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POLÍTICAS DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE: DA INTENÇÃO ÀS PRÁTICAS Dalila Andrade Oliveira Universidade Federal Minas Gerais i Resumo As políticas de formação docente na atualidade têm adquirido relevância em razão da necessidade de responder às exigências de titulação ao conjunto dos professores que atuam nas escolas de educação básica no país. Considerada um dos pilares da valorização docente, a formação inicial e continuada tem sido objeto de disputa de diferentes segmentos. Tais políticas sofrem influência da agenda educacional global e regional. O termo Desenvolvimento Profissional Docente (DPD) emerge como resposta ao nível das políticas públicas em educação e à crise do paradigma de organização burocrático-profissional dos docentes diante de novos modos de gestão dos sistemas educacionais que reclamam maior autonomia e melhores condições de profissionalização. O DPD surge em um contexto de acentuada fragmentação educativa e de flexibilização das relações laborais, produto dos processos recentes de mudanças econômicas e sociais em todo o mundo. Este texto busca refletir sobre os riscos de deslocamento entre as demandas de profissionalização para um modelo de DPD - que pressupõe novas formas de conceber e implementar políticas de formação em que os docentes deixem de ser tratados como objetos e assumam a condição de sujeitos ativos e centrais – em uma realidade em que tais docentes não contam com as condições objetivas e subjetivas mínimas esperadas para o pleno exercício da condição profissional. Para tal análise, serão utilizados dados de um survey (TDEBB- GESTRADO/UFMG) realizado entre 2009 e 2010, com 8.795 respondentes, em escolas públicas de educação básica de sete estados brasileiros. Espera-se observar em que medida as políticas de DPD, como tradução do imperativo da educação ao longo da vida, em um cenário heterogêneo e fragmentado, não seriam muito mais a expressão retórica da sociedade do conhecimento do que políticas efetivas no contexto escolar brasileiro. Palavras-chave: Formação docente. Políticas de Formação. Desenvolvimento Profissional Docente. Profissão docente. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.000033

Políticas de formação e Desenvolvimento Profissional ... · deslocamento entre as demandas de profissionalização para um modelo de DPD - que ... valorização docente, a formação

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POLÍTICAS DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

DOCENTE: DA INTENÇÃO ÀS PRÁTICAS

Dalila Andrade OliveiraUniversidade Federal Minas Geraisi

Resumo

As políticas de formação docente na atualidade têm adquirido relevância em razão da necessidade de responder às exigências de titulação ao conjunto dos professores que atuam nas escolas de educação básica no país. Considerada um dos pilares da valorização docente, a formação inicial e continuada tem sido objeto de disputa de diferentes segmentos. Tais políticas sofrem influência da agenda educacional global e regional. O termo Desenvolvimento Profissional Docente (DPD) emerge como resposta ao nível das políticas públicas em educação e à crise do paradigma de organização burocrático-profissional dos docentes diante de novos modos de gestão dos sistemas educacionais que reclamam maior autonomia e melhores condições de profissionalização. O DPD surge em um contexto de acentuada fragmentação educativa e de flexibilização das relações laborais, produto dos processos recentes de mudanças econômicas e sociais em todo o mundo. Este texto busca refletir sobre os riscos de deslocamento entre as demandas de profissionalização para um modelo de DPD - que pressupõe novas formas de conceber e implementar políticas de formação em que os docentes deixem de ser tratados como objetos e assumam a condição de sujeitos ativos e centrais – em uma realidade em que tais docentes não contam com as condições objetivas e subjetivas mínimas esperadas para o pleno exercício da condição profissional. Para tal análise, serão utilizados dados de um survey (TDEBB-GESTRADO/UFMG) realizado entre 2009 e 2010, com 8.795 respondentes, em escolas públicas de educação básica de sete estados brasileiros. Espera-se observar em que medida as políticas de DPD, como tradução do imperativo da educação ao longo da vida, em um cenário heterogêneo e fragmentado, não seriam muito mais a expressão retórica da sociedade do conhecimento do que políticas efetivas no contexto escolar brasileiro.

Palavras-chave: Formação docente. Políticas de Formação. Desenvolvimento Profissional Docente. Profissão docente.

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As políticas de formação e Desenvolvimento Profissional Docente (DPD) têm

merecido significativo destaque nas últimas duas décadas, em muitas partes do mundo.

Buscando articular a formação continuada às necessidades de profissionalização dos

docentes, tais políticas são apresentadas como requisito indispensável à melhoria da

educação no sentido de atender as demandas para a educação do Século XXI. As

políticas de DPD fundamentam-se no paradigma da sociedade do conhecimento em que

a educação ao longo da vida passa a ser um imperativo (Delors, 1998).

A preocupação em articular políticas de formação às condições de

profissionalização é resultante do acentuado peso que é dado à formação na definição e

certificação da profissão, observado em várias áreas, mas especialmente na educação.

O Relatório "Creating Effective Teaching and Learning Environments: First Results

from TALIS", publicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE) em 2009, traz um estudo comparativo das condições de trabalho e

do ambiente de ensino e aprendizagem em escolas de 23 países. O Relatório atribui

particular ênfase a questões como: até que ponto os professores se acham bem

sucedidos na forma como respondem aos desafios educacionais que enfrentam e até que

ponto existe nas salas de aula um bom comportamento e um ambiente propício à

aprendizagem, considerando o clima disciplinar da sala de aula? O estudo pretendeu

realizar uma análise da avaliação do desempenho dos professores nos países

pesquisados, concluindo que a formação profissional contínua dos professores é fator

decisivo na melhoria das condições de ensino.

Estudo anterior publicado também pela OCDE - Relatório Talis, em 2005,

intitulado: “O papel crucial dos professores: atrair, formar e reter os professores de

qualidade”- tem influenciado enormemente políticas nacionais que vinculam a formação

continuada ao desempenho profissional dos docentes. Os citados estudos, ambos

publicados pela OCDE, expressam a preocupação de atrair, capacitar e conservar os

professores eficientes traduzindo bem o que no mundo vem sendo difundido, sobretudo

pelos Organismos Internacionais, como DPD.

O tema da formação e das políticas de DPD foi sendo trazido para a agenda

global e regional nos últimos anos por força e influência de organismos internacionais,

com especial destaque para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização dos Estados Ibero-americanos para a

Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e a OCDE (Feldfeber, 2010). Esses organismos

têm conseguido difundir uma noção de DPD como orientação para as políticas de

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formação docente em diferentes contextos nacionais. No caso brasileiro, tal política

adquire certa especificidade.

Apesar de a retórica da sociedade do conhecimento ter estado presente em

grande medida nos discursos expressos nos documentos e políticas educativas oficiais

no Brasil, tanto no governo de Fernando Henrique Cardoso quanto de Luiz Inácio Lula

da Silva, curiosamente esses discursos não adotaram o DPD como um conceito que

traduzisse suas proposições no que se refere à formação e profissão docente. O termo

DPD é pouco (ou quase nunca) mencionado nos documentos legais que se referem às

políticas de formação e carreira docente, apesar de, em muitos casos, convergirem na

direção que apontam as tendências internacionais.

As políticas de formação docente no Brasil têm adquirido relevância em razão

da necessidade de responder às exigências de titulação ao conjunto dos professores que

atuam nos estabelecimentos de educação básica no país. Considerada um dos pilares da

valorização docente, a formação inicial e continuada tem sido objeto de disputa de

diferentes segmentos sociais que atuam no campo educacional. Contudo, tais políticas

têm tomado contornos bastante específicos envolvendo a profissionalização dos

docentes que atuam na educação básica pública, sendo compreendida como uma das

exigências para a valorização docente, somadas à remuneração e às condições de

trabalho e carreira.

Segundo dados do Censo Escolar de 2011, o Brasil conta com cerca de dois

milhões de professores que atuam na rede pública e privada de educação no território

nacional, dos quais, aproximadamente, 82% atuam na rede pública de ensino. De acordo

com o mesmo censo, o contingente de alunos matriculados na educação básica,

compreendendo suas três etapas – educação infantil, ensino fundamental e ensino médio

e suas modalidades, é de 50.972.619, sendo que cerca de 87% destes estão na rede

pública. Esse contingente tende a aumentar progressivamente pelo fato de que a

Emenda Constitucional n.59 de novembro de 2009 ampliou a obrigatoriedade escolar

que passa a compreender o intervalo de 4 a 17 anos. A ampliação da obrigatoriedade

escolar traz para a agenda atual alguns desafios para as políticas de formação docente

para a educação básica. Na realidade, os desafios não são novos, somente se tornam

mais urgentes, pois desde 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei no. 9394/96), a exigência de se formar mais professores em

nível superior no país para atender a expansão da educação básica já havia sido pautada.

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O número de docentes atuando na educação básica sem a habilitação específica

foi preocupação constante nesses últimos 15 anosii. Foram muitas iniciativas no plano

federal e de diversos estados brasileiros que buscaram oferecer formação em nível

superior para os professores em efetivo exercício nas redes públicas. E o resultado

dessas iniciativas não é desprezível, o número de professores com curso superior no

Brasil cresceu significativamente nesse intervalo histórico. A expansão da matrícula em

educação básica nesse período foi acompanhada pela evolução do grau de instrução dos

professores. Ao longo dos últimos dez anos, a porcentagem de docentes com curso

superior completo cresceu nas três etapas da educação básica. O avanço mais expressivo

ocorreu entre os profissionais que lecionam nas séries iniciais do ensino fundamental.

Em 2001, menos de um terço desses professores (27%) tinha formação superior.

Em 2010, essa porcentagem mais que dobrou, passando para 62,4%. A educação

infantil registrou a segunda evolução mais significativa, passando de 24,7% para 51,8%

de graduados no período. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (Inep) e abrangem escolas públicas e particulares. Segundo a Associação

Brasileira de Educação a Distância (Abed), a melhoria na titulação dos professores

brasileiros foi içada por outro fenômeno educacional recente: a expansão da educação a

distância (EAD) no país. Entre 2000 e 2008, a quantidade de alunos nessa modalidade,

em cursos de graduação e pós-graduação lato-sensu, cresceu 45.000%, passando de

1.758 para 786.718 matriculados. No mesmo período, o número de cursos reconhecidos

pelo Ministério da Educação aumentou de 13 para 1.752iii.

A ênfase nas políticas de formação docente e a pouca atenção à carreira

A mobilização em torno da formação de professores, envolvendo universidades

públicas e privadas, consórcios e diferentes arranjos institucionais, é acompanhada da

enorme crença de que a formação é a estratégia fundamental para a melhoria da

educação básica. Os argumentos são em geral provindos de uma mesma matriz que

acredita que formando professores para uma atuação eficaz em sala de aula conseguirão

superar as dificuldades de aprendizagem apresentadas por seus alunos e causadora do

baixo desempenho dos mesmos. Trata-se de uma visão restrita que isola fatores,

acreditando que por meio do efeito sala de aula se conseguirá alcançar objetivos e metas

previamente estabelecidos. Esse tipo de análise deposita demasiado peso na capacidade

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que a escola tem por ela mesma de mudar o destino das pessoas, ignorando fatores

estruturais que interferem diretamente nesse processo.

Apesar da relativa centralidade que ocupam as políticas de formação no que

concerne à questão docente no Brasil desde os anos 1990, somente mais recentemente

assistiu-se no plano federal a tentativa de estruturação de uma política nacional de

formação. O Decreto n. 6.755, de 29 de janeiro de 2009, institui a Política Nacional de

Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, estabelecendo as bases

para a criação do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica

(PARFOR), no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES). O PARFOR é apresentado como resultado de um conjunto de ações

do Ministério da Educação (MEC) em colaboração com as secretarias de educação dos

estados e municípios e as instituições públicas de educação superior neles sediadas, para

ministrar cursos superiores gratuitos e de qualidade a professores em exercício nas

escolas públicas, sem formação adequada determinada pela LDB 9394/96, expressando

assim a preocupação em buscar garantir a formação em nível superior para os

professores em exercício nas escolas de educação básica.

Entretanto, o dispositivo legal presente na LDB 9394/96, no seu artigo 62, que

estabelecia a exigência de formação em nível superior para atuação docente na educação

básica e pelo §4 do artigo 87, que estabelece “que até o fim da Década da Educação

(1997-2007) somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou

formados por treinamento em serviço”, vem perdendo força com mudanças recentes

ocorridas no âmbito da legislação educacional brasileira. Os referidos artigos da LDB

9394/96 expressavam um anseio do movimento educacional brasileiro de elevar a

exigência de titulação para ingresso e atuação profissional na educação básica. Com a

Emenda Constitucional n.53iv, o artigo 206 sofre alteração no seu inciso que passa ter a

seguinte redação: “valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na

forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de

provas e títulos, aos das redes públicas”. O termo “profissionais do ensino” é substituído

por “profissionais da educação escolar”, ampliando o raio de abrangência da categoria

profissional que trabalha na educação. A EC53 acresce ao artigo 206 o inciso VIII que

estabelece “piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar

pública, nos termos de lei federal” e o Parágrafo único que traz a seguinte redação: “A

lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação

básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de

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carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.”

(BRASIL, 2010)

A partir dessas alterações trazidas pela EC53 em 2006, temos em julho de 2008,

a aprovação da Lei do Piso Salarial Nacional para os Profissionais da Educaçãov, Lei n.

11.738, e em agosto de 2009 a Lei 12014, que modifica o artigo 61, da LDB 9394/96,

com a finalidade de discriminar as categorias de trabalhadores que serão consideradas

profissionais da educação escolar básica, estabelecendo:

Art. 1o : O art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:Art. 61: Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos:I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho;II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e em outras atividades. (BRASIL, 2009).

Observa-se que essa Lei altera na LDB 9394/96 um princípio bastante caro para

os que lutam pela profissionalização docente compreendendo-a como um processo que

se desenvolve a partir da formação em nível superior. Com essa mudança legal, passa a

ser admitida como norma uma condição que antes era exceção, ou seja, a formação em

nível médio para os profissionais que irão atuar na educação básica. Só se compreende

essa mudança no âmbito legal se forem observadas as ações levadas a termo pelo

movimento sindical docente que resultaram na alteração constitucional por meio da

EC53/2006, ampliando o conceito de profissionais do ensino para profissionais da

educação escolar e, conseqüentemente, a Lei do Piso Salarial Nacional para os

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Profissionais da Educação e, por fim, a Lei 12014/2009 que traz a definição de quais

são esses profissionais.

Com a definição legal de que são profissionais da educação escolar professores

habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos

ensinos fundamental e médio, observa-se um rebaixamento da exigência de escolaridade

em relação à LDB 9394/96, no seu Art. 62, ao estabelecer: “A formação de docentes

para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de

graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como

formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro

primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade

Normal”. Naquele momento, segunda metade dos anos 1990, a expectativa era de que

se pudesse alcançar em 10 anos a profissionalização de todos os docentes que atuam na

educação básica por meio de formação em nível superior. As mudanças mais recentes

observadas na legislação são resultantes de processos de luta em que os sindicatos

docentes foram importantes protagonistas. A Confederação Nacional dos Trabalhadores

da Educação (CNTE) exerceu papel de destaque nesses processos, sendo que no afã de

ampliar o conceito de profissionais da educação escolar, para que a lei pudesse fazer

justiça com os que nela já atuam, contribuiu para uma menor exigência de titulação para

o ingresso e permanência na carreira, o que pode resultar em perdas futuras em termos

de responsabilidades do poder público para com a oferta de melhores e maiores

condições de oferta de formação para esses profissionais.

De acordo com o Censo Escolar de 2010, a maioria dos docentes que atua na

educação básica (68,9%) possui formação em nível superior, somente 8% possuem o

curso médio e 22,47% o curso normal médio. Ainda encontram-se, mesmo que em

proporção bastante baixa (0,63%), docentes atuando na educação básica sem formação

mínima, ou seja, com apenas o ensino fundamental. Do total que possui curso superior,

ainda de acordo com o Censo Escolar de 2010, 95,38% realizaram um curso de

licenciatura e 4,61% atuam sem curso de licenciatura.

Observa-se que mesmo em minoria, não é desprezível o número de professores

atuando na educação básica sem possuírem habilitação em nível superior. Esses

números refletem os obstáculos persistentes na realidade brasileira ainda marcada por

grande desigualdade econômica e social que tem reflexos diretos nos desequilíbrios

regionais.

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Formação como condição para a profissionalização

A noção de profissionalização aplicada à educação sempre foi ambígua. De

acordo com Savoie (2009), o uso do termo profissionalização na educação sempre

esteve vinculado ao quadro conceitual da sociologia americana das profissões, em que a

profissionalização supõe não somente a prática do ofício em tempo pleno, mas também

um estatuto legal que reconhece a qualificação dos seus membros como uma formação

específica e a existência de associações profissionais. Ainda de acordo com o mesmo

autor, essa profissionalização se traduz pela constituição de um patrimônio cognitivo e

deontológico comum, sendo assim, as noções de profissionalidade e profissionalização

são impostas no domínio da formação docente fazendo passar do plano social ao das

práticas profissionais e pedagógicas.

Tal noção de profissionalização está imbricada com os processos de formação,

sendo então a profissionalização dependente da formação. O que constitui o grupo ou

corpo profissional é justamente o sentimento de pertencimento comum que começa

mesmo antes do ingresso no local de trabalho. Contudo, esse sentimento de

pertencimento comum encontra alguns obstáculos no domínio da educação, por

exemplo, a fisionomia dos docentes do ensino médio é bastante distinta daquela dos que

atuam nos anos iniciais do ensino fundamental e mais ainda dos que atuam na educação

infantil.

Entretanto, para se discutir a formação compreendendo-a como base do processo

constitutivo da profissionalização, é necessário considerar aspectos relativos à

identidade docente. É vasta a discussão sobre a identidade docente na atualidade, são

muitos os estudos que tratam desse tema em distintas realidadesvi. No Brasil, são muitos

os fatores que têm levado à discussão de uma identidade docente engendrada pelos

recentes processos de reforma educacional que trouxeram a descentralização

administrativa, pedagógica e financeira para o âmbito escolar. A ênfase no trabalho

coletivo, a instituição legal da gestão democrática nas escolas públicas e a flexibilidade

curricular foram fatores que culminaram em maior autonomia dos docentes, ao mesmo

tempo em que têm levado à intensificação do trabalho e a maior responsabilização dos

mesmos pelos resultados escolares. (Oliveira, 2004; 2007; 2009; 2010)

Contudo, é a partir da inclusão da Educação Infantil definitivamente como uma

etapa da educação básicavii, compreendendo inclusive as creches, ou seja, a educação

das crianças de 0 a 3 anos, é que a questão da identidade docente será posta no centro do

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sistema. Tal medida obriga a que se pense o profissional da educação básica em um

contexto e rol mais complexo de atividades, responsabilidades e competências que

envolvem desde o cuidado e a atenção no processo educativo presentes na educação

infantil até a fragmentação disciplinar própria do ensino médio. O contraste entre essas

duas pontas da educação básica é tão grande que dificulta pensar a possibilidade de um

grupo homogêneo que possa constituir-se um corpo profissional. Essas dificuldades

refletem-se na definição dos currículos e diretrizes para a formação de professores.

Dentre esses desafios, a formação dos profissionais que atuam na educação

infantil apresenta-se como o mais urgente e polêmico. As especificidades da Educação

Infantil, envolvendo no processo educativo o cuidado e a atenção, conforme já

mencionado, acrescidas ainda à informalidade presente nos processos de trabalho nas

creches e pré-escolas, fruto do descaso de séculos que essa etapa da educação conviveu,

obrigam a revisão dos padrões usuais de formação docente que têm na figura tradicional

do professor que ministra uma disciplina o modelo de profissional a ser perseguido.

Por um lado, temos a resistência em conceber a atuação docente distinta da

tradicional disciplinar e, por outro, temos a ideia vigente ainda de que para cuidar das

crianças pequenas não é necessário ter formação específica, sendo algo natural da

gênese feminina o cuidado e atenção. Não é sem razão que a feminização do magistério

é muito mais presente na educação infantil e que à medida que se avança na educação

básica, aumenta a presença do sexo masculino entre os profissionais.

Os desafios para se pensar a formação inicial docente para atuar na educação

básica, portanto, são muitos e exigentes, requer discutir profundamente e reconhecer as

identidades presentes nesse suposto grupo homogêneo, que na realidade apresenta

complexidades muitas vezes ignoradas. Conhecer suas distinções, seus saberes e

fazeres, seus vínculos e sentimentos de pertencimento institucional, as exigências que

lhes são postas, as responsabilidades e constrangimentos aos quais estão expostos são

condições essenciais para se pensar a adequação curricular da formação que deverá

promover a porta de entrada para o exercício profissional docente. Porém, a formação

não é suficiente para definir a profissionalização docente, é necessário considerar outros

fatores que interferem na identidade profissional dos que atuam na educação básica.

A formação continuada e o DPD

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Se entre os elementos constitutivos da profissionalização docente o critério da

formação inicial específica é indispensável, a necessidade de formação continuada tem

sido cada vez mais reclamada como uma condição para o pleno exercício da docência.

O DPD aparece então como um imperativo, representando a necessidade de os

professores buscarem permanentemente melhorias no seu desempenho, na sua atuação.

Apesar de em alguns casos a noção de desenvolvimento profissional estar associada à

possibilidade de progresso na vida profissional, levando em consideração outros fatores

para além da formação continuada: salário, condições de trabalho, carreira, o peso

atribuído à formação é preponderante. (Oliveira, 2010)

A formação aparece na literatura difusora da noção de DPD como condição de

tal desenvolvimento, como um projeto coletivo, colaborativo e crítico-reflexivo, em que

o desenvolvimento profissional é, ao mesmo tempo, desenvolvimento institucional

(Ramalho, Gauthier e Nunez, 2004; Gonzales Torres, 2003). A formação continuada é

apresentada como sinônimo de desenvolvimento profissional ao longo da vida, único

fator capaz de justificar e pôr em movimento os outros componentes que conduzem à

profissionalização. A construção da profissão docente estaria assim dada, sobretudo,

pela formação concebida como a possibilidade de aprendizagem permanente. Trata-se

de uma abordagem normativa, que estabelece o desenvolvimento profissional e

institucional como faces da mesma moeda e que atribui à consciência do profissional a

possibilidade de mudança ética na educação. Os professores são, em última instância, os

responsáveis por seu desenvolvimento profissional, que deve ser tomado como um

dever e obrigação para a melhoria da educação em geral. (Oliveira, 2009; 2010)

O peso atribuído à formação, sobretudo a acadêmica, acaba por ressaltar esta

como sendo o principal critério definidor da profissionalização, desprezando, muitas

vezes, o conhecimento obtido na experiência, na prática concreta por esses

profissionais. Segundo Perrenoud (2002), a formação é o caminho para a

profissionalização, pois é ela que permitirá o desenvolvimento da capacidade reflexiva

desses profissionais. O apelo do autor à noção de competência, como a capacidade de o

profissional lidar de forma prática, segura e dinâmica com as novas exigências que se

lhe apresentam no trabalho, parece desconsiderar as condições objetivas desse trabalho

e desses trabalhadores. A noção de competências está intimamente ligada à capacidade

dos indivíduos de se adequarem a novas situações e a resolverem problemas que possam

enfrentar na sua realidade de trabalho. Mas, ao mesmo tempo, essa noção traz em si a

ideia de obtenção de sucesso, de eficiência, ser competente. Tal noção está centrada na

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busca de mobilização das subjetividades dos trabalhadores, do seu envolvimento e

compromisso com os objetivos da instituição, com as demandas da comunidade, do

sistema e dos alunos. Essas políticas apelam para o desempenho do corpo docente: o

professor é o responsável pelo sucesso ou fracasso do sistema, medido em geral pelo

desempenho dos alunos. Ao fazerem essa defesa em um contexto marcado por

condições desiguais e pouco propícias à realização profissional, os argumentos acabam

por traduzirem-se em retórica que oculta (ou nega) as contradições próprias das relações

de trabalho presentes no ambiente escolar.

Desenvolvimento Profissional Docente, gestão e organização do trabalho escolar

O modelo de descentralização adotado pelas políticas educacionais mais recentes

contém um paradoxo. Ao mesmo tempo que se observa a ampliação de mecanismos

capazes de atribuir maior autonomia aos estabelecimentos escolares por meio do

fortalecimento da gestão local, também se percebe o desenvolvimento de estratégias e

ferramentas de controle e regulação. O modelo de autonomia que se observa está

fundamentado em maior responsabilização dos envolvidos, que cada vez mais têm de

responder pelo que fazem, como fazem e para que fazem. Sendo assim, aumenta a

responsabilidade dos trabalhadores docentes sobre o êxito dos alunos, ampliando os

raios de ação e competência desses profissionais. O desempenho dos alunos passa a ser

algo exaustivamente mensurado, avaliado sistematicamente por instrumentos que não

são elaborados no contexto escolar. Da mesma maneira, são muitas as demandas que

chegam a esses trabalhadores como provas e exigências de sua competência em

conseguir responder às prescrições de ordem orçamentárias, jurídicas, pedagógicas e

políticas no âmbito escolar. (Oliveira, 2004; 2010)

O termo DPD emerge como resposta ao nível das propostas de políticas públicas

em educação à crise do paradigma de organização burocrática e profissional dos

docentes diante de novos modos de organização e gestão das escolas e dos sistemas

educativos. Esses novos modos demandam maior autonomia e condições de

profissionalização que incluem os processos de formação.

Observa-se uma grande tensão entre o modo burocrático de organização

profissional dos docentes e dos sistemas educativos. De um lado, tem-se a busca de

condição profissional estabelecida pelos estatutos tradicionais em que a detenção de um

saber específico, a obediência a um código de normas, regras e princípios éticos, a

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licença e autorização para exercício da profissão, entre outras exigências, são os

critérios definidores da profissão como categoria social homogênea (Rodrigues, 2002).

Claro que, no caso dos docentes, tais prerrogativas foram historicamente articuladas à

condição de funcionários públicos, considerando que o magistério se constitui como um

corpo profissional no âmbito dos sistemas educacionais estatais, o que lhes

proporcionavam certa estabilidade. De outro lado, modos mais flexíveis de organização

e gestão dos sistemas educativos com maior ênfase ao trabalho coletivo, a flexibilidade

curricular, a maior participação no nível local, dotando os docentes e suas instituições

de maior autonomia, apontam para um cenário menos estável.

Na retórica das políticas de DPD, os docentes são retratados como indivíduos

que constroem suas próprias carreiras e destino, como o profissional reflexivo,

evocando o caráter reflexivo do sujeito moderno que é responsável por suas escolhas e

decisões (Giddens, 2002). Este apelo à condição de sujeito reflexivo moderno, que

exalta a autonomia do indivíduo que deve tornar-se sujeito de sua experiência,

pressupõe a interiorização de categorias da socialização subjetiva contemporânea que

são notadamente o controle de si, a obrigação de afirmar uma autenticidade e

singularidade pessoal. Entretanto, esse liberalismo da ação é temperado pelo peso dos

constrangimentos e responsabilidades, o que pode resultar em fonte de cobrança

individual e de sofrimento profissional. Isto será tão mais provável quanto mais os

docentes não puderem se ancorar nas garantias e segurança institucional que o

estabelecimento educativo, a carreira, a regulamentação trabalhista e previdenciária,

entre outras, puderem lhe oferecer. (Rayou, 2009)

Observa-se a emergência dessa retórica no contexto de enfraquecimento de um

tipo de regulação do Estado e da educação que pode ser conceitualmente denominado

burocrático-profissional, conforme já comentado. A assunção dessas políticas explica-se

pelo surgimento de formas de regulação fundadas na lógica gerencial que se orientam

pelas regras de mercado, tratando o cidadão como cliente e as instituições públicas

como administrações privadas e que visam, sobretudo, o controle por resultados.

A avaliação de desempenho ganha força à medida que tal modelo de gestão vai

sendo incorporado pelas instituições educativas. Essas avaliações são referenciadas por

certos objetivos curriculares que buscam, por via de regra, reduzir a incerteza e

opacidade dos clientes em relação a um produto que se adquire no mercado ou um

serviço que se compra. (Maroy, 2011; Barroso, 2009) As políticas de DPD visam

articularem as possibilidades de ganhos profissionais (seja em termos de melhor posição

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na carreira, seja por melhor remuneração) às responsabilidades dos docentes pelos

resultados obtidos nas avaliações.

Com as mudanças na gestão e organização escolar das últimas décadas, os

docentes passaram a ter de constantemente se envolver e negociar com os seus pares

qual a ordem escolar (local) que será estabelecida e quais os objetivos a perseguir, tendo

de conviver sistematicamente com o paradoxo da autonomia e do controle que é

exercido por meio das avaliações que poderão reforçar ou contrariar suas escolhas.

Assim, o modelo de ação pedagógica evolui de um regulamento institucional a um

agenciamento contínuo de situações e de resoluções de problemas. (Rayou, 2009)

O modelo de organização burocrática sustentado na regulamentação de carreiras

estáveis e de uma condição funcional segura vai transitando para um contexto em que

tudo é passível de negociação, no qual o risco é iminente. É nesse contexto que os

docentes são convocados a serem senhores de seu futuro, responsáveis pelo seu

desenvolvimento profissional. Observa-se, assim, um deslocamento entre as demandas

de profissionalização para um modelo de DPD, que supõe novas formas de conceber e

implementar políticas de formação em que os docentes deixem de ser tratados como

meros objetos e assumam a condição de sujeitos ativos e centrais. As políticas de DPD

têm se apresentado e se justificado com esse propósito. Resta indagar se teriam os

docentes as condições objetivas e subjetivas de se assumirem como sujeitos nessas

políticas.

Entre a retórica e os dados de realidade: o peso da formação na condição docente e

seus possíveis efeitos sobre o desempenho escolar

Em recente surveyviii realizado em sete estados do Brasil, tendo como objetivo

analisar o trabalho docente nas suas dimensões constitutivas, identificando seus atores,

o que fazem e em que condições se realiza o trabalho nas escolas de Educação Básica de

redes públicas municipais e estaduais e instituições conveniadas na educação infantil,

foi possível observar que os dados referentes aos elementos constitutivos da valorização

docente – formação, remuneração e condições de trabalho e carreira – são preocupantes.

A partir de 8.795 entrevistas com docentes em unidades educacionais (creches e

escolas) em sete estados brasileiros (Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande

do Norte, Pará, Paraná e Santa Catarina), utilizando-se de um questionário com 85

questões e 319 variáveis, foi traçado o perfil socioeconômico e cultural dos docentes em

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exercício na Educação Básica no Brasil. Buscou-se conhecer a divisão técnica do

trabalho nas unidades educacionais, a emergência de postos, cargos e funções derivados

de novas exigências e atribuições, bem como as atividades desenvolvidas pelos

docentes. Procurou-se ainda conhecer as condições de trabalho: os meios físicos, os

equipamentos disponíveis, os recursos pedagógicos, entre outros fatores que interferem

diretamente na realização do trabalho docente. Foram coletadas informações sobre a

formação inicial e continuada dos docentes, o acesso à literatura específica das áreas de

atuação, às tecnologias e a outros bens culturais para o desenvolvimento de seu

trabalho. As formas de contratação, as condições salariais e de carreira nas diferentes

redes de ensino foram também objeto de investigação.

Foram considerados sujeitos docentes nessa pesquisa os trabalhadores que

realizam atividades que se relacionam diretamente com o processo educativo, sendo

compreendidos aí os professores e outros profissionais que exercem atividade de

docência. Apesar de bastante incipiente, a primeira aproximação com os dados relativos

à formação docente inspira submeter à prova, ainda que dependente de maior tratamento

estatístico, os dados obtidos no que se refere aos efeitos que a formação inicial e a

educação continuada têm sobre as condições profissionais dos docentes.

Com relação à titulação em nível superior na determinação da condição

profissional docente

Os 8.795 respondentes declararam possuir a seguinte formação: 0,18% possuem

o Ensino Fundamental incompleto; 0,27% Ensino Fundamental completo; 0,72%

Ensino Médio incompleto; 14,82% Ensino Médio completo; 32,02% curso superior em

nível de Graduação e 51,99% algum curso de Pós-Graduação. Considerando para esta

análise apenas os docentes que possuem algum curso de pós-graduação e buscando

conhecer sua distribuição entre os sete estados, observa-se um percentual maior de

professores com titulação mais alta no estado do Espírito Santo (73,6%) e em Santa

Catarina (66,8%). Entre os docentes que ocupam outros cargos, o Pará aparece em

primeiro lugar (51,6%) seguido por Santa Catarina (51,3%). O Rio Grande do Norte

apresentou os percentuais mais baixos de docentes com cursos de pós-graduação, tanto

para professores (37,4%) quanto para as demais funções (37,6%).

Quando se observa os docentes com maior titulação por rede de ensino, constata-

se que o percentual de professores com cursos de pós-graduação é de 53,4% nas redes

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municipais e 57% nas redes estaduais. Entre os docentes com demais funções, chama a

atenção o alto percentual nas redes estaduais, 59,8%. Nas redes municipais, esse

percentual é de 40%. Nas redes conveniadas, os valores ficaram bem abaixo das redes

públicas, sendo 25,8% para professores e 16,6% para as demais funções.

Já quando se põe em evidência os dados por etapas de ensino, observa-se um

percentual maior de docentes com mais alta titulação no Ensino Fundamental e Ensino

Médio em relação à Educação Infantil. O percentual de professores da Educação Infantil

com curso de pós-graduação é de 42%, enquanto para o Ensino Fundamental é de

54,8% e de 58,8% para o Ensino Médio. Nas demais funções, esses valores são ainda

mais discrepantes, sendo 19,2% na Educação Infantil, 52,9% no Ensino Fundamental e

60,4% no Ensino Médio.

Quando se confronta os dados de formação com aqueles relativos à carreira e

condições de trabalho e à remuneração, observa-se que, apesar de apresentarem na sua

maioria a formação compatível para o exercício de suas funções, 84,01% possuem curso

superior; sendo que a maioria investiu na educação continuada em nível de pós-

graduação, 51,99%, tal investimento não vem acompanhado percentualmente dos dados

relativos à carreira. Do total dos respondentes, 46,2% afirmam não estar contemplados

por um plano de carreira.

Em relação aos ganhos salariais, observa-se uma concentração maior de

professores com titulação menor nas faixas salariais mais baixas, em que 39,2% ganham

entre um e dois salários mínimos. Se considerarmos somente as 3 faixas de rendimentos

mais baixos (até três salários mínimos), vemos que mais de 70% dos docentes sem

curso de pós-graduação encontram-se nessas faixas, enquanto para os docentes com

pós-graduação esse percentual fica pouco acima dos 50%.

Esse mesmo comportamento é observado de forma mais acentuada entre os

docentes que ocupam demais funções. A maior concentração de docentes sem cursos de

pós-graduação encontra-se nas três faixas de rendimentos mais baixas, sendo que mais

de 80% dos docentes de menor titulação ganham até três salários mínimos. Entre os

docentes com titulação maior, esse percentual é de 44%.

Constata-se pela rápida apreciação dos dados que, mesmo em níveis muito

baixos e insatisfatórios, os rendimentos dos docentes tendem a acompanhar os níveis de

formação, ou seja, quanto mais titulado maior a remuneração, mesmo que esta seja

abaixo do que percebem outros profissionais com mesma escolaridade.

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A formação continuada e o desenvolvimento profissional

Ainda que possamos considerar a realização de estudos em nível de pós-

graduação como a formação continuada desejável, a Capes tem investido nos últimos

anos na criação e fomento a programas de mestrado profissional dirigidos aos

professores de educação básica em redes públicas. A formação em serviço, por meio de

atividades esporádicas e eventuais, tem sido predominantemente apontada pelos

docentes quando perguntados sobre o acesso que têm a este tipo de educação. Em

relação às atividades de formação continuada assim compreendidas, observa-se um

percentual baixo de docentes que as realizaram, seja entre os professores (16,4%), seja

entre os docentes que desempenham outras funções (14,4%).

Quando se relaciona o fato de ter realizado atividades de formação continuada e

os ganhos salariais, observa-se que não há uma relação direta de ganho. A distribuição

que se apresenta exibe percentuais muito semelhantes entre as faixas salariais em meio

aos docentes que realizaram ou não atividades desse tipo. O que nos leva a inferir que

tais atividades têm pouco impacto na remuneração dos docentes.

De todo modo, a formação continuada com essas características parece ter ainda

menos efeitos entre os professores que os demais docentes. No caso dos docentes das

demais funções, apesar de se observar um comportamento semelhante, fica mais clara

uma leve diferença. Os docentes que realizaram atividades de formação continuada

apresentam percentual um pouco maior em algumas faixas de salários mais altos, como

na faixa entre quatro e cinco salários mínimos, por exemplo, na qual o percentual dos

que realizaram as atividades é de 10,4% contra 8,1% dos que não realizaram. Essa

variação pode ser explicada pela presença dos especialistas e dirigentes escolares que

figuram nessa faixa, mas este é um dado ainda carente de maior apreciação. Um

comportamento inverso é observado na faixa salarial mais baixa, em que o percentual

dos que realizaram tais atividades é de 10,8%, enquanto os que não realizaram atingem

18,2%.

A participação em atividades de formação continuada aparece em terceiro lugar

entre os aspectos mais valorizados nos planos de cargos e salários tanto dos professores

quanto dos docentes que ocupam outras funções. A titulação aparece em primeiro lugar,

seguida pelo tempo de serviço. O percentual de docentes que destacaram a participação

em atividades de formação continuada como um aspecto valorizado no plano de cargos

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e salários é de 21,1% para os professores e 20,2% para os docentes que ocupam outras

funções.

A titulação docente e o desempenho dos professores

Nas políticas atuais, tem sido argumento recorrente o investimento em formação

docente para a melhoria do desempenho escolar, esta não é uma particularidade do

Brasil, como bem já demonstrado em documento publicado pela OCDE em 2009 e

citado no início deste texto. Ao relacionar a formação, sobretudo inicial, dos docentes

com os patamares alcançados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(IDEB), apesar de não ser possível afirmar se há ou não uma correlação estatisticamente

significativa entre um percentual maior de docentes com titulação mais alta e os

resultados obtidos, observa-se um acompanhamento nessa direção.

Apesar de terem sido considerados para este estudo como docentes com maior

titulação aqueles que responderam possuir pós-graduação como maior titulação dentre

os respondentes do survey, não foi realizada uma distinção entre aqueles que realizaram

Especialização, Mestrado ou Doutorado. Optou-se por considerar a pós-graduação como

uma categoria única, uma vez que 92,5% dos docentes que possuem algum curso de

pós-graduação fizeram apenas especialização, não sendo significativo tratar as

categorias em separado.

Nesse sentido, dois estados se destacaram com um percentual superior de

professores com titulação maior, Espírito Santo (73,6%) e Santa Catarina (66,8%). Os

percentuais mais baixos ficaram com o Rio Grande do Norte, tanto para professores

(37,4%) quanto para as demais funções (37,6%).

Conforme já observado, a despeito de não ser possível afirmar se há ou não uma

correlação estatisticamente significativa entre um percentual superior de docentes com

titulação maior e os resultados do IDEB, cabe ressaltar que o Rio Grande do Norte é o

Estado que apresenta o menor IDEB entre os Estados participantes da pesquisa, tanto

para o Ensino Fundamental anos iniciais (3,5) e anos finais (2,9), quanto para o Ensino

Médio (2,9). O Estado do Espírito Santo aparece com um IDEB intermediário em todas

as etapas avaliadas. Santa Catarina aparece com o melhor IDEB para as séries finais do

Ensino Fundamental (4,2) e Ensino Médio (4,2). Nos anos iniciais do Ensino

Fundamental, Santa Catarina aparece em terceiro lugar (5,0). Todavia, merece destaque

o desempenho de Minas Gerais no IDEB, aparecendo em primeiro lugar nos anos

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iniciais (5,8) e em segundo lugar nos anos finais e Ensino Médio, mas com desempenho

muito próximo ao de Santa Catarina (4,1 em ambos).

Foi considerado nesse estudo o IDEB do ano de 2009 por se tratar do mesmo

ano da coleta de dados da Pesquisa Trabalho Docente na Educação Básica no Brasil,

aqui utilizados.

Comentários finais: o deslocamento das condições de profissionalização para o

DPD

Este texto procurou especular, a partir da confrontação de dados de realidade,

obtidos por meio da realização de um survey com docentes que atuam na educação

básica em redes públicas e instituições conveniadas (educação infantil), a relação entre

o que a literatura acadêmica vem conceituando como DPD e os vínculos diretos entre os

componentes desse conceito na prática. A definição do termo DPD inclui a articulação

entre a formação continuada e as necessidades de profissionalização dos docentes, como

requisito indispensável à melhoria da educação, no sentido de atender as demandas para

a educação do Século XXI. Fundamentadas no paradigma da sociedade do

conhecimento, em que a educação ao longo da vida passa a ser um imperativo, os

docentes são responsabilizados pelo desenvolvimento da sua condição profissional. O

termo DPD emerge, assim, como resposta ao nível das políticas públicas em educação à

crise do paradigma de organização burocrático- profissional dos docentes diante de

novos modos de gestão dos sistemas educacionais que reclamam maior autonomia e

melhores condições de profissionalização.

No Brasil, esse termo não foi amplamente assumido, embora não seja difícil

constatar essa orientação presente em gestões municipais, estaduais e mesmo em

algumas iniciativas no plano federal que apontam a responsabilização dos docentes pelo

seu desenvolvimento profissional, atribuindo-lhes a culpa pelos pífios resultados

escolares e sendo muitas vezes acompanhadas essas iniciativas por políticas de controle

que preveem a punição e premiação.

É importante perceber em que medida essas políticas podem estar a serviço de

naturalizar um modo de regulação que, baseado na autonomia dos sujeitos, desloca as

responsabilidades do plano institucional ao plano individual. A complexidade que

envolve o corpo docente da educação básica no Brasil, da educação infantil ao ensino

médio, apresentando sérios entraves à constituição de uma identidade profissional no

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sentido tradicional, somada à fragmentação educativa resultante das desigualdades

persistentes neste país são aspectos que devem ser considerados na definição de

políticas públicas de formação e profissionalização docente.

A noção de DPD assume uma retórica que põe em risco o princípio universalista

da escola republicana. Com todas as contradições que tal princípio comporta na

atualidade, a constatação de que as escolas são distintas não só nos aspectos culturais e

sociais, o que é bem verdade, mas também nos seus objetivos e condições, muitas vezes

vem acompanhadas de políticas e discursos que incitam a competição entre escolas por

melhor desempenho para obter maiores ganhos, obscurecendo o sentido da coisa

pública. A responsabilização dos docentes pelas suas condições de trabalho, suas

carreiras e seus destinos, nesse contexto, vem associada à responsabilização pelo

sucesso ou fracasso da instituição. O estímulo ao individualismo e à competição, ao

investimento pessoal na carreira, reforçado pelos mecanismos de avaliação de

desempenho individual, pode pôr em risco a dimensão do sujeito histórico social, do

sujeito político que constrói sua subjetividade coletiva e assim dificultar ainda mais as

possibilidades de desenvolvimento de uma identidade que de fato restitua aos docentes

o sentimento de pertencimento a um grupo profissional, ainda que comportando

heterogeneidades.

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iProfessora Titular de Políticas Públicas em Educação (UFMG). Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Coordenadora da Rede Latino-americana de Estudos sobre Trabalho Docente (RedEstrado). Pesquisadora do CNPq. E-mail: [email protected] RISTOFF (2011); FRANÇA (2012).iii http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1197626 (30/11/2011)ivEC53 de 2006 que dá nova redação aos artigos 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.vBRASIL. Lei n. 11.738, de 16 de julho de 2008. Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. Brasília/DF: Congresso Nacional, 2008.vi Lessard, Dubar, Tardif e Lessard, Demailly, MEDINA &KELLY (2001) entre outros.viiviiRefiro-me a duas medidas decisivas para a ampliação da oferta pública da educação infantil e que são políticas recentes: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) contemplando esta etapa da educação básica, portanto, garantindo o financiamento da educação de 0 a 5 anos e a EC n.59 de 2009 que amplia a obrigatoriedade escolar para o intervalo de 4 a 17 anos.viiiPesquisa “Trabalho Docente na Educação Básica no Brasil” que contou com apoio do Ministério da Educação – MEC, em projeto institucional de cooperação técnica com a Secretaria de Educação Básica –SEB. O trabalho foi realizado em conjunto com oito grupos de pesquisa dos sete estados pesquisados, a saber: GESTRADO/UFMG, GESTRADO/UFPA, GETEPE/UFRN, NEDESC/UFG, NEPE/UFES, NUPE/UFPR, GEDUC/UEM-PR, GEPETO/UFSC.

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