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Política Brasileira de ADTs
Prof. Dr. Luís Eduardo Schoueri
Sumário
1. Introdução à rede brasileira de ADTs
2. Contexto político brasileiro e primeiros ADTs
3. 1ª Fase (1960-1980): características fundamentais
4. 2ª Fase (1980-2000): expansão da rede de ADTs
5. 3ª Fase (2000-2015): novas práticas
6. Período Pós-BEPS: 2015 até hoje
1. Introdução à rede brasileira de ADTs
1.1. Quais são as prioridades para as
transnacionais brasileiras?
1.2. Quais são as principais
experiências de empresas
brasileiras com a dupla tributação?
1.3. Evolução cronológica da rede
brasileira de ADTs
(entrada em vigor)
1
10
Acordos
assinados
16
23
33
1 14 23 24 39
Novos acordos em negociação 6
Acordos em renegociação 4
1.4. Rede brasileira no contexto global
33
1.5. OCDE x ADTs Brasileiros:
Quadro Geral
1.5. OCDE x ADTs Brasileiros:
Quadro Geral
2. Contexto político brasileiro e
primeiros ADTs
2.1. Contexto político brasileiro e
primeiros ADTs
2ª metade da Década de 1960:
- Regime militar: intervenção estatal, capital estrangeiro
com papel um papel indispensável
- Brasil predominantemente como importador de capitais
- Acordos usados como ferramentas de política
econômica
- A redução da tributação na fonte deve ser a favor do
investidor
2.2. Contexto tributário brasileiro e
primeiros ADTs
Perspectiva brasileira: adoção da territorialidade
- O Estado da Fonte deve ter o direito exclusivo à tributação
- Tributação na fonte: 25% (média)
- Bitributação: cobrança ilegítima do Estado de Residência
Décadas de 1960/1980
3. Primeira Fase (1960-1980):
características fundamentais
Negociação dos acordos de bitributação com os
países desenvolvidos:
− Japão, Portugal, Finlândia, França, Bélgica, Dinamarca,
Espanha, Suécia, Áustria, Alemanha, Itália, Luxemburgo e
Noruega
− Tributação dos dividendos, royalties e juros na fonte em
níveis mais altos do que aqueles recomendados pela OCDE
− Inclusão de serviços técnicos e serviços de assistência
dentro do escopo do art. 12, equiparando sua
remuneração a royalties (tributação na fonte ≠ OCDE)
3.1. Primeira Fase (1960-1980)
Negociação dos acordos de bitributação com os
países desenvolvidos:
− Serviços e profissões independentes (art. 14): tributação
concorrente pelo Estado de Fonte do pagamento (≠ base
fixa de negócios)
− Rendimentos não expressamente mencionados (art. 21):
tributação concorrente entre Estados de Residência e
Fonte
3.1. Primeira Fase (1960-1980)
Negociação dos acordos de bitributação com os
países desenvolvidos:
− Adoção de cláusulas de tax sparing e matching credit:
o Cláusulas que asseguram o aproveitamento, pelo investidor, de
reduções da tributação na fonte (pelo Brasil)
o O Brasil não se dispunha a assinar um acordo de bitributação
com um país desenvolvido caso não houvesse tais cláusulas
o Causa da recusa, pelo Congresso Norte-Americano, do ADT
negociado e assinado entre EUA e Brasil
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Por que o Brasil não se dispunha a
assinar contratos sem estas cláusulas?
• Clara diferença entre a entrada e saída de capital do país em
meados das décadas de 60 e 70
Brasil geralmente seria o Estado Fonte em seus ADTs
• Não seria aceitável que os resultados do acordo se limitassem
à redução dos tributos brasileiros (fonte) e ao incremento dos
tributos do Estado de Residência (devido aos créditos mais
baixos), sem nenhum benefício ao investidor.
O método do matching credit: crédito previsto é
superior à tributação máxima na fonte prevista pelo ADT.
Royalties
Estado A Estado B
15% Matching
credit 25%
A Ltda. B Ltda.
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
25%
15%
25%
Taxa de imposto
interno
Taxa de imposto do
Tratado
Crédito
tributário
(i) Matching credit
(ii) Tax sparing stricto sensu
O método do tax sparing busca:
(i) assegurar que os benefícios do Tratado sejam mantidos; ou
(ii) manter isenções fiscais unilaterais
25%
15%
15%
10%
Taxa de imposto
interno (geral)
Taxa de imposto do
tratado
Crédito tributário
Taxa de imposto
interno (incentivos)
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Caso 1
− Lei n° 11.312/06:
− Reduziu a alíquota de IRRF sobre os
rendimentos derivados de determinados
fundos de investimento para zero, quando
pagos a beneficiários não residentes
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Situação 1
Juros
Brasil Estado A
15%
IRRF
30%
(15% crédito)
Fundo de
investimentos
Investidor
Estrangeiro
Não há
isenção
de IRRF
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Situação 2
Juros
Brasil Estado A
0%
IRRF30%
(sem crédito)
Fundo de
investimentos
Investidor
Estrangeiro
Não há
tax sparing
A isenção na Fonte não traz benefícios para o investidor
Isenção
de IRRF
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Situação 3
Juros
Brasil Estado A
0%
IRRF
30%
(15% de crédito)
Fundo de
investimentos
Investidor
Estrangeiro
Tax sparing
Isenção
de IRRF
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
"(...) o tax sparing só deve ser considerado em relação aos Estado cujo
nível económico seja consideravelmente inferior ao dos Estados membros
da OCDE. "
Relatório “Tax Sparing: a Reconsideration”, 1998:
− Principais preocupações:
o O potencial de abuso oferecido pela cláusula
o A eficácia do tax sparing como um instrumento de ajuda externa
para promover o desenvolvimento económico do país de origem
o Preocupações gerais com a forma com que o tax sparing pode
incentivar os Estados a utilizar incentivos fiscais
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Tax Sparing: objetivos
Assegurar a possibilidade de isenção tributária pelo Estado da Fonte com efetivas vantagens sobre os investidores
Estimular o fluxo de capital entre as partes contratantes
Reconhecer os fluxos desproporcionais de capital entre as partes (países desenvolvidos e em desenvolvimento)
1
2
3
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Auxílios estatais aos países de desenvolvimento
X
Reconhecimento parcialda territorialidade
(Neutralidade na Importação de Capitais)
Tax Sparing: objetivos
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Tax Sparing
É um mecanismo para o reconhecimento dos limites das jurisdições
tributárias de cada Estado
Estado BEstado A
Acordo tributário
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Matching Credit
- Caso Société Natexis Banque, Conseil d’État, France
Juros
0%
IRRF
20% de
crédito
(?)
Fundo de
investimentos
Banco
Estrangeiro
Isenção
de IRRF
Caso 2
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Matching Credit
© 2018 Amsterdam Law School & IBFD
ADT Brasil-França
Artigo 11 (juros)
Os juros provenientes de
um Estado Contratante e
pagos a um residente de
outro Estado Contratante
são tributáveis nesse
outro Estado.
1
Não obstante as disposições do parágrafo 2:
a) os juros dos empréstimos e créditos concedidos pelo governo de um Estado Contratante
não serão tributados no Estado de que provêm;
b) a taxa de imposto não pode exercer a 10% no que se refere aos juros dos empréstimos
e créditos concedidos, por um período mínimo de sete anos pelos estabelecimentos
bancários com participação de um organismo público de financiamento especializado e
ligados à venda de bens de equipamento ou ao estudo, à instalação ou ao fornecimento
de complexos industriais ou científicos assim como de obras públicas.
No entanto, esses juros podem
ser tributados no Estado
Contratante de que provêm e em
conformidade com a legislação
deste Estado, mas o imposto assim
estabelecido não poderá exceder a
15% do montante bruto.
2
3
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Matching Credit
ADT Brasil-França, Artigo 22 (Regras gerais de tributação):
A dupla tributação deve ser evitada, como a seguir:
“(...)
c) no que concerne aos rendimentos indicados nos Artigos X, XI, XII,
XIII, XIV, XVI e XVII sobre os quais tenha incidido o imposto brasileiro em
conformidade com as disposições de tais artigos, a França concederá aos
seus residentes que recebem tais rendimentos de fonte brasileira um
crédito tributário correspondente ao imposto pago no Brasil, no limite do
imposto francês referente a esses mesmos rendimentos;
d) no que concerne aos rendimentos indicados nos Artigos X, XI e
parágrafo 2 "c", do Artigo XII, o imposto brasileiro é considerado como
tendo sido cobrado à taxa mínima de 20%;”
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
Matching Credit
- Caso Société Natexis Banque, Conseil d’État, França:
o Acordo de dupla tributação Brasil-França;
o Brasil paga juros para a Natexis;
o Aqui há uma isenção na Fonte;
o Conseil d’État recusou conceder o matching credit (20%),
porque não havia tributação no Brasil;
o Conseil d’État decidiu que o matching credit apenas se
aplicaria se houvesse tributação efetiva no Brasil
Caso 2
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
3.2. Cláusulas de tax sparing e
matching credit
• Disponível nos ADTs com os seguintes países desenvolvidos:
Áustria
Bélgica
Canadá
Dinamarca
Espanha
Finlândia
França
Japão
Países Baixos
Hungria
Itália
Luxemburgo
Noruega
República Tcheca e
Eslováquia
Suécia
Denúncia do ADT com Alemanha (2004)
Não inclusão no ADT com Suíça (2018)
Supressão no ADT com Suécia (2019)
4. Segunda Fase (1980-2000):
expansão da rede de ADTs
4.1. Segunda Fase: contexto
Negociação dos acordos de bitributação com os países em
desenvolvimento, inclusive na América Latina:
− As mudanças na economia global são refletidas na nova política
de negociações do país.
− Aumento no número de empresas brasileiras como global
players.
− Fluxo de capitais perde sua característica praticamente
unilateral, como era nas décadas anteriores.
4.2. Segunda Fase: características
Negociação dos acordos de bitributação com os países em
desenvolvimento, inclusive na América Latina:
− Ex. Argentina, Equador, Filipinas, Índia, Coréia do Sul
− O Brasil adotou uma política diferente, flexibilizando padrões
do período anterior
− Menor ênfase nas provisões de tax sparing e matching credit
− Matching credit recíproco: Índia, Filipinas e Coréia do Sul
Países desenvolvidosPaíses em
desenvolvimento
- Manutenção da
estratégia que
caracterizou o primeiro
estágio (em especial,
foco em tax sparing e
matching credit)
- Adoção do método do
crédito nos moldes
previstos pela OCDE
- Em alguns casos, há a
previsão de “matching
credit recíprocos”
Para ambos os grupos de países, em relação aos
royalties, profissões independentes e rendimentos
não expressamente mencionados
4.2. Segunda Fase: características
5. Terceira Fase (2000-2015):
novas práticas
5. Terceira Fase: contexto
5. Terceira Fase: características
Negociação de ADTs com países que não são necessariamente
investidores tradicionais no país, possuam relação regional com
o Brasil ou não:
− Ucrânia, Israel, África do Sul, Rússia e Turquia
− Avanço na América Latina: Chile, México, Venezuela, Peru, Trinidad e Tobago
− Adoção de Cláusulas LOB África do Sul, Israel, México, Venezuela, Rússia e Peru
− Não há tax sparing ou matching credit (fluxos bilaterais)
− Há razões para a manuntenção da política de inclusão decláusulas matching credit e tax sparing nas negociacoes compaíses desenvolvidos?
6. Período Pós-BEPS (2015 até hoje)
6.1. Período Pós-BEPS: novos acordos
Uma nova política fiscal?
ADTs antes do Projeto
BEPS
ADTs após o Projeto BEPS
6.1. Período Pós-BEPS: novos acordos
Introdução de provisões específicas em serviços técnicos
(Convenção Modelo da ONU)
Cláusulas de limitação de benefícios e PPT
(Ação 6 do Projeto BEPS)
Mudança nos métodos de eliminação da dupla tributação
(sem cláusulas tax sparing ou matching credit)
6.2. Período Pós-BEPS: tax sparing?
3. Não obstante as disposições dos parágrafos 1 e
2, quando o imposto federal sobre a renda das
sociedades brasileiro, incidente sobre os lucros a
partir dos quais os dividendos são pagos, for
reduzido em decorrência de incentivos tributários
voltados à promoção do desenvolvimento
econômico regional, os Emirados Árabes Unidos
permitirão, como dedução adicional ao imposto
sobre a renda derivada do exterior desse
residente, um montante correspondente ao
imposto federal sobre a renda das sociedades
brasileiro que teria sido pago se tal imposto
brasileiro não tivesse sido reduzido, levando em
consideração o imposto sobre dividendos brasileiro.
Art. 25
Eliminação da Dupla Tributação
2018
Obrigado!