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PÓS-GRADUAÇÃO IPECONT 2017, do jeito que o mercado quer!
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- Gestão em Controladoria, Auditoria e Finanças (novo).
Pressclipping em 14.nov.2016
"O homem que nada contra a correnteza sabe a força dela."
(Woodrow Wilson)
Não é só o Renan que tem “costas quentes”, tem mais gente...
Maluf é réu secreto no STF em ação penal há 15
anos sem julgamento
Publicado por Correio Forense
Uma ação penal fruto de investigação iniciada há mais de 15 anos, tendo sido um dos casos grande
repercussão em São Paulo nos anos 2000, continua sem decisão final do STF (Supremo Tribunal
Federal) e longe dos olhos do público. O personagem do processo é o ex-prefeito e hoje deputado federal
Paulo Maluf (PP-SP), alvo de uma das seis ações penais, do grupo total de 84 em andamento, que
tramitam cobertas por segredo de Justiça no STF.
Na prática, Maluf é um réu secreto, pois no sistema de acompanhamento processual do Supremo
seu nome não aparece relacionado ao processo, apenas suas iniciais.
Um cidadão que pretende saber a situação criminal de Maluf no sistema público da corte encontrará
apenas duas ações penais: uma por calúnia em campanha eleitoral, encerrada, e outra aberta em 2015 por
suposto crime eleitoral.
O caso secreto trata de fatos revelados pela Folha em agosto de 2001: movimentações milionárias em
paraísos fiscais. Em março do ano seguinte, o então procurador-geral de Genébra, Bernard Bertossa,
confirmou ao jornal a existência de investigação sobre o dinheiro que Maluf transferiu de conta na Suíça
para Jersey, paraíso fiscal no canal da Mancha.
Na época, Maluf enfrentou investigação do Ministério Público de São Paulo, que levou à quebra de seu
sigilo bancário em 2002. Em 2006, contudo, ele foi eleito deputado federal e, com o foro privilegiado, o
caso seguiu para o Supremo.
No STF, o inquérito deu entrada há mais de nove anos, em fevereiro de 2007, já em segredo de
Justiça, e assim permaneceu até virar ação penal, em 2013. Está até hoje sem julgamento final.
Um texto curto divulgado pelo Supremo em 2011 afirma que se trata de uma ação sobre lavagem de
dinheiro derivada da investigação relativa à construção das avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga
Água Espraiada), em São Paulo. O então ministro relator do inquérito, Ricardo Lewandowski, afirmou à
época “haver indícios suficientes de que o esquema de desvio de verbas públicas operado por Maluf à
frente da Prefeitura de São Paulo gerou prejuízo ao erário de aproximadamente US$ 1 bilhão, dinheiro que
circulou por contas correntes mantidas pela família na Suíça, Inglaterra e na Ilha Jersey, a partir da
distribuição feita por conta mantida em Nova York”.
OUTRO LADO
O advogado de Maluf, Ricardo Tosto, diz que seu cliente “está exercendo o direito de defesa”. Contestou
a morosidade dos casos com foro ao dizer que “todo caso complexo leva muito tempo” e que “não é
verdade” que “no resto do mundo os processos correm de forma rápida”.
“O Supremo tem sido criticado equivocadamente. Eles estão decidindo o que é importante. O que torna o
andamento mais lento é o fato de o Supremo receber uma série de ações que não têm tanta importância e
poderiam ter sido resolvidas antes. As pessoas muitas vezes cobram que os casos emblemáticos sejam
julgados logo, mas não é assim que o Judiciário funciona”, afirmou Tosto.
RUBENS VALENTE CAMILA MATTOSO DE BRASÍLIA
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO
Multas de trânsito ficam mais pesadas; veja o que
muda
Usar o celular e parar em vaga para deficiente viram infração gravíssima.
Publicado por Dr.ª VANDA LOPES
As infrações de trânsito cometidas a partir desta terça-feira (1º) terão penalidades mais pesadas. O
aumento das multas, anunciado em maio último, será de até 66%, e os valores irão de R$ 88 (infração
leve) a R$ 293,47 (gravíssima). Além disso, algumas infrações serão agravadas: usar o celular ao volante,
por exemplo, passou de grau médio para gravíssimo.
A multa, que era de R$ 85,13, agora é de R$ 293,47, uma alta de quase 245%, e os pontos na carteira de
habilitação aumentaram de 4 para 7.
Ainda para o celular, o texto da lei passa a dizer que é infração segurar ou manusear o aparelho. Assim, o
motorista que manda mensagens de texto ou fica olhando sites ou redes sociais também poderá ser punido,
mesmo quando estiver parado no semáforo.
Vagas exclusivas
Também foi agravada a multa por estacionar em vagas reservadas para deficientes e idosos sem a
credencial que comprove sua condição. A partir desta terça-feira, a infração é gravíssima (R$ 293,47), e o
veículo será guinchado.
Depois de alguns atrasos, as multas para quem andar com as "cinquentinhas" (motos com motor de até 50
cc) sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A, para motos, ou Autorização para
Conduzir Ciclomotores (ACC) também começam a ser aplicadas.
Recusa ao bafômetro
Agora também há um artigo explicitando a punição para quem se recusa a fazer o teste do bafômetro, que
já era prevista desde a "Lei Seca", de 2008.
A atitude é infração gravíssima, com multa multiplicada por 10, ou seja, no valor R$ 2.934,70, além da
suspensão da CNH por 1 ano. É igual à punição mínima para quem é pego no teste.
O veículo também será retido, até a chegada de um condutor habilitado. Se o motorista se negar outra vez
a passar pelo teste, em menos de 1 ano, a multa será dobrada, chegando a R$ 5.869,40.
Caso de CNH suspensa
Dirigir sem CNH ou permissão segue sendo uma infração gravíssima, com valor da multa multiplicado
por 3, mas agora o Código de Trânsito Brasileiro também inclui a ACC (documento aceito para pilotar
motos "cinquentinhas"), que tem a mesma penalidade.
Já quem andar com a CNH cassada ou suspensa terá um pequeno alívio: a multa gravíssima passa a ter
multiplicador de 3, em vez de 5 vezes.
Outra redução foi para CNH de categoria diferente da exigida para o veículo (usar a de moto para dirigir
carro, por exemplo): a multa passa a ser multiplicada por 2 vezes, em vez de 3 vezes.
Além disso, nesses casos, em vez de o veículo ser apreendido e levado a um depósito, como previa a lei
até então, ele será apenas retido, até a chegada de alguém habilitado a dirigir.
Novo teto
A multa para quem usar um veículo para interromper, restringir ou perturbar a circulação na via sem
autorização do órgão de trânsito, como em passeatas, manifestações ou eventos de rua, é de R$ 5.869,40
(20 vezes a gravíssima) para o condutor e de R$ 17.608 (60 vezes) para os organizadores.
Os valores podem dobrar, caso a pessoa seja reincidente no período de 12 meses. Segundo, a nova redação
do CTB, a penalidade pode ser aplicada a pessoas físicas ou jurídicas, ou seja, empresas também podem
ser responsabilizadas.
Por que a multa aumentou?
As multas básicas não sofriam reajustes desde 2000, quando o antigo indexador do valor das multas (Ufir)
foi extinto. Em 2002, uma resolução fixou o valor atual em reais. Desde então, não houve correção.
As elevações que ocorreram foram para certas infrações consideradas mais perigosas e por meio de um
fator multiplicador.
A alteração no Código Brasileiro de Trânsito também permite que o Conselho Nacional de Trânsito
(Contran) atualize o valor das multas anualmente, com reajuste máximo dado pela inflação (IPCA) do ano
anterior.
Por outro lado, os órgãos serão obrigados a publicar na web anualmente os dados de arrecadação com
multas e onde os recursos foram investidos.
Desconto de 40%
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) promete lançar também nesta terça um aplicativo para
smartphones que dará desconto de até 40% em multas de trânsito para os usuários.
No entanto, poucos órgãos de trânsito já estão preparados para as notificações eletrônicas.
Os Detrans de Santa Catarina e de Minas Gerais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) e a Polícia Rodoviária Federal serão os primeiros.
De acordo com o Ministério das Cidades, os demais Detrans estaduais e órgãos ainda "estão se adequando
para adesão".
O desconto só será possível se o motorista não apresentar defesa prévia, nem recurso, reconhecendo o
cometimento da infração. O abatimento de 40% vale em qualquer fase do processo, com pagamento até a
data de vencimento.
Fonte: G1
Dr.ª VANDA LOPESPRO
Cidade e Região
10 de novembro de 2016 07:30
Receita cobra 5,4 mil empresários com dívidas no
Simples Nacional
por Vinícius Lemos
Quase 5,4 mil microempresas e empresas de pequeno porte receberam ou vão receber da Delegacia
da Receita Federal de Uberlândia a notificação de exclusão do quadro de optantes pelo sistema de
tributação Simples Nacional, por conta de débitos. O número representa um crescimento de 60% em dois
anos. Ao todo são R$ 165,5 milhões a serem recebidos das empresas de 39 Municípios sob a
responsabilidade da unidade local da Receita. É possível que as empresas se mantenham no Simples ao
quitar a dívida.
Só na cidade de Uberlândia, existem 3.164 empresas com débitos relativos ao Simples, o que representa
um montante de R$ 106,3 milhões. Ainda que possa haver cobranças de anos anteriores, a maior parte tem
2015 como ano de referência. Não é possível precisar quanto do valor das dívidas vai para os cofres do
Município, uma vez que cada tributo tem um fatiamento diferente, seja o ISS, ICMS, IPI ou qualquer
tributo incluído no Simples.
O delegado chefe da Receita, Valtair Soares, afirma que o crescimento das dívidas, ainda que expressivo
não se tornou um número alarmante. “O montante de toda a Delegacia representa cerca de 10% do total de
optantes do Simples na região, as quais chegam a aproximadamente 50 mil empresas”, disse. Na visão de
dele, a crise econômica poderia explicar os aumentos. Em todo o Brasil foram notificados 668.440
devedores, que respondem por dívidas que totalizam R$ 23,8 bilhões.
Notificações
O chamado Ato Declaratório Executivo (ADE), documento que avisa sobre a dívida e a exclusão do
sistema de tributação, começou a ser enviado às empresas no dia 26 setembro. A notificação tinha 45 dias
para ser acusada pelas empresas e agora correm os prazos de quitação, que são de 30 dias após o
recebimento do ADE.
Benefício
Qualquer uma das quase 5,4 mil com dívidas relativas ao Simples Nacional na Delegacia da Receita
Federal de Uberlândia que quitar os valores até 30 dias depois de notificadas têm a exclusão anulada.
Todo atendimento às empresas é feito via Portal do Simples Nacional ou pelo Atendimento Virtual (e-
CAC), no site da Receita Federal, mediante certificado digital ou código de acesso. Quem não quitar os
débitos será excluído do Simples Nacional a partir do dia 1º de janeiro de 2017. O pagamento pode ser
feito em parcela única ou em até 60 parceladas.
Negociação
O contador Rogério Lucas de Sales, responsável por contas do Simples em uma empresa de contabilidade
de Uberlândia, explicou que o problema das empresas é até anterior ao pico da crise, em ter 2015 e 2016.
Por isso, a maioria espera um parcelamento de até 120 meses dos débitos do tipo. “Já foi sinalizado pelo
Governo essa possibilidade, mas não imagino que seja ainda nesse ano”, afirmou. Os setores mais
afetados, neste ano, em relação aos impostos, de acordo com Rogério de Sales, foram comércio e
indústria.
Petrobras registra prejuízo de R$ 16,458 bilhões
no terceiro trimestre
Richard Carson/Agência Petrobras
LUCAS VETTORAZZO
NICOLA PAMPLONA DO RIO
10/11/2016 19h19 - Atualizado às 20h35
Depois de um trimestre de alívio, a Petrobras voltou a registrar prejuízo no terceiro trimestre de 2016. A
perda foi de R$ 16,458 bilhões, provocada, principalmente, por nova baixa no valor de ativos.
A baixa nos ativos soma R$ 15,7 bilhões e refere-se a efeitos no aumento do risco país, do câmbio e da
postergação de alguns projetos, com relação à última avaliação feita em dezembro de 2015.
"É um evento não recorrente e a Petrobras não espera que nos próximos trimestres ocorram resultados de
testes de imparidade (baixas) dessa magnitude que aconteceram neste trimestre", disse o diretor financeiro
da companhia, Ivan Monteiro.
Foram baixas de R$ 5,6 bilhões em campos de petróleo, R$ 2,8 bilhões em equipamentos vinculado à
atividade de produção, R$ 2,5 bilhões na refinaria de Pernambuco e R$ 2 bilhões no complexo
petroquímico de Suape.
No terceiro trimestre de 2015, a estatal havia registrado prejuízo de R$ 3,759 bilhões, provocado também
por baixas em valores de ativos. No segundo trimestre de 2016, teve lucro de R$ 370 milhões, o primeiro
após um período de nove meses de prejuízo.
Outra provisão com impacto no resultado refere-se aos acordos negociados com fundos de investimento
que acionaram a empresa na Justiça de Nova York, no valor de R$ 1,2 bilhão.
Em outubro, a companhia anunciou acordo com quatro fundos para encerrar as ações. Foram incorporados
esses acordos e aqueles que estão em fase final de negociações, disse Monteiro. Mas não há provisão para
ações coletivas.
A direção da Petrobras defendeu que os resultados operacionais mostraram evolução e que, se não fossem
os itens extraordinários, teria apresentado lucro de cerca de R$ 600 milhões.
"Todos os resultados operacionais da companhia melhoraram", disse Monteiro.
A empresa fechou o trimestre com R$ 16,4 bilhões com fluxo livre de caixa, o que significa que gerou
mais dinheiro do que gastou. "É um dinheiro que está sendo usado para pagar a nossa dívida", disse o
gerente executivo de desempenho, Mário Jorge da Silva.
DÍVIDA
A dívida, porém, fechou setembro em R$ 398,165 bilhões, ante R$ 397,760 bilhões do segundo trimestre.
Em dólares, houve pequena redução, de US$ 123,9 bilhões para US$ 122,7 bilhões.
A diretora de exploração e produção, Solange Guedes, disse que foi "o melhor trimestre da história" em
termos de produção de petróleo, com recorde trimestral de 2,87 milhões de barris por dia.
O crescimento da produção do pré-sal, que tem melhor qualidade, levou a empresa a reduzir as
importações, ampliando de 82% para 96% o uso de petróleo nacional em suas refinarias.
Com isso, chegou ao segundo trimestre consecutivo com saldo positivo em sua balança comercial, de 210
mil barris por dia.
Monteiro manteve a meta de venda de US$ 15,1 bilhões em ativos até o final de 2016 e frisou que, até
agora, 65% do valor já foi negociado.
A receita da estatal foi de R$ 70,443 bilhões no terceiro trimestre, contra R$ 82,238 bilhões no mesmo
período de 2015.
Entre janeiro e setembro de 2016, a Petrobras acumula prejuízo de R$ 17,334 bilhões, ante lucro de R$
2,102 bilhões no mesmo período do ano anterior.
Entenda por que a inflação persiste no Brasil
Escalada de preços de produtos e serviços deveria dar trégua com a recessão, mas vários
fatores barram queda
postado em 07/11/2016 06:00 / atualizado em 07/11/2016 09:57
Antonio Temóteo
Alberto Bastos viu sua compra de supermercado passar de R$ 530 para R$ 650 em um ano: aperto e
redução do lazer (foto: Luís Nova/Espe.CB/D.A Pres)
Brasília – Ir ao cinema ou levar a família para comer uma pizza no fim de semana se tornou um luxo para
o motorista Alberto Bastos, de 51 anos. Casado e pai de uma filha, ele abriu mão do lazer para colocar
comida em casa. As compras mensais no supermercado e na feira que custavam, em média, R$ 530
durante o ano passado dispararam para R$ 650 em 2016. Uma alta de 22,6%. Com isso, Bastos precisou
colocar as despesas na ponta do lápis e teve de cortar o que não era extremamente essencial. “Tudo está
mais caro. O único jeito de economizar é deixar de sair com tanta frequência”, lamenta.
Assim como Bastos, milhões de brasileiros têm sofrido com a escalada nos preços de produtos e serviços
em meio a mais longa recessão da história do país. Para piorar a situação, os reajustes salariais são cada
vez mais magros e a renda dos trabalhadores tem encolhido. E o que parece uma contradição, já que a
teoria econômica ensina que em períodos de queda do Produto Interno Bruto (PIB) a carestia tende a dar
trégua, virou uma realidade no Brasil. Mesmo com a redução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) ao longo do ano, o ritmo está aquém do necessário para dar um alívio no bolso da população e
para acelerar o processo de corte da taxa básica de juros(Selic).
A situação fica mais dramática com o aumento dos riscos para a queda da inflação. Na última ata da
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 18 e 19 de outubro, o Banco Central (BC)
apontou uma série de fatores condicionantes para preços administrados que, em tese, poderiam favorecer o
combate à carestia. O primeiro foi a mudança na política de preços de combustíveis. Em seguida, o BC
citou evidências que mostram a possibilidade de redução de tarifas de energia elétrica mais fortes que o
esperado em algumas regiões. E a perspectiva de adiamento de reajustes de preços do transporte urbano
em algumas cidades.
O único risco apontado pela autoridade monetária foi o de reajustes acima do esperado nos custos da
energia elétrica ao longo de 2017, em decorrência, entre outros fatores, de mudança na bandeira tarifária.
De lá para cá, a situação só piorou. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alterou o regime de
verde para amarelo em novembro diante da seca no Nordeste, o que encarecerá o custo da eletricidade já
este ano. Além disso, a mudança na política de subsídios da Petrobras às distribuídas de gás pode elevar o
preço do botijão.
PESOS NACIONAIS No caso do transporte público, o governo do estado do Rio de Janeiro anunciou
que o valor da tarifa será reajustado de R$ 6,50 para R$ 7,50 a partir de 1º de janeiro de 2017. Outra
medida será limitar o benefício concedido ao usuário a R$ 150 por mês. Se o passageiro gastar acima
desse valor, ele ou o empregador terá de arcar com a diferença. A mudança pode ser feita por decreto, mas
a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) precisa autorizar o governo a editá-lo. Para o governo,
a economia de será de R$ 256 milhões ao ano.
Outra pressão inflacionária que deve tirar o sono do BC é a elevação da alíquota de Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para vários setores no Rio. Um projeto de lei será enviado
para a Alerj prevendo que, em residências com consumo de energia superior a 300 quilowatts, o
percentual do imposto passará de 25% para 27%. Moradias com dois aparelhos de ar-condicionado,
geladeira, micro-ondas e máquina de lavar se enquadram nesse perfil. A cerveja terá 18% de imposto e o
fumo, 27%. A medida afetará ainda gasolina, refrigerantes e telefone.
Outro risco ao processo de queda da inflação é a possibilidade de o prefeito eleito de São Paulo, João
Dória (PSDB), não conseguir cumprir a promessa de congelar as tarifas de ônibus. Dória espera receber
R$ 500 milhões do governo federal para manter os preços, mas o Planalto não está disposto a arcar com
mais essa despesa em meio à crise nas contas públicas. A proposta gerou mal-estar no governo do Estado
de São Paulo, já que executivos do metrô destacaram que precisam de reajuste em 2017. Além disso,
ressaltaram que a medida sempre foi tomada em conjunto com o governo estadual.
Risco para o próximo ano
A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, avalia que a mediana das expectativas
de inflação para 2016 cedeu bastante nas últimas semanas até chegar a 6,88%. Entretanto, ela ressalta que
a maioria das projeções dos analistas não contava com a elevação da bandeira tarifária da energia elétrica
de verde para amarela. Nas contas dela, essa medida adiciona 0,11 ponto percentual à inflação de
novembro e deverá impactar as estimativas do mercado. “Tudo isso são riscos à inflação do ano que vem,
e o Banco Central precisa monitorar com cuidado os preços sensíveis à atividade econômica. Teremos
surpresas pelo caminho”, alerta.
O pior dos riscos, destaca Thaís Marzola, é outros estados decidirem adotar pacotes semelhantes ao
anunciado pelo governo do Rio de Janeiro e aumentar alíquotas de ICMS para enfrentar a queda na
arrecadação e o crescimento do déficit orçamentário. Também há preocupação quanto aos municípios, que
dependem cada vez mais de repasses dos estados e da União para fechar as contas e podem elevar
impostos. Entre 2012 e 2015, o superávit primário das 146 cidades com mais de 200 mil habitantes caiu de
R$ 18,9 bilhões para R$ 2,9 bilhões, conforme dados do Tesouro Nacional. Além disso, 11 capitais
ultrapassaram o limite de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 60%
da receita corrente líquida. Essa situação tende a piorar nos próximos anos e a obrigar prefeitos a aumentar
impostos, o que terá impacto direto ou indireto sobre a inflação.
Outra pressão ao IPCA, destaca o economista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, é o ritmo
de queda da inflação de serviços. Ele afirma que esse grupo tem mostrado resiliência, mesmo com a forte
retração da economia brasileira. Campos Neto ressalta que a inércia inflacionária no país também é
enorme, já que os reajustes nos preços de produtos, serviços e contratos levam em consideração a inflação
passada. “Esperamos que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) suba 7% neste ano e 5% em
2017. Mas isso pode mudar se os riscos se transformarem em realidade”, diz.
Se os preços de serviços se mantiverem, o processo de queda dos juros pode ser ameaçado, avalia o
economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. Ele comenta que, além desse
desequilíbrio, a autoridade monetária deve acompanhar com lupa os efeitos secundários da alta de preços
para evitar uma disseminação da carestia. “Seria bastante preocupante se tivéssemos um sinal de que os
serviços não estão caindo. Mas ainda é cedo para isso e são necessárias mais evidências”, ressalva.
Dono de uma pastelaria, o comerciante Sidney Martins tem sentido no bolso o reajuste nos preços dos
produtos que precisa comprar para fazer o pastel. A especialidade da casa mais um suco custava R$ 3,50
há dois anos e em 2016 já está e R$ 5. “É automático: eles aumentam lá e gente tem que aumentar aqui,
senão o lucro vai por água abaixo”, conta. Apesar de a venda de alimentos não sofrer tanto com a crise
quanto outros setores, Martins comenta que o faturamento caiu. “Não é apenas o preço alto que prejudica.
A maioria das pessoas que costumava comprar aqui está desempregada”, lamenta.
Autuações da Receita Federal na Operação Lava
Jato chegam a R$ 1,54 bi
Postado por José Adriano em 7 novembro 2016 às 10:00
A Receita Federal vem participando das investigações da Operação Lava Jato, em conjunto com o
Ministério Público Federal e a Polícia Federal, desde antes da sua deflagração ostensiva, por meio de
cruzamentos e análise de dados internos realizados pelo setor de investigação. Embora a origem das
investiga- ções tenha sido a suspeita de fraudes na Petrobrás, as diligências realizadas pela Receita Federal
e demais órgãos parceiros têm aumentado o escopo das investigações, com desdobramentos em outros
órgãos pú- blicos e privados.
Até o dia 30 de junho de 2016, 963 procedimentos fiscais foram instaurados no escopo da Operação Lava
Jato, sendo 279 em contribuinte pessoa fí- sica e 684 em contribuinte pessoa jurídica, tanto para apurar
fatos próprios como relacionados a terceiros.
Como resultado parcial das fiscalizações, tem-se cerca de R$ 1,54 bilhão de crédito tributário constituído.
Os valores referem-se ao encerramento parcial dos fatos ocorridos, em sua maioria, em 2010. Caso fatos
supervenientes revelem conduta de dolo ou fraude do contribuinte, podem ocorrer, ainda, autuações
complementares em relação a esse mesmo ano.
Cerca de 90% do crédito tributário constituído recaiu sobre as empreiteiras, que dentro do esquema
fraudulento eram responsáveis por distribuir parte do superfaturamento dos contratos entre executivos da
estatal, lobistas, operadores do esquema e, supostamente, campanhas eleitorais. Se o cartel montado pelas
empreiteiras não assumisse o risco em participar da corrupção, possivelmente todo o resto do esquema não
existiria.
Um total de 38 Representações Fiscais para Fins Penais também foram lavradas, nos casos em que foi
identificado fato que, em tese, configurou crime contra a ordem tributária. As Representações Fiscais
lavradas são comunicadas à Força Tarefa do MPF que, a partir delas, pode denunciar novo crime ou
confrontar os fatos apurados pela fiscalização com as informações prestadas pelos delatores.
Equipe
Para dar conta do volume de trabalho gerado pela Operação Lava Jato, a Receita Federal criou uma
Equipe Especial de Fiscalização que conta com 54 auditores-fiscais executando as auditorias, enquanto
que a Equipe Especial de Programação com mais 23 auditores-fiscais para processar, analisar e selecionar
os sujeitos passivos que serão objeto de fiscalização. Cumpre ressaltar, no entanto, que essas equipes
especiais de programação e fiscalização são ampliadas à medida que os trabalhos evoluem.
Desdobramentos
A parceira entre a Força Tarefa do Ministério Público Federal – FT/MPF e as Equipes Especiais da
Receita Federal otimiza os recursos e torna mais eficiente o resultado dos trabalhos para a sociedade.
O trabalho investigativo ganhou nova força com as representações e informações fiscais produzidas a
partir do andamento dos procedimentos fiscais instaurados.
Auditores-fiscais identificaram e representaram à FT/MPF fatos omitidos pelos delatores e pagamentos
efetuados a outras dezenas de empresas “noteiras”. Esses pagamentos teriam recursos oriundos de outros
setores não ligados ao de petróleo, tais como setor elétrico e de energia, transporte e saneamento básico.
Os fatos comunicados à FT/MPF complementam novas petições para investigação e quebra de sigilo
bancário pela via judicial, que podem resultar em novas fases da operação.
O fortalecimento das relações institucionais tem permitido a participação dos auditores-fiscais na
execução dos Mandados de Busca e Apreensão – MBA relacionados aos casos concretos em que atuam,
como ocorreu nas fases 21 - “Passe Livre”, 24 - “Aletheia”, 30 - “Vício” e 31 - “Abismo”.
Todos ganham com essa integração entre as instituições: a Receita Federal na qualidade do levantamento
de provas, já que os documentos passam, desde a triagem, por análise altamente qualificada do auditor-
Fiscal que produzirá a prova na seara tributária; o MPF, que obtém o resultado do desdobramento fiscal e
da constatação, em tese, do crime contra a ordem tributária de forma mais célere; além de toda a
sociedade, no combate à corrupção.
fonte: REVISTA FATO GERADOR - RFB 11ª EDIÇÃO
ÍNTEGRA DA REVISTA FATO GERADOR - 11ª
EDIÇÃO: http://www.slideshare.net/joseadrianopinto/rfb-revista-fato-gerador...
Prescrição atinge um terço de ações contra
políticos no Supremo
RUBENS VALENTE
CAMILA MATTOSO DE BRASÍLIA
14/11/2016 02h00
Levantamento feito pela Folha revela que um terço das ações penais concluídas no STF (Supremo
Tribunal Federal) sobre congressistas com foro na corte foi arquivado nos últimos dez anos por causa da
prescrição dos crimes.
A demora que levou à prescrição, definida pelo Judiciário quando o Estado perde o direito de condenar
um réu porque não conseguiu encerrar o processo em tempo hábil, leva em conta o andamento da ação nas
instâncias inferiores e no STF.
Os atrasos, assim, podem ter ocorrido em etapas anteriores à chegada no Supremo.
Entre os casos arquivados estão acusações contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), abertas em 2008,
2011 e 2014, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), iniciadas em 2007 e 2011, e o deputado federal Paulo
Maluf (PP-SP).
O foro privilegiado garante a detentores de alguns cargos públicos uma forma diferente de processamento
e julgamento. Em casos de crimes, eles são julgados diretamente por tribunais sem passar pela primeira
instância.
Além disso, ao ingressar ou deixar cargo com direito ao foro, o processo contra o político muda de
instância, o que pode ampliar atrasos.
No Congresso Nacional, tramitam projetos para extinguir o foro privilegiado.
No caso de Maluf, a ação começou em 2007 após acusação por suposta lavagem de dinheiro em conta na
França.
O caso veio à tona há 13 anos, quando Maluf foi detido pelas autoridades francesas ao tentar fazer uma
transferência bancária em Paris. No fim de 2015, ele foi condenado a três anos de reclusão por um tribunal
francês. O deputado recorreu da decisão.
No Brasil, porém, a causa sobre tema semelhante foi arquivada no STF em dezembro do ano passado. Ao
longo de toda a tramitação, permaneceu sob segredo de Justiça.
Trecho dessa decisão revela que a denúncia havia sido recebida há mais de 11 anos e em 2011 já "se
encontrava fulminada pela prescrição".
Para chegar ao número de 33% de ações prescritas no STF, a reportagem considerou um total de 113
causas cuja tramitação foi encerrada de janeiro de 2007 a outubro de 2016. A lista de processos foi
fornecida pelo tribunal.
A corte trabalha com o número de 180 ações encerradas no período, porém a reportagem constatou que 67
acabaram por motivos alheios ao mérito, como congressistas que perderam foro no STF pois não se
reelegeram, morte do réu e desmembramentos.
Das 113 ações encerradas, 37 tiveram a prescrição reconhecida pelo STF, muitas vezes a pedido da PGR
(Procuradoria Geral da República), e outras cinco resultaram em condenação, porém as penas também já
estavam prescritas.
Em um grupo de 41 ações, ou 36% do total, os ministros do STF decidiram, sozinhos, em turmas ou no
plenário, pela absolvição do parlamentar. Somadas todas as ações em que não houve nenhum tipo de
punição ao réu, o percentual chega a 96,5%.
Em apenas quatro houve condenação, atingindo sete políticos. Quatro foram condenados no mensalão a
regime fechado, porém em menos de um ano as penas foram mudadas para regime semiaberto, quando o
réu trabalha de dia e apenas dorme na cadeia, ou domiciliar.
Em outras duas ações, os dois condenados tiveram prisão em regime semiaberto. O quarto caso está sob
sigilo.
CÁLCULO
O cálculo para a prescrição considera a data da prática do crime e a pena máxima prevista. Quando o réu
completa 70 anos de idade, o prazo máximo cai pela metade.
Não há uma base de dados nacional que permita uma comparação com as prescrições em outras esferas.
O estudo "Justiça em números", divulgado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) no mês passado, não
traz dados nacionais de prescrições.
Em 2012, o CNJ divulgou um balanço apenas sobre casos de corrupção e lavagem de dinheiro. Para cerca
de 25,7 mil casos desse tipo analisados à época, 2,9 mil prescreveram de janeiro de 2010 a dezembro de
2011.
Com o reconhecimento da prescrição antes da sentença, o mérito da acusação não chega a ser analisado.
No Senado, tramita desde 2013 uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do senador Álvaro Dias
(PV-PR) e relatada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que abole o foro privilegiado, com
exceção de ações sobre crimes de responsabilidade.
Randolfe leu na quarta (9) o relatório que apoia a extinção do foro, que classificou de "anacrônico".
Afirmou que os ministros do STF "em muitas ocasiões são submetidos ao constrangimento público de ter
que decidir ações penais cujos crimes já tiveram suas penas prescritas".
MG - Operação 'Nota Zero' prende dois por
sonegação de impostos em Minas
Postado por José Adriano em 10 novembro 2016 às 12:00
Dois suspeitos de integrar uma organização criminosa especializada em sonegar impostos foram presos
em Minas Gerais nesta terça-feira (8). De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os
investigados criavam empresas de fachada utilizando nomes de pessoas inscritas em concursos públicos.
A dupla teria movimentado ilegalmente mais de R$ 17 milhões e os beneficiários no esquema seriam
grandes atacadistas do Ceasa, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Para combater o esquema fraudulento foi deflagrada a operação "Nota Zero", em que foram cumpridos
dois mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão em Belo Horizonte, Patos de Minas e
Confins. Os documentos foram expedidos pela Justiça de Patos de Minas.
Fraude
Com o auxílio da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF) e da Polícia Civil, o MPMG investigou um
amplo e elaborado esquema de sonegação fiscal envolvendo a constituição fraudulenta de centenas de
microempreendedores individuais (MEI).
Segundo o órgão responsável pela ação, para a criação dessas pessoas jurídicas os suspeitos pegaram
indevidamente os nomes e os dados cadastrais de mais de 200 pessoas espalhadas pelo país. Essas
informações, conforme apurado, foram obtidas mediante acesso a bancos de dados de inscrições em
concursos públicos.
Participação
De acordo com o Ministério Público, a empresa de um dos presos na operação intermediava a venda das
mercadorias supostamente comercializadas pelos MEIs. Contudo, os produtos tinham como destino final
grandes atacadistas estabelecidos na região do Ceasa. O outro preso seria responsável por coordenar as
fraudes que beneficiavam os atacadistas.
Três promotores de Justiça, 17 auditores fiscais, um delegado de polícia e 22 policiais civis participaram
da operação.
http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/opera%C3%A7%C3%A3o-nota-zero...
Ranger de dentes
"Não tenho o sentimento de que haja inocentes presos em
Curitiba", diz Barroso
8 de novembro de 2016, 19h45
"Não se muda o paradigma de impunidade fazendo mais do
mesmo", disse ministro Barroso, durante evento. Dorivan Marinho/SCO/STF
O ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, já sinalizou sua posição em relação aos
acusados na operação "lava jato". Em evento, nesta terça-feira (8/11), Barroso afirmou: “Há muito choro e
ranger de dentes, mas eu não tenho o sentimento de que haja inocentes presos em Curitiba”.
Em discurso para auditores dos tribunais de contas, em Brasília, o ministro falou sobre a operação que deu
fama ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Para Barroso, “não se muda o paradigma de
impunidade fazendo mais do mesmo”.
Segundo o ministro, a criminalidade econômica, principalmente quando envolve lavagem de dinheiro e
operações offshore, "exige técnicas modernas de investigação e adequado processamento do 'big data', isto
é, grandes quantidades de informação que precisam ser analisadas, armazenadas e acessadas com
facilidade".
Advogados apontam que as investigações sobre corrupção na Petrobras e no governo ignoram os limites
da lei ao, por exemplo, permitir grampos em escritório de advocacia, divulgação de interceptações
telefônicas envolvendo a presidente da República e a "importação" de provas da Suíça sem a autorização
necessária. Mas o Tribunal Regional Federal da 4ª deu uma espécie de “carta branca” para a "lava jato",
afirmando que os processos "trazem problemas inéditos e exigem soluções inéditas".
Recentemente, o jurista argentino Raúl Zaffaroni fez duras críticas à decisão da corte federal.
“Excepcionalidade foi o argumento legitimador de toda a inquisição da história, desde a caça às bruxas até
hoje, através de todos os golpes e ditaduras subsequentes. Ninguém nunca exerceu um poder repressivo
arbitrária no mundo sem invocar a ‘necessidade’ e ‘exceção’, mas também é verdade que todos eles
disseram hipocritamente estar agindo legitimados pela urgência de salvar valores mais elevados contra a
ameaça dos males de extrema gravidade”, escreveu, em artigo.
Para o ministro Roberto Barroso, o devido processo penal não pode ser sinônimo de processo sem fim,
mas onde houver abuso, excesso ou desvio, "cabe aos tribunais restabelecer o primado da ordem
constitucional". O ministro alerta que nenhuma área do Direito envolve mais riscos para os direitos
fundamentais do que o exercício da pretensão punitiva pelo Estado.
*Texto alterado às 14h45 do dia 9 de novembro de 2016 para correção.
Economia
A economia brasileira à beira do precipício
por Carlos Drummond — publicado 14/11/2016 00h12
As previsões para o PIB pioram, as expectativas se frustram e o País afunda na austeridade radical do
governo Temer
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Antonio Pinheiro, Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas
Foi preciso que 120 bancos, gestores de recursos, distribuidoras, corretoras, consultorias e empresas não
financeiras confirmassem, na segunda-feira 31, a piora das expectativas econômicas para o noticiário abrir
uma brecha na produção incessante de notícias otimistas. Participantes da pesquisa Focus do Banco
Central, aquelas instituições aumentaram sua previsão anterior de queda do Produto Interno Bruto neste
ano, de 3,22% para 3,30%, e reduziram a projeção de expansão do PIB, em 2017, de 1,23% para 1,21%.
As revisões apenas confirmam as análises dos economistas preocupados com as graves consequências da
austeridade fiscal radical do governo, PEC 55 incluída, na intensificação da crise. Um desses efeitos é a
queda vertiginosa da arrecadação federal de setembro em 8,27%, diante do mesmo mês de 2015. Foi o
menor recolhimento de impostos e tributos dos últimos sete anos, informou a Receita Federal.
A suposta melhora das expectativas dos empresários no início do atual governo, apoiada em presumidos
bons efeitos do arrocho fiscal na economia, não se confirmou. Ainda na segunda-feira, a Fundação Getulio
Vargas divulgou a queda da confiança em 15 dos 19 setores industriais pesquisados e a diminuição do
Índice de Expectativas do setor de serviços em 4,3 pontos, para 86,7 pontos, no maior recuo desde
setembro do ano passado. Esse rebaixamento, diz a FGV, sugere acomodação e o início de uma fase de
ajuste para baixo.
Os indicadores decepcionantes incluem o desemprego de 11,8%, segundo o IBGE. No terceiro trimestre, a
taxa foi 2,4%, a maior na crise atual. Não fosse o pequeno aumento da força de trabalho, em 0,8%, em vez
do 1,8% dos trimestres anteriores, “a taxa de desocupação atingiria 12,7%, isto é, muito além dos 11,8%
verificados pelo IBGE”, chama a atenção o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Isso
porque a taxa de desocupação é o porcentual de desocupados em relação ao total de integrantes da força
de trabalho.
A situação das empresas também é grave, com o recorde histórico de 244 pedidos de recuperação judicial
em setembro. No mês anterior, houve 137 solicitações e em setembro de 2015, 147. Nos primeiros nove
meses deste ano, o aumento acumulado chegou a 62% em relação ao mesmo período do ano passado.
Há diminuição generalizada na concessão de crédito, mas o encolhimento adquire maior magnitude para
as empresas, com recuos de 12,5% no primeiro trimestre, 13,9% no segundo e 16,4% no terceiro, mostram
dados do Banco Central e do Iedi. O crédito para a aquisição de veículos diminuiu respectivamente
20,4%, 14,5% e 7,8%. No crédito pessoal, houve retrações de 14,8%, 8% e 9,8%.
A contração dos financiamentos e as altas taxas de juro pioraram a situação financeira das firmas, com
grandes estragos a partir de 2010, mostra trabalho do Centro de Estudos do Mercado de Capitais do
IBMEC sobre o endividamento de 605 empresas não financeiras. Os dados agregados indicam
endividamento crescente entre 2010 e 2015, acompanhado de redução da relação entre geração de caixa e
despesas financeiras, com forte queda no ano passado, quando a geração de caixa passou a representar só
58% das despesas financeiras.
Os efeitos combinados da recessão, desvalorização cambial e queda dos resultados das vendas “fizeram
com que 49% das empresas apresentasse geração de caixa inferior ao valor das despesas financeiras,
porcentagem essa que era de 22,6% em 2010”. Dados do primeiro semestre de 2016 relativos somente às
companhias de capital aberto mostram um aumento da proporção com geração de caixa inferior às
despesas financeiras, de 50,2%, em 2015, para 54,9%, nos 12 meses terminados em junho de 2016. Essa
situação financeira resulta do crescimento do seu endividamento entre 2010 e 2016, combinado à queda
das vendas e redução da margem de geração de caixa, com ápice em 2015 a partir do agravamento da
recessão, do forte impacto da desvalorização cambial e da elevação da taxa de juros sobre o valor da
dívida e das despesas financeiras a ela associadas. “Com isso, metade das pesquisadas não tem conseguido
gerar caixa nem para cobrir as despesas financeiras.”
Nas exportações, saída habitual para atenuar o efeito da queda das vendas internas, a situação é
problemática, avaliam os analistas do Iedi. O saldo da balança comercial em outubro, de 2,3 bilhões de
dólares, foi o menor desde fevereiro, inclusive quando aferido pela média por dia útil. A média diária de
exportações chegou a 686,1 milhões, com queda expressiva de 10,2% diante de outubro de 2015. Essa
piora recente pode ser “um sinal dos efeitos da valorização da taxa de câmbio, que ultrapassa 20% entre
janeiro e outubro, em termos nominais”. Há outro motivo de preocupação com o desempenho da balança
comercial. O recuo da importação de bens de capital em outubro e a queda da produção interna desses
bens em setembro, de 7,2% diante do mesmo mês no ano passado, mostra que “as perspectivas para o
investimento não são das melhores”.
Entre todos os setores empresariais, a indústria é acompanhada com especial preocupação por seu papel
estratégico na inovação, no aumento da produtividade e na geração de empregos de maior qualidade. Aí
também não há notícias alvissareiras. A produção industrial cresceu 0,5% em setembro, segundo dados do
IBGE. É pouco, diante da queda de 3,5% em agosto. Além de que a elevação se limitou a 9 dos 28 setores
acompanhados pela instituição.
“Dessa maneira, restam poucas dúvidas de que foi ruim o desempenho da indústria no terceiro trimestre
do ano. A queda de 1,1% diante do segundo trimestre de 2016 interrompeu, na série com ajuste sazonal,
uma trajetória de redução das perdas iniciada na virada do ano e que já começava a dar alguma esperança
de recuperação”, concluem os redatores do informativo Análise Iedi. A queda da produção da indústria
como um todo foi de 11,5% no primeiro trimestre, 6,6% no segundo e 5,5% no terceiro.
Melhores perspectivas dependem em grande medida de uma política econômica apropriada à recuperação,
mas daí não surgem sinais animadores. O oposto é verdadeiro. O arrocho fiscal atrofiou o BNDES, único
banco fornecedor de crédito de longo prazo a taxas viáveis para os investimentos das empresas. A
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e a Federação das Indústrias de São Paulo
protestaram contra o pagamento antecipado ao Tesouro Nacional de 100 bilhões de reais transferidos ao
BNDES no governo anterior, mas o banco já respondeu que considera a medida essencial para melhorar o
desempenho fiscal e a confiança do mercado.
A quitação desidrata a linha de crédito Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame), o
dispositivo mais próximo de uma política industrial no País. Uma proposta de emenda constitucional em
tramitação no Senado prevê a retirada do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do banco público e
pretende-se liquidar a carteira da BNDESPar.
Por temor de complicações com a Lava Jato, a instituição anunciou, no mês passado, a suspensão de
pagamentos e a revisão de 47 contratos de exportação de serviços de engenharia de empreiteiras
implicadas na operação, no valor de 13,5 bilhões de reais.
Receia-se o descarte definitivo das empreiteiras nacionais por meio de relicitações dos projetos com
contratação de construtoras estrangeiras. Um cálculo desta revista estima em 31 bilhões de reais o valor de
projetos aprovados de aeroportos, rodovias e mobilidade urbana, com capacidade de gerar 900 mil
empregos, parados porque o financiamento com o BNDES contratado com as vencedoras das licitações
não sai, por estarem envolvidas na Lava Jato.
A obstinação do governo em impor uma austeridade anacrônica e muito além da capacidade de absorção
da economia e da sociedade é garantia de perenização de uma crise, em boa medida, desnecessária.
*Reportagem publicada originalmente na edição 924 de CartaCapital, com o título "Um verso a partir da
dor". Assine CartaCapital.
Por que a vitória do republicano pode ser devastadora para
o futuro dos Estados Unidos e como sua eleição ameaça a
estabilidade política e econômica do mundo
João Lóes, Mariana Queiroz Barboza
11.11.16 - 09h43 - Atualizado em 11.11.16 - 17h28
Donald Trump já era um famoso empresário do ramo imobiliário nos Estados Unidos quando estreou um
programa de tevê em que demitia participantes até contratar o finalista. O jogo foi um sucesso e virou uma
franquia, ganhando versões inclusive no Brasil. Doze anos depois, o excêntrico apresentador de 70 anos
pediu aos americanos que o contratassem. Como presidente, ele traria de volta os anos de prosperidade.
Faria a “América grande de novo”. Os eleitores compraram essa ideia e o escolheram como o próximo
presidente do país, contrariando os prognósticos que davam como certa a vitória da experiente, mas
desgastada, Hillary Clinton.
Protestos começaram com estudantes de Oakland, Califórnia, e se espalharam por cidades como Nova
York, Chicago e Seattle. Nos cartazes, um convite para lutar contra o racismo (que atinge negros,
muçulmanos, imigrantes e outras minorias) que o presidente eleito tantas vezes propagou em comícios e
entrevistas. Para eles, Trump representa mais um perigoso degrau na escalada do ódio, que tem se
espalhado por diversos países. O voto pela ruptura com a União Europeia expôs profundo ressentimento
dos britânicos com os imigrantes e a globalização. A xenofobia travestida de nacionalismo impulsiona o
apoio crescente a radicais de extrema-direta, como Marine Le Pen, na França, e a Alternativa para a
Alemanha. No mercado financeiro, que apostava na vitória de Hillary Clinton, os principais índices caíram
com a ansiedade gerada na madrugada da quarta-feira 9. O peso mexicano despencou mais de 7%.
No último ano e meio, Trump surpreendeu o público de diversas maneiras. Desde que foi eleito,
surpreendeu de novo ao adotar um tom conciliador. “Serei presidente para todos os americanos”,
discursou em Nova York, momentos após a confirmação da vitória. “Trabalhando juntos, vamos começar
a tarefa urgente de reconstruir nossa nação e renovar o sonho americano.” Depois do encontro com Barack
Obama na quinta-feira 10, o republicano afirmou que gostaria de ter o presidente como conselheiro,
marcando o início de uma transição pacífica, em contraste com a campanha mais polarizadora da história
recente do país. “Devemos a Trump uma mente aberta e uma chance de governar”, disse Hillary,
emocionada, ao reconhecer a derrota.
Ninguém sabe quem será o Trump presidente. Um estranho dentro de seu próprio partido, o empresário é
o primeiro presidente desde Dwight Eisenhower (general que governou entre 1953 e 1961) a se eleger sem
ter construído uma carreira política. Na corrida presidencial, mentiu sem pudor, inventou números,
escondeu sua declaração de impostos, prometeu coisas que estarão fora de sua alçada de poder. Na Casa
Branca, talvez ele seja um moderado – não é religioso como os membros do Tea Party –, talvez se iluda
com a confiança que recebeu.
Tamanha inconstância e falta de clareza também se manifestam no projeto de política internacional que
seu governo pode colocar em prática a partir de 20 de janeiro de 2017. “Trump é um homem
imprevisível”, diz Carol Graham, analista do Instituto Brookings. “Torço para que o dia-a-dia no governo
modere seu discurso e que as instituições funcionem para colocar limites no que ele pretende fazer.”
Pouco detalhado, o plano de Trump tem como mote a máxima “America First” (ou “América Primeiro”,
em tradução livre) e pode acabar com mais de sete décadas de protagonismo geopolítico americano pelo
mundo. Em linhas gerais, o plano prevê a retirada, nem sempre gradual, dos EUA da arena internacional
nas suas mais variadas frentes.
Com isso, o país que era visto como uma força de estabilidade passa a ser poço de instabilidade. Sob
Trump, os EUA podem encerrar mais de 20 anos de prosperidade econômica de seu maior aliado na
América Latina: o México. Para além do muro, que nos moldes propostos pelo republicano seria
impossível de construir, há perspectiva de revisão ou invalidação do Tratado Norte-Americano de Livre
Comércio, um dos grandes eixos de diálogo entre os dois países. “Uma relação que era excelente passará a
ser muito difícil”, diz Roberto Abdenur, embaixador do Brasil em Washington de 2004 a 2006 e membro
do conselho do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Em campanha, Trump chegou a dizer que
pretendia deportar dois milhões de criminosos mexicanos – um número que ninguém sabe, ao certo, de
onde veio.
A simpatia mútua de Trump e o presidente russo, Vladimir Putin,
pode ter reflexos na Síria. Washington tem apoiado os
rebeldes, mas Putin quer manter Assad no poder
Em linha com a agenda de rupturas, Trump também anunciou que pretende exigir que os 28 aliados que
compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma das mais bem sucedidas alianças militares
da história, paguem pela proteção que recebem dos EUA – isso também serve para o Japão, aliado
histórico que abriga mais de 20 bases americanas. O temor é de que, com o abandono dos americanos, a
China amplie sua área de influência e a Rússia ganhe força no Leste Europeu, anexando nações como
Estônia, Letônia e Lituânia, como já aconteceu com a Crimeia e partes da Ucrânia. “O que Trump parece
não entender é que proteger esses países não é um favor que o Pentágono faz”, afirma o embaixador
Abdenur. “Protegê-los é estratégico para o próprio país.”
Dos temas que mais preocupam os aliados tradicionais dos americanos, a boa relação com o presidente
russo, Vladimir Putin, ocupa o topo. “A Rússia foi um dos primeiros países a parabenizar Trump pela
vitória”, lembra Graham, do Instituto Brookings. “O presidente eleito admira Putin e Putin o admira.” A
simpatia mútua pode refletir nos rumos da Guerra da Síria. Nos últimos anos, os EUA apoiaram os
rebeldes contra o presidente Bashar al-Assad, amigo de Moscou. Agora, há espaço para Washington
apoiar uma solução para o fim da guerra que inclua a manutenção de Assad no poder, hipótese que
horroriza a União Europeia e as instituições de defesa dos direitos humanos. Permitir a expansão da
influência russa no continente estaria em linha com a ideia de não intervenção que parece permear a
política externa de Trump e que pode se manifestar até numa das grandes bandeiras do republicano: o
combate ao grupo Estado Islâmico (EI). Como Trump tem mostrado pouca disposição para entrar em
novos conflitos, o entendimento entre os especialistas é de que seus esforços para derrotar os terroristas se
limitarão a dar continuidade à operação militar em Mossul, no Iraque, iniciada por Obama.
AUTÊNTICO
Trump subverteu a maneira de fazer campanha. Assumiu a figura de falastrão como sendo sua verdadeira
personalidade, sem máscaras. No meio do caminho, falou demais, ofendeu de mexicanos a deficientes
físicos. Reduziu mulheres às suas características físicas. Contrariou assessores, suprimiu o politicamente
correto. Desafiou a cúpula partidária, intimidou jornalistas e colocou em dúvida a credibilidade do sistema
eleitoral americano. No último debate com Hillary Clinton, chegou a sugerir que não aceitaria o resultado
das urnas se elas apontassem para a vitória da democrata. Investiu um terço do que Hillary colocou em
anúncios de tevê, mesmo porque também arrecadou bem menos dinheiro. Ela levantou US$ 513 milhões,
ele, US$ 255 milhões. Entre os poucos grupos que o apoiaram publicamente, o mais ruidoso foi a
Associação Nacional de Rifles, principal lobista da venda e do porte de armas no país – mas mais
importante que tudo isso: Trump ganhou muita mídia espontânea. Até março, quando ainda disputava as
primárias, recebeu o equivalente a US$ 2 bilhões em cobertura gratuita, nos cálculos do jornal The New
York Times.
O presidente eleito subverteu a maneira de fazer campanha.
Ao assumir a figura de falastrão, falou demais, mentiu,
ofendeu mexicanos, mulheres e deficientes físicos
Com esse aparato, a imagem de autêntico colou. Apesar dos inúmeros comentários sexistas que fez nos
últimos meses e durante toda a carreira – sobretudo, no período em que foi dono de concursos de beleza –,
Trump obteve mais da metade dos votos das mulheres brancas, uma fatia do eleitorado que se mantém fiel
ao Partido Republicano. Isso não dissipou, contudo, as desconfianças sobre o efeito que seu governo teria
nos direitos das mulheres. “A Presidência de Trump será devastadora para nós”, disse à ISTOÉ a texana
Gloria Feldt, presidente do “Take the Lead” (“Assuma a liderança”), movimento que incentiva a
participação feminina em posições de liderança. “A começar pela Suprema Corte. Ele vai nomear ao
menos um juiz, que deverá se opor aos direitos reprodutivos.” Segundo Gloria, isso inclui o aborto, mas
também se traduz em resistência a ações afirmativas, como uma legislação que garanta a igualdade de
remuneração entre homens e mulheres. “O futuro dos direitos femininos não estará no nível federal, mas
nos Estados”, afirma.
Os conservadores representados pelos republicanos, que agora também têm maioria na Câmara e no
Senado, foram muito questionados ao longo do último ciclo eleitoral. A transformação demográfica pela
qual os EUA passam, com o aumento da proporção das minorias na população, é considerada prejudicial
ao partido, fortemente ligado aos homens brancos. “Os democratas confiaram muito que haveria uma onda
de votos latinos”, afirma Sherry Jeffe, professora da Universidade do Sul da Califórnia, uma das poucas
instituições que previu a vitória de Trump. “Mas isso vai demorar mais tempo para acontecer do que eles
gostariam.” Sherry argumenta que os jovens latinos são cada vez mais significativos dentro do eleitorado
americano e, em geral, eles se identificam mais com os democratas. O problema é o comparecimento às
urnas: Hillary não era a candidata que os faria sair de casa para votar.
“Nós devemos ser capazes de resolver o problema
fiscal do Brasil sem aumento de impostos. Ponto”
Com um olho na votação da PEC 241 no Senado e o outro na elaboração da reforma da previdência,
o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, promete muito diálogo para convencer a sociedade da
necessidade dos ajustes. Meirelles falou à DINHEIRO na segunda-feira 7, em seu gabinete, em
Brasília.
11/11/2016 17:00
// Por: Luís Artur Nogueira
Qual é o cronograma ideal: aprovar a PEC dos gastos no Senado e depois apresentar a reforma da
previdência ou as duas coisas simultaneamente? Essa foi uma discussão importante há alguns meses, mas agora já estamos na fase final da PEC. O
cronograma prevê a votação em primeiro turno no Senado no dia 29 de novembro e o segundo turno no
dia 13 ou 14 de dezembro. Em dito isso, a apresentação da Reforma da Previdência pode ser feita um
pouco antes ou um pouco depois, pois a essa altura tem menos relevância. Pode ser feito, por exemplo, no
início de dezembro, um pouco antes da votação em segundo turno ou logo depois do segundo turno. Não
serão uma ou duas semanas que farão diferença. O importante é que o projeto já está em andamento. Nós
estamos fazendo uma agenda intensa de trabalho para a Reforma da Previdência, a essa altura com a
participação do presidente Temer, do ministro Padilha, do secretário da previdência, Marcelo Caetano, e
também de alguns técnicos da Casa Civil. Está indo muito bem. Acreditamos que até o final deste mês ou
início de dezembro já teremos a proposta pronta para ser apresentada. Ela está em elaboração, mas muito
avançada.
Qual é a maior dificuldade da Reforma da Previdência Social? Não acredito que tenha dificuldade específica, não. O que acontece é que é uma emenda constitucional
importantíssima e complexa. Lida com uma vasta gama de assuntos e com várias implicações de ordem
constitucional. É a idade mínima, sim, mas a questão da transição. Depois tem a questão das pensões,
dupla pensão, pensão por morte etc. É um projeto complexo que afeta diretamente as pessoas e, portanto,
tem de ser tratado com muito cuidado e de uma forma que vai muito além de simplesmente achar uma
fórmula tecnicamente correta. Isso demanda um expressivo número de conversas, negociações, inclusive
com centrais sindicais. Mesmo quando não se chega a um acordo, é importante que haja a negociação com
setores da sociedade. Hoje estamos amadurecidos já fazendo a proposta. Mesmo em países muito
conservadores e com a tradição histórica de seriedade fiscal, como é o caso da Alemanha, o projeto de
Reforma da Previdência demorou um longo tempo, complexo, foi muito debatido como deve ser. Normal.
Eu recebo às vezes e-mails interessantes de algumas pessoas. Não muitos. Até esperava muito mais. Um
dizia o seguinte: “eu já fiz plano durante muito tempo de me aposentar aos 54 anos e agora, com essa
reforma, eu vou ter de trabalhar mais alguns anos e eu não gosto desta ideia, pois afinal de contas eu não
gosto de trabalhar. Eu prefiro me aposentar e gozar a vida”.
O que o sr. responde? É muito simples. É mais importante para você ter a oportunidade de se aposentar um pouco mais cedo e,
talvez, receber ou ter a certeza de que vai receber a aposentadoria mais tarde?
E tem réplica ou tréplica? Não.
Será a batalha de comunicação mais difícil de todas? Eu acho que sim. É assim em qualquer país. Se você olha a experiência de países que já fizeram, de países
europeus, é um desafio importante do ponto de vista da comunicação, pois atinge todas as pessoas. Levar
esse outro lado da questão de que alguém paga tudo isso e que esse alguém, em última análise, é você
mesmo. Aliás, nesse aspecto é didático o que está acontecendo no Rio de Janeiro, onde para manter a
previdência pública dos funcionários do Rio de Janeiro, o governo teve de aumentar a contribuição para
que haja fundos para pagar. Essa ideia de que aquilo alguém recebe alguém paga é a ideia que começa
com a PEC dos gastos. Por isso, eu acho que a aprovação da PEC dos gastos antes é fundamental. Quando
todos entendem que as despesas públicas não podem subir sem controle, daí as contas ficam simples. Se
não fizer a Reforma da Previdência, a Previdência vai ocupar, no devido tempo, todo o espaço adicional
do teto dos gastos e vai passar a comprimir as outras despesas. É muito fácil primeiro para os
parlamentares entenderem isso e depois para a população em geral.
Qual análise que o sr. faz do pacote do Rio de Janeiro? Acho que é um pacote necessário, não há dúvida. Não nos compete discutir os detalhes do pacote, se a
questão aqui é o imposto que subiu ou o problema dos funcionários. Mas é um pacote responsável e eu
acho que o Rio de Janeiro é, evidentemente, um dos Estados que estão em situação pior, mais dramática.
Por outro lado, mostra uma disposição importante, uma coragem do governo de enfrentar o problema. É
um bom exemplo, inclusive, para os demais Estados.
Vocês vão usar esse exemplo na batalha de comunicação? Sim, não há dúvida. O governo não vai entrar necessariamente na batalha da comunicação do Rio de
Janeiro, que já está fazendo um grande trabalho nesse aspecto, mas certamente é um exemplo de que não
há recurso público que, em última análise, não seja pago pelos contribuintes. Quem prove os recursos
públicos para financiar qualquer despesa pública são os contribuintes, seja através de imposto, seja através
de dívida, financiando o governo através da compra de títulos do Tesouro Nacional.
Os governadores estão ligando muito para o sr. pedindo ajuda? Não.
Não ligam por que o sr. não vai ajudar ou por que eles não estão precisando? São duas coisas diferentes. Os Estados estão numa situação financeira muito difícil. Só que já tem um viés
quando se diz que eles precisam de ajuda da União. Não. Eles precisam fazer planos de ajuste muito
sérios. Fui procurado várias vezes no início do processo e logo depois da renegociação da dívida dos
Estados com a União e a minha resposta é muito simples. Todos os brasileiros, sejam consumidores,
trabalhadores, empresários, governos dos Estados, dos municípios e federal, estão tendo problemas
financeiros graves, produtos da crise econômica que leva à queda da arrecadação, do faturamento etc.. A
solução para todos está no aumento da atividade econômica, que vai levar ao aumento da arrecadação. E,
para isso, nós temos de controlar o déficit público federal, que é a raiz de todos esses problemas. Se para
tentar evitar ou mitigar os efeitos da doença, nós aplicamos um tratamento que pode mitigar alguns
efeitos, mas piora a doença, nós estamos, em última análise, piorando a situação do paciente.
No problema fiscal dos Estados, a culpa é da crise ou foi má gestão? Acho que são as duas coisas. A crise é o que agudiza o processo. Não há ente público em qualquer país do
mundo que passe imune a uma recessão com contração de produto (PIB) ao redor de 7% em dois anos.
Não há como, levando em conta, inclusive, que a arrecadação cai mais que o PIB. É só ver a série
histórica. Quando o PIB sobe, a arrecadação também sobe mais. Então, nesse sentido, é necessário um
aumento da arrecadação, que é consequência do aumento da atividade econômica.
E não do aumento de impostos? Não do aumento de impostos porque, no momento em que a atividade econômica está caindo, a história
mostra que aumentar a tributação com a economia em queda, como estamos, isso piora a atividade
econômica e, em consequência, cai a arrecadação. Nós precisamos ter cortes de despesas. Poderia-se, em
tese, falar em aumento de imposto depois de um período razoável de crescimento, se for o caso, porque a
tributação no Brasil, de qualquer maneira, é muito alta.
Quanto é um período razoável? Nós devemos ser capazes de resolver o problema fiscal do Brasil sem aumento de impostos. Ponto. É pior
numa hora de contração. É contraindicado em recessão. Por outro lado, a tributação brasileira é alta em
comparação com todos os países com igual nível de renda e, portanto, já começa atingir limites de
eficiência. A ideia no geral é que seja possível, a médio e longo prazo, termos uma queda nas despesas
públicas brasileiras como percentagem do produto (PIB) e, numa etapa seguinte, uma queda da dívida
pública como percentagem do produto sem aumento de impostos. Em dito isso, não há nenhuma postura
ideológica contra aumento de impostos. Se por qualquer razão for necessário, o governo está disposto a
fazer. Agora, a nossa visão é de que não é necessário e seria negativo neste momento.
Os empresários pleiteiam um novo Refis. Há alguma chance? No momento, não. Não estamos estudando isso, inclusive porque o Refis tem algumas vantagens, permite
uma renegociação das dívidas, alivia a situação das empresas e muitas podem começar a pagar, mas por
outro lado o Refis tem funcionado no Brasil como um grande incentivo para as empresas não pagarem
impostos, esperando o próximo Refis. Então, no momento em que você começar a reestrutura as dívidas
tributárias em condições favoráveis, alguém que está pagando em dia vai questionar por que eu sou o
punido, pagando à vista, sem desconto, sem taxas favoráveis para beneficiar outros. Então não vou pagar
também e aguardar o próximo Refis. Então é importante que essa mensagem seja claramente dada. Com a
atividade econômica se recuperando, com o tempo as companhias aumentam as vendas e a receita, e
voltam a pagar os impostos.
Mesmo o fato de ser a maior recessão da história não justificaria um Refis? O problema é que para sairmos desta recessão nós precisamos cortar as despesas primárias e arrecadar
mais tributo. Para isso, é importante que a meta de primário seja atingida neste e nos próximos anos. E,
portanto, é fundamental que não haja neste momento nenhum incentivo a esse tipo de concessão, inclusive
porque a experiência recente do Brasil mostra que esse expediente de Refis, isenções e desonerações,
exaustivamente usado nos últimos anos, não aumentou a atividade econômica. Acho que já chegamos no
limite para isso.
Os exportadores querem saber se o governo vai deixar o dólar baixar de R$ 3... A experiência mostra que diversos países têm fracassado em tentativas de controlar a taxa de câmbio,
inclusive o Brasil. O Brasil tentou isso na segunda metade da década de 90 e acabou tendo que abandonar
o sistema em 99, inclusive quando o mercado passou por cima do Banco Central. O Banco Central fixou
uma banda e o mercado apostou contra e ganhou, repetindo o que já tinha acontecido no Reino Unido,
onde existia um câmbio fixo e o mercado apostou contra e ganhou. Esse episódio, inclusive, fez a fama e a
fortuna do George Soros. Há exemplos na Argentina. É inevitável que, principalmente em países que
tenham câmbio livre, metas de inflação, preços livres e mercados funcionando normalmente, você não
consiga controlar um preço chave da economia, o câmbio, que é produto de um fluxo enorme de
transações. Países que têm regime fechado conseguem controlar várias coisas, até o câmbio. Só que esses
países fechados tendem a ter uma administração extremamente ineficiente da economia e, portanto,
terminam por, gradualmente, ter de abandonar não apenas o câmbio, mas todo um controle. Quanto mais
sofisticada vai se tornando uma economia, mais necessária é a abertura dos mercados para uma melhor
fixação de preços, aumento da eficiência etc. É normal que o governo vá cada vez intervindo menos. Nós
temos visto isso em diversos países do mundo, inclusive hoje em dia. Mas o fato concreto é que não é
viável esse controle do câmbio por um período prolongado. Pode ser temporariamente. Além disso, a
história mostra que têm grandes saltos comerciais são países muito eficientes e alguns deles com o câmbio
livre e até valorizados, como é o caso da Alemanha. A Alemanha, com o euro, consegue saldos comerciais
enormes e não está pensando em fazer uma desvalorização competitiva do euro para crescer o PIB.
Portanto, a solução para o Brasil não é tentar resolver o problema da baixa produtividade via intervenção
no mercado de câmbio, mas, sim, endereçar a questão da baixa produtividade.
E aí entra a infraestrutura, que no caso da Alemanha é ótima? Você tem toda a razão. É o grande problema. O custo do transporte no Brasil é muito elevado. Se
comparar com outros países, o Brasil está bem atrás, junto com países notoriamente deficientes nesta área.
E mesmo pior do que alguns vizinhos. O custo de energia, também. São dois insumos fundamentais,
energia e transporte. Tudo isso faz com que o investimento em infraestrutura seja fundamental. O
programa já está em andamento e é prioridade. Mas existem outras questões como uma que o Banco
Mundial chama de Ease of Doing Business e que eu estou chamando de produtividade da economia. O
Brasil está na posição número 123. É difícil produzir no Brasil. E caro. Tem questões trabalhistas e de
toda ordem. Há um número enorme de pequenos itens como licença de Corpo de Bombeiros municipal e
registro do estatuto em juntas comerciais. Nós já fizemos um acordo com o Banco Mundial, em
Washington, para fazer um grupo de trabalho formado por especialistas do Banco Mundial nessas medidas
e soluções, e o Ministério da Fazenda. Já começamos esse trabalho. Vamos, nas próximas semanas, definir
os itens para atacar um a um. É uma desburocratização ampla.
Todo governante fala em desburocratização. Por que vai ser diferente agora? É a mesma pergunta que faziam com a PEC. Havia desconfiança. Eu digo que o País já está preparado
para isso. A crise gerou demanda por mudanças. Em segundo lugar, a capacidade de negociação deste
governo e o apoio que ele tem no Congresso é sem paralelo na história recente do Brasil. É um governo
que tem no seu comando ex-parlamentares com grande trânsito no Congresso.
O Brasil rever o tamanho das reservas cambiais, que têm um custo fiscal? Isso é algo relativo ao Banco Central. Eu, como ex-presidente do Banco Central, respeito muito as
prerrogativas do Banco Central. É, evidentemente, uma decisão muito complexa na medida em que, de um
lado, as reservas têm custo e, de outro lado, você tem uma garantia de estabilidade nos mercados cambiais.
Isso é difícil de medir. É aquela história. Você sabe quando você tem estabilidade cambial. Você sabe
quando você não tem. No meio, é difícil. A partir de qual valor de reserva você perde? É difícil de medir.
Existem estudos teóricos, mas não são testados na prática. A grande verdade é que, de fato, é caro, mas,
por outro lado, eu me lembro do ex-ministro Mario Henrique Simonsen que dizia que inflação aleija e
câmbio mata. Então significa que não se brinca com câmbio. Basta lembrar das crises cambiais.
Como o sr. está acompanhando a mudança nos Estados Unidos? Evidentemente qualquer mudança de orientação por parte dos Estados Unidos afeta o mundo todo.
Acompanhamos com atenção, esperando que não haja ações posteriores que possam criar problemas para
o restante do mundo de qualquer ordem, seja militar, seja econômica. Evidentemente um programa de
descontinuação das negociações de abertura comercial é negativo para todo mundo, inclusive, para os
próprios Estados Unidos. Eu acho que a abertura comercial beneficia a todos. Em dito isso, o importante é
que nós estejamos preparados para qualquer situação que possa evoluir nos Estados Unidos, na Europa ou
no Oriente Médio.
Há alguma crise à vista no mundo? Alguns fundos de investimentos começam a falar que a próxima crise poderia ser maior que a de 2008,
criada pelo excesso de liquidez no mercado. Eles já estão preocupados com isso. E o que o Brasil vai
fazer? Só podemos fazer uma coisa. Estar com a economia bem preparada para isso. Por que o Brasil se
saiu bem na crise de 2008? Porque a economia estava bem, crescendo, e o fiscal estava em ordem. A
inflação estava ancorada, tínhamos reservas, depósito compulsório e um sistema financeiro sólido. Por
isso precisamos do ajuste fiscal.
Quando o Brasil pode retomar o grau de investimento? Acho que vai depender muito da velocidade do ajuste fiscal. Uma aprovação da PEC neste ano, como
projetamos, e a Reforma da Previdência no ano que vem e outras complementares que serão importantes,
além das medidas de aumento de produtividade etc., tudo isso eu acho que pode levar, sim, à volta do grau
de investimento. Eu tenho uma atitude para isso, desde quando eu trabalhava no setor privado, numa
instituição que também tinha rating. Minha preocupação não é a agência de rating. Eu faço o meu trabalho
e deixo que as agências façam o trabalho delas. E o tempo das agências é o tempo das agências e o meu
tempo é o meu tempo. E isso tem dado muito certo. Tanto que eu fui uma das primeiras pessoas no
governo que recebeu a notícia de que o País havia se tornado investment grade, em 2008. Me ligaram num
gesto de deferência porque eu tenho excelentes relações. A minha ideia é a seguinte: quanto mais cedo,
melhor. Eu entendo o trabalho deles, que tem que ser bem feito. No fundo, eles têm de avaliar o que nós
estamos fazendo aqui. Já foi resolvido o problema, isto é, as medidas fundamentais de ajuste já foram
tomadas? A trajetória das despesas públicas já entrou numa decrescente em relação ao PIB? Os projetos
de produtividade estão em andamento? A economia já está crescendo? Então, eu tenho certeza de que, na
hora em que o País estiver funcionado bem, as agências vão simplesmente bater o carimbo.
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Leia mais em "O olhar de Meirelles para 2017"
dez horas
Justiça manda Gol indenizar família que comeu só biscoitos durante voo
Empresa não teria disponibilizado refeições adequadas em
viagem de férias para Punta Cana, na República
Dominicana
Gol terá que indenizar família em R$ 26 mil
PUBLICADO EM 07/11/16 - 13h33
Agência Estado
Uma família de Itajaí, em Santa Catarina, vai ser indenizada em R$ 26 mil pela companhia aérea Gol. A
empresa não teria disponibilizado refeições adequadas em viagem de férias para Punta Cana, na República
Dominicana. O caso ocorreu no réveillon de 2012.
A família embarcou em Curitiba pela manhã e desembarcou em Guarulhos onde faria a conexão para o
destino final. Mas o voo atrasou e todos tiveram que permanecer por duas horas dentro da aeronave até a
decolagem, sem acesso à alimentação adequada.
A viagem até Punta Cana durou mais sete horas.
A 1.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina manteve a condenação, por
unanimidade, da companhia aérea na terça-feira 25 de outubro. Para o relator da apelação (número
0001262-52.2014.8.24.0033), desembargador Jorge Luiz de Borba, "além de não cumprir com suas
obrigações de assistência material no atraso, a empresa deixou de oferecer alimentação adequada e
proporcional ao tempo de espera".
"Os autores anexaram ao processo registros de outros consumidores, que estavam na mesma viagem, na
página eletrônica 'reclame aqui', especializada nesse tipo de controvérsia, confirmando os fatos", concluiu
o magistrado.
Jorge Luiz de Borba destacou que a companhia aérea "somente poderia se isentar dos danos morais caso
comprovasse culpa exclusiva da vítima ou motivo de força maior, o que não foi provado".
A Gol Linhas Aéreas informou que não comenta decisões judiciais.
A Jornada de Trabalho do Motorista Está
Regulamentada e Deve ser Obedecida
07/11/2016 Portal Tributário
Conforme a Lei 12.619/2012, alterada pela Lei 13.103/2015, integram esta categoria profissional os
motoristas de veículos automotores cuja condução exija formação profissional e que exerçam a profissão
nas seguintes atividades ou categorias econômicas:
I – de transporte rodoviário de passageiros;
II – de transporte rodoviário de cargas.
A jornada de trabalho do motorista é de 8 horas diárias e 44 horas semanais (art. 7º inciso XIII da CF), salvo
disposição mais favorável em acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Poderá ser prorrogada a jornada de trabalho por até 2 horas extraordinárias, sendo considerado como
trabalho efetivo o tempo que o motorista estiver à disposição do empregador, excluídos os intervalos para
refeição, repouso, espera e descanso.
A convenção e acordo coletivo poderão prever jornada especial de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta
e seis) horas de descanso nos seguintes casos:
Em razão da especificidade do transporte;
Em razão de sazonalidade;
Em razão de característica que o justifique.
Portanto, havendo excesso de jornada de modo a violar a previsão legal, o empregador poderá ser condenado
ao pagamento não só do valor das horas extraordinárias, mas também de danos morais, conforme notícia
recente publicada no TST que condenou a empresa por impor jornada exaustiva ao empregado, conforme
abaixo.
TRANSPORTADORA É CONDENADA POR IMPOR JORNADA DE TRABALHO EXAUSTIVA
A MOTORISTA
Fonte: TST – 07/11/2016 – Adaptado pelo Guia Trabalhista
A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho restabeleceu sentença que deferiu R$ 25 mil de
indenização por dano moral a um empregado de uma empresa paulista de cargas, que realizava jornada de
6h às 20h e ainda tinha o intervalo intrajornada reduzido parcialmente. Ele exercia na empresa as funções
de motorista de rodotrem, transportando ácido sulfônico, em escala 4×2.
Veja jurisprudência recente sobre a referida escala:
AGRAVO DE INSTRUMENTO . HORAS EXTRAS. JORNADA DE 12 HORAS NA ESCALA 4X2.
PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE. Demonstrada a afronta ao artigo 7º, XIII, da
Constituição da República, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento, a fim de determinar o
processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE REVISTA HORAS EXTRAS. JORNADA DE 12
HORAS NA ESCALA 4X2. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE. 1. Nos termos da
jurisprudência pacífica desta Corte superior, consagrada na Súmula n.º 444, admite-se,
excepcionalmente, a jornada diária de doze horas de trabalho, desde que na escala de 12 por 36 e
somente se adotada mediante norma coletiva ou por força de previsão legal, porquanto considerada,
nestes termos, deveras benéfica ao trabalhador. 2. Inválida, por conseguinte, a referida jornada de doze
horas de trabalho diário se não observados tais requisitos. Nesse sentido, a jornada de trabalho de doze
horas na escala 4×2, ainda que prevista em norma coletiva, não encontra respaldo no artigo 7º, XIII, da
Constituição da República, porquanto sempre extrapola a jornada diária e semanal sem haver
compensação. 3. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST – RR: 2543009020095020046. Data de
Julgamento: 09/03/2016, Data de Publicação: DEJT 11/03/2016).
A verba indenizatória, fixada inicialmente pela Vara do Trabalho de Indaiatuba (SP), havia sido excluída
pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (SP). No entendimento regional, a empresa somente
tem obrigação de reparar dano moral quando o empregado demonstrar os prejuízos decorrentes de ato
ilícito do empregador.
Em recurso de revista para o TST, o motorista sustentou que o trabalho extenuante “é prejudicial ao
trabalhador, em função da fadiga e cansaço, podendo ser causa para acidente de trabalho ou acarretar
doença profissional”. Ainda segundo ele, a situação “afeta o convívio familiar e produz danos diretos a
seu lazer, saúde e segurança”.
Segundo o relator que examinou o recurso, ministro Alberto Bresciani, “a sociedade brasileira assumiu
solenemente perante a comunidade internacional o compromisso de adotar uma legislação trabalhista
capaz de limitar a duração diária e semanal do trabalho”. Em sua avaliação, as regras de limitação da
duração da jornada semanal “têm importância fundamental na manutenção do conteúdo moral e
dignificante da relação laboral, preservando o direito ao lazer, previsto constitucionalmente”.
Para o magistrado, é fácil perceber que o descumprimento das normas que limitam a duração do trabalho
pelo empregador “não prejudica apenas os seus empregados, mas tensiona para pior as condições de vida
de todos os trabalhadores que atuam naquele ramo da economia”.
Reconhecendo a ocorrência do dano moral, o relator restabeleceu a sentença que condenou a empresa
indenizar o trabalhador com R$ 25 mil pelo dano causado. A decisão foi por unanimidade. Processo: RR-
3030-13.2013.5.15.0077.
Belo Horizonte é a 4ª capital mais endividada
A capital mineira ficou depois de Cuiabá e da vice-líder, Rio de Janeiro, de acordo com
estudo feito pelo Tesouro Nacional envolvendo longa análise das contas públicas de 24
capitais. São Paulo é a mais endividada entre as metrópoles brasileiras
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Capital mineira gastou 47,8% com pessoal, ficando distante do grupo das nove cidades reprovadas (foto:
Leandro Couri/EM/D.A Press)
Brasília – Estudo feito pelo Tesouro Nacional envolvendo longa análise das contas públicas de 24 capitais
indicou a cidade de São Paulo como a mais endividada entre as metrópoles brasileiras. Belo Horizonte
ficou em quarto lugar, depois de Cuiabá e da vice-líder, Rio de Janeiro, de acordo com boletim divulgado
ontem. Para definir o ranking, o Tesouro considera o endividamento medido pela relação entre a dívida
consolidada de cada capital e a receita corrente líquida, relativas a 2015. No caso de São Paulo, o
indicador foi de 204,3% e para a capital mineira, a dívida consolidada, que reúne todas as fontes de
endividamento, representou 53% da receita.
Em segundo lugar, o Rio teve uma relação de 87,73% entre as duas contas. “São Paulo aparece em
primeiro lugar isoladamente como o ente mais endividado entre as capitais”, reforça o documento do
Tesouro Nacional. A capital com melhor indicador é Macapá (AP). A média entre as capitais é de 36,68%.
BH contou com receite corrente líquida de R$ 8,394 bilhões no ano passado, sendo de 48% a parcela de
arrecadação própria, de R$ 4,042 bilhões, incluídos os tributos ISS, incidente sobre as operações relativas
aos serviços, e IPTU, o Imposto Predial e Territorial Urbano (veja o quadro).
As despesas da cidade somaram R$ 8,128 bilhões, dos quais R$ 3,883 bilhões consistiram nas despeas
com pessoal. O endividamento da capital mineira somou R$ 4,128 bilhões, dos quais 65% se referiram a
contratos com bancos no país, principalmente o Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal. Outros 25,8% foram contraídos junto ao
Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os precatórios representavam 9%
do total, ainda de acordo do Tesouro Nacional.
O Tesouro Nacional divulgou o quadro fiscal dos 146 maiores municípios do país, com população
superior a 200 mil habitantes em 2015. O relatório mostra que nove entre 24 capitais brasileiras
consideradas tiveram gastos com pessoal acima do limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF). A norma permite que os estados e municípios gastem 60% de sua Receita Corrente Líquida (RCL)
com o pagamento da folha dos três poderes.
BH ficou na 22ª posição, com gastos de 47,8% relativos a pessoal. No topo está Macapá (AP), que gasta
acima de 75% de sua receita com pessoal. Estão na lista também Rio de Janeiro, Florianópolis, Natal,
Maceió, João Pessoa, Porto Velho, Campo Grande e Goiânia. Em relação ao outro indicador de saúde
fiscal da LRF, que considera o nível de endividamento, o maior comprometimento da receita com a dívida
consolidada líquida está em São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá, nessa ordem.
SÉRIAS DIFICULDADES O relatório do Tesouro Nacional mostra que as grandes cidades do país
apresentaram sérias dificuldades fiscais no ano passado: em relação a 2014, as receitas correntes subiram
6,81% ou R$ 15,68 bilhões, bem abaixo da inflação acumulada no período, de 10,67%. Segundo o estudo,
os principais impostos arrecadados pelos prefeitos, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
e o IPTU tiveram, ambos, quedas reais (descontada a inflação).
As despesas correntes e de capital subiram, em termos nominais, 5,99% e 2,28%, respectivamente. Os
gastos com pessoal aumentaram 8,29% e as despesas com juros e encargos da dívida tiveram uma queda
de 24,7%, influenciada por forte redução desse gasto no município de São Paulo.
A despeito dos problemas financeiros de vários estados brasileiros, as principais capitais do País ainda
mantêm a capacidade de honrar seus compromissos. O relatório do Tesouro Nacional traz – de forma
ilustrativa – notas de rating (classificação do risco de calote) para os municípios listados, com base em
seus níveis de endividamento e o custo do serviço de suas dívidas. Belo Horizonte e Porto Alegre
receberam notas B do Tesouro, enquanto os governos estaduais do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que
também têm passado por problemas de caixa, passaram de D+ em 2015 para D neste ano. Notas C e D
foram consideradas de alto risco fiscal.
Responsabilidade conjunta
Uber é condenada a pagar R$ 12 mil porque motorista
errou o caminho
7 de novembro de 2016, 19h37
Por Brenno Grillo
Apesar de não prestar diretamente um serviço, a Uber é responsável pelos atos de motoristas que usam seu
aplicativo. Assim entendeu o juiz Manoel Aureliano Ferreira Neto, do 8º Juizado Especial Cível e das
Relações de Consumo de São Luís (MA) ao conceder indenização de R$ 12 mil a uma mulher que perdeu
seu voo porque o condutor do veículo que a levava ao aeroporto errou o caminho.
A defesa da autora, feita pelo advogado Bruno Duailibe, pediu a indenização por entender que foi um
erro do motorista que gerou todo o problema. A mulher ia do Rio de Janeiro para São Luís, mas o
condutor do carro errou o caminho para o aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador — e ela não pôde
embarcar.
Segundo a defesa da Uber, a cliente contribuiu para a perda da viagem, por ter contratado o serviço menos
de duas horas antes da decolagem do avião, contrariando indicação da Agência Nacional de Aviação Civil,
que pede aos passageiros que cheguem aos aeroportos 120 minutos de antecedência ao horário
determinado pela companhia aérea.
O argumento não foi aceito pelo juiz. Ele ressaltou que as informações dos autos mostram que a
passageira solicitou o transporte dentro do período suficiente (duas horas) para chegar ao aeroporto. O
julgador também citou que a própria Uber confirmou o erro do motorista a seu serviço, pois enviou uma
mensagem informando que estornaria a diferença entre o total cobrado e o montante que realmente seria
cobrado se o condutor não tivesse errado o caminho.
Para Ferreira Neto, não há o que falar em culpa concorrente, como alegou a Uber. “Na relação de
consumo, não há a figura de culpa concorrente”, explicou, detalhando que o Código de Defesa do
Consumidor limita a falta de obrigação das empresas em arcar com eventuais prejuízos a duas hipóteses: o
defeito citado não existir ou a culpa for exclusivamente do consumidor ou de um terceiro.
O juiz afirmou ainda definição de culpa do fornecedor é clara no CDC, principalmente no artigo 14 do
código: o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Ferreira Neto aproveitou sua decisão para dar algumas "dicas" à Uber. “Deveria, como deve, corrigir os
seus defeitos, a fim de que os seus serviços não venham a ser questionados judicialmente, ou mesmo
extrajudicialmente [...] Particularmente, sou um cliente contumaz dos serviços prestados pela Uber,
sobretudo quando estou em São Paulo. Porém, não gostaria de ser vítima de vícios de prestação de serviço
dessa natureza”, aconselhou o juiz.
Lei trabalhista britânica Cada vez mais a Justiça aproxima a Uber e seus motoristas. No fim de outubro, a dona do aplicativo foi
condenada no Reino Unido por descumprir a legislação trabalhista britânica. A companhia deverá pagar os
motoristas a partir do salário mínimo, além de férias.
A condenação ocorreu depois que dois motoristas que trabalham usando aplicativo pediam diferenças
salariais. Eles calculavam seu horário de trabalho a partir do momento em que passavam a rodar com o
carro. Já a empresa calculava apenas o período em que eles estavam efetivamente prestando serviço a
algum cliente. A Uber disse que vai recorrer da decisão.
Clique aqui para ler a decisão emitida no Brasil.
Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2016, 19h37
Bastidores maranhenses
Promotor que investiga Roseana Sarney diz ter combinado
estratégia com juíza
7 de novembro de 2016, 19h20
Por Marcelo Galli
O promotor que acusa a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney de participar de um esquema de
desvios de verbas disse ter combinado estratégias do processo com a juíza do caso. Advogados se
mostraram incomodados com a situação e o Ministério Público maranhense já saiu em defesa do servidor
público.
Foi durante uma coletiva de imprensa na última quinta-feira (3/11) que o promotor Paulo Roberto Barbosa
Ramos fez referência trato com a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leire, da 8ª Vara Criminal da Comarca
da Ilha de São Luís. Questionado se havia pedido cautelarmente a prisão de alguém, o promotor afirmou:
“Eu não disse que não fiz. Eu fiz. Eu só não quero antecipar, porque perde o sentido. Já que vai ser
decidido na sexta, até pelo acordo que fiz com a juíza, então vou esperar a manifestação em respeito a
ela”. (Veja o vídeo abaixo)
No início da coletiva, o procurador-geral de Justiça do Maranhão, Luiz Gonzaga Martins Coelho, chegou
a dizer que a força tarefa que investigou o esquema, coordenada por Ramos, teve a participação de
magistrados. Segundo Coelho, a investigação era integrada pelo “procurador-geral do Estado, a Secretaria
de Fazenda, por magistrados, por delegados e delegacias especializadas, enfim, por vários organismos”.
As falas incomodaram a advocacia. O procurador nacional de defesa das prerrogativas do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Charles de Menezes Dias criticou: “Se for
verdadeira a afirmação do procurador-geral, já se pode perceber o total aniquilamento do direito de defesa
e o absoluto desequilíbrio da paridade de armas”.
Por causa da repercussão, o MP-MA já saiu em defesa de Ramos e defendeu que a investigação foi
imparcial. Em nota publicada no site do órgão no sábado (5/11), o MP diz que denúncia foi fruto de
investigação que teve 11 meses de duração. “Qualquer tentativa de desqualificação do promotor de Justiça
configura mera estratégia para tirar o foco dos fatos investigados e que agora estão submetidos ao crivo do
Poder Judiciário”, diz a nota.
A denúncia que envolve ex-secretários de Fazenda do Maranhão, ex-procuradores gerais, advogados e a
ex-governadora Roseana foi aceita na última sexta-feira (4/11). O MP investiga a compensações ilegais de
débitos tributários com créditos de precatórios que podem ter gerado, segundo a acusação, prejuízo de
mais de R$ 400 milhões aos cofres públicos.
De acordo com a denúncia, acordos judiciais reconheciam a possibilidade da compensação de débitos
tributários do ICMS com créditos não tributários oriundos de precatórios. Além disso, diz o MP, foram
criados filtros para mascarar compensações muito acima dos valores estabelecidos no acordo homologado
judicialmente.
Marcelo Galli é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2016, 19h20
Tags: bh 4ª capital endividada
Pirataria e contrabando geram prejuízos de R$
115 bilhões por ano
Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria
e a Ilegalidade discutiu tema
Informe CNC
O contrabando e a pirataria no Brasil geram prejuízos acima de R$ 115 bilhões por ano à economia do
País e à sociedade. Desse total, cerca de R$ 80 bilhões vêm de 18 segmentos econômicos, como
vestuário, cigarros e indústria farmacêutica, por exemplo, e os outros R$ 35 bilhões são decorrentes da
sonegação de impostos. Os dados foram apresentados na edição especial do projeto Brasil em Foco,
promovido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte
(Fecomércio-RN).
O tema desta edição, realizada em Natal em 7 de novembro, foi “RN contra a Pirataria e o Contrabando” e
teve o apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Prejuízos às empresas e ao consumidor
O presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, apresentou os
dados e destacou a importância deles para alertar para os prejuízos decorrentes dessas práticas ilegais.
“Esses volumes não são nada insignificantes. São perdas para a sociedade brasileira e são produtos que
afetam nossa saúde, nossa segurança e prejudicam a competitividade. Uma concorrência ilegal ao nosso
comércio e indústria”, afirmou Vismona.
Segundo dados do FNCP, os produtos mais pirateados são filmes e músicas; os mais contrabandeados são
cigarros; e os mais falsificados são roupas, tênis e óculos. “Há uma estrutura criminosa por trás dos
produtos contrabandeados que gera uma fonte de recursos para outros crimes. Em uma pesquisa no
Nordeste, 79% dos entrevistados afirmam que o comércio ilegal estimula criminalidade. O que queremos
deixar claro é que não temos nada contra o comércio popular, e sim contra o comércio ilegal”, disse Edson
Vismona, que é também presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.
O presidente do Sistema Fecomércio-RN, Marcelo Queiroz, afirmou que não são somente as empresas, o
comércio e o poder público que acumulam perdas com as práticas e comércio ilegais. “Os consumidores
dos produtos desta cadeia de crimes assumem também uma posição egoísta, de se dar bem a qualquer
custo. Além disso, estes produtos nunca terão a qualidade de um item original, como também podem
prejudicar a saúde e a integridade física de quem os consumir”, alertou Queiroz.
O presidente da Frente Parlamentar de Combate ao Contrabando e à Falsificação do Congresso Nacional,
deputado Efraim Filho (DEM-PB), alertou que o contrabando e a pirataria impedem ainda o
empreendedorismo. “Não dá para deixar de lado essa prática criminosa e ilícita, que deteriora, além da
saúde, o mercado de trabalho. É necessário exterminar essas práticas para propiciar um ambiente de
negócios favorável para o empreendedor”, disse.
Choque de conhecimento
O presidente Marcelo Queiroz mediou ainda um debate entre o palestrante Edson Vismona e
representantes das diversas entidades municipais, estaduais e federais envolvidas na questão (foto acima).
O representante da CNC no Conselho Nacional de Combate à Pirataria, André Roncatto, afirmou que o
Brasil em Foco promovido pela Fecomércio-RN foi um “choque de conhecimento” aos empresários e
poder público presentes, aumentando assim a responsabilidade para o combate. “O comércio legal acaba
sendo prejudicado, e a convivência com a ilegalidade gera a falência da sociedade. Os poderes precisam
trabalhar integrados e em consonância, criando facilidades e gerando mais resultados”, orientou. O
presidente Marcelo Queiroz acrescentou que o objetivo da Fecomércio-RN e da CNC é combater o crime,
visando a uma “sociedade melhor, mais justa, produtiva e próspera”.
Também participaram do debate o secretário estadual de Tributação, André Horta; o secretário municipal
de Serviços Urbanos de Natal, Antônio Fernandes, representando o prefeito Carlos Eduardo Alves; o
chefe de Fiscalização Aduaneira da Receita Federal no estado João Felipe Filho; o delegado titular de
Defraudações da Secretaria de Segurança do estado, João Bosco Vasconcelos de Almeida; o vereador
Aroldo Alves, representando a Câmara Municipal de Natal; e o Procurador de Trabalho do Ministério
Público do Trabalho no estado, Luiz Fabiano Pereira.
A 4ª. Revolução Industrial está em curso
Udo Gollub em Messe Berlin- (Conferência da Universidade da Singularidade)
Em 1998, a Kodak tinha 170.000 funcionários e vendeu 85% de todo o papel fotográfico vendido no mundo.
No curso de poucos anos, o modelo de negócios dela desapareceu e eles abriram falência. O que aconteceu
com a Kodak vai acontecer com um monte de indústrias nos próximos 10 anos – e a maioria das pessoas
não enxerga isso chegando. Você poderia imaginar em 1998 que 3 anos mais tarde você nunca mais iria
registrar fotos em filme de papel?
No entanto, as câmeras digitais foram inventadas em 1975. As primeiras só tinham 10.000 pixels, mas
seguiram a Lei de Moore. Assim como acontece com todas as tecnologias exponenciais, elas foram
decepcionantes durante um longo tempo, até se tornarem imensamente superiores e dominantes em uns
poucos anos. O mesmo acontecerá agora com a inteligência artificial, saúde, veículos autônomos e elétricos,
com a educação, impressão em 3D, agricultura e empregos.
Bem-vindo à quarta Revolução Industrial!
O software irá destroçar a maioria das atividades tradicionais nos próximos 5-10 anos.
O UBER é apenas uma ferramenta de software, eles não são proprietários de carros e são agora a maior
companhia de táxis do mundo. A AIRBNB é a maior companhia hoteleira do mundo, embora eles não sejam
proprietários.
Inteligência Artificial: Computadores estão se tornando exponencialmente melhores no entendimento do
mundo. Neste ano, um computador derrotou o melhor jogador de GO do mundo, 10 anos antes do
previsto. Nos Estados Unidos, advogados jovens já não conseguem empregos. Com o WATSON, da IBM,
V. pode conseguir aconselhamento legal (por enquanto em assuntos mais ou menos básicos) dentro de
segundos, com 90% de exatidão se comparado com os 70% de exatidão quando feito por humanos. Por isso,
se V. está estudando Direito, PARE imediatamente. Haverá 90% menos advogados no futuro, apenas
especialistas permanecerão.
O WATSON já está ajudando enfermeiras a diagnosticar câncer, quatro vezes mais exatamente do que
enfermeiras humanas. O FACEBOOK incorpora agora um software de reconhecimento de padrões que
pode reconhecer faces melhor que os humanos. Em 2030, os computadores se tornarão mais inteligentes
que os humanos.
Veículos autônomos: em 2018 os primeiros veículos dirigidos automaticamente aparecerão ao público. Ao
redor de 2020, a indústria automobilística completa começará a ser demolida. Você não desejará mais
possuir um automóvel. Nossos filhos jamais necessitarão de uma carteira de habilitação ou serão donos de
um carro. Isso mudará as cidades, pois necessitaremos 90-95 % menos carros para isso. Poderemos
transformar áreas de estacionamento em parques. Cerca de 1.200.000 pessoas morrem a cada ano em
acidentes automobilísticos em todo o mundo. Temos agora um acidente a cada 100.000 km, mas com
veículos auto-dirigidos isto cairá para um acidente a cada 10.000.000 de km. Isso salvará mais de 1.000.000
de vidas a cada ano.
A maioria das empresas de carros poderão falir. Companhias tradicionais de carros adotam a tática
evolucionária e constroem carros melhores, enquanto as companhias tecnológicas (Tesla, Apple, Google)
adotarão a tática revolucionária e construirão um computador sobre rodas. Eu falei com um monte de
engenheiros da Volkswagen e da Audi: eles estão completamente aterrorizados com a TESLA.
Companhias seguradores terão problemas enormes porque, sem acidentes, o seguro se tornará 100 vezes
mais barato. O modelo dos negócios de seguros de automóveis deles desaparecerá.
Os negócios imobiliários mudarão. Pelo fato de poderem trabalhar enquanto se deslocam, as pessoas vão se
mudar para mais longe para viver em uma vizinhança mais bonita.
Carros elétricos se tornarão dominantes até 2020. As cidades serão menos ruidosas porque todos os carros
rodarão eletricamente. A eletricidade se tornará incrivelmente barata e limpa: a energia solar tem estado em
uma curva exponencial por 30 anos, mas somente agora V. pode sentir o impacto. No ano passado, foram
montadas mais instalações solares que fósseis. O preço da energia solar vai cair de tal forma que todas as
mineradoras de carvão cessarão atividades ao redor de 2025.
Com eletricidade barata teremos água abundante e barata. A dessalinização agora consome apenas 2
quilowatts/hora por metro cúbico. Não temos escassez de água na maioria dos locais, temos apenas escassez
de água potável. Imagine o que será possível se cada um tiver tanta água limpa quanto desejar, quase sem
custo.
Saúde: O preço do Tricorder X será anunciado este ano. Teremos companhias que irão construir um
aparelho médico (chamado Tricorder na série Star Trek) que trabalha com o seu telefone, fazendo o
escaneamento da sua retina, testa a sua amostra de sangue e analisa a sua respiração (bafômetro). Ele então
analisa 54 bio-marcadores que identificarão praticamente qualquer doença. Vai ser barato, de tal forma que
em poucos anos cada pessoa deste planeta terá acesso a medicina de padrão mundial praticamente de graça.
Impressão 3D: o preço da impressora 3D mais barata caiu de US$ 18.000 para US$ 400 em 10 anos. Neste
mesmo intervalo, tornou-se 100 vezes mais rápida. Todas as maiores fábricas de sapatos começaram a
imprimir sapatos 3D. Peças de reposição para aviões já são impressas em 3D em aeroportos remotos. A
Estação Espacial tem agora uma impressora 3D que elimina a necessidade de se ter um monte de peças de
reposição como era necessário anteriormente. No final deste ano, os novos smartphones terão capacidade
de escanear em 3D. Você poderá então escanear o seu pé e imprimir sapatos perfeitos em sua casa. Na
China, já imprimiram em 3D todo um edifício completo de escritórios de 6 andares. Lá por 2027, 10% de
tudo que for produzido será impresso em 3D.
Oportunidades de negócios: Se V. pensa em um nicho no qual gostaria de entrar, pergunte a si mesmo:
“SERÁ QUE TEREMOS ISSO NO FUTURO?” e, se a resposta for SIM, como V. poderá fazer isso
acontecer mais cedo? Se não funcionar com o seu telefone, ESQUEÇA a idéia. E qualquer idéia projetada
para o sucesso no século 20 estará fadada a falhar no século 21.
Trabalho: 70-80% dos empregos desaparecerão nos próximos 20 anos. Haverá uma porção de novos
empregos, mas não está claro se haverá suficientes empregos novos em tempo tão exíguo.
Agricultura: haverá um robô agricultor de US$ 100,00 no futuro. Agricultores do 3º mundo poderão tornar-
se gerentes das suas terras ao invés de trabalhar nelas todos os dias. A AEROPONIA necessitará de bem
menos água. A primeira vitela produzida “in vitro” já está disponível e vai se tornar mais barata que a vitela
natural da vaca ao redor de 2018. Atualmente, cerca de 30% de todos as superfícies agriculturáveis são
ocupados por vacas. Imagine se tais espaços deixarem se ser usados desta forma. Há muitas iniciativas atuais
de trazer proteína de insetos em breve para o mercado. Eles fornecem mais proteína que a carne. Deverá ser
rotulada de FONTE ALTERNATIVA DE PROTEÍNA. (porque muitas pessoas ainda rejeitam ideias de
comer insetos).
Existe um aplicativo chamado “moodies” (estados de humor) que já é capaz de dizer em que estado de
humor V. está. Até 2020 haverá aplicativos que podem saber se V. está mentindo pelas suas expressões
faciais. Imagine um debate político onde estiverem mostrando quando as pessoas estão dizendo a verdade e
quando não estão.
O BITCOIN (dinheiro virtual) pode se tornar dominante este ano e poderá até mesmo tornar-se em moeda-
reserva padrão.
Longevidade: atualmente, a expectativa de vida aumenta uns 3 meses por ano. Há quatro anos, a expectativa
de vida costumava ser de 79 anos e agora é de 80 anos. O aumento em si também está aumentando e ao
redor de 2036, haverá um aumento de mais de um ano por ano. Assim possamos todos viver vidas longas,
longas, possivelmente bem mais que 100 anos.
Educação: os smartphones mais baratos já estão custando US$ 10,00 na África e na Ásia. Até 2020, 70%
de todos os humanos terão um smartphone. Isso significa que cada um tem o mesmo acesso a educação de
classe mundial.
Fonte: IBM via INTELOG
Retirada abrupta de benefícios tributários é
ameaça para o Rio
Guerra fiscal custa R$ 50 bilhões a estados
por Daiane Costa
08/11/2016 4:30
RIO - A crise financeira dos estados evidenciou os riscos da guerra fiscal travada por esses governos nos
últimos anos e, agora, poderá levar alguns deles a serem forçados a uma retirada abrupta dessas políticas.
A insegurança jurídica que sempre pairou sobre as empresas que recebem incentivos fiscais passou a
ameaçar também os estados. O primeiro exemplo veio do Rio de Janeiro: a Justiça proibiu, em 26 de
outubro, o governo estadual de conceder, ampliar ou renovar benefícios fiscais ou financeiros até
apresentar, dentro de 60 dias, um estudo sobre o impacto desses incentivos. O problema, alertam
economistas, é que um desembarque solitário da política de benefícios tributários deixa o estado em
situação muito desfavorável na guerra fiscal. O mais recomendável, afirmam os especialistas, seria uma
retirada gradual desses incentivos, e de forma coordenada entre os diferentes estados.
O economista Bernard Appy, do Centro de Cidadania Fiscal da FGV-Direito, estima que, a cada ano, o
conjunto de estados da federação deixa de arrecadar entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões devido à
concessão desses benefícios. A política, que surgiu como uma estratégia dos estados menos
industrializados para atrair investimentos, acabou ganhando contornos de vale-tudo na disputa por receber
empresas, diz Appy. O Estado do Rio, por sua vez, argumenta que a decisão da Justiça ameaça a captação
de R$ 20 bilhões e a criação de 25 mil empregos nos próximos anos.
— No começo, a guerra fiscal foi instrumento de desenvolvimento regional. Hoje, não passa de um leilão,
onde uma empresa que vai investir no Brasil sai vendo quem lhe dá mais incentivos. Para os estados, virou
apenas renúncia de receita. Entre as empresas, gera distorções competitivas, porque firmas de um mesmo
setor podem ter um custo muito menor de produção em determinado estado por conta dos incentivos —
avalia Appy, que promoveu ontem, em São Paulo, um seminário com especialistas e secretários de
Fazenda de alguns estados para debater soluções.
INSEGURANÇA JURÍDICA
Appy acrescenta que a decisão da Justiça do Rio mostra que a insegurança jurídica, que até então pairava
apenas sobre as empresas beneficiadas — já que, como essas concessões não são submetidas à aprovação
do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), podem ser questionadas na Justiça pelo estado que
se sentir prejudicado — agora ameaça as unidades da federação que, a exemplo do Rio, também vivem
dificuldades financeiras e podem ter suas políticas de incentivos fiscais questionadas.
Especialistas em contas públicas fazem críticas à decisão da Justiça do Rio, porque ela tira apenas um
estado da disputa.
— Como os estados vizinhos seguem promovendo a guerra fiscal, o efeito pode ser atrair para lá os
empreendimentos hoje instalados no estado, com perda de produção e de emprego. O desembarque precisa
ser ordenado, planejado, pactuado e, sobretudo, realizado ao mesmo tempo e em todo território nacional.
É inócuo um estado tentar o fazer sozinho, ele só estará ajudando os demais estados, sobretudo os seus
vizinhos — afirma o economista José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV e professor do Instituto
Brasiliense de Direito Público.
Guilherme Mercês, economista-chefe do Sistema Firjan, concorda que é necessário um pacto nacional,
mas considera que ele só será viável se a legislação tributária do país passar por mudanças:
— A guerra fiscal nada mais é do que um reflexo da alta carga tributária do Brasil, que cria um ambiente
predatório. A discussão da reforma tributária é fundamental. Do contrário, o ambiente de guerra fiscal vai
prevalecer. Não pode só o Rio baixar a arma, com todos os outros armados, pois será o primeiro a morrer.
Isso representa o risco de um novo ciclo de esvaziamento econômico, como ocorreu nos anos 1980.
Levantamento da Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin) do Estado do Rio mostra que a
decisão da Justiça colocou em risco a captação de investimentos da ordem de R$ 20 bilhões. Esse
montante viria de 113 empresas que hoje estudam a possibilidade de se instalar no estado em troca da
redução ou postergação do pagamento de ICMS. Sem poder oferecer esse atrativo, o governo teme que
elas optem por outro estado. Segundo a presidente da Codin, Maria da Conceição Ribeiro, o levantamento
será apresentado à Justiça, com o intuito de mostrar que a decisão vai agravar ainda mais a situação
financeira do Estado do Rio.
— Na situação na qual estamos, o que é melhor: uma empresa que pague menos imposto e gere empregos,
ou nenhuma empresa e nenhum emprego? — questiona a presidente da Codin.
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Desde o dia 26, o estado está proibido de conceder, ampliar ou renovar benefícios fiscais ou financeiros. A
liminar foi concedida pelo juiz Marcelo Martins Evaristo da Silva, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio,
que acolheu pedido do Ministério Público Estadual (MP-RJ). Ele foi procurado pela reportagem, mas
limitou-se a informar, por e-mail, que “a decisão abrange todo e qualquer benefício que implique renúncia
de receita”. Um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), citado no processo, apontou que o
estado deixou de arrecadar R$ 138 bilhões em ICMS entre 2008 e 2013. A Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico contestou esse valor, que, segundo estudo do governo, seria cerca de R$ 9
bilhões menor. O órgão afirmou ainda que, dos R$ 129,8 bilhões de benefícios fiscais em vigor entre 2008
e 2013, somente um quarto, ou R$ 32,4 bilhões, foram renúncia efetiva. O restante refere-se a postergação
de pagamento de imposto — ou seja, haverá receita futura —, ou serão compensados por outros elos da
cadeia.
Um projeto de lei com motivação e determinação semelhantes às da Justiça, de autoria de quatro
deputados estaduais, foi aprovado em votação única no começo deste mês na Alerj. O texto impede o
estado de conceder, por quatro anos, financiamento, benefício, incentivo, fomento econômico ou
investimento estruturante a qualquer empresa sediada ou que venha a se instalar no Rio. Foi encaminhado
ao governador Luiz Fernando Pezão, que pode sancioná-lo ou vetá-lo. Pezão ainda não se manifestou
sobre o projeto, mas, em evento na Firjan, no último dia 28, ainda na condição de governador licenciado,
afirmou que, enquanto estivesse no governo, continuaria concedendo benefícios fiscais.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento, nos últimos seis anos, a política fiscal atraiu
investimentos na ordem de R$ 19 bilhões ao Estado do Rio, que geraram 31 mil empregos. Números
compilados por José Roberto Afonso apontam, no entanto, que, entre 2010 e 2015, a receita corrente
líquida fluminense (que é a soma das receitas tributárias, deduzidos os valores das transferências
constitucionais) só cresceu 5,5%. A relação receita tributária/PIB também não vai bem: cai há pelo menos
cinco anos. Em 2010, a receita tributária correspondia a 6,47% do PIB do estado. No ano passado, ficou
em 4,18%.
— A arrecadação de todos os governos está caindo. A recessão, a desindustrialização e a crise de crédito
são fenômenos nacionais. O Rio é muito afetado pela crise do complexo de petróleo, e não apenas pelos
royalties, mas por toda produção e emprego que foram cortados em torno da Petrobras. As importações
também pesam muito no Rio e vêm caindo fortemente — explica Afonso.
Segundo o economista, com a guerra fiscal, novos empreendimentos se instalaram no estado, mas não
resultaram em aumento de arrecadação por causa dos incentivos tributários. Mas o grande problema dessa
disputa, diz, é que o contribuinte em potencial pode ser “roubado” pelo vizinho:
— Um estado que passe a conceder muitos incentivos abre mais mão do seu futuro do que perde algo que
já tinha.
PROPOSTA: ZERAR BENEFÍCIOS EM 15 ANOS
No Estado do Rio, além de redução da alíquota do ICMS, empresas podem ganhar terreno para instalação
— exclusividade das montadoras — e, em alguns casos, alívio no IPTU, negociado com o município,
explica Conceição. Os incentivos são apenas para expansão de empresas já instaladas ou para novas
companhias, e, em caso de inadimplência, o benefício é retirado. Mesmo com esses incentivos, nos
últimos dez anos R$ 9,2 bilhões em investimentos privados e 30 mil empregos foram para outros estados,
como Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, diz a presidente do Codin.
Quando da decisão, o promotor Vinícius Leal Cavalleiro, que integra o grupo que ajuizou a ação, disse
que falta transparência às concessões. Procurado, ele disse não ter tempo disponível para atender à
reportagem. Para Afonso, do Ibre/FGV, renúncia fiscal é uma forma de gasto público e deve ser avaliada e
passar pelo mesmo controle que qualquer outro gasto:
— É uma urgência, no Brasil, que se verifique qual foi o retorno de cada incentivo concedido, comparar
com seu custo e com seu objetivo. Mas isso não é um problema localizado do Rio.
Durante o seminário de ontem, Appy conta ter sido elaborado um esboço de solução para encerrar a guerra
fiscal entre os estados, sem prejudicar as empresas beneficiárias e gerando arrecadação maior aos cofres
públicos:
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— Uma direção é convalidar os benefícios já concedidos, para que não corram o risco de ser questionados
na Justiça, e estabelecer que teriam duração de 15 anos, com o incentivo sendo reduzido gradualmente, até
zero, nesse período. E que se aumentem as penalidades para o estado e o gestor público que descumprirem
a norma. Isso exigiria uma emenda constitucional. É projeto para ser amadurecido nos próximos dois
anos, para ser apresentado ao próximo presidente da República, em 2019.
Não houve consenso, no entanto, quanto à proibição de novas concessões de benefícios.
Procurados, os governos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina ressaltaram que os incentivos fiscais
concedidos não são o único fator de decisão para as empresas, que também avaliam a qualidade da
infraestrutura e da mão de obra, e o nível da atividade econômica estadual. O governo do Paraná disse
ainda que a complexidade da legislação tributária, principalmente em relação ao ICMS, abre precedentes
para concessões. Goiás ressaltou que o seu programa de benefícios levou o PIB estadual a crescer dez
vezes nos últimos 15 anos. Já Minas Gerais afirmou que a sua política de incentivos fiscais visa, entre
outras coisas, a prevenir perdas de arrecadação decorrentes da migração de empresas para outros estados.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/retirada-abrupta-de-beneficios-
tributarios-ameaca-para-rio-20429130#ixzz4PQC12aaJ
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Acidente fatal
Turma do STJ mantém ação penal contra ex-
presidente do Hopi Hari
10 de novembro de 2016, 15h48
Em decisão unânime, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça determinou o prosseguimento de ação
penal contra o presidente do parque Hopi Hari à época do acidente que matou uma adolescente, em
fevereiro de 2012, em brinquedo do complexo localizado no município de Vinhedo (SP).
Os ministros seguiram o voto do relator, Jorge Mussi, que entendeu não ser possível o trancamento de
ação penal por meio de Habeas Corpus quando depende de análise dos fatos.
Gabriela Yukai Nychymura, de 14 anos, caiu do brinquedo La Tour Eiffel, quando a trava da sua cadeira
se abriu. Pereira Filho, que também acumulava a função de gerente-geral de operações, foi denunciado
com mais 11 pessoas, sob acusação de homicídio culposo.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, o brinquedo La Tour Eiffel teve seu projeto modificado e, por
isso, um dos assentos estava inoperante desde a inauguração do parque, em 2004. Todavia, no dia do
acidente, o colete de segurança do assento estava inadequadamente destravado, sem que houvesse alerta
sobre o fato de não estar em operação.
Contra o recebimento da denúncia, o administrador ingressou com Habeas Corpus, sob o argumento de
que o brinquedo estava em funcionamento havia mais de dez anos, passando por ele mais de nove milhões
de pessoas sem nenhum registro de ocorrência grave. Ele também defendeu que o acidente fatal decorreu
diretamente do comportamento negligente de vários funcionários do Hopi Hari.
Em 2014, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que ele não deveria continuar
como réu do processo. Por maioria de votos, o colegiado entendeu que somente os funcionários do parque
deveriam responder, por falta de cautela ao operar o brinquedo. “A omissão é penalmente relevante apenas
quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”, afirmou o acórdão paulista, determinando o
trancamento do processo.
O Ministério Público estadual recorreu ao STJ, alegando ser incabível o trancamento de ação em sede de
Habeas Corpus quando a questão demandar o exame aprofundado das provas, como no caso.
Em decisão monocrática, em agosto deste ano, o relator concordou com os argumentos. “Na hipótese dos
autos constata-se que o afastamento do nexo de causalidade entre a conduta do recorrido, na condição de
dirigente do parque, e a morte da usuária do brinquedo, demanda a indispensável análise das provas e
fatos levantados, o que não pode ocorrer, todavia, em sede de Habeas Corpus”, afirmou Mussi.
O ministro explicou que a jurisprudência do STJ autoriza o trancamento de ações penais por meio de
Habeas Corpus apenas quando houver comprovação da ausência de justa causa para a denúncia, em razão
da atipicidade da conduta, da falta de indícios de materialidade delitiva ou da incidência de causa de
extinção da punibilidade.
O empresário apresentou agravo contra essa decisão, mas a 5ª Turma do STJ negou o pedido, mantendo a
decisão do relator. “O afastamento do nexo de causalidade entre a suposta conduta omissiva do agravado,
na condição de dirigente do parque, e o acidente que resultou na morte da usuária do brinquedo, a fim de
aferir se ele deveria ter agido para evitar o resultado e não o fez, é questão a ser debatida ao longo da
instrução processual, não havendo, no caso, como se atestar, de pronto, a falta de justa causa, em especial
na via estreita do writ”, concluiu Mussi.
Recuperação judicial O Hopi Hari entrou em recuperação judicial em outubro, após a Justiça de São Paulo aceitar o pedido da
empresa. O parque aguardava a medida desde agosto, com o objetivo de evitar a falência do
empreendimento e tentar conseguir investidores para pagar uma dívida de R$ 330 milhões com
credores. Entre as causas citadas pelo parque para a situação econômica em que se encontra está o
acidente que resultou na morte da adolescente.
Em 2013, a família da adolescente morta firmou acordo com o Hopi Hari no processo de indenização que
buscava reparação por causa do acidente. O valor da indenização não foi divulgado, uma vez que foi
decretado segredo de Justiça e um Termo de Confidencialidade, a pedido da família e do parque. À época
do acidente, a família da adolescente pediu R$ 5 milhões. Com informações da Assessoria de Imprensa do
STJ.
Revista Consultor Jurídico, 10 de novembro de 2016, 15h48
Vendedor desleal
Enganada ao comprar "almofada curativa", idosa será indenizada
em R$ 5 mil
8 de novembro de 2016, 17h17
Fornecedor que se aproveita da fragilidade do consumidor para lhe vender produto que não cumpre o que
promete age de forma desleal e deve indenizar. Com esse entendimento, a 4ª Turma do Superior Tribunal
de Justiça condenou uma empresa ao pagamento de reparação de R$ 5 mil a idosa que adquiriu uma
almofada térmica digital após ser convencida de suas supostas propriedades curativas.
A idosa narrou que, em 2007, recebeu a visita de vendedores da empresa, que lhe ofereceram a almofada.
Para adquirir o produto, ela obteve financiamento bancário com desconto em seus benefícios
previdenciários. Posteriormente, veículos de comunicação divulgaram a prática de golpe que envolvia a
falsa promessa de melhora para dores lombares com o uso das almofadas.
O juiz de primeiro grau julgou improcedente o pedido de rescisão contratual e de indenização, por
entender que o consumidor não tem direito à troca ou desistência de produto apenas sob o fundamento de
insatisfação pessoal, especialmente após transcorrido o prazo de 30 dias estabelecido pelo Código de
Defesa do Consumidor.
Fragilidade da consumidora Em segunda instância, todavia, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reformou parcialmente a
sentença para determinar a rescisão do contrato e, após a devolução do produto, o reembolso do valor
pago pela consumidora.
A idosa recorreu ao STJ para buscar a condenação da empresa ao pagamento de indenização por danos
morais. Alegou que a empresa agiu de má-fé ao adotar conduta que visava lesar idosos em situação de
hipossuficiência econômica.
A ministra Isabel Gallotti, relatora do caso na 4ª Turma, ressaltou que o produto, comprovadamente
ineficaz, foi adquirido após propaganda enganosa que se aproveitou da fragilidade da compradora. Dessa
forma, entendeu a relatora, houve o rompimento dos princípios jurídicos aplicáveis aos contratos, como
lealdade, confiança, cooperação, proteção, informação e boa-fé objetiva.
“Com efeito, a mera devolução do valor gasto com o equipamento e dos juros pagos para seu
financiamento, conforme determinado pelo acórdão recorrido, não se presta a dissuadir a prática de tal tipo
de ilícito, pois o fornecedor continuará lucrando com sua atitude desleal, uma vez que nem todos os
consumidores têm conhecimento e iniciativa para ajuizar ação após descoberta a fraude”, disse a relatora.
Sem polêmica Os tribunais brasileiros possuem o entendimento consolidado de que o fornecedor que faz propaganda
enganosa de seus produtos deve indenizar o consumidor por eles prejudicado. A TIM, por exemplo, foi
recentemente condenada a pagar a pagar R$ 1 milhão de danos morais coletivos. Embora a companhia
dissesse de maneira destacada em seus anúncios que o serviço de internet seria ilimitado, o Tribunal de
Justiça do Distrito Federal apontou que tal fato não se observava na prática, em razão das disposições
marginais à publicidade, nas quais estava contido que, após o uso da franquia contratada, a velocidade da
conexão ficaria reduzida.
Em outro caso, por prometer 100% de eficiência de uma vasectomia — o que não é cientificamente
possível —, clínica e médico vão pagar R$ 40 mil por danos morais a um casal que teve filhos gêmeos
após o marido fazer o tratamento. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
REsp 1.250.505
Revista Consultor Jurídico, 8 de novembro de 2016, 17h17
‘‘Casamento-negócio’’
Declaração de união estável não basta para garantir pensão a
viúva
7 de novembro de 2016, 14h52
Por Jomar Martins
A união estável, segundo a lei, exige convivência pública, continuidade e razoável duração da relação,
além do desejo de constituição de família pelo casal. Assim, mesmo que exista documento público
atestando a união estável, registrado em cartório, esse só é válido se atender tais requisitos, dispostos no
artigo 1.723 do Código Civil. O entendimento levou a 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul a negar Apelação de uma mulher que teve indeferido o pedido de pensão após a morte de
um servidor do estado com quem se relacionara.
Depois de ter o pedido negado pelo Instituto de Previdência do estado (Ipergs), a mulher ajuizou ação de
reconhecimento de união estável na 2ª Vara da Fazenda Pública. Disse que só não casou legalmente
porque o cartório de sua cidade natal não tinha mais sua certidão de nascimento, pois foi consumido por
um incêndio. Alegou que, para se resguardarem, ambos lavraram escritura pública de consolidação de
união estável em 2004, informando convivência matrimonial pelo período de cinco anos, e que seu
companheiro até conseguiu cadastrá-la como dependente no Ipergs. No início do ano seguinte, o servidor
morreu.
A juíza Carmen Carolina Cabral Caminha explicou que o artigo 9º da Lei 7.672/1982 — que dispensa a
comprovação de dependência econômica para a mulher ou companheira do segurado do Ipergs — está de
acordo a Constituição Federal, ou seja, dá igual tratamento e idêntica proteção conferida ao casamento à
união estável, conferindo-lhe reflexos patrimoniais, alimentícios, sucessórios e previdenciários.
Entretanto, para a magistrada, o caso dos autos aproxima-se do denominado ‘‘casamento-negócio’’, pois o
documento assinado no cartório teve a finalidade de criar segurança jurídica para que a autora viesse a se
beneficiar da pensão pós-morte do segurado. Nesse sentido, citou precedente o desembargador aposentado
Vasco Della Giustina: ‘‘Vício embutido na vontade dos contraentes, com simulação da vontade de
constituição de vida em comum, quando o casamento apenas serviu como meio de conferir à nubente a
qualidade de dependente, com posterior pensão previdenciária. Matéria de interesse público, não só por
afetar a formação da família, mas por traduzir, por igual, burla ao espírito do Código Civil e às normas
previdenciárias, assim como ofensa à moral média, transacionando-se bem indisponível, como se negócio
fosse. Idade dos nubentes. Ancião, de 91 anos, que casa com mulher 43 anos mais jovem, morrendo,
pouco depois, de câncer’’.
Segundo a julgadora, embora a escritura seja dotada de fé pública, o reconhecimento de união estável,
com o intuito de dependência na autarquia previdenciária, exige provas robustas de convivência há mais
de cinco anos. É o que dispõe, aliás, o próprio artigo 9º do Estatuto de Ipergs, em seu inciso II.
‘‘No entanto, a escritura pública em comento foi firmada apenas em 2004, de modo que a declaração
retroativa dos cinco anos não é suficiente para a comprovação inequívoca da relação mantida entre a
autora e o extinto servidor. E mais, consoante os documentos que aportaram nos autos, verifica-se que a
autora apenas restou divorciada de AG em março de 2003, o que quebra o lapso temporal de cinco anos de
união estável ora pretendido’’, afirmou, julgando improcedente a ação.
Fraude previdenciária O relator do recurso de apelação na corte, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, convenceu-se
de que a autora não conseguiu provar a existência de uma relação de casal com o segurado, qualificada
pela comunhão de interesses, o respeito mútuo e a fidelidade, como um núcleo familiar. A seu ver, a
escritura pública prova sua formação e os fatos presenciados pelo tabelião que a lavrou, mas não garante
prova absoluta dos fatos nela declarados pelas partes, que não prescindem de comprovação naquele
âmbito.
Aquino destacou que a escritura pública foi firmada sete meses antes da morte do servidor, quando este já
lutava contra o diabetes e o câncer. ‘‘Embora não seja óbice [a diferença de idade] à caracterização da
união estável, é sugestiva a cautela na interpretação de uma relação que se consolidou sob tais premissas’’,
observou.
O relator pontuou que não há prova de que a mulher tenha acompanhado os últimos dias de vida do
companheiro, já que a certidão de óbito foi lavrada por terceiro, constando que o morto era solteiro.
‘‘Aqui, parece flagrante que a intenção das partes, ao firmar a escritura pública de união estável, era
permitir à ora apelante ser reconhecida como beneficiária da pensão por morte do segurado; o que, a toda
evidência, não pode ser convalidado, pena de se permitir uma verdadeira fraude contra a autarquia
previdenciária’’, escreveu no voto. O acórdão foi lavrado na sessão de 13 de outubro.
Clique aqui para ler a sentença modificada.
Clique aqui para ler o acórdão modificado.
Jomar Martins é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio Grande do Sul.
Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2016, 14h52
Egos em exposição
"Maioria do Supremo é de pessoas que se pavoneiam com uma
vaidade absurda"
13 de novembro de 2016, 7h05
Por Brenno Grillo
A exposição excessiva do Judiciário é prejudicial, pois se antes a sociedade não sabia praticamente nada
sobre a capacidade dos seus integrantes, agora ela tem certeza de seus defeitos. A opinião é do professor,
diplomata, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente do governo Itamar Franco (1992-1994), Rubens
Ricupero. "É como a nudez. À nudez, pouca gente resiste", sentencia.
Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, Ricupero criticou duramente o Supremo Tribunal
Federal. Os membros da corte, diz ele, se expõem demais, o que acaba diminuindo-os frente à população.
“A imensa maioria é formada de pessoas que se pavoneiam com uma vaidade absurda e não são capazes
de manter um comportamento como um magistrado deveria ter, de discrição.”
E os juristas do país, segundo o professor, pararam no tempo, tornado-se “figuras intelectualmente
anacrônicas”, que prejudicaram o Direito brasileiro, tornando-o obsoleto. “Enquanto o Direito anglo-
saxônico olha o resultado, a efetividade, o nosso é muito formalista, envelhecido, sem ideias.”
E a influência do Direito anglo-saxônico fica visível na operação "lava jato", que investiga corrupção
envolvendo a Petrobras e partidos políticos. Para Ricupero, a investigação "só se viabilizou porque os
homens que a conduzem conhecem o Direito americano. E muitos estudaram lá. Por exemplo, a delação
premiada que, finalmente, foi incorporada ao direito brasileiro, é uma instituição que existe há décadas
nos Estados Unidos”.
Mesmo elogiando a inovação trazida pelos envolvidos na "lava jato", Rubens Ricupero não se furta de
apontar problemas no caso que deu fama ao juiz Sergio Moro. O uso seguido de prisões preventivas,
apontadas por advogados como uma forma de forçar delações premiadas, diz ele, contamina a operação.
Leia a entrevista:
ConJur — Desde a Ação Penal 470, o processo do mensalão, e agora com a operação "lava jato", o
Judiciário tem ocupado lugar de destaque no noticiário e nas rodas de conversa. Essa exposição é
boa ou ruim?
Rubens Ricupero — Acho que é muito negativa, porque a exposição excessiva revela muito. É como a
nudez. À nudez, pouca gente resiste. Porque, no fundo, a roupa foi uma invenção que, além de todos os
outros benefícios, tem um benefício estético muito grande. Só pessoas que têm um corpo perfeito
aguentam serem expostas a nu. A mesma reflexão se aplica ao caráter, à personalidade das pessoas.
Pessoas que se expõem, como esses ministros — falando, gesticulando, mostrando egos
superdimensionados—, na verdade, se diminuem aos olhos da população. O Supremo Tribunal Federal
pode ser que não tenha sido melhor no passado, mas as pessoas não sabiam. Hoje em dia elas sabem.
O que tem por aí, em geral, é triste. A imensa maioria é formada de pessoas que se pavoneiam com uma
vaidade absurda e não são capazes de manter um comportamento como um magistrado deveria ter, de
discrição. O contraste com a Suprema Corte americana é chocante. Não garanto que os juízes da Suprema
Corte americana sejam melhores do que os nossos, mas ninguém sabe. Porque eles se portam
publicamente com muita discrição. É raríssimo alguém dar uma opinião. Recentemente, uma juíza da
suprema corte fez uma declaração sobre o Trump, que era correta, mas ela logo depois pediu desculpas,
dizendo que não era apropriado, que ela não deveria ter falado aquilo. Aqui eles falam sobre tudo,
inclusive, questões que estão sendo julgadas. O Judiciário brasileiro, hoje, — incluindo aí os procuradores
e promotores públicos — tem uma imagem melhor, sobretudo a nova geração. É o caso do juiz Moro, dos
procuradores em Curitiba. Não só por causa da “lava jato”. São pessoas mais atualizadas.
O problema dos juristas brasileiros é que eles são, quase todos, figuras intelectualmente anacrônicas. O
Direito brasileiro é um Direito muito envelhecido. E eu sou bacharel em Direito, e por isso posso falar
disso. E meus dois irmãos eram magistrados, se aposentaram como desembargadores do Tribunal de
Justiça de São Paulo. O Direito brasileiro sempre foi de segunda mão. Sempre inspirado pela Itália, pela
Alemanha, pela França. No passado ainda havia, aqui, juristas que se equiparavam, de certa forma, aos
grandes juristas mundiais. Hoje, não há mais. O que impera é uma certa mediania.
E é um Direito que não acompanhou a evolução do tempo. Por isso é que, no caso do Direito Empresarial,
nós temos coisas absurdas. Mesmo a reforma da Lei de Falência e os esforços que se fizeram são muito
insuficientes. O número de recursos... Os casos não terminam. Nos Estados Unidos, quando houve a mega
falência da Enron, aquela grande companhia de energia, em um ano, a falência estava liquidada. Era uma
falência gigantesca.
ConJur — Algumas levam décadas, não?
Rubens Ricupero — Levam. Enquanto que o Direito anglo-saxônico olha o resultado, a efetividade; o
nosso é muito formalista, envelhecido, sem ideias. Tanto assim que a operação “lava jato” só se viabilizou
porque os homens que a conduzem conhecem o Direito americano. E muitos estudaram lá. Por exemplo, a
delação premiada que, finalmente, foi incorporada ao direito brasileiro, é uma instituição que existe há
décadas nos Estados Unidos.
É a chamada plea bargaining, a negociação da sentença. Nos Estados Unidos, em Direito Penal, a maioria
dos casos nunca vai a julgamento. Eles são negociados. Porque eles estão mais interessados na rapidez e
na efetividade, do que na suposta perfeição da Justiça. O que está funcionando é por causa dessa gente que
está em contato com os procuradores americanos e da Suíça. O resto, o que depende desse pessoal mais
velho, se arrasta.
ConJur — A “lava jato” é muito criticada pela dobradinha “prisão preventiva-delação premiada”.
Os advogados de defesa, e outros tantos juristas, dizem que as prisões decretadas pelo juiz Moro são
um incentivador para as delações. O senhor concorda com isso?
Rubens Ricupero — A meu ver há um elemento de verdade nessa acusação. Eu não me sinto satisfeito
nem com o excesso de prisões preventivas que se prolongam por meses e meses; nem, justamente, por
essa prisão psicológica que se faz para a delação. Eu tenho a impressão de que essas coisas, de fato,
contaminam a “lava jato”.
ConJur — Assim como o senhor falou do Supremo, os procuradores da “lava jato” também têm
aparecido muito, por exemplo, encampando as 10 medidas do MPF. Essa exposição excessiva do
Ministério Público também não é prejudicial?
Rubens Ricupero — Em tese, eu distingo as duas coisas. Eu acho que mesmo em um regime com
instituições muito melhores do que as brasileiras, a Suprema Corte e os juízes, de uma maneira geral, têm
que ser discretos. Não sou favorável à transmissão ao vivo de julgamento — salvo exceções muito
excepcionais. Eu creio que é um princípio basilar da magistratura que o juiz se mantenha com uma certa
circunspecção. Então, não comparo uma coisa com a outra.
No segundo caso, eu diria a você que, se nós tivéssemos instituições melhores, seria estranho que
houvesse campanha pública de procuradores. Infelizmente, nas circunstâncias brasileiras, é inevitável.
Porque é óbvio que a mudança das leis penais e leis processuais penais não virá do Congresso. Porque há
tanta gente no Congresso que está ameaçada, inclusive, no caso da operação [“lava jato”]... O que nós
temos visto no Brasil é uma tendência sempre a aguar a legislação penal.
O Brasil é um país que tem uma legislação penal e de cumprimento de pena extremamente indulgente. É
um país que tem uma violência enorme. Níveis de violência fantásticos. E vai ter uma legislação penal, de
processo penal como se fosse a Dinamarca. É completamente contraditório. Então, a meu ver, eu penso
que eles têm razão de fazer essa campanha porque é uma maneira, talvez, de esclarecer a opinião pública e
criar uma pressão para uma reforma das leis penais. Não que eu pense que apenas a dureza das leis penais
resolva. Não. Eu acho que as leis penais e de processo penal têm que ser justas. Elas têm que ser, sem
dúvida nenhuma, sentidas. Mas, têm que ser cumpridas. Eu acho um absurdo, por exemplo, essas saídas
periódicas que todo mundo já viu e uma boa porcentagem não volta.
É óbvio que não se deve ir nem a um extremo nem a outro. Eu não sou favorável, por exemplo, à
legislação penal de alguns estados americanos, que são absurdas, nas quais a pessoa que comete uma
terceira violação, mesmo que seja apenas a posse de um cigarro de maconha, pode ser condenada à prisão
perpétua. E lá é perpétua mesmo, a pessoa morre na prisão. Acho isso um absurdo. É um atentado.
Tem que se encontrar um ponto de equilíbrio. Mas, o ponto de equilíbrio, às vezes, tem que ser duro. Eu
vou lhe dar o exemplo da Itália. A Itália é um país que tem um direito penal brilhante. A maior parte dos
penalistas brasileiros até se formaram estudando os livros de penalistas italianos. No entanto, a Itália tem
uma espécie de pena que é prisão perpétua de verdade. Os líderes da Cosa Nostra não saem nunca.
Morrem na prisão. Por quê? Porque eles compreendem que em alguns casos não há recuperação possível.
Para um grande líder da Cosa Nostra que vive daquele poder, daquela riqueza, a prisão tem que ser
definitiva.
Porque ele solto causa ainda muito mais danos. O Brasil não tem essa possibilidade, fica jogando com
teorias que já não são aplicadas nem onde elas nasceram. Porque foi na Itália que começou o movimento
de humanização do Direito Penal, com o marquês de Beccaria. Mas o Brasil é o país que fica preso a
conceitos de cem anos atrás.
ConJur — O senhor é a favor da prisão depois de condenação em segunda instância?
Rubens Ricupero — Em muitos casos, sim. Não em todos os casos porque o Brasil tem uma qualidade de
Justiça muito diferente conforme os estados. E há estados por aí em que não se pode colocar a mão no
fogo pela qualidade da segunda instância. Então, haveria esse risco. Mas creio que os tribunais têm
competência para julgar caso por caso, como aquele episódio que houve aqui, da construção do fórum
[Trabalhista de São Paulo]. Um dos empresários desse caso da construção do Fórum, que foi condenado a
mais de 30 anos, já tinha acionado 33 recursos para não cumprir a pena. Isso, obviamente, é demais, em
qualquer lugar. E aí cai mesmo naquela questão: o sujeito que tem dinheiro, que tem bons advogados, não
vai preso nunca.
ConJur — O Supremo tem invadido competência do Legislativo?
Rubens Ricupero — O Supremo tem ido muito longe. Nós deveríamos ter, a meu ver, quando houvesse
uma grande reforma, um sistema diferente, uma corte apenas constitucional. Como há na Itália, na França
e em outros lugares. E uma Suprema Corte para a maioria dos outros processos. E a corte constitucional
deveria ter diretrizes que limitassem essa capacidade de legislar em lugar do legislador. Isso tem
acontecido no Brasil porque cria-se um vácuo. Aquela famosa regra: o poder odeia o vácuo. Quando há
um vácuo, alguém ocupa. No caso, tem sido a corte, porque os legisladores não são capazes de votar, às
vezes, em coisas relativas a eles.
ConJur — O Supremo acertou ao proibir as doações para empresas para candidatos?
Rubens Ricupero — Sou favorável à proibição das doações das empresas. Mas acho que não basta,
porque é preciso impor limites grandes ao quanto se pode gastar. É preciso adotar normas impedindo que
as eleições se transformem em programas, como se fossem filmes, e sejam mais de debates de ideias. Eu
creio que mesmo as doações individuais deveriam ser policiadas e observadas de perto. Porque pode
acontecer, por exemplo, que uma empresa seja proibida de doar, mas que os políticos façam pressão sobre
os diretores das empresas para fazerem doações a título de individual. E aí isso burlaria a lei. É preciso
verificar isso com muito cuidado, porque a violação das leis de financiamento de campanha existe em
todos os países. Até na Inglaterra, que tem leis muito mais aperfeiçoadas e onde se gasta muito menos do
que aqui. É preciso ter um cuidado muito grande para que essas coisas não escapem ao controle.
ConJur — Qual é o modelo de voto que mais lhe agrada?
Rubens Ricupero — Distrital misto. Creio que deve haver um caráter de distrito, com algumas correções.
Como é que você vai se candidatar em um estado inteiro como São Paulo, com mais de quinhentos
municípios. O dinheiro que isso exige.
ConJur — O senhor é a favor de adiantar as eleições para presidente?
Rubens Ricupero — Não. Eu sou a favor do parlamentarismo. Sempre fui. Eu fui um dos votos
minoritários em janeiro de 1963. Sempre fui favorável ao regime parlamentar. Sou contra o regime
presidencial. Acho que se nós tivéssemos um regime parlamentar — é claro, não com 35 partidos, mas
com um número menor —, episódios como o do impeachment não existiriam. Porque o governo cairia. O
gabinete cai e forma um novo gabinete. Como a Angela Merkel disse quando veio o Brasil, né. No regime
parlamentar, a mudança do governo não é uma crise, mas uma solução da crise.
ConJur — E por que no presidencialismo essa mudança é tão traumática, enquanto no
parlamentarismo é mais aceita? Rubens Ricupero — É que o presidencialismo é muito rígido. É um sistema em que, praticamente,
durante o mandato que se conferiu à pessoa eleita, não há como interferir se ele não se provar à altura da
confiança depositada. A racionalidade deveria aconselhar a que se mudasse o governo quando este se
mostra incapaz de encaminhar soluções dos problemas.
No presidencialismo se espera uma data. No caso brasileiro, daí o impasse, o dilema em que nós
estávamos. Ela não deveria ter sido reeleita. Já a reeleição foi um engano, foi um engano obtido graças ao
uso maciço de recursos econômicos e ao poder do governo. A atitude do partido, no poder, de não aceitar
a transição, de não aceitar a alternância no poder. A verdade é que o PT tem uma tendência que não é
democrática. A tendência do PT é muito avessa à alternância do poder. O PT tentou se manter no poder a
qualquer custo. Não sou eu que estou dizendo. Eles disseram. Ela [Dilma Rousseff] mesmo declarou que
iria fazer o diabo. O Lula disse: “agora vocês vão ver do que nós somos capazes”. Eles são capazes de
tudo e foi o que se viu.
Conseguiram a reeleição, embora por pouca diferença. Esse é que foi o erro. O erro de onde nasce essa
crise é a reeleição de uma pessoa que era manifestamente inepta. Que tinha provado isso há quatro anos.
Por exemplo, os argentinos, que nós costumamos criticar, não cometeram esse erro. É verdade que lá não
poderia mais reeleger. Mas não reelegeram a pessoa que representaria a continuação do governo da
Cristina Kirchner. Aqui se elegeu a continuação de um sistema que já estava mergulhado numa profunda
crise a partir de 2013. Outra instituição contra a qual eu me pronuncio é a reeleição. Foi um grande erro do
Fernando Henrique ter patrocinado essa emenda da reeleição.
Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 13 de novembro de 2016, 7h0