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DIREITO PENAL

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DIREITO PENAL PONTO 1: Introdução. PONTO 2: Teoria Geral do Crime. PONTO 3: Ilicitude.

INTRODUÇÃO:

- Informativo STJ 467, H.C. 192.242, J. 22.03.11.

- Informativo STF 624, H.C. 107370, J. 26.04.11.

TEORIA GERAL DO CRIME:

- Culpa – art. 18, II, CP:

Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

1. Elementos do crime culposo:

a) Conduta inicial voluntária:

Existe finalismo nos crimes culposos que está presente na conduta inicial (voluntária).

b) Violação de um dever de cuidado objetivo:

Devido a vida em sociedade, nos abstemos de praticar alguma condutas perigosas.

- Imprudência: é um agir culposo. Ex: brincar com arma de fogo, limpar arma com cano

apontado para pessoas.

- Negligência: é a omissão culposa. Ex: motorista da “van” transportava crianças para escola,

foi alertado que os pneus estavam gastos, não tomou providências.

- Imperícia: é a culpa profissional. Ex: caso envolvendo médico, enfermeiro, dentista,

arquiteto, engenheiro.

c) Resultado involuntário:

Para configuração da culpa o resultado deve ser involuntário. Essa diferença do dolo.

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d) Nexo causal (entre conduta e resultado)

Os crimes culposos são delitos materiais, ou seja, de conduta e resultado naturalístico,

sendo este necessário para a consumação.

Exceção - art. 2711, CP – não há necessidade de um resultado naturalístico neste caso.

e) Previsibilidade objetiva do resultado:

Diz respeito a medição do grau de atenção do “homo medius” (homem médio -

representante hipotético do homem comum).

Há substituição do réu pelo homem médio, se ele havia previsto o resultado, se

encaminha para absolvição. Caso contrário, para uma condenação.

f) Ausência de previsão:

Com exceção da culpa consciente.

g) Tipicidade:

Os crimes culposos são tipos penais abertos (complementados pelo Juiz). Existe um

juízo axiológico ou valorativo.

Exceção - Art. 180, §3º2, CP – tipo penal culposo fechado.

2. Espécies de culpa:

a) Culpa inconsciente:

O agente não prevê o resultado previsível.

b) Culpa consciente:

1 Corrupção ou poluição de água potável Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano. 2 Art. 180, § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso.

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Depois de prever o resultado o agente mesmo assim pratica a conduta, acreditando,

sinceramente, que o resultado não ocorrerá.

c) Culpa própria:

Aquela que o agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzi-lo.

d) Culpa imprópria:

Decorre do erro inescusável (indesculpável).

Art. 20, §1º, CP:

Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo

Ex: vejo meu inimigo na rua, ele mexe no bolso e acredito que irá me matar. Então, disparo

contra ele. Trata-se de legítima defesa putativa. Neste caso, por política criminal em face do

erro, trata-se como culpa.

Não cabe tentativa nos crimes culposos, com exceção da culpa imprópria.

Imagina-se uma escala que passa do mais grave para o menos grave:

│_____________________│____________________│_____________________│

dolo direto dolo eventual culpa consciente culpa inconsciente

- Dolo direto: o agente quer matar a vítima;

- dolo eventual: o agente não quer matá-la, mas assume o risco/resultado;

- culpa consciente: o agente não quer o resultado, mas confia demais na suas habilidades

pessoais;

- culpa inconsciente: o agente se quer prevê.

* “infelicitas facti”: significa caso fortuito ou força maior como causa de exclusão da culpa.

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Nota-se que até a culpa inconsciente pode-se punir o agente penalmente. Após, o fato

será atípico.

Diferença entre dolo eventual e culpa consciente. O dolo eventual haverá um descaso

em relação ao resultado. Na culpa consciente, o agente acredita nas habilidades pessoais dele

(não se trata de um descaso com resultado).

Obs:

- art. 302, parágrafo único, VI3, Lei 9503/97. A lei seca revogou esse inciso. Portanto, trata-se

de homicídio doloso.

Outro entendimento é que responderia pelo art. 302, caput, Lei 9503/97, ou seja, a Lei

Seca beneficiaria o réu.

3. Compensação e concorrência de culpas:

Não existe compensação de culpas no direito penal.

Se a vítima concorreu para o fato, no máximo, pode ser utilizado como circunstância

de diminuição da a pena base.

A concorrência de culpas é possível. Ex: “racha”.

4. Princípio da excepcionalidade do crime culposo – art. 18, parágrafo único4, CP:

A regra é o dolo, a culpa é exceção, por isso, o crime culposo deve estar expressamente

previsto em lei.

3 Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. 4 Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

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- Crimes qualificados pelo resultado – art. 19, CP:

Agravação pelo resultado Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.

Consagra o princípio da responsabilidade penal subjetiva.

- Dolo no antecedente + dolo no consequente:

Ex: art. 129, §2º, IV5, CP – debilidade permanente na vítima. Dolo no art. 129, mas quer

agredir com tal agressividade que terá o dolo na qualificadora também.

- Culpa no antecedente + culpa no consequente:

Ex: art. 2586, CP - causas de majoração da pena. A morte da vítima é culposa

Culpa no incêndio – antecedente + morte pelo incêndio (não queria a morte) – consequente.

- Culpa no antecedente + dolo no consequente:

Ex: art. 303, parágrafo único7, CTB – lesão provocada na direção de veiculo automotor.

Verifico que a pessoa está quebrada, decido fugir.

Culpa no atropelamento + dolo na omissão de socorro. Irá ser majorada a pena.

- Dolo no antecedente + culpa no consequente:

Ex: art. 129, §3º8, CP. O sujeito quer dá soco, mas acaba matando a vítima.

5 Lesão corporal de natureza grave Art. 129, § 2°. Se resulta: IV - deformidade permanente. 6 Formas qualificadas de crime de perigo comum Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 7 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior. 8 Lesão corporal seguida de morte § 3°. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

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Também chamado de crime preterdoloso ou preterintencional.

Existem várias figuras preterdolosas na Lei, por exemplo: Lei de Tortura – quero só torturar,

mas acabo matando.

Obs: latrocínio – roubo + morte. O resultado morte pode advir de dolo ou de culpa. Será

sempre um crime qualificado pelo resultado. Porém, só será considerado crime preterdoloso se

a morte da vítima advier de culpa.

- Tentativa (art. 14, II, CP):

Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

1. Natureza jurídica: é uma causa de ampliação temporal da figura típica pela qual se opera

uma adequação típica mediata ou indireta.

Adequação típica: - imediata/direta : ex: matar alguém. Encaixa-se perfeitamente no tipo.

- mediata. Indireta: a conduta não se encaixa perfeitamente no tipo

penal. Aplicação não será direta. Por isso deve-se preencher a lacuna.

2. Elementos:

A) Início da execução de um crime:

Há vários posicionamentos quanto ao inicio do crime.

Iter criminis é formado por quatro fases:

a) Cogitação (fase interna, quando sujeito planeja o crime);

b) Preparação (fase externa) – o bem jurídico ainda não começou a ser agredido, razão pela

qual ela é impunível.

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Obs: excepcionalmente haverá punição de ato preparatório quando ele constituir crime

autônomo.

Ex: decidi matar a vítima e comprei a arma de fogo.

c) Execução (fase externa): o bem jurídico começa a ser ofendido, razão pela qual somente

aqui caberá a punição do agente.

d) Consumação (fase externa): art. 14, I9, CP. Tem todos os elementos do crime reunidos.

A regra é que somente a execução autoriza a punição do agente. Por exceção pune-se

quando da preparação.

- Teorias que explicam a transição dos atos preparatórios para os atos executórios:

a) Teoria Subjetiva: não faz distinção entre atos preparatórios e executórios.

Pois não há diferença no dolo do agente que pratica o crime ou apenas tenta.

Teoria não adotada no Brasil.

b) Teorias Objetivas:

b.1) Teoria da hostilidade ao bem jurídico (Hungria):

Só haverá inicio de execução quando o bem jurídico for ofendido ou exposto a perigo

concreto.

b.2) Teoria Objetivo-formal ou Formal-Objetiva (Von Liszt):

Haverá inicio de ato executório quando for praticado verbo nuclear do tipo.

b.3) Teoria Objetivo-Material ou Material-objetiva(Frank, Art. 22 CP/Português):

Início da execução pressupõe pratica do verbo nuclear do tipo e ato imediatamente

anterior a ele, segundo o critério do terceiro observador (terceiro imparcial).

9 Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.

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b.4) Teoria Objetivo-Individual (Welzel, Zaffaroni):

Haverá início da execução com a prática de verbo nuclear do tipo e de ato

imediatamente anterior a ele, segundo critério subjetivo e individual do agente.

A discussão recai sobre os critérios objetivo-formal e objetivo-individual.

Tem se adotado a teoria objetivo-formal devido a segurança jurídica. Caso contrário,

nem se fala em tentativa.

B) sua não-consumação, por circunstância alheia a vontade do agente.

3. Espécies de tentativa:

a) Imperfeita (inacabada): o agente sem esgotar o processo executório não consegue consumar

o crime por circunstâncias alheias a sua vontade.

b) Perfeita (acabada ou crime falho): depois de esgotar o processo executório, o agente não

consegue consumar o crime, por circunstâncias alheias a sua vontade.

c) Cruenta (vermelha): quando o corpo da vítima é atingido.

d) Incruenta (branca): quando o corpo da vítima não é atingido.

4. Infrações que não admitem tentativa:

a) Crimes culposos: não admitem. Com exceção da culpa imprópria.

b) Crimes preterdolosos: não admitem porque exigem culpa no resultado.

c) Contravenção penal: por expressa disposição legal – art. 4º10, LCP (não punível).

d) Crimes omissivos puros ou próprios: não admitem porque são unissubsistentes.

10 Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.

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e) Crimes unissubsistentes: aqueles crimes praticados por meio de um único ato, não há

desdobramento.

Obs: os crimes plurissubsistentes admitem tentativa.

f) Crimes habituais: são os que exigem uma reiteração de atos que denotem um estilo ou modo

de vida do agente.

Ex: exercício ilegal da profissão, curandeirismo, arts. 28211, 28412, CP.

g) Crimes condicionados: o resultado está condicionado a determinado evento naturalístico.

Ex: art. 12213, CP – só pode ser punido se a vítima morrer ou restar com lesão grave, ou seja,

exige esse tipo de resultado. Caso a vítima fique com lesão leve, o fato é atípico. Não há

tentativa.

h) Crimes de atentado ou de empreendimento: a pena é a mesma para forma tentada ou

consumada.

Exs:

- art. 35214, CP;

- art. 30915, Código Eleitoral;

11 Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 12 Curandeirismo Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 13 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 14 Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. 15 Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem: Pena - reclusão até três anos.

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- lei 4898/65 (Lei de Abuso de Autoridade), art. 3º16 - crime é qualquer atentado aos delitos ali

previstos.

- crime contra a segurança nacional “tentar desmembrar estado do resto do pais”.

- Tentativa abandonada – art 15, CP:

Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

1 – Desistência voluntária: o agente desiste de prosseguir na execução.

Trata-se de um comportamento negativo (um não-fazer, não prosseguir). Pressupõe

um não esgotamento do processo executório.

2 – Arrependimento eficaz: o agente impede a produção do resultado.

Trata-se de um comportamento positivo. Ele já esgotou todo o processo executório,

porém, irá agir para impedir a produção do resultado.

Resumo da teoria de Frank:

- Quero, mas não posso: tentativa (art. 14, II, CP).

- Posso, mas não quero: art 15, CP – Desistência voluntária

- Arrependimento Eficaz.

Características da desistência voluntária e arrependimento eficaz:

- Voluntariedade:

16 Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.

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Não se confunde com espontaneidade. Voluntário é algo livre, mesmo que não seja

sincero. Espontâneo: além de voluntário, o sujeito é sincero. Representa verdade.

- Eficácia:

Para que eu me valha do artigo 15 do CP, o arrependimento tem que ser eficaz.

Nota-se que o artigo 15, CP, parte final, chama-se tentativa qualificada, quando o

sujeito é punido pelo crime remanescente.

- Arrependimento posterior (art. 16, CP):

Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

A natureza jurídica do artigo 16 é uma causa obrigatória de redução de pena.

Requisitos:

1) Crime praticado sem violência ou grave ameaça a pessoa:

Se houver violência a coisa, em tese é possível o beneficio.

No homicídio culposo praticado na direção do veiculo automotor – cabe a concessão

do beneficio, pois deve haver dolo.

2) Reparação do dano ou restituição da coisa:

Em regra, deve ser integral.

A jurisprudência mais moderna aceita que haja reparação parcial, desde que a vítima

concorde com ela.

3) Ato voluntário do agente:

Não precisa ser espontâneo, tem que ser voluntário, livre.

4) Até o recebimento da denúncia ou da queixa:

Se for depois do recebimento da denúncia – art. 65, III, “b”17, CP – atenuante.

17 Circunstâncias atenuantes

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- Crime impossível (art. 17, CP): (quase-crime, tentativa inidônea, tentativa impossível,

crime oco).

Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

A) Natureza jurídica: é uma causa de atipicidade.

B) Hipóteses de ocorrência do crime impossível:

a) Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado pelo agente jamais conduziria a uma

consumação.

Exs: arma desmuniciada ou defeituosa – crime impossível por homicídio. Porém, se for

utilizada como arma.

Sujeito que utiliza açúcar achando que é veneno – crime impossível. Mas caso se tratar de um

diabético, pode-se matar.

No Brasil adotamos a teoria objetiva temperada com relação ao crime impossível,

porque para que haja crime impossível a ineficácia deve ser absoluta; se relativa for, haverá

tentativa.

b) Impropriedade absoluta do objeto: o objeto material sobre o qual recai a conduta é

impróprio ou porque não existe ou porque está ausente naquele momento.

Casos de concursos:

- menina acha que está grávida e toma citotec para aborto. Porém, não existe feto.

- sujeito que dispara contra um morto.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano.

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Como no Brasil adotamos a teoria objetiva temperada, só haverá crime impossível na

impropriedade absoluta do objeto. Se a impropriedade for relativa haverá tentativa.

c) Crime putativo por obra do agente provocador (flagrante preparado ou provocado,

crime de ensaio, delito de laboratório, crime de experiência):

Crime putativo só existe na cabeça do agente, ele acha que está delinqüindo na sua

cabeça.

O sujeito é levado a prática de um fato, quando se vêem, no caso concreto, que seria

impossível a provocação.

Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível

a sua consumação.

Obs:

-Policial vai até a boca de fumo, provocando o verbo vender droga. Por esse verbo não

poderá ser autuado. Mas o tipo penal tem vários outros verbos, como no caso ter em depósito.

Já estava praticando o delito.

- caso da pessoa seguida no supermercado (sob vigilância):

Existem duas posições: não é aplicada a sumula, não sendo crime impossível, porque é

possível a sua consumação (sai correndo, comparsas na porta, entre outras possibilidades).

- aplica-se a Súmula 145 do STF.

1. Ilicitude:

- Nomenclatura: ilicitude ou antijuridicidade?

Há autores que falam em Ilicitude ou Antijuridicidade, sendo termos considerados

sinônimos para a maioria dos livros, provas e editais.

Porém, é preferível utilizar a expressão ilicitude, por três motivos:

1) Pela própria tradução da palavra em alemão “Rechtwichgkeit”.

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2) O próprio legislador optou por esta expressão em 1984, no Código Penal, nos artigos 2118 e

2319.

3) A teoria do fato jurídico de Pontes de Miranda: refere que o crime seria um fato jurídico e

não um fato antijurídico. Assim ilicitude se encaixaria mais ao fato jurídico ilícito.

- Consentimento do ofendido:

a) Só se pode aceitar esta tese se o bem jurídico é disponível.

Não pode aceitá-la se o bem é indisponível.

O patrimônio e a honra são considerados bens disponíveis por excelência.

b) Momento do consentimento: até a consumação do crime.

c) Capacidade: a partir dos 18 anos.

Exceção com relação aos crimes sexuais: 14 anos (estupro de vulnerável – art. 217-A20, CP) já

pode consentir.

O que essa tese exclui? Depende do dissenso (discordância) da vítima.

→ Se for elemento constitutivo do tipo, exclui a tipicidade (o tipo).

Exemplos:

- o crime de violação de domicílio, Art. 15021, CP, nota-se que o dissenso da vítima já está no

próprio tipo penal.

18 Erro sobre a ilicitude do fato Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 19 Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 20 Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos.

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- No crime de estupro, Art. 21322, CP, é contra a vontade da vítima, sendo o elemento do tipo:

mediante violência ou grave ameaça. Caso a vítima consentir exclui a tipicidade.

→ O dissenso da vítima não é elemento constitutivo do tipo, se exclui a ilicitude.

Ex:

- Nos delitos de furto, injúria e dano, o dissenso da vítima não interfere.

Há uma causa supralegal ou extralegal de exclusão da ilicitude, porque não está na lei.

- Elemento subjetivo:

A lei não exige esse requisito. Porém, é necessário esse elemento conforme posição da

doutrina majoritária.

- No artigo 2423, CP, há exigência de um requisito subjetivo o estado de necessidade. A lei

exige sem maiores discussões quanto a sua necessidade.

- No art. 2524, CP, a legítima defesa, não tem a necessidade do requisito subjetivo, a lei não o

exige.

- No estrito cumprimento legal e exercício regular do direito, art. 23, III25, CP.

Temos três casos que não estão na lei:

21 Art. 150, CP: Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. 22 Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 23 Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 24 Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 25 Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

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- médico na clínica de aborto, faz aborto e acaba salvando a vida da menina que estava grávida,

pois esta corria perigo de vida devido a gravidez ser de risco.

- Policial que tem um problema com vizinho e inventa um motivo para prendê-lo, porém,

quando verifica no sistema o vizinho era foragido.

- Matador de aluguel cuja vítima está no meio do milharal, vendo-o da cintura p cima e atira,

porém, esta estava em com o pé em cima de outra pessoa preste a executá-lo.

- Causas Legais de exclusão da ilicitude - Art. 2326, CP

I – ESTADO DE NECESSIDADE

1) Pressuposto:

Pressupõe a existência de dois bens lícitos em conflito, de modo que um deles terá que

ser sacrificado para que o outro sobreviva.

Ex: furto famélico.

2) Requisitos:

a) Perigo atual: a lei refere a perigo e não a lesão, O perigo é a probabilidade de lesão.

A origem do perigo, não precisa necessariamente ser humana, pode ser por caso

fortuito ou força maior.

b) Ameaça ao direito próprio ou alheio:

Conforme a lei, cabe estado de necessidade de terceiro.

Qualquer bem jurídico pode ser defendido pelo estado de necessidade.

26 Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

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c) Perigo não provocado voluntariamente pelo agente:

A lei, art. 2427, utilizou a expressão “vontade”.

- se o perigo for provocado dolosamente, o agente provocador não pode alegar estado de

necessidade.

- se o perigo for provocado culposamente há duas posições, sendo a majoritária a que admite

estado de necessidade.

Caso 1: eu causei a queda do avião, quando ele está caindo, mato para pegar o único pára-

quedas. Como foi provocado dolosamente, não pode se valer do estado de necessidade.

Caso 2: proibido fumar. Fumo e provoco incêndio. Saio correndo e atropelo um idoso. Estado

de necessidade. Posição majoritária.

d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo – art. 24, §1°28, CP:

∟interpretação do art. 13, §2°, CP.

Art. 13, § 2º, CP - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

- alínea “a” - são os garantes – respondem pelo resultado naturalístico ocorrido e que ele

deveria ter sido evitado. Ex: bombeiro, policial, salva-vidas, pais.

Estão excluídos do estado de necessidade.

- alínea “b”: dever contratual.

Há duas posições. A posição majoritária não aceita o estado de necessidade pelo

garante nesta alínea.

- alínea “c”: Ingerência: quando o comportamento anterior cria o resultado. Estão excluídos

do estado de necessidade.

27 Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 28 Art. 24, § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

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e) Inevitabilidade:

O estado de necessidade é a ultima ratio (último recurso).

Assim, se a situação de perigo puder ser evitada de qualquer outra forma não está mais

em estado de necessidade.

f) Proporcionalidade:

O bem de maior valor prefere a bem de menor valor.

Obs: se os bens forem de igual valor, aplica-se o princípio da razoabilidade.

Ex: Médico plantonista encontra duas pessoas baleadas (um policial e um bandido), havendo

apenas um meio para salvar um deles. Deverá utilizar o principio da razoabilidade, no caso,

escolher quem tem mais chance de sobrevivência.