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PODER JUDICIÁRIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA MANDADO DE SEGURANÇA 1120 LAURITA VAZ Ministros que não concorrem: RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA - CORTE ESPECIAL Distribuição automática em 02/05/2013 IMPETRADO : CORTE ESPECIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ADVOGADO : LUIS ROBERTO BARROSO E OUTRO(S) IMPETRANTE : GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA Assunto : DIREITO PENAL Volumes : 1 Autuado em 02/05/2013 MS 20116/DF (2013/0126022-3)

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PODER JUDICIÁRIO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MANDADO DE SEGURANÇA

1120 LAURITA VAZMinistros que não concorrem:

RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA - CORTEESPECIAL

Distribuição automática em 02/05/2013

IMPETRADO : CORTE ESPECIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIÇA

ADVOGADO : LUIS ROBERTO BARROSO E OUTRO(S)IMPETRANTE : GOOGLE BRASIL INTERNET LTDAAssunto : DIREITO PENALVolumes : 1 Autuado em 02/05/2013

MS 20116/DF(2013 /0126022-3 )

Índice

Descrição da PeçaNº

Folhae-STJ

NºPág.PDF

Qtd.Págs.

Processo 2013/0126022-3 89Capa 1 1Índice 2 1Volume 1 87

Íntegra do processo originário 1 3 77Petição Inicial 1 3 26Procuração 42 44 1Ato apontado como coator 44 46 1Ato apontado como coator 52 54 1Comprovante de Recolhimento de Custas Judiciais 76 78 2

Termo de Recebimento e Autuação 78 80 2Termo de Distribuição e Encaminhamento 80 82 1DESPACHO / DECISÃO 81 83 2Certidão de Publicação 83 85 1Certidão de Intimação 84 86 1Certidão de Juntada PET 00147350/2013 85 87 1Petição PET 00147350/2013 86 88 1Certidão 87 89 1

EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA

GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA., sociedade brasileira,

inscrita no CNPJ/MF sob o nº 06.990.590/0001-23, com sede na Avenida Brigadeiro

Faria Lima, n. 3.477, 18º andar, CEP 04538-133, em São Paulo/SP (doc. nº 01), por

seus advogados (doc. nº 02), vem respeitosamente a V. Exa., com fundamento nos arts.

5º, LXIX, e 105, I, b, da Constituição Federal, e na Lei nº 12.016/2009, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

com pedido de medida liminar

em face de ato da CORTE ESPECIAL DESSE EG. SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA, consubstanciado nos Ofícios n° 001735/2013-CESP e n° 001735/2013-

CESP (doc. n° 03), pela qual se determinou a impetrante que forneça o conteúdo de

comunicações transmitidas pelo Gmail, no prazo de dez dias, sob pena de multa diária

no valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais). Os ofícios, de igual teor, foram

expedidos no âmbito do Inquérito nº 784/DF e recebidos em 26 de abril de 2013. Com o

respeito devido e merecido, o ato impugnado baseia-se em ERRO MATERIAL

GRAVE, extraindo todas as suas conclusões de premissa fática objetivamente

incorreta. Ao fazer isso, essa Eg. Corte acabou por impor ordem teratológica – tanto

sob a perspectiva processual quanto material – violando direito líquido e certo da

impetrante a não ser compelida a praticar ato impossível. Há, portanto, risco iminente

de dano expressivo e inevitável, justificando a utilização do mandado de segurança.

Antes de qualquer outra consideração, a Google Brasil

reafirma que não tem qualquer interesse em dificultar investigações contra quem

quer que seja. Ao contrário, a impetrante cumpriria a ordem de forma integral e

imediata se pudesse fazê-lo. E isso não apenas para auxiliar as autoridades brasileiras –

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como tem tentado fazer em tudo que lhe é possível – mas também para evitar esse

imbróglio judicial para o qual foi arrastada, e que só lhe causa prejuízos. Por tudo isso,

a impetrante pede respeitosamente que essa Eg. Corte considere quatro

informações:

(i) A Google Brasil não tem acesso aos computadores que

armazenam as correspondências trocadas pelo sistema

Gmail. Esse ponto foi reconhecido expressamente por essa

Eg. Corte Especial. Apesar disso, a ordem ora impugnada

parte da premissa expressa de que a Google Inc. teria o

poder de repassar essas informações diretamente à Google

Brasil, e que não o faria por mera “renitência”;

(ii) Essa premissa é incorreta: as autoridades competentes

americanas já afirmaram expressamente que a Google Inc.

não pode efetuar a transferência direta dessas

correspondências a quem quer que seja, nem mesmo à

Google Brasil. Ao revés, afirmam que é indispensável

utilizar o procedimento previsto em Tratado Internacional

celebrado entre Brasil e Estados Unidos. Vale dizer:

ainda que essa Eg. Corte Especial discorde dessa

orientação, não há nada que a Google Inc. possa fazer

em desobediência às autoridades de seu próprio país. E

muito menos a Google Brasil;

(iii) Os supostos precedentes de entrega direta referidos por

essa Eg. Corte Especial – envolvendo a Microsoft e o

Yahoo1 – diziam respeito à exceção prevista na própria

legislação americana. Essa ressalva aplica-se

unicamente aos casos em que a obtenção imediata da

1 No caso do Yahoo, vale notar igualmente que a subsidiária brasileira fornece um serviço próprio de e-mail (contas identificadas pela terminação @yahoo.com.br). Nos casos em que se requisite conteúdo de e-mails transmitidos por esse serviço, o cumprimento da ordem pode ser feito de forma direta.

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informação seja necessária para afastar risco de morte

ou de grave lesão à integridade física de alguém. No

presente caso, a Google Brasil reportou essa exceção à

Polícia Federal brasileira, que entendeu pela sua

inaplicabilidade ao caso;

(iv) A Google Brasil solicitou e a Google Inc. preservou o

conteúdo das comunicações requisitadas por essa Eg.

Corte, de modo que não existe o risco de perecimento de

eventuais provas. A Google Inc. comprometeu-se a se

empenhar junto às autoridades americanas para que o

material seja liberado o mais rapidamente possível, tão

logo seja iniciado o procedimento previsto no Tratado

entre Brasil e Estados Unidos.

Constatadas essas circunstâncias, a impetrante confia que

essa Eg. Corte Especial irá reconhecer a sua impossibilidade física e jurídica de

dar cumprimento direto à ordem contida no referido ofício. A obtenção do material

probatório em questão depende necessariamente da observância do procedimento

instituído no referido Tratado Internacional existente entre Brasil e Estados Unidos,

examinado adiante. Não se trata de uma preferência da impetrante e muito menos

de recalcitrância, que sequer faria sentido em um caso como esse. A Google Brasil

e a Google Inc. só têm a perder – como já vêm perdendo – com a pendência dessa

situação.

Ao não levar em conta esses elementos, essa Eg. Corte Especial

incorreu em erro material e impôs obrigação impossível, com o agravante da elevada

multa diária. Na sequência se passa a demonstrar o ponto de forma analítica, assim

como as normas constitucionais e legais violadas na hipótese.

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I. ALGUNS ESCLARECIMENTOS DE FATO: O SISTEMA GMAIL E A ORIENTAÇÃO DAS

AUTORIDADES NORTE-AMERICANAS SOBRE A QUEBRA DO SEU SIGILO

1. O Gmail é um sistema de correio eletrônico operado globalmente

pela Google Inc., empresa sediada nos EUA. Ao criarem suas contas de e-mail, os

usuários do Gmail aceitam os termos de uso e celebram um contrato direto com a

Google Inc., que mantém computadores para prestar o serviço e armazenar os dados

correspondentes. A suplicante (Google Brasil Internet Ltda.) é uma subsidiária da

Google Inc., mas não é um braço operacional do Gmail no País. Ela se dedica a

objetos sociais diversos, notadamente a comercialização de espaços publicitários em

determinadas plataformas mantidas na internet, como o You Tube e o Orkut.

2. Em se tratando dessas plataformas, a impetrante comunica à

Google Inc. ordens judiciais de remoção de determinados conteúdos – as quais são

devidamente cumpridas, uma vez que não violam a legislação americana. Essas

remoções ocorrem diuturnamente em decorrência de ordens judiciais brasileiras, como

demonstra o Relatório de Transparência divulgado publicamente pelo Google2. O

mesmo não acontece em relação a ordens judiciais para entrega de conteúdo

do Gmail, estando a Google Inc. expressamente proibida de violar o sigilo de tais

mensagens sem que se configure uma das exceções permitidas naquela legislação (o

Tratado entre Brasil e Estados Unidos é uma destas exceções).

3. Vale enfatizar: as comunicações transmitidas pelo Gmail

trafegam pela internet entre a empresa norte-americana e seus usuários no Brasil

(e em qualquer parte do mundo). Não passam por nenhum computador ou

equipamento da Google Brasil, que sequer detém a tecnologia ou as licenças para

utilização dos softwares exigidos para a atividade. O fato de o serviço estar

disponível em português não altera em nada essa constatação. Aliás, os usuários podem,

a todo momento, selecionar qualquer uma entre as inúmeras outras opções de idioma,

do alemão ao japonês. O Gmail poderia ser utilizado no Brasil mesmo que nunca tivesse

existido uma subsidiária da Google no país ou que esta fosse fechada.

2 Os dados do Brasil, atualizados até o segundo semestre de 2012, podem ser consultados no seguinte link: http://www.google.com/transparencyreport/removals/government/BR/?hl=pt_BR.

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4. Como referido inicialmente, essa Eg. Corte Especial

reconheceu o fato de que a Google Brasil não tem acesso ao conteúdo dos e-mails,

mas partiu da premissa expressa de que a Google Inc. teria a prerrogativa de

repassar os dados à empresa brasileira e que a sua recusa seria uma mera

“renitência”. Nesse contexto, a multa imposta à empresa brasileira teria o objetivo de

pressionar a controladora americana a fazer a transferência, exercendo faculdade que

estaria à sua disposição. Confira-se a explicitação da premissa constante na

manifestação da Ministra Laurita Vaz que acompanhou o Ofício n° 001735/2013-CESP:

“Nesse contexto, conquanto se reconheça a obrigação da empresa GOOGLE BRASIL entregar os dados armazenados, como estes não estão em seu poder direto, não há como imputar a ser dirigentes, aqui, o crime de desobediência, na medida em que, efetivamente, dependem da colaboração de seus agentes na empresa situada no exterior. Todavia, a solução do impasse gerado pela renitência da empresa controladora passa pela imposição de medida coercitiva pecuniária pelo atraso no cumprimento da ordem judicial, a teor dos arts. 461, § 5.°, 461-A, do Código de Processo Civil, c.c o art. 3.° do Código de Processo Penal”. (Negrito acrescentado).

5. Essa premissa é, porém, equivocada: as autoridades norte-

americanas já se manifestaram expressamente em sentido oposto, afirmando que a

Google Inc. não pode repassar o material diretamente à Google Brasil, sob pena de

violação à legislação dos Estados Unidos. Em última instância, portanto, o que se

tem aqui é o seguinte: essa Eg. Corte está impondo multa à Google Brasil para

pressionar uma empresa estrangeira a praticar atos ilegais no seu país de origem.

Para que não reste qualquer dúvida, confira-se trecho de correspondência sobre o tema

remetida pelo Departamento de Justiça Norte-Americano (U.S. Departament of Justice),

por meio da sua Secretaria de Relações Internacionais (Doc. n° 4):

“Em 18 de outubro de 2011, o Ministério Público Federal solicitou que o Tribunal compelisse a Google Brasil Internet Ltd. (“Google Brasil”), sociedade ativa e com sede no Brasil, a fornecer informações armazenadas referentes a contas de e-mail hospedadas na Google Inc., sociedade ativa e com sede nos Estados Unidos. Google Brasil e Google Inc. são duas sociedades distintas juridicamente, que não compartilham nem possuem um banco de dados em comum. Dessa forma, solicitações de informações eletrônicas detidas pela Google Inc.

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são solicitações de informações localizadas nos Estados Unidos. Assim, a prática comum para a busca de tais informações seria, de acordo com o Acordo, uma solicitação de assistência jurídica mútua (MLAT) aos Estados Unidos. Sabemos que a perspectiva do Ministério Público, no caso em questão, é de que o escopo do Acordo não abrange solicitações de provas digitais armazenadas e detidas por provedoras de comunicação eletrônica tais como a Google Inc. Essa interpretação é contrária às disposições do Artigo I do Acordo, que estabelece, nos trechos relevantes, que ‘as partes se obrigam a prestar assistência mútua (...) em matéria de investigação, inquérito, ação penal, prevenção de crimes e processos relacionados a delitos de natureza criminal’. Não há nada no Acordo que limite ou exclua solicitações de provas eletrônicas. Na realidade, como é de vosso conhecimento, solicitações de comunicações eletrônicas aos Estados Unidos são comuns em nossa prática nos termos do MLAT. Somente no ano passado, o Brasil enviou aproximadamente 13 solicitações nesse sentido, das quais muitas foram aprovadas e outras atualmente aguardam execução por provedores de comunicação eletrônica localizadas nos Estados Unidos” (Negritos acrescentados).

6. É claro que essa Eg. Corte e o Ministério Público podem

discordar da orientação fixada pelas autoridades-norte-americanas, apesar do fato de ser

a mesma do Governo brasileiro nessa matéria. O que é relevante constatar, nesse

primeiro momento, é que está incorreto o pressuposto de que a Google Inc. poderia

repassar o material sigiloso à Google Brasil, operação que a eminente Ministra Laurita

Vaz chegou a identificar como “transferência reservada” ou mesmo “interna corporis”.

Em outras palavras: a empresa americana simplesmente não está autorizada a

ceder à pressão materializada nos Ofícios n° 001735/2013-CESP e n° 001736/2013-

CESP.

7. Isso confirma o que a impetrante vem afirmando desde o começo:

a hipótese dos autos é pior do que aquelas em que se pretende impor astreintes por

descumprimento imputável a terceiro – as quais já são ilegais, nos termos da

jurisprudência desse Eg. STJ. É que, no caso dos autos, o terceiro sequer tem o poder

de cumprir a determinação nos termos atuais, ainda que quisesse. Por isso o

cumprimento da ordem expedida por essa Eg. Corte é física e juridicamente

impossível, o que a torna manifestamente inválida.

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8. Feitos esses esclarecimentos, pode-se passar à demonstração do

cabimento do presente mandado de segurança.

II. PRELIMINARMENTE

II.1. COMPETÊNCIA DESSA EG. CORTE

9. O art. 105, I, b atribui ao Eg. STJ a competência para julgar

mandados de segurança impetrados contra os seus próprios atos3. Internamente, essa

atribuição é conferida à Corte Especial (RISTJ, art. 11, IV)4. Na hipótese dos autos, isso

faz com que o mesmo órgão seja, simultaneamente, coator e competente para apreciar o

mandamus. Embora destaque a excepcionalidade de tal situação, há precedente dessa

Eg. Corte Especial reconhecendo, em tese, a viabilidade da medida nos casos em que se

faça a impugnação de ato teratológico5. No presente caso, como visto, a teratologia

decorre de uma premissa fática equivocada, que levou essa Eg. Corte a exigir o

cumprimento de ordem física e juridicamente impossível sob pena de elevada multa

diária. O resultado é uma grave medida restritiva imposta em flagrante violação à ordem

jurídica.

10. Ademais, em se tratando de erro material, a jurisprudência admite

a sua correção a qualquer tempo e por qualquer via, inclusive de ofício6. Nada impede,

portanto, que essa Eg. Corte Especial conheça dos argumentos ora deduzidos pela

3 CF/88, art. 105: “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal”. 4 RISTJ, art. 11: “Compete à Corte Especial processar e julgar: (...) IV - os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de qualquer de seus órgãos”. 5 STJ, DJe 28 nov. 2012, AgRg no AgRg no MS 16.034/DF, Rel. Min. Massami Uyeda: “AGRAVO REGIMENTAL - MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA ACÓRDÃO DA CORTE ESPECIAL - IMPOSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA OU FLAGRANTE ILEGALIDADE. (…) 3 - Incabível o ajuizamento de mandado de segurança contra decisão judicial, a menos que exista ato teratológico ou de flagrante ilegalidade, o que inocorre in casu”. (Negrito acrescentado). 6 Na jurisprudência do Eg. STF, e.g., tem sido considerado erro material a identificação equivocada da hipótese recursal, procedendo-se a enquadramento igualmente equivocado nos paradigmas de repercussão geral. Nesse sentido, a titulo de exemplo e destacando a possibilidade de correção de ofício, v. STF, DJe 26 fev. 2010, AgRg no RE 213.974/RS, Rel. Min. Cezar Peluso.

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impetrante. Ainda que não fosse assim, o presente mandado de segurança deve ser

conhecido para o fim de se evitar manifesta denegação do acesso à Justiça, e isso em

hipótese particularmente gravosa. O ponto será retomado no próximo tópico. Por tudo

isso – e apenas por eventualidade – caso se entenda ser incompetente a Corte Especial,

deve-se preencher essa lacuna jurídica com a afirmação, e.g., da competência do

Plenário desse Eg. Superior Tribunal de Justiça7.

II.2. CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

11. Nos termos do art. 5º, LXIX, da Constituição, é cabível mandado

de segurança sempre que ato ilícito de autoridade pública lesar ou ameaçar direito

líquido e certo do impetrante8. Pois bem: o presente writ se volta à desconstituição de

ato proferido por Tribunal, que viola o direito da impetrante de não ser compelida a

cumprir obrigação material e juridicamente impossível9. Mais do que isso, a impetrante

sequer é parte no processo que gerou o ato coator, não foi informada sobre a questão de

ordem suscitada pelo Ministério Público – embora seja a principal interessada –, e

sequer foi intimada sobre a Sessão de Julgamento em que seria decidida a imposição de

multa contra si.

12. Nessas condições, não é exagero afirmar que a impetrante foi

tratada como mero objeto de uma ordem estatal, e não como sujeito de direitos.

Esse é, por excelência, o tipo de situação que justifica a impetração de mandado de

segurança. Contudo, e apenas por excesso de zelo, vale fazer três observações

adicionais quanto ao ponto.

13. Em primeiro lugar, a jurisprudência dessa Eg. Corte é pacífica 7 LINDB, art. 4º: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. 8 CF/88, art. 5º, LXIX: “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por ‘habeas-corpus’ ou ‘habeas-data’, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. 9 Como é corrente, direito líquido e certo é aquele que, como o defendido neste writ, não depende de dilação probatória. V., por todos, STJ, DJ 6 abr. 2009, RMS 28.336/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha: “O direito líquido e certo a que alude o art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal deve ser entendido como aquele cuja existência e delimitação são passíveis de demonstração de imediato, aferível sem a necessidade de dilação probatória”.

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quanto ao cabimento de mandados de segurança impetrados contra decisões referentes a

quebras de sigilo. Isso decorre tanto da circunstância de não haver meios específicos de

impugnação no processo penal10, quanto do caráter materialmente administrativo11 das

determinações que versam sobre a quebra de sigilos12.

14. Seja como for, e em segundo lugar, atos judiciais também são

passíveis de impugnação por mandado de segurança, desde que não tenham transitado

em julgado ou não caiba recurso que tenha, por si mesmo, efeito suspensivo13.

Naturalmente, as partes de um processo devem valer-se, sempre que possível, dos

recursos cabíveis. Essa restrição, contudo, não se aplica a terceiros: nos termos da

Súmula nº 202 desse Eg. STJ, “a impetração de segurança por terceiro, contra ato

10 Na mesma linha, v. STJ, DJ 18 abr. 2005, RMS 17.346/PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima: “1. A decretação da quebra de sigilo telefônico do recorrente não atinge, ainda que de maneira reflexa, a sua liberdade de locomoção, de modo que o remédio constitucional do habeas corpus revela-se medida inidônea para impugná-la. 2. Tratando-se de proteção ao direito à intimidade, mostra-se cabível a impetração de mandado de segurança”; STJ, DJ 13 ago. 2001, AgRg no HC 16.049/SC, Rel. Min. Hamilton Carvalhido: “1. O verbo constitucional é peremptório no sentido do cabimento do habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção (Constituição da República, artigo 5º, inciso LXVIII). (...) 3. Em não sendo a ação de mandado de segurança estranha ao processo penal, tem-se dos presentes autos que a matéria que ora se oferece à compreensão é típica de mandamus, por envolver violação de direito líquido e certo à sigilosidade das informações bancárias. Precedentes”. 11 STJ, DJ 7 abr. 2003, RMS 15.146/SC, Rel. Min. Luiz Fux: “A quebra do sigilo bancário encerra um procedimento administrativo investigatório de natureza inquisitiva, diverso da natureza do processo, o que afasta a alegação de violação dos Princípios do Devido Processo Legal, do Contraditório e da Ampla Defesa”. 12 STJ, DJ 16 set. 2010, RMS 31.362/GO, Rel. Min. Herman Benjamin: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MINISTÉRIO PÚBLICO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. NATUREZA DA DECISÃO DENEGATÓRIA. MEIO DE IMPUGNAÇÃO CABÍVEL. 1. Caso concreto em que o Parquet solicita administrativamente a quebra de sigilo bancário no âmbito de procedimento investigatório ministerial. Após negativa do juízo de 1º grau, o Ministério Público impetrou Mandado de Segurança, do qual o Tribunal de origem não conheceu, sob o fundamento de que o meio de impugnação cabível é o Agravo de Instrumento. 2. Nem toda decisão proferida por magistrado possui natureza jurisdicional, a exemplo da decisão que decreta intervenção em casa prisional ou afastamento de titular de serventia para fins de instrução disciplinar. 3. O Conselho Nacional de Justiça regulamentou os procedimentos administrativos de quebra de sigilo das comunicações (Resoluções 59⁄2008 e 84⁄2009). 4. Necessário adotar a técnica hermenêutica do distinguishing para concluir pela inaplicabilidade da Súmula 267 do STF (‘Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição’), pois todos os seus precedentes de inspiração referem-se à inviabilidade do writ contra ato jurisdicional típico e passível de modificação mediante recurso ordinário, o que não se amolda à espécie. (...) 6. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança provido, tão-somente para determinar que o Tribunal a quo enfrente o mérito do mandamus” (negrito acrescentado). 13 Lei nº 12.016/2009, art. 5º: “Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: (...) II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado”.

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judicial, não se condiciona a interposição de recurso”14. Pois é isso o que ocorre nos

autos: a impetrante não é “parte” do inquérito, e sim a destinatária de uma ordem nele

proferida.

15. Em terceiro lugar, e por fim, mesmo a orientação mais restritiva

quanto ao cabimento do writ contra atos judiciais admite a sua impetração quando se

cuida de decisões teratológicas15, assim compreendidas, e.g., aquelas “que possam gerar

dano irreparável”16 ou que evidenciem “manifesta ilegalidade”17. Como visto – e

novamente com todas as vênias – foi exatamente isso o que ocorreu no caso: com base

em uma premissa de fato equivocada, determinou-se à impetrante que faça algo

impossível, e isso sob pena de elevadíssima multa diária. Como referido, a hipótese é

ainda mais grave do que a de se impor multa por ato de terceiro. No caso, impôs-se

multa por descumprimento de terceiro que igualmente não pode cumprir.

16. Nesses termos, o ato impugnado coloca a impetrante em um

estado de ilicitude a que não deu causa e que não tem o poder de afastar. E diante de um

iminente dano grave, inevitável no estado atual. Um verdadeiro beco sem saída. Não

fosse por essa impossibilidade, repita-se, a impetrante cumpriria a decisão sem qualquer

hesitação. Com efeito, não há nenhum elemento na política institucional da Google que

14 V. STJ, DJ 25 nov. 2010, RMS 29.985/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques: “É certo que, nos termos da Súmula 267/STF, ‘não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição’. No entanto, ‘a impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso’ (Súmula 202/STJ). Nesse sentido: RMS 17.406/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ 23.8.2004; RMS 3.725/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ 13.3.1995, p. 5.297”; STJ, DJ 1º abr. 2008, RMS 16.880/RS, Relª. Minª. Nancy Andrighi: “Processual civil e comercial. Recurso ordinário em mandado de segurança. Terceiro prejudicado. Cabimento. Indisponibilidade de bens. Ex-administrador. Prazo para responsabilização. - A impetração de mandado de segurança por terceiro contra ato judicial não se condiciona à interposição de recurso. Precedentes. - A indisponibilidade de bens prevista no art. 36 da Lei n.º 6.024/74, não alcança ex-administradores que deixaram de gerir a instituição há mais de doze meses. Recurso provido”; STJ, DJ 13 dez. 2004, REsp 653.664/MT, Rel. Min. Gilson Dipp: “II. Hipótese que cuida de mandado de segurança impetrado por terceiro interessado contra decisão que rejeitou embargos interpostos com o fim de liberar bens comprovadamente de sua propriedade, seqüestrados em inquérito policial do qual não consta como indiciado. III. Incidência da Súmula n.º 202/STJ, segundo a qual ‘A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona à interposição de recurso’. Precedente”. 15 STJ, DJ 18 dez. 2012, RMS 38.721/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho: “O Mandado de Segurança contra ato judicial somente se mostra admissível em hipóteses excepcionalíssimas em que a decisão seja visivelmente teratológica”. 16 STJ, DJ 19 nov. 2012, AgRg no MS 17.857/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima. 17 STJ, DJ 15 mai. 2012, AgRg no MS 16.686/MG, Rel. Min. Castro Meira.

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pretenda criar obstáculo à investigações criminais regulares. Tanto assim que a

impetrante solicitou à Google Inc. que preserve os dados requisitados por essa Eg.

Corte, afastando o risco de perecimento de eventuais provas. Em suma, o caso nada

tem a ver com recalcitrância ou mesmo com o exercício de uma suposta política

institucional. O que se tem aqui é uma pura e simples impossibilidade de

cumprimento.

17. Dessa forma, qualquer que seja a perspectiva adotada, é

inequívoco o cabimento do presente mandado de segurança. Até porque, do contrário, a

impetrante se veria sem meios igualmente idôneos de acesso à Justiça, o que agravaria

ainda mais a situação de perplexidade em que se encontra. Assim, não havendo

necessidade de dilação probatória e observado o prazo decadencial de 120 (cento e

vinte) dias, deve ser conhecido o presente writ. As razões que levam à concessão da

ordem serão desenvolvidas a seguir.

III. NO MÉRITO

III.1. NULIDADE DO ATO POR VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, AO

CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA, AO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E AO DEVER DE

MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS (CF/88, ARTS. 5º, LIV E LV; E 93, IX E X)

18. A Constituição exige – e essa é uma medida indispensável de

justiça – que os eventuais afetados por uma decisão estatal tenham a oportunidade

formal de se manifestarem previamente e recebam, em retorno, uma decisão motivada.

Além de contribuírem para a boa atuação do Estado, a oitiva dos interessados e a

fundamentação das decisões separam a arbitrariedade da autoridade, reconhecendo os

destinatários das ordens como sujeitos de direitos18. De fato, a condução de inquéritos

pode exigir algumas medidas sigilosas, mas disso não se extrai que, instaurado o

procedimento, os eventuais afetados possam ser tratados como meros objetos das ordens

estatais. Isso será ainda mais verdadeiro quando estes sejam apenas terceiros, sem

18 Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, Tratado da argumentação: a nova retórica, 2005, p. 18.

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qualquer envolvimento nos fatos a serem apurados. Essas exigências básicas não foram

observadas na deliberação sobre a ordem impugnada. Afirma-se isso por duas razões.

19. Em primeiro lugar, e como já registrado, a impetrante não foi

informada da questão de ordem suscitada pelo Ministério Público e sequer foi intimada

do julgamento que resultou no ato impugnado. Não lhe foi dada qualquer oportunidade

efetiva de demonstrar para a Corte que a ordem que se pretendia impor é impossível

material e juridicamente. Essa postura viola diretamente o princípio da publicidade dos

atos do Poder Público (CF/88, art. 37), aplicável com particular intensidade às

deliberações do Poder Judiciário, seja em questões jurisdicionais, seja em âmbito

administrativo (CF/88, art. 93, IX e X). O fato de se tratar de inquérito sigiloso em nada

altera essa circunstância, sendo perfeitamente possível separar o objeto investigado da

questão jurídica ora em discussão. Tanto assim que a Sessão de Julgamento não foi

secreta.

20. Embora o ponto não seja controverso, vale registrar que o dever

de publicidade não se satisfaz com a simples abertura das portas aos interessados que

quiserem assistir às sessões. Ao contrário, ele deve ser interpretado em conjunto com os

direitos fundamentais ao contraditório e à ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), que

exigem que os interessados: (i) sejam informados dos julgamentos que repercutam sobre

sua esfera jurídica; (ii) tenham oportunidades reais e adequadas de se manifestarem

sobre os temas pertinentes; e (iii) possam ver seus argumentos considerados pelo

Estado19. No presente caso, data maxima venia, a invalidade é flagrante.

21. Em segundo lugar, tampouco se pode perder de vista o dever de

motivação das decisões judiciais, igualmente violado no caso: a Constituição é clara ao

exigir do Judiciário que justifique, fundamentadamente, todos os seus atos,

administrativos ou jurisdicionais (CF/88, art. 93, IX e X). Não sendo eleitos pelo povo,

o exercício de poder pelos magistrados só pode se legitimar pela consistência dos seus

argumentos20, demonstrando-se que suas decisões correspondem à melhor interpretação

19 Gilmar Ferreira Mendes, Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco, Curso de direito constitucional, 2007, p. 524-5. 20 Luiz Guilherme Marinoni, Teoria geral do processo, 2006, p. 121-4; Aluisio Gonçalves de Castro Mendes, Teoria geral do processo, 2009, p. 32.

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do direito e das provas produzidas21. O ponto é relevante porque, sem motivação, torna-

se quase impossível manejar os meios de impugnação disponíveis22. Tanto assim que a

Constituição determina a nulidade de julgamentos que descumpram essa exigência.

22. O que se acaba de expor corresponde igualmente à orientação

desse Eg. STJ. Com efeito, em situação muito semelhante, a Corte anulou o julgamento

de ação de exibição de documentos, ajuizada para instrução de inquérito penal, por ter

ocorrido sem intimação do advogado do interessado e sem a publicação de acórdão:

“1. O Ministério Público, nos termos dos arts. 129, VI, da Constituição Federal e 26, I, b, da Lei 8.625/93, detém a prerrogativa de conduzir diligências investigatórias, podendo requisitar diretamente documentos e informações que julgar necessários ao exercício de suas atribuições de dominus litis. (...) 4. Ocorre nulidade, por cerceamento de defesa, se o advogado constituído não foi intimado da sessão de julgamento da ação cautelar de exibição de documento, nem da publicação do respectivo acórdão. Precedentes. 5. Ordem parcialmente conhecida e, nessa extensão, concedida para anular o julgamento (...), determinando que outro seja realizado, como se entender de direito, com a regular intimação do advogado de defesa” (negrito acrescentado)23.

23. O caso em tela é ainda mais atípico e grave, tendo em vista

que as razões de decidir sequer foram publicadas. Em vez disso, essa Eg. Corte

limitou-se a divulgar certidão registrando que o Colegiado, por maioria, havia

determinado à expedição de ofício com ordem contra a Google Brasil24. Esse ofício,

por sua vez, foi acompanhado unicamente de manifestação objetiva da eminente

Ministra Laurita Vaz, sem qualquer referência ao conteúdo dos votos proferidos pelos

demais Ministros ou dos debates realizados. Nem mesmo ao voto do eminente Ministro

Ari Pargendler, que reconhecia a impossibilidade fática e jurídica da ordem expedida. A

21 Luís Roberto Barroso, Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo, 2010, p. 339 e ss.. 22 V. STJ, DJ 26 fev. 2009, REsp 1.035.604/RS, Relª. Minª. Eliana Calmon: “A fundamentação das decisões judiciais constitui garantia do cidadão no Estado Democrático de Direito, tendo por objetivo, dentre outros, o exercício da ampla defesa e o seu controle por parte das instâncias superiores”. 23 STJ, DJ 7 fev. 2008, HC 53.818/BA, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima. 24 Certidão de 17 de abril de 2013: “A Corte Especial, por maioria, resolveu a questão de ordem nos termos propostos pela Sra. Ministra Relatora. Vencido o Sr. Ministro Ari Pargendler”.

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impetrante tem direito subjetivo a conhecer o teor integral dessas razões, não

sendo possível que se crie, casuisticamente, uma hipótese de decisão judicial oculta

e não publicada.

24. Em suma: o ato impugnado é nulo porque decorreu de deliberação

realizada sem prévia comunicação à impetrante, que sequer teve oportunidade de se

manifestar formalmente sobre o tema ou mesmo de acompanhar a integralidade da

Sessão de Julgamento em que se decidiu pela imposição de grave ordem contra si. Em

um Estado de Direito, não se pode tratar as pessoas como meros objetos da decisão

estatal. Nessas condições, é fora de dúvida que deve ser declarada a nulidade do ato

impugnado.

III.2. A IMPOSSIBILIDADE MATERIAL E JURÍDICA DA OBRIGAÇÃO IMPOSTA

25. Como referido, o ato impugnado determinou à suplicante que

forneça o conteúdo de comunicações enviadas pelo Gmail. Contudo, a eminente

Ministra Relatora do Inquérito chega a reconhecer que a impetrante não tem a posse

dessas informações. Ainda assim, impõe a ordem como medida de coerção indireta

sobre a Google Inc., com o objetivo de que esta entregasse à impetrante as informações

requisitadas. Ainda que esse tipo de pressão indireta fosse válido – e não é – a verdade é

que também a empresa americana encontra-se de mãos atadas, tendo em vista a

legislação e o entendimento das autoridades do seu próprio país. Nessas condições, o

ato coator é inválido por pelo menos quatro razões.

a) Violação ao princípio da razoabilidade ou proporcionalidade

26. O primeiro fundamento de invalidade do ato coator chegou a ser

mencionado na própria Sessão de Julgamento: ad impossibilia nemo tenetur – i.e., não

se pode exigir o impossível25. Trata-se de uma decorrência direta do princípio da

25 V. Lon L. Fuller, The morality of Law, 1969, p. 70 e ss.; Carlos Maximiliano, Hermenêutica e aplicação do direito, 1999, p. 259: “Evidente a impossibilidade do cumprimento [de uma disposição] cessa a obrigação respectiva”.

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razoabilidade, que veda ao Poder Público a imposição de medidas arbitrárias,

caprichosas ou dissociadas de suas causas26. Como já destacado pelo Tribunal

Constitucional espanhol, “é evidente que nenhum preceito legal ou constitucional pode

exigir de alguém (...) a realização de um ato impossível27. O ponto é igualmente

observado pela jurisprudência brasileira28, com reflexo direto sobre a legislação

ordinária (Código Civil, art. 248)29.

27. No caso em tela, o ato coator viola as três exigências associadas

ao princípio da razoabilidade ou proporcionalidade. Com efeito, a imposição de multa a

quem não pode executar o que foi determinado é:

(i) inadequada, porque inteiramente inapta a produzir o resultado

pretendido – a proibição da Google Inc. de entregar dados sigilosos não cessará por

conta de eventuais restrições (injustas) sofridas pela Google Brasil ou por seus agentes.

26 Há grande discussão teórica acerca do princípio da razoabilidade ou proporcionalidade, havendo mesmo autores que preferem tratá-los separadamente. A primeira denominação tem origem no direito norte-americano, enquanto a segunda pode ser atribuída à doutrina alemã que, mais do que ter cunhado uma nova formulação, parece ter acrescentado importantes desenvolvimentos a uma mesma ideia. Para uma discussão mais aprofundada sobre a distinção entre as duas expressões, v. Humberto Ávila, Teoria dos princípios, 2003. Sem embargo da origem e do desenvolvimento diversos, um e outro abrigam os mesmos valores subjacentes: racionalidade, justiça, medida adequada, senso comum, rejeição aos atos arbitrários ou caprichosos. Assim, em linhas gerais, observa-se certa fungibilidade entre os conceitos da razoabilidade e da proporcionalidade. Sobre o tema, v. Jane Reis Gonçalves Pereira, Interpretação constitucional e direitos fundamentais, 2006, p. 310 e ss.. 27 Tribunal Constitucional da Espanha, Auto nº 621/1985, de 25 set. 1985. 28 Aplicando o adágio, v. STF, DJ 14 set. 2007, HC 86.055/SP, Rel. p/ acórdão Min. Ricardo Lewandowski: “I - O paciente apresentou, no momento de seu encarceramento, identidade falsa, fato a obstar sua localização no momento da citação. II - Nulidade a que deu causa o paciente. III - Inexistência do dever do Estado de saber sua verdadeira identidade. Ad impossibilia nemo tenetur”. V., ainda, STJ, DJ 6 dez. 2004, MC 6.879/SP, Rel. Min. Luiz Fux, que considerou irrazoável, por impossível, a determinação de que uma obra de vulto (construção de estação de tratamento de esgoto) se concluísse em seis meses; e TRF – 5ª Região, DJ 1º dez. 2009, Agravo de Instrumento 100.944/RN, Rel. Des. Fed. Francisco Wildo: “A "selagem" prevista na Instrução Normativa nº 31/99 da SRF tem por finalidade a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados. Referida exigência, contudo, viola, no caso dos autos, a razoabilidade que deve pautar a Administração Pública, porquanto a mercadoria importada não sofre a incidência do IPI (alíquota zero). - Observa-se, igualmente, ofensa ao princípio da proporcionalidade, na medida em que não se pode exigir do administrado o impossível (Ad impossibilia nemo temetur), eis que sua aplicação gera à agravante ônus tão severo (custos e tempo utilizado para a selagem de cada uma das 2.350.000 caixinhas de fósforos de segurança adquiridas) a ponto de inviabilizar a importação. - Caso se pretendesse cumprir referida exigência, as mercadorias permaneceriam retidas por um lapso temporal que poderia prejudicar a sua qualidade, haja vista as variações de temperatura e de umidade” (negrito acrescentado). 29 Código Civil, art. 248: “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos”.

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Como visto, essa Eg. Corte está requisitando que a Google Inc. cometa um crime em

seu próprio país;

(ii) desnecessária, pois existe um procedimento institucional para a

obtenção dos dados, que é infinitamente menos gravoso, previsto em tratado firmado

pela República Federativa do Brasil. E mesmo que não existisse, a medida poderia ser

efetivada nos EUA por via de carta rogatória, medida corriqueira de cooperação

judiciária internacional;

(iii) manifestamente desproporcional, já que redundaria na imposição

de constrições sobre pessoas que sequer têm o poder de dar cumprimento à exigência

judicial30. Ou seja, direitos seriam restringidos sem que qualquer outro bem jurídico seja

tutelado. Em outras palavras, a força pela força.

28. Embora a importância do Inquérito n° 784 pareça ter induzido a

realização de Sessão sem a intimação do interessado e a determinação de providência

irrealizável, vale notar que a questão não é nova nem mesmo no âmbito desse Eg.

Superior Tribunal de Justiça. Ao contrário, essa Eg. Corte já reconheceu, em

diversas oportunidades, que não é válida a imposição de medidas constritivas

sobre quem não tem o poder de cumprir a ordem31. E isso mesmo que exista um

terceiro capaz de executar o que foi determinado, tendo em vista a impossibilidade de se

sujeitar determinada pessoa a medida restritiva fundada na omissão de outrem. No

presente caso, além de se haver imposto multa para constranger terceiro, a verdade é

30 Nesse sentido, vale mencionar precedentes desse Eg. Superior Tribunal de Justiça que afastam a possibilidade de se determinar a prisão em casos como o presente, nos quais seja impossível o cumprimento da determinação judicial por parte da pessoa a quem se dirigiu a ordem. E nem poderia ser diferente, tendo em vista que a restrição da liberdade consiste sempre na ultima ratio. Determinar a prisão de quem não possa cumprir a ordem – apenas como forma de pressão sobre terceiros – seria manifestamente incompatível com as garantias constitucionais. Nesse sentido, em caso no qual sequer havia dúvida sobre a responsabilidade do indivíduo pelo cumprimento da determinação, v. STJ, DJ 06 out. 2003, HC 14.751/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha: “HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO FISCAL. PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO INFIEL. FORÇA MAIOR. 1. Caracterizada nos autos a presença de fatores externos alheios à vontade do depositário, com força bastante para eximi-lo de suas responsabilidades, há de ser como ilegítima a ordem de prisão civil contra ele expedida. (...) 3. Recurso provido para conceder a ordem de habeas corpus”. Em linha semelhante, v. STF, DJ 27 jun. 2003, HC 83.056/SP, Rel. Min. Maurício Correa. 31 A título de exemplo, v. STJ, DJ 9 nov. 2010, REsp 1.046.497/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha: “Ocorrida a prescrição, não mais sobrevive o dever de guarda de documentos, sendo legítima a recusa fundada no transcurso do prazo prescricional. Pensar diferente seria impor à parte obrigação juridicamente impossível”.

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que nem mesmo a Google Inc. pode efetuar a entrega direta do material requisitado. É

inequívoca, portanto, a violação ao princípio da razoabilidade/proporcionalidade.

b) Violação ao princípio da territorialidade, concretizado em diversas regras

constitucionais e legais

29. Em rigor, a situação dos autos atrairia a incidência do art. 360 do

CPC, segundo o qual “quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o

juiz mandará citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias”. Como o terceiro – no

caso, a Google Inc. – encontra-se nos EUA, seria necessário, em princípio adotar-se a

via da carta rogatória, nos termos dos arts. 780 e 783 do CPP32. Essa é uma

decorrência do princípio da territorialidade, segundo o qual os atos de soberania de

um Estado só podem produzir efeitos em outro com a aquiescência deste. É essa a

lógica subjacente à homologação de sentenças estrangeiras e à concessão de exequatur

às cartas rogatórias recebidas do exterior (CF/88, art. 105, I, i).

30. Como se sabe, o princípio da territorialidade é uma das bases do

direito internacional público, tendo seu fundamento na soberania dos Estados no plano

internacional e no dever de não-intervenção (CF/88, art. 4º, IV e V)33. Como bem

observado por esse Eg. STJ:

“As relações entre Estados soberanos que têm por objeto a execução de sentenças e de cartas rogatórias representam, portanto, uma classe peculiar de relações internacionais, que se estabelecem em razão da atividade dos respectivos órgãos judiciários e decorrem do princípio da territorialidade da jurisdição, inerente ao princípio da soberania, segundo o qual a autoridade dos juízes (e, portanto, das suas decisões) não pode extrapolar os limites territoriais do seu próprio País” (negrito

32 CPP, arts. 780 e 783: “Art. 780. Sem prejuízo de convenções ou tratados, aplicar-se-á o disposto neste Título à homologação de sentenças penais estrangeiras e à expedição e ao cumprimento de cartas rogatórias para citações, inquirições e outras diligências necessárias à instrução de processo penal. (...) Art. 783. As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por via diplomática, às autoridades estrangeiras competentes”. 33 CF/88, art. 4º: “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: (...) IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados”.

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acrescentado)34. “(...) a execução da medida, por depender de providências a serem tomadas em outro país, dependerá da aquiescência do Estado estrangeiro, que a realizará ou não a depender da observância das normas internas e de direito internacional a que se sujeita (...)” (negrito acrescentado)35.

31. Do princípio da territorialidade se extrai a conclusão de que uma

ordem proferida nos EUA não pode autorizar, sem consentimento do Brasil, a quebra do

sigilo de dados aqui localizados. Veja-se que essa constatação não seria afastada na

hipótese de a empresa brasileira ser controlada ou mesmo controladora de outra empresa

situada nos EUA. Além de se cuidar de pessoas jurídicas distintas36, a eventual

existência de relações societárias jamais autorizaria a empresa nacional a ignorar a

exigência de sigilo imposta pela Constituição brasileira, dispondo da informação sem a

autorização das autoridades nacionais. Nada disso é controverso.

32. Por isso mesmo, a recíproca é verdadeira: a Google Inc.,

situada nos EUA, não pode transmitir à Google Brasil dados protegidos por sigilo no

seu pais de origem. A decisão judicial brasileira, para produzir esse efeito, precisa ser

chancelada pelo órgão americano competente. O contrário seria admitir que uma

decisão desse Eg. STJ produzisse efeitos diretos nos Estados Unidos, contornando a

exigência de homologação e a própria soberania estrangeira. Na tentativa de afastar essa

conclusão, a eminente Ministra Laurita Vaz afirma que as provas em questão seriam

brasileiras e que estariam armazenadas no exterior por meras questões estratégico-

empresarias. Com a devida vênia, o argumento não procede por duas razões.

34 STJ, DJ 16 dez. 2009, Rcl 2.645/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki. 35 STJ, DJ 19 dez. 2011, HC 147.375/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi. 36 Esse ponto não é controverso na jurisprudência desse Eg. STJ, que reconhece a autonomia de empresas distintas para o fim de identificação dos seus deveres legais, ainda quando façam parte de um mesmo grupo econômico. Nesse sentido, a título de exemplo, v. STJ, DJ 04 jun.2007, REsp 782810/MA, Rel. Min. Ari Pargendler: “Ainda que a sociedade comercial seja controlada por outra, as obrigações que assume são dela, e não da sociedade controladora, esta ilegitimada, conseqüentemente, para responder à demanda que deveria ter sido ajuizada contra aquela. Recurso especial conhecido e provido” (Negrito acrescentado”; e STJ, DJ 31 ago. 2009, REsp 948.976/PE, Rel. Ministro Castro Meira: “ (...) 4. Embora a fábrica e a administradora de consórcio pertençam ao mesmo conglomerado econômico, possuem personalidades distintas, não sendo possível confundir suas atividades e responsabilidades, exceto mediante processo regular para a desconsideração da personalidade jurídica, o que não é a hipótese dos autos. (...)”.

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33. Em primeiro lugar, a localização dos dados não decorre de

qualquer tipo de subterfúgio da Google Brasil. Como referido, o Gmail é um serviço

prestado de forma direta e global pela Google Inc., sem qualquer participação da

Google Brasil. Tanto assim que o serviço está disponível em todo o mundo,

inclusive em países onde a Google Inc. não tenha qualquer subsidiária. Essa é uma

realidade decorrente da internet, que permite a prestação de serviços remotos, sem

qualquer base física. É inevitável, porém, que os servidores sejam localizados

fisicamente em lugares determinados (e não em cada país onde o serviço é oferecido).

No caso em tela, os dados não estão no Brasil e são operados pela Google Inc., sujeita à

legislação americana e, por isso mesmo, proibida de revelar o conteúdo de

comunicações, salvo nas exceções legais. De resto, note-se que o regramento não é

diferente do aplicável às empresas brasileiras de telecomunicações37.

34. Em segundo lugar, o princípio da territorialidade não é afastado

pela suposta e eventual nacionalidade das provas que se deseja obter. Vale dizer: o

fato de as pessoas envolvidas na troca de e-mails serem brasileiras não muda o fato

de que os dados estão em outro país, cuja legislação protege o seu sigilo. Da mesma

forma em que é necessário requerer a extradição de um brasileiro que se encontre em

Estado estrangeiro, ainda que ele seja acusado de ter cometido crime no Brasil, contra

outro brasileiro. Os exemplos seriam muitos e é possível citar outro, ainda mais

próximo: exige-se a expedição de carta rogatória para se obter uma carta pessoal que

tenha sido levada ao exterior após haver sido remetida e recebida no Brasil, por

brasileiros. O determinante, portanto, não é a eventual conexão dos dados

requisitados com o Brasil, e sim o fato de eles se encontrarem em um Estado

estrangeiro e em poder de empresa sujeita à jurisdição de outro país.

35. Nesses termos, a pretensão de pressionar a Google Inc. para que

entregue material em seu poder viola o princípio da territorialidade e a própria soberania

dos Estados Unidos. A violação é agravada pelo fato de se tratar de material sigiloso nos

termos da legislação norte-americana e pelo entendimento expresso das autoridades

37 Lei n° 9.296/96, art. 10: “Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa”.

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locais quanto à impossibilidade da transferência direta.

c) Violação ao tratado celebrado entre Brasil e Estados Unidos – devidamente

internalizado na ordem jurídica brasileira –, bem como ao art. 97 da Constituição e à

Súmula Vinculante n° 10

36. O ato impugnado afasta indevidamente a aplicação de tratado

internacional vigente no país, sem sequer indicar as razões pelas quais a sua aplicação

seria inválida. Trata-se do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o

Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da

América (MLAT), aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo

n° 262/2000 e promulgado pelo Decreto Presidencial n° 3.810/2001 (Doc. n° 05).

37. Veja-se que o tratado é claro quanto à sua ampla abrangência,

admitindo, além das modalidades expressamente previstas, “qualquer outra forma de

assistência não proibida pelas leis do Estado Requerido”38. Nessa linha, esse Eg. STJ

já destacou que “não há limitação ao alcance da assistência mútua a ser prestada”

nos termos do referido Tratado39. Este se aplica, portanto, à requisição de dados

protegidos por sigilo telemático, dispensando a carta rogatória, nos termos do art. 780

do CPP40. Como referido, as autoridades americanas já manifestaram seu

entendimento expresso de que as comunicações de e-mail estão sujeitas a esse

procedimento41, sendo essa também a orientação do Ministério da Justiça

38 Veja-se essa e algumas outras disposições semelhantes do Tratado em questões. Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América, art. 1°: “1. As Partes se obrigam a prestar assistência mútua, nos termos do presente Acordo, em matéria de investigação, inquérito, ação penal, prevenção de crimes e processos relacionados a delitos de natureza criminal. 2. A assistência incluirá: (…) b) fornecimento de documentos, registros e bens; d) entrega de documentos; (…) f) execução de pedidos de busca e apreensão; (…) h) qualquer outra forma de assistência não proibida pelas leis do Estado Requerido” (Negrito acrescentado). 39 STJ, DJ 19 dez. 2011, HC 147.375/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi. 40 CPP, art. 780: “Sem prejuízo de convenções ou tratados, aplicar-se-á o disposto neste Título à homologação de sentenças penais estrangeiras e à expedição e ao cumprimento de cartas rogatórias para citações, inquirições e outras diligências necessárias à instrução de processo penal.”. 41 V. correspondência transcrita acima, remetida pelo Departamento de Justiça Norte-Americano (U.S. Departament of Justice), por meio da Secretaria de Relações Internacionais (Office of International Affairs).

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brasileiro.

38. Para que não reste qualquer dúvida, vale registrar que esse Eg.

STJ já teve a oportunidade de destacar a necessidade de cumprimento do Acordo de

Cooperação, em termos enfáticos:

“2. O entendimento atual é o de que os acordos bilaterais, tal como o ora questionado, são preferíveis às cartas rogatórias, uma vez que visam a eliminar a via diplomática como meio de cooperação entre os países, possibilitando o auxílio direto e a agilização das medidas requeridas. 3. Como se sabe, o ordenamento jurídico deve ser interpretado de forma sistêmica, não se podendo excluir, notadamente em se tratando de direito internacional, outros diplomas legais necessários à correta compreensão e interpretação dos temas postos em discussão, mostrando-se, assim, totalmente incabível e despropositado, ignorar-se a existência de Acordo de Assistência Judiciária celebrado entre o Brasil e os Estados Unidos da América, regularmente introduzido no direito pátrio mediante o Decreto 3.810/2001, e que permite a obtenção de diligências diretamente por meio das Autoridades Centrais designadas” (negrito acrescentado)42.

39. A existência de um Tratado aplicável à hipótese reforça a

constatação de ofensa à soberania do Estado estrangeiro, desconsiderando os esforços

conjuntos de cooperação diplomática instituídos pelos canais competentes. A medida

segue na contramão do momento atual, caracterizado pela valorização da ordem

internacional e pela tentativa brasileira de se afirmar como um ator relevante no seu

contexto. Nesse particular, o Eg. STF já se manifestou sobre a importância de

cumprimento dos tratados mesmo em situações-limite, inclusive pelo risco de que os

Estados estrangeiros também passem a desconsiderar os termos do acordo com base no

princípio da reciprocidade:

“Ao mesmo tempo, evidencia-se a ocorrência de dano inverso, na medida em que o impetrante demonstra a alta possibilidade de efeito negativo e multiplicador da manutenção da decisão impugnada em relação aos demais cidadãos brasileiros que se valem do Tratado para reivindicar a assistência jurídica internacional – que poderá ser negada por outros países, dada a

42 STJ, DJ 19 dez. 2011, HC 147.375/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi.

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relevância do princípio da reciprocidade como vetor interpretativo central nesses casos“43.

40. De forma sintomática, o ato impugnado sequer declina as razões

pelas quais se optou por afastar a incidência do Tratado, tentando passar ao largo dessa

dificuldade. E isso apesar de o ponto haver sido suscitado na Sessão de Julgamento por

pelo menos dois julgadores – os Ministros Ari Pargendler e Sidnei Beneti. Nessas

condições, houve também violação ao art. 97 da Constituição44 e à Súmula Vinculante

n° 10, editada pelo Supremo Tribunal Federal não apenas para impedir a declaração de

inconstitucionalidade por órgão fracionário, mas sobretudo para colocar fim à prática de

se negar aplicação a atos normativos sem que seja declarada a sua invalidade45. A

presunção de constitucionalidade desses atos exige que estes sejam cumpridos ou que o

seu afastamento seja devidamente motivado, declarando-se a inconstitucionalidade da

sua incidência.

41. Por todo o exposto, conclui-se que o ato impugnado

desconsiderou Tratado vigente entre Brasil e Estados Unidos, sem qualquer motivação

específica. Como mencionado inicialmente, esse canal diplomático funciona de forma

efetiva e já foi utilizado com êxito em diversas oportunidades. A possível gravidade do

Inquérito n° 784 não autoriza que se ignore a existência do Tratado, assim como

não se poderia determinar a realização de busca e apreensão no exterior, por mais

urgente que fosse a medida. Quanto à urgência, aliás, vale reiterar que a legislação

americana contempla um procedimento especial para casos emergenciais, nos quais haja

risco de perda de vida ou de graves danos físicos a alguém.

42. Sendo esse o caso, é possível abreviar as formalidades já

reduzidas do Tratado. No presente caso, essa possibilidade foi oficialmente oferecido às

autoridades da Polícia Federal responsáveis pelo Inquérito, mas a sua utilização foi 43 STF, MC em MS 28.525/DF, Decisão Monocrática do então Presidente, Ministro Gilmar Mendes, de 22 de dezembro de 2009. 44 CF/88, art. 97: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. 45 Súmula Vinculante nº 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. (Negrito acrescentado).

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recusada justamente pelo fato de estes agentes haverem reconhecido que os crimes

investigados NÃO envolvem ameaça à vida. Mais uma razão, portanto, para que se

utilize a via do Tratado para obter acesso às evidências, devidamente preservadas pela

Google Inc. Isso reforça a falta de fundamento válido para a imposição de medidas

coercitivas graves contra a impetrante – que não pode cumprir a ordem –, o que torna

ainda mais clara a violação ao princípio da proporcionalidade.

d) Violação ao princípio da separação dos Poderes (CF/88, art. 2°)

43. Por fim, a desconsideração do Tratado Internacional vigente

importa também violação ao princípio da separação dos Poderes, bem como às regras

mais específicas que preveem a competência constitucional do Presidente da República

e do Congresso Nacional para decidirem sobre tratados (CF/88, arts. 49, I, e 84, VIII).

Embora não seja complexo, o ponto justifica um comentário adicional.

44. Não se questiona o fato de que esse Eg. Superior Tribunal de

Justiça pode oferecer contribuições relevantes ao desenho institucional brasileiro,

notadamente no que diz respeito a matérias que afetem a prestação jurisdicional. Isso

inclui, naturalmente, o tema da cooperação judiciária internacional, cada vez mais

relevante no mundo globalizado. Coisa diversa, porém, seria admitir que essa Eg Corte

ou qualquer outro tribunal estariam habilitados a redefinir ou ignorar os mecanismos de

cooperação existentes, sobrepondo a sua preferência política aos tratados celebrados.

Tampouco é admissível que a urgência de determinado processo se converta em

pretexto para desconsiderar as regras vigentes, trocadas por soluções casuísticas.

45. Ao contrário, por maior que seja a urgência, os tribunais nacionais

não podem impor sua vontade a Estados estrangeiros e tampouco dispõem de

competência para negociar diretamente tratados de cooperação. Devem respeito,

portanto, aos procedimentos instituídos pela República Federativa do Brasil no

exercício da sua soberania e em correlação com outros Estados soberanos. Essas

considerações foram atropeladas por essa Eg. Corte Especial, que resolveu impor a

ordem impugnada a qualquer custo. O resultado a que se chegou é pouco animador:

além de determinar providência impossível, o ato coator viola as competências

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constitucionais do Poder Executivo e do Poder Legislativo. E ainda sujeita o Brasil

a ser acusado de descumprir tratado internacional.

46. Por todos os fundamentos expostos, deve ser concedida a

segurança para o fim de se reconhecer que a Google Brasil não está obrigada a cumprir

ordem física e juridicamente impossível, afastando-se a multa cominada. Nem mesmo a

Google Inc. poderia atender diretamente à exigência constante do ato impugnado, na

linha de manifestações expressas das autoridades do seu próprio país. O meio adequado

para viabilizar essa troca de informações é o procedimento instituído pelo Acordo de

Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do

Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América. Repita-se que o Tratado já foi

aplicado diversas vezes em investigações conduzidas no Brasil, com sucesso. Para

esse fim, a impetrante reitera seu compromisso de auxiliar essa Eg. Corte e as demais

autoridades brasileiras em tudo que estiver ao seu alcance.

IV. DOS PEDIDOS

IV.1. PEDIDO LIMINAR

47. A concessão de medidas liminares é prevista expressamente no

art. 7º, III, da Lei nº 12.016/200946. Como se sabe, o deferimento do pedido depende da

satisfação de dois requisitos: o fumus boni iuris e o periculum in mora. Ambos estão

presentes no caso.

48. Mais do que a fumaça do bom direito, as razões acima

desenvolvidas demonstram claramente a procedência das alegações da impetrante. A

ordem impugnada é de impossível cumprimento, seja do ponto de vista material, seja

sob a perspectiva do direito aplicável. Ninguém pode ser compelido a fornecer

informações sigilosas que não possui. Nesse ponto, é manifestamente inválida a

46 Lei nº 12.016/2009, art. 7º: “Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) III – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica”. Os efeitos dessa decisão são disciplinados no § 3º do mesmo artigo: “Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença”.

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imposição de multa diária com o objetivo declarado de pressionar terceiros.

Caracterizada a impossibilidade de o próprio terceiro cumprir, a multa perde até mesmo

a sua racionalidade, convertendo-se em mero ato de força.

49. Igualmente manifesto é o periculum in mora, tendo em vista

que o ato coator cominou multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por cada dia

em que a impetrante deixar de atender à ordem. Como é impossível o cumprimento

dessa determinação, a fixação de astreintes perde totalmente a sua razão de ser: os

dados não poderão ser fornecidos a despeito do crescimento vertiginoso do suposto

valor devido. Em poucos dias, a multa assumiria valores inteiramente irreais,

confirmando a impossibilidade de cumprimento e expondo a jurisdição a uma

situação de desprestígio. Note-se, quanto ao ponto, que não há qualquer periculum

reverso, já que os dados requeridos foram preservados pela Google Inc. e não há risco

de que pereçam em decorrência de concessão da liminar pleiteada.

50. Dessa forma, a impetrante pede e espera que V. Exa. conceda a

liminar pleiteada, inaudita altera pars, a fim de suspender os efeitos dos Ofícios n°

001735/2013-CESP e n° 001736/2013-CESP até o julgamento definitivo do writ, nos

termos do art. 7º, III, § 3º, da Lei nº 12.016/2009, e do art. 213, § 1º, do RISTJ47.

IV.2. PEDIDOS E REQUERIMENTOS DEFINITIVOS

51. Nos termos do art. 7º, I e II, da Lei nº 12.016/2009, a impetrante

pede que seja a autoridade coatora notificada para que preste informações no prazo de

10 (dez) dias, dando-se igualmente ciência à Advocacia-Geral da União e ao Ministério

Público Federal para que se manifestem se acharem devido. No mérito, a impetrante

pede e espera que, confirmando-se a liminar, seja concedida a ordem em definitivo

para o fim de se afastar o dever imposto pelos Ofícios acima identificados e,

consequentemente, as astreintes fixadas.

47 RISTJ, art. 213, § 1º: “Se o relator entender relevante o fundamento do pedido, e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso deferida, ordenará a respectiva suspensão liminar até o julgamento”.

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26

52. Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nos termos

do art. 258, parte final, do Código de Processo Civil.

Nesses termos, pede deferimento.

Brasília, 1° de maio de 2013.

THIAGO MAGALHÃES PIRES

Adv. Insc. OAB/RJ nº 156.052 EDUARDO MENDONÇA

Adv. Insc. OAB/RJ nº 130.532

LUÍS ROBERTO BARROSO

Adv. Insc. OAB/RJ nº 37.769

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SUBSTABELECIMENTO Substabeleço, com reserva, nas pessoas de LUÍS ROBERTO BARROSO, EDUARDO BASTOS FURTADO DE MENDONÇA, RAFAEL BARROSO FONTELLES, RENATA SARAIVA VERANO e MARIA LEMUS PEREIRA, brasileiros, advogados, os quatro primeiros casados e a última solteira, os três primeiros inscritos na OAB/RJ, respectivamente sob os n. 37.769, 130.532 e 119.910, e as duas últimas na OAB/DF, respectivamente, sob os n. 14.254 e 37074, todos membros do Escritório de Advocacia Luís Roberto Barroso & Associados, com endereço no SHIS QL 12, conjunto 05, casa 03, Lago Sul, Brasília-DF, os poderes que me foram conferidos por GOOGLE BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima nº 3.477, 18º andar, Itaim Bibi, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 06.990.590/0001-23, inerentes à cláusula ad judicia et extra, bem como os necessários para transigir, desistir, firmar compromissos, substabelecer, com ou sem reserva, em conjunto ou separadamente, e tudo o mais que se fizer necessário para a representação da outorgante em mandado de segurança a ser impetrado, perante o Superior Tribunal de Justiça, tendo como ato coator o Ofício n° 001735/2013-CESP, expedido por aquela mesma Corte no âmbito do Inquérito n° 784.

Brasília, 1° de maio de 2013.

Fabiana Regina Siviero

Google Brasil Internet Ltda.

OAB/SP 147.715

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U.S. Department of Justice

Criminal DivisionOffce of International Affairs

Washington, D.C. 20530

November 23,2011

Ricardo Saadi

Director, Department of Assets Recovery & International Legal CooperationNational Secretariat of Justice/ Ministry of JusticeSCN Qd. 6, BL. AEd. Venancio70716-900 Brasilia D.F.

Re: Google Brasil Internet Ltd.; Processo No. RMS 35571/SP

Dear Mr. Saadi:

The Central Authority of the United States wishes to take this opportnity to thank theCentral Authority of Brazil for its long-standing cooperation in implementing the terms of theTreaty With Brazil on Mutual Legal Assistance in Criminal Matters ("Treaty"), which enteredinto force on February 21, 2001. The Treaty has permitted both countries to effectively combatcriminal activity, particularly with respect to crimes committed through the Internet. It is in thespirit of furthering this cooperation that the United States wishes to express its concern over aninterpretation of the Treaty being pursued by the Federal Ministry of Public Prosecution in theabove-referenced matter, a position that contravenes both the spirit and the letter of the Treaty.

On October is, 2011, the Federal Ministry of Public Prosecution asked the Court tocompel Google Brasil Internet Ltd. (Google Brasil), a company located and doing business inBrasil, to provide stored information related to email accounts held by GoogleInc., a U.S.company that operates in the United States. Google Brasil and Google Inc. are two legallydistinct corporations that do not share or possess a common data base. As such, requests forelectronic information in the possession of Google Inc. are requests for information that islocated in the United States. The ordinary practice for seeking such information, then, would bethrough a a mutual legal assistance request (MLAT) to the United States pursuant to the Treaty.

We understand that the Public Prosecutor's offce has taken the position in this case thatthe scope of the Treaty does not extend to requests for stored digital evidence held by electroniccommunication providers such as Google Inc. This interpretation is contrary to the provisions ofArticle I of the Treaty, which provides, in pertinent part, that "(tJhe parties shall provide mutualassistance...in connection with the investigation, prosecution, and prevention of offenses, and inproceedings related to criminal matters." Nothing in the Treaty limits or excludes requests forelectronic evidence. Indeed, as you know, requests to the United States for electroniccommunications are common in our practice under the MLAT. In the last year alone, Brazil has

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sent approximately 13 such requests, several of which were granted and many of which arecurrently pending execution by electronic communications providers located in the UnitedStates.

The United States recognizes Brazil's interest in combating criminality within its bordersand joins in the effort. Thus, I ask that you convey the points expressed in this letter to theappropriate legal and judicial authorities in Brazil so that we may continue to adhere to the clearterms of the Treaty.

Thank you for your continued cooperation and assistance.

Sincerely,

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Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 3.810, DE 2 DE MAIO DE 2001.

Promulga o Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América, celebrado em Brasília, em 14 de outubro de 1997, corrigido em sua versão em português, por troca de Notas, em 15 de fevereiro de 2001.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição,

Considerando que o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América celebraram, em Brasília, em 14 de outubro de 1997, um Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal;

Considerando que o Congresso Nacional aprovou esse Acordo por meio do Decreto Legislativo no 262, de 18 de dezembro de 2000;

Considerando que o texto em português do Acordo foi corrigido, por troca de Notas, em 15 de fevereiro de 2001, para adequar-se ao disposto no art. 1o do mencionado Decreto Legislativo;

Considerando que o Acordo entrou em vigor em 21 de fevereiro de 2001, nos termos do parágrafo 2, de seu artigo 20,

DECRETA:

Art. 1o O Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América, celebrado em Brasília, em 14 de outubro de 1997, e corrigido por troca de Notas em 15 de fevereiro de 2001, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém.

Art. 2o São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de maio de 2001; 180o da Independência e 113o da República.

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FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Celso Lafer

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. 3.5.2001

Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da República Federativa do Brasil

e o Governo dos Estados Unidos da América

O Governo da República Federativa do Brasil e O Governo dos Estados Unidos da América,

Desejosos de facilitar a execução das tarefas das autoridades responsáveis pelo cumprimento da lei de ambos os países, na investigação, inquérito, ação penal e prevenção do crime por meio de cooperação e assistência judiciária mútua em matéria penal,

Acordam o seguinte:

Artigo I

Alcance da Assistência

1. As Partes se obrigam a prestar assistência mútua, nos termos do presente Acordo, em matéria de investigação, inquérito, ação penal, prevenção de crimes e processos relacionados a delitos de natureza criminal.

2. A assistência incluirá:

a) tomada de depoimentos ou declarações de pessoas;

b) fornecimento de documentos, registros e bens;

c) localização ou identificação de pessoas (físicas ou jurídicas) ou bens;

d) entrega de documentos;

e) transferência de pessoas sob custódia para prestar depoimento ou outros fins;

f) execução de pedidos de busca e apreensão;

g) assistência em procedimentos relacionados a imobilização e confisco de bens, restituição, cobrança de multas; e

h) qualquer outra forma de assistência não proibida pelas leis do Estado Requerido.

3. A assistência será prestada ainda que o fato sujeito a investigação, inquérito ou ação penal não seja punível na legislação de ambos os Estados.

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4. As Partes reconhecem a especial importância de combater graves atividades criminais, incluindo lavagem de dinheiro e tráfico ilícito de armas de fogo, munições e explosivos. Sem limitar o alcance da assistência prevista neste Artigo, as Partes devem prestar assistência mútua sobre essas atividades, nos termos deste Acordo.

5. O presente Acordo destina-se tão-somente à assistência judiciária mútua entre as Partes. Seus dispositivos não darão direito a qualquer indivíduo de obter, suprimir ou excluir qualquer prova ou impedir que uma solicitação seja atendida.

Artigo II

Autoridades Centrais

1. Cada Parte designará uma Autoridade Central para enviar e receber solicitações em observância ao presente Acordo.

2. Para a República Federativa do Brasil, a Autoridade Central será o Ministério da Justiça. No caso dos Estados Unidos da América, a Autoridade Central será o Procurador-Geral ou pessoa por ele designada

3. As Autoridades Centrais se comunicarão diretamente para as finalidades estipuladas neste Acordo.

Artigo III

Restrições à Assistência

1. A Autoridade Central do Estado Requerido poderá negar assistência se:

a) a solicitação referir-se a delito previsto na legislação militar, sem contudo constituir crime comum;

b) o atendimento à solicitação prejudicar a segurança ou interesses essenciais semelhantes do Estado Requerido; ou

c) a solicitação não for feita de conformidade com o Acordo.

2. Antes de negar a assistência com base no disposto neste Artigo, a Autoridade Central do Estado Requerido deverá consultar a Autoridade Central do Estado Requerente para avaliar se a assistência pode ser prestada sob as condições consideradas necessárias. Caso o Estado Requerente aceite essa assistência condicionada, tais condições deverão ser respeitadas.

3. Caso a Autoridade Central do Estado Requerido negue a assistência, deverá informar a Autoridade Central do Estado Requerente das razões dessa denegação.

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Artigo IV

Forma e Conteúdo das Solicitações

1. A solicitação de assistência deverá ser feita por escrito, a menos que a Autoridade Central do Estado Requerido acate solicitação sob outra forma, em situações de urgência. Nesse caso, se a solicitação não tiver sido feita por escrito, deverá ser a mesma confirmada, por escrito, no prazo de trinta dias, a menos que a Autoridade Central do Estado Requerido concorde que seja feita de outra forma. A solicitação será redigida no idioma do Estado Requerido, caso não haja disposição em contrário.

2. A solicitação deverá conter as seguintes informações:

a) o nome da autoridade que conduz a investigação, o inquérito, a ação penal ou o procedimento relacionado com a solicitação;

b) descrição da matéria e da natureza da investigação, do inquérito, da ação penal ou do procedimento, incluindo, até onde for possível determiná-lo, o delito específico em questão;

c) descrição da prova, informações ou outra assistência pretendida; e

d) declaração da finalidade para a qual a prova, as informações ou outra assistência são necessárias.

3. Quando necessário e possível, a solicitação deverá também conter:

a) informação sobre a identidade e a localização de qualquer pessoa (física ou jurídica) de quem se busca uma prova;

b) informação sobre a identidade e a localização de uma pessoa (física ou jurídica) a ser intimada, o seu envolvimento com o processo e a forma de intimação cabível;

c) informação sobre a identidade e a localização de uma pessoa (física ou jurídica) a ser encontrada;

d) descrição precisa do local ou pessoa a serem revistados e dos bens a serem apreendidos;

e) descrição da forma sob a qual qualquer depoimento ou declaração deva ser tomado e registrado;

f) lista das perguntas a serem feitas à testemunha;

g) descrição de qualquer procedimento especial a ser seguido no cumprimento da solicitação;

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h) informações quanto à ajuda de custo e ao ressarcimento de despesas a que a pessoa tem direito quando convocada a comparecer perante o Estado Requerente; e

i) qualquer outra informação que possa ser levada ao conhecimento do Estado Requerido, para facilitar o cumprimento da solicitação.

Artigo V

Cumprimento das Solicitações

1. A Autoridade Central do Estado Requerido atenderá imediatamente à solicitação ou a transmitirá, quando oportuno, à autoridade que tenha jurisdição para fazê-lo. As autoridades competentes do Estado Requerido envidarão todos os esforços no sentido de atender à solicitação. A justiça do Estado Requerido deverá emitir intimações, mandados de busca e apreensão ou outras ordens necessárias ao cumprimento da solicitação.

2. A Autoridade Central do Estado Requerido providenciará tudo o que for necessário e arcará com as despesas de representação do Estado Requerente no Estado Requerido, em quaisquer procedimentos originados de uma solicitação de assistência, nos termos deste Acordo.

3. As solicitações serão executadas de acordo com as leis do Estado Requerido, a menos que os termos deste Acordo disponham de outra forma. O método de execução especificado na solicitação deverá, contudo, ser seguido, exceto no que tange às proibições previstas nas leis do Estado Requerido.

4. Caso a Autoridade Central do Estado Requerido conclua que o atendimento a uma solicitação interferirá no curso de uma investigação, inquérito, ação penal ou procedimento em curso naquele Estado, poderá determinar que se adie o atendimento àquela solicitação, ou optar por atendê-la sob as condições julgadas necessárias após consultas com a Autoridade Central do Estado Requerente. Caso o Estado Requerente aceite essa assistência condicionada, deverá respeitar as condições estipuladas.

5. Quando solicitado pela Autoridade Central do Estado Requerente, o Estado Requerido se empenhará ao máximo no sentido de manter o caráter confidencial da solicitação e de seu conteúdo. Se a solicitação não puder ser atendida sem a quebra dessa confidencialidade, a Autoridade Central do Estado Requerido disso informará a Autoridade Central do Estado Requerente, que então decidirá se ainda assim deve ou não ser executada a solicitação.

6. A Autoridade Central do Estado Requerido responderá a indagações razoáveis efetuadas pela Autoridade Central do Estado Requerente com relação ao andamento de uma assistência solicitada.

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7. A Autoridade Central do Estado Requerido deverá informar imediatamente a Autoridade Central do Estado Requerente sobre o resultado do atendimento à solicitação. Caso a solicitação seja negada, retardada ou adiada, a Autoridade Central do Estado Requerido informará a Autoridade Central do Estado Requerente das razões da denegação, do atraso ou do adiamento.

Artigo VI

Custos

O Estado Requerido arcará com todos os custos relacionados ao atendimento da solicitação, com exceção dos honorários devidos ao perito, as despesas de tradução, interpretação e transcrição, bem como ajudas de custo e despesas resultantes do transporte de pessoas, de acordo com os Artigos X e XI, caso em que custos, honorários, ajudas de custo e despesas caberão ao Estado Requerente.

Artigo VII

Restrições ao Uso

1. A Autoridade Central do Estado Requerido pode solicitar que o Estado Requerente deixe de usar qualquer informação ou prova obtida por força deste Acordo em investigação, inquérito, ação penal ou procedimentos outros que não aqueles descritos na solicitação, sem o prévio consentimento da Autoridade Central do Estado Requerido. Nesses casos, o Estado Requerente deverá respeitar as condições estabelecidas.

2. A Autoridade Central do Estado Requerido poderá requerer que as informações ou provas produzidas por força do presente Acordo sejam mantidas confidenciais ou usadas apenas sob os termos e condições por ela especificadas. Caso o Estado Requerente aceite as informações ou provas sujeitas a essas condições, ele deverá respeitar tais condições.

3. Nenhum dos dispositivos contidos neste Artigo constituirá impedimento ao uso ou ao fornecimento das informações na medida em que haja obrigação constitucional nesse sentido do Estado Requerente, no âmbito de uma ação penal. O Estado Requerente deve notificar previamente o Estado Requerido de qualquer proposta de fornecimento de tais informações.

4. Informações ou provas que tenham sido tornadas públicas no Estado Requerente, nos termos do parágrafo 1 ou 2, podem, daí por diante, ser usadas para qualquer fim.

Artigo VIII

Depoimento ou Produção de Prova no Estado Requerido

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1. Uma pessoa no Estado Requerido intimada a depor ou a apresentar prova, nos termos deste Acordo, será obrigada, quando necessário, a apresentar-se e testemunhar ou exibir documentos, registros e bens.

2. Mediante solicitação, a Autoridade Central do Estado Requerido antecipará informações sobre data e local da tomada de depoimento ou produção de prova, de acordo com o disposto neste Artigo.

3. O Estado Requerido permitirá a presença de pessoas indicadas na solicitação, no decorrer do atendimento à solicitação, e permitirá que essas pessoas apresentem perguntas a serem feitas à pessoa que dará o testemunho ou apresentará prova.

4. Caso a pessoa mencionada no parágrafo 1 alegue condição de imunidade, incapacidade ou privilégio prevista nas leis do Estado Requerente, o depoimento ou prova deverá, não obstante, ser tomado, e a alegação levada ao conhecimento da Autoridade Central do Estado Requerente, para decisão das autoridades daquele Estado.

5. As provas produzidas no Estado Requerido conforme o presente Artigo ou que estejam sujeitas a depoimento tomado de acordo com o presente Artigo podem ser autenticadas por meio de atestado, incluindo, no caso de registros comerciais, autenticação conforme o Formulário A anexo a este Acordo. Os documentos autenticados pelo Formulário A serão admissíveis como prova no Estado Requerente.

Artigo IX

Registros Oficiais

1. O Estado Requerido fornecerá ao Estado Requerente cópias dos registros oficiais disponíveis, incluindo documentos ou informações de qualquer natureza, que se encontrem de posse das autoridades do Estado Requerido.

2. O Estado Requerido pode fornecer, mesmo que não disponíveis ao público, cópias de quaisquer registros, incluindo documentos ou informações que estejam sob a guarda de autoridades naquele Estado, na mesma medida e nas mesmas condições em que estariam disponíveis às suas próprias autoridades policiais, judiciais ou do Ministério Público. O Estado Requerido pode, a seu critério, negar, no todo ou em parte, uma solicitação baseada neste parágrafo.

3. Os registros oficiais produzidos por força deste Artigo podem ser autenticados pelo funcionário responsável por meio do Formulário B anexo ao presente Acordo. Não será necessária qualquer outra autenticação. Os documentos autenticados conforme o disposto neste parágrafo serão admissíveis como prova no Estado Requerente.

Artigo X

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Depoimento no Estado Requerente

1. Quando o Estado Requerente solicita o comparecimento de uma pessoa naquele Estado, o Estado Requerido deverá convidar essa pessoa para comparecer perante a autoridade competente no Estado Requerente. O Estado Requerente determinará o montante das despesas a ser coberto. A Autoridade Central do Estado Requerido informará imediatamente a Autoridade Central do Estado Requerente da resposta da pessoa.

2. A Autoridade Central do Estado Requerente poderá, a seu critério, determinar que a pessoa convidada a comparecer perante o Estado Requerente, de acordo com o estabelecido neste Artigo, não estará sujeita a intimação, detenção ou qualquer restrição de liberdade pessoal, resultante de quaisquer atos ou condenações anteriores à sua partida do Estado Requerido. A Autoridade Central do Estado Requerente informará imediatamente à Autoridade Central do Estado Requerido se tal salvo-conduto deve ser estendido.

3. O salvo-conduto fornecido com base neste Artigo perderá a validade sete dias após a notificação, pela Autoridade Central do Estado Requerente à Autoridade Central do Estado Requerido, de que a presença da pessoa não é mais necessária, ou quando a pessoa, já tendo deixado o Estado Requerente, a ele retorne voluntariamente. A Autoridade Central do Estado Requerente poderá, a seu critério, prorrogar esse período por até quinze dias.

Artigo XI

Traslado de Pessoas sob Custódia

1. Uma pessoa sob custódia do Estado Requerido, cuja presença no Estado Requerente seja solicitada para fins de assistência, nos termos do presente Acordo, será trasladada do Estado Requerido ao Estado Requerente para aquele fim, caso a pessoa consinta, e se as Autoridades Centrais de ambos os Estados também concordarem.

2. Uma pessoa sob custódia do Estado Requerente, cuja presença no Estado Requerido seja solicitada para fins de assistência, nos termos do presente Acordo, poderá ser trasladada do Estado Requerente para o Estado Requerido, caso a pessoa consinta, e se as Autoridades Centrais de ambos os Estados também concordarem.

3. Para fins deste Artigo:

a) o Estado receptor terá competência e obrigação de manter a pessoa trasladada sob custódia, salvo autorização em contrário pelo Estado remetente;

b) o Estado receptor devolverá a pessoa trasladada à custódia do Estado remetente tão logo as circunstâncias assim o permitam, ou conforme

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entendimento contrário acordado entre as Autoridades Centrais de ambos os Estados;

c) o Estado receptor não requererá ao Estado remetente a abertura de processo de extradição para o regresso da pessoa trasladada; e

d) o tempo em que a pessoa for mantida sob custódia no Estado receptor será computado no cumprimento da sentença a ela imposta no Estado remetente.

Artigo XII

Localização ou Identificação de Pessoas ou Bens

O Estado Requerido se empenhará ao máximo no sentido de precisar a localização ou a identidade de pessoas (físicas ou jurídicas) ou bens discriminados na solicitação.

Artigo XIII

Entrega de Documentos

1. O Estado Requerido se empenhará ao máximo para providenciar a entrega de documentos relativos, no todo ou em parte, a qualquer solicitação de assistência pelo Estado Requerente, de conformidade com os dispositivos deste Acordo.

2. Qualquer documento solicitando o comparecimento de uma pessoa perante autoridade do Estado Requerente deverá ser emitido com a devida antecedência em relação à data prevista para o comparecimento.

3. O Estado Requerido deverá apresentar o comprovante da entrega dos documentos na forma especificada na solicitação.

Artigo XIV

Busca e Apreensão

1. O Estado Requerido executará o mandado de busca, apreensão e entrega de qualquer bem ao Estado Requerente, desde que o pedido contenha informação que justifique tal ação, segundo as leis do Estado Requerido.

2. Mediante requerimento, qualquer autoridade que tenha sob sua custódia bens apreendidos autenticará, por meio do Formulário C, anexo a este Acordo, a continuação da custódia, a identificação dos bens e a integridade desses. Nenhum outro tipo de autenticação será exigido. O Formulário C será admissível como prova no Estado Requerente.

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3. A Autoridade Central do Estado Requerido poderá requerer que o Estado Requerente aceite termos e condições julgados necessários à proteção de interesses de terceiros quando da transferência de um bem.

Artigo XV

Devolução de Bens

A Autoridade Central do Estado Requerido pode solicitar à Autoridade Central do Estado Requerente a devolução, com a urgência possível, de quaisquer documentos, registros ou bens, a ela entregues em decorrência do atendimento à solicitação objeto deste Acordo.

Artigo XVI

Assistência em Processos de Perda de Bens

1. Caso a Autoridade Central de uma das Partes tome conhecimento da existência de produtos ou instrumentos de crime localizados no território da outra Parte e passíveis de confisco ou apreensão sob as leis daquela Parte, poderá informar à Autoridade Central da outra Parte a respeito dessa circunstância. Se esta Parte tiver jurisdição sobre a matéria, poderá repassar essa informação às suas autoridades para que se avalie a providência mais adequada a tomar. Essas autoridades basearão sua decisão nas leis de seus respectivos países e incumbirão sua Autoridade Central de informar a outra Parte quanto à providência tomada.

2. As Partes prestarão assistência mútua na medida em que seja permitida pelas respectivas leis que regulam o procedimento para os casos de apreensão de produtos e instrumentos de crime, de restituição às vítimas do crime, e de cobrança de multas impostas por sentenças penais. Inclui-se entre as ações previstas neste parágrafo o congelamento temporário desses produtos ou instrumentos de crime, enquanto se aguarda julgamento de outro processo.

3. A Parte que tem custódia dos produtos ou instrumentos de crime deles disporá de acordo com sua lei. Qualquer Parte pode transferir esses bens, total ou parcialmente, ou o produto de sua venda para a outra Parte, de acordo com a lei da Parte que transferir e nos termos que julgar adequados.

Artigo XVII

Compatibilidade com Outros Acordos

Os termos de assistência e demais procedimentos contidos neste Acordo não constituirão impedimento a que uma Parte preste assistência à outra com base em dispositivos de outros acordos internacionais aplicáveis, ou de conformidade com suas leis nacionais. As Partes podem também prestar-se assistência nos termos de qualquer acordo, ajuste ou outra prática bilateral cabível.

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Artigo XVIII

Consultas

As Autoridades Centrais das Partes realizarão consultas, a intervalos de tempo acertados mutuamente, no sentido de promover o uso mais eficaz deste Acordo. As Autoridades Centrais podem também estabelecer acordo quanto a medidas práticas que se tornem necessárias com vistas a facilitar a implementação deste Acordo.

Artigo XIX

Aplicação

Este Acordo será aplicado a qualquer solicitação apresentada após a data de sua entrada em vigor, ainda que os atos ou omissões que constituam o delito tenham ocorrido antes daquela data.

Artigo XX

Ratificação, Vigência e Denúncia

1. O presente Acordo estará sujeito a ratificação e os seus instrumentos de ratificação serão trocados o mais brevemente possível.

2. O presente Acordo entrará em vigor na data da troca dos instrumentos de ratificação.

3. As Partes poderão modificar o presente Acordo por consentimento mútuo e tais emendas entrarão em vigor por meio da troca de notas, por escrito, entre as Partes, através dos canais diplomáticos, informando que as formalidades internas para sua entrada em vigor foram completadas.

4. Cada uma das Partes poderá denunciar este Acordo por meio de notificação, por escrito, através dos canais diplomáticos, à outra Parte. A denúncia produzirá efeito 6 (seis) meses da data da notificação.

Em fé do que, os abaixo-assinados, devidamente autorizados por seus respectivos Governos, assinaram o presente Acordo.

Feito em Brasília, em 14 de outubro de 1997, em dois exemplares originais, nos idiomas português e inglês, sendo ambos os textos igualmente autênticos.

Pelo Governo da República Pelo Governo dos Estados

Federativa do Brasil Unidos da América

Luiz Felipe Lampreia Madeleine Albright

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Ministro de Estado das Secretária de Estado

Relações Exteriores

Formulário A

(Referente ao Artigo VIII)

Certificado de Autenticidade de Registros Comerciais

Eu, _______________________________ (nome), atesto, sujeito às penas da lei por falso testemunho ou falsa perícia, ser empregado da ___________________ (nome da empresa da qual se requisitam os documentos) no cargo oficial de _______________________________________.

Declaro ainda que cada um dos documentos anexos é original ou cópia de documentos originais sob a custódia de __________________________ (nome da empresa da qual se requisitam os documentos).

Declaro, ainda, que:

a) tais registros foram feitos à época ou próximo à época em que ocorreram os fatos descritos por (ou originários da informação prestada por) alguém com conhecimento desses fatos;

b) esses registros foram mantidos no curso de uma atividade comercial regularmente exercida;

c) esses registros representam uma rotina imposta pelo exercício da atividade comercial; e

d) o registro em questão é original ou uma cópia do original.

_____________________________ ________________________ Assinatura Data

Juramentado ou afirmado perante mim. ___________________________________________

(nome), ____________________________ (Tabelião, Juiz, funcionário do Poder Judiciário, etc.), aos ______ dias do mês de ______________ de 19___.

Formulário B

(Referente ao Artigo IX)

Certificado de Autenticidade de Documentos Públicos Estrangeiros

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Eu, __________________________________(nome), atesto, sob as penas da lei por falso testemunho ou falsa perícia, que meu cargo no Governo do __________ (país) é __________________ (título oficial) e que, neste cargo, estou autorizado pela lei do __________________ (país) a atestar que os documentos anexos e abaixo descritos são legítimos e cópias autênticas dos registros oficiais originais, transcritos ou arquivados em ______________________ (nome do órgão governamental ou entidade pública), que é um órgão governamental ou entidade pública do ________________ (país).

Discriminação dos Documentos:

_____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________

_________________________________________ Assinatura

_________________________________________ Título

________________________________________ Data

Formulário C

(Referente ao Artigo XIV)

Certificado de Apreensão de Bens

Eu, __________________________________(nome), atesto, sob as penas da lei por falso testemunho ou falsa perícia, que o meu cargo no Governo do ____________________________ (país) é _________________________________________ (título oficial). Recebi os bens abaixo discriminados de __________________________ (nome da pessoa), em _______________________________ (data), em ____________________ (local), nas seguintes condições:

_____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Descrição do bem: ______________________________________________________________

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_______________________ _____________________________________________________________________________________ Alterações nas condições, enquanto sob minha custódia:

_____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Chancela Oficial

____________________________________ Assinatura

____________________________________ Título

____________________________________ Data

 

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Superior Tribunal de Justiça

Termo de Recebimento e Autuação

Recebidos os presentes autos, foram registrados e autuados no dia 02/05/2013

na forma abaixo:

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20116 (2013/0126022-3 Número Único: 0126022-95.2013.3.00.0000)

Origem : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Localidade : BRASILIA / DF

Nº. na Origem : 201201075060

Nºs. Conexos: :

Nº de Folhas : 0 Nº. de Volumes: 1 Nº de Apensos: 0

IMPETRANTE GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA

ADVOGADO LUIS ROBERTO BARROSO E OUTRO(S)

IMPETRADO CORTE ESPECIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Certifico que, no Cadastro de Feitos deste Tribunal, foi verificada a existência de

processos relacionados ao

Processos com UF, Partes e Números de Origem comuns: 1 Processo(s).

CERTIDÃO

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20116 (2013/0126022-3 Número Único: 0126022-95.2013.3.00.0000)

INQUÉRITO 784 (2012/0107506-0NU: 0107506-29.2012.3.00.0000)

Origem SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

Localidade : BRASILIA / DF

REQUERENTE J P

. JUSTIÇA PÚBLICA

REQUERIDO E A

. EM APURAÇÃO

Nº. na Origem :

Assunto: DIREITO PENAL

Distribuição em 30/05/2012Ministro Relator : LAURITA VAZ CORTE ESPECIAL

Ministro Relator para Acórdao :

Ministro Revisor :

Fase Atual

29/04/2013 Vista ao Ministério Público Federal

Quantidade de Outros Processos com a Parte:

GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA - CPF/CNPJ: 06.990.590/0001-23Outras partes com o mesmo nomeGOOGLE BRASIL INTERNET LTDAGOOGLE BRASIL INTERNET LTDAGOOGLE BRASIL INTERNET LTDAGOOGLE BRASIL INTERNET LTDA

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Superior Tribunal de JustiçaMANDADO DE SEGURANÇA Nº 20116 (2013/0126022-3 Número Único: 0126022-95.2013.3.00.0000)

Quantidade de Outros Processos com o Número de Origem:

201201075060 0

Processo = INQ784

Critérios Utilizados nesta Certidão:

COORDENADORIA DE PROCESSOS ORIGINÁRIOS

Brasília-DF, 02 de maio de 2013.

INSPECIONADO: Nome da Parte Ocorrência

MAT.

Fl. 202/05/2013 14:29:11

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Superior Tribunal de Justiça Fls.

MANDADO DE SEGURANÇA 20116 / DF (2013/0126022-3)

TERMO DE DISTRIBUIÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Distribuição

Em 02/05/2013 o presente feito foi classificado no assunto DIREITO PENAL e distribuído ao Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL.

Não concorreram o(s) Exmo(s). Sr(s). Ministros: LAURITA VAZ

Encaminhamento

Aos 02 de maio de 2013 , vão

estes autos com conclusão ao Ministro Relator.

Coordenadoria de Processos Originários

Recebido no Gabinete do Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA em _______/________/20_____.

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Superior Tribunal de Justiça AEL10

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20.116 - DF (2013/0126022-3)

RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMAIMPETRANTE : GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA ADVOGADO : LUIS ROBERTO BARROSO E OUTRO(S)IMPETRADO : CORTE ESPECIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DECISÃO

GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA impetrou este mandado de segurança "em face de ato da CORTE ESPECIAL DESSE EG. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, consubstanciado nos Ofícios nº 001735/2013-CESP e nº 001736/2013 - CESP (doc. nº 3), pela qual se determinou a impetrante que forneça o conteúdo de comunicações transmitidas pelo Gmail, no prazo de dez dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)".

Afirma a impetrante que "Os ofícios, de igual teor, foram expedidos no âmbito do Inquérito nº 784/DF e recebidos em 26 de abril de 2013. Com o respeito devido e merecido, o ato impugnado baseia-se em ERRO MATERIAL GRAVE, extraindo todas as suas conclusões de premissa fática objetivamente incorreta. Ao fazer isso, essa eg. Corte acabou por impor ordem teratológica - tanto sob a perspectiva processual quanto material - violando direito líquido e certo da impetrante a não ser compelida a praticar ato impossível. Há, portanto, risco iminente de dano expressivo e inevitável, justificando a utilização do mandado de segurança".

Arrola, como causas de pedir, vasta fundamentação, quais sejam: a) esclarecimentos de fato; b) a competência deste Tribunal (art. 105, I, b, da CF); c) o cabimento do writ; d) a nulidade do ato por violação aos arts. 5º, LIV e LV, 93, IX e X, ambos da CF; e) impossibilidade material e jurídica da obrigação imposta; e f) violação aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, territorialidade, ao tratado celebrado entre Brasil e Estados Unidos, aprovado pelo Congresso Nacional (Dec. Leg. nº 262/2000, promulgado pelo Decreto Presidencial 3.810/2001), e ao princípio da separação dos poderes (art. 2º da CF).

Formulou, ao final, requerimento de liminar, ante a coexistência dos dois requisitos que a justificam, fumus boni iuris e periculum in mora, suspendendo-se os efeitos dos Ofícios nº 001735/2013-CESP e 001736/2013-CESP, até o julgamento definitivo do writ, conforme art. 7º, III, § 3º, da Lei 12.016/2009 e 213, § 1º, do RISTJ, postulando, após regular trâmite, a concessão em definitivo da ordem.

Decido.Inicialmente, gize-se que o em. MINISTRO FELIX FISCHER, Presidente deste

eg. Tribunal e de sua Corte Especial, é a autoridade competente para executar e fazer executar as ordens e decisões de referido órgão judicante, conforme RI, art. 21, X, tanto que foi o subscritor, como de rotina, dos referidos ofícios. Aplicável, assim, o art. 6º, § 3º, da Lei 12.016/2009.

Não obstante existir jurisprudência no sentido do não cabimento de mandamus contra decisão da Corte Especial, especialmente quando no exercício jurisdicional, estritamente considerado, penso que a questão em foco encerra aspectos próprios que justificam, forte no art. 105, I, b, da CF, que se dê curso ao pleito, pois as razões de pedir são relevantes e reveladoras, em avaliação inicial, da aparência do bom direito.

Entretanto, não se vislumbra o perigo na demora, pois, se ao final, a segurança vier

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(e-STJ Fl.81)

Documento eletrônico VDA7482895 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006Signatário(a): MINISTRO Arnaldo Esteves Lima Assinado em: 03/05/2013 18:05:33Publicação no DJe/STJ nº 1281 de 08/05/2013. Código de Controle do Documento: 4AB6A02C-B82D-4725-89EB-9E51F6B769A5

Superior Tribunal de Justiça AEL10

a ser deferida, a mesma não será ineficaz. O eventual não cumprimento da ordem de quebra do sigilo telemático resultará na obrigação sucedânea de responder pela multa, no valor de R$ 50.000,00 por dia de atraso, hipótese susceptível, se for o caso, de plena reversão no caso de sucesso desta ação.

Logo, resta afastada a incidência do inciso III do art. 7º da Lei 12.016/2009 pela ausência do segundo requisito previsto em tal norma, não se justificando, pois, no contexto, a concessão de liminar.

Ante o exposto, indefiro o pedido liminar.Intimem-se.Solicitem-se informações à digna autoridade impetrada, Ministro FELIX

FISCHER. Dê-se ciência à Advocacia Geral da União e, a seguir, não havendo novo motivo

para conclusão, abra-se vista ao Ministério Público Federal.

Brasília (DF), 03 de maio de 2013.

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA Relator

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(e-STJ Fl.82)

Documento eletrônico VDA7482895 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006Signatário(a): MINISTRO Arnaldo Esteves Lima Assinado em: 03/05/2013 18:05:33Publicação no DJe/STJ nº 1281 de 08/05/2013. Código de Controle do Documento: 4AB6A02C-B82D-4725-89EB-9E51F6B769A5

Superior Tribunal de Justiça

MS 20116/DF

PUBLICAÇÃO

Certifico que foi disponibilizada no Diário da Justiça Eletrônico/STJ em 07/05/2013 a r. decisão de fls. 81 e considerada publicada na data abaixo mencionada, nos termos do artigo 4º, § 3º, da Lei 11.419/2006. Brasília, 08 de maio de 2013.

COORDENADORIA DA CORTE ESPECIAL*Assinado por CARLOS SEBASTIÃO DOS SANTOS

em 08 de maio de 2013 às 08:53:43

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006

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Superior Tribunal de JustiçaFls. ________

MS 20116/DF

CERTIDÃO

Certifico que, em cumprimento ao Mandado de Intimação nº.

000584-2013-CORDCE - Decisão/Vista , o(a) UNIÃO foi intimado(a) da

publicação do dia 08/05/2013 de fls. ___________, conforme Mandado

arquivado nesta Coordenadoria em 09/05/2013.

Brasília-DF, 9 de maio de 2013.

COORDENADORIA DA CORTE ESPECIAL*Assinado por OLIOMAR REZENDE DE CASTRO

em 09 de maio de 2013 às 09:34:07

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Superior Tribunal de Justiça

MS 20.116/DF

JUNTADA

Junto aos presentes autos a petição nº 147350/2013 - PETIÇÃO.

Brasília, 14 de maio de 2013.

__________________________________________STJ - COORDENADORIA DA CORTE ESPECIAL*Assinado por OLIOMAR REZENDE DE CASTRO

em 14 de maio de 2013 às 11:18:37

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006

(e-STJ Fl.85)STJ-Petição Digitalizada (PET) 00147350/2013 protocolada em 09/05/2013 às 18:16:33P

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(e-STJ Fl.86)STJ-Petição Digitalizada (PET) 00147350/2013 protocolada em 09/05/2013 às 18:16:33P

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Superior Tribunal de Justiça

MS 20.116/DF

CERTIDÃO

Certifico que decorreu o prazo legal sem apresentação de recurso (r. decisão de fls. 81/2).

Brasília, 14 de maio de 2013.

__________________________________________STJ - COORDENADORIA DA CORTE ESPECIAL*Assinado por OLIOMAR REZENDE DE CASTRO

em 14 de maio de 2013 às 11:29:52

* Assinado eletronicamente nos termos do Art. 1º § 2º inciso III alínea "b" da Lei 11.419/2006

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