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Exercícios propostos Português capítulo 1 216 Texto para as questões 1 a 5: O fim do marketing A empresa vende ao consumidor — com a web não é mais assim. Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidire- cional: as empresas vendem aos consumidores. Nós cria- mos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a men- sagem. A internet transforma todas essas atividades. (...) Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do desenvol- vimento do produto. Produtos estão se tornando expe- riências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos. (...) Graças às vendas online e à nova dinâmica do mer- cado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto que- rem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas decidem sobre os preços de produtos e serviços. (...) A empresa moderna compete em dois mundos: um sico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um website vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace. (...) Publicidade, promoção, relações públicas etc. explo- ram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam drasti- camente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensa- gem. Em vez de receber mensagens enviadas por pro- fissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online. Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom. (Don Tapsco. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.) (Unesp – adaptada) Considerando: Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós contro- lamos a mensagem. 01. Classifique morfologicamente as palavras destaca- das acima. 02. Classifique sintaticamente as palavras destaca- das acima. 03. Quantos períodos existem no trecho transcrito? 04. Quantas orações existem no trecho transcrito? 05. Qual é o sujeito comum a todas as orações transcri- tas na passagem?

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 1

216

Texto para as questões 1 a 5:

O fim do marketing

A empresa vende ao consumidor — com a web não é mais assim.

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidire-cional: as empresas vendem aos consumidores. Nós cria-mos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a men-sagem. A internet transforma todas essas atividades.

(...)Os produtos agora são customizados em massa,

envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do desenvol-vimento do produto. Produtos estão se tornando expe-riências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.

(...)Graças às vendas online e à nova dinâmica do mer-

cado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto que-rem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas decidem sobre os preços de produtos e serviços.

(...)A empresa moderna compete em dois mundos: um

físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não devem preocupar-se com a criação de um website vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não

olhos, são o que conta. Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace.

(...)Publicidade, promoção, relações públicas etc. explo-

ram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam drasti-camente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensa-gem. Em vez de receber mensagens enviadas por pro-fissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.

Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo, Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)

(Unesp – adaptada) Considerando:Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os

locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós contro-lamos a mensagem.

01. Classifique morfologicamente as palavras destaca-das acima.

02. Classifique sintaticamente as palavras destaca-das acima.

03. Quantos períodos existem no trecho transcrito?

04. Quantas orações existem no trecho transcrito?

05. Qual é o sujeito comum a todas as orações transcri-tas na passagem?

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 2

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Texto para a próxima questão: Na sociedade neoliberal, cresce a produção de bens

supérfluos, oferecidos como mercadorias indispensáveis. O consumidor, massacrado pela publicidade, 6acaba se convencendo de que a saúde de seu cabelo depende de uma determinada marca de xampu. 16Melhor cortar a cabeça do que viver sem o tal produto...

Para o neoliberalismo, o que importa não é o pro-gresso, mas o mercado; não é a qualidade do produto, mas seu alcance publicitário; não é o valor de uso de uma mercadoria, mas o fetiche que a reveste.

1Compra-se um produto pela aura que o envolve. A grife da mercadoria promove o “status” do usuário. Exemplo: 10Se chego de ônibus à casa de um estranho e você desembarca de um BMW, acredita que seremos encarados do mesmo modo?

Para o neoliberalismo, não é o ser humano que imprime valor à mercadoria; ao contrário, 14a grife da roupa “promove” socialmente seu usuário, assim como 4um carro de luxo serve de nicho à exaltação de seu dono, que passa a ser visto pelos bens que envolvem sua pessoa.

Em si, a pessoa parece não ter nenhum valor à luz da ótica neoliberal. Por isso, quem não possui bens é despre-zado e excluído. Quem os possui é invejado, cortejado e festejado. A pessoa passa a ser vista (e valorizada) pelos bens que ostenta.

O mercado é como Deus: invisível, onipotente, onis-ciente e, agora, com o fim do bloco soviético, onipresente. Dele depende nossa salvação. Damos mais ouvidos aos profetas do mercado - os indicadores financeiros - que à palavra das Escrituras.

5Idolatrias à parte, o mercado é seletivo. Não é uma feira livre, cujos produtos carecem de controle de quali-dade e garantia. É como “shopping center”, onde só entra quem tem (ou aparenta ter) poder aquisitivo.

O mercado é global. 15Abarca os milhardários de Bos-ton e os zulus da África, os vinhos da mesa do Papa e as peles de ovelha que agasalham os monges do Tibete. 12Tudo se compra, tudo se vende: alfinetes e afetos; tele-visores e valores; deputados e pastores. Para o mercado, honra é uma questão de preço.

Fora do mercado, não há salvação - 2é o dogma do neoliberalismo. Ai de quem não acreditar e ousar pen-sar diferente! 17No mercado, ninguém tem valor por ser alguém. O valor é proporcional à posição no mercado. Quem vende ocupa maior hierarquia do que quem com-pra. E quem comanda o mercado controla os dois.

O mercado tem suas sofisticações. Não fica bem dizer “tudo é uma questão de mercado”. Melhor o anglicismo “marketing”. É uma questão de “marketing” o tema da telenovela, o sorriso do apresentador de TV, o visual do candidato e até o anúncio do suculento produto que pre-para o colesterol para as olimpíadas do infarto. 13Ven-de-se até a imagem primeiro--mundista de um país atu-lhado de indigentes perambulando pelos sertões à cata de terra para plantar.

Outrora, 8olhava-se pela janela para saber como andava o tempo. Hoje, liga-se o rádio e a TV para saber como se comporta o mercado. É ele que traz verão ou inverno às nossas vidas. 3Seus arautos merecem mais espaço que os meteorologistas. Dele dependem importa-ções e exportações, inversões e fugas de capitais, contratos e fraudes.

É no mínimo preocupante constatar como, hoje, se enche a boca para falar de livre mercado e competitivi-dade, e se esvazia o coração de solidariedade. 11Se con-tinuar assim, só restarão os valores da bolsa. E em que mercado comprar nossas mais profundas aspirações: amor e comunhão, felicidade e paz?

O mercado desempenha, pois, função religiosa. 9Ergue-se como novo sujeito absoluto, legitimado por sua perversa lógica de expansão das mercadorias, con-centração da riqueza e exclusão dos desfavorecidos. Já reparou como os comentaristas da TV se referem ao mer-cado? “Hoje o mercado reagiu às últimas declarações do líder da oposição”. Ou: “O mercado retraiu-se diante da greve dos trabalhadores”.

Parece que o mercado é um elegante e poderoso senhor que habita o alto de um castelo e, de lá, observa o que acontece aqui embaixo. 7Quando se irrita, pega o celular e liga para o Banco Central. Seu mau humor faz baixar os índices da Bolsa de Valores ou subir a cotação do dólar. Quando está de bom humor, faz subir os índices de valorização das aplicações financeiras.

BETTO, Frei. Estado de Minas, Belo Horizonte, 8 jun. 2006. Caderno Cultura, p. 10. Adaptado.

06. (UFMG) “Idolatrias à parte, o mercado é seletivo.” (ref. 5)

É correto afirmar que a expressão destacada, nessa frase, é usada para a) anunciar que a idolatria será abordada depois. b) criticar a postura dos profetas do mercado. c) desvincular o mercado da ideia de crença religiosa. d) mudar o foco argumentativo do texto.

07. (PUC-RS) Texto 1

VergonhaSerá que a gente somos corrupto? De nascença? Por

natureza? Alguma coisa na água, ou no leite da mãe?Em Paris, nos aconselhavam a não dizer que éramos

“bresiliens”, pegava mal. (...) Devíamos dizer “du Brésil” - para não acabar dizendo “brasileiros, mas no bom sen-tido”. No cinema americano, é para o Brasil que vêm tra-dicionalmente os grandes caloteiros, pelo menos os que conseguem escapar com grana. Muito do nosso folclore é baseado no autodesprezo: somos a terra do malandro, do indolente, do encostado. Somos, paradoxalmente, a raça do jeito pra tudo e a raça que não tem jeito mesmo. Exis-tiria, no brasileiro, uma falha estrutural que frustraria todas as tentativas de reformá-lo. (...)

Não somos menos morais do que os outros, mas gosta-mos de dizer que somos. Tem algo a ver com o nosso tama-nho. Nosso mar de lama não é maior que os outros, a exten-são da nossa costa é que nos dá delírios de baixeza. Nossa alma amazônica não se satisfaz com pequenas falcatruas, queremos pororocas de sujeira, dilúvios de canalhice. (...)

Todas as sociedades deste lado do mundo são, de um jeito ou de outro, cleptocracias, construídas pelos mais espertos. Nas que deram certo o proveito desse pionei-rismo de canalhas foi distribuído, nas que continuam a dar errado só uma minoria aproveita do resultado de seus próprios crimes.

VERISSIMO, L. F. Jornal “Zero Hora”, 4 de abril de 1991 (fragmento adaptado)

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Texto 2

Para se passar de uma situação menos humana para uma situação mais humana, quer na vida nacional quer na vida internacional, é longo o caminho a percorrer, e nele se há de avançar por fases. (...)

Jamais haverá paz sem uma disponibilidade para o diálogo sincero e contínuo. A verdade desenvolve-se, tam-bém ela, no diálogo e, por outro lado, fortifica este meio indispensável para a paz. A verdade também não tem receio dos entendimentos honestos, porque traz consigo as luzes que permitem comprometer-se neles, sem ter de sacrificar convicções - e valores essenciais. A verdade aproxima de si os espíritos; faz ver aquilo que já une as partes até então opostas umas às outras; faz retroceder as desconfianças de ontem e prepara terreno para novos pro-gressos na justiça e na fraternidade, na coabitação pací-fica de todos os homens. (...)

Sim, eu tenho para mim esta convicção: a verdade for-tifica a paz a partir de dentro. E um clima de sinceridade maior há de permitir mobilizar as energias humanas para a única causa que é digna delas: o pleno respeito da verdade sobre a natureza e o destino do homem, fonte da verdadeira paz na justiça e na amizade.

Dispónível em:<http://vatican.va.holy_father/john_paul_ii/messages/peace/documents/>. Acesso em: 26 abr. 2006.

Texto 3

É célebre o paradoxo do mentiroso: Epimênides, sacer-dote de Apolo, cretense que viveu no século VI a.C., disse de seus compatriotas: “Os cretenses mentem o tempo todo”. Ora, se Epimênides é mais um cretense que vive dizendo mentiras... nem todos os cretenses serão menti-rosos. Ou, talvez, Epimênides seja o único cretense capaz de dizer verdades, e a verdade, então, é que todos os cre-tenses são sempre mentirosos, exceto Epimênides.

A verdade mesmo é que ninguém consegue ser men-tiroso 24 horas por dia. Mentir cansa, e possivelmente o próprio Epimênides, mentiroso renitente, fez uma pausa e disse essa verdade. (...)

Mas se mentir o tempo todo é impossível, dizer sem-pre a verdade não é nada fácil. A verdade, afirmou Pla-tão, “é que a verdade é um alvo em que poucos acertam”.

PERISSÉ, Gabriel. Observatório da Imprensa. Dis-ponível em:< http://observatorio.ultimosegundo.

ig.com.br/artigos>. Acesso em 30 abr 2006.

Instrução: Responder à questão com base nas afirmati-vas sobre os três textos.I. Os textos 1 e 3 apresentam uma situação

concreta para fundamentar a tese de seus respectivos autores.

II. A linguagem do texto 2 distingue-o dos demais pelo tom coloquial e pela subjetividade.

III. Nos textos 1 e 3, os autores utilizam o discurso alheio como recurso argumentativo.

IV. Nos três textos, os autores comparam diferentes sociedades entre si.

Pela análise das afirmativas, é possível concluir que estão corretas apenas

a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) II e IV. e) I, II e IV.

08. (UFSM) Analise as seguintes afirmações relacio-nadas ao processo argumentativo estabelecido na sala de aula.

Multiplicando 2x3, conseguimoso mesmo resultado que

multiplicando 3x2. Por quê?

Porque a ordem dosfatores não altera

o produto.

Muito bem! Viram?Manolito sabe

porque estudou!

Não é, não...Sei porque é

VOX POPULI!*

*VOX POPULI = Voz do povo

Manolito – Quino

I. “Voz do povo” é parte do ditado “A voz do povo é a voz de Deus”, que serve como um argumento positivo para estabelecer a verdade ou a justeza de um fato. O valor do argumento foi aproveitado pelo menino.

II. Buscar as causas de um fato é uma forma básica de construir o conhecimento, o que não é uma das preocupações da professora.

III. O humor da tira está baseado numa ruptura da sequência argumentativa que se explicita no último quadrinho, quando entram em choque diferentes fontes de identificação da propriedade da multiplicação.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I. b) apenas II.

c) apenas III. d) apenas I e II.

e) apenas II e III.

Texto para a próxima questão:

A Polícia Federal (PF) apreendeu 250 kg de cabe-los que entraram no Brasil ilegalmente em um hotel em Curitiba, na manhã deste domingo. O material havia sido trazido da Índia. Três pessoas foram presas. O con-trabando foi descoberto por acaso: agentes da Polícia Federal estavam hospedados no mesmo hotel e suspei-taram quando a carga era descarregada de uma cami-nhonete. De acordo com a PF todas as mechas de cabelo eram pretas e tinham entre 40 e 70 centímetros de com-primento. A carga seria revendida para salões de beleza.

Folha Online, 13 de março de 2006.

A Polícia Federal recolheu os 250 kg de cabelo a um depósito com o que o caso poderia ser encerrado. A não ser, como disse o vigia do lugar, que piolhos tentassem roubar a exótica mercadoria. O comentário se revelou profético: naquela mesma noite o lugar foi assaltado, e não por pio-lhos, mas por um bando de homens armados. Imobiliza-ram o vigia, transportaram os cabelos para uma van e se foram, não sem deixar um bilhete: “Esta é mais uma ação da Frente de Libertação dos Calvos. Lutamos contra a má distribuição de cabelos no mundo. Lutamos contra a pro-paganda enganosa dos xampus. Lutamos contra a exces-siva valorização das bastas cabeleiras. Basta! De agora em diante o mundo sentirá a força de nossa justa ira”.

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A intenção da misteriosa Frente de Libertação dos Calvos (FLC) era usar os cabelos confiscados para con-feccionar perucas, que seriam distribuídas, gratuita-mente, a milhares de carecas. Mas, tão logo se reuniram, sob a presidência de um líder mascarado que se identifi-cava apenas como Sansão, os problemas começaram a emergir. Constatou-se que, em primeiro lugar, os cabe-los não eram nacionais - procediam da Índia. Além disto, eram todos escuros.

Isto provocou revolta na área mais radical do movi-mento. Os extremistas protestavam contra o fato de os cabelos serem procedentes da Índia e serem todos de cor preta, o que significaria a marginalização dos loiros, dos ruivos e dos grisalhos - um duro golpe na diversidade cul-tural que é a base mesmo da emancipação dos oprimi-dos. De sua parte, o setor mais moderado ponderava que, afinal, a Índia era, como o Brasil, um país emergente e que, portanto, os cabelos não traduziriam nenhum tipo de dominação imperialista. E o uso de perucas pretas por todos os membros da Frente poderia ser um símbolo de coerência ideológica e de disciplina revolucionária.

A discussão evoluiu rapidamente para a briga, e lá pelas tantas os adversários estavam atirando mechas de cabelos uns nos outros. Quando terminou a pancadaria, não dava para aproveitar mais nada da preciosa carga de cabelos. O cartaz com a divisa criada por Sansão, “Calvos unidos jamais serão vencidos”, jazia rasgado no chão. Antes que as forças da lei e da ordem aparecessem, foram todos embora. Desiludidos, mas com uma espe-rança: a de que, no futuro, a Polícia Federal apreenda uma carga de tônicos capilares, desses que fazem crescer cabelo quase que por milagre.

Moacyr Scliar. Folha de São Paulo, 20 de março de 2006.

09. (UFU) Ao criar seu texto, tendo por base uma notí-cia publicada em jornal, o autor utiliza alguns recur-sos argumentativos.

a) Extraia do texto partes que comprovem a utilização de tais recursos.

b) Construa um parágrafo, discorrendo a respeito dos aspectos discursivos que contribuem para a diferenciação entre a notícia e o texto de Scliar.

Texto para a próxima questão:

De manhã O hábito de estar aqui agoraaos poucos substitui a compulsão de ser o tempo todo alguém ou algo.

Um belo dia - por algum motivoé sempre dia claro nesses casos - você abre a janela, ou abre um pote

de pêssegos em calda, ou mesmo um livroque nunca há de ser lido até o fime então a ideia irrompe, clara e nítida:

É necessário? Não. Será possível?De modo algum. Ao menos dá prazer?Será prazer essa exigência cega

a latejar na mente o tempo todo?Então por quê?E neste exato instantevocê por fim entende, e refestela-sea valer nessa poltrona, a mais cômoda

da casa, e pensa sem rancor:Perdi o dia, mas ganhei o mundo.(Mesmo que seja por trinta segundos.)BRITO, Paulo Henriques. As três epifanias - III. In: BRITO, P.

H. Macau. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 72-73.

10. (UFRJ) A conjunção adversativa MAS, utilizada no penúltimo verso do texto, além de implicar contraste, desempenha papel argumentativo específico. Explique esse papel.

Texto para a próxima questão: Suponha o leitor que possuía duzentos escravos no

dia 12 de maio e que os perdeu com a lei de 13 de maio. Chegava eu ao seu estabelecimento e perguntava-lhe:

– Os seus libertos ficaram todos?– Metade só; ficaram cem. Os outros cem dispersaram-

se; consta-me que andam por Santo Antônio de Pádua.– Quer o senhor vender-mos? Espanto do leitor; eu,

explicando:– Vender-mos todos, tanto os que ficaram, como os

que fugiram. O leitor assombrado:– Mas, senhor, que interesse pode ter o senhor...– Não lhe importe isso. Vende-mos?– Libertos não se vendem.– É verdade, mas a escritura de venda terá a data de 29

de abril; nesse caso, não foi o senhor que perdeu os escra-vos, fui eu. Os preços marcados na escritura serão os da tabela da lei de 1885; mas eu realmente não dou mais de dez mil-réis por cada um.

Calcula o leitor:– Duzentas cabeças a dez mil-réis são dous contos.

Dous contos por sujeitos que não valem nada, porque já estão livres, é um bom negócio. Depois refletindo:

– Mas, perdão, o senhor leva-os consigo?- Não, senhor: ficam trabalhando para o senhor; eu só

levo a escritura.– Que salário pede por eles?– Nenhum, pela minha parte, ficam trabalhando de

graça. O senhor pagar-lhes-á o que já paga.Naturalmente, o leitor, à força de não entender, acei-

tava o negócio. Eu ia a outro, depois a outro, depois a outro, até arranjar quinhentos libertos, que é até onde podiam ir os cinco contos emprestados; recolhia-me a casa e ficava esperando.

Esperando o quê? Esperando a indenização, com todos os diabos! Quinhentos libertos, a trezentos mil réis, termo médio, eram cento e cinquenta contos; lucro certo: cento e quarenta e cinco.

Machado de Assis, Crônica escrita em 26.06.1888. Obra Completa.

11. (UFSCAR) No processo argumentativo, o trecho - “mas a escritura de venda terá a data de 29 de abril” - tem a função de:

a) criar uma falsa analogia. b) desfazer uma incompatibilidade. c) estabelecer uma negociação justa. d) valorizar a perda de uma das partes. e) abrir caminho a uma renegociação.

Texto para a próxima questão: Mais infância

A cidade onde nasci era cercada de morros azuis, cobertos de mato povoado por princesas e castelos e ani-mais de lenda, o Unicórnio, os cisnes que eram príncipes, os corvos que eram meninos enfeitiçados.

Bruxas voavam em vassouras, anões cavavam em minas de ouro enquanto Branca de Neve mordia a maçã

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da morte, a princesa beijava o sapo, e João e Maria tinham sido abandonados pelos pais.

- Pai, como é que deixaram os filhinhos no mato escuro só porque não tinham comida?

- Eles não sabiam o que fazer.- E vocês nos deixariam na floresta se a nossa

comida acabasse?- Claro que não, que pergunta.- Mas aqueles pais da história deixaram... Ele afagava minha cabeça, enternecido

e divertido:- Filha, o pai não vai te largar no mato nunca,

fica tranquila.- Mãe, por que o pai da Branca de Neve casou com

uma rainha má que não gostava da filhinha dele?- Não sei, para de perguntar bobagem.Já naquele tempo eu gostava de criar meu próprio

breve exílio, onde seria rainha de um momento.O esconderijo podia ser embaixo da mesa da sala -

eu me considerava invisível atrás da toalha comprida, de franjas; sob a escrivaninha de meu pai; dentro de um armário; entre arbustos no jardim.

Era uma forma de ficar tranquila para ruminar coi-sas apenas adivinhadas ou respirar no mesmo ritmo do mundo: dos insetos, dos talos de capim.

Era um jeito de ter uma intimidade que pouco me per-mitiam: criança que demais quieta podia estar doente, demais isolada devia andar triste, demais sonhadora precisava de atividades e ocupações. Disciplina, sobre-tudo, disciplina para compensar aqueles devaneios e a dificuldade de me enquadrar.

Então às vezes eu arranjava uma imaginária concha onde me sentia livre. Eu tentava nem respirar, para que não se desfizesse a magia.

Era também um proteger-me não sabia bem de quê. Ali nenhum aborrecimento cotidiano, nenhum mal me alcançaria. Eu não sabia bem que ameaça era aquela, mas era onipresente, onipotente e perturbadora.

Rodeando a casa havia hortênsias de tonalidades azul-pálido, azul-cobalto, arroxeadas, lilases ou total-mente violeta, em vários tons de rosa, do brilhante ao quase branco. Era o meu castelo verde-escuro de onde brotava o inexplicado das cores.

Mas a castelã de trancinhas finas não aguentava muito tempo, logo emergia coberta de pó, e corria para a certeza do que era familiar.

Outras vezes, audaciosa, eu me afastava mais da casa e me deitava de costas na terra morna no meio de uns pés de milho no pomar. Ver o céu daquele prisma, recortado entre as folhas como espadas, era espiar por muitas por-tas. A perspectiva diferente que dali, deitada, eu tinha do mundo e de mim mesma era como balançar na borda de um penhasco bem alto, acima do mar.

Depois vinha o susto: o real era este aqui debaixo ou aquele, móvel e livre?

Antes que a mãe chamasse, antes que o jardineiro viesse me buscar, eu me assustava e queria de novo o simples e o familiar. Fantasia demais seria uma viagem sem volta? Ninguém - nem eu mesma - me encontraria, nunca mais?

(...)LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.)

12. (UERJ) “A cidade onde nasci era cercada de morros azuis, cobertos de mato povoado por princesas e castelos e animais de lenda, o Unicórnio, os cisnes que eram prín-cipes, os corvos que eram meninos enfeitiçados.” No parágrafo acima, fantasia e realidade misturam-se no imaginário infantil da narradora.

a) Destaque, dessa passagem, dois elementos representativos da realidade e dois elementos representativos da fantasia que a eles se contraponham.

b) Em busca de esclarecimentos para suas dúvidas, a narradora inicia um diálogo com seus pais. Transcreva, desse fragmento, a única fala com valor argumentativo utilizada pelos pais na conversa com a filha. Justifique sua resposta.

Texto para a próxima questão: Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famin-

tas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a monta-nha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundân-cia; mas, se as duas tribos dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e reco-lhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, acla-mações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demons-trações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pes-soa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 648-649.

13. (UEL) Ao definir a paz como “destruição” e a guerra como “conservação”, o autor do texto:

a) Serve-se de um recurso argumentativo incompatível com a realidade a que se refere.

b) Critica aqueles que sentem repugnância ou pedem misericórdia para os povos derrotados na guerra.

c) Baseia-se em uma forma de raciocínio relacionada a uma situação hipotética específica.

d) Procura comprovar que, embora pareça ser uma solução, a guerra traz grandes prejuízos à humanidade.

e) Refere-se à guerra para destacar as diferenças entre o funcionamento da economia nas sociedades primitiva e moderna.

Texto para a próxima questão:

Sotaques no papelFeitos sem pretensão científica, “dicionários” infor-

mais exploram as falas típicas de estados brasileirosEm suas viagens para casa, de Brasília ao Piauí, o

jornalista Paulo José Cunha, de 57 anos, gosta de puxar uma cadeira e ouvir as histórias de dona Yara, sua mãe. Desses momentos familiares, o professor da Universi-dade Federal de Brasília (UnB) coletou grande parte dos verbetes e expressões tipicamente piauienses que deram origem à 4Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês.

O cirurgião vascular paraibano Antonio Soares da Fonseca Jr., de 61 anos, autor do Dicionário do Português Nordestino, conta que primeiro escolhia aleatoriamente algum destino entre Rio Grande do Norte e Sergipe. Depois de pegar um avião de São Paulo, sentava na pri-meira mesa de 5boteco da região e chamava o primeiro que passava para dividir uma cerveja. Aí era ligar o gra-vador e registrar o 6papo carregado de expressões, como 3o substantivo “lapada” (pancada), o verbo “cascavi-lhar” (procurar minuciosamente), a profissão “capagato” (técnico agrícola) e a aprendiz de interjeição “pronto” (“quando olhei, pronto!, tudo havia acabado”).

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É nesse ambiente informal de pesquisa empírica que a maioria dos dicionários regionais é concebida. Sem o peso da responsabilidade de seguir as metodologias exi-gidas pela academia, esses trabalhos são marcados pela despretensão e pelo bom humor.

[...]De tão encantado com o falar do catarinense, o

comerciante, taxista e escritor Isaque de Borba Corrêa, de 47 anos, é um autodidata em linguística. Nada pare-cido com o Isaque que em 1981 lançou o Dicionário do Papa-Siri, com expressões típicas da região de Camboriú e do Vale do Itajaí. Ele conta que tinha vergonha de dizer que estava montando um livro naqueles moldes. Hoje, termos como 1“dialetologia” (estudo dos traços linguísti-cos dos dialetos) e 2“idiotismos” 16(traços que mais carac-terizam uma língua em relação a outras que lhe são cog-natas) são rotina na vida do autor que, em 2000, lan-çou uma obra “mais evoluída”, segundo sua avaliação: o Dicionário Catarinense.

[...]O trabalho desenvolvido pelos apaixonados por

regionalismos é visto com ressalvas pelos lexicógrafos 8profissionais. Mesmo o termo “dicionário” para identifi-car as obras é contestado, por exemplo, pelo lexicógrafo 14Francisco da Silva Borba, organizador do Dicionário Unesp do Português Contemporâneo, que reúne cerca de 60 mil verbetes.

– Esses trabalhos são, na verdade, vocabulários. É o recolhimento de palavras de determinada região – explica.

[...]– 17Eles podem, assim, induzir a erro e oficializar ver-

sões equivocadas – analisa o lexicógrafo 15Francisco Fili-pak, autor do Dicionário Sociolinguístico do Paraná [...].

Diferentemente dos demais vocabulários regio-nais, o de Filipak é concebido como um dicionário, 9de fato. Após 1330 anos de pesquisa, catalogação e seleção, 18ele reuniu os 6 mil verbetes que compõem o estudo de 400 páginas. Seguindo 10à risca a metodologia dos 11grandes dicionários do país, Filipak incluiu todas as designações de cada verbete, citando suas varia-ções vocabulares típicas só daquela região. Hoje, com 83 anos, 19diz desconhecer outro dicionário regional que tenha se guiado pelo mesmo 12rigor metodológico.

[...]Mesmo sendo de autores 7diletantes, os dicionários

regionais são valorizados pelos pesquisadores que for-mulam obras consagradas. Todos constam das prate-leiras das equipes que atualizam os maiores dicionários da língua.

BONINO, Rachel. Sotaques no papel. Língua Por-tuguesa, ano II, n. 27, p. 18-21. Adaptado.

14. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) correta(s) com relação aos fatos de linguagem do texto.

01. O uso das aspas em “dicionários” (subtítulo), “dialetologia” (ref. 1) e “idiotismos” (ref. 2) serve para indicar ironia, discordância da autora em relação ao valor que outros atribuem aos termos.

02. A classificação elaborada por Antonio Soares da Fonseca Jr. (ref. 3), além de informal, é equivocada, porque o termo “lapada” seria mais bem enquadrado como verbo do que como substantivo e porque não existe uma classe dos “aprendizes de interjeição”.

04. O título Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês (ref. 4), dado ao dicionário elaborado por Paulo José Cunha, revela ao leitor a grande

abrangência e seriedade do trabalho dos lexicógrafos amadores.

08. O emprego dos termos informais “boteco” (ref. 5) e “papo” (ref. 6), que destoa um pouco do restante do texto, marcado pelo uso da variedade culta escrita, pode ser explicado em parte como reflexo do próprio assunto tratado, a informalidade com que Antonio Soares da Fonseca Jr. colhe dados para seu dicionário.

16. O adjetivo “diletantes” (ref. 7) funciona no texto como sinônimo de “profissionais” (ref. 8), uma vez que o texto aproxima o trabalho dos autores diletantes, “apaixonados por regionalismos”, ao dos lexicógrafos profissionais.

32. As expressões “de fato” (ref. 9), “à risca” (ref. 10), “grandes dicionários do país” (ref. 11) e “rigor metodológico” (ref. 12), assim como a informação de que o dicionário de Filipak consumiu “30 anos de pesquisa, catalogação e seleção” (ref. 13), servem ao mesmo fim argumentativo, que é dar ao leitor uma impressão de solidez científica dessa obra.

Texto para a próxima questão: Lama

Mauro Duarte

Pelo curto tempo que você sumiu Nota-se aparentemente que você subiu Mas o que eu soube ao seu respeito Me entristeceu ouvi dizer Que pra subir você desceu, você desceu Todo mundo quer subir A concepção da vida admite Ainda mais quando a subida Tem o céu como limite Por isso não adianta estar no mais alto degrau da

fama Com a moral toda enterrada na lama

Clara Nunes. O canto das três raças. EMI-Odeon, 1976

15. (CFTRJ) O texto “Lama” pertence ao gênero letra de música, por isso foi escrito em versos. Analisando-os atentamente, pode-se observar que neles há, predomi-nantemente, dois modos de organização textual, que são, respectivamente:

a) o narrativo e o argumentativo. b) o descritivo e o narrativo. c) o dissertativo e o injuntivo. d) o narrativo e o descritivo.

Texto para a próxima questão:

Para compreender a dinâmica urbana do Brasil de hoje 1é indispensável analisar a crise social 19que se abate sobre as nossas cidades, com suas mudanças, conflitos e contradições. 7Como uma contribuição a essa análise, o presente texto procura discutir como as transformações associadas à globalização e à reestruturação produtiva implementada 8desde a última década de 90 10têm impac-tado sobre as principais regiões metropolitanas brasilei-ras, afetando as condições de vida da população.

9Dando início a essa discussão, vale ressaltar como a dinâmica da globalização 11vem produzindo mudan-ças bastante significativas em termos socioeconômicos e espaciais. 22Como diversos autores têm assinalado, 2o desenvolvimento espetacular de técnicas 20que com-primem o tempo e quase eliminam a distância, a cres-cente financeirização da riqueza e outras característi-cas atuais da expansão capitalista, nos marcos da deno-

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minada “produção flexível”, viabilizam a constituição de um espaço mundial de acumulação (SANTOS, 1999; VELTZ, 1996; ALONSO, 2000; 15 – MATTOS, 2004). 3Consti-tuiu-se um território em rede, 10radicalmente distinto do anterior, onde cidades, polos e regiões transformaram-se em pontos e nós dos fluxos de uma rede imensa e articu-lada, 21que se superpõem às fronteiras entre diversos paí-ses, transformando-12os em espaços nacionais da econo-mia internacional, em que grandes empresas valorizam 13seus capitais em um número crescente de áreas e ativi-dades, produzindo 14rápidas mudanças na divisão terri-torial do trabalho.

23Como os fluxos internacionais já não se dirigem preferencialmente para onde os recursos (e principal-mente o trabalho) são mais baratos, 15mas para os países mais ricos e para os grandes polos urbanos, 4produz-se um movimento de diferenciação e homogeneização que torna o território cada vez mais homogêneo em grande escala e fracionado em pequena escala. 5A hierarquiza-ção espacial associada a essa dinâmica (16que integra determinadas áreas e segmentos da população enquanto exclui outros) também é acentuada, na medida em que as articulações entre os diversos pontos e nós do sistema global tendem a se tornar mais relevantes para o seu desenvolvimento que as antigas relações com suas peri-ferias regionais ou nacionais.

6Além disso, com a configuração de uma nova arqui-tetura produtiva que supõe dispersão e articulação des-ses nós em um número crescente de lugares e 17cujas prin-cipais atividades requerem a existência de um múltiplo conjunto de centralidades para manejar e materializar o 18seu desenvolvimento em escala planetária, a globali-zação vem contribuindo para revitalizar o papel e o cres-cimento das grandes aglomerações metropolitanas. [...]

CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de. A crise social das regiões metropolitanas brasileiras. In: FELDMAN, Sarah; FERNANDES,

Ana. (Org.). O urbano e o regional no Brasil contemporâneo: mutações, tensões, desafios. Salvador: EDUFBA, 2007. p. 115-116.

16. (UFBA) Em relação ao texto, é correto afirmar:

01. A forma pronominal “essa”, em “essa análise” (ref.7), estabelece a continuidade referencial do início do texto, sequenciada por “essa discussão” (ref.9).

02. O fragmento “radicalmente distinto do anterior” (ref.10) apresenta um ponto de vista do enunciador sobre realidades diferentes.

04. O conector “mas” (ref.15) antecede um processo argumentativo que manifesta uma avaliação do enunciador.

08. O uso dos parênteses na intercalação “que integra determinadas áreas e segmentos da população enquanto exclui outros” (ref.16) evidencia uma responsabilidade enunciativa hipotética.

16. A expressão “Além disso” (ref.6) constitui-se como um organizador textual que introduz uma conclusão modificadora do ponto de vista exposto no parágrafo anterior.

32. As formas pronominais “cujas” (ref.17) e “seu” (ref.18), nos respectivos contextos, expressam ideia de posse.

17. (ENEM)

Se no inverno é difícil acordar. Imagine dormir.

Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem o sono. São milhões de necessitados que lutam contra a fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de

você. Deposite qualquer quantia. Você ajuda milhares de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a consciên-cia tranquila.

Veja. 05 set. 1999. Adaptado.

O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estra-tégias persuasivas para influenciar o comportamento de seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobiliza-dos pelo autor para obter a adesão do público à campa-nha, destaca-se nesse texto a) a oposição entre individual e coletivo, trazendo um

ideário populista para o anúncio. b) a utilização de tratamento informal com o leitor, o

que suaviza a seriedade do problema. c) o emprego de linguagem figurada, o que desvia a

atenção da população do apelo financeiro. d) o uso dos numerais “milhares” e “milhões”

responsável pela supervalorização das condições dos necessitados.

e) o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que relativiza o problema do leitor em relação ao dos necessitados.

Texto para a próxima questão:

Não era ele o seu grande eleitor? Não era ele o seu banqueiro para os efeitos eleitorais? E nós, lá na roça, tínhamos quase convicção de que o verdadeiro depu-tado era o coronel e o doutor Castro um simples preposto seu. As minhas idas e vindas ao hotel repetiam-se e não o encontrava. Vinham-me então os terrores sombrios da falta de dinheiro, da falta absoluta. Voltava para o hotel taciturno, preocupado, cortado de angústias. Sentia-me só, só naquele grande e imenso formigueiro humano, só, sem parentes, sem amigos, sem conhecidos que uma desgraça pudesse fazer amigos. Os meus únicos amigos eram aquelas notas sujas encardidas; eram elas o meu único apoio, eram elas que me evitavam as humilhações, os sofrimentos, os insultos de toda sorte; e quando eu tro-cava uma delas, quando as dava ao condutor do bonde, ao homem do café, era como se perdesse um amigo, era como se me separasse de uma pessoa bem amada... Eu nunca compreendi tanto a avareza como naqueles dias em que dei alma ao dinheiro, e o senti tão forte para os elementos da nossa felicidade externa e interna.

BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Cami-nha. Rio de Janeiro: Garnier, 1989. p. 52-53.

18. (UEL) Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.

I. A repetição da palavra “sem” (“sem parentes, sem amigos, sem conhecidos”) representa recurso argumentativo do texto.

II. A oração “quando eu trocava uma delas” indica uma relação semântica de tempo.

III. Em “era como se perdesse um amigo”, a palavra “como” indica uma relação de causa/consequência.

IV. A expressão “dei alma ao dinheiro” apresenta uma comparação entre elementos animados e inanimados.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II. b) II e IV. c) III e IV.

d) I, II e III. e) I, III e IV.

19. (PUC-PR) A palavra JÁ é um operador argumenta-tivo que possui diferentes valores, conforme o contexto em que se encontra.

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Confira nas frases abaixo:

I. Após um mês de consumo do produto, já é possível perceber seus efeitos benéficos.

II. Nos Estados Unidos, já foram lançados aparelhos celulares do tamanho de um maço de cigarros.

III. Muita gente já duvida de que as promessas se concretizem.

IV. Diretas já!

Indique a alternativa incorreta:

a) Em I, o operador JÁ orienta o leitor para a conclusão de que em tempo menor do que se poderia prever, os resultados do produto serão notados.

b) Em II, afirma-se que modelos pequenos de celulares são uma realidade nos EUA, porém está subentendido, através do operador JÁ, que esse fato ocorreu antes do que se previa.

c) Em III está subentendido que antes as pessoas não duvidavam, agora duvidam.

d) Em I, o operador JÁ ressalta o fato acontecido no passado.

e) Em IV, o operador JÁ marca a urgência imediata do acontecimento.

Texto para a próxima questão: [...]Investimos em 55 mil agentes comunitários. Olha

só o lucro [fotografia de busto de seis garotos saudá-veis]. Os Agentes Comunitários de Saúde são pessoas comuns, selecionadas e treinadas para trabalhar com a comunidade em que vivem. Visitam as moradias, acom-panhando de modo permanente o desenvolvimento dos vizinhos. Em especial as crianças, gestantes e idosos. Assim, a porta de cada casa se torna uma entrada para o sistema de saúde.

Em apenas 5 anos, os Agentes já ajudaram a redu-zir em 30% a mortalidade infantil no Brasil. Isso mostra que, com um mínimo de esforço, nossa gente pode dar um salto para condições de vida mais dignas.

Cada Agente Comunitário é responsável por 150 a 200 famílias, em seu bairro, sua vila ou povoado. Promove a saúde da vizinhança com informações simples, faz a base da ação preventiva. E identifica pequenos males, antes que estes se agravem e alimentem as filas dos hospitais. O Agente reforça a ponte entre as pessoas e o posto de atendimento local.

É a concretização de um sonho que parecia impos-sível: uma saúde que vai aonde o povo está, encurtando as distâncias físicas e sociais que deixam tanta gente à margem dos serviços públicos. Ao fim de 97, havia 54 mil Agentes atendendo 41 milhões de brasileiros. Até dezem-bro de 98 eles já serão 100 mil, trabalhando pelo bem-es-tar de cerca de 75 milhões de pessoas (metade da nossa população) em 3 mil cidades.

Nós sabemos que você quer resultados na Saúde. É o seu direito. E o nosso dever.

20. (UEPG) Os operadores argumentativos no texto per-mitem a passagem de uma a outra unidade de sentido; não constituem meros elementos de ligação, são ele-mentos que produzem significado. Quanto ao aspecto de conteúdo semântico, assinale o que for correto.

01. Em “filas dos hospitais” ocorre uma metonímia que serve para manter coesas as ideias do texto: para que os hospitais não fiquem superlotados de doentes.

02. A expressão “nossa gente”, que é uma metáfora para a palavra “brasileiros”, imprime a ideia de totalidade.

04. A metonímia “uma saúde que vai aonde o povo está” expressa a adequação do programa de saúde pública, ao aproximar saúde e pessoas.

08. A metáfora “a concretização de um sonho” remete à ideia de realização de algo que parecia de difícil execução.

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Exercícios propostosPortuguês capítulo 3

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Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa, olhando melancolicamente para a rua.Mas surgiu outro problema.As tentativas de fuga. E há motins constantes de condô-minos que tentam de qualquer maneira atingir a liber-dade. A guarda tem sido obrigada a agir com energia.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, 97-99.

22. (Insper) O recurso da indeterminação do sujeito, conforme preconiza a gramática normativa, pode ser encontrado em

a) “Havia as belas casas, os jardins...” b) “Só entravam no condomínio os proprietários...” c) “Decidiram eletrificar os muros...” d) “Quem tocasse no fio de alta tensão...” e) “Ninguém precisa temer pelo seu patrimônio...”

Texto para a próxima questão: O Outro Marido

14Era conferente da Alfândega – mas isso não tem impor-tância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredu-tível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. 9Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). 3Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconhe-ciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. 10Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de Dona Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que Dona Laurinha não procurava fugir a essa simplifi-cação, nem reparava; era de fato, objeto. Ele, Santos, sen-tia-se vivo e desagradado.1Ao aparecerem nele as primeiras dores, Dona Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as rela-ções do casal. Santos parecia 6comprazer-se em estar doente. 11Não propriamente em queixar-se, mas em ale-gar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que cer-tas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cui-dar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a Dona Laurinha a nevoenta radiografia da coluna verte-bral com certo orgulho de estar assim tão afetado.– Quando você ficar bom...– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.Para Dona Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma de Padre Eus-táquio, que vela por nós. 2Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito 12quando ele anunciou que ia internar-se no hospital Gaffré e Guinle.– Você não sentirá falta de nada – assegurou-lhe Santos. – Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei

21. (Espcex (Aman)) Assinale a alternativa correta quanto à classificação do sujeito, respectivamente, para cada uma das orações abaixo.

— Choveu pedra por no mínimo 20 minutos.— Vende-se este imóvel.— Fazia um frio dos diabos naquele dia.

a) Indeterminado, inexistente, simples b) Oculto, simples, inexistente c) Inexistente, inexistente, inexistente d) Oculto, inexistente, simples e) Simples, simples, inexistente

Texto para a próxima questão: Segurança

O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os jardins, os playgrou-nds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança.Toda a área era cercada por um muro alto. Havia um por-tão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomí-nio os proprietários e visitantes devidamente identifica-dos e crachados.Mas os assaltos começaram assim mesmo. Ladrões pula-vam os muros e assaltavam as casas.Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções torna-ram-se mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietá-rios e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.Mas os assaltos continuaram.Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro mor-reria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar.Mas os assaltos continuaram.Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram engradadas.Mas os assaltos continuaram.Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no con-domínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás rouba-dos. Além do controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle das saídas. Para sair, só com um exame demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava suborno.Mas os assaltos continuaram.Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segu-rança máxima. E foi tomada uma medida extrema. Nin-guém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.E ninguém pode sair.

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tes do país, revelou algo até então mantido sob sombras: há um item no orçamento do Pentágono de 2009 consig-nando verba para ajudar a evitar que o México se torne “território ingovernável”. São 13 milhões de dólares desti-nados a fortalecer as forças armadas mexicanas.Outro dado importante foi a omissão de ambos diante do argumento do México de que a violência que coloca em risco as instituições nacionais, com a inserção do narco-tráfico no poder político, resulta da demanda por drogas por parte do mercado consumidor norte--americano. (...) Há o lado policial, ou de guerra, com os Estados Unidos construindo muros e fortalecendo a repressão em suas linhas de junção com o território mexicano. E há o lado político e econômico: o da imigração. Um homem mexi-cano de 35 anos, com nove de instrução, pode ganhar 132% a mais trabalhando nos Estados Unidos.(...) Mas o México terá de conformar-se com a redução da sua estatura de aliado preferencial dos Estados Uni-dos nas Américas. “Bye, bye, México, o Brasil emerge como líder da América Latina”. Essa frase foi escrita por Andrés Oppenheimer, colunista do Miami Herald, íntimo da comunidade hispânica e do setor do Departamento de Estado que cuida de questões latino-americanas.

CARLOS, Newton. Narcotráfico corrói a estabilidade do estado mexicano. In: Mundo – geografia e política interna-cional. Edição 100, ano 17, n. 4, agosto/2009, p. 11. Adaptado.

25. (Fatec) Outro dado importante foi a omissão de ambos diante do argumento do México de que a violên-cia que coloca em risco as instituições nacionais, com a inserção do narcotráfico no poder político, resulta da demanda por drogas por parte do mercado consumidor norte- americano.

A palavra ambos e a expressão instituições nacionais, em destaque no trecho do texto, referem-se, respectiva-mente, aos seguintes elementos:

a) Barack Obama e Hillary Clinton; instituições mexicanas.

b) O Pentágono e o casal que visitou o México; instituições norte-americanas.

c) O jornal El Universal e o governo mexicano; instituições mexicanas.

d) As forças armadas mexicanas e o jornal El Universal; instituições norte-americanas.

e) Barack Obama e as forças armadas mexicanas; instituições mexicanas.

Texto para a próxima questão: Quem são os puristas?

5Purista é quem defende 12a “pureza” da língua contra todas as formas inovadoras, sempre vistas como sinais de “decadência”, “corrupção” e “ruína”, não só da língua, mas também, muitas vezes, dos valores morais da socie-dade. 4O termo purista, não por acaso, surgiu na França no século XVII, no apogeu do regime absolutista, centralizado na figura de um rei todo-poderoso, de uma concepção de mundo e de sociedade doentiamente elitista, que só dava valor ao que vinha do topo do topo, da nata da nata.O pai do purismo é o escritor Vaugelas (pronuncia-se vojlá).Ah, sim, desculpe a intimidade: Claude Favre, barão de Pérouges, senhor de Vaugelas (1585-1650)... 8Com esses títulos, evidentemente, ele só podia achar que a “boa lin-guagem” era a dos aristocratas. Ele escreveu, de fato, que 7o uso correto do francês devia se inspirar na língua falada pela “parte mais sadia da Corte”.3Então, não basta ser nobre, não basta ser aristocrata, é preciso ser mais nobre que a nobreza, mais aristocrata que a aristocracia...

aqui todo começo de mês trazer o dinheiro. Hospital não é prisão.– Vou visitar você todo domingo, quer?– É melhor não ir. Eu descanso, você descansa, cada qual no seu canto.Ela também achou melhor, e nunca foi lá. Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos interva-los. 4Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reuma-tismo que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser dis-traída: os internados sabem de tudo cá de fora.– Pelo rádio – explicou Santos.Um dia, ela se sentiu tão nova, apesar do tempo e das separações fundamentais, que imaginou uma alteração: por que ele não ficava até o dia seguinte, só essa vez?– 5É tarde – respondeu Santos. E ela não entendeu se ele se referia à hora ou a toda a vida passada sem compreen-são. É certo que vagamente o compreendia agora, e rece-bia dele mais que a mesada: uma hora de companhia por mês. Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. 13Dona Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cru-zeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço. Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?– Sou eu a viúva – disse Dona Laurinha, espantada.O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, Dona Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na Ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, 7a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, comple-tamente desconhecido, irreconhecível.– Desculpe, foi engano. 8A pessoa a que me refiro não é esta – disse Dona Laurinha, despedindo- se.

Carlos Drummond de Andrade.

23. (Espcex (Aman)) No trecho, “– É tarde – respondeu Santos.” (ref.5), o sujeito do verbo sublinhado é

a) indeterminado. b) indefinido. c) inexistente. d) oculto. e) simples.

24. (UFMS) Faça uma análise sintática da oração adiante e, a seguir, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).

– A ordem, meus amigos, é a base do governo. 01. A ordem é sujeito simples; é a base do governo é

predicado nominal. 02. A expressão meus amigos é aposto. 04. A, meus, a, do governo são adjuntos adnominais. 08. é - verbo transitivo direto. 16. a base do governo é predicativo do objeto.

Texto para a próxima questão: O presidente Barack Obama e Hillary Clinton, a secretá-ria de Estado dos Estados Unidos, tiveram de enfrentar uma desagradável surpresa em suas viagens ao México. O jornal mexicano El Universal, um dos mais importan-

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cado nem conscientizado para a necessidade de mudar de hábitos e efetivamente melhorar o ambiente e a qua-lidade de vida urbana, em vez de só evitar o mal maior. Iniciativas tímidas como o rodízio de carros particulares em São Paulo, entre 1996 e 1998, 4deram mostras de seu potencial em melhorar a qualidade do ar e de reduzir o caos no transporte. 3Porém, esbarram no individualismo da solução automotiva e no status que o carro tem na nossa contemporaneidade.

BUYS, Bruno. In: MACHADO, Anna Raquel et al. Rese-nha: leitura e produção de textos técnicos e acadê-

micos. São Paulo: Parábola editorial, 2004, p. 44.

27. (CFTSC) Analise as afirmativas a seguir, com base no texto.

I. Em “A população urbana brasileira, principalmente a de grandes centros, vive constantemente em situação ambiental muito ruim” (ref. 1), a oração foi interrompida por uma explicação; por isso, há vírgulas separando o sujeito do predicado.

II. Em “Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera de desastre” (ref. 2), o verbo ser (são) está no plural porque concorda com o sujeito composto.

III. O sujeito de “Porém, esbarram no individualismo da solução automotiva” (ref. 3), no contexto do parágrafo, é indeterminado.

IV. Em “deram mostras de seu potencial” (ref. 4), o pronome seu refere-se a brasileiro (ref. 5).

São corretas apenas as afirmativas:

a) II e III. b) I, II e IV.

c) I e IV. d) III e IV.

e) II, III e IV.

Texto para a próxima questão: Delírio de voar

Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos jor-nais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisienses acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhan-tes, cultos e elegantes, realçada por vários milionários e pelo interesse das moças. Multidões lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os pilotos e os invento-res eram reconhecidos nas ruas e homenageados em res-taurantes. Todo dia algum biruta apresentava uma nova máquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência.

Paris virara a capital mundial da aviação desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da difusão dos grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis infla-dos a gás, em 1890 - os chamados “mais leves que o ar”, chegara a hora dos aparelhos voadores práticos, meno-res e controláveis - os “mais pesados que o ar”. Durante muito tempo eles foram descartados como impossíveis, mas agora as pré-condições haviam mudado. A tecno-logia da aerodinâmica, da engenharia de estruturas, do desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução inédito. Combinadas, permitiam projetar máquinas inimaginadas.

Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotogra-fia dera um salto com a invenção dos filmes flexíveis, em 1889. Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em consequência, proli-feraram os fotógrafos profissionais e amadores. Eles não só registraram cada passo da infância da aviação como também popularizaram-na. Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocação de mui-

O espírito de Vaugelas se incorpora hoje em muitos pas-palhos e sacanas que andam por aí atacando as “impure-zas” do português brasileiro.2Hoje em dia, nenhum purista gosta de ser chamado assim, porque, com o tempo, o rótulo se tornou pejora-tivo. No entanto, com um grau maior ou menor de into-lerância, esses que andam dando “dicas de português”, escrevendo sobre a “falta de estilo” dos outros, 13cha-mando os brasileiros de “asnos”, “imbecis” ou, pior, de “caipiras” e “índios” (como se fossem xingamentos) são todos inegavelmente puristas.Uns se disfarçam com um aparente liberalismo, dizem que não se pode discriminar ninguém pela linguagem etc., mas, no final, sempre acabam pregando a obrigação de se usar as formas mais conservadoras naquilo que chamam de “padrão culto formal”, que nunca se preocu-pam em explicar o que é. 9Outros usam um humor duvi-doso, conquistam o leitor 14com piadinhas sempre muito preconceituosas para nos convencer de que no Brasil se fala um português “de rua, de botequim ou de cama”, como escreveu um deles.11A atitude irracional dos puristas fica evidente no abso-luto desprezo que eles têm, não só pela linguística cien-tífica (o que é bem compreensível, sendo eles o que são), mas também pelo trabalho dos gramáticos e dicionaris-tas profissionais. 10O purista sempre recorre a fórmu-las como “segundo a tradição gramatical”, “nos melho-res dicionários” e coisas parecidas. Mas essa alegação é retórica vazia. Os gramáticos e dicionaristas de verdade reconhecem, com frequência, as inovações que os falan-tes têm introduzido na língua e dão sua chancela a esses novos usos.Pergunte a um purista, por exemplo, se tanto faz usar “despercebido” ou “desapercebido”. Ele vai dizer imediata-mente que não, que cada uma das palavras tem sentido preciso e diferente. Mas no dicionário Houaiss a gente lê: “ante o emprego desses dois vocábulos como sinônimos por autores de grande expressão [...] a rejeição [da sinoní-mia] faz-se inaceitável”.1Pior é quando eles querem reformar a língua a tapa, ten-tando impedir usos consagrados há séculos, presentes em todas as modalidades da língua, inclusive na melhor literatura. Bom exemplo é o de um desses supostos espe-cialistas que, tornado célebre por sua quase onipresença na mídia, 6tirou do colete a regra bisonha de que a expres-são “risco de vida” está errada e que só podemos falar de “risco de morte”. Pronto: foi o que bastou para todos os repórteres da televisão começarem a falar de “risco de morte”. É mole? Xô, fantasma de Vaugelas! T’esconjuro!

BAGNO, Marcos. Revista Caros amigos - Seção: Falar brasileiro, p. 10 – agosto de 2009.

26. (CFTMG) A ordem direta dos termos da oração não é utilizada em:

a) “Hoje em dia, nenhum purista gosta de ser chamado assim...” (ref. 2)

b) “Outros usam um humor duvidoso, conquistam o leitor com piadinhas...”(ref. 9)

c) “O purista sempre recorre a fórmulas como ‘segundo a tradição gramatical’ (...)” (ref. 10)

d) “A atitude irracional dos puristas fica evidente no absoluto desprezo que eles têm (...)” (ref. 11)

Texto para a próxima questão: 1A população urbana brasileira, principalmente a

de grandes centros, vive constantemente em situação ambiental muito ruim. 2Tênues esforços públicos são levados a cabo em véspera de desastre, para evitar o mal maior. Mas, de maneira geral, o 5brasileiro não está edu-

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tos jovens candidatos a aviador. A mídia glamourizou a ousadia de voar..........................................................................................

Inventar aviões era um ofício diletante e nada ren-doso – ainda. Exigia recursos financeiros para cons-truir aparelhos, contratar mecânicos, oficinas e han-gares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto San-tos-Dumont, filho de um rico fazendeiro mineiro, ou ao engenheiro e nobre francês marquês d’Ecquevilley-Mon-tjustin. Voar era um ideal delirante e dândi. Uma glória para homens extraordinários.

SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36.

28. (UEPG) O sujeito oracional foi analisado correta-mente em:

01) “As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos jornais” - sujeito simples anteposto ao verbo.

02) “Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris” - sujeito simples posposto ao verbo.

04) “Em consequência, proliferaram os fotógrafos profissionais e amadores” - sujeito indeterminado.

08) “Os pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas” - sujeito composto anteposto ao verbo.

16) “Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz” - sujeito simples posposto ao verbo.

Texto para a próxima questão: Obsolescência planejada e perceptiva / armadilhas

do consumismo

Vivemos numa época em que os artigos tecnológicos sur-gem do nada e tornam-se obsoletos num piscar de olhos. A velocidade com que esses produtos tornam-se supera-dos não causa mais espanto a ninguém. Já estamos acos-tumados com esse fenômeno. Aquele celular hi-tec do ano passado já é peça de museu.

Alguns itens lançados recentemente tiveram uma vida tão curta que quase não são mais lembrados. O discman, 5aquele toca-cedê de bolso que veio substituir o walkman, não teve tempo de fazer história. 1Antes de se popularizar, foi substituído pelo MP3 player. 2Tudo isso, saiba você, não é resultado de uma evolução natural da tecnologia. Alguns itens tecnológicos quando nascem, acredite, já têm data prevista para sair de circulação. Isso é o resul-tado da obsolescência planejada, processo pelo qual os profissionais de marketing introduzem a obsolescência em determinados produtos para que esses sejam subs-tituídos num tempo mais curto. O consumidor não tem escolha porque os produtos, em geral, só duram o tempo que o produtor quer.

Outra prática nessa mesma linha é a obsolescência per-ceptiva. Quando o fabricante não consegue reduzir o tempo de vida de um produto, lança uma 6“nova” ver-são com pequenas modificações. No Brasil chamam essa prática de “maquiar o produto”. Os produtos antigos, que têm a mesma funcionalidade, ficam com o aspecto de ultrapassados, e o consumidor é induzido a comprar o novo. Aliada a essa prática existe uma propaganda maciça que complementa a “lavagem cerebral”.

No passado, os produtos eram planejados para terem vida longa. Até mesmo as possíveis modificações do futuro eram pensadas. No seletor de canais das tevês dos anos sessenta e setenta, existia um espaço para UHF (não existia o canal 01, a numeração ia de 02 a 13) mesmo sem existir canal nem transmissão nessa frequência. No Bra-sil, o primeiro canal de UHF foi ao ar somente na década

de 90. A bandeja do drive dos antigos toca-cedês já vinha com um círculo menor no centro. 3No futuro, imagina-vam, os cedês diminuiriam de tamanho.4Quando for trocar de celular, lembre-se, você pode estar realizando a vontade de alguém que passou algumas horas diante de uma planilha e criou uma situação que lhe conduziu a essa troca.

CAVALCANTE, Ed. Obsolescência planejada e percep-tiva, armadilhas do consumismo. Blog: Jornália do Ed. -

http://jornaliaed.blogspot.com/2009/06/obsolescencia-pla-nejada-obsolescencia.html. Acesso em: 07 out. 2011.

Glossário:obsolescência: processo de cair em desuso; condição do que se torna ultrapassado.

29. (IFSC) Sobre o texto, assinale a alternativa correta.

a) No período “No futuro, imaginavam, os cedês diminuiriam de tamanho.” (ref. 3), o sujeito do verbo destacado é oculto.

b) Em “Quando for trocar de celular, lembre-se, você pode estar realizando a vontade...” (ref. 4), a vírgula após a expressão destacada poderia ser substituída por dois pontos, causando, contudo, prejuízo do significado.

c) O trecho “... aquele toca-cedês de bolso que veio substituir o walkman” (ref. 5) aparece entre vírgulas no texto porque é uma locução adverbial deslocada.

d) O recurso do destaque em referências foi utilizado no texto para ressaltar as expressões mais importantes.

e) O emprego de aspas na palavra “nova” (ref. 6) indica que o autor quis ironizar o adjetivo.

Texto para a próxima questão: Quando a rede vira um vício

Com o título “Preciso de ajuda”, fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet Anôni-mos: “Estou muito dependente da web, Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério”. Logo obteve res-posta de um colega de rede. “Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em frente ao computador. Pre-ciso de ajuda.” Odiálogo dá a dimensão do tormento pro-vocado pela dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para Dependência de Inter-net, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web — com concentração na faixa dos 15 aos 29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar online por uma eternidade sem se dar conta do exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está desconec-tado, e seu desempenho nas tarefas de natureza intelec-tual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim, momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga ame-ricana: “O viciado em internet vai, aos poucos, perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo — e completamente virtual”.

Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas “útil” ou “divertida” e foi ganhando um espaço central, a ponto de a vida longe da rede ser des-crita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocor-ria. “Como a internet faz parte do dia a dia dos adolescen-

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tes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle”, diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem bem mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta — até culminar, pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo americano. As situações vividas na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de olheiras profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refeições por sanduíches — que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: “Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem”.

Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapo-lar o uso da internet. Há uma razão estatística para isso — eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia —, mas pesa também uma explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos entrevistados (viciados ou não) che-gam a atribuir à internet uma maneira de “aliviar os sen-timentos negativos”, tão típicos de uma etapa em que aflo-ram tantas angústias e conflitos. Na rede, os adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: “Num momento em que a própria per-sonalidade está por se definir, a internet proporciona um ambiente favorável para que eles se expressem livremente”. No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no vício se vê, em geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50% deles, inclusive, sofrem de depressão, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício, a maior adoração é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção de começo, meio ou fim.

Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a dependência em internet é reconhecida — e tratada — como uma doença. Surgiram grupos especializados por toda parte. “Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença”, conta um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80% voltam a níveis aceitáveis de uso da internet. Não seria fac-tível, tampouco desejável, que se mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoó-latra em relação à bebida. Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produ-ção de conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em socie-dades modernas, não faz sentido se privar. Toda a questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um con-senso acerca do razoável: até duas horas diárias, no caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimentada, melhor. Na avaliação de uma das psicó-logas, “Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudá-vel”. Desse modo, reduz-se drasticamente a possibilidade de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.

Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.

30. (Col. Naval) Em qual das opções, considerando o trecho destacado, estrutura-se um caso de sujeito indeterminado?

a) “[...] fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet Anônimos [...]”. (1° parágrafo)

b) “[...] o doente desenvolve uma tolerância que... o faz ficar online... sem se dar conta do exagero.” (1° parágrafo)

c) “As situações vividas na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas.” (2° parágrafo)

d) “Não seria factível, tampouco desejável, que se mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra [...]”. (4° parágrafo)

e) “Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimen- são de acesso às informações [...]”. (4° parágrafo)

Texto para a próxima questão: Nasce um escritor

O primeiro dever passado pelo novo professor de português foi uma 7descrição tendo o mar como tema. A classe inspirou, toda ela, nos encapelados mares de Camões, aqueles nunca dantes navegados. O 5episódio do Adamastor foi reescrito pela 2meninada. Prisioneiro no internato, eu vivia na saudade das 4praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema de minha descrição.

Padre Cabral levara os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o dever que 1ia ler. Tinha certeza, afirmou que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não rega-teou elogios. 3Eu acabara de completar onze anos.

Passei a ser uma personalidade, segundo os câno-nes do colégio, ao lado dos futebolistas, dos campeões de matemática e de religião, dos que 6obtinham medalhas. Fui admitido numa espécie de Círculo Literário onde 9brilhavam 8alunos mais velhos. Nem assim deixei de me sentir prisioneiro, sensação permanente durante os dois anos em que estudei no colégio dos jesuítas. 11Houve, porém, 10sensível mudança na limitada vida do aluno interno: o padre Cabral tomou-me sob sua proteção e colocou em minhas mãos livros de sua estante. Primeiro “As Viagens de Gulliver”, depois clássicos portugueses, traduções de ficcionistas ingleses e franceses. Data dessa época minha paixão por Charles Dickens. Demoraria ainda a conhecer Mark Twain: o norte-americano não figurava entre os prediletos do padre Cabral.

Recordo com carinho a figura do jesuíta português erudito e amável. Menos por me haver anunciado escri-tor, sobretudo por me haver dado o amor aos livros, por me haver revelado o mundo da criação literária. Ajudou-me a suportar aqueles dois anos de internato, a fazer mais leve a minha prisão, minha primeira prisão.

AMADO, Jorge. O menino Grapiúna. Rio de Janeiro. Record. 1987. p. 117-20.

31. (IFCE) A expressão “... alunos mais velhos.” (ref. 8) exerce a função de

a) sujeito da forma verbal “brilhavam” (ref. 9). b) objeto indireto. c) agente da ação expressa pela forma verbal

“obtinham” (ref. 6). d) agente da passiva. e) objeto direto.

32. (CFTSC) De onde veio a água da Terra 4O pesquisador Michael Zolensky, do Centro Espa-cial Johnson, da Nasa, descobriu os primeiros traços de água em meteoritos. Estudando um desses pedregu-lhos cósmicos, 3que caiu em 1998 na cidade de Mona- hans, no Estado americano do Texas, Zolensky encon-

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trou cristais de sal que, entre seus átomos, continham algumas moléculas de H2O.Zolennsky imagina que, durante a formação do Sistema Solar, havia 1grande quantidade de oxigênio e de hidro-gênio nessa região do espaço. Esses átomos estavam mis-turados às partículas de gás e poeira que 2deram origem aos planetas.

Superinteressante: São Paulo: Abril. out. 1999. Adaptado.

Assinale a alternativa correta.

a) No texto, há vários adjuntos adverbiais de lugar, entre eles, este: “... grande quantidade de oxigênio...”, (ref. 1).

b) O objeto direto de “deram”, (ref. 2), é “aos planetas.” c) A palavra “que” (ref. 3) é um pronome demonstrativo. d) “O pesquisador Michael Zolensky, ...”. , ( ref. 4) é o

sujeito do verbo descobrir. e) Em “... encontrou cristais de sal que, entre

seus átomos, continham algumas moléculas...”, as palavras em negrito são respectivamente: substantivo, conjunção, pronome, adjetivo.

Texto para a próxima questão:

Logo depois, transferiu-se para o trapiche [local destinado à guarda de mercadorias para importação ou exportação] o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes propor-cionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche.Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, mole-ques de todas as cores e de idades, as mais variadas, desde os 9 aos 16 anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações. . .

AMADO, Jorge. O trapiche. Capitães de Areia. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1937. Adaptado.

33. (Fatec) Assinale a alternativa em que o verbo des-tacado tem como sujeito aquele apresentado entre colchetes.

a) Logo depois transferiu-se para o trapiche o depósito dos objetos... [os objetos]

b) ... o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. [o depósito dos objetos]

c) Estranhas coisas entraram então para o trapiche. [estranhas coisas]

d) ... indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando... [o casarão]

e) ... com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações. . . [as embarcações]

34. Indetermine o sujeito da oração a seguir:

“Um gavião atacou a pombinha sozinha.”

35. (UEL) Foi impossível A VENDA DO TERRENO (a), mas eles deixaram OS DOCUMENTOS (b) lá porque pre-cisavam de UMA CÓPIA AUTENTICADA (c), que seria feita por UM FUNCIONÁRIO (d), assim que eles fechas-sem O EXPEDIENTE (e).

É sujeito de uma oração o segmento assinalado com a letra

a) (a). b) (b). c) (c). d) (d). e) (e).

36. Nas orações a seguir, separe o sujeito do predicado, grife o sujeito, circule o núcleo e o classifique em simples, composto ou oculto:

a) As andorinhas e as gaivotas voavam juntas.b) Ficou humilhada a noiva branca.c) O pombo marcou um encontro, mas chegou atrasado.d) Concordou com alegria e pudor a pomba.e) Gritavam esganadas as gaivotas do mar.f) O pombo chegou e explicou o atraso.

Texto para a próxima questão: Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplo-mata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os rega-los da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um suste-nido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.

Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.

37. (Unifesp) Assinale a alternativa em que a elimina-ção do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo.

a) Ali vê-se um ataviado dandy [...]. b) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se

vaidosa nas asas dos aplausos [...]. c) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu

tempo [...]. d) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha

completamente [...]. e) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares,

se deslizando pela sala [...].

Texto para a próxima questão:De um jogador brasileiro a um técnico espanhol

João Cabral de Melo Neto

Não é a bola alguma cartaque se leva de casa em casa:

é antes telegrama que vaide onde o atiram ao onde cai.

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Parado, o brasileiro a fazir onde há-de, sem leva e traz;

com aritméticas de circoele a faz ir onde é preciso;

em telegrama, que é sem tempoele a faz ir ao mais extremo.

Não corre: ele sabe que a bola,Telegrama, mais que corre voa.

Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/futebol.html#jogador> Acesso em: 12 out. 2011.

38. (IFPE) Quanto aos aspectos morfossintáticos do texto, assinale a alternativa correta.

a) O sujeito das duas primeiras estrofes é indeterminado, como se verifica pelos verbos “se leva” e “atiram”.

b) O predicado em “Não é a bola alguma carta” e “é antes telegrama...” é verbal, pois os verbos indicam o estado da bola.

c) O sujeito simples “brasileiro” da terceira estrofe é retomado nas demais estrofes pelo pronome “ele”.

d) O predicado da oração “Ele a faz ir”, na quarta e quinta estrofes, é verbo-nominal, pois indica ação e descreve a bola.

e) O substantivo “telegrama”, no último verso do poema, é um adjunto adnominal de “bola”.

Texto para a próxima questão: Nos últimos três anos foram assassinadas mais de 140

mil pessoas no Brasil. Uma média de 47 mil pessoas por ano. Uma parcela expressiva destas mortes, que varia de região para região, é atribuída à ação da polícia, que se respalda na impunidade para continuar cometendo seus crimes. São 25 assassinatos ao ano por cada 100 mil pes-soas, índice considerado de violência epidêmica, segundo organismos internacionais.

Se os assassinatos com armas de fogo são uma face da violência vivida na nossa sociedade, ela não é a única. Logo atrás, em termos de letalidade, estão os acidentes fatais de trânsito, com cerca de 33 mil mortos em 2002 e 35 mil mortes por ano em 2004 e 2005. Isto, sem falar nos acidentados não fatais socorridos pelo Sistema Único de Saúde, que multiplicam muitas vezes os números aqui apresentados e representam um custo que o IPEA estima em R$ 5,3 bilhões para o ano de 2002.

A lista da violência alonga-se incrivelmente. Sobre as mulheres, os negros, os índios, os gays, sobre os mendi-gos na rua, sobre os movimentos sociais etc. Uma discus-são num botequim de periferia pode terminar em morte. A privação do emprego, do salário digno, da educação, da saúde, do transporte público, da moradia, da segurança alimentar, tudo isso pode ser compreendido, considerando que incide sobre direitos assegurados por nossa Constitui-ção, como tantas outras formas de violência.

Silvio Caccia Bava. Le Monde Diplomatique Brasil, agosto 2010. Adaptado..

39. (Unifesp) No período Uma parcela expressiva des-tas mortes, que varia de região para região, é atribuída à ação da polícia, que se respalda na impunidade para continuar cometendo seus crimes, as palavras sublinha-das referem-se, respectivamente,

a) à palavra parcela e tem a função de sujeito; à palavra polícia e tem a função de sujeito.

b) à palavra mortes e tem a função de sujeito; à palavra polícia e tem a função de sujeito.

c) à palavra parcela e tem a função de objeto; à palavra polícia e tem a função de objeto.

d) à palavra parcela e tem a função de objeto; à palavra ação e tem a função de sujeito.

e) à palavra parcela e tem a função de sujeito; à palavra ação e tem a função de sujeito.

Texto para a próxima questão:Capítulo LXIII / Tabuleta nova

Era um simples fabricante e vendedor de doces, estimado, afreguesado, respeitado, e principalmente respeitador da ordem pública...– Mas o que é que há? perguntou Aires.– A república está proclamada.– Já há governo?- Penso que já; mas diga-me V. Ex.a: ouviu alguém acusar-me jamais de atacar o governo?Ninguém. Entretanto... Uma fatalidade! Venha em meu socorro. Excelentíssimo. Ajude-me a sair deste embaraço. A tabuleta está pronta, o nome todo pintado. – “Confeita-ria do Império”, a tinta é viva e bonita. O pintor teima em que lhe pague o trabalho, para então fazer outro. Eu, se a obra não estivesse acabada, mudava de título, por mais que me custasse, mas hei de perder o dinheiro que gas-tei? V. Ex.a crê que, se ficar “Império”, venham quebrar-me as vidraças?– Isso não sei.– Realmente, não há motivo; é o nome da casa, nome de trinta anos, ninguém a conhece de outro modo.– Mas pode pôr “Confeitaria da República”...1– Lembrou-me isso, em caminho, mas também me lem-brou que, se daqui a um ou dous meses, houver nova revi-ravolta, fico no ponto em que estou hoje, e perco outra vez o dinheiro.– Tem razão... Sente-se.– Estou bem.– Sente-se e fume um charuto.Custódio recusou o charuto, não fumava. Aceitou a cadeira. Estava no gabinete de trabalho, em que algu-mas curiosidades lhe chamariam a atenção, se não fosse o atordoamento do espírito. Continuou a implorar o socorro do vizinho. S. Ex.a, com a grande inteligência que Deus lhe dera, podia salvá-lo. Aires propôs-lhe um meio-termo, um título que iria com ambas as hipóteses, - “Con-feitaria do Governo”.– Tanto serve para um regímen como para outro.

ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In: Obra Completa. vol. 3. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1975, p.1028-1029.

40. (PUC-RJ)

a) Reescreva os períodos a seguir, alterando-os conforme as indicações dadas, fazendo para isso as adaptações cabíveis.

I. Passe para o futuro do subjuntivo o verbo da oração condicional:Eu, se a obra não estivesse acabada, mudava de título, por mais que me custasse.

II. Transforme a coordenação assindética em coordenação sindética:Custódio recusou o charuto, não fumava.

III. Passe para o discurso indireto a fala de Custódio:– Realmente, não há motivo; é o nome da casa, nome de trinta anos, ninguém a conhece de outro modo.

b) Qual o sujeito da frase Lembrou-me isso, em caminho, na ref. 1 do texto?

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Texto para as próximas questões: A corrida do ouro

Duzentos anos de buscas foram necessários para que os portugueses chegassem ao ouro de sua América. Aos espanhóis não se apresentou o problema da procura e pesquisa dos metais preciosos. 6Assim que desembarca-ram no México, na Colômbia ou no Peru, seus olhos mer-cantis foram ofuscados pelo ouro e prata que os homens da terra ostentavam nas suas armas, adornos e 7utensí-lios. 2Junto às suas civilizações, o gentio havia desenvol-vido a exploração e o trabalho dos metais, para 4eles mais preciosos pelas suas serventias que pelo poder e valor que 5agregavam ao homem da Europa cristã, de alma lapidada pela cultura 3ocidental. O primeiro trabalho que tiveram os castelhanos foi o de imediatamente afir-marem a inferioridade daquele homem que se recusava a total subserviência à majestade de Deus e d’el Rei, atra-vés de concepções bastante convenientes a seus propó-sitos. O brilho do metal, como o canto da sereia, tornou- -os surdos a qualquer apelo contrário que não fosse o da ambição pelo ouro e pela prata, tornando-os insensíveis a qualquer consideração humana no “trabalho” de 1sub-metimento do indígena, até o seu extermínio ou à redu-ção, dos que sobreviveram, à condição de servos ou escra-vos nas fainas da mineração.Os sucessos castelhanos atiçaram os colonos portugue-ses a iniciarem suas buscas, seja pelo encanto daquelas descobertas, seja pelas fantasias que se criaram a par-tir delas: de tesouros fabulosos perdidos nas entranhas generosas das Américas; de relatos imprecisos de indí-genas vindos do interior; de noções equivocadas da geo-grafia do continente como a da proximidade do Peru; ou mesmo de alguns possíveis indícios concretos, sur-giram lendas como as de Sabarabuçu e as de Parau-pava, que avivavam os colonos na procura de pedras e metais preciosos.

MENDES Jr., A., RONCARI, L. e MARANHÃO, R. Brasil his-tória: texto e consulta. São Paulo. Brasiliense, 1979.

(UERJ - ADAPTADA) Na construção do texto, empre-gam-se pronomes pessoais e possessivos que ora esta-belecem relações indispensáveis à compreensão do sen-tido, ora se tornam redundantes nesta função textual.

41. Observe atentamente o trecho compreendido entre as ref. 2 e 3 do primeiro parágrafo e indique os termos antecedentes de ELES (ref. 4) e do sujeito oculto de AGREGAVAM (ref. 5).

42. Transcreva dois trechos em que o possessivo possa ser suprimido sem qualquer prejuízo para a compreen-são do texto.

Texto para a próxima questão: Mineração do outro

Os cabelos ocultam a verdade.Como saber, como gerir um corpo alheio?Os dias consumidos em sua lavrasignificam o mesmo que estar morto.

Não o decifras, não, ao peito oferto,monstruário de fomes enredadas,ávidas de agressão, dormindo em concha.Um toque, e eis que a blandícia1 erra em tormento,

e cada abraço tece além do braçoa teia de problemas que existirna pele do existente vai gravando.

Viver-não, viver-sem, como viversem conviver, na praça de convites?

Onde avanço, me dou, e o que é sugadoao mim de mim, em ecos se desmembra;nem resta mais que indício,pelos ares lavados,do que era amor e dor agora, é vício.

O corpo em si, mistério: o nu, cortinade outro corpo, jamais apreendido,assim como a palavra esconde outravoz, prima e vera, ausente de sentido.Amor é compromissocom algo mais terrível do que amor?– pergunta o amante curvo à noite cega,e nada lhe responde, ante a magia:arder a salamandra2 em chama fria.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.

1blandícia - meiguice, brandura; afago, mimo, carícia2salamandra - animal anfíbio que, segundo a mitologia, era capaz de viver no fogo sem ser consumido

43. (UERJ) Transcreva os sujeitos de “vai gravando” (verso 11) e “resta” (verso 16).

Texto para a próxima questão:Meu amigo Marcos

O generoso e divertido companheiro de crônicasConheci Marcos Rey há mais de vinte anos, quando

sonhava tornar-me escritor. Certa vez confessei esse desejo à atriz Célia Helena, que deixou sua marca no tea-tro paulista. Tempos depois, ela me convidou para ten-tar adaptar um livro para teatro. Era O rapto do garoto de ouro, de Marcos. Passei noites me torturando sobre as teclas. Célia marcou um encontro entre mim e ele, pois a montagem dependia da aprovação do autor. Quando adolescente, eu ficara fascinado com Memórias de um gigolô, seu livro mais conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma figura pomposa, em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu pela boca quando apertei a campainha. Fui recebido por Palma, sua mulher. Um homem gordinho e simpático entrou na sala. Na época, já sofria de uma doença que lhe dificul-tava o movimento das mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso que nem consegui dizer “boa-tarde”. Gaguejei. Mas ele me tratou com o respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no texto. Orientou-me. Principalmente, acreditou em mim. A peça permaneceu em cartaz dois anos. Muito do que sou hoje devo ao carinho com que me recebeu naquele dia.

WALCYR CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999)

(FGV – modificada) Na época, já sofria de uma doença que lhe dificultava o movimento das mãos e dos pés.

44. Cite o pronome que, no texto, funciona como sujeito de sofria.

45. Explique a quem, no texto, tal pronome se refere. Justifique sua resposta.

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Gabarito1. Do ponto de vista morfológico, todas as palavras são substanti-vos comuns.2. Do ponto de vista sintático, todas as palavras são complementos ver-bais (objetos diretos).3. Há dois períodos no fragmento.4. Há seis orações no fragmento.5. Sujeito simples: Nós.6. D 7. B 8. C 9.a) O emprego de conjunções subor-dinativas (de condição e de con-formidade) como em “a não ser, como disse o vigia do lugar, que piolhos tentassem roubar a exó-tica mercadoria.”- O emprego de dois pontos como marcador de pressuposição, como em “O comentário se revelou profé-tico: naquela mesma noite o lugar foi assaltado, ...”;- A maioria dos verbos do texto estão no pretérito perfeito do indicativo, mostrando que as ações de cará-ter narrativo já estavam concluídas, como em “A discussão evoluiu “ rapi-damente para a briga...”.b) Vários aspectos diferenciam os aspectos discursivos entre um texto jornalístico e uma crônica. O tre-cho jornalístico apresentado, reti-rado da “Folha Online”, de 13 de março de 2006, tem como caracte-rísticas períodos objetivos, curtos, sem recursos argumentativos, com intenção de informar. A crônica de Moacyr Scliar, publicada na “Folha de São Paulo”, faz referência à notí-cia publicada uma semana antes e traz as características próprias da sátira em prosa. Há marcadores de coesão e o texto é narrativo.

10. Mas realça o conteúdo da segunda oração, que constitui o ele-mento central na argumentação. 11. B 12.a) Realidade: “morros”Fantasia: “azuis”Realidade: “mato” Fantasia: “povoado por princesas, castelos, animais de lenda, o Uni-córnio, os cisnes que eram prín-cipes, os corvos que eram meni-nos enfeitiçados.”b) “Eles não sabiam o que fazer.” Somente nesse trecho, encontramos um raciocínio dirigido para uma conclusão ou dedução lógicas. 13. C 14. 08 + 32 = 40. 15. A16. 01 + 02 + 04 + 32 = 39. 17. E18. A 19. D 20. 1 + 8 = 9 21. E 22. C23. C24. 01+ 04 = 0525. A26. A27. C 28. 01 + 08 + 16 = 25 29. E 30. D31. A32. D33. C34. Atacaram a pombinha sozinha. 35. A 36.a) compostob) simplesc) simples, ocultod) simples

e) simplesf) simples, oculto 37. A 38. C 39. A40.a)I. Eu, se a obra ainda não estiver aca-bada, mudarei de título, por mais que me custe.II. Custódio recusou o charuto, pois não fumava.III. Custódio disse que não havia realmente motivo, argumentando que aquele era o nome da casa, um nome de trinta anos, e que ninguém a conhecia de outro modo.b) O sujeito é isso. 41. Eles: gentio. Agregavam: os metais.42.“...que os homens da terra osten-tavam nas suas armas, adornos e utensílios.”“... mais preciosos pelas suas serventias...”

“Os sucessos castelhanos atiça-ram os colonos portugueses a inicia-rem suas buscas...” 43. vai gravando: existirresta: indício 44. O pronome que funciona como sujeito de sofria é ele (sujeito elíptico).45. O pronome refere-se a Mar-cos Rey, “um homem gordinho e simpático”.