da alimentao escolar. Ora, no basta que os alunos sejam alimentados, preciso que a alimentao seja elaborada de forma a atender s suas necessidades nutricionais e a combater os maus hbitos alimentares. O objetivo contribuir para que os alunos tenham desenvolvimento e crescimento, fsico e intelectual, o que reflete, consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem. recomendvel que, no seu percurso de estudo, voc use um caderno de anotaes para registrar suas dvidas ou observaes. importante tambm que voc reflita, antes e depois de ler o contedo, sobre todas as questes colocadas ao longo das unidades e na seo Problematizando. Nos encontros presenciais, sugerimos que voc leve suas anotaes para apoi-lo em sua conversa com o tutor e com os colegas de curso, bem como para esclarecer suas dvidas e fazer suas consideraes. Sistematize sua aprendizagem, realizando todas as atividades do seu caderno de atividades, propostas no decorrer das unidades de estudo. Essas atividades ajudaro voc a ter um quadro resumo das principais informaes trabalhadas no curso.Programa Nacional de Alimentao Escolar

Para favorecer seu processo de aprendizagem, organizamos esse mdulo da seguinte maneira: Reunimos na Unidade I, Alimentao escolar: um dos fundamentos para uma educao de qualidade, informaes importantes sobre a poltica pblica da alimentao escolar no Brasil e os princpios e diretrizes do Pnae. A Unidade II, Conhecendo melhor o Pnae, apresenta um histrico da alimentao escolar no Brasil, os objetivos e as entidades responsveis pela execuo do Pnae e a rede de parceria que se organizou em torno do Programa. Na Unidade III, Alimentao e nutrio, so discutidas questes como o cardpio da alimentao escolar, o papel do nutricionista e as diversas responsabilidades em relao a conservao dos produtos que comporo a refeio a ser servida aos alunos no ambiente escolar. As formas de gesto do programa, o clculo do valor a ser transferido pelo FNDE, por meio do Pnae, a reprogramao dos recursos financeiros, o repasse especial de recursos financeiros s escolas executoras do Programa Mais Educao e o processo de aquisio de produtos para a alimenta-

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o escolar foram temas abordados na Unidade IV, Gesto e operacionalizao do Pnae. J na Unidade V, Agricultura Familiar, voc conhecer as informaes fundamentais sobre essa importante forma de produo agrcola e a relao da mesma com o Pnae. Conhecer as etapas da prestao de contas, sua obrigatoriedade, os fatores que levam a suspenso dos repasses do Pnae e a necessidade de denunciar irregularidades na execuo do Programa so os assuntos tratados na Unidade VI, A prestao de contas no mbito do Pnae. Finalmente na Unidade VII, O Conselho de Alimentao Escolar (CAE), vamos conhecer, com detalhes, a composio desse conselho, suas atribuies e seu funcionamento. E ento, voc est disposto a iniciar seus estudos? Vamos l! Esperamos que o estudo deste mdulo possa lhe trazer contribuies significativas para o exerccio competente de sua funo junto ao Pnae. Antes, porm, de darmos incio nossa conversa a respeito do programa, interessante que voc reflita sobre as questes apresentadas seguir:

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

ProblematizandoAntes, porm, de darmos incio nossa conversa reflita sobre as questes apresentadas seguir: s seis horas da manh, dona Lourdes j est de p, preparando o caf. Assim que ele fica pronto, ela vai acordar Edimilson (doze anos), Francisco (oito anos) e Marilene (seis anos) para que se arrumem para ir escola. Na cama, ainda ficam dormindo Ccero, de cinco anos, e Pedro, que vai completar quatro. Seu Antnio, marido de dona Lourdes, est se vestindo para ir trabalhar. Dona Lourdes chama todos para tomarem caf. Seu Antnio, apressado, entra na cozinha, toma um gole do caf e chama as crianas para irem embora, pois esto atrasados. No caminho para o trabalho, deixar as crianas na escola. Enquanto o marido vai se afastando com os filhos, dona Lourdes comea a rdua jornada do dia e se pe a pensar: Ser que na escola ter merenda para as crianas? Ela sabe que, apesar de as crianas terem tomado caf com um pedao de po, o que comeram no suficiente para garantir a nutrio adequada at a hora em que voltaro para casa, l pela uma hora da tarde, j que o caminho da escola at em casa longo. Dona Lourdes ainda tem uma outra preocupao: Francisco, seu segundo filho, diabtico desde pequeno. Quando foi descoberta a doena, o mdico informou que ele no devia ficar mais de trs horas sem se alimentar, pois, alm de poder ficar desatento durante a aula, pode tambm sofrer desmaios. Ela, alis, j comunicou a escola sobre a sade do Francisco. Dona Lourdes no deixa as crianas faltarem s aulas. Ela e seu Antnio se esforam para que as crianas freqentem a escola, pois sabem que, sem o estudo, hoje em dia, muito difcil alcanar a qualificao exigida pelo mercado de trabalho. Alm disso, no querem que seus filhos sejam analfabetos (como seu marido e ela so). Apesar de suas preocupaes, dona Lourdes ainda acredita que na escola seus filhos podero ter uma boa alimentao, fato que contribuir para uma melhor aprendizagem. Voc acredita, como dona Lourdes, que as escolas pblicas podem suprir as necessidades nutricionais dos alunos que frequentam a educao bsica? De que forma? Ser que o papel da escola, ao oferecer alimentao escolar, apenas suprir essas necessidades nutricionais? Para que a alimentao chegue s crianas, o que os estados, o Distrito Federal, os municpios e as escolas precisam fazer? Quem responsvel, no governo federal, pelo Pnae? Qual a responsabilidade de cada entidade executora diante do Pnae? E voc, que contribuio pode dar ao desenvolvimento do Programa? Na busca de respostas a essas e outras questes relativas alimentao escolar, convidamos voc a fazer a leitura deste mdulo, dialogando conosco sobre esse tema. Bom estudo!

Diabetes: doena caracterizada por aumento dos nveis de glicose no sangue.

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

Unidade I

Alimentao escolar: Um dos fundamentos para uma educao de qualidade

Unidade I

Alimentao escolar: Um dos fundamentos para uma educao de qualidadeEsta unidade de estudo tem por objetivos especficos possibilitar a voc: :: ampliar sua compreenso sobre a finalidade social e politica da alimentao escolar como direito humano; :: conhecer os princpios e diretrizes do Pnae.

1.1. Finalidade da alimentao escolarVamos dar incio a essa unidade perguntando a voc: :: Por que a alimentao escolar pode ser considerada um dos fundamentos para uma educao de qualidade? :: Qual a ligao do tema alimentao com educao e com escola? :: Escola no lugar de ensino e de aprendizagem? Ento, qual a importncia desse tema no contexto escolar

Programa Nacional de Alimentao Escolar

Para podermos responder a essas questes, importante, a princpio, que tenhamos clareza da relao do tema alimentao com a educao. Ao refletir a respeito das questes levantadas anteriormente, voc deve ter pensado que, para aprender, a criana tem de estar bem alimentada. Voc deve ter se lembrado, inclusive, da expresso popular: Saco vazio no pra em p.

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isso mesmo! Uma das funes do Programa Nacional de Alimentao Escolar (Pnae) , sem dvida, oferecer alimentos adequados, em quantidade e qualidade, para satisfazer as necessidades nutricionais do educando no perodo em que ele permanecer na escola, alm de contribuir para aquisio de hbitos e prticas alimentares saudveis. A prpria Constituio do pas afirma, em seus art.. 208, inciso VII, que a alimentao escolar dever do Estado e um direito do educando que freqentem a educao bsica. e no art.6, que a alimentao um direito social. Repetindo: a alimentao escolar um direito humano e social de todas as crianas e adolescentes que esto nas escolas e um dever do Estado (governo federal, estadual, distrital e municipal). Esse dever do Estado efetivado mediante a execuo do Pnae, coordenado pelo FNDE. Lembre-se:Programa Nacional de Alimentao Escolar

tes textos legais::: Constituio Federal arts.6 208 e 211. :: Lei de Diretrizes e Bases para a Educao Nacional LDB (Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996). :: Plano Nacional de Educao (Lei n 10.172, de 9 de janeiro de 2001). :: Portaria Ministerial n 251, de 3 de maro de 2000. :: Portaria Interministerial n 1.010, de 8 de maio de 2006. :: Lei n 11.947, de 16 de junho de 2009. :: Resoluo n 38 do Conselho Deliberativo do FNDE, de 16 de julho de 2009. :: Resoluo n 67, do Conselho Deliberativo do FNDE, de 28 de dezembro de 2009 :: Resoluo n 465, do Conselho Federal de Nutricionistas, de 17 de julho de 2010.

A alimentao escolar uma obrigao dos governos federal, estaduais, distrital e municipais. Eles devem garantir a efetivao do direito alimentao para os alunos matriculados nas creches, pr-escolas, escolas do ensino fundamental e mdio e educao de jovens e adultos da rede pblica, alm das qualificadas como filantrpicas e comunitrias, inclusive as de educao especial e as localizadas em reas indgenas e em reas remanescentes de quilombos que constem do Censo Escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa Ansio Teixeira, do Ministrio da Educao (Inep/MEC). A base normativa de sustentao para a garantia da alimentao escolar como um direito humano est nos seguin-

Alm da legislao brasileira, o artigo 4 do Cdigo de Conduta Internacional sobre o Direito Alimentao Adequada CCI/DAA afirma: O direito alimentao adequada significa que todo homem, mulher e criana, sozinho ou em comunidade, deve ter acesso fsico e econmico, a todo tempo, alimentao adequada ou atravs do uso de uma base de recurso apropriada para sua obteno de maneira que condiz com a dignidade humana. Com base nesse artigo, possvel concluir que o Pnae no tem a funo apenas de satisfazer as necessidades nutricionais dos alunos, enquanto permanecem na escola. Ele se apresenta como modelo de Programa social, cujos princpios so: reconhecer, concretizar e fortalecer o direito humano e universal alimentao.

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1.2. Princpios e diretrizes do PnaeDe acordo com os artigos 2 e 3 da Resoluo n38 do Conselho Deliberativo do FNDE, de 16 de julho de 2009, o Pnae possui princpios e diretrizes bem definidos. So sete os princpios fundamentais do Programa: 1. O direito humano alimentao adequada, visando garantir a segurana alimentar e nutricional do aluno; 2. A universalidade do atendimento da alimentao escolar gratuita, a qual consiste na ateno aos alunos matriculados na rede pblica de educao bsica; 3. A equidade, que compreende o direito constitucional alimentao escolar, com vistas garantia do acesso ao alimento de forma igualitria;Programa Nacional de Alimentao Escolar

7. A participao da comunidade no controle social, no acompanhamento das aes realizadas pelos Estados, Distrito Federal e Municpios para garantir a execuo do Programa.

Em outras palavras, estes princpios significam: :: direito humano alimentao adequada garantir uma alimentao saudvel, nutritiva, sem representar riscos sade do aluno; :: universalidade do atendimento oferta a todos os alunos da educao bsica pblica, inclusive de reas indgenas ou remanescentes de quilombos, com a garantia de recursos financeiros para a aquisio da alimentao escolar; :: equidade no atendimento equidade no atendimento acesso alimentao escolar de forma igualitria, atendendo s necessidades nutricionais do aluno, inclusive sua condio de sade; :: sustentabilidade e a continuidade que visam ao acesso alimentao saudvel e adequada. Todos os dias letivos e durante todo perodo em que o aluno permanecer na escola; :: respeito aos hbitos alimentares respeito aos costumes alimentares tradicionais locais; :: descentralizao da gesto do programa redistribuio das responsabilidades da execuo, ou seja, os recursos so destinados aos estados, ao Distrito Federal e aos municpios, que podem, inclusive, repassar para as escolas;

4. A sustentabilidade e a continuidade, que visam ao acesso regular e permanente alimentao saudvel e adequada; 5. O respeito aos hbitos alimentares considerados como tais, as prticas tradicionais que fazem parte da cultura e da preferncia alimentar local saudveis; 6. O compartilhamento da responsabilidade pela oferta da alimentao escolar e das aes de educao alimentar e nutricional entre os entes federados, conforme disposto no art. 208 da Constituio Federal;

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:: participao da sociedade no controle social os cidados tm a responsabilidade de fazer o controle social e acompanhamento do Programa. Esse controle ocorre por meio do Conselho de Alimentao Escolar (CAE), que voc vai estudar na unidade VI. Agora que voc j conhece os princpios nos quais se baseia o Pnae, vamos conhecer suas diretrizes. As diretrizes do Pnae so as seguintes: 1 - o emprego da alimentao saudvel e adequada, que compreende o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradies e os hbitos alimentares saudveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etria, o sexo, a atividade fsica e o estado de sade, inclusive para os que necessitam de ateno especfica; 2 - a incluso da educao alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currculo escolar, abordando o tema alimentao e nutrio e o desenvolvimento de prticas saudveis de vida, na perspectiva da segurana alimentar e nutricional; 3 - a descentralizao das aes e articulao, em regime de colaborao, entre as esferas de governo; 4 - o apoio ao desenvolvimento sustentvel, com incentivos para a aquisio de gneros alimentcios diversificados, produzidos em mbito local e preferencialmente pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares, priorizando as comunidades tradicionais indgenas e de remanescentes de quilombos.

Voc deve estar se perguntando: O Programa possui outras funes alm de oferecer alimentos que supram as necessidades nutricionais dos alunos, no perodo escolar?

Programa Nacional de Alimentao Escolar

Pois bem, o Pnae considerado um dos maiores Programas na rea de alimentao escolar do mundo, uma vez que atende a todos os alunos matriculados na educao bsica pblica, independentemente de classe, cor ou religio. Trata-se de uma oportunidade no s de oferecer alimentos que satisfaam as necessidades nutricionais dos educandos no perodo em que esto na escola, mas tambm de contribuir para a melhoria do processo de ensino e de aprendizagem e a formao de hbitos e prticas alimentares saudveis na comunidade local e escolar. Em outras palavras, o Programa pertence a uma poltica social do governo que busca desenvolver aes promotoras de sade e de formao de hbitos e prticas alimentares saudveis na comunidade local e escolar. O Pnae um espao propcio para desenvolver atividades de promoo de sade, produo de conhecimentos e de aprendizagem na escola. tambm um espao que pode contribuir para provocar o dilogo com as comunidades escolar e local sobre os fatores que influenciam em suas prticas alimentares dirias, possibilitando-lhes o questionamento e a mudana, ou seja, a adoo de prticas alimentares saudveis, a partir das discusses de temas como:

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formaes e orientaes certamente tornaro estes alunos capazes de realizar escolhas adequadas, no que diz respeito aos alimentos a serem consumidos e, ainda, contribuiro para a adoo de uma alimentao mais saudvel. Antes de prosseguir, aplique sua aprendizagem realizando as atividades 1 e 2 e do caderno de atividades.

E ento, voc j tinha pensado nessas questes? Reflita bastante sobre o que estudou nesta unidade e faa suas anotaes. Na prxima unidade voc vai conhecer um pouco da histria do Pnae e o papel das entidades executoras (EE), ou seja, que responsabilidades elas tm no sentido de garantir que a finalidade social do programa seja cumprida. crenas e tabus sobre os hbitos alimentares da populao, cuidados de higiene, cuidado no preparo e conservao de alimentos e sugestes de cardpios que tenham uma proposta saudvel de alimentao. Outro fator importante que o Pnae evidencia a discusso sobre o cuidado com o meio ambiente. Esse debate pode ser aprofundado nas prticas de organizao das hortas escolares, ocasies em que o aluno poder compreender seu papel como cidado responsvel pela preservao da natureza. Tambm devero ser usados espaos disponibilizados em disciplinas como cincias, em que o estudante trabalha a constituio dos alimentos, seus aspectos nutricionais e a composio de uma refeio balanceada. Todas essas in-

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

Unidade I em sntesePara finalizarmos essa primeira unidade, gostaramos de salientar que o Programa Nacional de Alimentao Escolar conta com voc na construo desse espao educativo e de promoo da sade de nossas comunidades. bom recordarmos que o Pnae tem trs finalidades principais: garantir atendimento s necessidades nutricionais dos alunos; contribuir para a adoo de hbitos e prticas alimentares saudveis e contribuir para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e rendimento escolar dos alunos. A alimentao escolar um direito individual, garantido pela Constituio Federal de 1988, cuja oferta uma obrigao dos estados, Distrito Federal e municpios. Ao governo federal cabe oferecer recursos complementares. Esses recursos so repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao (FNDE) aos estados, Distrito Federal e municpios, por meio do Pnae, considerado um dos maiores Programas de alimentao escolar do mundo, destinado a atender todos os alunos da educao bsica pblica, filantrpica ou comunitria, escolas especais e de reas indgenas ou remanescentes de quilombos do Brasil.

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

Unidade II

Conhecendo melhor o Pnae

Unidade II

Conhecendo melhor o PnaeEsta unidade de ensino tem como objetivos especficos: :: conhecer a evoluo das aes de alimentao escolar no pas; :: ampliar sua compreeso sobre objetivos, as diretrizes e a abrangncia do Pnae; :: identificar quem so os responsveis pela execuo do programa.

2.1. Sntese da evoluo da alimentao escolar no Brasil Dando continuidade aos nossos estudos sobre o Pnae, perguntamos:Quando foi criado o Pnae?Programa Nacional de Alimentao Escolar

Como foi sua evoluo at os dias atuais? Atualmente quem o gerencia? Quais as mudanas efetuadas no Programa pela lei n 11.947/2009? Quais so as responsabilidades dos governos federal, estadual, distrital e municipais no mbito do Programa?

Para que voc conhea um pouco mais sobre essa importante poltica pblica e possa responder s questes colocadas acima, preparamos uma sntese histrica sobre a alimentao escolar no Brasil. Acompanhe-nos: Talvez voc pense que as aes de alimentao escolar sejam novas, mas, na realidade, no so. Tudo comeou em nosso pas por volta de 1940, quando foi criado o Instituto Nacional de Nutrio, que defendia a proposta de oferecer alimentao na escola. Apesar da inteno, no foi possvel, naquela poca, a sua concretizao por indisponibilidade de recursos financeiros.

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Na dcada de 50, foi elaborado o Plano Nacional de Alimentao e Nutrio, denominado Conjuntura Alimentar, e o Problema da Nutrio no Brasil, que, pela primeira vez, estruturava um Programa de merenda escolar, em mbito nacional, sob responsabilidade pblica. Desse plano original, apenas o Programa de alimentao escolar sobreviveu, contando com o apoio do Fundo Internacional de Socorro Infncia (Fisi), hoje denominado Fundo das Naes Unidas para a Infncia (Unicef ). Em 31 de maro de 1955, foi assinado o Decreto n 37.106, que institua a Campanha de Merenda Escolar, subordinada ao Ministrio da Educao. Dos anos 50 at o final dos anos 70, a merenda escolar passou por momentos de reorganizao, recebendo, inclusive, apoio do Programa Mundial de Alimentos da Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO/ ONU). Somente em 1979 foi dada ao Programa a denominao de Programa Nacional de Alimentao Escolar Pnae. Apesar de o Pnae aumentar a cada ano a sua cobertura, o aspecto assistencialista do Programa perdurou at a promulgao da Constituio Federal, em 1988, que assegurou o direito alimentao escolar a todos os alunos do ensino fundamental pblico. Nesse contexto, a Constituio, em seu artigo 208, incisos IV e VII, definiu que dever do Estado (Unio, estados, Distrito Federal e municpios) a garantia de:Programa Nacional de Alimentao Escolar

mentao escolar em seus planos plurianuais, bem como em sua previso oramentria (recursos destinados execuo da ao), nas leis oramentrias anuais. Outra importante etapa da evoluo do Programa vincula-se questo da descentralizao de recursos. Desde a sua criao at 1993, a execuo do Programa se deu de forma centralizada, ou seja, o rgo gerenciador planejava os cardpios, adquiria os gneros alimentcios, por meio de processo licitatrio, e se responsabilizava pela distribuio de alimentos em todo territrio nacional, entre outras aes. A partir de 12 de julho de 1994, a descentralizao foi instituda por meio da Lei n 8.913. A execuo do Programa passou, ento, a ser realizada mediante a celebrao de convnios com os municpios, e foi delegada s secretarias de educao dos estados e do Distrito Federal a competncia para o atendimento dos alunos pertencentes s suas redes e s redes municipais que no haviam aderido descentralizao. Os municpios e as secretarias estaduais e distritais de educao passaram, desse modo, a assumir as funes anteriormente desempenhadas pelo gerenciador do Pnae. A consolidao da citada descentralizao deu-se com a Medida Provisria n 1.784, de 14 de dezembro de 1998, que criou a transferncia automtica dos recursos, fato que garantiu maior agilidade no processo de execuo do Programa.

:: Inciso IV: educao infantil, em creche e pr-escolar, s crianas at 5 (cinco) anos de idade. :: Inciso VII: atendimento ao educando em todas as etapas da educao bsica l, por meio de Programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia sade. Em suma, a Constituio reconheceu o direito do aluno alimentao escolar, obrigando, inclusive, os estados, o Distrito Federal e os municpios a oferecerem Programa suplementar de alimentao aos alunos do ensino fundamental. Isso levou a Unio a incluir, a partir de ento, a ao da ali-

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Nesse momento, o Programa j estava sob a responsabilidade do FNDE. Outro importante avano se deu com a aprovao da Medida Provisria n 2.178, de 28 de junho de 2001 (uma das reedies da MP n 1.784/98), que definiu, entre outras coisas, que na execuo do Programa as entidades executoras devem: :: aplicar, obrigatoriamente, 70% dos recursos financeiros transferidos pelo governo federal, conta do Pnae, exclusivamente em produtos bsicos; :: respeitar os hbitos alimentares regionais e locais; e :: observar, nos processos de aquisio de produtos, a vocao agrcola do municpio, fomentando o desenvolvimento da economia local. Com esse novo modelo de gesto, a transferncia dos recursos financeiros do Programa tem ocorrido de forma sistemtica e no tempo devido, permitindo o planejamento das aquisies dos gneros alimentcios, de modo a assegurar a oferta da merenda escolar durante todo o ano letivo. Como disposto na Lei n 11.947/2009, gneros alimentcios bsicos so aqueles indispensveis promoo de uma alimentao saudvel, observada a regulamentao aplicvel. A nova lei do Pnae no obriga mais a aplicao de 70% dos recursos exclusivamente em produtos bsicos. Entretanto, a partir dela, dos recursos financeiros transferidos pelo governo federal, no mnimo 30% devem ser utilizados na compra direta de gneros alimentcios da agricultura familiar ou do empreendedor familiar rural ou suas organizaes. Alm disso, os cardpios devero ser planejados, de modo a atender, em mdia, s necessidades nutricionais estabelecidas na forma do disposto no Anexo III da Resoluo n 38/2009 de

modo a suprir: :: quando oferecida uma refeio, no mnimo, 20% (vinte por cento) para os alunos matriculados na educao bsica, em perodo parcial; :: por refeio oferecida, no mnimo, 30% (trinta por cento) para os alunos matriculados em escolas localizadas em comunidades indgenas e localizadas em reas remanescentes de quilombos; :: quando ofertadas duas ou mais refeies, no mnimo, 30% (trinta por cento) para os alunos matriculados na educao bsica, em perodo parcial; :: quando em perodo integral (Programa Mais Educao), no mnimo, 70% (setenta por cento) para os alunos matriculados na educao bsica, incluindo as localizadas em comunidades indgenas e em reas remanescentes de quilombos.

Programa Nacional de Alimentao Escolar

Voc no pode esquecer que: :: cabe ao governo federal, por intermdio do FNDE, a transferncia de recursos financeiros, em carter complementar, para os estados, o Distrito Federal e os municpios, a fim de auxili-los no cumprimento de suas obrigaes no que se refere oferta de alimentao escolar; :: a transferncia de recursos do Pnae se d de forma automtica.

O que transferncia automtica? Como ela ocorre?

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A transferncia automtica aquela que ocorre sem a necessidade de convnio, ajuste, acordo, contrato ou qualquer outro instrumento legal. Assim, o Pnae passou a garantir, de maneira complementar, por meio de transferncia direta, os recursos financeiros para a alimentao escolar dos alunos da educao bsica, matriculados em escolas pblicas, filantrpicas e comunitrias, inclusive nas escolas localizadas em comunidades indgenas e em comunidades remanescentes de quilombos. Mas voc deve estar querendo saber tambm de onde provm os recursos, quem responsvel por repass-los e para quem so repassados. Veremos essas questes a seguir. Mas, antes, importante que voc conhea os principais objetivos do Pnae.

2.2. Objetivos do PnaePrograma Nacional de Alimentao Escolar

O Pnae tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial a aprendizagem, o rendimento escolar e a formao de hbitos saudveis dos alunos, por meio de aes de educao alimentar e nutricional e da oferta de refeies que cubram as suas necessidades nutricionais durante o perodo em que permanecem na escola. So objetivos complementares do Programa: :: envolver todos os entes federados (estados, Distrito Federal e municpios) na execuo do Programa; :: estimular o exerccio do controle social; :: propiciar comunidade escolar informaes para que possam exercer controle sobre sua alimentao; :: dinamizar a economia local, contribuindo para gerao de emprego e renda :: respeitar os hbitos alimentares e vocao agrcola locais.

Prestou bastante ateno nos objetivos do Pnae? importante que voc os tenha sempre em mente, para que possa atuar no controle social do Programa em sua regio de forma eficaz e eficiente. Agora, sim, retomemos as questes anteriores:

Quem o responsvel pelo repasse desses recursos? De onde provem os recursos do Pnae? E para quem esses recursos so repassados a fim de que o programa seja executado?

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Passemos, ento, busca de respostas a essas questes.

2.2.1. Sistemtica de repasse de recursos financeiros do PnaeVamos comear respondendo a pergunta: quem responsvel pelo repasse dos recursos do Pnae? Recordemos o seguinte: a Constituio Federal prev que responsabilidade de todas as entidades federativas Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios assegurar a alimentao escolar para os alunos da educao bsica pblica e tambm de escolas filantrpicas e comunitrias. Ou seja, os estados, o Distrito Federal e os municpios so responsveis pela alimentao escolar dos alunos de suas redes pblicas de ensino. Mas o governo federal tambm responsvel e cumpre essa responsabilidade auxiliando-os financeiramente no cumprimento de suas obrigaes relativas oferta de alimentao escolar. De que forma o governo federal faz isso? Por meio da transferncia de recursos financeiros, em carter complementar. E quem faz o repasse desses recursos? A efetivao do direito alimentao escolar, no mbito federal, realizada pelo FNDE, que o rgo financiador e gerenciador do Pnae. Convm destacar: O FNDE uma entidade do governo federal responsvel pela assistncia financeira, em carter complementar, ou seja, a autarquia que efetua o clculo dos valores financeiros a serem repassados clientela beneficiria do Pnae. Tambm quem responde pelo estabelecimento de normas, acompanhamento, monitoramento e fiscalizao da execuo do Pnae, alm de avaliar sua eficincia, eficcia e efetividade.

Sob esta tica, o Pnae um Programa do governo federal e o FNDE o responsvel pelo seu financiamento e gerenciamento em nvel nacional. E agora, respondendo segunda questo, os recursos financeiros que financiam o Programa provm do Tesouro Nacional e esto assegurados, anualmente, no Oramento da Unio. Muito bem, acreditamos que essas duas questes ficaram claras para voc. Resta, no entanto, saber a quem so repassados os recursos para a execuo do Pnae? Para responder a essa pergunta, preciso conhecer os parceiros que compem a rede de relaes que se estabelece no interior do Pnae. Vejamos, ento:

2.3. Entidades executoras (EE)J foi dito que a transferncia dos recursos automtica. Isso quer dizer que os recursos so creditados em contas correntes especficas abertas pelo prprio FNDE, em nome de rgos e instituies denominadas entidades executoras (EE). As entidades executoras (EEs) so fundamentais para a eficincia, eficcia e efetividade do programa. So as responsveis por receber os recursos financeiros transferidos pelo FNDE para a alimentao escolar e a sua devida complementao pelos entes federados, bem como, pelo acompanhamento e a superviso da execuo e a devida prestao de contas.

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

E quem so essas entidades executoras?

dos s prefeituras das respectivas cidades onde essas escolas se localizam.

So as: :: secretarias de educao dos estados e do Distrito Federal; :: prefeituras municipais; :: escolas federais de educao bsica ou suas mantenedoras. Qual a clientela especfica que cada EE atende?

Veja, a seguir, a resposta a essa pergunta: :: As secretarias de educao dos estados e do Distrito Federal atendem: a) alunos das suas redes de escolas pblicas, inclusive indgenas e quilombolas; e b) escolas mantidas por entidades filantrpicas e escolas comunitrias. :: As prefeituras municipais atendem a) alunos das suas redes de escolas pblicas, inclusive indgenas e quilombolas; e b) escolas mantidas por entidades filantrpicas e escolas comunitrias localizadas em sua rea poltico-administrativa; c) educao infantil, fundamental e mdia da rede federal, estadual, desde que tenha autorizao expressa para isso; :: Escolas federais a) podem optar por receber diretamente os recursos para atender os alunos matriculados; b) podem ter seus alunos includos nos repasses destina-

Programa Nacional de Alimentao Escolar

Obs: Escolas Estaduais e Federais somente podero ser atendidas pela Prefeitura mediante autorizao.

2.3.1. Outros parceiros na rede de relacionamento do PnaeAlm das Entidades Executoras que descrevemos, o FNDE conta com um conjunto de instituies que tm responsabilidades na execuo do Pnae. Vejamos cada uma delas: :: Tribunal de Contas da Unio (TCU) e Controladoria Geral da Unio (CGU), por meio da Secretaria Federal de Controle Interno so rgos fiscalizadores.

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:: Secretarias de sade dos estados, do Distrito Federal e dos municpios (Vigilncia Sanitria) so responsveis pela inspeo sanitria dos alimentos, ou seja, por todo procedimento que garanta a segurana dos gneros alimentcios, desde o seu cultivo at a oferta da refeio ao aluno. :: Ministrio Pblico Federal (MPF) responsvel pela apurao de denncias, em parceria com o FNDE. :: Conselho Federal de Nutricionistas responsvel pela fiscalizao e orientao do exerccio da profisso, reforando a importncia da atuao do profissional na rea da alimentao escolar. O Programa conta, ainda, com a atuao do Conselho de Alimentao Escolar (CAE), responsvel pelo controle social. Os detalhes sobre a composio e atuao deste orgo sero vistos na Unidade VI deste mdulo.Programa Nacional de Alimentao Escolar

Como voc pode ver, muitos agentes e rgos esto envolvidos na execuo Pnae, no mesmo? Isso demonstra a importncia e a seriedade do Programa. Pois bem, voc j conheceu um pouco da histria do Programa, seus objetivos e as entidades responsveis pela sua execuo. Na prxima unidade, estudaremos a importncia da elaborao do cardpio no contexto do Pnae e o papel fundamental do nutricionista nessa tarefa. Mais adiante, na unidade IV, voc vai saber quais so as formas de repasse dos recursos e como se faz o clculo dos valores a serem transferidos para as entidades executoras do Programa.

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Unidade II em snteseO FNDE, autarquia vinculada ao Ministrio da Educao, responsvel pela assistncia financeira em carter complementar, pelo estabelecimento de normas, pelo acompanhamento, pelo monitoramento e pela fiscalizao da execuo do Pnae, alm da avaliao da sua efetividade e eficcia. Por isso, podemos dizer que o FNDE o gerente do Pnae. A responsabilidade de executar o Programa das entidades executoras (EE), que so as secretarias de educao dos estados e do Distrito Federal, as creches, pr-escolas e escolas federais e as prefeituras municipais. O FNDE e, consequentemente, o Pnae, contam com o apoio de outras instituies, como o TCU, a CGU, o MPF, as secretarias de sade, os conselhos de nutricionistas e os conselhos de alimentao escolar (CAE), para que o Programa seja bem sucedido, tanto no alcance de seus objetivos quanto na execuo e prestao de contas dos recursos pblicos.

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Programa Nacional de Alimentao Escolar

Unidade III

Alimentao e nutrio

Unidade IIICardpio: uma ferramenta que relaciona os alimentos destinados a suprir as necessidades nutricionais individuais e coletivas, discriminando os alimentos

Alimentao e nutrioOs objetivos especficos desta unidade que voc seja capaz de: :: :: compreender a importncia do cardpio no contexto do Pnae e as responsabilidades exigidas quanto sua elaborao; conhecer o papel do nutricionista do Pnae na elaborao do cardpio de alimentao escolar;

:: conhecer as responsabilidades das EE quanto qualidade dos alimentos adquiridos, bem como a armazenagem desses alimentos e os cuidados de higiene na sua preparao.

3.1. A importncia do cardpio de alimentao escolar e as regras para sua elaboraoTodo processo de execuo da alimentao escolar comea com a definio do cardpio.Programa Nacional de Alimentao Escolar

Voc sabe o que um cardpio no mbito do Pnae?

O que servir como alimentao escolar uma questo importante a ser discutida no planejamento da execuo do Pnae, em cada EE. O emprego da alimentao saudvel e adequada compreendendo o uso de alimentos variados, seguros que respeitem a cultura, as tradies e os hbitos e prticas alimentares saudveis, favorecendo o crescimento e desenvolvimento dos alunos, alm da melhoria do rendimento escolar o que todos da comunidade escolar devem buscar

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A alimentao escolar diversificada, de boa qualidade nutricional, higinico sanitrio, saborosa, adaptada aos hbitos culturais locais e com tima aparncia o que todos da comunidade escolar devem buscar. Ou seja, a definio do cardpio no significa apenas estabelecer o que os alunos iro comer na alimentao escolar a cada dia da semana, sem observar os critrios sobre o assunto. importante que haja um planejamento sistemtico, em que sero observadas as peculiaridades quanto a hbitos e restries (por problemas de sade) alimentares dos alunos, a oferta e produo de gneros alimentcios da regio e a estrutura da cozinha para a preparao dos alimentos. Por que o planejamento sistemtico e adequado do cardpio da alimentao escolar to importante?

O Pnae estabelece que o cardpio deve ser planejado, de modo a atender as necessidades nutricionais dos alunos, descritas anteriormente, levando-se em considerao:Programa Nacional de Alimentao EscolarTodos ns sabemos que alunos com fome no se concentram, por isso, no conseguem aprender no mesmo? Que outros cuidados devem ser tomados na preparao da alimentao escolar? Quais as regras que devero ser obersvadas na preparao desses cardpios?

ra familiar ou do empreendedor familiar rural, respeitando safras e outras particularidades; :: colaborar para a qualidade da alimentao servida aos alunos; :: contribuir para o atendimento das necessidades nutricionais necessrias para o bom desenvolvimento e crescimento dos alinos e da melhoria no processo ensino-aprendizagem; :: cooperar para a aquisio, manuteno ou mudana de hbitos e prticas alimentares; :: permitir o atendimento s crianas que sofrem de restrio alimentar ou necessitam de alimentao especial em razo de problemas de sade. A legislao que rege o Pnae determina que a alimentao escolar deve ter no mximo? :: 10% de energia total proveniente de acar simples adicionado;

A resposta simples. O cardpio o documento que deve: :: conduzir o processo de compra dos produtos a serem utilizados na alimentao escolar; :: estar de acordo com os hbitos alimentares e a vocao agrcola da regio, considerando a produo da agricultu-

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:: 15 a 30% da energia total proveniente de gorduras totais; :: 10% da energia total proveniente de gorduras saturadas; :: 1% da energia total proveniente de gorduras trans; :: 1 g de sal. O cardpio deve incentivar o consumo de frutas, verduras e legumes, ofertando no mnimo 3 pores de frutas e hortalias por semana nas refeies. importante dizer que o cardpio deve ser elaborado antes do incio do exerccio financeiro e apresentado ao CAE, para sugestes acerca de ajustes necessrios.

O Pnae estabelece que o cardpio deve ser planejado, de modo a atender as necessidades nutricionais dos alunos, descritas anteriormente, levando-se em considerao: :: hbitos alimentares dos alunos: importante fazer uma pesquisa para conhecer os habitos alimentares da comunidade envolvida no espao da escola; :: oferta de alimento e educao nutricional: preciso estar atento aos gneros alimentcios disponveis na regio, bem como aos produtos da safra, visando maior variedade possvel de alimentos, desenvolvendo aes de educao alimentar e nutricional considerando hbitos alimentares como formas de expresso cultural, regional e nacional; :: existncia de alunos portadores de patologias e deficincias associadas nutrio: fundamental saber se h alunos como problemas de sade, como diabetes, intolerncia ao glten (protena de alguns vegetais) ou a algum nutriente da protena do leite ou acar do leite (lactose) entre outros; :: estrutura da cozinha: importante a quantidade de equipamentos, utenslios, mo-de-obra e espao fsico adequados para a produo da alimentao escolar.

NO SE ESQUEA! proibida, com o recurso do FNDE, a compra de bebidas com baixo teor nutricional tais como refrigerantes, refrescos artificiais e bebidas similares. Ainda segundo o art. 17, pargrafo II, da Resoluo n 38/2009, restrita a utilizao do recurso para a compra de enlatados, embutidos, doces, alimentos compostos, preparaes semi-prontas ou prontas para o consumo, ou alimentos concentrados, com quantidade elevada de sdio (500mg de sdio por 100g) ou gordura saturada (5,5g por 100g).

Programa Nacional de Alimentao Escolar

FIQUE ATENTO!Todos ns sabemos que alunos com fome no se concentram, por isso, no conseguem aprender no mesmo? Que outros cuidados devem ser tomados na preparao da alimentao escolar? Do total do recurso financeiro repassado pelo FNDE, no mnimo 30% deve ser utilizado para aquisio de gneros alimentcios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural.

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E quais as regras que devero ser observadas na preparao desses cardpios?

Voc j havia pensado que a alimentao escolar deve levar em considerao algumas restries alimentares dos alunos? Ou, ainda, que a necessidade de oferecer alimentos tem outras funes que no s a nutricional? E que os responsveis pela organizao do cardpio devem adequ-lo a determinados problemas de sade?

isso mesmo, muitos alunos enfrentam problemas de sade, como desnutrio, obesidade, diabetes, intolerncia e/ou alergia a certos alimentos. Importante! Todas estas doenas no so transmitidas de uma pessoa para outra.Programa Nacional de Alimentao Escolar

Essas doenas devem ser combatidas, remediadas ou minimizadas com a alimentao escolar e os alunos que apresentam esses problemas tm direito a uma alimentao saudvel e adequada. A escola deve considerar esses casos no planejamento de seu cardpio, alm de desenvolver aes de educao alimentar e nutricional, incentivando os alunos e pessoas envolvidas com a alimentao escolar a melhorar seus hbitos alimentares. fundamental que os problemas de sade dos escolares sejam conhecidos e diagnosticados. necessrio que as secretarias de educao e de sade trabalhem em conjunto, avaliando periodicamente os alunos da sua rede de ensino. importante lembrar que a legislao atribui ao nutricionista (responsvel-tcnico) RT vinculado ao setor de alimentao escolar coordenar o diagnstico e o monitoramento do estado nutricional dos alunos. Alm disso, importante promover capacitaes sobre temas na rea de sade escolar para a comunidade escolar e local professores, equipe diretiva, merendeiras, pais e outros para que esses possam identificar o estudante que apresenta sintomas dos problemas de sade j citados. Quando houver suspeita, o aluno dever ser encaminhado para a unidade de sade mais prxima, para diagnstico e prescrio dos cuidados necessrios.

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Se a situao exigir cuidados dietticos, o nutricionista dever ser informado para que seja preparado um cardpio adequado. a que entra o princpio da igualdade, pois o grande desafio do nutricionista fazer o cardpio respeitando as necessidades nutricionais especiais sem que o aluno se sinta discriminado. A soluo um cardpio inclusivo, ou seja, aquele que consegue alimentar a todos, respeitando as necessidades especficas de cada um. Outros dois problemas a serem levados em conta no momento de preparao do cardpio so a desnutrio e a obesidade. Todos sabemos que tanto um como outro so muito perigosos para o desenvolvimento fsico-emocional e intelectual do educando, interferindo tanto na sua sade e bem-estar como no seu aprendizado. mais um desafio a ser superado pelo nutricionista. Ento, de maneira resumida, trs preocupaes devem estar presentes na discusso do cardpio: :: O que oferecer aos alunos para que tenham as necessidades nutricionais garantidas?Programa Nacional de Alimentao Escolar

Ateno especial para as comunidades indgenas e reas remanescentes de quilombos O cardpio dessas populaes especficas dever ser reforado, ou seja, preparado para garantir 30% (trinta por cento) das necessidades nutricionais dirias, pois essas populaes esto em maior risco nutricional e so consideradas em situao de insegurana alimentar. No podemos nos esquecer de respeitar seus hbitos e prticas alimentares. Com essas informaes, acreditamos que voc formou sua opinio sobre a importncia dos cardpios, no mesmo? bom lembrar que o Pnae considerado pelo Ministrio da Educao como uma oportunidade no s de oferecer alimentos que supram parte das necessidades nutricionais dos alunos, no perodo em que esto na escola, mas tambm de possibilitar aprendizagem a respeito dos alimentos e sua importncia na manuteno da sade. Agora voc poder nos ajudar a divulgar a importncia do planejamento alimentar nas escolas e na sua comunidade. Contamos com voc!

:: O que oferecer aos alunos para que adquiram, mudem ou aprimorem seus hbitos e prticas alimentares? :: Como contribuir com os alunos que possuem problemas de sade? Em razo dessas preocupaes, os cardpios devem ser elaborados por um nutricionista profissional habilitado na rea da alimentao e nutrio , visando, sempre, sade do alunado.

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3.2. O papel do nutricionista na elaborao do cardpio escolarA presena do nutricionista no contexto do Pnae imprescindvel, sobretudo se levarmos em conta que a Lei n 11.947/2009 determina que o cardpio da alimentao escolar, sob a responsabilidade dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, ser elaborado por nutricionista habilitado, por ser essa uma atividade exclusiva desse profissional. Tambm a Resoluo CD/FNDE n 38/2009 dispe que o nutricionista dever assumir a responsabilidade tcnica pelo Programa, alm de ser obrigatoriamente lotado na alimentao escolar. Essa responsabilidade regulamentada pela resoluo CFN n 465/2010 do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), rgo ao qual compete estabelecer normas para a profisso. Dessa forma, o nutricionista tem um papel importante no planejamento do cardpio que far parte da alimentao dos alunos, avaliando a qualidade dos gneros a serem utilizados, alm de coordenar o diagnstico do monitoramento do perfil nutricional dos estudantes, o perfil epidemiolgico da populao atendida e acompanhar a vocao agrcola da regio. Na verdade ele atua desde a aquisio dos gneros alimentcios at a produo e distribuio dos alimentos, bem como propor aes de educao alimentar e nutricional na escola. A presena do nutricionista habilitado no mbito do Pnae uma das garantias da manuteno da qualidade da alimentao escolar, sobretudo quando se pensa que o Programa tem como finalidade no s atender s necessidades nutricionais dos alunos, mas tambm contribuir para a melhoria da sade da populao, por meio da aquisio dos conhecimentos sobre hbitos e prticas alimentares saudveis.Programa Nacional de Alimentao Escolar

Depois de ler essas informaes, voc j deve estar se questionando: imprescindvel ou no a ao do nutricionista no Pnae? As entidades executoras tm de contratar nutricionistas para o desenvolvimento do Pnae? Caso no exista esse profissional na comunidade ou regio, o que fazer?

Eis a questo! Para responder s perguntas, importante conhecer um pouco mais a respeito desse profissional e qual o papel que ele deve exercer junto ao Pnae. Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas, alm da responsabilidade tcnica pelo Programa, o nutricionista dever, entre outras aes:

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:: programar, elaborar e avaliar os cardpios; :: garantir adequao alimentar, considerando necessidades especficas da faixa etria atendida e aos perfis epidemiolgicos da populao atendida; :: respeitar os hbitos alimentares de cada localidade e a sua vocao agrcola; :: garantir a utilizao de produto da regio, bom como os adquiridos da Agricultura Familiar e de Empreendimentos Familiares Rurais, com preferncia aos gneros alimentcios bsicos; :: aplicar o teste de aceitabilidade junto a clientela do Pnae, quando da introduo de alimentos atpicos ao hbito alimentar local ou da ocorrncia de quaisquer outras alteraes inovadoras; :: elaborar fichas tcnicas das preparaes que compem o cardpio;Programa Nacional de Alimentao Escolar

:: elaborar manual de boas prticas de acordo com a realidade da unidade escolar; :: identificar crianas portadoras de doenas e deficincias associadas nutrio, entre outras atividades; :: interagir com o Conselho de Alimentao Escolar (CAE), no que diz respeito execuo tcnica do Pnae :: elaborar o Plano Anual de Trabalho da Alimentao Escolar para o desenvolvimento de suas atribuies; :: realizar o diagnstico e o acompanhamento do estado nutricional da clientela atendida pelo programa; :: propor e realizar aes de educao alimentar e nutricional para a comunidade escolar, articuladas com a coordenao pedaggica da escola;

:: planejar, orientar e supervisionar as atividades de seleo, compra, armazenamento, produo e distribuio de alimentos zelando pela quantidade, qualidade e conservao dos produtos; :: interagir com os agricultores familiares e empreendedores rurais de forma a conhecer a produo local, inserindo estes produtos na alimentao escolar; :: participar do processo de licitao e da compra direta da agricultura familiar para aquisio de gneros alimentcios; :: orientar e supervisionar as atividades de higinizao de ambientes, armazenamentos de alimentos e utenslios da instituio; :: participar do recrutamento, seleo e capacitao de pessoal que atue diretamente na execuo do Pnae; e :: capacitar e coordenar as aes das equipes de supervisores das entidades executoras.

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Se considerarmos essas atribuies e, ainda, o fato de que as escolas so espaos privilegiados para ampliar o acesso informao sobre sade e nutrio, o papel do profissional nutricionista fundamental no Pnae. Portanto, as entidades executoras tm, sim, de contratar nutricionistas para o desenvolvimento do Programa. Agora, caso o municpio ou o estado encontrem dificuldade para contratar um nutricionista, por falta de profissional da rea, a sugesto do FNDE que se entre em contato com o conselho de nutrio da regio ou do estado onde o problema exista e faa uma consulta a respeito dos procedimentos necessrios para que a entidade executora se ajuste s normas do Programa, ou seja, no basta alegar que no h profissional habilitado no municpio, no estado e Distrito Federal que estar resolvida a questo. preciso buscar ajuda junto aos conselhos regionais de nutrio. Assim, passa a ser responsabilidade de todos que trabalham no espao escolar garantir uma alimentao saudvel e, ainda, contribuir para desenvolvimento de hbitos e prticas alimentares saudveis e para a escolha de alimentos adequados a serem consumidos fora e dentro da escola. Com a ajuda de um nutricionista essa tarefa se torna mais fcil.

plementar, as EE devem investir recursos financeiros prprios que possibilitem desenvolver um cardpio de maior qualidade nutricional. Lembre-se sempre: Os recursos financeiros repassados pelo FNDE, por meio do Pnae, so complementares, isto , devem ser somados aos recursos prprios dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, e no devem substituir as responsabilidades desses entes em relao alimentao escolar.

Alm da comunidade escolar, o Pnae prev a participao das entidades executoras como isso acontece? O Pnae estabelece que as entidades executoras devem observar alguns procedimentos na hora de comprar os produtos para a alimentao escolar, tais como: :: Os produtos alimentcios a serem adquiridos para a clientela do Pnae devero atender ao disposto na legislao de alimentos ,estabelecidas pela Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria/Ministrio da Sade e pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; :: O Termo de Compromisso, ser renovado a cada incio de mandato dos gestores municipais, estaduais e do Distrito Federal, devendo ser encaminhado o original ao FNDE, com cpia para a Secretaria de Sade ou rgo similar e ao CAE, e as aes nele previstas devero ser normatizadas e implementadas imediatamente pelas Entidades Executoras, em mbito local.

Programa Nacional de Alimentao Escolar

3.3. As responsabilidades em relao qualidade da alimentao no PnaeA tarefa de garantir a qualidade da alimentao deve ser coletiva. Dela participam no s o nutricionista, mas tambm o CAE, a merendeira, a direo da escola, os professores, os alunos, os pais, enfim, todos os que fazem parte da comunidade escolar. Como os recursos financeiros do Pnae so de carter com-

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:: Cabe EE, UEx e s escolas de educao bsica adotar medidas que garantam a aquisio de alimentos de qualidade, bem como transporte, estocagem e preparo/manuseio com adequadas condies higinicas e sanitrias at o seu consumo pelos alunos atendidos pelo Programa. :: A EE dever prever em edital de licitao ou na chamada pblica a apresentao de amostras para avaliao e seleo do produto a ser adquirido, as quais devero ser submetidas a testes necessrios, imediatamente aps a fase de habilitao. A qualidade dos produtos adquiridos para a alimentao escolar to importante para o Pnae que todas as entidades executoras devem firmar termo de compromisso com o FNDE para a garantia dessa qualidade. Alm disso, o modo e o local de preparar os alimentos, bem como o local em que sero servidos devem ser preocupao de todos os envolvidos no processo. Os locais onde so feitas e servidas as refeies devem ser rigorosamente higienizados e organizados. Os utenslios utilizados tambm tm de estar sempre rigorosamente limpos. Por falar em utenslios de cozinha, importante lembrar que os recursos financeiros repassados conta do Pnae so destinados exclusivamente para a compra de gneros alimentcios. Portanto, no permitida sua utilizao para a compra de panelas, pratos, talheres, geladeira, fogo, etc., bem como despesas com gs. As EE so responsveis pelas despesas com esses itens. E, como j foi dito, alm da comunidade escolar e das EE, outras instituies precisam colaborar para a manuteno da qualidade, como o caso das secretarias de sade e a vigilncia sanitria dos estados e dos municpios, que exercero o controle de qualidade dos gneros alimentcios adquiridos

para a alimentao escolar. E nos casos em que a compra efetuada pela prpria escola, como ela deve proceder para garantir a qualidade dos gneros alimentcios?

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A escola beneficiria ou UEX, recebedora dos recursos financeiros do Pnae, dever possuir estrutura necessria para: :: realizar processo licitatrio nos termos das disposies legais sobre o tema, executando-se os casos de aquisio diretamente da agricultura familiar (Lei 11.974/2009); :: realizar controle de estoque e o armazenamento dos gneros alimentcios; :: realizar a ordenao de despesas e a gesto dos contratos administrativos do processo licitatrio; :: prestar contas dos recursos recebidos e praticar todos os demais atos relacionados correta utilizao dos recursos financeiros; Tambm a escola poder solicitar a vigilncia sanitria local que verifique as condies dos alimentos no momento em que o sprodutos so entregues. Deve, ainda observar: :: importante que tenhamos sempre presente a idia de que as boas condies fsicas e qumicas dos alimentos so fundamentais para garantir a qualidade da alimentao que ser oferecida aos alunos. :: Se a compra for feita pela prefeitura ou pelo estado ou Distrito Federal e o produto entregue pelo fornecedor no estiver em boas condies, a escola deve recus-lo e

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informar imediatamente secretaria de educao a razo da recusa. No mesmo momento, a escola dever solicitar substituio imediata do produto por outro de boa qualidade, na quantidade da que foi rejeitada. No caso de o fornecedor no realizar a troca, deve-se procurar o Procon. Por isso, da responsabilidade das entidades executoras e das escolas adotarem medidas que garantam as adequadas condies higinicas e de qualidade sanitria dos alimentos. Essas medidas devem ser tomadas em todos os momentos do processo, desde a aquisio at o consumo dos alimentos, incluindo-se a o transporte, o recebimento, a armazenagem, o pr-preparo, o preparo e o manuseio da refeio. Para concluir, vejamos mais um item fundamental para a qualidade da alimentao no Pnae: a armazenagem. 3.3.1. ArmazenagemPrograma Nacional de Alimentao Escolar

primeiro devero ser utilizados primeiro. :: no devem ser estocados ou usados produtos com a validade vencida. :: deve-se retirar os alimentos das caixas de papelo e/ou madeira. Se necessrio, os alimentos devem ser dispostos em monoblocos limpos ou sacos plsticos apropriados. :: deve-se retirar os alimentos das caixas de papelo e/ou madeira. Se necessrio, os alimentos devem ser dispostos em monoblocos limpos ou sacos plsticos apropriados.

Aps o recebimento dos alimentos, importante observar as condies de armazenagem, que pode ser feita tanto em depsitos das EE como nas escolas. Para garantir a segurana e a qualidade dos alimentos, devero ser observadas as seguintes recomendaes: :: os gneros alimentcios devem ser armazenados separadamente dos produtos de limpeza, pertences pessoais e materiais em desuso; :: o armazenamento deve ser feito considerando-se as condies dos alimentos: perecveis, semi-perecveis e no perecveis; :: o armazenamento deve ser feito por ordem de vencimento e com a devida identificao, por lote. Os que vencem

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Para ajud-lo com relao questo da armazenagem dos produtos e a validade para consumo, observe o quadro a seguir:

Quadro 1 - Caracterizao dos alimentos no mbito do Pnae.Alimentos Perecveis DefinioSo todos os alimentos que estragam com muita facilidade e, por esse motivo, devem ser guardados na geladeira ou no freezer. So os alimentos que no estragam com tanta facilidade como os perecveis e no precisam ser guardados na geladeira. So os alimentos que podem ser armazenados fora da geladeira e do freezer por um determinado tempo. Precisam sempre ser armazenados em lugares secos e ventilados.

ExemplosPeixes, carnes, leites e seus derivados, verduras, legumes e algumas frutas, sucos naturais etc.

Algumas frutas e alguns legumes.

Semiperecveis

Feijo, arroz, farinhas, macarro etc.

No perecveis

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Na armazenagem, os produtos no perecveis devem ser colocados em prateleiras ou sobre estrados e afastados do cho e das paredes, com distncia de pelo menos dez centmetros, para que possam ter melhor ventilao e menor risco de contaminao e de acesso de pragas e vetores. O empilhamento de sacarias deve estar alinhado de forma a no prejudicar o produto e respeitar o empilhamento mximo recomendado pelo fornecedor. Toda sobra de alimentos, como farinha, acar, biscoitos, deve ser guardada em recipientes com tampa. Os equipamentos de refrigerao devem estar funcionando na temperatura adequada e sempre muito limpos. As portas dos equipamentos de refrigerao devem ser mantidas fechadas. No armazenamento de diferentes gneros alimentcios em um nico equipamento de refrigerao, estes devem estar dispostos de forma adequada, ou seja, produtos prontos na parte superior, produtos pr-preparados e/ou semi-prontos na parte intermediaria e produtos crus na parte inferior. Nos compartimentos inferiores (tipo gaveta), preferencialmente, hortifrutcolas. Sobre a higienizao de verduras, legumes e as frutas importante destacar: As verduras, os legumes e as frutas que sero ingeridos crus ou com casca devem ser higienizados de forma adequada. Para lavar as verduras deve ser usada a seguinte tcnica: Lavar folha a folha, imergir em soluo clorada, por 15 minutos, e enxaguar

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em gua potvel.

te e importantssimo o Conselho de Alimentao Escolar. Voc tem conhecimento sobre a qualidade dos alimentos oferecidos aos alunos das escolas pblicas de sua regio? Sabe dizer se as escolas tm um cardpio elaborado por um nutricionista? Esse nutricionista observa as necessidades nutricionais e restries alimentares dos alunos? Ele leva em conta a produo local de gneros alimentciose que ainda contribui para modificar os maus hbitos na alimentao dos alunos e da comunidade escolar?

FIQUE ATENTO!Preparo da soluo clorada: uma colher de sopa rasa (10mL) de gua sanitria registrada no Ministrio da Sade (2,0 - 2,5%) em um litro de gua. As verduras, legumes e as frutas no desinfetados quimicamente devem ser lavados e submetidos ao cozimento, atingindo 70C em todas as partes do alimento ou permanecer imersos em fervura por no mnimo 1 (um) minuto. deve na escola um Manual de Boas prticas acessvel aos funcionrios Como assegurar que todas essas condies sejam cumpridas? O que fazer para ter as garantias de fornecimento e consumo de uma alimentao de qualidade nas escolas?

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Pense sobre essas questes e troque idias com seu tutor, colegas do curso e pessoas da comunidade. Depois de refletir sobre o tema, prossiga para o estudo da unidade IV, em que abordaremos as formas de repasse dos recursos financeiros do Pnae e como feito o clculo.

Para orientar as pessoas que atuam diretamente no preparo da alimentao escolar deve existir na escola um Manual de Boas Prticas acessvel aos funcionrios do estabelecimento. Como j dissemos anteriormente, a alimentao escolar no tarefa para uma s pessoa. uma tarefa coletiva, da qual deve participar toda a comunidade escolar, alm dos rgos fiscalizadores ligados vigilncia sanitria e s secretarias de sade. Nessa rede de responsabilidade, tem papel preponderan-

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Unidade III em snteseNesta unidade, buscamos discutir a importncia do cardpio no contexto do Pnae para garantir no s o nvel nutricional dos alunos, mas tambm uma alimentao saudvel que promova, inclusive, mudanas de hbitos alimentares. Buscamos tambm focalizar o papel do nutricionista na organizao do cardpio, bem como as responsabilidades dos outros sujeitos envolvidos com o Programa. Apontamos, ainda, os procedimentos a serem adotados na aquisio e no armazenamento dos produtos alimentcios adquiridos e na higienizao de hortalias e frutas, visando garantir a segurana e a qualidade da alimentao dos alunos.

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Unidade IV

A operacionalizao do Pnae

Unidade IV

A operacionalizao do PnaeNo final desta unidade esperamos que voc possa: :: conhecer o panorama geral do Programa Mais educao; :: compreender a importncia e os critrios que orientam a alimentao escolar no contexto do Programa Mais educao.

4.1. Formas de gestoPara iniciarmos nosso dilogo a respeito de como o Programa funciona, tente responder as questes a seguir: :: Quais as formas de gesto adotadas no Pnae? :: O que fazer para participar do programa? :: Qual o valor do repasse para cada entidade executora do Pnae?Programa Nacional de Alimentao Escolar

:: Como feito esse clculo pelo FNDE?

Vamos por partes. Comecemos falando das formas de gesto. Para operacionalizao do Pnae, as EE podem fazer opo por uma das trs formas de gesto, que so: :: Centralizada :: Semi-descentralizada ou semi-escolarizada. :: Descentralizada (tambm conhecida por escolarizada) Para facilitar sua compreenso, vamos explicar, de maneira objetiva, cada uma dessas formas.

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Observe a figura abaixo para entender a primeira forma de gesto, a centralizada.

Figura 1:Gesto centralizadaCompra de gneros Recursos e reprepasse s Escolas

Simples no? Nessa forma de gesto, os recursos financeiros so enviados diretamente s entidades executoras (EE) pelo FNDE, por meio de depsitos em contas especficas, abertas para receber os recursos do Pnae. As EE compram os alimentos de acordo com as regras estabelecidas pela legislao pertinente e distribuem para sua rede escolar. A segunda forma de gesto a semi-descentralizada ou semi-escolarizada. Nesse caso, o processo de repasse de recursos financeiros idntico gesto centralizada, ou seja, eles so depositados em contas especficas das EE, pelo FNDE. A execuo acontece da seguinte forma: a) a EE compra e distribui os gneros alimentcios no perecveis para todas as escolas de sua rede; e b) repassa parte dos recursos financeiros para as escolas adquirirem os gneros alimentcios perecveis. Para que compreenda melhor, observe o desenho a seguir:

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Figura 2 - Gesto semidescentralizadaCompra de gneros Recursos (no perecveis) Recurso (para aquisio de gneros perecveis)

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Finalmente, vejamos a terceira forma de gesto dos recursos do Programa, a gesto descentralizada. Como sempre, o FNDE repassa os recursos financeiros para as EE, que por sua vez, efetuam a transferncia para as escolas da rede beneficiada pelo Pnae. Cada escola efetua a aquisio dos gneros alimentcios a serem utilizados na preparao do cardpio da alimentao escolar, obedecendo legisloao especfica sobre a compra e seguindo a superviso do setor responsvel pelo Programa nas EE.

Figura 3 - Gesto Descentralizada (Escolarizao)

Recursos

Recursos

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Lembre-se de que:

A Lei 11.947/2009 de 16/7/2009 em seu 2 do Art. 5 dispe que os recursos destinados ao Pnae devero ser utilizados exclusivamente na aquisio de gneros alimentcios. Dessa forma a EE poder contratar empresas de servios para preparao dos alimentos exclusivamente com recursos prprios.

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Como ocorre essa transferncia de responsabilidade? Quais as providncias que as EE estaduais e municipais devero tomar para que as creches, pr-escolas, escolas do ensino fundamental, ensino mdio e EJA das suas respectivas redes, possam atender diretamente os seus alunos por meio da gesto descentralizada?

Partindo do princpio que o FNDE efetua a transferncia dos recursos financeiros do Pnae diretamente s EE, essas devero adotar um conjunto de providncias, de acordo com a Resoluo CD/FNDE n 38/09, para que as escolas,da educao bsica de sua rede (estadual ou municipal) possam atender diretamente aos alunos matriculados. Abaixo enumeramos as principais medidas: 1. delegar formalmente a competncia aos dirigentes mximos dessas instituies, autorizando expressamente o repasse financeiro direto do FNDE ao municpio. A autorizao dever ser encaminhada Autarquia no ms de Janeiro do mesmo ano em que se dar o atendimento;Programa Nacional de Alimentao Escolar

2. observar se estas instituies possuem estrutura adequada para realizar todo o procedimento necessrio para a aquisio dos gneros alimentcios, armazenamento adequado e controle de estoque; 3. transformar, por meio de ato legal que esteja em conformidade com as constituies estaduais e as leis orgnicas do Distrito Federal e municpios, esses estabelecimentos de ensino em entidades vinculadas e autnomas, ou seja, unidades gestoras; 4. responsabilizar as unidades executoras (caixa escolar, associao de pais e mestres, conselho escolar e similares) pelo recebimento dos recursos financeiros do Pnae; 5. orientar as unidades executoras e/ ou escolas a abrirem contas especficas em instituio financeira oficial nacional ou de carter regional ou, na falta dessas, em agncia bancria local; 6. efetuar o repasse dos recursos financeiros recebidos do FNDE, conta do Pnae, aos estabelecimentos de ensino no prazo mximo de cinco dias aps o crdito; 7. orientar as instituies de ensino na execuo do Pnae, acompanhando todo o processo, inclusive a prestao de contas.

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Os procedimentos para a aquisio de gneros alimentcios envolvem aes como: ordenao de despesas; elaborao e execuo do processo licitatrio, e assinatura e gesto dos processos conseqentes da licitao.

E as entidades filantrpicas e comunitrias podem receber diretamente os recursos do FNDE?

la dos recursos financeiros correspondentes a esses alunos. Entretanto, isso somente ocorrer se os municpios assinarem um termo de anuncia ou permisso com o respectivo estado. O estado, por sua vez, encaminhar o termo ao FNDE durante o ms de janeiro de cada exerccio. Lembre-se:

A resposta no. O atendimento a essas escolas idntico resposta dada na questo anterior, ou seja, o FNDE repassa os recursos destinados a essas escolas Entidade Executora, que, por sua vez, pode optar por atend-las com gneros alimentcios ou transferir os recursos para que elas prprias efetuem as aquisies. importante destacar ainda que as escolas mantidas por entidades filantrpicas e comunitrias sero atendidas pelo Pnae mediante o cadastramento no Censo Escolar do ano anterior ao do atendimento, a apresentao do nmero do registro e do certificado de entidade de fins filantrpicos (no caso das entidades filantrpicas), emitidos pelo Conselho Nacional de Assistncia Social (CNAS), bem como da declarao do interesse de oferecer alimentao escolar com recursos federais aos alunos matriculados. E como fica a situao das escolas estaduais? Elas somente podem ser atendidas por suas secretarias de educao?

No caso especfico do Pnae, o termo de anuncia ou permisso que autoriza o FNDE a repassar a parcela dos recursos financeiros para a conta do municpio, correspondente aos alunos das escolas estaduais que se localizam em sua rea de jurisdio. Mas ateno! Uma vez que o gestor municipal aceite receber a parcela dos recursos financeiros conta do Pnae, referente aos alunos matriculados nas escolas estaduais localizadas em sua rea de jurisdio, essa anuncia somente poder ser revista para o prximo exerccio. Desse modo, a prefeitura fica obrigada a atender aos alunos da rede estadual nas mesmas formas e condies estabelecidas para o atendimento dos alunos da rede municipal. Pois bem, at aqui ns j vimos que:

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No. Os estados podem delegar competncia para que os municpios que possuem escolas estaduais recebam a parce-

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:: Todos os alunos da educao infantil e do ensino fundamental, mdio, EJA e das escolas comunitrias das escolas pblicas federais, estaduais, distrital e municipais e, tambm, das escolas filantrpicas tm o direito alimentao escolar, complementada pelo FNDE por meio do Pnae. :: Para a execuo do Programa, o governo federal adotou o princpio da descentralizao e a sistemtica da transferncia automtica. Para facilitar a operacionalizao e o acompanhamento da execuo e da prestao de contas, foi organizada uma rede de relacionamentos, da qual fazem parte, entre outras instituies j vistas, as secretarias estaduais e distrital de educao, as prefeituras municipais e as escolas federais. Essas instituies foram denominadas entidades executoras, que so as responsveis pelo recebimento e execuo dos recursos do Programa e por todas as decises necessrias ao bom atendimento do aluno

Ento, agora cabe perguntar: O que que podemos entender por execuo do Pnae?

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A execuo do Pnae diz respeito execuo financeira e devida elaborao da prestao de contas. Veja as responsabilidades das EE no quadro a seguir: 1. Preenchimento do Censo Escolar pelas secretarias de educao (estadual e distrital), declarando o nmero de alunos atendidos em cada escola e, consequentemente, pelas redes de ensino. 2. Encaminhamento ao FNDE do termo de compromisso que dever ser firmado junto s secretarias de sade (vigilncia sanitria) a cada incio de gesto pelo gestor responsvel (prefeitos e secretrios estaduais de educao). 3. Elaborao da previso oramentria dos recursos financeiros que: :: sero aplicados pela prpria EE na alimentao escolar, incluindo-a, tambm, no oramento de cada exerccio; :: sero repassados pelo FNDE conta do Pnae (recursos complementares). 4. Recebimento dos recursos do Programa, depositados em contas especficas pelo FNDE.

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Previso oramentria: ato de planejamento das atividades financeiras do Estado. tambm ato de carter jurdico, criador de direitos e de obrigaes.

5. Aplicao ou orientao da aplicao dos recursos financeiros transferidos, enquanto no empregados na finalidade especfica, em caderneta de poupana ou no mercado financeiro, se a previso de seu uso for igual ou superior a um ms. 6. Definio da forma de gesto dos recursos a ser adotada (centralizada, descentralizada, semi-centralizada). 7. Contratao do nutricionista habilitado, que assumir a responsabilidade tcnica pelo Programa. 8. Acompanhamento da elaborao do cardpio, seguindo as orientaes nutricionais previstas e a vocao agrcola local, bem como a produo da agricultura familiar ou dos empreendedores familiares rurais locais. 9. Aquisio e orientao da exclusiva compra de gneros alimentcios que comporo a alimentao escolar, visando reduo dos custos, ao atendimento dos objetivos do Programa e ao respeito legislao pertinente. 10. Orientao adoo de medidas preventivas e de controle de qualidade, aplicao do teste de aceitabilidade, assinatura do termo de compromisso, desde a aquisio do gnero alimentcio at a oferta da refeio servida, e avaliao do nvel de satisfao do aluno. 11. Estmulo e apoio organizao dos conselhos de alimentao escolar, responsveis pelo controle social do Pnae. 12. Acompanhamento do processo de elaborao da prestao de contas das escolas, recebimento dos formulrios de cada uma, bem como a consolidao destas informaes ,elaborao do relatrio de gesto do Pnae, do demonstrativo sinttico anual da execuo do Programa no prazo estabelecido na legislao pertinente ao Pnae. 13. Reprogramao ou orientao da reprogramao, para o ano seguinte, do saldo existente na conta do Pnae em 31 de dezembro, de acordo com os critrios definidos pelo Programa.

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Sabemos que so muitas as responsabilidades das EE, porm detalharemos cada uma delas no decorrer do mdulo. No entanto, cabe reafirmar que: O processo de recebimento e uso dos recursos do Pnae e a devida elaborao da prestao de contas so, portanto, de responsabilidade das entidades executoras.

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Agora que voc j sistematizou seu aprendizado, continuemos com o estudo de nosso tema. Voc j viu quais so as formas de gesto possveis do Pnae, entendeu o que significa a execuo do Programa e conheceu os procedimentos de responsabilidade das EE. Passemos, ento, para uma pergunta que voc pode muito bem estar se fazendo: O que fazer para participar do Pnae?

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Para participar do Programa, fundamental que os alunos a serem atendidos estejam matriculados na educao bsica ou ainda em entidades filantrpicas e comunitrias conveniadas com os Estados, Distrito Federal e Municpios e constem no Censo Escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), do Ministrio da Educao. Observe, com cuidado, as principais informaes sobre o censo e a sua relao com os programas do FNDE.

1. At 2006, o Inep distribua os cadernos do Censo Escolar, documento esse que solicitava informaes referentes realidade escolar de todas as secretarias (estaduais, distrital e municipal) do pas, tais como: n de estabelecimentos, n de matrculas, movimento e rendimento escolar das diversas modalidades de ensino. Aps o recebimento dos dados de suas diversas escolas, essas secretarias efetuavam a consolidao deles e digitavam os resultados em um sistema especfico disponibilizado pelo Inep Sistema Integrado de Informaes Educacionais - Sied - at a ltima quarta-feira do ms de abril. O Inep acessava o Sied, incorporava as informaes em sua base de dados e divulgava os resultados do Censo em seu stio (www. inep.gov.br). 2. A partir de 2007, o Censo Escolar foi aprimorado com algumas mudanas. Passou a ser respondido via Internet, por meio do sistema Educacenso. 3. Anualmente o INEP divulga um calendrio contendo um prazo para que as escolas informem os dados solicitados. 4. Alm de dados gerais sobre a escola, esto sendo pedidos dados especficos sobre cada aluno, sobre cada professor que esteja em regncia de sala e sobre cada turma. 5. Essas mudanas no Censo Escolar certamente daro ao governo federal um mapa real da educao nacional. 6. Quanto ao Pnae, a informao referente ao nmero de matrculas em cada segmento da Educao Bsica fundamenta os procedimentos de clculo de seu atendimento.

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Portanto, o FNDE repassa anualmente s entidades executoras do Pnae (bem como dos outros Programas) os recursos financeiros com base nos dados declarados no Censo Escolar do ano anterior ao envio dos recursos. O que interessante que para esses repasses no h necessidade de convnio, contrato, acordo ou qualquer instrumento parecido. Lembra dessa informao?Certamente que sim, pois ela foi dada l na unidade de estudo II.

as seguintes especificaes: :: alunos matriculados em escolas de educao bsica em reas rurais e urbanas; (Pnae) :: alunos matriculados em esoclas de educao bsica localizadas em reas indgenas; (Pnai) :: alunos matriculados em escolas de educao bsica localizadas em reas remanescentes de quilombos (Pnaq) Portanto o FNDE abre trs contas bancrias distintas. importante termos a clareza que uma EE pode ter mais de uma conta bancria aberta pelo FNDE para receber recursos do Pnae, desde que as escolas ligadas a ela tenham alunos matriculados nos nveis/modalidades de ensino acima apresentados. E necessria a abertura das contas bancrias todo ano?

Mas, ento, como o FNDE repassa os recursos financeiros para a execuo do Programa?

Vamos resposta a essa pergunta.Programa Nacional de Alimentao Escolar

4.2. O repasse dos recursos pelo FNDEPara que os recursos financeiros sejam repassados s entidades executoras, o FNDE abre contas nicas e especficas, em agncias do Banco do Brasil, da Caixa Econmica Federal ou de bancos oficiais dos estados inclusive de carter regional. Quando no h nenhuma agncia dessas instituies indicadas na regio, as entidades executoras podero optar por qualquer outro banco (parceiro local) que possua convnio com o FNDE, conforme relao divulgada em seu stio (www. fnde.gov.br) A autarquia abrir contas correntes distintas as modalidades de atendimento assistidas pelo Programa, de acordo com No. Uma vez aberta a conta em nome da entidade executora, no h necessidade de abrir nova conta no ano seguinte, a no ser que a EE queira mudar de domiclio ou instituio bancria, observando, claro, a relao dos bancos parceiros fornecida pelo FNDE. Nesse caso, preciso que a EE, ao solicitar a alterao, submeta uma justificativa que fundamente essa mudana para apreciao do FNDE, obedecendo ao prazo estabelecido nos dispositivos normativos do Programa, ou seja, anualmente, durante o ms de janeiro. Bem, chegou a hora de esclarecer qual o valor do repasse para cada EE.

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4.3. O clculo do valor a ser repassado pelo FNDE s entidades executorasVoc se lembra que chamamos a sua ateno para a necessidade de acompanhar a realizao do Censo Escolar? Pois bem, veja a sua importncia: O clculo de quanto vai receber cada EE depende de quantos alunos constam do Cen