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PODER JUDICIÁRIO SÃD PAULO TERCEIRA VARA cíVEL DA COMARCADE LINS Proc. 2004.001608-1. Vistos, etc .... NATALINO BERTIN, qualificado na inicial, ofereceu embargos de terceiro contra o Ministério Público do Estado de São Paulo, alegando que, nos autos da ação civil pública por este movida contra Álvaro Zani, em fase de execução, fora penhorado bem pertencente ao embargante, consistente na metade de um imóvel rural, situado no Bairro Baguaçu, Municlpio de Sabino, desta Comarca, objeto da matricula RI )-H-18. 996, do Cartório de Registro da Comarca. Aduz que, por ocasião da constrição judicial (junho de 2004), O imóvel de há muito não pertencia mais executado, por alienado ao embargante, mediante compromisso de compra e venda, firmado em novembro de 1999 e devidamente averbado no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca. Encontra-se na posse do bem, desde a data da transação e com os presentes embargos pretende resguardar sua propriedade, fazendo-o para defesa de seu patrimônio. Requereu a manutenção liminar da posse, a citação do embargado, suspensão do curso do processo principal, e finalmente a procedência dos embargos. Instruiu a petição inicial fls. 8118.

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• PODER JUDICIÁRIOSÃD PAULO

TERCEIRA VARA cíVEL DA COMARCADE LINS

Proc. 2004.001608-1.

Vistos, etc ....

NATALINO BERTIN, qualificado na inicial,

ofereceu embargos de terceiro contra o Ministério Público do

Estado de São Paulo, alegando que, nos autos da ação civil

pública por este movida contra Álvaro Zani, em fase de

execução, fora penhorado bem pertencente ao embargante,

consistente na metade de um imóvel rural, situado no Bairro

Baguaçu, Municlpio de Sabino, desta Comarca, objeto da

matricula RI )-H-18. 996, do Cartório de Registro da Comarca.

Aduz que, por ocasião da constrição

judicial (junho de 2004), O imóvel de há muito não pertencia

mais executado, por alienado ao embargante, mediante

compromisso de compra e venda, firmado em novembro de 1999 e

devidamente averbado no Cartório de Registro de Imóveis da

Comarca.

Encontra-se na posse do bem, desde a data

da transação e com os presentes embargos pretende resguardar

sua propriedade, fazendo-o para defesa de seu patrimônio.

Requereu a manutenção liminar da posse, a

citação do embargado, suspensão do curso do processo

principal, e finalmente a procedência dos embargos.

Instruiu a petição inicial

fls. 8118.

• PODER JUDICIÁRIOSÃO PAULO

TERCEIRA YAP,A CÍVEL DA ~CA DE LINS

Suspensos os atos executórios, citado,

apresentou o Embargado contestação, na qual se bateu pela

liceidade da penhora, postulando pela mantença da constrição e

argumentou com a impossibilidade do Ministério Público ser

condenado no pagamento de custas e honorários advocatícios,

caso vencido em qualquer tipo de demanda.

Réplica, instruída com documentos às fls.

36/47.

Na instrução, requisitados, vieram para os

autos extratos de contas bancárias do embargante, colhida

prova testemunhal (fls. 164/84) , apresentou aquele novos

documentos (fls. 229/63) e realizada perícia técnica nos

recibos acostados à inicial (fls. 306/44). Novas informações

bancárias foram requisitas, juntadas em pastas próprias e

acresceu o MP os does. de fls. 350/70 e 388/9, manifestando-se

parte contrária a respeito.

Apresentaram as partes alegações finais,

sob a forma de memoriais (fls. 395/8 e 404/10).

~ a síntese do necessário. DECIDO.

Os embargos são improcedentes.

Ante cumpre deixar assentado que os

presentes embargos foram interpostos perante a

Comarca e, devido especialização daquela

11. Vara da

~ .,

* PODER JUDICLÁRIOSÃO PAULO

TERCEIRA. VARA CíVEL DA COMARCA DE LINS

criminal, procedeu-se a redistribuição do feito para esta 3a.

Vara Civel.

A execução se processa contra Álvaro zani.

A pretensão do embargante consiste no pedido de que seja

excluído da constrição judicial o imóvel rural, descrito

inicial, registrado em nome do executado perante o Cartório de

Registro de Imóveis da Comarca.

Alega embargante que adquiriu

propriedade, por instrumento particular e exercia posse sobre

o bem, desde antes da ocorrência da penhora.

Pontes de Miranda define os embargos de

terceiro como "a ação de terceiro que pretende ter direi to ao

demola ou Qutro direito, inclusive posse, sobre os bens

penhorados ou por outro modo constritos" (in Comentários ao

Código de Processo Civil, v. XI, p. 4).

Defende o MP a hipótese de que a compra do

imóvel penhorado, pelo embargante, antes da constrição

judicial, por meio de instrumento particular, não passou de

simulação do ato jurídico, com o objetivo de salvar bens do

devedor e conseguiu demonstrar com rara maestria aquela sua

imputação.

Os autos estão de fato recheados de provas

no sentido de que a alienação do imóvel ao embargante, primo

do executado, não passou de uma simulação, visando preservar o

patrimônio

judicial.

• PODER JUDICIÁRIOSÃD PAULO

TERCEIRA. VARA CÍVEL DA COMARCADE LINS

Simulação, na definição de PLACIDO E

SILVA, "é o disfarce, o simulacro, a imitação, a aparência, o

arremedo, ou qualquer prática que se afasta da realidade ou da

verdade, no desejo de mostrar ou de fazer crer coisa diversa.

Embora a simulação vise a esconder a verdade acerca do que se

fez ou se procure aparentar o que não é real, desde que

assenta no ficto, não se confunde nem é, a rigor, falsidade. A

simulação já surge com a própria feitura do ato. É vicio que

nasce com o ato, desde que se obrou com a intenção de enganar,

de ludibriar. A falsidade é vício que pode somente vir no ato

escrito, na sua feitura, ou posteriormente, por vezes, com a

intenção de prejudicar uma das próprias partes. A simulação

tende a prejudicar a terceiros, havendo conluio das partes

que a promovem, mesmo quando resulta de convenção verbal. A

simulação resulta do fingimento para aparentar a realidade de

uma intenção que não é a verdadeira, e que se disfarça por

esse fingimento".

Essa definição encaixa-se perfeitamente à

realidade dos fatos objeto deste processo, conforme

demonstrado pelo MP em suas alegações finais, cujos

fundamentos, por alicerçados de maneira induvidosa no conjunto

probatório estabelecido nos autos, permito-me adotá-los como

razão de decidir.

Atentou com efeito o MP naquela sua

manifestação que "o réu foi citado em 14/02/2000, porém,

demonstrou ter conhecimento da ação desde 01/02/2000, ao

peticionar nos autos pedindo vista.

• PODER JUDICLÁRIOSÃO PAULO

TERCEIRA VARA CÍVEL DA CCIMARCA DE LINS

Ele apresentou contestação em 28 de

fevereiro de 2000.

Logo, quando as transações simuladas

tiveram fimas reconhecidas ou quando foram registradas no

Cartório de Registro de Imóveis, Álvaro Zani já tinha plena

ciência da presente demanda.

Documentos particulares podem ser simuladoscom a data que os interessados pretendem, porém, a existência

dos mesmos, com segurança, remetem aos registros públicosrespectivos que possam ter sofrido, ou seja, o reconhecimentodas assinaturas e os registros das matrículas.

II- Por certo os simuladores não esperavam

que houvesse uma profunda investigação sobre as alegadas

transações, porém, ela existiu nestes autos.

Embora Natalino Bertin tenha emitidocheques regularmente no periodo dos simulados pagamentos, depequenos e elevados valores (conforme fls. 78/86), pasmem, diz

que pagou em dinheiro toda a fictícia transação feia com

Álvaro Zani.

Os valores são elevados para pagamentos em

espécie, a saber:R$11.000,00 em 08/03/2000.

R$ll.OOO,OO em 07/04/2000.

R$ll.OOO,OO em 28/04/2000.

R$ll.OOO,OO em 08/05/2000.

R$ll.OOO,OO em 10/07/2000.

• PODER JUDICIÁRIOSÃO PAULO

TERCEIRA VARA cíVEL DA CCHAACA DE LINS

Não há qualquer registro bancário da saída

dos citados valores da conta-corrente de Natalino Bertin ou da

entrada dos valores ou parte deles na conta-corrente de ÁlvaroZani (Els.78/86 e 92/99).

Natalino Bertin não fez qualquer prova nos

autos da. origem dos R$55.000,00 em espécie que diz ter

utilizado para quitar os compromissos.

III- Solicitados os recibos dos pagamentos,eles foram juntados aos autos, porém, conforme perícia

realizada pelo Instituto de Criminalística, Laudo 558/07,

verificou-se que os recibos foram produzidos em um 56 momento,

apresentando recenticidade, ou seja, os peritos afirmaram queas datas neles opostas não compreendem os períodos indicados e

as assinaturas possuem a mesma tonalidade de tinta, embora

haja diferença formal de quatro meses entre a primeira data

dos recibos e a última.

data recente,

Traduzindo, os recibos foram produzidos em

nova simulação para tentar respaldar

simulações anteriores.

IV- Álvaro Zani e Natalino Bertin foram

ouvidos em declarações e a si tuação piorou.

É que embora os contratos e os recibos

sigam uma ordem aproximada de vencimentos de prestações

mensais sucessivas, Natalino Ál varo entraram em

contradição e afirmaram que os pagamentos eram feitos quando

* PODER JUDICIÁRIOSÃO PAULO

TERCEIRA VARA CÍVEL DA COMARCA.DE LINS

Álvaro pedia (forma, por si 56, incomum de liquidação de

obrigação) .

Ademais, Álvaro refere que se desfez das

propriedades em 1999 para obter recurso para disputar a

eleição majoritária de 2.000. Ocorre que, conforme

legislação eleitoral, somente em meados de 2.000 é que se

realizam as convenções para escolhas dos candidatos, denotandoque a desculpa é pí/ia.

A testemunha José Eduardo Braga,

funcionârio de Natalino Bertin, tentou confirmar nos autos que

a transação ocorreu em 1999, porém de forma inverossímil, não

soube explicar como vinculou o fato ao ano respectivo e já se

passaram quase nove anos.

Por seu turno, a testemunha Edson Poleni,

também de forma inverossímel, não conseguiu explicar acontento porque vinculou o fato ao ano respectivo e disse queo contrato foi fei to no cartório de Promissão e Natalino não

estava presente. Ora, os contratos apresentados são documentos

particulares e não escri turas públicas que pudessem ser

lavradas em um cartório. Ademais, os contratos constam comofeitos em Sabino e não em Promissão. Por fim, não se colheassinatura de testemunhas se um dos contratantes sequer está

presente ao ato ou se fez representar. Sem contar que EdsonPoloni, ainda que tenha se declarado coordenador da companhapolltica de Álvaro Zani, para logo em seguida desmentir a

informação, não soube esclarecer se os recursos dos contratosmencionados foram ou não

Justiça.

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nRCE IRA VAF.A, cíVEL DA COMARCADE LINS

v- Todas as provas, evidências e indícios

supracitados, que comprovam que os contratos de fls.ll/14

foram simulados, receberam substancial reforço, como se fossenecessário, das cópias de fls.350/357, onde Yolanda Rossi

Zani, por meio de embargos de terceiro datados de 12/09/2008,

em outro processo, defende sua meação com relação aos imóveis

21.915 e 18.996, dizendo que a penhora dos citados bens e dois

outros configura turbação na sua posse.

VI- Foram requisitados os recibos de

pagamentos dos tributos incidentes sobre os imóveis de

matrículas 21.915 e 18.996, tendo sido apurado que, ao menosem 2007 e em 2004, os valores devidos de ITR-Incra foram

liquidados pelo contador Paulo vicente do Valle, estabelecido

na cidade de Sabino/SP, onde reside Álvaro Zani (vide fls.178)

e não Natalino Bertin, residente em Lins (conforme fls .164) .

Aliás, todos os pagamentos foram feitos na agência da Nossa

Caixa da cidade de Sabino (fls.381).

VII- Por fim, o próprio Ministério Público,

através de dois de seus servidores, realizou diligência e

apurou, conforme certidão de fl.388, que os imóveis de

matrículas 21.915 e 18.996, de propriedade comum de Álvaro

Zani e Gilmar Siviero, foram divididas, com as áreas cabentes

ao primeiro recebendo a denominação de "Sítio do Labica",

alcunha de Álvaro, informação obtida com o investigador de

policia Paulo, que possui gleba vizinha às citadas

propriedades. Várias pessoas foram consultadas pelo caminho

até os imóveis e elas vol taram a confirmar e identificar dos

bens como

fim, nos

"Sít~o do Labica", de propr~edade "do Layb~ca". Por

~móve~s, os serv~dores foram atend~dos por José

,

• PODER JUDICIÁRIOSÃO PAULO

TERCEIRA VARA CÍVEL DA ~ DE LINS

Barbosa, que afirmou que o local era denominado Sítio São

Luiz, de propriedade do "Labica", seu patrão, que explora

criação de porcos.

Logo, diante do conjunto probatórioproduzido da simples constatação de que, atual e

formalmente, Álvaro Zani não possui bens para satisfazer o

crédito decorrente da condenação sofrida, verificou-se ter

havido expediente fraudulento (simulação de compromisso de

compra e venda) para prejudicar o credor".

Ante a comprovação de que o negócio

jurldico apontado nos autos (compromisso particular de compra

e venda), no qual se finca o pedido, foi celebrado sob o pálio

da simulação (artigo 167, S 10., do Código Civil) , pelo que

de rigor decreta-se nulidade do mesmo e, via de

consequência, a improcedência dos presentes embargos.

Isto posto e considerando o que no mais dos

autos consta, julgo improcedentes os presentes embargos,

subsistente a penhora.

Defiro de outra parte requerimento feitos

pelo MP, ao derradeiro de suas alegações finais, para que a

penhora seja recuada para 25% do im6vel objeto da constrição

judicial, vez que esta invadira área pertencente à mulher do

executado, certificando-se nos autos principais.

Quanto ao requerimento para remessa de

cópia do processo à policia, visando a

inquérito

• PODER JUDICIÁRIOSÃO PAULO

TERei: IRA VARA CÍVEL DA COMARCADE LINS

tomada pelo próprio órgão ministerial, possibilitando assim ao

Dr. Promotor indicar quais peças pretende sejam encaminhadas

por meio de cópias.

Custas pelo Embargante.

P. R. e I.

ANTÔNIO

DATAEm de .1ªUJ1.2OO).de .fOlam-me entr as es autos C[U~se

centravame do M.M. JUJ2

:. .•.• .•..••....• • .. ••..•. . Escr. SubSCtMa(is $H"ill cc' ~ixasEtcNwnt;r-T ••••• "v4iciáriC

~lltr: *.514"

10

PODER JUDlClÂRlO

TRIBUNAL DE JUSTiÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

••••

VOTO N° 25338APELAÇÃO N" 994.09.265840-2 (954.851.513-00) - LINSApelanle: NATALINO BERTlNApelado: MINISTÉRIO PÚBLICO

EMBARGOS D[ TERCElROS - Ação civilpública eM fue dr ucc~io - Lin~ - Imóveladquirido llntes da constriçll.o jutlicild - Im-procedência. Rec:unbttimeoto de ,imulllçio li

mllCullll" o negócio jurídico - Pc.honr. subRrtcote.

- Apelo do embarw,llote, in~'ocllDdo II.SSumulasnV 195 e 84 do STJ. admitindo 11 fraude. maslIlduzintlo tjltC o Juízo llio pode llDular o ato em.!ICdedeembarxosdeltrceil"OlL

- Sellknça mulidlL

••• O Juíl',(J não tlcKQos(iluiu II relação juridicaentre (I apelllDle e ten::eiro. simplesmente wri-ficou li mtlnClonatlll simulaçio e jul~ subsi ..••tente li pe8bonL Aliás, não poderia mesmodcscoastituir Dada., porque o mcnciooatlu \'Co-dedor aio fez plIrU do (mo e 'a selllettÇa fazcoisa jUlglltlll àJI partes enl~ lU quais' dada.DitObeneficiandu nem prejodicllndo terceiros',hllH.',OOO 1U,IUio limite subjeti\'o dl& COih ;"Iga-dL Sub,iflindo a validade da pe"taora. pock oapelante \"ohar-w coa, •.• o \"eodedor, e te per-der a Coilll responll&bilizá-lo pelll e\;cção (Có-digo Civil,lutigu 447 e !K."guintc.),"

RECURSO NÃO PROVIDO.

Cuida-se de embargos de terceiro opostos por

NATALINO BERTlN em face do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO

DE SÃO PAULO, aduzindo que, por força de ação civil pública em fase de

execução, ajuizada pelo MINISTÉRlO PÚBLICO conlra ÁLVARO ZANI,

foi penhorado bem de sua propriedade, descrito oa inicial. Afimla que 7tí'lt-AJ'ELAÇÃON·994"0\l26~2

-,- V

I'QOER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO EST AOO DE SÃO PAULO

:)!')'IA/'>-

./

e

e .•

ocasião da constrição judicial (2004), o bem já há muito não pertencia ao

executado, pois teria adquirido o imóvel através de compromisso de compra

e venda firmado em 1999, devidamente averbado no Cartório de Registro

de Imóveis. Requer a manutenção liminar da posse, a citação do embarga-

do, a suspensão do curso do processo principal e a procedência dos embar-

gos.

A r. sentença (fls. 4121421), relatór;o adota-

do, julgou improcedentes os embargos, subsistente a penhora, deferindo,

por outro lado, o requerimento do MP para que a penhora fosse reduzida

para 25% do imóvel objeto da constrição, a fim de preservar área pertencen-

te à mulher do executado, detenninando a remessa de cópias para a autori-

dade policial para instauração de inquérito na forma da lei, carreando ao

embargante as custas judiciais.

Opostos embargos de declaração pelo embar-

gante (fls. 423/427), rejeitados (O. 428).

Apela o embargante (fls. 429/442), insistindo

no acolhimento dos embargos de terceiro. Pretende a inversão do julgado

sob o fundamento de que os embargos não podem anular ato jurídico por

fraude contra credores, a teor da Súmula nO 195 do ST J. bem como sobre a

possIbilidade de mterposlção dos embargos mesmo em face de compromis-

so de compra e venda não regIstrado, desta fena. IOvocando a súmUlal/7~

APEL\ÇAO"~<j9.409.26~ 2.,

PODER JUDICIÁ.RJO

TRIBUNAL DE JUSTiÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

e4ir

daquele mesmo E. Tribunal. Argumenta que terceiros não participaram da

ação e que por isso não poderia haver a desconstituição do negócio. Por fim,

requer a inversão da sucumbência.

o recUlSO foi recebido (fl. 445) e respoodido

(fls. 447/455).

Parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça

(fls. 466/471), pelo improvimento do apelo.

É o relatório.

o inconfonnismo do apelante se limita a uma

questão técnica, como bem salientado pelo Ministério Público (fl. 447): se

pode ou não ser declarada a simulação de contrato de compra e venda em

embargos de terceiro, com a decisão de improcedência, reconhecida a anu-

lação do negócio jurídico. tcndo em vista que um dos contratantes não foi

parte na lide, no caso. na ação civil pública.

o apelante, neste particular, nem sequer nega

a existência de simulação, como constatada na r. sentença, mas se limita a

sustentar a própria torpeza como salvaguarda de seu direito.

Como bem assinalou o d. Promotor de Justi-

tiNiAPEL\ÇÃO!'."99<I_0926~2

.).

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

/'

ça, "Referida pessoa (Alvaro Zani) é réu na ação civil pública, leve bens

penhorados e foi nomeado depositário dos mesmos, participou ativamente

do contrato simulado e, destaco, dos recibos desqualificados pela pericfo

.• exibidos no curso dos embargos (evidenciando atuação ainda que camufla-

da, contnbuindo pra a tentativa sem sucesso do embargante em sua preten-

são judicial). Mantida a r. sentença que reconheceu a simulação, ele não

sofrerá qualquer prejuízo diante da regra do anigo 104 do Código Civil de

/9/6 e "ninguém pode alegar a própria torpeza emjuizo. "

AI'.l:LAÇÀON"99409263840-2..-

.~o roteiro da simulação já foi perfeitamente

delineado na r. sentença, (fls. 415/420), que de modo algum anulou o negó-

cio jurídico apontado nos autos, qual seja, o compromisso de compra e ven-

da, mas reconhecendo a simulação, segundo °disposto no art. 167, § 1°, do

Código Civil, julgou improcedente os embargos e subsistente a penhora.

E, como bem salientou o d. Procurador de

Justiça:

"Se (o Juiz) usou a expressão decreta-se a

nultdade, nos embargos declaratórios, explicitou que declarava a nulidade

(fls. 428) o que eSlá correto.

Esse foi o motivo para a improcedência, e os

motivos não transftam em julgado, nem a verdade dos fatos estabelecida

como fundamento da sentença - são os lImites objetIVOsda COisajulga1f,.

I rv

PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTiÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

(Código de Processo Civil, arligo -169,incisos I e 11).

1sso significa, p. ex., ainda que pareça ab-

surdo, que se o apelante baseado nos mesmos fatos (aquisição dos imóvei!;j

-t ingressar com demando em face do dito vendedor pleiteando a escntura

definíliva por ter pagado todo O preço, nesse novo processo os fatos pode-

rão ser rediscutidos, porque não houve o trânsito emjulgado. Não significa

.~que obterá procedência, mas sim que osfatos poderão ser reapreciados .

O Juízo não desconstituiu a relação iuridiça

entre o apelante e terceiro. simplesmente verifICOU a mencionada simula-

ção e julgou subsistente a penhora. Aliás, não poderia mesmo descons/Ílu-

ir nada, porque o mencionado vendedor não fez fXJrle do feito e 'a sentença

faz coisa julgada às partes entre as quais e dada, não beneficiando nem

prejudicando terceiros' havendo aqui o limite subjetivo da coisajulgada.

Subsistindo a validade da penhora, pode o

apelante voltar-se contra o vendedor. e se perder a coisa responsabilizá-lo

pela evicção (Código Civil, artigo -1-17 e seguintes).

O recorrente pretendeu, com a demanda, ex-

cluir da penhora os Imáveis que teria adquirido de Alvaro lani, sucumben-

te em ação civil pública proposta pelo Ministério Público.

Não provou O alegado. ou seja. que teria ne-

gociado os bens antes da ação e. por isso, houve a imProcedência. Insur-

gir-se com o reconhecimento da simulação do ato importa em negar ao jui-

zo a valoraçiJo do prova e se fosse assim, obteria a procedénclQ porque ou-

Ira não poderIO ler a solução' Ora, o Juíza poderia ler Julgado Impro7T~

APIL\ÇÃON"~0916SMO-l (I .\, J

PODER JUDICIÁRIO \..\ ~/GTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOfOlSlJ'

dente por outra causa qualquer!

Por isso, a sentença deu o correio deslinde

ao Jato. "(fls. 469/470).

Por fim~ressalte-seaindaque a lei nestas

condições. vollada para a garantia do ressarcimento do credor ou dos credo-

res. consoante o art. 593, inciso li. do Código de Processo Civil. considera

fraudulenta a alienação ou oneração de bens, quando, ao tempo da alienação

ou oneração correr contra O devedor demanda capaz de reduzi-lo à msol-

vência. A alienação. nesta hiPÓtese, é ineficaz com relação ao processo

movido contra OS réus na ação civil públjca OU no dizer dos <Nery'CCPC

Comentado. 710 00. RT. nota I. art. 593, "inexistente e válida a alienação da

coisa ou direüo liJ;gioso, apenas reollwndo-o conw ineficaz reliUivamente

ao processo. " (grifamos).

Ante o exposto. nega-se provimento ao recuT-

• ~ so

sgp.

~1l?JAPELAÇÃO ".!'94 09 26:1840-1.,.

rPODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃo PAUWSECRITARIA JUDiCIÁRIA

SEJ 4.I.3-Mrviçode Proc:cs•• meolO dolo Grupo de Cimaras de Direito Públi<:o

REMESSA

Remeto os presentes autos à PROCURADORIA

GERAL DE JUSTiÇA para ciência do v. ac6rdão.São PaUlo, 24 de AGOSTO de 2010.Eu, ; \ 'I r , Escrevente técnico judiciário,

subsc,'c,v;."\ J

Ciente.Sio Paulo •

•~CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO

Cenifico e dou fé que o v. acórdão foi disponibilizado no

D.J.E. na data de hoje. Considera-se data da publicação O dia

~-2.-'L12010.

São Paulo,~d-J2010.

Eu.~ Escrevente TéCnico Judiciário, subscrevi.

1mfrc->o ••• _-N«mudoTrat.Ibo>RaPc::s:s.POJ"',~o+pubb~

..

.-

PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA 00 ESTADO DE SÃO PAULO

SECRET ARJA JUDICIÁRIAServiço de Processamento do J- Grupo de Câmaras de Direito Público

Palácio da Justiça - Praça da Sé. sin°, 2" andar, salas 2111213 - CentroSão Paulo-Capital-CEP 01018-010

CERTIDÃO

Certifico e dou fé que o v. Acórdão transitou em

julgado.>-- ,~'-tlíSão Paulo, 28 de outubro de 2010.

Eu, ~\.... , Escrev. Tec. Jud., subscr.

REMESSA

Remeto os presentes autos à orig~m.

3-' Vara b"" ~da Comarca de

São Paulo, 28 de outubro de 20 IO.

Eu, 'Ac~J......- , Escrev. Tce. Jud., subscr.

"j