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    Lição 1Linguagem e comunicação

    LLiinngguuaaggeemm /  /  LLí í nngguuaa /  /  OOrraalliiddaaddee xx EEssccrriittaa VVaarriiaaççõõeess LLiinnggüüí í ssttiiccaass 

      LLiinngguuaaggeemm

    Para comunicar-se, o homem dispõe de uma série de recursos, como:  palavras, gestos,

    expressões fisionômicas, símbolos, sinais, sons, movimentos, rabiscos, desenhos, pinturas, dança,etc. A comunicação é a base da vida em sociedade. A linguagem e a sociedade relacionam-se

    intimamente: uma não existe sem a outra. O desenvolvimento humano e o avanço das civilizaçõesdependeram principalmente da utilização da linguagem.

    Os seres humanos acumulam e transmitem conhecimentos de uma geração a outra pelalinguagem, fato que não ocorre entre os animais.

    A LINGUAGEM É UM SISTEMA SOFISTICADO DE COMUNICAÇÃO QUE REVELA ACAPACIDADE DO SER HUMANO DE CRIAR UM CONJUNTO DE SIGNOS PARAREPRESENTAR AS ENTIDADES (PENSAMENTOS) DA NOSSA REALIDADE.

    A linguagem é, ao mesmo tempo, um elemento da cultura e a condição para que exista cultura. A linguagem é um fenômeno universal e têm como objetivo principal a comunicação e a

    interação entre indivíduos, sendo socialmente construída e transmitida culturalmente.

    A linguagem pode ser:* verbal : aquela que utiliza palavras faladas ou escritas. Exs.: esta ficha de aula ( palavras escritas)e a explanação dada pelo Prof. Caríssimo ( palavras faladas).

    * não-verbal : aquela que utiliza outros signos que não são as palavras, como gestos, movimentos,pinturas, sinalizações e imagens.

    *mista: aquela que utiliza palavras faladas ou escritas e outros signos diferentes das palavras, comoas histórias em quadrinhos, o cinema e a televisão. O termo multimídia, de criação e uso recentes,define o emprego simultâneo de diversas linguagens.

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       L Lí í nngguuaa 

     A língua é um tipo de linguagem. É a única modalidade de linguagem que utiliza palavras.A língua é a linguagem por excelência, entre todas as empregadas pelo homem.LÍNGUA É UM FENÔMENO SOCIAL À DISPOSIÇÃO DAS PESSOAS QUE COMPÕEM

    UMA COMUNIDADE. É UM TIPO DE CÓDIGO FORMADO POR PALAVRAS E LEISCOMBINATÓRIAS POR MEIO DO QUAL AS PESSOAS COMUNICAM E INTERAGEMENTRE SI.

    Em outras palavras, as línguas são sistemas de comunicação criativos, arbitrários, pois seguemregras, fundamentalmente orais, complementarmente gráficos, complexos e irregulares.

         

    * A língua é um tipo de linguagem, mas nem toda linguagem é língua. 

    * Língua pode se manifestar por meio da fala ou da escrita. A escrita é, acima de tudo, segundo um

    de nossos maiores mestres eruditos, “um procedimento do qual atualmente nos servimos paraimobilizar, para fixar a linguagem articulada [a fala], por essência fugidia”. Dessa forma, a escrita éuma das primeiras tecnologias desenvolvidas pelo ser humano. Entretanto, a escrita é mais que uminstrumento. Mesmo emudecendo a palavra, ela não apenas a guarda, ela realiza o pensamento queaté então permanece em estado de possibilidade.

      OOr r aalliid d aad d ee x x E  E ssccr r iit t aa Há poucos estudos sobre a diferença entre os dois tipos de linguagem. A modalidade oral,

    intrinsecamente diferente da escrita, implica um conjunto de recursos, ausentes na escrita, que

    auxiliam o falante na comunicação lingüística. Vamos, a seguir, indicar as marcas maissignificativas entre os dois tipos de linguagem:

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    OO R R A A L L  E E S S C C  R R I  I T T  A A interlocutor presente interlocutor ausente

     feedback instantâneo ausência de feedback instantâneomais dependente do contexto

    situacionalmenos dependente do contexto

    situacionalespontânea, basicamente sem

     planejamento

     planejada, admite um repensar,

    um reestruturar períodos mais curtos períodos mais longos

    liberdade em relação às regras submissão às regrascacoetes presentes (né, pra, etc.) cacoetes lingüísticos ausentes

      V V aar r iiaaççõõeess L Liinnggüüí í sst t iiccaass 

    “Ela [a língua] é dinâmica, plástica, aberta, em contínuo movimento, e não há dicionário ougramática

    que consiga congelá-la”Carlos Alberto Faraco

    Como falantes de Língua Portuguesa, percebemos que há situações em que a língua se

    apresenta sob uma forma bastante diferente daquela que nos habituamos a ouvir em casa ou através

    dos meios de comunicação. Essa diferença pode manifestar-se tanto pelo vocabulário utilizado,

    como pela pronúncia, morfologia e sintaxe. Essa diferenciação no interior de uma mesma língua é

    perfeitamente normal e decorre do fato de que as línguas naturais são sistemas dinâmicos e

    extremamente sensíveis a fatores como, entre outros, a região geográfica, o sexo, a idade, a classe

    social, grau de escolaridade dos falantes e o grau de formalidade do contexto.

    O ancião quedou-se estático e boquiaberto.O velho ficou parado e de boca aberta.O coroa ficou na dele mosqueando.

    Cheguei a casacom reflexõesinquietantes. 

    Ô sô, prestenção...

    uai!!!

    Falaê Mano!

    E aê brother, que parada

    ixxxquisita éessa?

    Tu é cascagrossa.

     Mas bah, guri! Seguiiiinnte,bicho...

    Ôxente,bichinho.

    Este cabatá liso!

    Ô meu rei... Não se avexe não...

    Trampo loco,meo, ó aí!

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    Tipos de Variações Lingüísticas:

      V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO  GGE E OOGG R R Á ÁF F  I  I C C  A A , ,  T T E E  R R R R I  I T T OO R R I  I  A A L L  oouu  R RE E GG I  I OO N  N  A A L L::  representa a variação que ocorreentre pessoas de diferentes regiões em que se fala a mesma língua. É o caso do Português doBrasil e o de Portugal ou os falares gaúcho, nordestino, carioca, etc.

      V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO S S ÓÓC C  I  I OO--C C U U  L LT T U U  R R A A L L:: representa a variação que ocorre de acordo com a classe social

    a que pertencem os usuários da língua. Por exemplo, um falante que mora em Apipucos, como oProf. Caríssimo, provavelmente vai falar de forma distinta ao um falante que mora em Linha doTiro, devido a fatores econômicos, enquanto o primeiro pertence a classe média ou alta e temmaiores recursos para ler livros, ir ao cinema, a museus, freqüentou excelentes escolas e convivecom pessoas com nível cultural mais elevado, o segundo não tem a acesso à cultura por pertencera classe baixa.

      V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO  D DE E   I  I  D D A A D DE E ::  representa as variações decorrentes da diferença no modo de usar a

    língua de pessoas de idades diferentes. Uma criança, por exemplo, não se expressa da mesmamaneira que um adulto e o adulto não se expressa da mesma forma que o idoso.

      V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO D DE E  S S E E  X  X OO::  representa as variações de acordo com o sexo de quem fala. A mulher

    (Comprei um blusinha linda!) não fala igual ao homem (Comprei uma camisa transada!).

      V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO H  H  I  I S S T T ÓÓ R R I  I C C  A A:: representa estágios no desenvolvimento da língua.

    ANTIGAMENTEAntigamente, as moças chamavam-se mademoiselles1  e eram todas mimosas e muito

    prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras2, em geral dezoito. Os janotas3,mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes4, arrastando a asa5, mas ficava longosmeses debaixo do balaio6. E levavam tábua7, o remédio era tirar o cavalo da chuva e irpregar em outra freguesia8. As pessoas, quando corriam, antigamente, era de tirar o pai daforca9...

    (Carlos Drummond de Andrade, Caminhos de João Brandão.)

    1 Mademoiselle: palavra francesa equivalente a senhorita.2Colher primaveras: fazer aniversário.3 Jonota: rapaz elegante, bem-vestido.4 Fazer pé-de-alferes: galantear, paquerar.5 Arrasta asa: cortejar.6  Ficar debaixo do balaio: ficar à espreita de, à espera de.7 

     Levar tábua: ser recusado, especialmente para uma dança.8  Pregar em outra freguesia: partir para outra.9Tirar o pai da forca: ter pressa.

    A língua é não homogênea, pois varia no espaço e muda ao longo do tempo, porque é própriodo ser humano essa constante mudança, o que acaba refletindo na língua. Nós somos a língua viva ea mesma é alma do povo brasileiro.

    Exercícios01. Quando uma pessoa se comunica com outra ou outras, seja por meio de uma linguagem

    verbal ou não, sempre tem uma intenção. Faça, em um pequeno comentário, uma análise

     do cartum abaixo. Que sentidos ele expressa?

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    (Caulos)

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    02.  É certo que nem todos falam como nós por inúmeras razões: faixa etária, sexo, grau deescolaridade, classe social, localidade. Todas essas diferenças constituem as variedadeslingüísticas. Associe corretamente a primeira coluna com a segunda.

    (1)  V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO GGE E OOGG R R Á ÁF F  I  I C C  A A

    (2) 

    V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO S S ÓÓC C  I  I OO--C C U U  L LT T U U  R R A A L L(3)  V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO D DE E  I  I  D D A A D DE E(4)  V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO D DE E  S S E E  X  X OO(5)  V V  A A R R I  I  A AÇ Ç  Ã ÃOO H  H  I  I S S T T ÓÓ R R I  I C C  A A

    ( ) Me dê aí uma revista pra mim lê.( ) Menina, tu nem sabes, tenho um babado fortíssimo!!!( ) “A Lingoagem e figura de entendimento (...) os bos falão virtudes e os maliçiosos (...) sab  

     falar o q  t  d   as cousas: porq das cousas as palauras nasç  e não das palauras as cousas.”Fernão de Oliveira.( ) Arre água, macho! Deixa disso!( ) Eles tão me ploculando...

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    TEXTO [01] para as questões de 03 a 05.

    um mito a pretensa possibilidade de comunicação igualitária em todos os níveis. Isso é umaidealização. Todas as línguas apresentam variantes: o inglês, o alemão, o francês, etc. Tambémas línguas antigas tinham variações. O português e outras línguas românicas provêm de umavariedade do latim, o chamado latim vulgar, muito diferente do latim culto. Além disso, as línguasmudam. O português moderno é muito distinto do português clássico. Se fôssemos aceitar a idéia

    de estaticidade das línguas, deveríamos dizer que o português inteiro é um erro e, portanto,deveríamos voltar a falar latim. Ademais, se o português provém do latim vulgar, poder-se-iaafirmar que ele está todo errado.

    A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou noutra, os que têm esta ou aquelaprofissão, os que são de uma ou outra classe social e assim por diante. O uso de determinadavariedade lingüística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade paraseus membros. Aprendemos a distinguir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos seé do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressõespertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, masnão em ocasiões formais. Saber uma língua é conhecer variedades. Um bom falante é "poliglota"

    em sua própria língua. Saber português não é aprender regras que só existem numa línguaartificial usada pela escola.

    As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes; sãosimplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam. "Nosso homem simples docampo" tem dificuldade de comunicar-se nos diferentes níveis do português não por causa davariação e da mudança lingüística, mas porque lhe foi barrado o acesso à escola ou porque, nestepaís, se oferece um ensino de baixa qualidade às classes trabalhadoras e porque não se lhesoferece a oportunidade de participar da vida cultural das camadas dominantes da população.

    (FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Congresso Nacional da ABRALIN. Excertos.)

    03.  Pela compreensão global do [TEXTO 01] , podemos afirmar que o autor:

    0-0) critica, no português moderno, o fato de ele ter-se modificado ao longo do tempo,

    distanciando-se de sua forma clássica.

    1-1) considera que o bom falante do português é aquele que, tendo freqüentado a escola,

    domina as regras da gramática normativa.

    2-2) estabelece uma relação entre um fato lingüístico - a existência de variantes lingüísticas - e

    um fato social - a divisão das sociedades em grupos.

    3-3) considera a variação lingüística como um fenômeno típico das línguas românicas, o que as

    diferencia das outras línguas.

    4-4)  percebe o uso de determinada variante lingüística como um dos meios através dos quais oindivíduo se identifica como membro de um grupo.

    04.  Sobre a relação entre o conhecimento lingüístico e o ensino escolar, a posição do [TEXTO01] é a de que:0-0)

    0-0)  a escola é o lugar onde esse conhecimento é sistematizado e apreendido em sua totalidade.1-1) a escola possibilita ao aluno o conhecimento de normas gramaticais, mas isso não significa

    necessariamente o domínio de todos os usos de uma língua.

    2-2)  há um conjunto de regras que apenas se mantém na língua ensinada na escola. ‘Saber português’ é algo que se esgota pelo conhecimento dessas regras.

    3-3)  é do ensino escolar que restringe a gramática da língua ao uso padrão que resulta o‘indivíduo poliglota em sua própria língua’.

    4-4)  é no ambiente escolar que as variantes são evidenciadas e trabalhadas.

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    05.  A análise feita no [TEXTO 01] , sobre a variação lingüística, permite ao leitor inferir que:0-0)

    0-0)  a existência da língua portuguesa é uma prova da não-estaticidade das línguas, neste casodo latim.

    1-1)  as línguas não somente variam com o passar do tempo mas também com as diferenças degrupos sociais.

    2-2)  algumas variantes, mais populares, são amostras de como o português é falado fora de um padrão que é correto, bonito e elegante.

    3-3)  a variação das línguas não é um fenômeno exclusivamente lingüístico; é também um fenômeno social.

    4-4)  o fato de um camponês apresentar dificuldade de comunicar-se nos diferentes níveis do português deve-se prioritariamente às variantes lingüísticas.

    TEXTO [02] para as questões de 06 a 07.

    SOTAQUE ARETADO

     A mídia descobriu, e não é de hoje, o filão de novelas

    ambientadas no Nordeste. Mas as emissoras não

    conseguem acertar no sotaque nordestino. Veja o que a

     população do Ceará acha do jeito de falar dos personagens

    nordestinos de uma novela.

     

    Já a maneira como os nordestinos são retratados nanovela desperta reações mais moderadas. Vejacomo eles se sentem.

    (Veja, 27 de agosto de 1997. Adaptado).

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    06.  Analisando os dados verbais e não-verbais do [TEXTO 02] , podemos afirmar que:

    0-0)  ao referir-se a um "sotaque nordestino", o texto, naturalmente, diferencia os falares próprios do Nordeste dos falares das outras regiões. 

    1-1) ambos os gráficos revelam que há uma pequena quantidade de entrevistados que não se posicionaram em relação à pesquisa.

    2-2) a maioria dos entrevistados não se reconhece nos jeitos de falar dos personagens retratadosnas novelas televisivas. 

    3-3)  a pesquisa revela que, apesar de a mídia não conseguir reproduzir com fidelidade o sotaquedo Nordeste, a maioria dos espectadores se diverte com programas cujos personagens sãonordestinos.

    4-4) a figura no canto superior do texto, aliada à expressão “oxente, mermão”, está emconvergência com o título escolhido, pois ambos remetem para contextos de informalidade.

    07.  Relacionando-se as informações dos [TEXTOS 01 E 02] , podemos afirmar que:

    0-0)  o ‘sotaque arretado’ a que o texto 2 se refere identifica uma das variantes do portuguêsbrasileiro.

    1-1) os personagens da mídia não conseguem acertar o sotaque nordestino. Conseguiriam mais,se fossem exemplos típicos de ‘poliglotas em sua própria língua’.

    2-2)  o sotaque típico do Nordeste é conseqüência do ensino de baixa qualidade que se oferece,no Brasil, às classes trabalhadoras.

    3-3)  o fato de 87% dos entrevistados considerarem que a mídia fracassa ao tentar imitar osotaque nordestino é revelador de que essa variedade é muito difícil.

    4-4)  o fato de haver um sotaque típico de uma região do Brasil é indicativo de que, nessa região,

    a língua permaneceu estática.

    08.  A partir dos textos abaixo, identifique os possíveis assaltantes pelo Brasil tendo como base asvariações lingüísticas e a diversidade da Língua Portuguesa.

    •  ASSALTANTE NORDESTINO 

    •  ASSALTANTE MINEIRO 

    •  ASSALTANTE GAÚCHO 

    •  ASSALTANTE CARIOCA 

    •  ASSALTANTE BAIANO 

    •  ASSALTANTE PAULISTA 

    •  ASSALTANTE DE BRASÍLIA 

    a) Ô meu rei...(longa pausa) Isso é um assalto... (longa pausa) Levanta os braços, mas não seavexe não...(longa pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado ... Vai

     passando a grana, bem devagarinho (longa pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado... Não esquenta, meu irmãozinho, (longa pausa) Vou deixar teusdocumentos na encruzilhada...  ______________________________________________

    b) O gurí, ficas atento ... Báh, isso é um assalto ... Levantas os braços e te aquieta, tchê! Não tentesnada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa os pilas pra cá! E te manda ala cria, senão o quarenta e quatro fala. 

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    c) Ô sô, prestenção... isso é um assarto, uai ... Levanta os braço e fica quetin quesse trem na minhamão tá cheio de bala... Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje Vai andando, uai! Táesperando o que, uai! ___________________________________________________

    d) Seguiiiinnte, bicho... Tu te fudeu. Isso é um assalto ... Passa a grana e levanta os braços rapá ... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra caralho ... Vai andando e se olhar pra trás vira presunto ... ___________________________________________________

    e) Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês,aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, IPTU,

     IPVA, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, Imposto de Renda, IPI,CMS, PIS, COFINS ... mas não se preocupe, somos PENTA.___________________________________________________

    f) Ôrra, meu ... Isso é um assalto, meu .. Alevanta os braços, meu ... Passa a grana logo, meu... Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu.... Pô, se manda, meu ...___________________________________________________

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    Lição 2Texto: coesão e coerência 

    A COESÃO TEXTUAL

    Texto 1

    O ÚLTIMO VÔO DA COLUMBIAO que estávamos fazendo lá?

    Os motivos da explosão do ônibus espacial norte-americano, em 1º de fevereiro, permanecemdesconhecidos. A Columbia se desintegrou ao reingressar na atmosfera e matou sete pessoas,reacendendo a discussão sobre a real necessidade de manter missões tripuladas no espaço. Afinal, oque eles faziam lá? Levavam 91. experimentos a bordo, certo. Mas máquinas e robôs não poderiamsubstituí-los?

    Nos Estados Unidos, o debate esquentou. Para Paul Krugman, professor da Universidade dePrinceton, os melhores resultados das viagens espaciais, tanto científicos quanto práticos, vêm deveículos não-tripulados e dos satélites. “Excetuando o conserto do telescópio Hubble, temosenviado pessoas ao espaço apenas para mostrar que somos capazes”, diz. O professor de EngenhariaAeroespacial da Universidade de Maryland, David Akin, discorda. Para ele, a presença de pessoasno espaço é um investimento no futuro da humanidade. “Elas fazem pesquisas básicas que podemnão ter aplicações imediatas, mas abrem caminho para novas descobertas”, afirma.

    Uma das razões para mandar seres humanos ao espaço não é para que eles pesquisem algumacoisa, mas para que sejam pesquisados. “Se pretendemos futuras conquistas no espaço, não há outraalternativa de pesquisa em fisiologia humana, por exemplo”, afirma o coordenador do programabrasileiro da Estação Espacial Internacional (ISS), Petrônio Noronha de Souza. Servir de cobaia eramesmo uma das funções da tripulação do Columbia. Em seus corpos estariam respostas para oprocesso de perda de massa muscular e óssea e os distúrbios do sono no espaço, por exemplo.

    (Superinteressante, São Paulo, ed. 186, mar. 2003, p. 22.)

    EXERCÍCIOS DO TEXTO:1.  Na frase “Afinal, o que eles faziam lá?”

    a)  A que elementos do texto se referem o pronome eles e o advérbio lá?

    —————————————————————————————

    —————————————————————————————Que noção traz o advérbio afinal?

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    2.  “Uma das razões para mandar seres humanos ao espaço não é para que eles pesquisem alguma

    coisa, mas para que sejam pesquisados.”

    a)  O pronome pessoal eles retoma uma expressão utilizada na frase. Qual?

    ——————————————————————————————

    ——————————————————————————————

    b)  Qual é o sujeito de “sejam pesquisados”?

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    ——————————————————————————————

    3.  Reescreva o trecho abaixo, substituindo o pronome em destaque pelo termo a que ele se refere. Faça

    as modificações que julgar necessárias.

    “Em seus corpos estariam respostas para os processos de perda de massa muscular e óssea e os

    distúrbios do sono no espaço, por exemplo.”

    ——————————————————————————————

    ——————————————————————————————

    ——————————————————————————————

    ——————————————————————————————

    4.  Os pronomes relativos (que, o qual, cujo, etc.) têm a função de retomar um termo expresso numa

    oração anterior, projetando-o em outra oração. As conjunções (mas, porém, porque, embora,

    quando, etc.) têm a função de estabelecer uma relação (de adversidade, de causa, de concessão, de

    tempo, etc.) entre duas orações. Na frase:

    “Elas fazem pesquisas básicas que podem não ter aplicações imediatas, mas abrem caminho para

    novas descobertas”,

    a) 

    Que termo é retomado pelo pronome relativo que?

    ——————————————————————————————

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    b)  Que tipo de relação é estabelecida pela conjunção mas? Que outras conjunções poderiam

    estabelecer a mesma relação?

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    EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:

    1.  As frases abaixo apresentam problemas de coesão textual. Identifique o problema e depois

    reescreva-as, tornando-as coesas.

    a)  Mais de cinqüenta mil pessoas compareceram ao estádio para apoiar o time onde seria disputada a

    partida final.

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    b)  Não concordo em nehuma hipótese com seus argumentos, pois eles vão ao encontro dos meus.

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    c)  A casa, que ficava em uma região em que fazia bastante frio durante o inverno.

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    d) 

    A platéia, conquanto reconhecesse o enorme talento do artista, ao final do espetáculo, aplaudiu-o de

    pé por mais de cinco minutos.

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    2. 

    Nos enunciados a seguir, destaque os conectivos que relacionam orações e substitua-os por outros

    de valor idêntico.

    a)  Uma das principais armas da saúde pública, a vacinação promete prevenir muitas epidemias, mas

    crescem as suspeitas de doenças causadas por causa de vacinas.

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    b)  Paulo teria comparecido à reunião de posse da nova diretoria se o tivessem convidado com maisantecedência.

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    c)  Embora nunca tivesse passado por aquela avenida, o motorista foi multado por excesso develocidade.

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    d) 

    Sacrificaram todo o rebanho bovino daquela região, porque temiam um surto de febre aftosa.

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    Texto 2 

    1.  Releia o texto e identifique a que fazem referência os pronomes em destaque.

    a) 

    “... que luta pela guarda de sua filha de 7 anos.”

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    b)  “É difícil não se render a cenas nas quais seu personagem desafia as próprias limitações em nomedo amor pela filha.”

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    2.  Observe o trecho abaixo e explique que tipo de relação a conjunção destacada estabelece entre asorações.

    “Embora pareça uma daquelas ‘atuações shows’, na qual o exibicionismo da composição ofusca aconstrução do personagem, Penn desaparece por trás de sua interpretação.”

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    3.  Considerando que a unidade de um texto decorre de sua coerência e que esta deve se manifestartambém na relação entre o texto propriamente dito e seu título, explique se o título dado ao artigo écoerente.

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    TEXTO E SUA COERÊNCIA

    Texto 1

    A SOCIEDADE SECRETA GREGA

    As colônias gregas ao longo dos mares Negro e Mediterrâneo eram pontos de contato entre

    centros antigos de conhecimento, como o Egito, a Babilônia e a Magna Grécia. Foi em uma dessascolônias, Samos, que nasceu um personagem genial – meio místico, meio mágico -, cujo lema era“tudo é número”. Pitágoras, pois é dele que estamos falando, viveu entre 580 e 500 a.C.aproximadamente. Viajou muito, pode ter conhecido até a Índia. Em Crotona, na costa sudeste doque hoje é a Itália, fundou uma sociedade secreta cuja base era o estudo da matemática e dafilosofia.

    A escola pitagórica tinha um código de conduta rígido, acreditava na transmigração das almase, portanto, que não se devia matar ou comer um animal porque ele poderia ser a moradia de umamigo morto. Também não se podiam comer lentilhas ou alimentos que causassem gases. Ospitagóricos imaginavam que os números ímpares tinham atributos masculinos e os pares eramfemininos. O número 1, diziam, é o gerador dos outros números e o número da razão.

    Galileu Especial, n. 1, abr. 2003

    EXERCÍCIOS DO TEXTO:

    1.  Considerando que os textos podem servir a finalidades diversas – relatar um fato, descrever algumacoisa, defender um ponto de vista, dar informações ou explicações, orientar ou ordenar -, identifiquecom que finalidade foi produzido o texto A sociedade secreta grega.

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    2.  Na frase que abre o texto – “As colônias gregas ao longo do mares Negro e Mediterrâneo erampontos de contato entre centros antigos de conhecimento, como o Egito, a Babilônia e a MagnaGrécia” -, o autor utiliza o verbo ser no pretérito imperfeito do indicativo (eram). A escolha dessetempo verbal é coerente em função do assunto abordado no texto? Comente.

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    3.  “Pitágoras, pois é dele que estamos falando, viveu entre 580 e 500 a.C. aproximadamente.”.

    Levando em conta o sentido, comente se os tempos verbais empregados estão adequados.

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    4.  Além dos verbos, o emprego adequado de outras palavras que também podem exprimir a idéia de

    tempo (advérbios, locuções adverbiais e pronomes demonstrativos) é fundamental para garantircoerência ao texto. Levando isso em conta, comente o emprego das palavras destacadas nas frasesabaixo.

    a)  “Pitágoras, pois é dele que estamos falando, viveu entre 580 e 500 a.C. aproximadamente.”

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    b)  “Em Crotona, na costa sudeste do que hoje é a Itália, fundou uma sociedade secreta cuja base era oestudo da matemática e da filosofia”.

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    5.  Na frase “Viajou muito, pode ter conhecido até a Índia”:

    a)  Que elemento permite identificar um baixo grau de comprometimento do autor em relação àquiloque afirma?

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    b)  alavra até função argumentativa, já que orienta o interlocutor a inferir algo que está pressuposto.Comente o que fica pressuposto com o uso de até.

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    6.  Certas palavras, sobretudo pronomes, advérbios e conectivos permitem a amarração das idéias na

    medida em que estabelecem ligação entre partes de um texto, facilitando, dessa forma, sua

    compreensão. Nos trechos abaixo, indique a que termo do texto se referem as palavras destacadas.

    a)  “... fundou uma sociedade secreta cuja base era o estudo da matemática e da filosofia.”

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    b)  “A escola pitagórica tinha um código de conduta rígido, acreditava na transmigração das almas e,

    portanto, que não se devia matar ou comer um animal porque ele poderia ser a moradia de umamigo morto.”

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    EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:

    1.  Os textos seguintes apresentam algum tipo de incoerência. Sua tarefa será apontá-la e explicá-la.

    a)  Naquela manhã Paulo ligou para o amigo, cumprimentando-o, leu no jornal que seu amigo havia

    entrado na faculdade e acordou bem cedo.

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    b)  A ciência já demonstrou que o consumo exagerado de bebidas alcoólicas é extremamente

    prejudicial à saúde. Adolescentes, aos dezesseis anos, ainda não têm maturidade suficiente para

    avaliar os malefícios que o consumo imoderado de bebidas alcoólicas lhes poderá causar. Além

    disso, nessa idade, gostam de novidades e, como muitas vezes são tímidos, utilizam-se de bebidas

    alcoólicas para ficar extrovertidos sem pensar nas conseqüências nefastas desse tipo de atitude. Por

    esses motivos, a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos deveria

    ser revogada.

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    c)  A reunião para o acerto da venda das ações ocorreu num jantar, em um elegante e caro restaurante,que era o preferido dos altos executivos de empresas do ramo de telecomunicações. Enquanto osempresários, em voz baixa, selavam o acordo, um grupo musical cantava música sertaneja e pagode.Na mesa ao lado, crianças comemoravam um aniversário, deliciando-se com os hambúrgueresservidos e as batatas fritas, sobre as quais colocavam bastante Ketchup.

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    d)  Machado de Assis é, sem dúvida, um dos maiores escritores brasileiros, pois sua obra não só enfocaa vida urbana do Rio de Janeiro, como também tem por cenário outras regiões do país. É o que sepode observar em seus romances regionais.

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    2.  Nos textos seguintes, a presença de elementos lingüísticos confere coerência ao texto. Identifiqueesses elementos.

    a)  Vocês podem achar que estou louco! Mas o carnaval na Finlândia é o mais animado do mundo.

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    b)  Apesar da grave crise econômica por que passamos, apesar das deficiências do sistema de saúdepúblico, apesar da crescente falta de segurança nas cidades, apesar dos inúmeros escândalos sobredesvios de verba, vivemos em um verdadeiro paraíso.

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    c) 

    A língua oficial do povo brasileiro é o tupi-guarani (sic), por isso acho que em vez de português, o

    ensino do tupi-guarani é que deveria ser obrigatório nas escolas.

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    3. 

    Os textos seguintes são trechos de redações de alunos citados por Maria Thereza Fraga Rocco em

    seu livro Crise na linguagem – a redação no vestibular. Neles há algum tipo de incoerência.

    Aponte-a e comente-a.

    a)  “Pela tarde chegou uma carta a mim endereçada, abri-a correndo sem nem tomar fôlego. O

    envelope não tinha nada dentro, estava vazio. Dentro só tinha uma folha, em branco.”

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    b)  “Eu não ganhei nenhum presente, só ganhei uma folha em branco, meu retrato de pôster e um disco

    dos Beatles.”

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    c)  “Pela manhã recebi uma carta repleta de conselhos. Era uma carta em branco e não liguei para os

    conselhos já que os conselhos não interessam para mim pois sei cuidar da minha vida.”

    d) 

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    Lição 3

    Texto: tipos e gêneros

    TTIIPPOOLLOOGGIIAA TTEEXXTTUUAALL 

    Tipologia textual   é a forma como um texto se apresenta. As tipologias existentes são:narração, descrição, dissertação, exposição, injunção e poética.

    NARRAÇÃO (texto narrativo) – modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não,que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetosdo mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é opassado. Estamos cercados de narrações desde que nos contam histórias infantis como ChapeuzinhoVermelho ou Bela Adormecida, até as picantes piadas do cotidiano. O que a distingue da descriçãoé a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito.

    A Narração envolve:

    •  Quem? Personagem;

    •  Quê? Fatos, enredo;

    •  Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;

    • 

    Onde? O lugar da ocorrência;•  Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos;

    •  Por quê? A causa dos acontecimentos;

     Ex.:  Numa tarde de primavera, a moça caminhava a passos largos em direção ao convento. Láestariam a sua espera o irmão e a tia Dalva, a quem muito estimava. O problema era seu atraso e omedo de não mais ser esperada...

    DESCRIÇÃO (texto descritivo) – tipo de texto em que se faz um retrato por escrito de um

    lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é oadjetivo, por sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descreversensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. 

     Ex.:  Seu rosto era claro e estava iluminado pelos belos olhos azuis e contentes. Aquele sorrisoaberto recepcionava com simpatia a qualquer saudação, ainda que as bochechas corassem ao menorelogio. Assim era aquele rostinho de menina-moça da adorável Dorinha.

    DISSERTAÇÃO (texto dissertativo, argumentativo ou dissertativo-argumentativo)  –estilo de texto com posicionamentos pessoais e exposição de idéias. Tem por base a argumentação,apresentada de forma lógica e coerente a fim de defender um ponto de vista. Presença de estruturabásica: apresentação da idéia principal (introdução), argumentos (desenvolvimento), conclusão.Utiliza verbos na 1ª e 3ª pessoas do presente do indicativo. É a modalidade mais exigida nosconcursos em geral, por promover uma espécie de “raios-X” do candidato no tocante a suas

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    opiniões. Nesse sentido, exige dos candidatos mais cuidado em relação às colocações, pois tambémrevela um pouco de seu temperamento, numa espécie de psicotécnico.

     Ex.: Tem havido muitos debates em torno da ineficiência do sistema educacional do Brasil. Aindanão se definiu, entretanto, uma ação nacional de reestrutura do processo educativo, desde a base aoensino superior.

    EXPOSIÇÃO (texto expositivo, informativo ou explicativo)  – o texto expositivoapresenta informações sobre um objeto ou fato específico, sua descrição, a enumeraçãode suas características. Esse deve permitir que o leitor identifique, claramente, o temacentral do texto.

    Um fato importante é a apresentação de bastante informação, caso se trate de algo novo esse sefaz imprescindível.

    Quando se trata de temas polêmicos a apresentação de argumentos se faz necessário para que oautor informe aos leitores sobre as possibilidades de análise do assunto.

    O texto expositivo deve ser abrangente, deve permitir que seja compreendido por diferentestipos de pessoas.

     Ex.:  O telefone celular  A história do celular é recente, mas remonta ao passado –– e às telas de cinema. A mãe do

    telefone móvel é a austríaca Hedwig Kiesler (mais conhecida pelo nome artístico Hedy Lamaar),uma atriz de Hollywood que estrelou o clássico Sansão e Dalila (1949). Hedy tinha tudo para virarcelebridade, mas pela inteligência. Ela foi casada com um austríaco nazista fabricante de armas. Oque sobrou de uma relação desgastante foi o interesse pela tecnologia. Já nos Estados Unidos,durante a Segunda Guerra Mundial, ela soube que alguns torpedos teleguiados da Marinha haviamsido interceptados por inimigos. Ela ficou intrigada com isso, e teve a idéia: um sistema no qualduas pessoas podiam se comunicar mudando o canal, para que a conversa não fosse interrompida.Era a base dos celulares, patenteada em 1940.

    INJUNÇÃO (texto injuntivo ou instrucional)  – indica como realizar uma ação; aconselha,dar ordens, comandos. É também utilizado para predizer acontecimento e comportamentos. Utilizalinguagem objetiva e simples. Os verbos são, em sua maioria, empregados no modo imperativo. Hátambém o uso do futuro do presente.

     Exs.: manuais (não coloque vaso de flores sobre a televisão, não limpe a televisão com álcool,utilize uma flanela umedecida com água), receitas ( pegue, acrescente, mexa, unte, amasse, leve),anúncios publicitários (compre Baton, vem pra Caixa você também, vem).

    POÉTICA (texto poético) – o texto poético é aquele que se caracteriza por sua  função estética (o artista procura representar a realidade a partir de sua visão, interpretando aspectos que julga maisrelevantes, sem se preocupar em tratá-la de modo fiel), por seu caráter ficcional  (os fatosapresentados no texto poético não fazem necessariamente parte da realidade), por sua subjetividade (o autor procura expressar seus sentimentos, suas emoções e experiências, essa característica fazcom que as informações deixem de ser o centro de atenção do texto poético) e pela

     plurissignificação  (característica que permite que as palavras assumam diferentes significados,linguagem conotativa, figuras de linguagem).

     Ex.:SSOO N  N  E ET T OO D D A A SS E E P P A A R R A AÇ Ç  Ã ÃOO 

    De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a bruma

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    E das bocas unidas fez-se a espuma

    E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

    De repente da calma fez-se o vento

    Que dos olhos desfez a última chama

    E da paixão fez-se o pressentimento

    E do momento imóvel fez-se o drama.

    De repente, não mais que de repente

    Fez-se de triste o que se fez amante

    E de sozinho o que se fez contente.

    Fez-se do amigo próximo o distante

    Fez-se da vida uma aventura errante

    De repente, não mais que de repente.

    Vinícius de Moraes

    OBSERVAÇÃO: em um mesmo texto podemos encontrar mais de uma tipologia textual presente,entretanto, apenas uma deve predominar.

    GGÊÊNNEERROOSS TTEEXXTTUUAAIISS Gêneros Textuais  são tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados nas diferentes

    esferas sociais de utilização da língua. Gênero é uma classe de eventos comunicativos, os quais são

    delimitados por objetivos comunicativos (tema, estilo e estrutura esquemática).

    São três os elementos principais que caracterizam o gênero: conteúdo temático (assunto, a

    mensagem transmitida); o plano composicional (estrutura formal dos textos pertencentes ao

    gênero); o estilo (leva em conta as questões individuais de seleção e opção: vocabulário, estruturasfrasais, preferências gramaticais).

    Os gêneros textuais são inúmeros, apresentam características sócio-comunicativas definidas

    por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição própria.

    Exs.: poesia, histórias em quadrinhos, fábulas, crônicas, propagandas, receitas, novelas,

    romances, músicas, contos, cartazes, folhetos, editoriais, artigos de opinião, mapas, tabelas,

    gráficos, telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, bilhete, reportagem jornalística, aula

    expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, bula de remédio, lista de

    compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de

    concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador,

    aulas virtuais entre outros.

     Exercícios[TEXTO 1]

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    Disponível em: http://josealbertofarias.files.wordpress.com/2007/03/out1.jpg. 

    Acesso em 17/12/2007.

    1.  Qual tipologia textual predomina [TEXTO 1] ?

    ____________________________________________________________

    ____________________________________________________________

    2.  A que gênero textual pertence o [TEXTO 1] ?

    ____________________________________________________________

    ____________________________________________________________

    3.  Considerando a tipologia textual , é CORRETO dizer que a função do [TEXTO 1] é:

    a)  relatar um fato, apresentando riqueza de detalhes, para impressionar o interlocutor.

    b) narrar fatos em que personagens se movem num certo espaço e num dado tempo.c) usar estratégias de convencimento, para tentar persuadir alguém a agir de tal forma.

    d) expor idéias para informar um público restrito acerca de um tema científico.

    e) descrever algo, fornecendo alguns elementos que nos levem a identificar o objeto.

    [TEXTO 2]

    A deusa dos raios azulados 

     Nas noites de verão, ou todas as noites, depois do jantar, o pai abandona a mesa. Ainda com

    a xícara de café na mão, ele se dirige à caixa quadrada. A deusa dos raios azulados espera o

    toque. O lugar principal é para o pai. Ninguém conversa. Não há o que falar. O pai não traz nada

    da rua, do dia-a-dia, do escritório. Os filhos não perguntam, estão proibidos de interromper. Amulher mergulha na telenovela, no filme. Todos sabem que não virá visita. E se vier alguma, vai

    chegar antes da telenovela. Conversas esparsas durante os comerciais. A sensação é que basta

    estar junto. Nada mais. Silenciosa, a família contempla a caixa azulada. Os olhos excitados,

    cabeças inflamadas. Recebendo, recebendo. Enquanto o corpo suportar, estarão ali. Depois

    tocarão o botão e a deusa descansará. Então, as pessoas vão para as camas, deitam e sonham.

    Com as coisas vistas. Sempre vistas através da caixa. Nunca sentidas ou vividas. Imunizadas que

    estão contra a própria vida.

     Ignácio de Loyola Brandão. In Dentes ao sol.

    Rio de Janeiro: Codecri, 1980. p.288 

    04.  Considerando a tipologia textual , é CORRETO afirmar que a função do [TEXTO 3] é:

    a)  expor aos possíveis leitores os benefícios causados pela televisão.

    b)  narrar fatos, apresentando riquezas de detalhes, para impressionar o interlocutor e levá-lo à

    reflexão.

    c)  apresentar informações científicas sobre a relação familiar.

    d)  relatar idéias para informar a um determinado público acerca da televisão.

    e)  persuadir o eleitor a continuar fazendo uso da televisão, devido ao seu amplo conhecimento

    transmitido por ela.

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    [TEXTO 3]

    05.  Considerando o [TEXTO 3] assinale (V) para as assertivas verdadeiras e (F) para asfalsas.

    ( ) Pode-se afirmar que o texto pertence ao

    gênero textual propaganda. Ela constitui-

    se um meio de promover vendas em

    massa. Nesse sentido, deve interessar,

    persuadir, convencer e levar à ação.

    Baseando-se no conhecimento da

    natureza humana, tem de influenciar o

    comportamento do consumidor.( ) Fica evidente no texto o apelo a uma

    necessidade, despertando ou criando o

    desejo, visto que o anúncio tenta cumprir

    com a sua missão: levar o consumidor a

    adquirir o produto anunciado.

    ( ) O principal objetivo do texto é dar ordens

    e comandos. Portanto a tipologia textual

    predominante é a injunção.

    ( ) Tanto o enunciado da parte superior do

    anúncio quanto no enunciado inferior

    destaca-se o emprego do adjetivo ou delocuções adjetivas. Considerando a

    intencionalidade do texto, isto é, a

    finalidade com que ele foi criado, o

    predomínio dessa classe gramatical

    reflete o objetivo de promover o produto,

    no caso, o soverte Milka da Kibon,

    ressaltando suas qualidades positivas.

    ( ) O enunciado da parte superior apresenta

    intencionalmente uma ambigüidade.

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    06.  Atente para o seguinte fragmento extraído do texto:

    “O sonho de toda mulher: bonito, gostoso e com recheio.”

    a)  Sem levar em conta a imagem, qual parece ser, em princípio, o “sonho de toda mulher”?

    ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    b)  Cruzando o texto com a imagem, que novo sentido ganha esse sonho?

    ____________________________________________________________________________

    ____________________________________________________________________________

    ____________________________________________________________________________

    c) Os adjetivos bonito  e gostoso  e a locução adjetiva com recheio  participam da construção da

    ambigüidade, pois podem tanto se referir a uma pessoa quanto a um alimento. Supondo que se

    refiram a uma pessoa, o que seria um pessoa “com recheio”?

    _____________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________

    07.  Considerando os diferentes tipos textuais e suas características principais, assinale a

    alternativa em que os trechos seguintes e sua classificação fazem uma associação

    INCORRETA.

    I.  “Estavam no pátio de uma fazenda

    sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do

    caseiro fechada, tudo anunciava abandono.”  (Graciliano Ramos, Vidas Secas) – Textodissertativo.

    II.  “Além de ser a primeira, a maior e a

    mais garantida do Brasil, a Poupança da Caixa também dá prêmios milionários. São cerca de

    1.800 prêmios de 500 reais, 25 prêmios de 10 mil reais e o prêmio de 1 milhão de reais (…)” 

    (Anúncio da Caixa, publicado na Revista Veja, de 06 de fevereiro de 2002) – Texto descritivo.

    III.  “A concepção do homem sobre si

    mesmo e sobre o mundo tem mudado radicalmente. Primeiro, os homens pensavam que a Terra

     fosse plana e que fosse o centro do universo; depois, que o homem é uma criação divina

    especial (…)” (K. E. Scheibe) – Texto descritivo.

    IV.  “Para viver, necessitamos de

    alimento, vestuário, calçados, alojamento, combustíveis, etc. Para termos esses bens materiais é

    necessário que a sociedade os produza (…)”. (A. G. Graciliano, Introdução à Sociologia) –

    Texto dissertativo.

    V.  “Vinha eu caminhando pela Avenida

     Marginal, quando ouço um choro abafado e fino, como de menino pequeno.”  (Lourenço

    Diaféria) – Texto narrativo.

    Estão INCORRETAS as associações:

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    a)  II e IV.

    b) II, IV e V.

    c)  III e V.

    d) I, III e V.

    e)  I e III.

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    Lição 4

    Texto: Vozes do TextoTexto I

    Nem anjo nem demônio

    Desde que a TV surgiu, nos anos 40, fala-se do seu poder de causar dependência. Oseducadores dos anos 60 bradaram palavras acusando-a de “chupeta eletrônica”. Os militantespolíticos creditavam a ela a alienação dos povos. Era um demônio que precisava ser destruído.Continuou a existir, e quem cresceu vendo desenhos animados, enlatados americanos e novelasglobais não foi mais imbecilizado - ao menos não por esse motivo. Ponto para a televisão, queprovou também ser informativa, educativa e (por que não?) um ótimo entretenimento. Com exceçãoda qualidade da programação dos canais abertos, tudo melhorou. Mas começaram as preocupaçõesem relação aos telespectadores que não conseguem dormir sem o barulho eletrônico ao fundo. Ouaos que deixam de ler, sair com amigos e até e namorar para dedicar todo o tempo livre a ela, aindaque seja pulando de um programa para o outro. “Nada nem ninguém me faz sair da frente da TVquando volto do trabalho”, afirma a administradora de empresas Vânia Sganzerla.

    Muitos telespectadores assumem esse comportamento. Tanto que um grupo de estudiosos daUniversidade de Rutgers, nos Estados Unidos, por meio de experimentos e pesquisas concluiu que avelha história do vício na TV não é só uma metáfora. “Todo comportamento compulsivo ao qual apessoa se apega para buscar alívio, se fugir do controle, pode ser caracterizado como dependência”,

    explica Robert Kubey, diretor do Centro de Estudos da Mídia da Universidade de Rutgers.Os efeitos da televisão sobre o sono variam muito. “Quando tenho um dia estressante,agitado, não durmo sem ela”, comenta Maurício Valim, diretor de programas especiais da TVCultura e criador do site Tudo sobre TV. Outros, como Martin Jaccard, sonorizador de ambientes,reconhecem que demoram a pegar no sono após uma overdose televisiva. “Sinto uma certa irritação,até raiva, por não ter lido um bom livro, namorado ou ouvido uma música, mas ainda assim não mearrependo de ver tanta TV, não. Gosto demais”. É uma as mais prosaicas facetas desse tipo dedependência, segundo a pesquisa do Centro de Estudos da Mídia. As pessoas admitem quedeveriam maneirar, mas não se incomodam a ponto de querer mudar o hábito. Sinal de que tantomal assim também não faz.

    SCAVONE, Miriam. Revista Claudia. In: TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português: língua,

    literatura e produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2003, pp. 10-1. 2 v.

    1. De acordo com a leitura do texto, responda:

    a) Sobre o que o texto fala?________________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________________

    b) Qual o posicionamento da autora quanto ao tema discutido? Cite um trecho do texto que justifique sua resposta.

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    2. No decorrer do texto, a autora (jornalista) abre espaço para a presença de outras citações e

    opiniões de pessoas especializadas e diretamente envolvidas na situação, de quem são essas outras

    vozes presentes no texto?

    3. Identifique quem está por trás das seguintes falas:

    a) A TV tem o “poder de causar dependência”.

    b) A TV é acusada de ser a “chupeta eletrônica”.

    c) A TV é acusada de ser “a alienação dos povos”.

    4. Explique a relação do título “Nem anjo nem demônio” com o texto.

    As diferentes vozes do texto

    A produção de um texto oral ou escrito é baseado em uma situação ou em um

    contexto, do qual fazem parte, principalmente:

     

    a pessoa que fala (locutor principal);

     

    com quem ela dialoga (outras vozes e opiniões expressas no texto);

     

    o porquê da conversação; e

     

    qual a intenção de quem fala.

    Assim, são vários os tipos de discurso e várias as maneiras de as vozes se

    manifestarem. E é inegável que elas são importantes e estão presentes em todos os textos.

    Discurso  é, então, a atividade comunicativa entre interlocutores que apresenta

    sentido e está inserida em um contexto.

    Dessa forma podemos afirmar que os textos são essencialmente polifônicos, ouseja, são reuniões de várias vozes. Temos a voz privilegiada – a do locutor principal –

    que vai incorporando as outras vozes no texto.

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    Texto II

    Jeitos de gostar

    De tudo que eu conversava com o meu amigo tem duas coisas que eu lembro mais. Não seipor quê. A primeira é um papo que a gente teve num domingo. Tava chovendo. A gente tinhaacabado de jogar. O meu amigo levantou, acendeu o cachimbo, começou a preparar umas tintas, eentão conversou de amor.

    Amor de trabalhar. De pintar. Amor de homem e de mulher, de pai, de mãe, amor de cidade-de-país-e-de-mundo onde a gente mora, amor de filho, de amigo.

    – Amor assim feito a gente tem um pelo outro – ele falou.O meu coração pulou.Toda a vida eu gostei do meu amigo assim... assim bem grande; mas eu sempre pensei que ele

    gostava menor de mim. Não sei se porque eu era criança e ele não; ou se porque ele era um artista eeu não; só sei que quando ele falou de amor o meu coração pulou daquele jeito: será que então agente se gostava igual?

    Quis logo ver se era mesmo:– Como é que você gosta de mim?– Depende. Tem dias que eu gosto feito pai. Fico com pena de você não ser meu filho, de não

    poder dizer: fui eu que fiz esse garoto! – Meio que riu. Depois ficou sério, sentou em frente docavalete e começou a pintar. – Mas aí, no outro dia, eu não tenho nenhuma vontade de ser teu pai:quero só ser teu amigo e pronto. – Pintou mais um bocado. - Às vezes eu gosto de você porque vocêé o meu parceiro de gamão; outras vezes porque eu tinha vontade de ser você, quer dizer, de sercriança de novo. E se a gente junta tudo que é jeito vê que gosta bem grande, vê que é amor.

    Achei tão bom ele falando de gostar de mim que fiquei ali parado sem dizer mais nada, sóolhando ele pintar. Mas lá pelas tantas eu não resisti:

    – Você acha que a gente é parecido?– De cara, não; de jeito, é. Jeito de ficar quieto, jeito de espirrar sem estar gripado, jeito de

    olhar pras coisas. Tive muito amigo grande, mas nenhum de jeito tão parecido comigo feito você.

    NUNES, Lygia Bojunga. O meu amigo pintor. In: GONÇALVES, Maria Sílvia; RIOS,Rosana.Português em outras palavras. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1997, pp. 41-2. 3 v.

    Os tipos de discurso

    Dependendo da forma que o locutor principal reproduz a voz de outros falantes, ouseja, de outros personagens no texto, utilizará duas possibilidades de construção:

     

    o discurso direto, que descreve literalmente a fala dos personagens;  o discurso indireto, em que o narrador reproduz com suas palavras afala dos personagens.

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    2. Destaque no texto II mais dois trechos que exemplifiquem o discurso direto.

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    3. Transforme os trechos que você destacou no discurso direto para o discurso indireto.

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    4. No texto III identifique mais um exemplo de discurso indireto e explique qual a estrutura

    utilizada para a reprodução da fala do personagem.

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    5. Agora reescreva o texto III utilizando o discurso direto. Você pode reescrevê-lo através de um

    diálogo.

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    Texto IV

    “Não parava de cantar, Antônio, afirmando que ia para o outro tempo enquanto o povo tododesconfiava que era para o outro mundo que ele ia, e só se ouvia o martelo lá dentro, toc toc toc, equando os sete dias se passaram , o oitavo dia acordou e deu de cara com a máquina da morteprontinha.

    Mas ficou bonita demais, dava até gosto ficar vendo. E isso anda? Não andava. Voa? Nãovoava. Nada? Não. Claro que não cabia na compreensão de ninguém, como é que Antônio diz quevai pra outro tempo se essa máquina não sai do canto?, e ele até se irritava, isso aí é a máquina damorte eu é que sou a máquina do tempo. Mas o povo duvidava: e é, é? Desde quando?”

    FALCÃO, Adriana. A máquina . In: TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português: língua,literatura e produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2003, p. 15. 2 v.

    1. Identifique, se possível, mais um trecho em que se focalize a personagem e mais um que focalize aconsciência (fala interior) da personagem.

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    Discurso indireto livre

    É um tipo de discurso misto. O discurso do narrador e as falas daspersonagens que se introduzem revelam o seu fluxo de pensamento.A mistura do discurso direto das personagens com o discurso

    indireto do narrador é chamada discurso indireto livre.Observe que no texto IV o narrador reproduz falas do povo no meio

    a narração, sem marcações gráficas ou verbo de elocução (marcas dodiscurso direto) e também sem o que  ou o se  (marcas do discursoindireto). Por outro lado, as respostas de Antônio apresentamcaracterísticas do discurso indireto:1ª perspectiva: focalizar a personagem

    “Não parava de cantar, Antônio, afirmando que ia para o outro

    tempo enquanto o povo todo desconfiava que era para o outro mundoque ele ia...”

    2ª perspectiva: focalizar a consciência da personagem

    “Mas ficou bonita demais, dava até gosto ficar vendo.”

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    Praticando

    1. Escolha uma das propostas sugeridas abaixo e escreva três pequenos textos nas formas de discurso

    apresentadas:

      Dois ex-colegas, que não se vêem há anos, reencontram-se.

     

    Ex-namorados se encontram na fila do cinema, ambos solitários.  Dois torcedores de times rivais discutem o resultado no final de um jogo.

    Assim, utilize para o:

     

    Texto I: o discurso direto (diálogos).

      Texto II: o discurso indireto (o narrador conta o que acontece).

     

    Texto III: o discurso indireto livre (discurso misto).

    Texto I

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    Texto II

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    Texto III

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    Referências Bibliográficas

    FRASCOLLA, Anna; FÉR, Aracy Santos; PAES, Naura Silveira. Lendo e interferindo. 1. ed. SãoPaulo: Moderna, 1999, pp. 109 a 111.

    GONÇALVES, Maria Sílvia; RIOS, Rosana. Português em outras palavras. 2. ed. São Paulo:Scipione, 1997, pp. 41 a 44. (7ª série)

    SARGENTIM, Hermínio Geraldo. Palavras. 1. ed. São Paulo: IBEP, 2002, pp. 84 e 85. (ColeçãoLíngua Portuguesa)

    SARGENTIM, Hermínio Geraldo. Redação: Curso Básico. São Paulo: IBEP, pp. 30 a 34, 4 v.

    SARMENTO, Leila Lauar; TUFANO, Douglas. Português: literatura, gramática, produção detextos. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2004, pp. 369 a 374, volume único.

    TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português: língua, literatura e produção de textos. 1. ed.São Paulo: Scipione, 2003, pp. 10 a 21, 2 v.

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    Lição 5

    Texto e Intertextualidade

    Texto I

    O Navio Negreiro

    Era um sonho dantesco... o tombadilho

    Que das luzernas avermelha o brilho,

    Em sangue a se banhar.

    Tinir de ferros... estalar do açoite...

    Legiões de homens negros como a noite,

    Horrendos a dançar...

    Negras mulheres, suspendendo às tetas

    Magras crianças, cujas bocas pretas

    Rega o sangue das mães:

    Outras moças... mas nuas, espantadas,

    No turbilhão de espectros arrastadas,

    Em ânsia e mágoa vãs!

    E rir-se a orquestra irônica, estridente...

    E da ronda fantástica a serpente

    Faz doudas espirais...

    Se o velho arqueja, se no chão resvala,Ouvem-se gritos... o chicote estala.

    E voam mais e mais...

    Presa nos elos de uma só cadeia,

    A multidão faminta cambaleia,

    E chora e dança ali!

    Um de raiva delira, outro enlouquece...

    Outro, que martírios embrutece,

    Cantando, geme e ri!

    No entanto o capitão manda a manobra

    E após, fitando o céu que se desdobra

    Tão puro sobre o mar,

    Diz do fumo entre os densos nevoeiro:

    “Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

    Fazei-os mais dançar!...”

    E ri-se a orquestra irônica, estridente...

    E da ronda fantástica a serpente

    Faz doudas espirais...

    Qual num sonho dantesco as sombras voam...Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

    E ri-se Satanás!...

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    ALVES, Castro. Castro Alves– Obra Completa. In: TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português:língua, literatura e produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2003, pp. 22-3, 2 v.

    Texto II

    Todo Camburão tem um pouco de Navio Negreiro

    Letra: Marcelo Yuka / Música: O Rappa

    Parte 1 tudo começou quando a genteconversava

    naquela esquina alide frente àquela praçaveio os zomense nos pararamdocumento por favorentão a gente apresentoumas eles não paravamqualé negão? qualé negão?oquê que tá pegando?qualé negão? qualé negão?

    Parte 2 é mole de verque em qualquer durao tempo passa mais lentopro negãoquem segurava com forçaa chibataagora sua fardaengatilha a macacae escolhe sempre o primeironegro pra passar na revista

    Refrão todo camburão tem um poucode navio negreirotodo camburão tem um poucode navio negreiro

    Parte 3 é mole de verque para o negromesmo a aids possui hierarquiana África a doença corre soltae a imprensa mundialdispensa poucas linhascomparado, comparadoao que faz com qualquerfigurinha do cinema

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    ou das colunas sociais

    Refrão todo camburão tem um pouco

    de navio negreiro

    todo camburão tem um pouco

    de navio negreiro

    CD: O Rappa. Warner Music Brasil, 2001. In: TERRA, Ernani; NICOLA, José de.

    Português: língua, literatura e produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2003,p. 23, 2 v.

    1. Qual o tema abordado pelo texto I?

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    2. E o texto II aborda que temática?

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    3. Em qual época ou tempo foram escritos os dois textos?

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    4. Existe alguma relação quanto ao tema retratado nos dois textos? Se existir, destaque

    passagens que comprovem essa relação.

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    Texto III

    Meus oito anos

    Oh! Que saudade que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem maisQue amor, que sonhos, que floresNaquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais![...](Casimiro de Abreu)

    In: CEREJA, William Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Português: linguagens. São Paulo:Atual, 2003, p. 111.

    Texto IV

    Meus oito anos

    Oh que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vidaDe minha infância queridaQue os anos não trazem maisNaquele quintal de terra

    O diálogo entre os textos

    O diálogo que a música do grupo “O Rappa” estabelece com o poema “O Navio Negreiro” é o quepodemos chamar de intertextualidade:

      é a relação entre dois textos em que um cita o outro.

    Assim, um autor faz referência a outro texto com o objetivo de apoiar o que já foi dito ou de dizeralgo totalmente diferente, de criticar um ponto de vista, uma visão de mundo.

    Seu campo de ação é amplo a abrange os produtores de textos:

      escritos e falados;  verbais e não-verbais.

    Intertextualidade explícita e implícita

    Em seu poema Castro Alves refere-se também ao poema “A divina Comédia”, de Dante Alighieri,fazendo uma descrição que o poeta italiano faz dos horrores e sofrimentos daqueles que padecem noinferno e associando-a aos horrores vividos pelos negros nos porões do navio. No entanto, não fazmenção direta em seu poema, cabe ao leitor fazer essa associação, trata-se de um caso deintertextualidade implícita.

    Se o poeta escrevesse citando a fonte, ou seja, “O Inferno”, de Dante Alighieri, teríamos um caso deintertextualidade explícita.

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    Da Rua de Santo Antônio

    Debaixo da bananeira

    Sem nenhum laranjais.

    [...]

    (Oswald de Andrade)

    In: CEREJA, William Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Português: linguagens. São Paulo:Atual, 2003, p. 111.

    1. O primeiro texto foi escrito no século XIX (Romantismo) e o segundo foi escrito no século XX

    (Modernismo). Existe semelhança quanto ao assunto tratado entre os dois textos? De que assunto

    tratam?

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    2. Qual a relação estabelecida entre o segundo texto e o primeiro texto?

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    3. Que diferenças podem ser apontadas quanto aos elementos citados nos textos?

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    4. Como os autores que são de épocas literárias diferentes retratam o assunto exposto?

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    A intertextualidade e a literatura

    Na literatura brasileira encontram-se muitos exemplos de relação intertextual, onde vários

    outros autores produzem por imitação ou para repensar o que foi escrito.

    O tipo de intertextualidade que crítica um ponto de vista, uma visão de mundo, é chamado

    paródia:

      é um tipo de relação intertextual em que um dos textos cita o outro com o objetivo

    de fazer-lhe uma crítica ou distorcer suas idéias.

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    Praticando

    1. Observe a relação existente entre estes fragmentos:

    I“Quando nasci, um anjo torto

    Desses que vivem na sombra

    Disse: vai Carlos! Ser ‘gauche’ na vida.”

    (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. In: TERRA, Ernani; NICOLA, José de.

    Português: língua, literatura e produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2003, p. 29, 2 v. )

    II“Quando nasci um anjo esbelto

    Desses que tocam trombeta, anunciou:

    Vai carregar bandeira.

    Carga muito pesada pra mulher

    Esta espécie ainda envergonhada.

    (PRADO, Adélia. Bagagem. In: TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português: língua, literaturae produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2003, p. 29, 2 v.)

    a) Como Drummond retrata a figura do anjo no fragmento I?

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    b) E no II fragmento como ele (o anjo) é tratado?

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    c) Qual o tipo de intertextualidade presente no II fragmento? E como se estabelece essa

    relação?

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    2. Agora observe as imagens:

    I - Jovem Baco, de

    Caravaggio

    II - Trabalhofotográfico de Cindy

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    Qual relação intertextual é estabelecida entre as duas imagens? A I foi pintada no final do século

    XVI e a II foi produzida quase quatrocentos anos depois. Sherman simplesmente imita o quadro de

    Caravaggio?

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    Referências Bibliográficas

    CEREJA, William Roberto; Magalhães, Thereza Cochar. Português: linguagens. São Paulo:Atual, 2003, p. 111 e 112.

    TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Português: língua, literatura e produção de textos. 1. ed.São Paulo: Scipione, 2003, pp. 22 a 30, 2 v.

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    Lição 6

    Texto: persuasão e arg