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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
GEAN MARCOS BALDESSAR WARMLING
GIANCARLO LEONARDI
ESTUDO DA SUPERESTRUTURA DE UMA PONTE COM SOLUÇÃO EM CONCRETO ARMADO E SOLUÇÃO MISTA
CURITIBA
2016
GEAN MARCOS BALDESSAR WARMLING
GIANCARLO LEONARDI
ESTUDO DA SUPERESTRUTURA DE UMA PONTE COM SOLUÇÃO EM CONCRETO ARMADO E SOLUÇÃO MISTA
Trabalho Final de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná como requisito à obtenção do título de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Arndt
CURITIBA
2016
TERMO DE APROVAÇÃO
GEAN MARCOS BALDESSAR WARMLING
GIANCARLO LEONARDI
ESTUDO DA SUPERESTRUTURA DE UMA PONTE COM SOLUÇÃO EM
CONCRETO ARMADO E SOLUÇÃO MISTA
Trabalho Final de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná como requisito à obtenção do título de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Arndt Departamento de Construção Civil, UFPR
Prof. Dr. Mauro Lacerda Santos Filho Departamento de Construção Civil, UFPR
Prof. Dr. Roberto Dalledone Machado
Departamento de Construção Civil, UFPR
Curitiba, 07 de Dezembro de 2016.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos nossos pais que são os principais responsáveis pela
nossa formação e sempre se empenharam para nos proporcionar a melhor
educação possível. Obrigado pais, que mesmo longe fisicamente sempre nos deram
apoio.
Ao nosso orientador, Professor Dr. Marcos Arndt pelo empenho e
disponibilidade na transmissão dos conhecimentos.
Aos nossos colegas e amigos de escola, dos quais a companhia e
aprendizado foram essenciais no dia a dia da vida universitária.
Ao Escritório EMEA e todos os seus integrantes pela disponibilização dos
projetos utilizados neste trabalho, agredecemos também por todo o apoio e pelo
conhecimento desenvolvido na área de pontes.
Ao Professor Dr. Mauro Lacerda Santos Filho por ministrar a disciplina de
Pontes e Estruturas Especiais.
Agradecemos a Deus por mais essa vitória.
Enfim, somos gratos a todos que contribuíram e nos apoiaram em mais esta
jornada.
RESUMO
Nas vigas mistas se faz o uso da resistência à tração do aço e da compressão do
concreto possibilitando a execução de estruturas mais leves, esbeltas e
eventualmente mais econômicas. A viga é funcional quando os deslocamentos na
interface concreto-aço são reduzidos, esta interação é feita por meio de conectores
de cisalhamento. O objetivo deste trabalho é apresentar o dimensionamento da
superestrutura de uma ponte em estrutura mista com as mesmas dimensões e
mesmo trem-tipo de um projeto já executado em concreto armado e posterior
comparação entre as estruturas em relação ao peso, altura construtiva e volume de
concreto. A ponte possui 25 m de vão central, 5 m de balanço em cada um dos
lados, 10,80 m de largura e trem-tipo classe 36. Para o dimensionamento da ponte
mista utiliza-se perfis metálicos de aço COR-500 com tensão de escoamento de 370
MPa e concreto com resistência à compressão de 35 MPa. Como solução são
obtidas vigas com altura de 1200 mm, transversinas com altura de 1100 mm e laje
com altura de 250 mm. Em relação aos parâmetros de comparação observou-se
uma redução de 31,4 % do peso total da superestrutura, 34 % de redução da altura
construtiva e 48,21 % de redução no consumo de concreto.
Palavras-chave: Ponte com estrutura mista. Ponte mista com balanço. Vigas mistas.
ABSTRACT
Composite beams started its use in 1926 with the patent “Composite Beam
Construction” by J. Kahn; however, it was only after World War 2 that the
construction method was truly widespread. The method employs the yield strength of
steel and the compression strength of concrete in order to achieve lighter, slenderer
and eventually more economic structures. The composite beam structure becomes
functional when the means of shear connectors reduce the displacements in the
interface Steel/Concrete. This work intends to present the design of the
superstructure in a composite structure bridge with the same dimensions and
workload an already executed project in reinforced concrete has, for later comparison
in weight, constructive height and concrete volume. The bridge has a central span of
25 m; 5 m in cantilever in both sides, 10.80 m width and design for a workload class
36. For the design of the composite structure steel COR-500, with yield strength of
370 MPa, and 35 MPa concrete were taken into account. The results were 1200mm
beams, 1100mm cross beams and a 250mm slab. When the comparison parameters
are taken into account, it was noted a 31,4% reduction in total weight, 34% reduction
in constructive height and 48,21% reduction in concrete consumption.
Keywords: composite Beam Bridge, composite bridge with cantilever, composite
beams.
.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – IMAGEM DE DESCRIÇÃO DA PATENTE DE J.KAHN ........................ 16
FIGURA 2 – EXEMPLO DE COMPORTAMENTO DE ESTRUTURA MISTA ........... 18
FIGURA 3 – SOLUÇÕES MAIS ECONÔMICAS EM FUNÇÃO DO VÃO ................. 20
FIGURA 4 – PONTE COM DUAS VIGAS TIPO I ...................................................... 21
FIGURA 5 – PONTE MULTIVIGAS ........................................................................... 22
FIGURA 6 – DIFERENTES TIPOS DE SEÇÃO U UTILIZADAS ............................... 23
FIGURA 7 – SEÇÃO CAIXÃO ABERTA ................................................................... 23
FIGURA 8 – SEÇÃO CAIXÃO FECHADA ................................................................. 23
FIGURA 9 – ESTRUTURA COM DISTÂNCIA TOTAL IMPOSTA E VÃOS DE
EXTREMIDADE LONGOS ........................................................................................ 24
FIGURA 10 – SEÇÃO DE VIGA COM ALTURA VARIÁVEL ..................................... 25
FIGURA 11 – COMPARATIVO ENTRE SEÇÃO COM COMPORTAMENTO NÃO
MISTO E MISTO ....................................................................................................... 26
FIGURA 12 – VARIAÇÃO DE DEFORMAÇÃO E POSICIONAMENTO DE LINHAS
NEUTRAS ................................................................................................................. 27
FIGURA 13 – EFEITO DE “SHEAR LAG” ................................................................. 28
FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO DA LARGURA EFETIVA .................................... 28
FIGURA 15 – CONECTORES TIPO STUD ............................................................... 29
FIGURA 16 – TENSÃO DE CISALHAMENTO DE CÁLCULO PARA UM STUD DE 19
MM EM RELAÇÃO AO CONCRETO UTILIZADO ..................................................... 30
FIGURA 17 – CONECTOR STUD, COM DIFERENTES FORMAS DE INSTALAÇÃO
.................................................................................................................................. 30
FIGURA 18 – EXEMPLO DE POSICIONAMENTO DA ARMADURA DE AÇO EM
CONJUNTO COM OS CONECTORES STUD .......................................................... 31
FIGURA 19 – CONECTORES TIPO “U” LAMINADO SOLDADOS SOBRE VIGA DE
ALMA CHEIA ............................................................................................................. 32
FIGURA 20 – EXEMPLOS DE OUTROS POSSÍVEIS CONECTORES A SEREM
UTILIZADOS ............................................................................................................. 32
FIGURA 21 – TIPOS DE AÇO DISPONÍVEIS PARA PERFIS .................................. 33
FIGURA 22 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS PARA O TREM-TIPO TB-450 ............. 37
FIGURA 23 – VEÍCULO DE 36 TF ............................................................................ 38
FIGURA 24 – TREM-TIPO DAS PONTES CLASSE 36 ............................................ 38
FIGURA 25 – DIMENSÕES BÁSICAS DE UM PERFIL EM AÇO ............................. 45
FIGURA 26 – DISTÂNCIAS SIMPLIFICADAS ENTRE OS PONTOS DE MOMENTO
NULO EM UMA VIGA CONTÍNUA OU SEMICONTÍNUA ......................................... 52
FIGURA 27 – LARGURA EFETIVA NO MEIO DO VÃO ........................................... 53
FIGURA 28 – DISTÂNCIAS ENTRE OS PONTOS DE MOMENTO NULO SEGUNDO
O EUROCODE 4 (1994) ........................................................................................... 54
FIGURA 29 – SUPERFÍCIES TÍPICAS DE FALHA DE CISALHAMENTO ............... 55
FIGURA 30 – DISTRIBUIÇÃO PLÁSTICA DAS TENSÕES NA SEÇÃO
TRANSVERSAL DA VIGA MISTA ............................................................................. 58
FIGURA 31 – SEÇÃO TRANSVERSAL DA PONTE EM CONCRETO ARMADO
(DIMENSÕES EM CENTÍMETROS) ......................................................................... 71
FIGURA 32 – ESQUEMA DA SEÇÃO LONGITUDINAL (DIMENSÕES EM METROS)
.................................................................................................................................. 71
FIGURA 33 – LAJE EM BALANÇO COM AS DIMENSÕES EM CENTÍMETROS .... 72
FIGURA 34 – ESQUEMA DA LAJE CENTRAL (DIMENSÕES EM CENTÍMETROS)
.................................................................................................................................. 73
FIGURA 35 – DIMENSÕES BÁSICAS DE UM PERFIL EM AÇO ............................. 76
FIGURA 36 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS DURANTE A FASE CONSTRUTIVA ... 79
FIGURA 37 – DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES PARA A FASE
CONSTRUTIVA EM KN.M ........................................................................................ 80
FIGURA 38 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS CORTANTES PARA A FASE
CONSTRUTIVA EM KN ............................................................................................ 80
FIGURA 39 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS PERMANENTES ................................. 88
FIGURA 40 – DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES PARA AS CARGAS
PERMANENTES EM KN.M ....................................................................................... 89
FIGURA 41 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS CORTANTES PARA AS CARGAS
PERMANENTES EM KN ........................................................................................... 89
FIGURA 42 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS MÓVEIS .............................................. 89
FIGURA 43 – ENVOLTÓRIA DE MOMENTOS FLETORES COM COEFICIENTE DE
IMPACTO DE 1,23 EM KN.M .................................................................................... 90
FIGURA 44 – ENVOLTÓRIA DE MOMENTOS FLETORES COM COEFICIENTE DE
IMPACTO DE 1,36 EM KN.M .................................................................................... 90
FIGURA 45 – ENVOLTÓRIA DOS ESFORÇOS CORTANTES COM COEFICIENTE
DE IMPACTO DE 1,36 EM KN .................................................................................. 90
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – PESO ESPECÍFICO DOS MATERIAIS MAIS USUAIS ........................ 35
TABELA 2 – ESPESSURA DA LAJE DE ACORDO COM O VÃO ............................ 35
TABELA 3 – COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO PARA AÇÕES PERMANENTES
.................................................................................................................................. 44
TABELA 4 – COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO PARA AÇÕES VARIÁVEIS ....... 44
TABELA 5 – VALORES DE COMBINAÇÃO 𝜓0 E DE REDUÇÃO (𝜓1 E 𝜓2) ........... 45
TABELA 6 – VALORES DOS COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS
RESISTÊNCIAS ........................................................................................................ 48
TABELA 7 – VALORES DO COEFICIENTE 𝜉 EM FUNÇÃO DO TEMPO ................ 49
TABELA 8 – LIMITES PARA DESLOCAMENTOS DE ESTRUTURAS .................... 50
TABELA 9 – MOMENTOS FLETORES NA BORDA DEVIDO À CARGAS
PERMANENTES ....................................................................................................... 72
TABELA 10 – MOMENTOS FLETORES ORIUNDOS DAS CARGAS ACIDENTAIS 73
TABELA 11– MOMENTOS FLETORES GERADOS PELA FORÇA DE 6,0 T NO
GUARDA-RODAS ..................................................................................................... 73
TABELA 12 – MOMENTOS FLETORES DEVIDO ÀS CARGAS PERMANENTES .. 74
TABELA 13 – MOMENTOS FLETORES ORIUNDOS DA CARGA MÓVEL
CONSIDERANDO A LAJE COMO ENGASTADA NAS LATERAIS .......................... 74
TABELA 14 – MOMENTOS FLETORES ORIUNDOS DA CARGA MÓVEL
CONSIDERANDO A LAJE COMO SIMPLESMENTE APOIADA .............................. 74
TABELA 15 – MÉDIA DOS MOMENTOS FLETORES UTILIZADA PARA
DIMENSIONAMENTO ............................................................................................... 75
TABELA 16 – CARACTERÍSTICAS DO PERFIL DA LONGARINA .......................... 76
TABELA 17 – MOMENTOS FLETORES MÁXIMOS E MÍNIMOS PARA A
COMBINAÇÃO DE CONSTRUÇÃO ......................................................................... 79
TABELA 18 – ESFORÇO CORTANTE MÁXIMO PARA A COMBINAÇÃO DE
CONSTRUÇÃO ......................................................................................................... 79
TABELA 19 – MOMENTO FLETOR GERADO PELAS CARGAS PERMANENTES . 87
TABELA 20 – MOMENTO FLETOR GERADO PELAS CARGAS VARIÁVEIS ......... 87
TABELA 21 – ESFORÇO CORTANTE GERADO PELAS CARGAS PERMANENTES
.................................................................................................................................. 87
TABELA 22 – ESFORÇO CORTANTE GERADO PELAS CARGAS VARIÁVEIS .... 87
TABELA 23 – MOMENTO FLETOR TOTAL DE CÁLCULO...................................... 88
TABELA 24 – ESFORÇO CORTANTE TOTAL DE CÁLCULO ................................. 88
TABELA 25 – ABERTURA MÁXIMA CARACTERÍSTICA DAS FISSURAS EM
FUNÇÃO DA AGRESSIVIDADE AMBIENTAL .......................................................... 95
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASSHTO- American Association of State Highway and Transportation Officials
ASTM- American Society for Testing and Materials
NBR- Norma Brasileira Registrada
LISTA DE SÍMBOLOS
𝑃- carga concentrada (kN)
𝑝- carga distribuída (kN/m²)
𝑄- carga concentrada ponderada por coeficiente de impacto (kN)
𝑞- carga distribuída ponderada por coeficiente de impacto (kN/m²)
𝐶𝐼𝑉- coeficiente de impacto vertical (adimensional)
𝐶𝑁𝐹- coeficiente do número de faixas (adimensional)
𝐶𝐼𝐴- coeficiente de impacto adicional (adimensional)
L- Comprimento do vão (m)
𝜑- coeficiente de impacto (adimensional)
𝐻𝑓- força de frenagem e aceleração (kN)
𝐻𝑓𝑐- força centrífuga (kN)
𝑅- raio (m)
𝐹𝐺𝑖,𝑘 - o valor característico das ações permanentes (para momentos kN.m, para
forças kN)
𝐹𝑄1,𝑘- valor característico da ação variável considerada como ação principal para a
combinação (para momentos kN.m, para forças kN)
𝜓0𝑗- valor de redução para ações que não são as principais (adimensional)
𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 - valor da ação transitória excepcional
𝑑- altura da seção transversal (m)
𝑏𝑓- largura da mesa do perfil (m)
𝑡𝑤- espessura da alma (m)
𝑡𝑓- espessura da mesa (m)
ℎ- distância entre as faces internas das mesas (m)
𝐸- módulo de elasticidade do aço (MPa)
𝑓𝑦- resistência característica ao escoamento para o aço dos perfis (MPa)
𝑓𝑦𝐹- resistência característica da forma de aço incorporada (MPa)
𝑓𝑐𝑘- resistência característica do concreto à compressão (MPa)
𝑓𝑐𝑑– resistência de cálculo do concreto à compressão (MPa)
𝑓𝑦𝑆- resistência característica das barras da armadura (MPa)
𝛾𝑎- coeficiente de ponderação para o aço estrutural (adimensional)
𝛾𝑐- coeficiente de ponderação para o concreto (adimensional)
𝛾𝑠- coeficiente de ponderação para o aço das armaduras (adimensional)
𝐸𝑐- módulo de elasticidade do concreto (MPa)
𝑎𝑓- fator de multiplização da flecha imediata (adimensional)
As′- taxa de armadura da viga (%)
𝑏- base da viga (m)
ℎ- altura da viga (m)
I𝑎 - momento de inércia da seção isolada de aço (cm4)
Itr - momento de inércia da seção mista homogeneizada (cm4)
∑QRd - somatório das forças resistentes de cálculo individuais dos conectores de
cisalhamento, situados entre a seção de momento fletor positivo máximo e a seção
adjacente de momento fletor nulo (kN)
Fhd - força de cisalhamento de cálculo entre o componente de aço e a laje (kN)
𝑏𝑒𝑓𝑓- largura efetiva da viga mista (m)
𝑏0- distância entre eixos de conectores (m)
𝑏𝑖- distância entre o eixo do conector e um ponto situado a metade da distância das
almas das vigas adjacentes
𝑉𝑆𝑑- esforço cortante solicitante de cálculo (kN)
𝑉𝑅𝑑- esforço cortante resistente de cálculo (kN)
fctk,inf- resistência à tração inferior do concreto (MPa)
Ablc– área da seção transversal da região comprimida da laje de concreto entre o
plano de cisalhamento considerado e a linha de centro da viga (m²)
Along– área da armadura longitudinal tracionada entre o plano de cisalhamento
considerado e a linha de centro da viga (m²)
Lm– distância entre as seções de momento máximo positivo e nulo ou regiões de
momento máximo negativo e nulo (m)
𝑡𝑐– altura da laje de concreto (m)
Ccd– força resistente de cálculo da espessura comprimida da laje de concreto (kN)
Tad– força resistente de cálculo da região tracionada do perfil de aço (kN)
a– espessura da região comprimida da laje (m)
hf– espessura da laje pré-moldada de concreto ou altura das nervuras da laje com
fôrma de aço incorporada (m)
yp– distância da linha neutra da seção plastificada até a face superior do perfil de
aço (cm)
yc– distância do centro geométrico da parte comprimida de perfil de aço até a face
superior deste (cm)
yt– distância do centro geométrico da parte tracionada do perfil de aço até a face
inferior deste (cm)
𝑀𝑅𝑑- momento resistente de cálculo (kN.m)
σtd– tensão de tração de cálculo da mesa inferior do perfil de aço (MPa)
σcd– tensão de compressão de cálculo na face superior da laje de concreto (MPa)
(Wtr)i– módulo de resistência elástico inferior da seção mista (cm3)
(Wtr)s– módulo de resistência elástico superior da seção mista (cm3)
αE– razão modular, representada pelo módulo de elasticidade do aço dividido pelo
módulo de elasticidade do concreto (adimensional)
Wa– módulo de resistência elástico inferior do perfil de aço (cm3)
MGa,Sd- momento fletor solicitante de cálculo devido às ações atuantes antes do
concreto atingir a resistência de 0,75fck (MPa)
MI,Sd– momentos fletores solicitantes de cálculo devido às ações atuantes depois da
resistência do concreto atingir a 0,75fck (MPa)
Tds- força de tração resistente nas barras da armadura longitudinal (kN)
𝐴𝑠𝑙- área da armadura longitudinal dentro da largura efetiva da laje de concreto (cm²)
𝜆- esbeltez do elemento (adimensional)
γcs– coeficiente de ponderação da resistência do conector (adimensional)
Rg– coeficiente para consideração do efeito de atuação de grupos de conectores
(adimensional)
Rp– coeficiente para consideração da posição do conector (adimensional)
fucs– resistência à ruptura do aço do conector (MPa)
𝑤𝑘– é a abertura característica das fissuras (mm)
𝜙– diâmetro das barras da armadura (mm)
k– coeficiente de correção que leva em conta os mecanismos de geração de
tensões de tração (adimensional)
kc– coeficiente que leva em conta o equilíbrio e a distribuição das tensões na laje de
concreto imediatamente antes da ocorrência de fissuras (adimensional)
ks– coeficiente que leva em conta o efeito da redução da força normal na laje de
concreto devido à fissuração inicial e ao deslizamento local da ligação entre a laje e
o perfil de aço (adimensional)
fct,ef– resistência média à tração efetiva do concreto no instante em que se formam
as primeiras fissuras (MPa)
Ix- momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo x (cm4)
Wx- módulo de resistência elástico em torno do eixo x-x (cm³)
rx- raio de giração em torno do eixo x-x (cm)
Zx- módulo de resistência plástico em torno do eixo x-x (cm³)
Iy- momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo y (cm4)
Wy- módulo de resistência elástico em torno do eixo y-y (cm³)
ry- raio de giração em torno do eixo y-y (cm)
Zy- módulo de resistência plástico em torno do eixo y-y (cm³)
J- constante de torção da seção (cm4)
Cw- constante de empenamento da seção transversal (cm6)
Mpl– momento fletor de plastificação da seção (kN.m)
MRd,viga– momento resistente da viga (kN.m)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 13
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 14
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 14
2 HISTÓRICO DAS PONTES ......................................................................... 14
3 CARACTERIZAÇÃO DAS PONTES MISTAS ............................................. 17
3.1 VANTAGES E DESVANTAGENS DA ESTRUTURA MISTA ........................ 18
3.2 MORFOLOGIA GERAL ................................................................................ 20
3.2.1 Seção Transversal ........................................................................................ 20
3.2.2 Seção Longitudinal ....................................................................................... 24
3.3 INTERAÇÃO AÇO-CONCRETO .................................................................. 25
3.4 CONECTORES DE CISALHAMENTO ......................................................... 29
3.4.1 Conector Stud ............................................................................................... 30
3.4.2 Conector perfil U laminado ........................................................................... 31
3.4.3 Outros conectores ........................................................................................ 32
3.4.4 Transversinas ............................................................................................... 33
4 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ...................................................... 33
4.1 AÇO .............................................................................................................. 33
4.2 CONCRETO ................................................................................................. 34
4.3 CONECTOR DE CISALHAMENTO .............................................................. 34
5 CARGAS ATUANTES NUMA PONTE E ESTADOS LIMITES .................... 34
5.1 CARGAS PERMANENTES .......................................................................... 34
5.1.1 Peso Próprio ................................................................................................. 35
5.1.2 Sobrecargas permanentes ........................................................................... 36
5.2 CARGAS VARIÁVEIS OU MÓVEIS ............................................................. 36
5.2.1 Forças verticais segundo a ABNT NBR 7188:2013 ...................................... 36
5.2.2 Forças verticais segundo a ABNT NB 6:1960 .............................................. 37
5.2.3 Cargas nos passeios segundo a ABNT NBR 7188:2013 .............................. 38
5.2.4 Coeficientes de ponderação das cargas verticais segundo a ABNT NBR
7188:2013 ................................................................................................................. 39
5.2.5 Coeficiente de ponderação das cargas verticais segundo a ABNT NB 6:1960
40
5.2.6 Forças horizontais segundo a ABNT NBR 7188:2013 .................................. 40
5.2.7 Ações excepcionais segundo a ABNT NBR 7188:2013 ............................... 41
5.3 DISPOSITIVOS DE CONTENÇÃO SEGUNDO A ABNT NBR 7188:2013 ... 41
5.3.1 Guarda-corpo................................................................................................ 41
5.4 COMBINAÇÕES DE CARGAS RELATIVAS AOS ESTADOS LIMITES E
COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO ....................................................................... 42
5.4.1 Combinações últimas segundo a ABNT NBR 8681:2003 ............................. 42
5.4.2 Combinações de serviço segundo a ABNT NBR 8681:2003 ........................ 43
5.4.3 Coeficientes de ponderação de acordo com a ABNT NBR 8681:2003 ......... 44
6 METODOLOGIA DO DIMENSIONAMENTO ............................................... 45
6.1 CARACTERÍSTICAS DA SEÇÃO ................................................................. 45
6.2 GENERALIDADES ....................................................................................... 46
6.3 ESTADOS LIMITES ULTIMOS (ELU) .......................................................... 47
6.4 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO (ELS) .................................................... 48
6.5 DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS ............................................... 48
6.5.1 Deformações máximas ................................................................................. 50
6.6 MOMENTO DE INÉRCIA EFETIVO ............................................................. 50
6.7 LARGURA EFETIVA .................................................................................... 51
6.7.1 Largura efetiva segundo a ABNT NBR 8800:2008 ....................................... 51
6.7.2 Largura efetiva segundo o EUROCODE 4 (1994) ........................................ 52
6.8 CLASSIFICAÇÃO DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS .................................... 54
6.9 ARMADURA DA LAJE SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008 ...................... 55
6.10 CONCEITOS DO DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS MISTAS SOB
MOMENTO FLETOR POSITIVO SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008 ................... 57
6.10.1 Construções escoradas- análise plástica ..................................................... 57
6.10.2 Construções escoradas - análise elástica .................................................... 62
6.10.3 Construções não escoradas ......................................................................... 63
6.11 CONCEITOS DO DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS MISTAS SOB
MOMENTO FLETOR NEGATIVO SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008 .................. 64
6.12 VERIFIFICAÇÃO À FORÇA CORTANTE SEGUNDO A ABNT NBR
8800:2008 ................................................................................................................. 65
6.13 NÚMERO DE CONECTORES DE CISALHAMENTO DE ACORDO COM A
ABNT NBR 8800:2008 .............................................................................................. 67
6.13.1 Regiões com momento fletor positivo ........................................................... 67
6.13.2 Regiões com momento fletor negativo ......................................................... 68
6.14 ARMADURA MÍNIMA DE TRAÇÃO NAS REGIÕES COM MOMENTOS
NEGATIVOS SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008 .................................................. 68
7 APRESENTAÇÃO DO PROJETO EM ESTRUTURA DE CONCRETO ...... 69
7.1 GENERALIDADES ....................................................................................... 69
7.2 ESQUEMA ESTRUTURAL ........................................................................... 70
7.3 ESFORÇOS NAS LAJES ............................................................................. 71
7.3.1 Determinação dos esforços na laje em balanço ........................................... 72
7.3.2 Determinação dos esforços na laje central ................................................... 73
8 TRANSVERSINAS DA PONTE MISTA ....................................................... 75
9 LONGARINAS DA PONTE MISTA .............................................................. 75
9.1 SOLICITAÇÕES ........................................................................................... 77
9.1.1 Solicitações nas vigas longitudinais (longarinas) .......................................... 77
9.2 MATERIAIS .................................................................................................. 78
9.2.1 Aço ............................................................................................................... 78
9.2.2 Concreto ....................................................................................................... 78
9.3 VERIFICAÇÃO DA LONGARINA NA FASE CONSTRUTIVA ...................... 78
9.3.1 Verificação quanto aos momentos fletores ................................................... 80
9.3.2 Verificação quanto ao esforço cortante ........................................................ 85
9.3.3 Deformações ................................................................................................ 86
9.4 VERIFICAÇÃO DA LONGARINA NA FASE MISTA ..................................... 87
9.4.1 Largura efetiva .............................................................................................. 90
9.4.2 Momento fletor resistente ............................................................................. 91
9.5 ARMADURA MÍNIMA DE CONTROLE DE FISSURAÇÃO NA LAJE ........... 94
9.6 VERIFICAÇÃO DA CONEXÃO..................................................................... 95
9.7 DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS ............................................... 96
9.7.1 Momento de inércia homogeneizado da seção sob ação de momento fletor
positivo 97
9.7.2 Momento de inércia homogeneizado da seção sob ação de momento fletor
negativo ..................................................................................................................... 98
9.8 VERIFICAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES ........................................................ 99
9.9 CONTRA-FLECHA ..................................................................................... 100
10 PARÂMETROS DE COMPARAÇÃO ......................................................... 100
10.1 PESO DA ESTRUTURA ............................................................................. 101
10.2 ALTURA CONSTRUTIVA ........................................................................... 101
10.3 VOLUME DE CONCRETO ......................................................................... 101
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 102
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 103
ANEXO A – PROJETO EM CONCRETO ARMADO .............................................. 107
13
1 INTRODUÇÃO
As pontes e os viadutos representam na sociedade um meio de vencer
obstáculos naturais. As primeiras construções podem ser datadas desde as
primeiras sociedades humanas e seus materiais e métodos construtivos vêm
evoluindo e se adaptando as necessidades humanas as quais requerem cada vez
mais pontes com vãos (espaço entre apoios) maiores, construções mais rápidas e
custos menores. Nos tempos atuais, os materiais mais usados na construção civil, o
aço e o concreto, são a base principal na construção da infraestrutura mundial, e é
na utilização conjunta dos materiais com o aproveitamento ótimo de suas
propriedades mecânicas (aço tracionado e concreto comprimido) e custo de
produção, que são encontradas estruturas eficientes e eficazes.
O primeiro método construtivo que utilizou a interação destes materiais é o
concreto armado, no qual o concreto possui em seu interior, armações feitas com
barras de aço, porém este representa apenas uma das possibilidades que tira
proveito da combinação destes materiais. Foi na procura de métodos diferenciados
do uso dos dois materiais que surgiu outro método a ser discutido, o de vigas mistas,
no qual um componente de aço suporta uma laje de concreto e estes são unidos por
meio de conectores de cisalhamento.
A utilização da solução em vigas mistas é muito difundida em países
desenvolvidos. Na França, por exemplo, esse tipo de construção representa
aproximadamente 25% das pontes e está em constante expansão
(BROZZETTI,2000). No Brasil, a solução em vigas mistas é subutilizada e pouco
conhecida pelos projetistas e executores, e mesmo quando aplicadas a qualidade de
sua execução nem sempre é satisfatória (LEVENTAL et. al.,2015). Contudo, é dever
do engenheiro buscar melhores soluções que agreguem valores como eficiência
estrutural, de custo e de recursos, mesmo que estas soluções sejam novas e
estejam fora dos métodos tradicionais adotados.
1.1 JUSTIFICATIVA
O uso de estruturas mistas ainda é incipiente no Brasil, pois faltam
profissionais de projeto e execução que atuem nessa área (LEVENTAL et. al., 2015).
Sendo assim, cabe aos engenheiros e futuros engenheiros procurar conhecer mais
14
sobre esse tipo de construção para poder oferecer ao mercado soluções mais
eficientes e eficazes do ponto de vista técnico, econômico e ambiental.
Para propor a solução em vigas mistas ao invés das estruturas tradicionais
em concreto armado, é necessário primeiramente conhecer a respeito das
diferenças entre elas, sendo assim, os estudos comparativos entre essas estruturas
são de grande valia na hora de tomar a decisão para escolha do melhor método
construtivo.
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos da pesquisa são classificados em principais e específicos e
estão apresentados a seguir
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral do trabalho é apresentar fatores de comparação, tais como
peso da estrutura, altura construtiva e volume de concreto entre uma ponte já
projetada com solução convencional em concreto armado e uma ponte em estrutura
mista, desenvolvida pelos autores.
1.2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos do trabalho são:
a) Apresentação das diferenças entre solução em concreto armado e
solução mista;
b) Dimensionamento de uma ponte em solução mista;
c) Exposição de possíveis vantagens da solução mista frente à solução em
concreto armado.
2 HISTÓRICO DAS PONTES
O ser humano, desde a antiguidade, busca superar barreiras para obter
sustento e abrigo, e assim prosperar. Desde muito tempo os chineses já construíam
pontes com vigas de granito em vãos de até 18 m; enquanto que na Europa os
carpinteiros suíços e alemães no século XVIII já dominavam com maestria a arte de
construir pontes em madeira. Nos tempos antes de Cristo, os romanos e os
15
chineses já construíam pontes em abóboda de pedra com vãos de até 30 m. A
construção em pedra teve um grande desenvolvimento com os romanos, os quais
venciam grandes vales para construir suas canalizações de água ( por exemplo a
Pont de les Ferreres, Tarragona, Espanha, século I D.C.). (LEONHARDT, 1979).
As pontes em ferro fundido em forma de arco surgiram no final do século
XVIII juntamente com o aumento do uso do modal ferroviário. Com uma maior
necessidade de carga, se fazia necessário a implantação de pontes que
suportassem essas solicitações. A partir de 1900, com o advento do concreto, as
pontes com este material começaram a ganhar espaço. Inicialmente o concreto
apenas substituía a pedra como material de construção, com o tempo o concreto
armado começou a ser utilizado em lajes de tabuleiros, e posteriormente para vigas
e outros elementos estruturais (LEONHARDT, 1979).
De acordo com Klinsky (1999), as pontes mistas de concreto e aço tiveram
início com a patente “Composite beam construction” de J.Hahn no ano de 1926
(FIGURA 1), e com o estudo “A Pratical Method for the Design of I Beams Haunched
in Concrete” de R.A. Caughey em 1929.
16
FIGURA 1 – IMAGEM DE DESCRIÇÃO DA PATENTE DE J.KAHN
FONTE: HTTP://WWW.GOOGLE.COM/PATENTS/US1597278?HL=PT-BR#FORWARD-
CITATIONS A partir da década de 30 e, sobretudo depois do término da segunda guerra
mundial, as pontes mistas foram amplamente empregadas. As primeiras publicações
relacionadas à construção de pontes em estrutura mista foram realizadas pela
AASHO- American Association of State Highway Officials (atualmente AASHTO-
American Association of State Highway and Transportation Officials) no ano de
1944, ano em que os trens de carga da norma americana foram reformulados. No
ano de 1953 a Alemanha publica a norma DIN 1078-1 (Road Bridge Composite
Carrier – Guidelines for the Calculaiton and Education) onde são introduzidos os
critérios de normalização para estruturas mistas. Em 1961 a norma americana
também sofre uma nova reformulação. A partir da década de 70 muitos autores
estudaram o comportamento de vigas mistas como: Daniels and Slutter (1972),
Boltzer e Colville (1979) e, Kennedy e Grace (1982, 1983). No ano de 1985 a
AASHTO publicou uma revisão com o conteúdo disponível até então sobre o projeto
e execução de pontes mistas. (KLINSKY, 1999).
Atualmente, no Brasil, os requisitos para projeto e execução de pontes em
estruturas mistas ainda não estão normatizados. Existe um projeto de norma que
17
está em consulta pública. Devido à falta de uma norma específica se faz o uso de
normas internacionais como, por exemplo, o EM 1994-2 Eurocode 4 – Design of
composite steel and concrete structures – Part 2: General rules and rules for bridges.
As normas internacionais são utilizadas juntamente com algumas normas
brasileiras como a ABNT NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de
estruturas mistas de aço e concreto de edifícios e a ABNT NBR 7188:2013 – Carga
móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas.
3 CARACTERIZAÇÃO DAS PONTES MISTAS
Segundo o EUROCODE 4 (1994), uma estrutura mista é definida como “um
membro estrutural que tem como componentes o concreto e o aço, interconectados
por conectores de cisalhamento como limitantes de escorregamento longitudinal
entre os dois materiais”, como exemplificado na FIGURA 2. Nos capítulos a seguir
são definidos e exemplificados cada um dos componentes da morfologia de uma
ponte em estrutura mista.
18
FIGURA 2 – EXEMPLO DE COMPORTAMENTO DE ESTRUTURA MISTA
FONTE: JOHN REID & SONS LTD (2016)
3.1 VANTAGES E DESVANTAGENS DA ESTRUTURA MISTA
De acordo com SSF Ingenieure (2012), a escolha do tipo de estrutura, de
concreto, metálica ou mista, a ser utilizado deve levar em conta diversos fatores
como:
Extensão a ser coberta pela estrutura;
Vãos máximos e mínimos e vãos livres necessários;
Viabilidade dos processos construtivos;
Condições geológicas e geográficas de localização, acesso, condições de
fundação e natureza do solo.
Além das questões de viabilidade devem ser estudadas questões que se
aplicam a qualquer obra de engenharia:
Estrutura e facilidade de execução;
Prazos de execução e de orçamento;
19
Integração paisagística e estética.
Dentro dos parâmetros mostrados as estruturas mistas possuem vantagens
e desvantagens em comparação com as outras opções. Segundo SSF Ingenieure
(2012), as principais vantagens e desvantagens são:
Vantagens:
Execução rápida graças à utilização de elementos pré-fabricados;
Possibilidade de grandes distâncias entre pilares (vãos), maximizando a área
útil e evitando problemas construtivos em relação à geografia local e sendo
facilmente adaptada a diferentes soluções arquitetônicas;
Conexões de montagem de fácil manuseio dispensando muitas vezes a
utilização de cimbramentos;
Quando as vigas transversais metálicas da superestrutura forem parte do
tabuleiro misto em toda a altura da estrutura superior, a parte inferior torna-se
totalmente selada sem reentrâncias que possam acumular sedimentos
evitando pontos de corrosão;
Aumentos da capacidade de carga da estrutura podem ser, até certa escala,
feitos facilmente mediante o reforço das eclissas (talas de junção);
Fácil identificação de patologias pela estrutura ser aberta;
Estrutura mais leve, necessitando menos elementos estruturais como pilares,
além de fundações menores e mais econômicas;
Minimiza o uso de mão-de-obra, desperdício de material e limpeza, sendo
mais fácil o controle do custo total e tendo menos impacto no meio ambiente;
Apresentam-se como a opção mais econômica dependendo do vão a ser
adotado. É possível observar, a partir da FIGURA 3, que as pontes mistas
(composite em inglês) são econômicas para praticamente todas as faixas de
vão mostrados, enquanto que as pontes em concreto apresentam maior
economia sobretudo nos vão menores (Hera et al., 2013).
20
FIGURA 3 – SOLUÇÕES MAIS ECONÔMICAS EM FUNÇÃO DO VÃO
FONTE: HERA ET.AL. (2013)
Desvantagens:
Maior custo inicial em comparação com pontes de concreto;
Graças ao peso reduzido da estrutura, os efeitos dinâmicos causados pela
passagem de veículos pesados são relativamente maiores que em pontes
maciças e precisam de atenção especial;
A dependência de iteração entre as fissuras da laje e as tensões na seção
transversal não podem ser desprezadas;
A garantia de redução de mão-de-obra e custos totais é diretamente
proporcional ao nível de pré-fabricação da estrutura;
A execução da obra é dependente de uma equipe bem qualificada e
experiente que trabalhe bem em conjunto com os coordenadores técnicos e
os engenheiros do local.
3.2 MORFOLOGIA GERAL
3.2.1 Seção Transversal
A seção transversal de uma ponte mista é composta por um tabuleiro de
concreto ligado a vigas metálicas por meio de conectores de cisalhamento. As vigas,
por sua vez, podem ter seção transversal tipo I ou seção transversal tipo caixão. Os
itens a seguir explanam essas duas morfologias.
21
3.2.1.1 Seção transversal com vigas tipo I
As pontes com vigas de seção I são as mais comumente utilizadas. Elas são
facilmente adaptadas a várias condições: urbana ou rural; vãos simples entre 30- e
130 m, podendo chegar a um comprimento total de mais de um quilometro, a largura
total geralmente fica entre 7 e 20 m. (DE MATTEIS ET AL. 2010). As pontes podem
ser compostas por apenas duas vigas tipo I, ou por várias vigas, sendo essas
chamadas de pontes multivigas.
A FIGURA 4 mostra a seção transversal de uma ponte com tabuleiro em
concreto e duas vigas tipo I, sendo as vigas longitudinais ligadas por uma viga
transversal, também chamada de transversina.
FIGURA 4 – PONTE COM DUAS VIGAS TIPO I
FONTE – DE MATTEIS et al. (2010)
As pontes compostas por vigas tipo I múltiplas (FIGURA 5) são similares às
compostas por duas vigas, porém são mais caras e complexas de serem projetadas.
Segundo De Matteis et al. (2010) são realizadas nos seguintes casos:
Largura maior que 25 m;
Altura útil insuficiente para integração de duas vigas;
Local impossibilita a utilização de equipamento pesado para o
transporte e instalação de grandes vigas;
Baixa relação vão/largura;
22
FIGURA 5 – PONTE MULTIVIGAS
FONTE – HERA ET AL (2013)
3.2.1.2 Seção transversal com vigas tipo caixão
As pontes de seção caixão são menos comuns, mais complexas de serem
projetadas e mais caras de se construir e manter, porém como possibilidades
construtivas, se apresentam adequadas em casos onde pelo menos uma das
condições a seguir está presente (DE MATTEIS ET AL, 2010):
Vão máximo excedendo 90 m;
Largura excedendo 20 m;
Altura efetiva disponível insuficiente para a integração de uma viga I
convencional;
Curva horizontal da pista é alta, gerando grande momento torsor.
Segundo De Matteis et al. (2010), a estrutura da viga caixão mista é
composta por tabuleiro de concreto e estrutura metálica em forma de U (FIGURA 6),
e as estruturas de conexão e de tabuleiro são similares às da viga I. Os principais
tipos de seção caixão são baseados no conceito de estrutura aberta (FIGURA 7) e
fechada (FIGURA 8), onde a primeira não possui o fechamento superior metálico. O
fechamento inferior é composto de seção de mesma espessura, comumente
enrijecida por estruturas trapezoidais ou seções T.
23
FIGURA 6 – DIFERENTES TIPOS DE SEÇÃO U UTILIZADAS
FONTE – DE MATTEIS et al. (2010)
FIGURA 7 – SEÇÃO CAIXÃO ABERTA
FONTE: DE MATTEIS et al. (2010)
FIGURA 8 – SEÇÃO CAIXÃO FECHADA
FONTE: DE MATTEIS et al. (2010)
24
3.2.2 Seção Longitudinal
Pontes mistas apresentam uma grande flexibilidade em relação à distribuição
e tamanho de vãos. Para um ponte longa sem obstruções geográficas (FIGURA 9),
como por exemplo um rio, estradas ou ferrovias, a relação vão de extremidade por
vão central pode chegar a 0,8; permitindo um número menor de pilares (DE
MATTEIS ET AL. 2010).
FIGURA 9 – ESTRUTURA COM DISTÂNCIA TOTAL IMPOSTA E VÃOS DE EXTREMIDADE
LONGOS
FONTE: DE MATTEIS et. al. (2010)
A altura das vigas longitudinais pode variar de acordo com a posição
(central, extremidade ou sobre apoio) porém a solução de altura constante é a mais
simples e econômica em relação à construção do perfil e montagem das vigas.
Sendo que a variação de altura é adotada apenas em casos especiais, como vãos
muito grandes, obstruções geográficas ou até mesmo por questões estéticas
(FIGURA 10).
25
FIGURA 10 – SEÇÃO DE VIGA COM ALTURA VARIÁVEL
FONTE: SSF INGENIEURE (2012)
3.3 INTERAÇÃO AÇO-CONCRETO
A associação entre viga e laje é julgada funcional se os deslocamentos
relativos na interface concreto-aço são impedidos ou reduzidos consideravelmente.
É exatamente este comportamento misto que dá o nome e serve como princípio
geral de funcionamento do sistema (FIGURA 11). Esta solidarização é alcançada
com o uso dos conectores de cisalhamento, que são explicados na próxima seção.
Tendo módulos de elasticidade muito diferentes a interação entre o aço e o
concreto faz com que os elementos se deformem livremente gerando deformações
relativas entre as partes da estrutura, chamado de deslizamento de interface. Para
evitar este deslizamento entre o aço e o concreto se faz o uso dos conectores de
cisalhamento. Quando não existe nenhum deslizamento entre oo aço e o concreto a
interação é chamada de total, quando é permitida um certo deslizamento entre os
materiais a conexão é chamada de parcial. (SCHMITZ, 2014).
26
FIGURA 11 – COMPARATIVO ENTRE SEÇÃO COM COMPORTAMENTO NÃO MISTO E MISTO
FONTE: KLINSKY (1999)
Baseado em Queiroz, Pimenta e Martins (2012), as respostas de interação
possuem três modos básicos (FIGURA 12):
Nenhuma interação: as peças se comportam individualmente ocorrendo o
deslizamento completo de interface com a criação de eixos neutros de
flexão independentes, sendo um centro de gravidade no perfil metálico e
outro no centro de gravidade da laje de concreto.
Interação parcial: quando existe uma conexão, mas esta não consegue
transmitir todo o cisalhamento da interface dos materiais, criando duas
linhas neutras com posições dependentes do grau de interação do
sistema.
Interação total: os dois elementos se deformam como uma única peça,
criando uma única linha neutra.
27
FIGURA 12 – VARIAÇÃO DE DEFORMAÇÃO E POSICIONAMENTO DE LINHAS NEUTRAS
FONTE: QUEIROZ, PIMENTA E MARTINS (2012)
De acordo com Klinsky (1999), esta interação laje-vigas, por meio de
conectores de cisalhamento, causa uma transmissão de tensões concentradas ao
longo da conexão, havendo um pico de tensões normais na laje. Esta tensão diminui
na medida em que se aumenta a distância do apoio. Este efeito é denominado
“Shear Lag” (FIGURA 13).
A consideração desse efeito foi inicialmente aplicada em estruturas de
navios, sendo logo aplicada em aeronaves e pontes com o trabalho de Dowling &
Burgan (1987) que aborda o efeito de “Shear Lag” em pontes e também o problema
de determinação da parcela de laje equivalente no caso de pontes mistas com
conexão parcial. (KLINSKY, 1999).
Para avaliação correta da rigidez efetiva da viga e determinação das cargas
máximas solicitantes é comum serem definidas seções equivalente de vigas mistas,
com banzos de largura reduzida. A definição desta largura efetiva (FIGURA 14) com
tensão constante a ser adotada depende entre outros fatores da:
Geometria da estrutura;
Tipo de carregamento;
Condições de apoio;
28
Armadura da laje.
Para simplificação geral, a maior parte das normativas já oferecem
delimitações que devem ser empregadas no dimensionamento especifico.
FIGURA 13 – EFEITO DE “SHEAR LAG”
FONTE: KLINSKY (1999)
FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO DA LARGURA EFETIVA
FONTE: QUEIROZ, PIMENTA E MARTINS (2012)
29
3.4 CONECTORES DE CISALHAMENTO
Ensaios em estruturas mistas mostram que, para baixos valores de carga, a
maior parte do cisalhamento longitudinal é desenvolvida na interface por aderência
química entre a pasta de cimento e a superfície do aço. No entanto, continuando-se
o carregamento, percebe-se que, para cargas mais elevadas, ocorre o rompimento
desta aderência e que, uma vez rompida, esta não pode ser mais restaurada.
(QUEIROZ, PIMENTA E MARTINS, 2012). É para garantir esta aderência adicional
que os diversos tipos de conectores de cisalhamento são empregados. A FIGURA
15 mostra o conector tipo stud.
FIGURA 15 – CONECTORES TIPO STUD
FONTE: STEEL CONSTRUCTION UK (2016)
A resistência ao corte e o comportamento estrutural dos conectores são
determinados por ensaios em laboratório, e os resultados, apresentados em curvas
esforço cortante x deslizamento entre a superfície do concreto e do aço. Quando o
acréscimo de conectores não produz acréscimo na interação no sistema misto é dito
que a interação laje-viga é total, não sendo este o caso, a interação é denominada
parcial. Em ambos os casos a determinação da resistência à flexão é em regime
plástico. (FERNANDES, 2008)
Além da resistência do conector em si, a resistência da conexão é função do
concreto utilizado. A FIGURA 16 apresenta a relação da força de cálculo máxima
30
para um conector tipo stud de 19 mm em função do concreto utilizado. A força de
resistência de cálculo, neste caso, foi calculada pela norma britânica BS EN 1994-2.
FIGURA 16 – TENSÃO DE CISALHAMENTO DE CÁLCULO PARA UM STUD DE 19 MM EM RELAÇÃO AO CONCRETO UTILIZADO
FONTE: UK STEEL CONSTRUCTION (2016)
3.4.1 Conector Stud
Os conectores tipo stud são pinos com cabeça soldados diretamente no
perfil metálico. O método de conexão é o de solda manual lateral, solda por arco
elétrico com pistola de solda ou como parafusos com sistema de rosqueamento. A
FIGURA 17 mostra os conectores stud e as diferentes formas de instalação.
FIGURA 17 – CONECTOR STUD, COM DIFERENTES FORMAS DE INSTALAÇÃO
FONTE: REID STEEL (2016)
31
O conector Stud é o mais usado em países desenvolvidos.(HENDY e ILES,
2015). As vantagens que este conector apresenta em comparação aos outros é
simples, eles não criam grandes obstruções para a passagem e montagem da
armadura de aço (FIGURA 18), permitem uma boa compactação do concreto em
volta do conector e possuem resistência igual em todas as direções, além de serem
de rápida e fácil execução quando usados métodos automatizados de solda.
FIGURA 18 – EXEMPLO DE POSICIONAMENTO DA ARMADURA DE AÇO EM CONJUNTO COM OS CONECTORES STUD
FONTE: STEEL CONSTRUCTION UK (2016)
3.4.2 Conector perfil U laminado
Os conectores tipo perfil U laminado são os conectores mais utilizados no
Brasil e em países em desenvolvimento, sendo o preço do perfil baixo e da mão-de-
obra associada também (CARDOSO, 2006). A FIGURA 19 mostra o uso de
conectores de cisalhamento tipo perfil U laminado.
32
FIGURA 19 – CONECTORES TIPO “U” LAMINADO SOLDADOS SOBRE VIGA DE ALMA CHEIA
FONTE: CARDOSO (2006)
3.4.3 Outros conectores
Na FIGURA 20 são apresentados outros tipos de conectores não comumente
utilizados, como o barra com alça, espiral e pino com gancho.
FIGURA 20 – EXEMPLOS DE OUTROS POSSÍVEIS CONECTORES A SEREM UTILIZADOS
FONTE: FERNANDES (2008)
33
3.4.4 Transversinas
As transversinas são adotadas de acordo com a regra simplificada da
AASHTO, 2012; norma a qual, na sua seção número 6 estabelece que as mesmas
devem ter um espaçamento máximo de 25 ft (7,6 m). A altura do perfil da
transversina deve ser no mínimo 75 % da altura da viga principal.
4 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS
4.1 AÇO
Segundo a ABNT NBR 8800:2008 o aço utilizado em perfil deve possuir
resistência máxima ao escoamento de 450 MPa e relação de resistência à ruptura e
ao escoamento não inferior a 1,18. A FIGURA 21 apresenta os tipos disponíveis de
aço estrutural para perfil.
FIGURA 21 – TIPOS DE AÇO DISPONÍVEIS PARA PERFIS
FONTE: GERDAU S.A (2012)
Os perfis laminados possuem bitolas que variam de 150 a 610 mm, e
comprimento padrão de entrega de 12 m. É importante salientar que dependendo da
agressividade do meio em relação à corrosão é necessário a aplicação de pinturas
de superfície. (GERDAU S.A, 2012)
34
O módulo de elasticidade E do aço pode ser adotado, segundo a ABNT NBR
8800:2008 como 200.000 MPa.
4.2 CONCRETO
O concreto é utilizado nas seguintes partes das pontes:
Tabuleiro;
Pilares;
Fundações;
Guarda-rodas e parapeitos.
O concreto tem sido ideal para o tabuleiro, formando junto com as vigas de
aço um sistema misto altamente eficiente e econômico (PINHO e BELLEI, 2007).
Todos os concretos utilizados devem seguir as disposições contidas na ABNT NBR
6118:2014.
4.3 CONECTOR DE CISALHAMENTO
Segundo o disposto no item A.5.2 da ABNT NBR 8800:2008 o aço estrutural
utilizado para conectores pino com cabeça de diâmetro até 22,2 mm deve ser o
ASTM A108-Grau 1020, devendo ser especificado com resistência ao escoamento
de 345 MPa, resistência à ruptura de 415 MPa, alongamento mínimo em 50 mm de
20 % e redução mínima de área de 50 %.
5 CARGAS ATUANTES NUMA PONTE E ESTADOS LIMITES
A ABNT NBR 8681:2003 classifica as ações em pontes como sendo de
natureza:
Permanente;
Variável;
Excepcional.
5.1 CARGAS PERMANENTES
As cargas permanentes são aquelas que agem praticamente sem variação
durante toda a vida útil da estrutura (ABNT NBR 6118:2014), constituídas, sobretudo
pelo peso próprio da estrutura e pelas sobrecargas permanentes, como por
35
exemplo, laje de concreto, estrutura de aço, pavimentação, etc.(PINHO e BELLEI,
2007).
No caso das cargas permanentes distribuídas, é utilizado o peso específico
relativo ao material componente da estrutura. Podem ser adotados os pesos
específicos aparentes apresentados na TABELA 1.
TABELA 1 – PESO ESPECÍFICO DOS MATERIAIS MAIS USUAIS
Material Peso específico (kN/m³)
Aço 78,5
Concreto armado 25
Concreto simples 24
Argamassa de cimento e areia 21
Concreto asfáltico 18
Madeira (tipo peroba) 8
Ferro fundido 72,5
Alumínio e ligas 28
FONTE: ABNT NBR 6120:1980
5.1.1 Peso Próprio
Estão incluídos no peso próprio, as lajes, as vigas longitudinais e a
infraestrutura.
A determinação da espessura da laje é feita com base no vão da laje, que
usualmente é o espaçamento entre as vigas longitudinais. Segundo Pinho e Bellei
(2007) podem ser usados, para dimensionamento preliminar de pontes mistas, os
valores de espessuras da laje no meio do vão mostrados na tabela 2:
TABELA 2 – ESPESSURA DA LAJE DE ACORDO COM O VÃO
Vão da laje (m) Espessura da laje (cm)
2,00 15
3,00 18
4,00 20
5,00 22
6,00 25
FONTE: PINHO E BELLEI (2007)
36
5.1.2 Sobrecargas permanentes
As sobrecargas permanentes não fazem parte da estrutura propriamente
dita, porém atuam na ponte durante toda a vida útil. Incluem-se como sobrecargas
permanentes o empuxo de terra, pavimento, barreiras, etc.
Um problema frequente no cálculo da infraestrutura de uma ponte é o
cálculo do empuxo assimétrico causado pelo passagem de um veículo em uma das
extremidades da ponte. A determinação da sobrecarga do aterro é um problema de
difícil solução, o que se aceita na prática é a transformação do peso da carga móvel
em altura adicional de aterro. (MARCHETTI, 2008).
5.2 CARGAS VARIÁVEIS OU MÓVEIS
5.2.1 Forças verticais segundo a ABNT NBR 7188:2013
As cargas móveis descritas na norma são compostas pelos chamados trens-
tipo, os quais possuem duas classes, baseados nos pesos em toneladas dos
veículos. As classes são:
Pontes Classe 45 (trem-tipo TB-450);
Pontes Classe 24 (trem-tipo TB-240);
Cada trem-tipo é composto de cargas P em kilonewtons concentradas no
nível do pavimento e uma carga p em kilonewtons por metro quadrado distribuída
uniformemente também no nível do pavimento.
As cargas P e p devem ser ponderadas pelos coeficientes de impacto
vertical (CIV), do número de faixas (CNF) e de impacto adicional (CIA), sendo Q e q
os valores ponderados expressos por:
𝑄 = 𝑃 × 𝐶𝐼𝑉 × 𝐶𝑁𝐹 × 𝐶𝐼𝐴 ( 1 )
𝑞 = 𝑝 × 𝐶𝐼𝑉 × 𝐶𝑁𝐹 × 𝐶𝐼𝐴 ( 2 )
A carga móvel TB-450 é composta por um veículo de 450 kN, com seis
rodas e carga P em cada roda de 75 kN, os eixos são afastados entre si em 1,5 m. A
37
carga p distribuída é de 5 kN/m². A FIGURA 22 representa a disposição das cargas
do trem-tipo TB-450:
FIGURA 22 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS PARA O TREM-TIPO TB-450
FONTE: ABNT NBR 7188:2013
No trem-tipo TB-240, utilizado em estradas vicinais municipais e obras
particulares, a carga móvel é composta por um trem-tipo de 240 kN, com seis rodas,
cada qual com uma carga concentrada P de 40 kN e uma carga uniformemente
distribuída p de 4,0 kN/m².
5.2.2 Forças verticais segundo a ABNT NB 6:1960
Para as pontes projetadas até o ano de 1985 a norma vigente era a ABNT
NB-6:1960, a qual apresentava as pontes com classe 36. Nas pontes classe 36, o
trem-tipo compõe-se de um veículo de 36 tf, multidão de 500kg/m² na frente e atrás
do veículo e 300 kg/m² no restante da pista e nos passeios. A distância entre os
eixos é idêntica às pontes de classe 45, o veículo de 36 tf é apresentado na FIGURA
23 e a formação do trem-tipo na FIGURA 24.
38
FIGURA 23 – VEÍCULO DE 36 TF
FONTE: DNIT (2004)
FIGURA 24 – TREM-TIPO DAS PONTES CLASSE 36
FONTE: DNIT (2004)
5.2.3 Cargas nos passeios segundo a ABNT NBR 7188:2013
Para fins de verificação e dimensionamento dos diversos elementos
estruturais deve-se adotar nos passeios uma carga uniformemente distribuída de 3
kN/m². Porém para o dimensionamento do passeio propriamente dito, deve-se
considerar uma carga distribuída de 5 kN/m².
Todos os passeios devem ser protegidos por dispositivos de contenção. As
cargas nos passeios não são ponderadas pelos coeficientes de impacto vertical
(CIV), coeficiente do número de faixas (CNF) e coeficiente de impacto adicional
(CIA).
39
5.2.4 Coeficientes de ponderação das cargas verticais segundo a ABNT NBR
7188:2013
5.2.4.1 Coeficiente de impacto vertical (CIV)
Todas as cargas verticais devem ser majoradas pelo coeficiente de impacto
vertical CIV para o dimensionamento dos elementos estruturais, os coeficientes são
obtidos por:
𝐶𝐼𝑉 = 1,35 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑣ã𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒 10 𝑚 ( 3 )
𝐶𝐼𝑉 = 1 + 1,06 × (20
𝐿𝑖𝑣 + 50) 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑣ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 10 𝑚 𝑒 200 𝑚
( 4 )
onde Liv é o vão para o cálculo do CIV. Em vãos isostáticos Liv é a média aritmética
dos vãos nos casos de vãos contínuos. Nas estruturas em balanço Livé o
comprimento do próprio balanço.
Para vãos acima de 200 m, o coeficiente de impacto vertical deve ser
estabelecido com base em estudos específicos para consideração da amplificação
dinâmica.
5.2.4.2 Coeficiente do número de faixas (CNF)
O coeficiente do número de faixas é calculado pela expressão:
𝐶𝑁𝐹 = 1 − 0,05 × (𝑛 − 2) > 0,9 ( 5 )
onde n é o número inteiro de faixas de tráfego a serem carregadas sobre um
tabuleiro transversalmente contínuo.
5.2.4.3 Coeficiente de impacto adicional (CIA)
O coeficiente de impacto adicional deve ser aplicado para majoração dos
esforços na região das juntas estruturais e extremidades da estrutura. Todos os
elementos estruturais localizados a uma distância normal de 5,0 m a partir da junta
40
ou extremidade devem ser dimensionados com os esforços majorados pelo
coeficiente de impacto adicional. O coeficiente de impacto adicional é igual a:
𝐶𝐼𝐴 = 1,25 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑢 𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠
𝐶𝐼𝐴 = 1,15 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑎ç𝑜
5.2.5 Coeficiente de ponderação das cargas verticais segundo a ABNT NB 6:1960
As cargas do trem-tipo na normativa antiga (ABNT NB 6:1960) eram
ponderadas apenas por um coeficiente de impacto (φ) em função do vão L em
metros da ponte. O coeficiente é definido por:
𝜑 = 1,4 − 0,007𝐿 ( 6 )
5.2.6 Forças horizontais segundo a ABNT NBR 7188:2013
5.2.6.1 Frenagem e aceleração
As forças longitudinais de frenagem e aceleração devem ser aplicadas no
nível do pavimento, na posição mais desfavorável em conjunto com a respectiva
carga, e são calculadas por:
𝐻𝑓 = 0,25 × 𝐵 × 𝐿 × 𝐶𝑁𝐹 ( 7 )
sendo:
𝐻𝑓 ≥ 135 𝑘𝑁;
𝐵- largura efetiva em metros da carga distribuída de 5 kN/m²;
𝐿- comprimento em metros da carga distribuída;
𝐶𝑁𝐹- coeficiente do número de faixas ( Eq (5)).
5.2.6.2 Força centrífuga
Nas pontes em curva, as cargas em movimento produzem forças centrífugas
aplicadas no nível do tabuleiro, e que são expressas por um percentual da carga
característica dos veículos aplicados sobre o tabuleiro, na posição mais desfavorável
em conjunto com a respectiva carga. O valor da força centrífuga é calculado pelas
expressões a seguir:
41
𝐻𝑓𝑐 = 2,4 × 𝑃 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑟𝑎𝑖𝑜 < 200 𝑚 ( 8 )
𝐻𝑓𝑐 =480
𝑅 × 𝑃 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑟𝑎𝑖𝑜 200 < 𝑅 < 1500 𝑚
( 9 )
𝐻𝑓𝑐 = 0 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑟𝑎𝑖𝑜𝑠 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑎 1500 𝑚 ( 10 )
sendo:
𝑅- raio de curvatura horizontal no eixo da obra, expresso em metros;
𝑃- peso de uma roda do trem-tipo, expresso em kN.
5.2.7 Ações excepcionais segundo a ABNT NBR 7188:2013
As ações excepcionais (colisões) são verificadas somente para o estado
limite último sob ação apenas das cargas apresentadas em 5.2.1. Os itens a seguir
descrevem as ações excepcionais a considerar.
5.2.7.1 Colisão em pilares
Todos os pilares situados junto às faixas de tráfego devem ser verificados
para a ação de uma carga horizontal de 1000 kN na direção do tráfego e uma carga
de 500 kN não simultânea na direção perpendicular ao tráfego. Essas cargas devem
ser aplicadas a uma altura de 1,25 m da cota do terreno ou do pavimento.
5.3 DISPOSITIVOS DE CONTENÇÃO SEGUNDO A ABNT NBR 7188:2013
As barreiras e dispositivos de contenção devem ser dimensionados para
suportar uma carga vertical de 100 kN simultaneamente com uma carga horizontal
na direção perpendicular ao tráfego também de 100 kN.
5.3.1 Guarda-corpo
O guarda-corpo deve ser dimensionado para resistir a uma força horizontal
linearmente distribuída de 2,0 kN/m.
42
5.4 COMBINAÇÕES DE CARGAS RELATIVAS AOS ESTADOS LIMITES E
COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO
Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm
probabilidades não desprezáveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura,
durante um período preestabelecido. As combinações devem ser feitas de maneira
que possibilitem a determinação dos efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. As
verificações em relação aos estados-limites últimos e aos estados-limites de serviço
devem ser feitas em função das combinações últimas e das combinações de
serviço, respectivamente. (ABNT NBR 8800:2008).
5.4.1 Combinações últimas segundo a ABNT NBR 8681:2003
A referida normativa classifica as combinações como:
Normais: decorrentes do uso previsto da edificação;
Especiais: ações as quais produzem efeitos maiores que os considerados
na combinação normal. Possuem uma duração muito pequena quando
comparados com a vida útil da estrutura;
Excepcional: são ações que podem acarretar efeitos catastróficos na
estrutura. Possuem uma duração extremamente curta;
Construção: considerado apenas quando existe a possibilidade de atingir
os estados limites durante a fase de construção.
A combinação normal é definida por:
𝐹𝑑 =∑𝛾𝑔𝑖𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝛾𝑞 [𝐹𝑄1,𝑘 +∑𝜓0𝑗𝐹𝑄𝑗,𝑘
𝑛
𝑗=2
]
𝑚
𝑖=1
( 11 ) onde:
𝐹𝐺𝑖,𝑘 - o valor característico das ações permanentes;
𝐹𝑄1,𝑘- valor característico da ação variável considerada como ação principal para a
combinação;
𝜓0𝑗𝐹𝑄𝑗,𝑘- valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações variáveis;
A combinação especial ou de construção é apresentada na Equação ( 12 ):
43
𝐹𝑑 =∑𝛾𝑔𝑖𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝛾𝑞 [𝐹𝑄1,𝑘 +∑𝜓0𝑗,𝑒𝑓𝐹𝑄𝑗,𝑘
𝑛
𝑗=2
]
𝑚
𝑖=1
( 12 ) onde:
𝜓0𝑗,𝑒𝑓 - fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem
agir concomitantemente com a ação principal 𝐹𝑄1, durante a situação transitória.
Já a combinação excepcional é exposta na Equação ( 13 ).
𝐹𝑑 =∑𝛾𝑔𝑖𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 + 𝛾𝑔∑𝜓0𝑗,𝑒𝑓𝐹𝑄𝑗,𝑘
𝑛
𝑗=1
𝑚
𝑖=1
( 13 )
onde:
𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐 - valor da ação transitória excepcional.
5.4.2 Combinações de serviço segundo a ABNT NBR 8681:2003
As combinações de serviço são classificadas como:
Quase permanentes: combinações que podem atuar durante grande parte
do período da vida da estrutura, da ordem da metade deste período;
Frequentes: combinações que se repetem muitas vezes durante o período
de vida da estrutura, da ordem de 105 vezes em 50 anos, ou que tenham
duração total igual a uma parte não desprezível desse período, da ordem
de 5%;
Raras: combinações que podem atuar no máximo algumas horas durante
o período de vida da estrutura.
Na combinação quase permanente de serviço, definida na Equação ( 14 ),
todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase permanentes
ψ2FQk, ou seja:
𝐹𝑑,𝑢𝑡𝑖 =∑𝐹𝐺𝑖,𝑘
𝑚
𝑖=1
+∑𝜓2𝑗𝐹𝑄𝑗,𝑘
𝑛
𝑗=1
( 14 )
44
Na combinação frequente de serviço, mostrada na Equação ( 15 ), a ação
variável principal FQ1 é tomada com seu valor frequente ψ1FQ1,k e todas as demais
ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes ψ2FQk.
𝐹𝑑,𝑢𝑡𝑖 =∑𝐹𝐺𝑖,𝑘
𝑚
𝑖=1
+ 𝜓1𝐹𝑄1,𝑘 +∑𝜓2𝑗𝐹𝑄𝑗,𝑘
𝑛
𝑗=2
( 15 )
Na combinação rara de serviço, mostrada na Equação ( 16 ), a ação variável
principal FQ1 é tomada com seu valor característico FQ1,k e todas as demais ações
são tomadas com seus valores frequentes ψ1FQk.
𝐹𝑑,𝑢𝑡𝑖 =∑𝐹𝐺𝑖,𝑘
𝑚
𝑖=1
+ 𝐹𝑄1,𝑘 +∑𝜓1𝑗𝐹𝑄𝑗.𝑘
𝑛
𝑗=2
( 16 )
5.4.3 Coeficientes de ponderação de acordo com a ABNT NBR 8681:2003
Os coeficientes propostos pela ABNT NBR 8681:2003 para ações
permanentes e variáveis são apresentados na TABELA 3 e na TABELA 4
respectivamente.
TABELA 3 – COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO PARA AÇÕES PERMANENTES
Combinação Estrutura Efeito
Favorável Desfavorável
Normal Grandes Pontes 1,3 1,0
Pontes em geral 1,35 1,0
Especial ou de construção
Grandes Pontes 1,2 1,0
Pontes em geral 1,25 1,0
Excepcional Grandes Pontes 1,1 1,0
Pontes em geral 1,15 1,0
FONTE: ABNT NBR 8681:2003
TABELA 4 – COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO PARA AÇÕES VARIÁVEIS
Combinação Tipo de estrutura Coeficiente de
ponderação
Normal Pontes 1,5
Especial ou de construção Pontes 1,3
Excepcional Estruturas em geral 1,0
FONTE: ABNT NBR 8681:2003
45
Segundo essa norma, grandes pontes são aquelas em que o peso próprio
da estrutura supera 75% da totalidade das ações.
Os valores de combinação (ψ0) e de redução (ψ1 e ψ2) válidos para pontes
rodoviárias são apresentados na TABELA 5.
TABELA 5 – VALORES DE COMBINAÇÃO 𝜓0 E DE REDUÇÃO (𝜓1 E 𝜓2)
Ações 𝜓0 𝜓1 𝜓2
Vento
0,6 0,3 0 Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral
Temperatura
0,6 0,5 0,3 Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local
Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos
0,7 0,5 0,3 Pontes rodoviárias
FONTE: ABNT NBR 8681:2003
6 METODOLOGIA DO DIMENSIONAMENTO
6.1 CARACTERÍSTICAS DA SEÇÃO
A FIGURA 25 apresenta as dimensões básicas de um perfil I soldado em
aço.
FIGURA 25 – DIMENSÕES BÁSICAS DE UM PERFIL EM AÇO
FONTE:HTTPS://DISCIPLINAS.STOA.USP.BR/PLUGINFILE.PHP/110863/MOD_RESOURCE/CONT
ENT/0/APOSTILA2012.PDF
46
Na figura 25:
𝑑- altura da seção transversal em mm;
𝑏𝑓- largura da mesa do perfil em mm;
𝑡𝑤- espessura da alma em mm;
𝑡𝑓- espessura da mesa em mm;
ℎ- distância entre as faces internas das mesas.
6.2 GENERALIDADES
De acordo com a ABNT NBR 8800:2008 as vigas mistas de aço e concreto
de alma cheia podem ser biapoiadas, contínuas ou semicontínuas.
As biapoiadas são aquelas em que as ligações nos apoios podem ser
consideradas como rótulas. As contínuas são aquelas em que o perfil de aço e a
armadura da laje têm continuidade total nos apoios internos. As semicontínuas são
aquelas em que o perfil de aço não tem continuidade total nos apoios internos.
As vigas mistas de alma cheia biapoiadas devem ter relação entre
espessura e altura da alma (ℎ/𝑡𝑤) inferior ou igual a 5,7√E/fy. Se ℎ/𝑡𝑤 for inferior ou
igual a 3,76√E/fy, essas vigas são compactas e podem ser dimensionadas usando
as propriedades plásticas da seção mista. Se ℎ/𝑡𝑤 for maior que 3,76√E/fy, as vigas
devem ser dimensionadas utilizando as propriedades elásticas da seção. Neste
caso, a altura ℎ é tomada como a distância entre as faces internas das mesas nos
perfis soldados, e como essa altura menos os raios de concordância entre a mesa e
a alma nos perfis laminados.
As vigas mistas de alma cheia contínuas e semicontínuas devem possuir
ligação mista. Se ℎ𝑝/𝑡𝑤 for inferior ou igual a 3,76√E/fy e 𝑏𝑓/𝑡𝑓 for inferior ou igual a
0,38√E/fy essas vigas são compactas e os esforços internos podem ser
determinados por análise rígido-plástica. O valor de ℎ𝑝 é tomado como o dobro da
altura da parte comprimida da alma (subtraído de duas vezes o raio de concordância
entre a mesa e a alma nos perfis laminados).
A ABNT NBR 8800:2008 permite que vigas sujeitas a momento negativo nas
extremidades sejam tratadas como mistas apenas na região do momento positivo.
Visando satisfazer as questões de segurança, utilização e durabilidade, a
ABNT NBR 8800:2008 preconiza uma verificação quanto aos estados limites
47
levando em consideração as propriedades dos materiais e os coeficientes de
segurança apropriados. Esta é a mesma abordagem considerada no Eurocode 4
(1994).
Os estados limites últimos (ELU) estão associados ao colapso da estrutura,
assim como outras formas de ruína estrutural que possam comprometer a segurança
dos usuários.
Os estados limites de serviço (ELS) levam em consideração o desempenho
da estrutura e, quando da sua ocorrência, causam efeitos estruturais que não
respeitam as condições especificadas para o uso normal da construção.
6.3 ESTADOS LIMITES ULTIMOS (ELU)
É válido ressaltar que a verificação quanto ao ELU pode se referir a uma
análise global ou local da estrutura.
No caso de consideração de um estado limite de ruptura ou deformação
excessiva de uma seção transversal, analisando cada esforço isoladamente
(momento fletor, esforço cortante, etc.), a condição de segurança é expressa pela
seguinte forma simplificada:
𝑆𝑑 ≤ 𝑅𝑑 ( 17 )
sendo Sd os valores de cálculo dos esforços atuantes e Rd os valores de cálculo dos
esforços resistentes.
Segundo a ABNT NBR 8800:2008, no caso das estruturas mistas, para
verificação quanto aos estados limites últimos, é adotado um coeficiente de
segurança para cada um dos materiais:
Para o aço dos perfis: fyd =fy
γal
( 18 )
Para o aço da fôrma de aço incorporada: fyFd =fyF
γal
( 19 )
Para o concreto: fcd =fck
γc
( 20 )
Para o aço das barras da armadura: fsd =fys
γs
( 21 )
48
onde 𝑓𝑦, 𝑓𝑦𝐹𝑑 e 𝑓𝑦𝑆, são respectivamente, as resistências ao escoamento do aço dos
perfis, da fôrma de aço incorporada e das armaduras, 𝑓𝑐𝑘 é a resistência
característica à compressão do concreto e 𝛾𝑎𝑙, 𝛾𝑐 e 𝛾𝑠, são os coeficientes de
ponderação mostrados na TABELA 6:
TABELA 6 – VALORES DOS COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS
Combinações
Aço estruturala 𝛾𝑎
Concreto 𝛾𝑐
Aço das armaduras
𝛾𝑠
Escoamento, flambagem e instabilidade
𝛾𝑎𝑙
Ruptura 𝛾𝑎2
Normais 1,10 1,35 1,40 1,15
Especiais ou de construção 1,10 1,35 1,20 1,15
Excepcionais 1,00 1,15 1,20 1,00 a Inclui o aço de fôrma incorporada, usado nas lajes mistas de aço e concreto, de pinos e parafusos
FONTE: ABNT NBR 8800:2008
6.4 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO (ELS)
De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, a ocorrência de um estado limite
de serviço pode prejudicar a aparência, a funcionalidade e o conforto dos usuários,
sendo assim, os principais aspectos a controlar são:
Flechas: afetam o aspecto estético além de provocar danos aos elementos
não estruturais;
Vibração: causam desconforto ao usuário e podem também gerar anomalias
na ponte;
Fissuração do concreto tracionado: alteram o aspecto estético, durabilidade e
estanqueidade dos elementos da ponte.
6.5 DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS
Para determinação dos deslocamentos, as propriedades geométricas da
seção são obtidas por meio da homogeneização de acordo com as componentes da
seção de aço e de concreto e sua largura efetiva, dividindo essa largura pela razão
𝛼𝐸 = 𝐸/𝐸𝑐, onde 𝐸 e 𝐸𝑐 são, respectivamente, os módulos de elasticidade do aço e
do concreto. A participação do concreto na zona tracionada é desconsiderada. A
49
posição da linha neutra é determinada considerando-se uma distribuição linear das
tensões na seção homogeneizada. (ABNT NBR 8800:2008).
Os efeitos de longa duração, como por exemplo, fluência e retração do
concreto devem ser levados em conta utilizando-se a ABNT NBR 6118:2014 para o
concreto de densidade normal. Na ausência de Norma Brasileira aplicável, pode ser
utilizado o Eurocode 2 Part 1-1 para concreto de baixa densidade.
Segundo PFEIL e PFEIL (2009), para levar em conta os efeitos da fluência
do concreto, os deslocamentos são calculados com a carga permanente e valores
quase permanentes da carga variável. Valores frequentes e raros da carga variável
são desconsiderados.
O cálculo da flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado,
disposto no item 17.3.2.1.2 da ABNT NBR 6118:2014, pode ser calculada
multiplicando-se a flecha imediata pelo fator αf, obtido pelas Equações ( 22 ) e ( 23 ).
𝛼𝑓 =𝜉
1 + 50𝜌′
( 22 )
com
𝜌′ =𝐴𝑠′
𝑏𝑑
( 23 ) onde:
As′- taxa de armadura da viga;
b e d- base e altura da viga;
O coeficiente 𝜉 é obtido a partir da TABELA 7 em função do tempo.
TABELA 7 – VALORES DO COEFICIENTE 𝜉 EM FUNÇÃO DO TEMPO
Tempo (t) meses 0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 >70
Coeficiente 𝜉(t) 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
FONTE: ABNT NBR 6118:2014
Não serão considerados neste trabalho os efeitos de retração do concreto,
visto que a construção se dará com o uso de lajes pré-fabricadas, sendo este efeito
minimizado.
50
6.5.1 Deformações máximas
Os limites para o deslocamento são preconizados pela ABNT NBR
6118:2014. A tabela com os limites para deslocamentos são apresentados na
TABELA 8.
TABELA 8 – LIMITES PARA DESLOCAMENTOS DE ESTRUTURAS
Tipo de efeito Razão da limitação
Exemplo Deslocamento a
considerar Deslocamento-limite
Aceitabilidade sensorial
Visual
Deslocamentos visíveis em elementos estruturais
Total 𝑙/250
Outro Vibrações
sentidas no piso
Devido a cargas acidentais
𝑙/350
Efeitos Estruturais em serviço
Superfícies que devem drenar água
Coberturas e varandas
Total 𝑙/250
Pavimentos que devem permanecer
planos
Ginásios e pistas de boliche
Total 𝑙/350 + 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑓𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎
Ocorrido após a construção do
piso 𝑙/600
Elementos que suportam equipamentos
sensíveis
Laboratórios Ocorrido após
nivelamento do equipamento
De acordo com recomendações do
fabricante do equipamento
FONTE: ABNT NBR 6118:2014
Para a ponte mista no âmbito desse trabalho, considera-se como critério o
aspecto visual e a capacidade da superfície em drenar água, sendo assim, o limite
para o deslocamento é 𝑙/250, onde 𝑙 é o vão em metros.
6.6 MOMENTO DE INÉRCIA EFETIVO
O momento de inércia efetivo, segundo a ABNT NBR 8800:2008 para vigas
mistas de alma cheia, é dado por:
𝐼𝑒𝑓 = 𝐼𝑎 +√∑𝑄𝑅𝑑𝐹ℎ𝑑
(𝐼𝑡𝑟 − 𝐼𝑎)
( 24 )
51
onde:
Ia - momento de inércia da seção isolada de aço;
Itr - momento de inércia da seção mista homogeneizada;
∑QRd - somatório das forças resistentes de cálculo individuais dos conectores de
cisalhamento, situados entre a seção de momento fletor positivo máximo e a seção
adjacente de momento fletor nulo;
Fhd - força de cisalhamento de cálculo entre o componente de aço e a laje, igual ao
menor valor entre 𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 e 0,85 𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑡𝑐.
6.7 LARGURA EFETIVA
6.7.1 Largura efetiva segundo a ABNT NBR 8800:2008
Segundo a referida norma, a largura efetiva da mesa de concreto, de cada
lado da linha de centro da viga, em vigas biapoiadas, deve ser igual ao menor dos
seguintes valores:
1/8 do vão da viga mista, considerado entre linhas de centros de apoios;
Metade da distância entre a linha de centro da viga analisada e a linha de
centro da viga adjacente;
Distância da linha de centro da viga à borda de uma laje em balanço.
Para o caso de vigas mistas contínuas e semicontínuas, as larguras efetivas
podem ser tomadas adotando-se em vez dos vãos das vigas, as distâncias entre os
pontos de momento nulo, admitido, para essas distâncias os seguintes limites:
1) Nas regiões de momentos positivos:
4/5 da distância entre apoios, para vãos extremos;
7/10 da distância entre apoios, para vãos internos.
2) Nas regiões de momentos negativos:
1/4 da soma dos vãos adjacentes.
52
A FIGURA 26 exemplifica essas distâncias.
FIGURA 26 – DISTÂNCIAS SIMPLIFICADAS ENTRE OS PONTOS DE MOMENTO NULO EM UMA VIGA CONTÍNUA OU SEMICONTÍNUA
FONTE: ABNT NBR 8800:2008
6.7.2 Largura efetiva segundo o EUROCODE 4 (1994)
Segundo o EUROCODE 4, em seções no meio vão, num apoio
intermediário, a largura efetiva (FIGURA 27) é dada por:
𝑏𝑒𝑓𝑓 = 𝑏0 + 𝑏𝑒1 + 𝑏𝑒2 ( 25 )
onde:
𝑏𝑒1 = 𝑚𝑖𝑛 (𝐿𝑒8, 𝑏1) 𝑒 𝑏𝑒2 = 𝑚𝑖𝑛 (
𝐿𝑒8, 𝑏2)
( 26 )
sendo 𝑏0 a distância entre os eixos dos conectores. A distância 𝑏𝑖 é definida como
sendo a distância entre o eixo do conector e um ponto situado a metade da distância
das almas das vigas adjacentes.
53
FIGURA 27 – LARGURA EFETIVA NO MEIO DO VÃO
FONTE: PINTO (2009)
Nas extremidades, a largura efetiva segundo o EUROCODE 4 (1994) é dada
por:
𝑏𝑒𝑓𝑓 = 𝑏0 +∑𝛽𝑖𝑏𝑒𝑖 = 𝑏0 + 𝛽1𝑏𝑒1 + 𝛽2𝑏𝑒2 ( 27 )
com
𝛽𝑖 = 0,55 + 0,025𝐿𝑒𝑏𝑒𝑖
≤ 1,0 ( 28 )
Quando existe somente uma linha de conectores, temos 𝑏0 = 0.
Para vigas biapoiadas o comprimento 𝐿𝑒 é igual ao comprimento 𝐿 da peça.
Nos casos de apoios intermediários, o comprimento equivalente é tomado a partir da
FIGURA 28.
54
FIGURA 28 – DISTÂNCIAS ENTRE OS PONTOS DE MOMENTO NULO SEGUNDO O EUROCODE 4 (1994)
FONTE: PINTO (2009)
6.8 CLASSIFICAÇÃO DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS
É possível estabelecer a análise de vigas mistas em duas categorias:
Análise elástica;
Análise plástica.
A análise plástica leva em consideração a resistência dos elementos,
admitindo que estes atinjam sua capacidade total. Já a análise elástica, mais
conservadora, supõe que os esforços internos variem linearmente, sem atingir a
plastificação.(FABRIZZI, 2007).
Assim como em peças comprimidas em aço, as vigas mistas são divididas
em classes, sendo assim determinado o tipo de análise a ser empregada.
As seções transversais são classificadas em compactas, semicompactas e
esbeltas, e cada uma das classes é definida em função do parâmetro de esbeltez da
seção (𝜆). Para as vigas mistas, além do parâmetro de esbeltez deve-se levar em
consideração se a viga é biapoiada, contínua, semicontínua ou em balanço. (ABNT
NBR 8800:2008).
55
6.9 ARMADURA DA LAJE SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008
As disposições contidas na referida norma sobre armadura são aplicáveis
somente à concretos de densidade normal. Caso seja utilizado um concreto de baixa
densidade devem ser consideradas as prescrições do Eurocode 2 Part 1-1.
A fissuração da laje na região adjacente ao perfil de aço por efeitos de
cisalhamento deve ser controlada por uma armadura adicional, transversal ao perfil
caso a armadura destinada para outros fins não seja suficiente para conter essa
fissuração. Esta armadura adicional é denominada armadura de costura e deve ser
espaçada uniformemente ao longo do comprimento Lm (distância entre as seções de
momento máximo positivo e nulo ou regiões de momento máximo negativo e nulo).
A área destinada à armadura de costura não deve ser inferior a 0,2 % da
seção de cisalhamento do concreto por plano de cisalhamento (FIGURA 29) no caso
de lajes maciças ou mistas com nervuras longitudinais ao perfil de aço. No caso das
nervuras serem transversais ao perfil de aço este valor é de 0,1 %. Em qualquer um
dos casos, a taxa de armadura não pode ser inferior a 150 mm²/m.
FIGURA 29 – SUPERFÍCIES TÍPICAS DE FALHA DE CISALHAMENTO
FONTE: ABNT NBR 8800:2008
Em cada plano de cisalhamento longitudinal, tanto nas regiões de momento
positivo quanto negativo, se faz necessário atentar para as condições mostradas nas
Equações ( 29 ), ( 30 ) e ( 31 ):
𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑 ( 29 )
com
56
𝑉𝑆𝑑 =(∑𝑄𝑚,𝑅𝑑
𝑏1𝑏1 + 𝑏2
− 0,85𝑓𝑐𝑑𝐴𝑏𝑙𝑐 − 𝐴𝑙𝑜𝑛𝑔𝑓𝑠𝑑)
𝐿𝑚≥ 0
( 30 )
Na borda de laje Vsd = 0 e
𝑉𝑅𝑑 = 0,6𝜂𝐴𝑐𝑣𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓𝛾𝑐
+ 𝐴𝑠𝑓𝑠𝑑 + 𝐴𝐹𝑓𝑦𝐹𝑑 ≤ 0,2𝜂𝐴𝑐𝑣𝑓𝑐𝑑 + 0,6𝐴𝐹𝑓𝑦𝐹𝑑 ( 31 )
onde:
∑Qm,Rd – somatório das forças de resistência individuais dos conectores de
cisalhamento no trecho Lmconsiderado;
fctk,inf = 0,21fck2/3, com fctk,inf e fck em MPa;
b1– largura efetiva da laje a partir do eixo da viga no lado onde se analisa a
resistência a fissuração longitudinal;
b2– largura efetiva da laje a partir do eixo da viga do lado oposto a b1;
Ablc– área da seção transversal da região comprimida da laje de concreto entre o
plano de cisalhamento considerado e a linha de centro da viga;
Along– área da armadura longitudinal tracionada entre o plano de cisalhamento
considerado e a linha de centro da viga;
Lm– distância entre as seções de momento máximo positivo e nulo ou regiões de
momento máximo negativo e nulo;
η = 0,3 + 0,7(ρc/2400), sendo ρc a massa específica do concreto, em kg/m³, não
podendo ser superior a 2400 kg/m³
Ac𝑣– área de cisalhamento do concreto no plano considerado, por unidade de
comprimento da viga;
As– área de armadura transversal disponível na seção de laje considerada por
unidade de comprimento da viga. Esta área inclui qualquer armadura prevista para
flexão da laje ou transversais adicionais, desde que devidamente ancoradas além da
seção considerada;
AF– área de fôrma incorporada no plano de cisalhamento, por unidade de
comprimento, no caso de fôrma contínua sobre a viga e as nervuras estejam
dispostas perpendicularmente ao perfil de aço. Nas demais situações AF = 0.
57
6.10 CONCEITOS DO DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS MISTAS SOB
MOMENTO FLETOR POSITIVO SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008
6.10.1 Construções escoradas- análise plástica
As vigas mistas tratadas neste item possuem alma cheia e respeitam a
condição:
ℎ/𝑡𝑤 ≤ 3,76√𝐸/𝑓𝑦. ( 32 )
O momento fletor de cálculo MRd, pode ser calculado de acordo com as
disposições a seguir. O valor de 0,85 fck é utilizado para levar em consideração os
efeitos de longa duração (efeito de Rusch). O coeficiente βvm é igual a 0,85; 0,90 ou
0,95 para vigas semicontínuas, de acordo com a capacidade de rotação necessária
para a ligação. Para vigas biapoiadas ou contínuas, o valor de βvm é igual a 1,00.
6.10.1.1 Vigas mistas com interação total
O roteiro de cálculo é definido de acordo com o posicionamento da linha
neutra na seção (FIGURA 30). Dependendo da geometria e da resistência dos
materiais, a linha neutra pode estar localizada da seguinte forma:
Linha neutra na mesa de concreto;
Linha neutra na mesa do perfil de aço;
Linha neutra na alma do perfil de aço.
58
FIGURA 30 – DISTRIBUIÇÃO PLÁSTICA DAS TENSÕES NA SEÇÃO TRANSVERSAL DA VIGA MISTA
FONTE: FABRIZZI (2007)
a) Linha neutra na seção plastificada da laje de concreto
As condições a serem cumpridas para esta posição da linha neutra são:
∑𝑄𝑅𝑑 ≥ 𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 ( 33 )
0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑡𝑐 ≥ 𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 ( 34 )
Sendo assim:
𝐶𝑐𝑑 = 0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑎 ( 35 )
𝑇𝑎𝑑 = 𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 ( 36 )
𝑎 =𝑇𝑎𝑑
0,85 𝑓𝑐𝑑 𝑏≤ 𝑡𝑐
( 37 )
59
Por fim, o momento resistente de cálculo é obtido por:
𝑀𝑅𝑑 = 𝛽𝑣𝑚 𝑇𝑎𝑑 (𝑑1 + ℎ𝑓 + 𝑡𝑐 −𝑎
2)
( 38 ) onde:
∑𝑄𝑅𝑑– somatório das forças resistentes individuais dos conectores de cisalhamento
situados entre a seção de momento positivo máximo e a seção adjacente de
momento nulo;
𝐴𝑎– área do perfil de aço;
𝑏– largura efetiva da laje de concreto;
𝑓𝑦𝑑– tensão de escoamento de cálculo do aço;
𝑡𝑐– altura da laje de concreto ( caso exista pré-laje de concreto pré-moldada, 𝑡𝑐 é a
espessura acima da pré-laje e, se houver laje com forma incorporada, 𝑡𝑐 é a
espessura acima das nervuras);
Ccd– força resistente de cálculo da espessura comprimida da laje de concreto;
𝑓𝑐𝑑– tensão resistente de cálculo do concreto;
Tad– força resistente de cálculo da região tracionada do perfil de aço;
a– espessura da região comprimida da laje, para o caso de interação parcial é a
espessura efetiva;
hf– espessura da laje pré-moldada de concreto ou altura das nervuras da laje com
fôrma de aço incorporada;
d1– distância do centro geométrico do perfil de aço até a face superior deste.
b) Linha neutra no perfil de aço
As condições a serem respeitadas são:
∑𝑄𝑅𝑑 ≥ 0,85 𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑡𝑐
( 39 )
𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 ≥ 0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑡𝑐 ( 40 )
Sendo assim:
𝐶𝑐𝑑 = 0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑡𝑐 ( 41 )
60
𝐶𝑎𝑑 =1
2(𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 − 𝐶𝑐𝑑)
( 42 )
𝑇𝑎𝑑 = 𝐶𝑐𝑑 + 𝐶𝑎𝑑 ( 43 )
A posição da linha neutra plástica, medida a partir do topo do perfil de aço
pode ser determinada por:
Para Cad ≤ Aaffyd a linha neutra está localizada na mesa superior, logo:
𝑦𝑝 =𝐶𝑎𝑑
𝐴𝑎𝑓𝑓𝑦𝑑𝑡𝑓
( 44 )
Para Cad > Aaffyd a linha neutra está localizada na alma do perfil, logo:
𝑦𝑝 = 𝑡𝑓 + ℎ𝑤 (𝐶𝑎𝑑 − 𝐴𝑎𝑓𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑎𝑤𝑓𝑦𝑑)
( 45 )
Por fim, o momento resistente de cálculo é obtido por:
𝑀𝑅𝑑 = 𝛽𝑣𝑚 [𝐶𝑎𝑑(𝑑 − 𝑦𝑡 − 𝑦𝑐) + 𝐶𝑐𝑑 (𝑡𝑐2+ ℎ𝑓 + 𝑑 − 𝑦𝑡)]
( 46 )
onde:
Cad– força resistente de cálculo da região comprimida do perfil de aço;
Aaf– área da mesa superior do perfil de aço;
yp– distância da linha neutra da seção plastificada até a face superior do perfil de
aço;
tf– espessura da mesa superior do perfil de aço;
hw– altura da alma, medida entre as faces internas das mesas;
Aaw– área da alma do perfil de aço, igual ao produto de hwtw;
d – altura total do perfil de aço;
yc– distância do centro geométrico da parte comprimida de perfil de aço até a face
superior deste;
61
yt– distância do centro geométrico da parte tracionada do perfil de aço até a face
inferior deste;
6.10.1.2 Vigas com interação parcial
De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, uma viga mista é considerada com
interação parcial quando a resistência dos conectores é menor que a resistência da
laje de concreto e do perfil de aço.
Na interação parcial o colapso ocorre por ruptura da ligação em vez do
escoamento do aço ou esmagamento do concreto, como ocorre na interação total.
Sendo assim, o escorregamento na interface dos dois materiais é permitido, com
formação de duas linhas neutras plásticas, uma na laje de concreto e outra no perfil
de aço. (FABRIZZI, 2007).
As condições a serem respeitadas são:
∑𝑄𝑅𝑑 < 𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑 ( 47 )
∑𝑄𝑅𝑑 < 0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏 𝑡𝑐 ( 48 )
O grau de interação da viga mista (𝜂𝑖) de alma cheia é dado por:
𝜂𝑖 =∑𝑄𝑅𝑑/𝐹ℎ𝑑 ( 49 )
sendo Fhd a força de cisalhamento de cálculo entre o componente de aço e a laje,
igual ao menor dos valores obtidos com as fórmulas ( 36 ) e ( 41 ).
No caso geral, quando os perfis de aço componentes da viga mista têm
mesas de áreas iguais, o grau de interação não pode ser inferior aos seguintes
valores:
𝜂𝑖 = 1 −𝐸
578𝑓𝑦(0,75 − 0,03𝐿𝑒) ≥ 0,40 para 𝐿𝑒 ≤ 25 𝑚
( 50 )
𝜂𝑖 = 1 para 𝐿𝑒 > 25 𝑚 ( 51 )
62
onde 𝐿𝑒 é a distância entre os pontos de momento nulo.
Por fim, o momento resistente de cálculo é dado por:
𝑀𝑅𝑑 = 𝛽𝑣𝑚 [𝐶𝑎𝑑(𝑑 − 𝑦𝑡 − 𝑦𝑐) + 𝐶𝑐𝑑 (𝑡𝑐 −𝑎
2+ ℎ𝑓 + 𝑑 − 𝑦𝑡)]
( 52 )
sendo
𝑎 =𝐶𝑐𝑑
0,85𝑓𝑐𝑑𝑏
( 53 )
6.10.2 Construções escoradas - análise elástica
Este item se aplica às vigas mistas de alma cheia que se adequam à
condição:
3,76√𝐸/𝑓𝑦 < ℎ/𝑡𝑤 ≤ 5,70√𝐸/𝑓𝑦 ( 54 )
Na análise elástica, a tensão na face inferior do perfil de aço não pode
ultrapassar fyd nem a tensão de compressão de cálculo do concreto fcd deve ser
ultrapassada na face superior da laje em concreto. A determinação das tensões é
apresentada nos itens a seguir para os casos de vigas com interação total e vigas
com interação parcial.
6.10.2.1 Vigas mistas com interação total
Existe interação completa quando as condições a seguir são respeitadas
∑𝑄𝑅𝑑 ≥ min {𝐴𝑎𝑓𝑦𝑑
0,85𝑓𝑐𝑑 𝑑 𝑡𝑐
( 55 )
As tensões originadas do momento fletor solicitante de cálculo MSd devem
ser calculadas utilizando-se as propriedades da seção mista homogeneizada e a
fluência deve ser considerada quando desfavorável. As tensões de cálculo de tração
e de compressão são:
63
𝜎𝑡𝑑 =𝑀𝑠𝑑
(𝑊𝑡𝑟)𝑖
( 56 )
𝜎𝑐𝑑 =𝑀𝑠𝑑
[𝛼𝐸(𝑊𝑡𝑟)𝑠]
( 57 )
onde:
σtd– tensão de tração de cálculo da mesa inferior do perfil de aço;
σcd– tensão de compressão de cálculo na face superior da laje de concreto;
(Wtr)i– módulo de resistência elástico inferior da seção mista;
(Wtr)s– módulo de resistência elástico superior da seção mista;
αE– razão modular, representada pelo módulo de elasticidade do aço dividido pelo
módulo de elasticidade do concreto.
6.10.2.2 Vigas mistas com interação parcial
A determinação das tensões é feita da mesma maneira que no item anterior,
porém com a alteração do valor de (Wtr)i para Wef, calculado por:
𝑊𝑒𝑓 = 𝑊𝑎 +√∑𝑄𝑅𝑑𝐹ℎ𝑑
[(𝑊𝑡𝑟)𝑖 −𝑊𝑎]
( 58 ) onde:
Wa– módulo de resistência elástico inferior do perfil de aço.
6.10.3 Construções não escoradas
Para construções não escoradas, além das verificações apresentadas nos
itens anteriores, devem ser atendidas as seguintes exigências:
1) O componente do aço, por si só, deve ter resistência de cálculo adequada
para suportar todas as ações de cálculo aplicadas antes do concreto atingir
uma resistência igual a 0,75fck.
2) Nas vigas mistas de alma cheia biapoiada, enquadradas na análise elástica,
deve-se ter na mesa inferior da seção mais solicitada:
64
(𝑀𝐺𝑎,𝑆𝑑
𝑊𝑎) + (
𝑀𝐼,𝑆𝑑
𝑊𝑒𝑓) ≤ 𝑓𝑦𝑑
( 59 ) onde:
MGa,Sd e MI,Sd– momentos fletores solicitantes de cálculo devido às ações atuantes,
respectivamente, antes e depois da resistência do concreto atingir a 0,75fck.
6.11 CONCEITOS DO DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS MISTAS SOB
MOMENTO FLETOR NEGATIVO SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008
Nas regiões com momento negativo, a resistência aos esforços é feita
exclusivamente pelo perfil de aço e pela armadura da laje de concreto existente na
seção da largura efetiva. Além disso é necessário assegurar um número suficiente
de conectores para resistir aos esforços horizontais entre a laje de concreto e o perfil
metálico.
Além disso, a norma ainda preconiza que a seção de aço possua:
Relação entre largura e espessura da mesa comprimida não superior a
0,38√E/fy, para que a mesa não sofra flambagem local;
Relação entre duas vezes a altura da parte comprimida da alma, menos duas
vezes o raio de concordância entre a mesa e a alma nos perfis laminados, e a
espessura desse elemento não superior a 3,76√E/fy, com posição da linha
neutra plástica determinada para a seção mista sujeita a momento negativo,
para que a alma não sofra flambagem local.
A força de tração resistente (Tds) nas barras da armadura longitudinal deve
ser calculada por:
Tds = Aslfsd ( 60 )
sendo Asl a área da armadura longitudinal dentro da largura efetiva da laje de
concreto.
Para consideração de momentos negativos, a ABNT NBR 8800:2008
abrange apenas vigas compactas. O momento fletor resistente para vigas
compactas é dado por:
MRd− = Tdsd3 + Aatfydd4 + Aacfydd5
( 61 )
65
onde:
Aat– área tracionada da seção do perfil de aço;
Aac– área comprimida da seção do perfil de aço;
d3– distância do centro geométrico da armadura longitudinal à LNP;
d4– distância da força de tração, situada no centro geométrico da área tracionada
da seção do perfil de aço à LNP;
d5– distância da força de compressão, situada no centro geométrico da área
comprimida da seção do perfil de aço à LNP.
6.12 VERIFIFICAÇÃO À FORÇA CORTANTE SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008
Segundo a Norma Brasileira, a força resistente de cálculo de vigas mistas de
alma cheia deve ser determinada considerando-se apenas a resistência do perfil de
aço, logo:
𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑 ( 62 )
onde VSd e VRd são os esforços cortantes solicitantes e resistentes, respectivamente.
Para seções I, H e U fletidas em relação ao eixo central de inércia
perpendicular à alma (eixo de maior momento de inércia), a força cortante de cálculo
𝑉𝑅𝑑, é dada por:
Para 𝜆 < 𝜆𝑝: 𝑉𝑅𝑑 =𝑉𝑝𝑙
𝛾𝑎𝑙
( 63 )
Para 𝜆𝑝 < 𝜆 ≤ 𝜆𝑟: 𝑉𝑅𝑑 =𝜆𝑝
𝜆
𝑉𝑝𝑙
𝜆𝑎𝑙
( 64 )
Para 𝜆 > 𝜆𝑟: 𝑉𝑅𝑑 = 1,24 (𝜆𝑝
𝜆)2 𝑉𝑝𝑙
𝜆𝑎𝑙
( 65 )
onde:
𝜆 = ℎ
𝑡𝑤
( 66 )
𝜆𝑝 = 1,10√𝑘𝑣 𝐸
𝑓𝑦
( 67 )
66
𝜆𝑟 = 1,37√𝑘𝑣 𝐸
𝑓𝑦
( 68 )
𝑘𝑣
=
{
5,0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎𝑙𝑚𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑒𝑛𝑟𝑖𝑗𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑖𝑠, 𝑝𝑎𝑟𝑎
𝑎
ℎ> 3 𝑜𝑢 𝑝𝑎𝑟𝑎
𝑎
ℎ> [
260
ℎ/𝑡𝑤]2
5 +5
(𝑎/ℎ)2, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠
( 69 )
onde:
𝑉𝑝𝑙– força cortante correspondente à plastificação da alma por cisalhamento, igual a
0,60 𝐴𝑤𝑓𝑦;
𝐴𝑤– área efetiva de cisalhamento, igual a 𝑑 𝑡𝑤;
𝑎– distância entre as linhas de centro de dois enrijcedores transversais adjacentes;
ℎ– altura da alma, tomada igual à distância entre as faces internas das mesas nos
perfis soldados e igual a esse valor menos os dois raios de concordância entre a
mesa e a alma nos perfis laminados;
𝑡𝑤– espessura da alma;
𝑑 – altura total da seção transversal.
Quando forem necessários enrijecedores transversais, devem ser obedecidos
os seguintes requisitos:
Os enrijecedores transversais devem ser soldados à alma e às mesas
dos perfis, podendo, entretanto, do lado da mesa tracionada, ser
interrompidos de forma que a distância entre os pontos mais próximos
das soldas entre mesa e alma e entre enrijecedor e alma fique entre
4 𝑡𝑤 e 6𝑡𝑤;
A relação entre largura e espessura dos elementos que formam os
enrijecedores não pode ultrapassar 0,56√𝐸/𝑓𝑦;
O momento de inércia da seção de um enrijecedor singelo ou de um
par de enrijecedores (um de cada lado da alma) em relação ao eixo
no plano médio da alma não pode ser inferior a 𝑎 𝑡𝑤3 𝑗, onde 𝑗 =
[2,5/(𝑎/ℎ)2] − 2 ≥ 0,5.
67
6.13 NÚMERO DE CONECTORES DE CISALHAMENTO DE ACORDO COM A
ABNT NBR 8800:2008
6.13.1 Regiões com momento fletor positivo
Na região de momento fletor positivo, a interação entre o concreto da laje e o
aço da viga metálica pode ser completa ou parcial. A interação entre o aço e o
concreto é completa quando os conectores situados nessa região tiverem resistência
de cálculo igual ou superior à resistência de cálculo do componente de aço à tração
ou da laje à compressão. A interação é parcial caso a resistência de cálculo dos
conectores seja inferior às duas mencionadas.
A resistência de cálculo de um conector QRd é o menor dos valores a seguir:
𝑄𝑅𝑑 =1
2
𝐴𝑐𝑠√𝑓𝑐𝑘𝐸𝑐𝛾𝑐𝑠
( 70 )
𝑄𝑅𝑑 =𝑅𝑔𝑅𝑝𝐴𝑐𝑠𝑓𝑢𝑐𝑠
𝛾𝑐𝑠
( 71 )
onde:
Acs– área da seção transversal do conector;
fck– resistência característica do concreto;
Ec– módulo de elasticidade do concreto;
γcs– coeficiente de ponderação da resistência do conector;
Rg– coeficiente para consideração do efeito de atuação de grupos de conectores,
tomado igual a 1,00 para qualquer número de conectores em uma linha soldados
diretamente no perfil de aço;
Rp– coeficiente para consideração da posição do conector, tomado igual a 1,00 para
conectores soldados diretamente no perfil de aço;
fucs– resistência à ruptura do aço do conector.
O número necessário de conectores nas regiões de momento positivo, para
uma interação completa é obtido através do equilíbrio de forças, divide-se a força
total de cisalhamento na seção em estudo, obtida através das equações ( 35 ), ( 36 )
68
ou ( 41 ) pela resistência de cálculo de um conector, obtida pelas equações ( 70 ) ou
( 71 ).
O espaçamento máximo entre linhas de centro de conectores deve ser igual
a oito vezes a espessura da laje, esse espaçamento também não pode ser superior
a 915 mm no caso das lajes com fôrmas de aço incorporadas, com nervuras
perpendiculares ao perfil de aço.
O espaçamento mínimo entre linhas de centro de conectores tipo pinos com
cabeça deve ser igual a seis diâmetros ao longo do vão da viga, no caso de laje com
forma de aço incorporada esse espaçamento pode ser reduzido para quatro
diâmetros.
6.13.2 Regiões com momento fletor negativo
De acordo com a Norma Brasileira, o número de conectores n entre a seção
de momento máximo negativo e a seção de momento nulo, deve ser tal que:
∑QRd ≥ Tds
onde QRd é a força de cálculo resistente de um conector de cisalhamento e Tds é a
força de tração de cálculo nas barras da armadura longitudinal.
6.14 ARMADURA MÍNIMA DE TRAÇÃO NAS REGIÕES COM MOMENTOS
NEGATIVOS SEGUNDO A ABNT NBR 8800:2008
Na ausência de um método mais rigoroso de avaliação dos esforços gerados
nas regiões de momentos negativos a Norma Brasileira fornece uma área mínima da
armadura longitudinal de tração para o controle da fissuração, calculada através da
fórmula ( 72 ).
As =k kc ks fct,ef Act
σst
( 72 ) onde:
k– coeficiente de correção que leva em conta os mecanismos de geração de
tensões de tração, podendo ser tomado igual a 0,8;
69
kc– coeficiente que leva em conta o equilíbrio e a distribuição das tensões na laje de
concreto imediatamente antes da ocorrência de fissuras, pode ser tomado, de forma
conservadora igual a 1,00;
ks– coeficiente que leva em conta o efeito da redução da força normal na laje de
concreto devido à fissuração inicial e ao deslizamento local da ligação entre a laje e
o perfil de aço, pode ser tomado igual a 0,9;
fct,ef– resistência média à tração efetiva do concreto no instante em que se formam
as primeiras fissuras, é recomenda-se adotar um valor mínimo de 3 MPa;
Act– área efetiva da laje de concreto (produto da largura efetiva pela espessura);
σst– máxima tensão de tração permitida na armadura, imediatamente após a
ocorrência da fissuração, calculada por:
𝜎𝑠𝑡 = 810𝑤𝑘0,5√
𝑓𝑐𝑘2/3
𝜙≤ 𝑓𝑦𝑠
( 73 ) onde
𝑤𝑘– é a abertura máxima característica das fissuras em função da agressividade
ambiental, igual 0,4 mm para agressividade ambiental I; 0,3 mm para as
agressividades ambientais II e II e 0,2mm para agressividade ambiental IV;
𝑓𝑐𝑘– resistência característica do concreto à compressão, expressa em MPa;
𝜙– diâmetro das barras da armadura em mm;
𝑓𝑦𝑠– resistência ao escoamento do aço da armadura, expressa em MPa.
7 APRESENTAÇÃO DO PROJETO EM ESTRUTURA DE CONCRETO
7.1 GENERALIDADES
O projeto apresentado é referente a uma ponte classe 36 em concreto
armado, projetada em outubro de 1986, localizada na PR-487 trecho Campo Mourão
– Cruzeiro do Oeste.
Os cálculos estruturais foram feitos de acordo com as normas vigentes na
época. O projeto estabelece que os materiais empregados na obra devem têm as
seguintes características:
fck = 15 MPa para meso e infraestrutura;
fck= 18 MPa para superestrutura;
70
fck = 24 MPa para pavimentação;
Aço CA-50 A;
Fundações: tubulão a ar comprimido.
É interessante avaliar comparativamente a qualidade do projeto da década de
80 e um projeto atual. Com a adoção dos computadores na execução dos projetos
de engenharia percebe-se uma melhora substancial na qualidade dos desenhos e
na precisão dos resultados, contudo, a presição dos resultados nem sempre indica
que os mesmos estão corretos.
Outro fator que deve ser ponderado é a utilização de softwares comerciais
para o dimensionamento, nesses softwares, muitas vezes são inseridos apenas os
valores de entrada e obtém-se um resultado final, ficando o engenheiro apenas
como operador, sem saber quais os critérios de cálculo adotados pelo programa.
Neste último quesito o projeto dos anos 80 é superior, pois com todo o trabalho feito
de forma manual o engenheiro tinha mais controle sobre o próprio projeto.
7.2 ESQUEMA ESTRUTURAL
A FIGURA 31 e a FIGURA 32 ilustram, respectivamente, a seção transversal
da ponte em concreto armado e o esquema da seção longitudinal.
71
FIGURA 31 – SEÇÃO TRANSVERSAL DA PONTE EM CONCRETO ARMADO (DIMENSÕES EM CENTÍMETROS)
FONTE: os autores
FIGURA 32 – ESQUEMA DA SEÇÃO LONGITUDINAL (DIMENSÕES EM METROS)
FONTE: os autores
7.3 ESFORÇOS NAS LAJES
A metodologia utilizada pelo projetista para obtenção dos esforços nas lajes
é apresentada nos itens a seguir. É abordado apenas o que se refere às lajes, pois
as armaduras das mesmas não serão recalculadas para a solução mista (salvo as
armaduras contra fissuração na região de momentos negativos). É adotada, de
forma simplificada, que a armadura das lajes permaneçam as mesmas, embora se
72
saiba que as mesmas devem ser recalculadas devido à variação do peso próprio,
visto que a seção da laje na ponte mista é constante, ou seja, não apresenta as
variações de seção como na ponte em concreto armado.Todos os demais detalhes
relativos às lajes e outras estruturas da ponte em concreto podem ser encontradas
no ANEXO 1 onde se encontra o projeto original.
7.3.1 Determinação dos esforços na laje em balanço
FIGURA 33 – LAJE EM BALANÇO COM AS DIMENSÕES EM CENTÍMETROS
FONTE: os autores
Os momentos fletores na borda devido às cargas permanentes são
apresentados na TABELA 9.
TABELA 9 – MOMENTOS FLETORES NA BORDA DEVIDO À CARGAS PERMANENTES
Origem da carga Momento (kN.m)
Seção de concreto -17,04
Pavimento -3,5
Barreira -13,05
Total -33,59
FONTE: os autores
Os momentos fletores na laje em balanço são gerados pelo trem-tipo de 36 tf
da carga acidental e pela força no guarda-rodas.
73
Os momentos oriundos das cargas acidentais foram obtidos com o auxílio
da tabela de Rüsch nº 98, e estão apresentados na TABELA 10.
TABELA 10 – MOMENTOS FLETORES ORIUNDOS DAS CARGAS ACIDENTAIS
Momentos Intensidade (kN.m)
Mxe (momento no centro do bordo engastado) -95,92
Myr (momento no centro do bordo livre) 26,84
Mxm (momento no centro da laje) 6,91
FONTE: os autores
O momento gerado pela força horizontal de 6,0 tf no guarda-rodas é
apresentado na TABELA 11.
TABELA 11– MOMENTOS FLETORES GERADOS PELA FORÇA DE 6,0 T NO GUARDA-RODAS
Momentos Intensidade (kN.m)
Mxe (momento no centro do bordo engastado) -14,09
Mxr (momento no centro do bordo livre) -27,06
FONTE: os autores
7.3.2 Determinação dos esforços na laje central
FIGURA 34 – ESQUEMA DA LAJE CENTRAL (DIMENSÕES EM CENTÍMETROS)
FONTE: os autores
74
Os momentos fletores devido às cargas permanentes são apresentados na
TABELA 12.
TABELA 12 – MOMENTOS FLETORES DEVIDO ÀS CARGAS PERMANENTES
Local Momento (kN.m)
Meio do vão 11,43
Borda -22,86
FONTE: os autores
Para as cargas acidentais, os momentos são obtidos com a utilização da
tabela de Rüsch nº 52, considerando a laje engastada nas laterais, os momentos
são apresentados na TABELA 13.
TABELA 13 – MOMENTOS FLETORES ORIUNDOS DA CARGA MÓVEL CONSIDERANDO A LAJE COMO ENGASTADA NAS LATERAIS
Momentos Intensidade (kN.m)
Mxm (momento no meio do vão) 36,66
Mym (momento no meio do vão) 0,19
Mxc (momento de borda) -71,86
FONTE: os autores
O projetista também fez a consideração da laje central como simplesmente
apoiada e, nesse caso para obter os momentos fletores decorrentes da carga móvel
fez o uso da tabela de Rüsch nº 01, os momentos obtidos são apresentados na
TABELA 14.
TABELA 14 – MOMENTOS FLETORES ORIUNDOS DA CARGA MÓVEL CONSIDERANDO A LAJE COMO SIMPLESMENTE APOIADA
Momentos Intensidade (kN.m)
Mxm (momento no meio do vão) 67,91
Mym (momento no meio do vão) 30,91
FONTE: os autores
Para o cálculo da laje propriamente dita, o projetista optou por utilizar a
média dos momentos fletores para uma laje engastada e uma laje simplesmente
apoiada, sendo assim, os esforços adotados são apresentados na TABELA 15.
75
TABELA 15 – MÉDIA DOS MOMENTOS FLETORES UTILIZADA PARA DIMENSIONAMENTO
Momentos Intensidade (kN.m)
Mxm (momento no meio do vão) 52,29
Mym (momento no meio do vão) 24,91
FONTE: os autores
8 TRANSVERSINAS DA PONTE MISTA
Na ponte em estudo foram adotadas cinco transversinas, uma sobre cada
um dos apoios e três no vão central logo, o espaçamento entre elas no vão central é
de 6,25 m. O perfil I soldado de aço adotado para as transversinas possui uma altura
de 1100 mm, largura da mesa de 300 mm e 16 mm de espessura da alma e da
mesa. O espaçamento estabelecido e as características do perfil atendem os
requisitos apresentados em 3.4.4.
9 LONGARINAS DA PONTE MISTA
Para o dimensionamento das longarinas da ponte mista optou-se pela
construção não escorada, sendo assim, as longarinas são verificadas para duas
etapas, a fase de construção, na qual a viga em aço deve resistir a todas as
solicitações de peso próprio, pois a laje em concreto ainda não possui a resistência
necessária; e a fase de utilização da ponte, quando existe a interação aço-concreto.
Todas as verificações são feitas segundo as recomendações da ABNT NBR
8800:2008.
Optou-se por manter a mesma configuração da ponte original em concreto
armado com dois balanços de cinco metros em cada uma das extremidades. Não é
usual o uso de vigas mistas em balanço, já que para momentos fletores negativos a
resistência à tração do concreto deve ser desprezada, trantando-se a viga como
sendo somente de aço. Assim sendo, na situação em balanço, é antieconômico o
uso de vigas mistas.
A altura da viga foi escolhida com base no estudo de ELLER (2011), o qual
apresenta altura de vigas mistas em função do vão.
As características da seção da viga I soldada de aço escolhida para as
longarinas são mostradas na TABELA 16. A FIGURA 35 é apresentada abaixo para
mostrar as dimensões da seção.
76
FIGURA 35 – DIMENSÕES BÁSICAS DE UM PERFIL EM AÇO
FONTE:HTTPS://DISCIPLINAS.STOA.USP.BR/PLUGINFILE.PHP/110863/MOD_RESOURC
E/CONTENT/0/APOSTILA2012.PDF
TABELA 16 – CARACTERÍSTICAS DO PERFIL DA LONGARINA
d (mm) 1200
bf (mm) 450
tw (mm) 16
tf (mm) 31,5
h (mm) 1155
A (cm²) 475
Ix (cm4) 1203439
Wx (cm3) 19760
rx (cm) 50,33
Zx (cm³) 21899,6
Iy (cm4) 47880
Wy (cm³) 2128
ry (cm) 10,04
Zy (cm³) 5551
J (cm4) 1095
Cw (cm6) 163437452
FONTE: os autores
onde:
d- altura da seção transversal em mm;
bf- largura da mesa do perfil em mm;
tw- espessura da alma em mm;
tf- espessura da mesa em mm;
h- distância entre as faces internas das mesas;
77
A- área da seção em cm²;
Ix- momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo x em cm4;
Wx- módulo de resistência elástico em torno do eixo x-x em cm³;
rx- raio de giração em torno do eixo x-x em cm;
Zx- módulo de resistência plástico em torno do eixo x-x em cm³;
Iy- momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo y em cm4;
Wy- módulo de resistência elástico em torno do eixo y-y em cm³;
ry- raio de giração em torno do eixo y-y em cm;
Zy- módulo de resistência plástico em torno do eixo y-y em cm³;
J- constante de torção da seção em cm4;
Cw- constante de empenamento da seção transversal em cm6;
9.1 SOLICITAÇÕES
Os esforços solicitantes foram recalculados, não sendo utilizados os
mesmos do projeto original em concreto armado, visto que, com a modificação do
tipo de estrutura, existe também variação nas cargas do peso próprio.
9.1.1 Solicitações nas vigas longitudinais (longarinas)
9.1.1.1 Cargas permanentes
a) Peso próprio laje do balanço
(0,25 × 2,40) × 25 = 15 kN/m
b) Barreira
0,24 × 25 = 6 kN/m
c) Pavimento
(0,07 × 5,0) × 25 = 8,75 kN/m
d) Peso próprio laje central
(0,25 × 2,5) × 25 = 16,25 kN/m
78
e) Peso próprio da viga
O perfil soldado adotado possui massa linear 358,7 kg/m ou 3,52 kN/m.
f) Cortina
A cortina permanece igual à solução em concreto, com peso próprio de
207,20 kN.
g) Transversina
O perfil soldado adotado para as transversinas possui massa linear de 213
kg/m ou 2,09 kN/m, sendo assim, a reação em cada viga, referente à metade do
comprimento da transversina é de 5,43 kN.
9.1.1.2 Cargas acidentais
A carga acidental é considerada de acordo com o disposto em 5.2 para
pontes classe 36.
9.2 MATERIAIS
9.2.1 Aço
O aço escolhido é o COR 500 (fy= 370 MPa; fu= 500 MPa). Adotou-se este
aço, pois o mesmo apresenta uma elevada resistência à corrosão e não necessita
de pintura.
9.2.2 Concreto
O concreto deverá obedecer todas as diposições contidas na ABNT NBR
6118:2014 e possuir resistência média característica (fck) de 35 MPa.
9.3 VERIFICAÇÃO DA LONGARINA NA FASE CONSTRUTIVA
Na fase de construção, a viga em aço é verificada quanto ao momento fletor
e o esforço cortante.
As solicitações durante a fase construtiva são diferentes daquelas
decorrentes do uso da estrutura, sendo assim, durante a construção são
79
consideradas apenas as cargas de peso próprio da laje, da viga, e da cortina,
majoradas pelo coeficiente 1,25; conforme exposto em 5.4.
Com a utilização da ferramenta computacional Ftool, obtiveram-se os
momentos fletores máximos e mínimos, apresentados na TABELA 17 assim como o
esforço cortante máximo, apresentado na TABELA 18.
TABELA 17 – MOMENTOS FLETORES MÁXIMOS E MÍNIMOS PARA A COMBINAÇÃO DE
CONSTRUÇÃO
Momento fletor (kN.m) Momento fletor majorado (kN.m)
Máximo Mínimo Máximo Mínimo
1.313,3 -1.470,6 1.641,6 -1.838,2
FONTE: os autores
TABELA 18 – ESFORÇO CORTANTE MÁXIMO PARA A COMBINAÇÃO DE CONSTRUÇÃO
Esforço cortante (kN) Esforço cortante majorado (kN)
442,7 553,3
FONTE: os autores
A disposição das cargas no software é apresentada na FIGURA 36, o
diagrama dos momentos fletores na FIGURA 37, e o diagrama de esforços cortantes
na FIGURA 38.
FIGURA 36 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS DURANTE A FASE CONSTRUTIVA
FONTE: os autores
80
FIGURA 37 – DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES PARA A FASE CONSTRUTIVA EM KN.M
FONTE: os autores
FIGURA 38 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS CORTANTES PARA A FASE CONSTRUTIVA EM KN
FONTE: os autores
9.3.1 Verificação quanto aos momentos fletores
Durante a fase de construção, como ainda não existe a contenção lateral na
parte superior da viga, é necessário fazer a verificação para flambagem local da
mesa (FLM), flambagem local da alma (FLA) e flambagem lateral com torção (FLT),
tanto nas regiões com momento positivo quanto nas regiões com momento negativo.
Na fase de utilização, contudo, em regiões de momento positivo não é
necessário verificar quanto a flambagem lateral com torção (FLT), pois a contenção
lateral da viga na parte comprimida já estará consolidada.
81
9.3.1.1 Flambagem local da mesa (FLM)
Para efetuar as verificações, inicialmente determina-se a esbeltez da mesa
para classificação da mesma em compacta, semicompacta ou esbelta. A esbeltez da
mesa é calculada por:
λ =b
tf=225
31,5= 7,14
( 74 ) onde:
λ– esbeltez da mesa;
b– metade da largura total da mesa (mm);
tf– espessura da mesa (mm).
O limite de esbeltez para que a mesa seja classificada como compacta é
dado por:
λp = 0,38√E
fy= 0,38√
200 × 109
370 × 106= 8,835
( 75 ) onde:
λp– esbeltez máxima para avaliação da mesa como compacta;
Ea– módulo de elasticidade do aço (N/m²);
fy– tensão de escoamento do aço (N/m²).
Com um valor de esbeltez da mesa λ menor que o limite λp a mesa pode ser
classificada como compacta.
Logo, o momento fletor de plastificação da seção transversal é dado por:
Mpl = Z × fy = 0,0218996 × 3,7 × 105 = 8.102,85 kN.m
( 76 ) onde:
Mpl– momento fletor de plastificação da seção (kN.m);
Z – módulo de resistência plástico (m³);
fy– tensão de escoamento do aço (kN/m²);
Assim, o momento fletor de cálculo resistente relativo à flambagem local da
mesa é determinado por:
82
MRd,viga =Mpl
γa1=8.102,85
1,10= 7.366,22 kN.m
( 77 ) onde:
MRd,viga– momento resistente da viga (kN.m);
Mpl – momento fletor de plastificação da seção (kN.m);
γa1– coeficiente de minoração da resistência do aço ao escoamento (adimensional).
Considerando os momentos majorados apresentados em 9.3, o momento
solicitante é menor que o momento resistente quanto à FLM.
9.3.1.2 Flambagem local da alma (FLA)
Primeiramente determina-se a esbeltez da alma para classificação da seção
em compacta, semicompacta ou esbelta, dada por:
λ =h
tw=1155
16= 72,18
( 78 ) onde:
λ– esbeltez da alma;
h– altura da alma do perfil de aço (mm);
tw– espessura da alma (mm).
O limite de esbeltez para a mesa ser classificada como compacta é dada
por:
λp = 3,76√E
fy= 3,76√
200 × 109
370 × 106= 87,41
( 79 ) onde:
λp– esbeltez máxima para a alma ser classificada como compacta (adimensional);
E– módulo de elasticidade do aço (N/m²);
fy– tensão de escoamento do aço (N/m²).
Sendo assim, a alma pode ser classificada como compacta. O momento
fletor de plastificação é então dado por:
Mpl = Z × fy = 0,0218996 × 3,7 × 105 = 8.102,85 kN.m
83
( 80 ) onde:
Mpl– momento fletor de plastificação da seção (kN.m);
Z – módulo de resistência plástico (m³);
fy– tensão de escoamento do aço (kN/m²);
E o momento fletor de cálculo resistente, relativo à flambagem local da alma
é dado por:
MRd,viga =Mpl
γa1=8.102,85
1,10= 7.366,22 kN.m
( 81 ) onde:
MRd,viga– Momento resistente da viga (kN.m);
γa1– Coeficiente de minoração da resistência do aço ao escoamento (adimensional);
Mpl – Momento fletor de plastificação da seção (kN.m);
Considerando os momentos majorados apresentados em 9.3, o momento
solicitante é menor que o momento resistente quanto à FLA.
9.3.1.3 Flambagem lateral com torção (FLT)
Primeiramente determina-se a esbeltez da viga para classificação da seção
em compacta, semicompacta ou esbelta conforme:
λ =Lbry=
625
10,04= 62,25
( 82 ) onde:
λ– esbeltez da seção;
Lb– distância entre duas seções contidas à flambagem lateral com torção (cm);
ry– raio de giração da seção em relação ao eixo principal de inércia (cm).
O limite de esbeltez para a seção ser classificada como compacta é dado
por:
λp = 1,76√E
fy= 1,76√
200 × 109
370 × 106= 40,92
( 83 )
84
onde:
λp– esbeltez máxima para a viga ser classificada como compacta (adimensional);
E– módulo de elasticidade do aço (N/m²);
fy– tensão de escoamento do aço (N/m²).
Para ser classificada como semicompacta, a esbeltez máxima da viga é
dada por:
λr =1,38√IyJ
ryJβ1√1 + √1 +
27Cwβ12
Iy
=1,38√47880 × 1095
10,04 × 1095 × 0,0234√1 + √1 +
27 × 163.437.452 × 0,02342
47880
= 110,57 ( 84 )
sendo
𝛽1 =(𝑓𝑦 − 𝜎𝑟)𝑊
𝐸 𝐽=0,7 × 370 × 106 × 19.760
200 × 109 × 1095= 0,0234
( 85 ) onde:
Iy- momento de inércia em relação ao eixo y (cm4);
J- constante de torção da seção transversal (cm4);
ry- raio de giração em torno do eixo y (cm);
Cw- constante do empenamento da seção transversal (cm6).
Assim sendo, a seção pode ser classificada como semicompacta. Os
momentos resistentes no regime plástico são dados por:
Mpl = Z × fy = 0,0218996 × 3,7 × 105 = 8.102,85 kN.m
( 86 )
Mr = 0,7 × fy ×W = 0,7 × 3,7 × 105 × 0,019760 = 5.117,8 kN.m
( 87 ) onde:
Mpl- momento fletor de plastificação da seção (kN.m);
Mr- momento fletor resistente ao início do escoamento (kN.m);
85
Z – módulo de resistência plástico (m³);
fy- tensão de escoamento do aço (kN/m²);
W- módulo elástico (m³).
Sendo assim o momento resistente é dado por:
MRd,viga =Cbγal[Mpl − (Mpl −Mr)
λ − λp
λr − λp]
=1,00
1,10[8.102,85 − (8.102,85 − 5.117,8)
62,25 − 40,92
110,57 − 40,92] = 6.535,3 kN.m
( 88 )
onde:
MRd,viga- momento resistente da viga (kN.m);
Cb- fator de modificação para diagrama de momento fletor não- uniforme;
γa1- coeficiente de minoração da resistência do aço ao escoamento (adimensional);
Mpl – momento fletor de plastificação da seção (kN.m);
Mr- momento fletor resistente ao início do escoamento (kN.m);
λ- esbeltez da alma;
λp-esbeltez máxima para a viga ser classificada como compacta (adimensional);
λr- esbelteza máxima para classificação da viga como semicompacta;
Considerando os momentos majorados apresentados em 9.3, o momento
solicitante é menor que o momento resistente quanto à FLT.
9.3.2 Verificação quanto ao esforço cortante
Inicialmente determina-se a esbeltez da alma dada por:
λ =h
tw=1155
16= 72,18
( 89 ) onde:
λ– esbeltez da alma;
h– altura da alma, tomada igual à distância entre as faces internas das mesas em
mm;
tw– espessura da alma em mm.
86
Em seguida calcula-se o limite λp, o qual estabelece o limite para a alma ser
classificada como compacta. Para aumentar a resistência da viga em relação ao
esforço cortante, adota-se a utilização de enrijecedores transversais a cada 1m. O
limite λp é calculado por:
λp = 1,10√kvE
fy= 1,10√
10,51 × 2 × 108
3,7 × 105= 82,92
( 90 ) com
kv = 5 +5
(a/h)2= 5 +
5
(1/1,050)2= 10,51
( 91 )
onde:
E- módulo de elasticidade do aço em kN/m²;
fy- tensão de escoamento do aço em kN/m².
Dessa maneira, a alma pode ser caracterizada como sendo compacta e o
esforço cortante resistente é calculado por:
VRd =Vpl
γal=4.262,4
1,1= 3.874,9 kN
( 92 )
Vpl = 0,6Awfy = 0,6 × 0,0192 × 3,7 × 105 = 4.262,4 kN
( 93 )
Considerando os esforços cortantes majorados apresentados em 9.3, o
cortante solicitante é menor que o cortante resistente.
9.3.3 Deformações
O cálculo das deformações é feito com a utilização de combinações relativas
ao ELS onde o peso próprio é tomado com seu valor característico conforme
disposto em 5.4.2. A flecha é calculada com o auxílio do software Ftool e vale 4,10
mm.
87
9.4 VERIFICAÇÃO DA LONGARINA NA FASE MISTA
Com a utilização da ferramenta computacional Ftool, obtiveram-se os
momentos fletores máximos e mínimos devido às cargas permanentes e variáveis,
apresentados na TABELA 19 e na TABELA 20, assim como os esforços cortantes
máximos, apresentados na TABELA 21 e na TABELA 22. Os esforços máximos são
ponderados com os coeficientes de segurança apresentados em 5.4.3, os momentos
fletores de cálculo são apresentados na TABELA 23 e os esforços cortantes na
TABELA 24.
TABELA 19 – MOMENTO FLETOR GERADO PELAS CARGAS PERMANENTES
Momento fletor cargas permanentes
Máximo (kN.m) Mínimo (kN.m)
2.281,3 -1.655,0
FONTE: os autores
TABELA 20 – MOMENTO FLETOR GERADO PELAS CARGAS VARIÁVEIS
Momento fletor cargas variáveis
Máximo (kN.m) Mínimo (kN.m)
4.482,0 -2.116,6
FONTE: os autores
TABELA 21 – ESFORÇO CORTANTE GERADO PELAS CARGAS PERMANENTES
Esforço cortante cargas permanentes
Máximo (kN)
627,1
FONTE: os autores
TABELA 22 – ESFORÇO CORTANTE GERADO PELAS CARGAS VARIÁVEIS
Esforço cortante cargas variáveis
Máximo (kN)
844,9
FONTE: os autores
88
TABELA 23 – MOMENTO FLETOR TOTAL DE CÁLCULO
Momento fletor ponderado
Máximo (kN.m) Mínimo (kN.m)
9.802,7 -5.409,1
FONTE: os autores
TABELA 24 – ESFORÇO CORTANTE TOTAL DE CÁLCULO
Esforço cortante ponderado
Máximo (kN)
2.113,9
FONTE: os autores
Em relação às cargas permanentes, a disposição das mesmas é
apresentada na FIGURA 39, o diagrama de momentos fletores na FIGURA 40 e o
diagrama de esforço cortante na FIGURA 41.
No que se refere às cargas móveis, a disposição das mesmas é apresentada
na FIGURA 42. São apresentadas duas envoltórias de momentos fletores, a primeira
para o coeficiente de impacto de 1,23 na FIGURA 43, válida para o vão central da
ponte, e a segunda para o coeficiente de impacto de 1,36 na FIGURA 44, válida
para os cinco primeiros metros da ponte (vão do balanço), calculado conforme
disposto em 5.2.5. A envoltória de esforços cortantes é apresentada na FIGURA 45,
para o esforço cortante adota-se apenas o coeficiente de impacto de 1,36 visto que
a maior magnitude do esforço ocorre sobre o apoio, e este está na região relativa ao
maior coeficiente de impacto.
FIGURA 39 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS PERMANENTES
FONTE: os autores
89
FIGURA 40 – DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES PARA AS CARGAS PERMANENTES EM KN.M
FONTE: os autores
FIGURA 41 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS CORTANTES PARA AS CARGAS PERMANENTES EM
KN
FONTE: os autores
FIGURA 42 – DISPOSIÇÃO DAS CARGAS MÓVEIS
FONTE: os autores
90
FIGURA 43 – ENVOLTÓRIA DE MOMENTOS FLETORES COM COEFICIENTE DE IMPACTO DE 1,23 EM KN.M
FONTE: os autores
FIGURA 44 – ENVOLTÓRIA DE MOMENTOS FLETORES COM COEFICIENTE DE IMPACTO DE
1,36 EM KN.M
FONTE: os autores
FIGURA 45 – ENVOLTÓRIA DOS ESFORÇOS CORTANTES COM COEFICIENTE DE IMPACTO DE
1,36 EM KN
FONTE: os autores
9.4.1 Largura efetiva
Sendo a viga contínua, e de acordo com o disposto em 6.7.1, as larguras
efetivas para o vão e o balanço, no sentido longitudinal, valem:
91
a) Vão:
Le = 25 m
be1 =Le8= 2,18 m
be2 = menor {2,18 m 2,40 m
b = 4,36 m
b) Balanço
Le = 5 m
be1 =Le8= 0,625 m
be2 = menor {0,625 m 2,40 m
b = 1,25 m
onde:
Le– distância entre os pontos de momento nulo;
be1 e be2 – larguras colaborantes em cada lado da viga;
b – largura total adotada.
9.4.2 Momento fletor resistente
9.4.2.1 Momento fletor positivo
A verificação quanto ao momento fletor inicia-se com a classificação da
seção em compacta, semicompacta ou esbelta. Para ser classificada como
compacta, a inequação apresentada a seguir deve ser satisfeita, logo:
h
tw≤ 3,76√
E
fy
( 94 )
1155
16= 72,18
92
3,76√2 × 108
3,7 × 105= 87,41
onde:
h– altura da alma, tomada igual à distância entre as faces internas das mesas em
mm;
tw– espessura da alma em mm.
E– módulo de elasticidade do aço em kN/m²;
fy– tensão de escoamento do aço em kN/m².
Verificada a inequação, a seção é classificada como compacta.
A sequência do cálculo consiste em verificar a posição da linha neutra,
para isso é necessário estabelecer as forças resistentes na seção de aço e de
concreto. Essas forças são calculadas de acordo com a Equação ( 95 ) para o aço e
com a Equação ( 96 ) para o concreto.
Tad = Aafyd = 0,0475 × 3,36 × 105 = 15.960 kN
( 95 )
0,85fcd b tc = 0,85 × 2,5 × 104 × 4,36 × 0,20 = 18.530 kN
( 96 )
onde:
Tad– força resistente da seção em aço;
Aa– área da seção de aço em m²;
fyd– tensão resistente de cálculo do aço em kN/m²;
fcd– tensão resistente de cálculo do concreto em kN/m²;
b– largura efetiva da laje de concreto em metros;
tc– altura total da laje de concreto em metros.
Como a força resistente pela laje de concreto é maior que a força
resistente pelo perfil de aço, a linha neutra encontra-se na laje de concreto.
A altura comprimida da laje é calculada por:
a =Tad
0,85fcdb=
15.960
0,85 × 2,5 × 104 × 4,36= 0,1722
( 97 )
93
O momento fletor resistente é dado por:
MRd = βvm Tad (d1 + hf + tc −a
2)
( 98 )
MRd = 1,00 × 15.960 (0,6 + 0,05 + 0,2 −0,1722
2) = 12.191,84 kN.m
onde:
a– espessura da região comprimida da laje;
βvm– coeficiente adicional, para vigas contínuas βvm é igual a 1,00;
d1– distância do centro geométrico do perfil de aço até a face superior desse perfil;
hf– espessura da laje pré-moldada de concreto;
Considerando os momentos majorados apresentados em 9.4, o momento
solicitante é menor que o momento resistente na seção com momento fletor positivo.
9.4.2.2 Momento fletor negativo
Nas seções sujeitas a momentos fletores negativos, a resistência da viga
mista é dada pela armadura da laje de concreto e pelo perfil de aço. A favor da
segurança é desconsiderada essa contribuição das armaduras da laje, ou seja,
admite-se que o momento fletor negativo é resistido apenas pelo perfil de aço.
A ABNT NBR 8800:2008 somente aborda vigas mistas que sejam
compactas em regiões de momentos negativos, para tal, o cálculo se resume ao
apresentado em 9.3.1, sendo o momento negativo resistente de cálculo igual a:
MRd− = 6.535,3 kN.m
Considerando os momentos majorados apresentados em 9.4, o momento
solicitante é menor que o momento resistente na seção com momento fletor
negativo.
94
9.5 ARMADURA MÍNIMA DE CONTROLE DE FISSURAÇÃO NA LAJE
A área mínima da armadura longitudinal de tração para controle de
fissuração é:
As =k kc ks fct,ef Act
σst
( 99 )
As =0,8 × 1,0 × 0,9 × 3 × 2.500
418,93= 12,88 cm²/𝑚
onde:
k- coeficiente de correção que leva em conta os mecanismos de geração de tensões
de tração, podendo ser tomado como 0,8;
kc- coeficiente que leva em conta o equilíbrio e a distribuição das tensões na laje de
concreto imediatamente antes da ocorrência de fissuras. Pode ser tomado, de forma
conservadora, igual a 1,0;
ks- coeficiente que leva em conta o efeito da redução da força normal na laje de
concreto devido à fissuração inicial e ao deslizamento local da ligação entre a laje e
o perfil de aço, podendo ser tomado como 0,9;
fct,ef- resistência média à tração efetiva do concreto no instante em que se formam
as primeiras fissuras, pode ser adotado como valor mínimo de 3 MPa;
Act- área efetiva da laje de concreto em cm² (produto da largura efetiva pela
espessura).
σst- máxima tensão de tração permitida na armadura, imediatamente após a
ocorrência da fissuração, calculada por:
σst = 810wk0,5√
fck2/3
ϕ≤ fys
( 100 )
σst = 810 × 0,40,5√
352/3
16≤ 500
σst = 418,93 < 500
95
onde:
wk- abertura máxima característica das fissuras dada pela TABELA 25 em função da
agressividade ambiental, expressa em mm;
fck- resistência característica do concreto à compressão, expressa em MPa;
ϕ- diâmetro das barras de armadura, em milímetros. Neste projeto foi adotado o
diâmetro de 16 mm;
fys- resistência ao escoamento do aço da armadura, expressa em MPa.
TABELA 25 – ABERTURA MÁXIMA CARACTERÍSTICA DAS FISSURAS EM FUNÇÃO DA AGRESSIVIDADE AMBIENTAL
Agressividade ambiental Ambiente wk (mm)
I (fraca) Rural ou submersa 0,4
II (moderada) Urbano 0,3
III (forte) Marinho e industrial 0,3
IV (muito forte) Industrial químico agressivo
e respingos de maré 0,2
FONTE: ABNT NBR 8800:2008
Somando-se a armadura necessária para resistir às solicitações da laje e a
armadura de controle de fissuração, obtém-se para a região dos apoios uma
quantidade de 18,92 cm² de aço, distribuídos ao longo da largura efetiva da viga
mista. Adotando-se barras de 16 mm de diâmetro o espaçamento necessário entre
as barras é de 12,5 cm.
9.6 VERIFICAÇÃO DA CONEXÃO
Os conectores de cisalhamento adotados possuem 22 mm de diâmetro e
20,8 cm de altura.
A força resistente de cálculo dos conectores tipo pino com cabeça é dada
pelo menor dos valores:
QRd =1
2
Acs√fckEcγcs
=1
2×3,8 × 10−4√35 × 103 × 3,313 × 107
1,25= 163,67 kN
( 101 )
96
QRd =RgRpAcsfucs
γcs=1,00 × 1,00 × 3,8 × 10−4 × 4,15 × 105
1,25= 126,16 kN
( 102 ) onde:
Acs- área da seção transversal do conector em m²;
fck- resistência característica do concreto em kN/m²;
Ec- módulo de elasticidade do concreto em kN/m², tomado igual 5600√𝑓𝑐𝑘 (ABNT
NBR 6118:2014);
γcs- coeficiente de ponderação da resistência do conector, igual a 1,25 para
combinações últimas de ações normais;
Rg- coeficiente para consideração do efeito de atuação de grupos de conectores,
igual a 1,00 para qualquer número de conectores em uma linha soldados
diretamente no perfil de aço. Para outras situações consultar o item O.4.2.1.2 da
ABNT NBR 8800:2008;
Rp- coeficiente para consideração da posição do conector, igual a 1,00 para
conectores soldados diretamente no perfil de aço. Para outras situações consultar o
item O.4.2.1.3 da ABNT NBR 8800:2008;
fucs- resistência à ruptura do aço do conector.
Tomando o menor valor, a resistência do conector vale 126,16 kN. Na
região com momento fletor positivo, para resistir a força calculada na Equação ( 95 ),
considerando que serão soldados 3 conectores por seção, haverá a necessidade de
42 seções de conectores espaçadas a cada 415 mm.
Nas regiões sujeitas a momento fletor negativo, os conectores deverão
resistir à força de tração de cálculo das armaduras da laje. Considerando a área de
armadura apresentada em 9.5, serão necessários 8 conectores para cada lado do
apoio, espaçados a cada 625 mm.
9.7 DETERMINAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS
Os deslocamentos são calculados em função de uma seção idealizada. Essa
seção é obtida por meio da homogeneização teórica da seção formada pelo
componente de aço e pela laje de concreto com sua largura efetiva. A seção
homogeneizada é válida para uma análise linear de tensões (BRUN, MAXIMILIEN e
TARDIF, 2014).
97
9.7.1 Momento de inércia homogeneizado da seção sob ação de momento fletor
positivo
A razão modular αE que relaciona os módulos de elasticidade do concreto e
do aço é:
𝛼𝐸 =𝐸𝑎𝐸𝑐=
200
33,13= 6,04
( 103 ) onde:
Ea- módulo de elasticidade do aço;
Ec- módulo de elasticidade do concreto
A posição da linha neutra da seção homogeneizada, caracterizada pela
distância z medida a partir da face superior da laje, é calculada pelo equilíbrio dos
momentos estáticos. A expressão final, obtida de Brun, Maximilien e Tardif (2014) é:
z =Aa (
ha2 + hf + a) +
beff+ a2
2αEAh
( 104 )
z =475 (
1202+ 5 + 17,22) +
436 × 17,222
2 × 6,041703,6
= 29,20 cm
onde:
Aa- área da seção do perfil de aço em cm²;.
ha- altura do perfil de aço, expresso em cm;
hf- espessura da laje pré-moldada de concreto em cm;
a- espessura da região comprimida da laje calculada na Equação ( 97 ), expressa
em cm;
beff+ - largura efetiva da seção de concreto sujeita à momento fletor positivo, expressa
em cm.
98
A área da seção homogeneizada é dada por:
Ah = Aa +beff+ × a
αE= 475 +
436 × 17,22
6,04= 1.703,6 cm²
( 105 )
Com o valor de z > a é possível afirmar que a linha neutra está situada no
perfil de aço. O momento de inércia homogeneizado Ih, calculado em relação à linha
neutra é dado por (BRUN, MAXIMILIEN E TARDIF, 2014):
Ih = Ia + Aa(za − z)2 +
beff+ × a
αE[a2
12+ (z −
a
2)2
]
( 106 )
Ih = 1.305.520 + 475(82,02 − 29,90)2 +
436 × 17,22
6,04[17,222
12+ (29,20 −
17,22
2)2
]
= 2.652.165 cm4
onde:
Ia- momento de inércia da seção isolada de aço em cm4;
za- distância entre o centro de gravidade da seção em aço e a face superior da laje,
calculada por:
𝑧𝑎 =ℎ𝑎2+ ℎ𝑓 + 𝑎 =
120
2+ 5 + 17,02 = 82,02 𝑐𝑚
( 107 )
9.7.2 Momento de inércia homogeneizado da seção sob ação de momento fletor
negativo
A resistência de uma seção mista sujeita a um momento fletor negativo é
dada pelo perfil de aço e pelas armaduras existentes no interior da largura efetiva da
laje. Todas as equações listadas neste tópico foram retiradas de Brun, Maximilien e
Tardif (2014).
A área da seção mista homogeneizada é dada por:
Ah = Aa + As ( 108 )
Ah = 475 + 18,92 = 493,92 cm²
99
onde:
Aa- área da seção do perfil de aço em cm²;
As- área das armaduras existentes no interior da largura efetiva em cm²;
A distância z da linha neutra da seção até o centro de gravidade do perfil é
dado por:
z(Aa + As) = (ha2+ hs)As
( 109 )
z =(1202+ 22,2) 18,92
493,92= 3,15 cm
onde:
ha- altura do perfil de aço, expresso em cm;
hs- distância em cm da face do perfil de aço até o centro de gravidade das
armaduras da laje;
O momento de inércia homogeneizado da seção mista em relação à linha
neutra é dado por:
Ih = Ia + Aaz2 + As (
ha2+ hs − z)
2
( 110 )
Ih = 1.305.520 + 475 × 3,152 + 18,92 (
120
2+ 22,2 − 3,15)
2
= 1.428.462 cm4
onde:
Ia- momento de inércia da seção isolada de aço em cm4;
9.8 VERIFICAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES
O cálculo das deformações é feito utilizando-se a inércia da seção
homogeneizada. As cargas são majoradas de acordo com a combinação frequente
relativa ao ELS conforme mostrado em 5.4.
Para o cálculo das flechas de uma viga contínua utilizam-se as inércias
homogeneizadas conforme calculado em 9.7.1 e em 9.7.2. As inércias utilizadas são
mostradas na FIGURA 46.
100
FIGURA 46 – INÉRCIAS PARA O CÁLCULO DAS FLECHAS
FONTE: os autores
Todos os deslocamentos foram obtidos com a utilização do software Ftool. A
flecha decorrente da ação das cargas permanentes durante a fase mista advém
apenas do peso do pavimento e da barreira, visto que o peso da laje e das vigas já
foi considerado na flecha de construção, quando a estrutura ainda não tinha
comportamento misto. Sendo assim, a flecha para as cargas da barreira e do
pavimento vale 1,18 cm e a flecha das cargas permanentes total é de 5,28 cm.
A consideração do efeito de fluência se dará de acordo com o disposto em
6.5, considerando t > 70 meses e viga sem armadura de compressão, o fator αf é
igual a 2. Para o vão central, a flecha decorrente da carga permanente é de 10,56
cm e da carga acidental 1,15 cm; totalizando 11,71 cm.
9.9 CONTRA-FLECHA
Uma contra-flecha de 5,28 mm é prevista. A contra-flecha é suficiente para
limitar as deformações oriundas da carga permanente. Assim sendo, a flecha total é
de 6,43 mm, estando de acordo com o especificado em 6.5.1.
10 PARÂMETROS DE COMPARAÇÃO
O comparativo é feito a partir da estrutra em concreto armado, projetada nos
anos 80, e a estrutura mista, dimensionada pelos autores. Vale lembrar que os
materiais e as soluções estruturais disponíveis aos projetistas mudaram muito desde
então, sendo assim não é possível afirmar que os comparativos feitos valeriam para
os dias de hoje. As soluções para transpor o mesmo vão em concreto armado ou até
mesmo concreto protendido, atualmente, seriam diferentes da adotada nos anos 80.
101
10.1 PESO DA ESTRUTURA
Um dos parâmetros de comparação analisados é a variação do peso da
estrutura, primeiramente em relação às vigas longitudinais e depois em relação a
toda ponte.
O peso total das vigas e das transversinas em concreto armado é calculado
a partir da análise do projeto original e vale 215 tf. A solução mista apresenta vigas
metálicas com massa linear de 358 kg/m, considerando o peso das vigas,
transversinas e conectores, o peso próprio final é de 35,6 tf. Sendo assim, a redução
do peso nas vigas com a utilização da solução mista é de 179,4 tf; representando
uma diminuição de 83 % em peso. Essa expressiva redução se deve à substituição
do concreto pelo aço, visto que grande parte do peso próprio da viga do projeto
original se deve ao concreto.
Em termos totais, ou seja, considerando todos os elementos que contribuem
com o peso próprio da ponte, a ponte em concreto tem um peso total de 630 tf
enquanto que a mista possui 432 tf, ou seja, uma redução de 31,4 % em peso.
10.2 ALTURA CONSTRUTIVA
A altura construtiva considerada é a distância entre a face inferior da viga e a
face superior da laje.
Na solução em concreto armado, com base na análise do projeto original, a
altura construtiva é de 2,20 m. Na solução em vigas mistas a altura construtiva é de
1,45 m, representando uma redução de 34 % em altura.
10.3 VOLUME DE CONCRETO
A variação do consumo de concreto se dá principalmente devido a
substituição das vigas longitudinais e transversais em concreto armado por vigas
metálicas, porém também são consideradas mudanças na laje, visto que, na solução
em vigas mistas a laje não sofre variações na seção, enquanto que na solução em
concreto é possível visualizar essa variação.
Na solução em concreto armado as vigas consomem 74,8 m³ de concreto,
as lajes 96,47 m³ e as transversinas 11,2 m³. O consumo de concreto na laje mista é
1,97 m³ menor que na laje com vigas de concreto armado. Considerando que a
102
cortina permanece a mesma, a redução no consumo de concreto nas vigas
longitudinais, transversais e na laje é de 87,97 m³ ou 48,21 %.
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de conclusão de curso possibilitou aplicar os conhecimentos
adquiridos durante a graduação e aperfeiçoar o conhecimento em áreas pouco
discutidas, como é o caso das estruturas mistas.
A partir do dimensionamento da estrutura mista e comparação com a
estrutura de concreto, verifica-se que a ponte em solução é melhor que a ponte em
concreto nos três quesitos avaliados: peso da estrutura, altura construtiva e volume
de concreto.
O custo em um projeto de engenharia costuma ser o fator preponderante na
escolha de uma solução, neste trabalho, os materiais não foram adotados com base
em fatores econômicos mesmo sabendo-se da importância desse aspecto. Além do
custo propriamente dito, o tempo de construção também deve ser levado em conta
na tomada de decisão sobre qual solução estrutural é a mais viável.
No trabalho os cálculos foram feitos utilizando-se planilhas eletrônicas,
apenas os esforços foram obtidos com o uso de softwares. É sabido que em
escritórios de cálculo o processo de dimensionamento é feito de maneira mais
automatizada, com softwares específicos, por se tratar de um trabalho estritamente
acadêmico não se buscou o uso de softwares comerciais para o dimensionamento
de estruturas mistas. A ponte em estudo é composta por duas vigas, na prática é
raro encontrar pontes mistas com essa característica, sendo a maioria composta por
várias vigas, sendo necessária uma modelagem numérica para o cálculo estrutural.
O trabalho está limitado à análise de estabilidade da estrutura quando ao
estado limite último e ao estado limite de serviço relativo à flecha, contudo, sabe-se
que pontes estão sujeitas à cargas cíclicas, portanto a análise quanto à fadiga é de
extrema importância.
Devido às questões apresentadas acima, é sugerido trabalhos posteriores.
103
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