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 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGIC O DO CURSO DE HISTÓRIA   Natal/RN 2003

PPP Do Curso de História Da UFRN (2003)

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  • 1

    MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

    PROJETO POLTICO-PEDAGGICO

    DO CURSO DE HISTRIA

    Natal/RN

    2003

  • 2

    Comisso de elaborao:

    Prof. Raimundo Pereira Alencar Arrais (Coordenador)

    Profa. Francisca Aurinete Giro Barreto da Silva (Vice-coordenadora)

    Prof. Wicliffe de Andrade Costa

    Prof. Almir de Carvalho Bueno

    Colegiado do curso de Histria:

    Docentes:

    Almir de Carvalho Bueno

    Denise Mattos Monteiro

    Francisca Aurinete Giro Barreto da Silva

    Maria da Conceio Guilherme Coelho

    Maria Ferdinanda Silveira Soriano da Cruz

    Maria Ins Sucupira Stamatto (Depto. de Educao)

    Roberto Airon Silva

    Raimundo Nonato Arajo da Rocha

    Raimundo Pereira Alencar Arrais

    Wicliffe de Andrade Costa

    Discentes:

    Aniertony de Figueiredo Silva

    Romildo Gomes de Melo

  • 3

    SUMRIO I PROJETO POLITCO-PEDAGGICO DO CURSO DE HISTRIA

    INTRODUO .............................................................................................................. 3

    1 HISTRICO DO CURSO............................................................................................6

    2 JUSTIFICATIVA.........................................................................................................9

    3 PRINCPIOS NORTEADORES DO CURSO...........................................................14

    4 DIAGNSTICO DO CURSO....................................................................................25

    5 OBJETIVOS DO CURSO......................................................................................... 36

    6 PERFIL DO PROFISSIONAL ..................................................................................36

    6.1 Perfil do Licenciado.................................................................................................38

    6.2 Perfil do Bacharel....................................................................................................40

    7 COMPETNCIAS E HABILIDADES.......................................................................41 7.1 Competncias e Habilidades do Licenciado.............................................................44

    7.2 Competncias e Habilidades do Bacharel ...............................................................45

    8 ORGANIZAO CURRICULAR.............................................................................46

    8.1 Introduo.................................................................................................................46

    8.2 Estrutura Geral do Curso..........................................................................................48

    8.3 Estrutura Curricular..................................................................................................49

    8.4 Articulao entre atividades tericas e atividades prticas......................................52

    9 AVALIAO ............................................................................................................58

    9.1 Do Projeto Poltico-Pedaggico...............................................................................58

    9.2 Do Ensino-Aprendizagem........................................................................................61

    10 INFRA-ESTRUTURA DO CURSO ........................................................................67

    10.1 Recursos Existentes.................................................................................................67

    10.2 Outros Recursos Didticos Necessrios..................................................................71

    FONTES E BIBLIOGRAFIA ........................................................................................84

    II BREVE RELATO E REFLEXO..............................................................................87

  • 4

    INTRODUO

    Este Projeto Poltico-Pedaggico resultou de

    discusses coletivas travadas no mbito do departamento e

    do colegiado do curso de Histria, da participao de

    professores em congressos, seminrios, em grupos de estudo

    e reunies envolvendo a Universidade, em particular com a

    Pr-Reitoria de Graduao, que assessorou a comisso de

    elaborao em todas as etapas. Em determinado momento, as

    perspectivas do projeto foram enriquecidas pelo contato com

    as instncias da atividade universitria o ensino, a pesquisa

    e a extenso e o estabelecimento de um contato mais

    sistemtico do curso com outras instituies, fora da

    Universidade, em busca de possibilidades de abertura de

    campos de atuao para os graduandos de Histria.

    Foi decisiva, nesse momento, a participao de

    docentes e discentes em avaliao realizada pelo Programa

    de Avaliao da Universidade Brasileira (PAIUB) cujos

    resultados foram considerados no diagnstico do curso e no

    seu redimensionamento. As posies assumidas neste

    documento se apiam nas decises do colegiado do curso e

    do departamento de Histria, nos dispositivos legais, como a

    Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao, e nos

  • 5

    documentos do MEC, como o PARECER CNE/CES

    492/2001, de 03 de abril de 2001. sobre as Diretrizes

    Curriculares dos cursos de Histria, e as resolues CNE/CP

    1, de 18 de fevereiro de 2002, CNE/CP 2, de 19 de fevereiro

    de 2002 e CNE/CES 13, de 13 de maro de 2002.

    Acrescente-se a esses, documentos concernentes poltica de

    graduao e extenso da UFRN, e aqueles sados dos vrios

    foros nacionais dedicados questo do ensino e da

    reformulao curricular de Histria, incluindo aqueles

    promovidos pelo rgo representativo dos professores de

    Histria, a Associao Nacional de Histria (ANPUH).

    Assim, durante o processo de elaborao, guiamo-nos

    pela concepo segundo a qual o currculo entendido

    como um instrumento orientador da ao educativa em sua

    totalidade. A sua elaborao, por ser um trabalho partilhado,

    envolve crenas, princpios, valores, convices,

    conhecimentos sobre a comunidade acadmica, sobre o

    contexto cientfico e social e constitui um compromisso

    poltico e pedaggico coletivo.1

    1RIBEIRO, Mrcia Maria Gurgel. Diferentes espaos/tempos da

    organizao curricular; ALMEIDA, Maria Doninha (Org.) Curriculo

    como artefato social/UFRN. Natal: EDUFRN, 2000. p. 9. (Coleo

    Pedaggica, n. 2).

  • 6

    Sabemos a distncia que medeia um currculo como

    elaborao formal e a complexidade da realidade sobre a qual

    ele pretende intervir. Por isso, se no for obra resultante da

    colaborao e do entusiasmo da coletividade, ele corre o

    risco de ser esquecido no papel. Tratando-se de um projeto

    que pretende modificar numa certa direo a atual realidade,

    ele no pode deixar de levar em conta as condies reais

    existentes, incluindo as limitaes, os embaraos e as

    potencialidades - seja no aspecto material e humano, seja nas

    condies da instituio e na sua capacidade de fornecer os

    instrumentos legais para permitir seu desenvolvimento.

    A atualidade desse Projeto Poltico-Pedaggico

    depender do interesse vivo e contnuo por parte dos

    professores, bem como de sua capacidade de demonstrar uma

    postura desapegada das frmulas cmodas, mas

    aprisionadoras de uma realidade que se modifica em todas as

    direes, e de uma abertura concepo de uma nova

    pedagogia que deve sujeitar-se a uma permanente auto-

    avaliao, no que concerne aos processos, meios, objetivos e

    resultados.

    Sua realizao um desafio para todos, professores,

    alunos, administradores e governantes e requer, ao lado desse

    cuidado com a avaliao continuada, tendo em mira o

  • 7

    aperfeioamento do processo de formao do profissional de

    Histria, permanente zelo pela qualificao do corpo

    docente, e o provimento, por parte dos rgos a quem

    compete gerir a educao superior brasileira, das condies

    materiais para que o curso desempenhe, com excelncia, o

    papel que lhe compete. Desse modo, seu xito depender de

    um compromisso coletivo e do envolvimento de todos.

    2 HISTRICO DO CURSO

    No incio da dcada de 1950 o ensino superior em

    Natal era ministrado em faculdades isoladas, resultado,

    geralmente, do esforo da associao entre a iniciativa

    privada e o governo do Estado. At ento no havia uma

    faculdade para formao de professores. As exigncias do

    Ministrio da Educao, no que diz respeito titulao para o

    magistrio secundrio, levaram criao de cursos sob a

    responsabilidade da Associao de Professores do Rio

    Grande do Norte, o que originou a Faculdade de Educao,

    criada em 2 de maro de 1955. O Decreto Federal n. 40573

    concedeu Associao de Professores do Rio Grande do

  • 8

    Norte a autorizao para o funcionamento da Faculdade de

    Filosofia, Cincias, Letras e Artes, instalada em 27 de

    dezembro de 1956. A ela estavam ligados os cursos de

    Geografia, Histria, e Letras e Lnguas Neo-Latinas.2

    O curso de Histria obteve reconhecimento pelo

    Decreto Federal n. 46868, de 16 de setembro de 1959.

    Tinha por objetivo qualificar professores para o ensino

    secundrio e inclua as disciplinas Histria da Antigidade e

    da Idade Mdia, Histria Moderna, Histria

    Contempornea, Histria da Amrica e Histria do Brasil,

    distribudas em trs anos.3

    Em 1963, na administrao do governador

    Monsenhor Walfredo Gurgel, a Faculdade de Filosofia de

    Natal foi incorporada Fundao Jos Augusto, rgo do

    governo do Estado, sendo, posteriormente, agregada

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

    Pelo Decreto Presidencial n. 62380, de 11 de maro

    de 1968, a Faculdade de Filosofia foi federalizada, passando

    o curso de Histria por mudanas importantes. O

    2 RESUMO histrico do primeiro decnio da Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte (1959-1969), p. 67-76. 3 MEDEIROS, Alberto Pinheiro de. O curso de Histria na UFRN: trinta

    anos de existncia. Histria UFRN, ano 1, n. 1, p. 17-21.

  • 9

    Bacharelado era oferecido pelo Instituto de Cincias

    Humanas, e a Licenciatura, pela Faculdade de Educao.

    A implantao da Reforma Universitria pelo

    Governo Federal em 1970 introduziu no currculo de Histria

    mudanas como a adoo do sistema de crditos e conceitos,

    da semestralidade do perodo letivo e da matrcula por

    disciplina.

    As mudanas na perspectiva do trabalho do

    historiador, que incluam a articulao entre o ensino e a

    pesquisa, resultaram na formao de uma comisso para

    reformular o currculo de Histria. Para viabilizar essa

    articulao, a comisso incluiu a proposta de integrar a

    Licenciatura e o Bacharelado em Histria em um nico

    curso, aprovada pela Resoluo n. 286/88-CONSEPE, de

    01 de novembro de 1988. O curso de licenciatura e

    bacharelado em Histria exigia um total de 2880 horas/aula,

    integralizando 182 crditos, distribudos em quatro anos e

    meio.

    Tendo recebido alteraes ao longo dos anos, que no

    chegaram a modificar sua estrutura bsica, este o currculo

    atualmente em vigor. Este currculo, exige ser reformulado,

    na sua concepo, estrutura e organizao, na direo dos

    princpios estabelecidos neste Projeto Poltico-Pedaggico,

  • 10

    para que o ensino de Histria da UFRN possa acompanhar os

    novos desafios do mundo que nos cerca, desafios impostos

    pelas mudanas ocorridas nas ltimas duas dcadas, em

    mbito planetrio, e em todos os campos de saber, na cultura,

    nas relaes mundiais e na reorganizao do trabalho,

    refletindo em novos paradigmas do conhecimento, em novas

    formulaes tericas, materializadas nas pesquisas histricas

    e nas reflexes acerca do seu ensino.

    3 JUSTIFICATIVA

    O atual currculo do curso de Histria da UFRN

    entrou em execuo no ano de 1988, h cerca de uma dcada

    e meia, portanto. O contexto a que o currculo tinha de

    responder difere consideravelmente daquele que hoje se

    delineia. Para nos limitarmos s diferenas significativas, que

    afetam mais diretamente o trabalho dirio dos docentes,

    poderamos lembrar um dado: quela poca o departamento

    de Histria, se por um lado se encontrava em situao

    confortvel no que dizia respeito ao nmero de docentes, por

  • 11

    outro, deixava de beneficiar-se desse fato, uma vez que esse

    corpo docente se distinguia pela baixa titulao.

    Este projeto poltico-pedaggico foi concebido na

    tentativa de dar respostas a necessidades prementes de nosso

    tempo, levando em conta as condies reais, as

    especificidades do curso de Histria no meio em que se

    insere, norteando-se pelo lugar que a universidade pblica

    brasileira tem procurado ocupar na sociedade, e, finalmente,

    pelas caractersticas do campo terico-metodolgico em que

    se situa hoje a disciplina Histria, nas dimenses da pesquisa

    e do ensino.

    Mais do que uma exigncia institucional, ele responde

    a uma necessidade de reorientao reclamada pelo prprio

    curso de Histria, nos ltimos anos manifestada em

    reunies de colegiado, comentrios em torno dos problemas

    verificados na nossa prtica pedaggica diria,

    posicionamentos dos alunos, e em solicitaes que a

    comunidade exterior tem dirigido universidade. O Projeto

    expressa a sntese de vises de mundo, posicionamentos

    tericos, concepes da disciplina e de processo de ensino-

    aprendizagem, que se confrontaram nas discusses coletivas.

    O currculo atualmente em vigor rene as duas

    modalidades: Licenciatura e Bacharelado, num curso com

  • 12

    carga horria de 2820 horas, em regime de crditos, devendo

    o aluno integralizar 178 crditos, em tempo mdio de cinco

    anos. O curso oferecido em dois turnos, sendo um matutino

    e outro noturno, ofertando 50 vagas para entrada no exame

    Vestibular, totalizando, assim, uma entrada de 100 alunos por

    ano, o que resulta, atualmente, no total de 487 alunos

    matriculados.4

    No desenvolvimento final do curso o

    bacharelando/licenciando cumpre duas exigncias bsicas

    relativas s duas modalidades: depois de cursar as disciplinas

    de uma grade comum, para atender s exigncias da

    disciplina Pesquisa Histrica II, ele deve elaborar uma

    monografia, sob orientao de um professor, que ser

    examinada por uma banca composta de trs professores; e,

    ainda, realizar o seu estgio obrigatrio supervisionado fora

    da Universidade, como cumprimento da exigncia da

    disciplina Prtica do Ensino de Histria.

    Um dos inconvenientes desse modelo o acmulo de

    responsabilidades sobre o aluno no final do curso. S no

    ltimo semestre (ou, s vezes, nos dois ltimos semestres)

    4 Dados extrados da pgina do site

    . Este total se refere aos

    alunos matriculados no segundo semestre de 2002.

  • 13

    ser exigida dele a aplicao dos conhecimentos

    supostamente assimilados ao longo de quatro anos ou mais

    de aprendizagem. Esse procedimento est assentado sobre

    um erro de concepo, que divide o conhecimento em dois

    momentos separados (a teoria acumulada e a prtica). E,

    ainda, gera uma situao de tenso e pouca produtividade,

    uma vez que apenas no final do curso o aluno instado a

    colocar prova a aprendizagem de um conhecimento em que

    no foi exercitado anteriormente, sem, na grande maioria dos

    casos, ter previamente se envolvido em nenhuma experincia

    de pesquisa, nem ter vivenciado qualquer contato com o

    ensino fora de sala de aula.

    Ao lado disso, o currculo est todo encadeado nos

    elos dos pr-requisitos nas quatro linhas de disciplinas

    obrigatrias: Histria Geral (Histria Antiga I, Histria

    Antiga II, Histria Medieval I, Histria Medieval II, Histria

    Moderna, Histria Contempornea I e Histria

    Contempornea II), Histria do Brasil (Histria do Brasil I,

    Histria do Brasil II, Histria do Brasil III e Histria do

    Brasil IV); disciplinas tcnicas do Bacharelado (Pesquisa

    histrica I e Pesquisa Histrica II).

    Esse modelo de encadeamento de contedos se funda

    na convico da existncia de um eixo que daria uma

  • 14

    unidade e uma lgica ao processo histrico, o qual

    consistiria justamente na obedincia a uma rigorosa

    seqncia temporal, marcada pela sucesso de causas e

    conseqncias lineares - um momento explicando o seguinte

    e sendo explicado pelo que o precedeu. Essa concepo deixa

    ao largo as conquistas metodolgicas vividas pela disciplina,

    no conjunto das cincias humanas, nos ltimos anos, entre

    elas a que levou ao abandono de uma insustentvel

    concepo de tempo linear.

    A decorrncia desse postulado na prtica docente dos

    professores de histria a transmisso de contedos prontos,

    que o professor apenas retira dos livros para transferir aos

    alunos.

    4 PRINCPIOS NORTEADORES E

    METODOLGICOS DO CURSO

    O ensino de Histria no pode se definir, como em

    tempos passados, pela transmisso de um saber retrico,

  • 15

    adorno da cultura bacharelesca. Da mesma forma como este

    Projeto Poltico-Pedaggico recusa tais modelos - diga-se de

    passagem j rejeitados no currculo em vigor - ele recusa,

    igualmente, o modelo tecnocrtico, em emergncia, que visa,

    acima de tudo, formao de mo-de-obra para atender a

    demandas exclusivamente do mercado.5 Afinal, na avaliao

    do papel da universidade frente ao conhecimento social,

    devemos nos lembrar que por no estar limitada pelas

    injunes do mercado que a universidade pblica poder

    cumprir o seu papel histrico e social de produo e

    disseminao do conhecimento, e tambm manter com a

    cultura uma relao de reflexo que foge aos moldes do

    compromisso imediatamente definido pelas presses de

    demanda e de consumo.6

    Na formao dos seus profissionais, o curso de

    Histria refletir a posio que a universidade pblica deve

    ocupar no mundo hoje, um lugar que repele, por um lado, a

    formao retrica, pouco crtica, e, por outro, o

    tecnocratismo servil aos imperativos de um mercado que,

    pelo menos em alguns campos do conhecimento, se revela

    5 Sobre esses modelos, ver RAMA, Germn W. Estilos educacionais. In:

    DESENVOLVIMENTO e educao na Amrica Latina, p. 46-83. 6 SILVA, Franklin Leopoldo e. Reflexes sobre o conceito e a funo da

    universidade pblica. Estudos Avanados, v.15, n.42, p. 299, 2001.

  • 16

    vido por introduzir sua lgica nos currculos e do ensino

    universitrio.

    Um pensamento universitrio, crtico, criador,

    transformador, deve se voltar para a indagao a respeito de

    como as culturas locais podem definir o seu posicionamento

    no mundo contemporneo, uma indagao que diz respeito,

    sensivelmente, ao historiador e matria com que lida, ou

    seja, o indivduo e a sociedade.

    No mbito da universidade brasileira, o tema foi

    tratado em 1999, durante o Forum Nacional de Pr-Reitores

    de Graduao, que externou a convico na necessria

    incorporao do conhecimento e da prtica tecno-cientfica

    no espectro de valores humansticos, de modo que a

    dinmica e realizao se desloque em um eixo em que

    cincia e tcnica se apresentem apenas como meio ou

    dispositivo mas, principalmente, como um modo especfico

    de insero na realidade, como uma das formas do homem

    agir e interagir no mundo.7

    7 DO PESIMISMO da razo para o otimismo da vontade: referncias para

    a construo dos projetos pedaggicos nas IES brasileiras. In: FORUM

    dos Pr-reitores de graduao das universidades brasileiras. Curitiba,

    Outubro 1999, Comisso de redao. Disponvel em:

    .

  • 17

    Cabe aqui refletir sobre as formas de insero cultural

    dos indivduos na sociedade e de sua realizao atravs do

    trabalho como conhecimento e transformao. Num mundo

    em que as individualidades tm de conviver sob a presso da

    fragmentao promovida ou acelerada pelo domnio das

    tecnologias que percorrem nossa vida em todos os planos,

    um mundo caracterizado por um pensador como

    economicamente globalizado e culturalmente

    fragmentado8, erguido sobre aquele vazio social e

    poltico, marcado pela ausncia das mediaes sociais,

    impe-se a concluso de que as culturas com sua

    diversidade apenas podem ser reconstrudas pelo esforo de

    cada indivduo ou grupo para reencontrar sua autonomia, sua

    capacidade de associar valores e prticas, sua participao

    no mundo das tcnicas e dos mercados e pela manuteno de

    sua identidade e de sua memria culturais.9

    nesse cruzamento que podemos localizar o ponto da

    atuao do historiador. O conhecimento histrico, nos

    ltimos anos, teve transformadas suas bases terica e

    metodolgica, o que acompanhou e ao mesmo tempo se

    8 TOURAINE, Alain. Igualdade e diversidade: o sujeito democrtico, p.

    65. 9 TOURAINE, Alain. Igualdade e diversidade: o sujeito democrtico, p.

    64.

  • 18

    refletiu nas concepes e prticas pedaggicas. Desse modo,

    as lutas dos historiadores enquanto seres polticos e o

    compromisso de compreender e dar respostas satisfatrias s

    perguntas do tempo e da sociedade em que vivemos.

    Nesse ponto necessrio colocar em questo as

    concepes tradicionais de cincia e de ensino, bem como as

    prticas pedaggicas exercidas dentro da universidade,

    abandonando o postulado da existncia de duas etapas

    rigorosamente separadas: a produo e a sua transmisso.

    Devemos buscar reatar a unidade, separada pela viso e pela

    prtica elitista, que fragmenta o conhecimento nas instncias

    do fazer e do ensinar, e reafirmar o compromisso social a que

    esse conhecimento deve se ligar. Note-se que essa concepo

    que advoga a separao entre os produtores de conhecimento

    e os que transmitem esse conhecimento no deixa de estar

    ligada ao aforismo bastante difundido, preconceituoso e

    danoso educao brasileira, segundo o qual quem sabe faz,

    quem no sabe ensina.

    Uma das estratgias de execuo desse princpio est

    naquilo que tem sido designado como flexibilizao

    curricular, garantindo situaes que propiciem formao

    adequada ao aluno, visando a uma atuao profissional num

    mercado de trabalho, facultando-lhe, durante o curso, e no

  • 19

    apenas no final, a oportunidades dos estgios junto a

    comunidades, escolas, empresas, mediante o devido

    acompanhamento e com aproveitamento de crditos em seu

    currculo. Nesse ponto, a Extenso revela o papel importante

    que pode desempenhar. Mais do que estgios episdicos, a

    Extenso, compreendida como aquele instrumento que se

    tem designado de Atividade Curricular em Comunidade

    (ACC), adotada pela UFRN, definida como um

    componente curricular que

    constitui um processo educativo, cultural e cientfico,

    em que estudantes/professores [...], em parceria com

    grupos comunitrios, desenvolvero experincias de

    extenso, promovendo o intercmbio, a reelaborao

    e a produo de conhecimento sobre a realidade e

    sobre alternativas de transformao. Nesse sentido,

    caracteriza-se como uma atividade pedaggica de

    articulao ensino/pesquisa e sociedade e de formao

    da cidadania profissional dos estudantes.10

    Essa abertura tem em mira tambm estabelecer e

    fortalecer o seu compromisso com o envolvimento do aluno

    com a sociedade. Articulando o Ensino e a Pesquisa dentro

    10 PROPOSTA de criao de Atividade Curricular em Comunidade

    (ACC). Universidade Federal da Bahia, Pr-Reitoria de Extenso, 2002,

    p. 2.

  • 20

    da Extenso, a universidade projeta-se at a comunidade,

    gerando um saber enriquecido com a experincia extra-

    acadmica: um saber que difundido junto a grupos

    especficos, e que enriquece a reflexo terica em contato

    com outras formas de conhecimento e o pensamento de

    outros sujeitos. Fortalece-se, desse modo, aquilo que a ao

    da Pr-Reitoria de Extenso da UFRN define como uma luta

    pelo estabelecimento de uma forma de conhecimento que

    privilegie o dilogo entre os diferentes saberes, oriundos das

    cincias, das artes, das humanidades e do conhecimento da

    tradio.11

    Trata-se de um saber que, espera-se, modifique a

    prtica do aluno no sentido de coloc-lo em contato com a

    realidade na qual poder atuar depois de formado, um saber

    construdo de modo coletivo, pela absoro de experincias

    locais de comunidades, cotejando o saber acadmico com o

    saber da tradio, tudo isso articulado reflexo criadora que

    integra a tarefa do historiador do professor.

    Essa concepo se coaduna perfeitamente com a face

    crtica do trabalho do historiador, seja no exerccio da

    pesquisa ou do ensino. Sendo sua matria a sociedade

    11 GERMANO, Jos Willington. Apresentao. A extenso na UFRN, p.

    5.

  • 21

    humana, a disciplina histria deve mostrar-se especialmente

    sensvel para apreender os movimentos sociais. Essa

    sensibilidade tem se refletido nas respostas positivas que a

    disciplina, muito particularmente no mbito acadmico, tem

    oferecido ao dilatar seu campo de atividades atravs do

    dilogo criativo com outras disciplinas. Por meio desse

    contato, hoje os historiadores se encontram mais equipados

    para indagar a respeito das questes epistemolgicas que

    envolvem o fazer histrico, consumando-se a destruio de

    toda iluso positivista de que o esforo terico do historiador

    residia na verificao da autenticidade das fontes histricas.12

    O historiador hoje precisa estar familiarizado com

    metodologias que lhe permitam pensar a respeito da memria

    dos grupos sociais e lidar com diferentes linguagens pelas

    quais falam outros sujeitos.

    As novas perspectivas no campo documental e

    metodolgico que se abriram para a Histria nas ltimas

    dcadas foram acompanhadas pela tomada de conscincia,

    por parte dos historiadores, dos processos nos quais seu

    ofcio est envolvido, incluindo as lutas sociais e a

    12 Sobre as novas abordagens da Histria, ver, por exemplo, LE GOFF,

    Jacques e NORA, Pierre. Histria: novos objetos. Sobre a objetividade do

    historiador, ver VEYNE, Paul. Como se escreve a histria.

  • 22

    reivindicao de direitos sociais, de grupos, de indivduos, de

    etnias, emergncia da fora das identidades coletivas como

    elemento de sustentao dos grupos humanos.13

    Essas novas perspectivas dizem respeito ao

    compromisso social do historiador, uma vez que, numa

    sociedade desigual, o historiador eleva, ao incorporar certos

    indivduos, grupos ou classes a sujeitos da histria, sagra-os

    como portadores de um saber, admitindo a validade de sua

    viso de mundo no conjunto dos grupos sociais. Do mesmo

    modo, ele pode adotar uma verso nica da Histria,

    transmitindo-a a seus alunos, s vezes inadvertidamente,

    reproduzindo assim o discurso de um grupo social especfico,

    em geral aquele ligado s estruturas de poder dominante.14

    Por isso, cumpre ao curso de Histria possibilitar ao

    graduando familiarizar-se minimamente com os debates

    acerca do conhecimento histrico, da construo do fato, dos

    mecanismos seletivos e classificatrios que intervm na

    13 Para uma viso panormica das transformaes das duas ltimas

    dcadas, na historiografia internacional, ver PERROT, Michelle. Os

    excludos da Histria; LE GOFF, Jacques. A Histria nova. Na

    historiografia brasileira, ver MELLO E SOUZA, Laura de.

    Desclassificados do ouro e DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano

    e poder. 14 Sobre o assunto, dentro da vasta bibliografia, ver, por exemplo,

    FERRO, Marc. Como se cuenta la Historia a los nios em el mundo

    entero; SILVA, Marcos A da. (Org.) Repensando a Histria.

  • 23

    escolha das fontes, e sua repercusso social, na medida em

    que o historiador opera uma seleo de quem so os grupos

    dignos de figurar como personagens da histria, de terem,

    assim, sua memria sublinhada ou confrontada com outras

    memrias.15

    A necessidade que historiadores sentem, na pesquisa

    e no ensino, de ampliar os suportes de experincia social, se

    satisfaz, em grande medida, incorporando a seu plano de

    estudos objetos novos como o patrimnio (incluindo a o

    patrimnio histrico, urbano, documental etc.), em suas

    articulaes com a comunidade, museus, arquivos, escolas,

    universidade, todos eles campos de experincias situados no

    cruzamento da pesquisa, do ensino e da socializao do

    conhecimento.16 essa ampliao que permite, inclusive,

    articular a Histria ao campo da memria, pois

    Alm de possibilitar uma relao com diferentes

    suportes das experincias sociais que no os reduz

    15 Na rica bibliografia sobre o tratamento da questo da memria no

    domnio da Histria Social, podemos mencionar BENJAMIM, Walter.

    Obras escolhidas. v. 3: Charles Baudelaire: um lrico no auge do

    capitalismo; BOSI, Ecla. Memria e sociedade: lembrana de velhos e

    THOMPSON, Paul. A voz do passado: histria oral. 16 Ver BITTENCOURT, Circe (Org.) O saber histrico na sala de aula.

  • 24

    condio de matrias-primas, uma vez que os encara

    no processo de definies de identidades e produes

    de memrias, aquela articulao contribui para o

    debate sobre a prpria noo de fonte histrica de

    forma ilimitada: ao pensar na constituio de lugares,

    smbolos e formas de memria, o

    historiador/professor/aluno abandonar o ilusrio

    conforto da documentao escrita, muito mais restrita

    ao universo social dominante[...]17

    Diversamente, o conhecimento deve ser entendido

    como uma construo, uma elaborao intelectual, o

    resultado de um fazer histrico, uma operao histrica

    que parte de um lugar de onde anuncia o historiador o seu

    discurso.18

    O conhecimento histrico no deve ser concebido

    como uma operao de coleta e organizao de fatos

    objetivos, por um historiador que pretende toda objetividade

    na relao com seu objeto de conhecimento, mas como

    construes cuja operao preciso levar o aluno a

    desvendar, como parte de estimular uma postura ativa diante

    da pesquisa, da construo do conhecimento e das discusses

    17 SILVA, Marcos A da. Histria: o prazer em ensino e pesquisa, p. 71-

    72. 18 Sobre o assunto, ver, por exemplo CERTEAU, Michel de. A escrita da

    Histria, cap. 2: A operao historiogrfica.

  • 25

    referentes a sua transmisso.19 Superar essa tendncia

    carregada de ressonncia positivista no ensino universitrio

    de histria requer, nas palavras de uma autora, a realizao

    na sala de aula da prpria atividade do historiador, a

    articulao entre elementos constitutivos do fazer histrico e

    do fazer pedaggico.20

    Nessa perspectiva, postulamos a adoo, na prtica

    pedaggica dos professores, em vez de uma histria factual,

    ordenada num encadeamento linear, uma histria-problema,

    uma concepo de histria que parta no do desfilar

    cronolgico dos eventos na cadeia das causas-e-

    conseqncias, mas de problematizaes, articuladas e

    mediadas por conceitos, confrontados no desafio das fontes

    histricas, sendo estas compreendidas, por sua vez, como

    elaboraes historicamente situadas.21

    Adotar essa concepo de histria significa introduzir

    o aluno na reflexo metodolgica sobre o ofcio do

    historiador, instrui-los no contato com as fontes, dissolver

    posturas pr-estabelecidas, suspeita dos modelos universais e

    19 Ver, por exemplo, VEYNE, Paul. Como se escreve a histria; Foucault

    revoluciona a histria. 20 SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A formao do professor de Histria e

    o cotidiano da sala de aula, p. 59. 21 Sobre isso, ver, por exemplo, BURKE, Peter. Histria e teoria social.

  • 26

    das verdades fixas. Significa adotar uma compreenso da

    sociedade humana em sua complexidade, seu movimento,

    suas tenses, continuidades e rupturas e na sua capacidade de

    desafiar conceitos demasiadamente rgidos.

    5 DIAGNSTICO DO CURSO

    A avaliao das condies objetivas - materiais e

    humanas da UFRN um passo importante para que

    visualizemos o horizonte das limitaes, das possibilidades e

    das perspectivas ao pretendermos pr em execuo um novo

    Projeto Poltico-Pedaggico para oferta da graduao neste

    incio de sculo. A esse respeito, cumpre assinalar que se

    reflete em nossa universidade a situao vivida pela

    universidade pblica brasileira nos ltimos anos, destacando-

    se, em especial, no plano das perdas, a sangria dos recursos

    humanos e materiais. Nesse contexto, o Departamento de

    Histria, que oferece cerca de setenta por cento das

    disciplinas do curso de Histria, v hoje o seu corpo docente

    reduzido progressivamente em virtude de aposentadorias que

    representam baixas nem de longe supridas pelas minguadas

  • 27

    vagas em concursos pblicos e pelo expediente de

    contratao de professores em regime temporrio.

    Por outro lado, como fato positivo a considerar, est a

    coleta dos primeiros frutos de uma poltica de qualificao

    docente, ainda em curso, posta em execuo, com muito

    esforo, nos ltimos anos, o que contribuiu para incrementar

    entre ns o interesse pela pesquisa, resultando num aumento

    quantitativo e qualitativo da produo acadmica, embora,

    registre-se, tudo isso tenha efeito reduzido em virtude do

    inevitvel acmulo de funes de ensino, na graduao e na

    ps-graduao, pesquisa e administrao, devido escassez

    do corpo docente.

    Essas dificuldades no poderiam deixar de refletir-se

    no curso de graduao, sob o ponto de vista da qualidade do

    ensino e das limitaes na oferta de disciplinas, em particular

    aquelas de natureza complementar (optativa).

    No que diz respeito ao atual currculo, alguns

    problemas se evidenciaram nos ltimos anos. Seus contedos

    no servem satisfatoriamente pesquisa histrica, nem

    prtica pedaggica, pois, por um lado, oferecem pouco

    suporte terico, tcnico, e no propiciam ao graduando a

    possibilidade de confrontar, de modo paulatino, a experincia

    cumulativa, nos ambientes fora da universidade. De fato,

  • 28

    poderamos notar no currculo atualmente em vigor a

    ausncia de disciplinas fundamentais para a formao de um

    pesquisador, como certos conhecimentos especializados

    como Arquivstica Histrica, Histria Oral e Patrimnio,

    acrescentados estrutura curricular aqui proposta.

    Ao examinarmos o atual currculo do Curso de

    Histria, chegaremos facilmente concluso de que ele no

    propicia a absoro por parte do aluno, de experincias de

    fora da Universidade, privando-o, portanto, dessas

    oportunidades de envolvimento com a comunidade e, ao

    mesmo tempo, empobrecendo sua vivncia profissional. Do

    mesmo modo, esse currculo no atende as necessidades da

    sociedade contempornea, nem s aspiraes que os

    graduandos tm externado, cada vez mais ansiosos por

    melhorar suas perspectivas profissionais.

    Sua estruturao merece um exame. A concepo

    linear de processo histrico projetou sua influncia na

    estrutura curricular de 1988. Sua marca mais visvel est na

    priso que o sistema de pr-requisitos representou sobre as

    disciplinas obrigatrias desenvolvidas em sala de aula. Como

    se viu, o que no apenas carece de fundamentao suficiente

    para dar conta dos desafios que o pesquisador e o professor

    de Histria tm de enfrentar no seu ofcio, como contribui, na

  • 29

    medida em que justifica o encadeamento dos conhecimentos

    na linha dos pr-requisitos do programa, para provocar o

    alongamento dos anos de permanncia do aluno na

    universidade: basta que o aluno sofra uma reprovao numa

    disciplina pr-requisito, ou tranque essa disciplina, para

    que fique retido por pelo menos dois semestres letivos na

    universidade. A essa contingncia temos de imputar, sem

    dvida, parte da responsabilidade pelo fato de muitos alunos

    dilatarem para 11, doze ou mais, semestres, um curso que

    tem como tempo mdio 9 semestres. De fato, o aluno do

    curso de histria tem permanecido, em mdia, 6 anos na

    graduao. Essa outra razo pela qual o atual sistema deve

    ser modificado.

    No difcil constatar que, em vigor h mais de uma

    dcada, o atual currculo no logrou pr em prtica o

    proclamado ideal de integrao entre ensino e pesquisa.

    Muitas dificuldades poderiam ser invocadas para o seu

    insucesso: o preparo intelectual cada vez mais baixo dos

    alunos que ingressam no ensino superior, dificuldades de

    toda natureza vividas pela instituio nos ltimos anos, o que

    reflete fortemente na formao dos alunos, etc. Mas, sem

    nenhuma dvida, uma parte dessa dificuldade se deve

    prpria estrutura curricular.

  • 30

    A alta soma de carga horria que o currculo de 1988

    imps, centrada em sua quase totalidade no ensino em sala de

    aula, exige a absoro de uma alta soma de contedos para

    atender s duas habilitaes simultaneamente, na sua maioria

    de disciplinas de natureza obrigatria. Isso, por outro lado,

    implica em diminuir as possibilidades do aluno dedicar-se s

    experincias de pesquisa e ensino fora da sala de aula,

    restringindo essas experincias monografia e ao estgio

    supervisionado ao final do curso.

    Os contedos especficos reduzem-se a um eixo

    mnimo. Na licenciatura eles esto distribudos nas

    disciplinas Psicologia I (04 crditos, 60 horas/aula),

    Introduo Educao (04 crditos, 60 horas-aula),

    Psicologia da Educao III (04 crditos, 60 horas-aula),

    Didtica II (04 crditos, 60 horas-aula) e Prtica do Ensino

    de Histria (03 crditos, 135 horas-aula).

    Para o bacharelado, por sua vez, em termos de

    disciplinas de formao especfica, com carter de pesquisa,

    exige-se apenas a Pesquisa Histrica I (onde ocorre a

    elaborao do projeto de pesquisa) e Pesquisa Histrica II

    (onde se d a elaborao da monografia de final de curso).

    Isso indica um baixo investimento nas disciplinas de carter

    profissionalizante. Das demais disciplinas voltadas para a

  • 31

    formao especfica do pesquisador, s trs, de natureza

    complementar (optativa), esto voltadas para a formao do

    pesquisador (Arqueologia, Paleografia e Museologia).

    Um dos reflexos disso est nas monografias de final

    de curso: a maioria das monografias de final de curso no fez

    uso, at pouco tempo, de fontes de pesquisa a no ser a

    bibliogrfica. Essa diversificao s passou a acontecer com

    a modificao introduzida em 1998, a qual consistiu na

    adoo do regime de monografia sob orientao de um

    professor e examinada por uma banca constituda de trs

    professores.22 Isso se d, em parte, pelo fato de que a

    ausncia de disciplinas profissionalizantes desaparelha o

    aluno para a pesquisa de campo, dando a medida do baixo

    nvel de preparo profissional conferido ao bacharel em

    histria. O conhecimento e o uso de fontes de pesquisa que

    no se restrinjam a uma bibliografia de livros de Histria

    fundamental para o contato do profissional com um universo

    em todas as possibilidades de pesquisa que se abrem para o

    historiador, notadamente a pesquisa em fontes como jornais,

    relatrios de governo, atas de governos, sries estatsticas,

    depoimentos orais.

    22 Levantamento realizado no 2 semestre de 2001. Coordenao do curso

    de Histria, 2001.

  • 32

    Complementando esse quadro de escassez de

    condies de profissionalizao, seja como pesquisador, seja

    como professor, irrelevante o nmero de alunos que tem

    realizado estgios em instituies, sejam escolas, museus,

    arquivos e bibliotecas, embora isso venha acontecendo, nos

    ltimos semestres, de forma mais intensa, sem que a

    Coordenao e nem mesmo a administrao da Universidade

    tome conhecimento, portanto sem acompanhamento do

    Colegiado e sem possibilidade de aproveitamento como

    crdito cursado. Desses estgios, poucos acontecem em

    escolas, no obstante o quadro de carncia da rede pblica de

    ensino do Rio Grande do Norte, no ensino fundamental e

    mdio.

    Esses indicadores so suficientes para nos conduzir

    concluso patente: nem a Licenciatura nem o Bacharelado

    tm oferecido condies para uma formao terica que se

    articule com a prtica; tampouco tm introduzido o aluno no

    conhecimento do meio social onde dever exercer suas

    atividades profissionais.

    Por outro lado, preciso reconhecer a situao scio-

    profissional dos alunos que atualmente ingressam no curso

    de Histria. O turno noturno concentra, tradicionalmente,

    alunos que trabalham a jornada manh-tarde, aos quais no

  • 33

    resta outro perodo para freqentar as aulas seno a noite.

    Tanto assim que, medida que conseguem emprego, alunos

    do turno matutino tendem a migrar para o turno noturno.23

    Para esses no h tempo para qualquer atividade fora

    do horrio de aula, o que inviabiliza os estgios em perodo

    extra-classe, ou seja, de manh e de tarde. Da decorre que,

    pelas dificuldades de estgio no perodo diurno, os alunos do

    curso noturno sofrem grandes limitaes no que toca sua

    formao de pesquisadores, pela dificuldade de contato com

    fontes de documentao fora do estreito crculo da biblioteca

    central da UFRN e biblioteca setorial do curso de Histria (o

    N.E.H.), uma vez que as demais instituies, como o

    Instituto Histrico e Geogrfico do Rio Grande do Norte, o

    Arquivo Pblico Estadual, sob cuja guarda se encontra a

    grande parte do material de pesquisa, limitam seu horrio de

    funcionamento aos turnos matutino e vespertino.

    Quanto Licenciatura, a situao apresenta ao menos

    a vantagem, se comparada com o Bacharelado, de que esses

    alunos do perodo noturno podem realizar seu estgio

    supervisionado de final de curso nas escolas no prprio

    horrio da disciplina Prtica do Ensino de Histria.

    23 Esses dados foram extrados de pesquisa, de novembro de 2002.

    Coordenao do curso de Histria.

  • 34

    Na atual situao do Departamento de Histria, o

    diagnstico no poderia deixar de mencionar uma das

    principais perspectivas para mdio prazo, na medida em que

    o Departamento investe nela parte de suas energias:

    implantar uma ps-graduao em nvel de mestrado em

    Histria, atendendo a uma demanda grande, de profissionais

    da rede pblica e privada, desejosos de aperfeioar seus

    estudos, seja na pesquisa, seja no ensino. A inexistncia de

    um curso de ps-graduao em Histria na UFRN fora os

    egressos do curso de Histria a afastar-se de seu interesse

    original, concentrado nas problemticas concernentes

    pesquisa e a docncia em Histria, para submeter-se a

    seleo de mestrado em outras reas, ou a deslocar-se at

    Estados vizinhos.

    verdade que cursos de ps-graduao lato sensu j

    vm sendo oferecido, de modo no-sistemtico, pelo

    Departamento de Histria. Contudo, a mdio prazo o

    objetivo implantar um mestrado em Histria. Para tanto,

    contamos hoje com alguns suportes que devero convergir

    para reforo desse projeto. Por isso, devemos prosseguir na

    qualificao do corpo docente, dirigir esforos para a

    consolidao de uma base de pesquisa em formao,

    prosseguimento na publicao de uma revista de circulao

  • 35

    regional e na manuteno de uma biblioteca especializada em

    historiografia do Rio Grande do Norte.

    visvel no curso uma crescente motivao dos

    alunos pela pesquisa e pelo ensino. Isso se deve no apenas a

    iniciativas pedaggicas estimulantes, como tambm das

    oportunidades de participao dos discentes em grupos de

    estudo, em projetos de pesquisa de professores do

    Departamento de Histria ou de outros departamentos, com

    bolsas de iniciao pesquisa da Pr-Reitoria de

    Pesquisa/CNPq, em projetos vinculados ou no base de

    pesquisa existente atualmente no Departamento, intitulada

    Histria e Historiografia Regional, integrada por cinco

    projetos, ou na iniciao docncia, como monitores.

    6 OBJETIVOS DO CURSO

    6.1 Objetivo Geral

    Propiciar ao aluno, no mbito do ensino como da

    pesquisa, os fundamentos tericos e metodolgicos da

    Histria, formando-o numa compreenso do conhecimento

  • 36

    com nfase na investigao e no compromisso com a

    sociedade.

    6.2 Objetivos Especficos

    6.2.1 Da Licenciatura

    A formao do professor, que fundamente seu desempenho

    pedaggico no conhecimento e na investigao voltados para

    a formao de cidados crticos.

    6.2.2 Do Bacharelado

  • 37

    A formao do historiador, pesquisador, ressaltando a sua

    participao na produo e disseminao do saber histrico.

    7 PERFIL DO PROFISSIONAL

    O profissional formado no curso de Histria da

    UFRN dever aliar ao domnio tcnico (que inclui o

    conhecimento terico, metodolgico necessrio produo

    do conhecimento e a sua transmisso) a percepo de que ao

    pesquisar e ensinar Histria ele deve considerar os laos que

    associam o passado e o presente, no no sentido de uma

    continuidade linear, mas no sentido de que o passado

    permanentemente apropriado, reescrito, esquecido ou

    enfatizado em funo das lutas sociais travadas no presente.

    Da o interesse que esse profissional deve demonstrar a

    respeito das formas de escrita e transmisso de imagens do

    passado. esse interesse que caracteriza, antes de tudo, o

    posicionamento critico que esse historiador deve manter, seja

    na pesquisa, seja no ensino.

    Tanto na pesquisa como no ensino, esse profissional

    deve ter em mira a percepo da dinmica do mundo

  • 38

    contemporneo, das diversidades, das tenses sociais, das

    mudanas e permanncias na sociedade, fazendo da Histria

    uma disciplina que se liga diretamente reflexo sobre as

    identidades sociais, ao reconhecimento das contradies e

    das tenses sociais, difundindo esse conhecimento atravs

    tanto da escola como do ensino informal. Esse profissional

    deve ter uma viso crtica, criativa e flexvel do fenmeno

    social e do indivduo como ser histrico. O profissional de

    Histria, em qualquer atividade a que se dedique, deve

    possuir uma compreenso de totalidade do mundo em que

    esto inseridos os indivduos - seja a personagem histrica,

    seja o aluno - situando-os como seres mergulhados na

    complexidade dos seus vnculos sociais, geogrficos,

    polticos, psicolgicos, artsticos e culturais.

    7.1 Perfil do Licenciado

    O Licenciado em Histria formado pela UFRN

    dever:

  • 39

    .Conceber a Histria de modo crtico e criativo, a

    partir de relaes sociais dinmicas, ligadas ao mundo com o

    qual o indivduo interage, na sua dimenso do passado como

    do presente.

    .Perceber os indivduos na sua diversidade, de classes,

    de etnias, de culturas, estimulando o aluno a compreender de

    modo crtico as relaes sociais.

    .Estimular o aluno a situar-se como agente histrico e

    como ser integrado a uma comunidade humana, auxiliando-o

    a reconhecer e estreitar seus vnculos com a comunidade em

    que est inserido.

    .Estimular a atividade da pesquisa na escola, nas suas

    diversas possibilidades, incluindo a o trabalho na interseco

    com outras disciplinas.

    .Adotar posio permanentemente indagadora e

    aberta experincia a respeito de seus mtodos de avaliao

    de aprendizagem e de ensino.

    .Mostrar-se capaz de incluir como apoio no processo

    de ensino-aprendizagem o uso de tecnologias como a

    internet, o cinema e o vdeo.

    .Manter-se inteirado a respeito dos rumos que a

    disciplina toma atualmente, no plano terico e da pesquisa

  • 40

    efetiva, quanto s novas problemticas, mtodos e

    abordagens.

    .Demonstrar postura tica na profisso, a que deve

    somar-se, como educador, o compromisso com a formao

    do aluno, na sua totalidade indissocivel de ser intelectual e

    ser humano.

    7.2 Perfil do Bacharel

    O bacharel em Historia formado pela UFRN dever:

    .Conceber a Histria de modo crtico e criativo, a

    partir de relaes sociais dinmicas, ligadas ao mundo com o

    qual o indivduo interage, na sua dimenso do passado como

    do presente.

    .Atuar na produo de conhecimento histrico,

    empregando abordagens tericas e procedimentos

    metodolgicos adequados, procedendo crtica das fontes.

  • 41

    .Atuar, em colaborao interdisciplinar com outras

    disciplinas, no intuito de apreender a complexidade da

    expresso da sociedade humana.

    .Reconhecer as diversidades, as mudanas e as

    permanncias como parte constituinte das sociedades

    humanas.

    .Atuar na formao e organizao de arquivos e

    museus, no mbito da conservao de documentos,

    associando esse trabalho reflexo a respeito da sua

    condio de suporte da memria da sociedade.

    .Produzir conhecimento de natureza histrica fazendo

    uso de vrias linguagens do mundo contemporneo, como a

    internet, o vdeo, o cinema.

    .Acompanhar as reflexes que so travadas nos

    diversos campos temticos da Histria, as quais reorientam,

    permanentemente, a direo das pesquisas.

    .Aproximar seu trabalho de reconstituio dos

    processos histricos das organizaes sociais e movimentos

    reivindicatrios que se inspiram em atitudes de cooperao e

    solidariedade.

    .Pautar-se pela tica em todos os mbitos do exerccio

    de sua profisso, seja no que diz respeito honestidade no

  • 42

    processo de reconstituio histrica, seja dos direitos de

    propriedade intelectual.

    8 COMPETNCIAS E HABILIDADES

    Na formao do historiador, seja ele licenciado ou

    bacharel, dever predominar a formao sobre a informao,

    os instrumentos sobre o factual. Numa palavra, as

    habilidades e competncias sobre o contedo. Na verdade, o

    que se postula neste Projeto Poltico-Pedaggico a

    competncia questionadora reconstrutiva.24 A noo de

    competncia adotada aqui aquela formulada por Perrenoud:

    uma capacidade de agir eficazmente em um determinado

    tipo de situao, apoiada em conhecimentos, mas sem

    limitar-se a eles.25 Em outras palavras, a competncia,

    enquanto capacidade complexa manifestada na

    prtica, representa uma estrutura dinmica e

    organizada do pensamento que permite analisar,

    avaliar e compreender o contexto no qual o

    24 DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa, p. 55. 25 PERRENOUD, P. 10 novas competncias para ensinar, p. 7.

  • 43

    indivduo age. Permite decidir, utilizar, modificar

    e mobilizar os recursos disponveis para resolver,

    com sucesso, determinados problemas reais da

    prtica profissional. Faz-se necessrio, nesse

    caso, considerar que o agir do indivduo numa

    esfera dada de sua atividade, sem apenas fazer

    uso de meras respostas automticas ou de

    rotina.26

    Em qualquer esfera em que atue, o profissional de

    Histria deve observar o princpio de que a realidade social,

    suas formaes, seus movimentos, no se deixam enquadrar

    em explicaes baseadas em noes demasiado rgidas, nem

    em leis inexorveis, nem em reducionismos dogmticos.

    Dessa forma, ele deve adotar atitudes que lhe facilitem

    enfrentar o inesperado, as variaes, a flexibilidade. Isso

    exige que, na sua prtica profissional, como competncia

    geral o profissional de Histria, tanto na pesquisa, quanto na

    prtica pedaggica, deve mostrar-se preparado para enfrentar

    os desafios que o ato de ensinar impe no cotidiano do

    professor, mantendo um permanente dilogo entre o saber e a

    interveno dos indivduos na produo e apropriao desse

    26 NUNS, Isauro Beltrn; RAMALHO, Betnia Leite. Competncia:

    uma reflexo sobre o seu sentido. O sentido das competncias no projeto

    poltico-pedaggico. Pr-Reitoria de Graduao da UFRN, p. 19.

    (Coleo Pedaggica, n. 3).

  • 44

    saber. Tanto no conhecimento terico, como no exerccio

    pedaggico, ele deve ser apto para encontrar solues alm

    dos princpios rgidos, das frmulas excessivamente

    confiantes numa racionalidade que tudo explica. A

    criatividade, a abertura para responder diversidade das

    situaes, deve ser a marca presente na ao do pesquisador e

    do professor de Histria, que tm como objeto de estudo a

    sociedade humana, os seres humanos, como agentes ou como

    objeto do processo ensino-aprendizagem.

    8.1 Competncias e Habilidades do Licenciado

    .Atuar no ensino de Histria, entendendo-o no como

    mera transmisso do conhecimento, mas como

    construo do conhecimento.

    .Usar o material didtico em sala de aula de modo

    crtico e criativo, produzindo esse material, quando

    necessrio.

  • 45

    .Estar habilitado a fazer uso das tecnologias audio-

    visuais de apoio ao processo ensino-aprendizagem.

    .Introduzir na prtica pedaggica os contedos

    histricos, selecionando-os e associando-os ao

    universo cultural no qual os alunos esto inseridos.

    .Reconhecer as especificidades culturais e individuais

    dos estudantes, adequando a elas os contedos e as

    abordagens.

    .Compreender a Histria como um campo de

    conhecimento relacionado com outras formas de

    conhecimento e apreenso do mundo, seja no

    domnio da cincia, da arte ou do senso comum.

    .Atuar em atividades pedaggicas em comunidades e

    organizaes, no mbito da educao no formal.

    8.2 Competncias e Habilidades do Bacharel

  • 46

    .Ser capaz de elaborar um trabalho de pesquisa de

    natureza histrica, numa articulao coerente entre

    mtodos, fontes e bibliografia.

    .Produzir conhecimento histrico sob a forma no

    somente de textos, mas tambm de outros suportes.

    .Perceber a Histria como um movimento em que se

    combinam a continuidade e os momentos de ruptura,

    em diversos nveis.

    .Estar habilitado para atuar na organizao de museus,

    arquivos, no campo da memria e do patrimnio e da

    memria.

    .Fazer uso da interdisciplinaridade, relacionando, na

    prtica da pesquisa, quando necessrio, a Histria ao

    conjunto das demais disciplinas.

    .Manejar as linguagens que emergem na

    contemporaneidade, de acordo com seu interesse,

    como tcnicas de pesquisa oral, cinema e artes em

    geral.

    .Ser capaz de lidar, no campo da pesquisa, no

    domnio metodolgico da memria dos grupos sociais

    e de comunidades.

  • 47

    9 ORGANIZAO CURRICULAR

    9.1 Introduo

    A estrutura curricular deste Projeto Poltico-

    Pedaggico estabelece a diviso do curso de histria em duas

    modalidades distintas, a Licenciatura e o Bacharelado, sendo

    a Licenciatura oferecida nos turnos matutino e noturno e o

    bacharelado, apenas no matutino. Cumpre justificar essa

    diviso entre as duas modalidades.

    O presente Projeto tem como ponto de partida a

    proposta curricular iniciada em 1988, no que diz respeito ao

    postulado bsico da indissociabilidade entre o ensino e a

    pesquisa e a extenso.27

    A separao proposta neste Projeto Poltico-

    Pedaggico, entre Licenciatura e Bacharelado, impe-se

    como uma necessidade. Imperativos scio-profissionais

    indicados no Diagnstico e a existncia de maior mercado de

    trabalho no campo do Ensino, a separao entre as duas

    modalidades, conforme proposto (Licenciatura, matutino e

    27 Reforma curricular de 1988. Justificativa. Coordenao do curso de

    Histria, UFRN, 1988, p. 02.

  • 48

    noturno; Bacharelado, matutino) desobrigar o aluno das

    disciplinas sem utilidade imediata para seus propsitos.

    A opo pela modalidade ser feita na entrada do

    curso. Contudo, o aluno que tenha como meta profissional

    atuar exclusivamente na docncia, ou, ao contrrio, dedicar-

    se somente pesquisa, no ser impedido de complementar

    sua formao, posteriormente, com a segunda modalidade.

    Tanto numa modalidade como noutra, a operao de

    produo e a socializao do conhecimento devem estar

    integrados. Como se pode verificar, a estrutura curricular

    proposta flexvel e est organizada de forma que tanto a

    Licenciatura contm disciplinas que permitem a experincia

    da pesquisa (embora sem exigir do aluno o cumprimento de

    monografia formal de final de curso), como o Bacharelado

    permite ao aluno vivenciar a experincia com o ensino

    (dispensando-o dos estgios obrigatrios no ensino),

    sobretudo atravs das atividades integradas nas comunidades.

    9.2 Estrutura Geral do Curso

  • 49

    O curso de Histria est organizado num ciclo inicial,

    que compreende aos dois primeiros perodos, comum a

    ambas as modalidades. No momento da entrada no curso, o

    aluno deve optar por uma das duas modalidades

    (Licenciatura ou Bacharelado), atendendo s seguintes

    exigncias:

    Licenciatura

    Para fazer jus ao grau e diploma de Licenciatura em Histria,

    o aluno dever integralizar 121 crditos, perfazendo um total

    de 1815 horas/aula, 210 horas de Atividades Acadmico-

    Cientfico-Culturais, 405 horas de Prtica como Componente

    Curricular e 405 horas de Estgio Curricular Supervisionado,

    num perodo mnimo de 4 (quatro) anos e mximo de 7

    (sete) anos, com tempo mdio de 5 anos.

    Bacharelado

    Para fazer jus ao grau e diploma de Bacharelado em Histria,

    o aluno dever integralizar 140 crditos, perfazendo um total

    de 2100 horas/aula, 210 horas de Atividades Cientfico-

    Culturais, 315 horas de atividades de laboratrio e 270 horas

  • 50

    de estgio profissional, num perodo mnimo de 4 (quatro)

    anos e mximo de 7 (sete) anos, com tempo mdio de 5

    (cinco) anos.

    ESTRUTURA CURRICULAR - LICENCIATURA

    1 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0001 Introduo a Histria 04 60 -

    HIS0002 Mtodos e Tcnicas de Pesquisa 04 60 -

    HIS0006 Pr-Histria 04 60 -

    HIS0007 Histria Antiga 08 120 -

    2 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0005 Teoria da Histria 04 60 -

    HIS0008 Histria Medieval 08 120 -

    EDU0680 Fundamentos Scio-Filosficos da Educao 04 60

    Complementar

    Complementar

    3 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0004 Historiografia Brasileira 04 60 -

    HIS0009 Histria Moderna I 04 60 -

    HIS0013 Histria da Amrica I 04 60 -

    EDU0682 Organizao da Educao Brasileira 04 60 -

    Complementar

    4 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0003 Metodologia da Pesquisa Histrica 04 60 -

    HIS0010 Histria Moderna II 04 60 -

    HIS0014 Histria da Amrica II 04 60 -

    HIS0015 Historia do Brasil Colnia 04 60 -

    EDU0681 Fundamentos da Psicologia da Educao 04 60 EDU0680

    5 SEMESTRE

  • 51

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0011 Histria Contempornea I 04 60 -

    HIS0016 Histria do Brasil Imperial 04 60 -

    HIS0019 Historia do Rio Grande do Norte I 04 60 -

    EDU0683 Didtica 04 60 EDU0680

    Complementar

    6 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0012 Histria Contempornea II 04 60 -

    HIS0017 Histria do Brasil Repblica I 08 60 -

    HIS0020 Histria do Rio Grande do Norte II 04 60 -

    EDU0995 Estgio I - 135 EDU0683

    Complementar

    7 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0018 Histria do Brasil Repblica II 04 60 -

    EDU0996 Estgio II - 135 EDU0995

    Complementar

    Complementar

    Complementar

    8 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    EDU0997 Estgio III - 135 EDU0096

    Complementar

    Complementar

    Complementar

    ESTRUTURA CURRICULAR - BACHARELADO

    1 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0001 Introduo a Histria 04 60 -

    HIS0002 Mtodos e Tcnicas de Pesquisa 04 60 -

    HIS0006 Pr-Histria 04 60 -

    HIS0007 Histria Antiga 08 120 -

    2 SEMESTRE

  • 52

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0005 Teoria da Histria 04 60 -

    HIS0008 Histria Medieval 08 120 -

    HIS0024 Memria e Patrimnio Histrico 04 60

    Complementar

    Complementar

    3 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0004 Historiografia Brasileira 04 60 -

    HIS0009 Histria Moderna I 04 60 -

    HIS0013 Histria da Amrica I 04 60 -

    HIS0025 Arquivstica Histrica 04 60 -

    Complementar

    4 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0003 Metodologia da Pesquisa Histrica 04 60 -

    HIS0010 Histria Moderna II 04 60 -

    HIS0014 Histria da Amrica II 04 60 -

    HIS0015 Historia do Brasil Colnia 04 60 -

    HIS0021 Paleografia 04 60 -

    5 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0011 Histria Contempornea I 04 60 -

    HIS0016 Histria do Brasil Imperial 04 60 -

    HIS0019 Historia do Rio Grande do Norte I 04 60 -

    HIS0022 Histria Oral 04 60 -

    Complementar

    6 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0012 Histria Contempornea II 04 60 -

    HIS0017 Histria do Brasil Repblica I 08 60 -

    HIS0020 Histria do Rio Grande do Norte II 04 60 -

    HIS0023 Histria Regional o Local 04 60 -

    Complementar

    7 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0018 Histria do Brasil Repblica II 04 60 -

    HIS0026 Pesquisa Histrica I 90 -

    Complementar

  • 53

    Complementar

    8 SEMESTRE

    Cdigo DISCIPLINA/ATIVIDADE CR CH Requisito

    HIS0027 Pesquisa Histrica II 180 HIS0026

    Complementar

    9.4 Articulao entre atividades tericas e atividades

    prticas

    9.4.1 Licenciatura

    A introduo das atividades prticas ao longo dessas

    disciplinas permitir a articulao dos contedos com a

    vivncia profissional do aluno, possibilitando aproximar

    ensino e a pesquisa.

    O aluno de licenciatura dever cursar 20 Disciplinas

    Obrigatrias de Formao Histrica, totalizando uma carga

    horria de 1320 horas ou 88 crditos. Desses 88 crditos, 75

    sero dedicados aos Contedos Curriculares de Natureza

    Cientfico-cultural e 13, Prtica Como Componente

    Curricular28.

    28 Nesse item, o texto segue a nomenclatura adotada pelo Conselho

    Nacional de Educao, em Resoluo CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de

    2002, que Institui a durao e a carga horria dos cursos de licenciatura, de graduao plena, de formao de professores da Educao Bsica em

    nvel superior.

  • 54

    As Disciplinas Obrigatrias Profissionais, tero uma

    carga horria de 240 horas, ou 16 crditos, divididos em

    atividades de sala de aula.

    As Disciplinas Complementares, ofertadas a partir do

    segundo semestre do curso, sero 11, com uma carga horria

    total de 660 horas, num total de 44 crditos. Desses 44

    crditos, 30 sero dedicados s de Contedo Curricular de

    Natureza Cientfico-Cultural e 14, s de Prtica Como

    Componente Curricular. Estas ltimas atividades podero

    estender-se para atividades prticas nas comunidades, em

    instituies como escolas, museus (como o Museu Cmara

    Cascudo), Arquivo Pblico do Estado, entidades e

    associaes diversas.

    Os 3 Estgios Curriculares Supervisionados,

    totalizando 405 horas, tero lugar nas escolas ou em outros

    rgos que desenvolvam atividades de ensino, dividindo-se

    em trs etapas: na primeira, enfocar os recursos pedaggicos

    e objetos tecnolgicos no ensino de Histria; no segundo, a

    prtica pedaggica no ensino fundamental; e a terceira, no

    ensino mdio.

    Alm dessa carga horria, o currculo prev, ainda,

    um total de 210 horas para outras formas de atividades

    acadmico-cientfico-culturais, onde se incluiro diversas

  • 55

    atividades que o aluno, por livre iniciativa ou por sugesto do

    curso, poder desenvolver fora de sala de aula. Essa

    flexibilizao dar ao aluno a oportunidade de

    aproveitamento de expresses que traduzem habilidades e

    competncias que um currculo formal no reconhece.

    Quanto aos modos de aproveitamento dessas atividades em

    forma de horas, caber ao colegiado do curso, mediante

    competente resoluo, discriminar todas essas atividades e

    pontu-las em funo de carga horria, definindo, ainda, os

    critrios que devero ser observados para o seu

    aproveitamento curricular.

    Como estratgia para integrar a licenciatura e o

    bacharelado, alunos de uma e outra modalidade cursaro as

    disciplinas obrigatrias de Formao Histrica, podendo

    desenvolver atividades conjuntas no Ncleo de Apoio

    Pesquisa e ao Ensino ou nos demais laboratrios e projetos

    do CCHLA.

    9.4.2 Bacharelado

  • 56

    O Currculo da modalidade Bacharelado est

    composto de 20 Disciplinas Obrigatrias de Formao

    Histrica, integralizando 1320 horas, totalizando 88 crditos,

    comuns modalidade Licenciatura. Desses 88 crditos, 75

    sero desenvolvidos em sala de aula e 13, voltados para

    atividades de laboratrio.

    As Disciplinas Obrigatrias Profissionais, num total

    de 05, perfazendo 300 horas e 20 crditos, devero ser

    desenvolvidas colocando o aluno em contato estreito com os

    laboratrios do curso (Laboratrio de Restaurao,

    Laboratrio de Arqueologia), Museu Cmara Cascudo,

    Arquivo Pblico Estadual, Instituto Histrico e Geogrfico

    do Rio Grande do Norte.

    As Disciplinas Complementares, ofertadas a partir do

    segundo semestre do curso, sero 08, com uma carga horria

    total de 480 horas, num total de 32 crditos. Desses 32, 24

    crditos sero dedicados s disciplinas de Contedo

    Curricular de Natureza Cientfico-Cultural e 08, s atividades

    de laboratrio. Estas ltimas atividades podero estender-se

    para atividades prticas nas comunidades, em instituies

    como escolas, museus, Arquivo Pblico do Estado, entidades

    e associaes diversas.

  • 57

    O estgio ter 270 horas de atividades, distribudas

    em Pesquisa Histrica I, onde se dar a elaborao do projeto

    de monografia, e em Pesquisa Histrica II ser elaborada a

    monografia de final de curso, com orientador e examinada

    por uma banca composta de trs professores.

    As disciplinas obrigatrias profissionais, bem como

    as disciplinas complementares, devero desenvolver-se em

    interao permanente entre a teoria e a prtica. Isso poder se

    dar de dois modos: ou a partir da aproximao, promovida

    por cada disciplina, com instituies do prprio

    Departamento o Laboratrio de Restaurao, o Laboratrio

    de Arqueologia, o Ncleo de Apoio Pesquisa e ao Ensino,

    bem como no Ncleo de Estudos Histricos, e nas atividades

    editoriais do Caderno de Histria, e, ainda, no Museu

    Cmara Cascudo, nas reas de Museologia e Arqueologia

    mas tambm fora Universidade. O curso dever articular-se

    com instituies como o Arquivo Pblico, que dispe de

    acervo de jornais do Rio Grande do Norte no sculo XX, o

    Instituto Histrico e Geogrfico do Rio Grande do Norte, e a

    Cria Metropolitana, que guarda considervel acervo de

    jornais do sculo XX. Em todas essas frentes h

    possibilidades de atuao dos alunos, seja na organizao de

  • 58

    acervos, preparo de exposies, restaurao de documentos,

    formao de catlogos.

    Essas possibilidades de atuao dos bacharelandos

    sero estimuladas pelo curso, na medida em que este Projeto

    Poltico-Pedaggico reserva um total de 210 horas para

    serem aproveitadas pelo aluno como atividades extra-

    curriculares Acadmico-Cientfico-Culturais.

    10 AVALIAO

    10.1 Do Projeto Poltico-Pedaggico

    Um Projeto Poltico-Pedaggico que se proponha

    formar profissionais voltados para um mundo assinalado por

    mudanas to aceleradas e desconcertantes, sob o ponto de

    vista da sociedade, das tcnicas e da cincia, bem como das

  • 59

    exigncias profissionais, deve estabelecer instrumentos

    eficientes e geis que lhe permita avaliar, corrigir e reorientar

    objetivos, metas e estratgias.

    Para que ele responda com eficincia a esses desafios,

    esses instrumentos devem ser aplicados de forma sistemtica,

    permanente e regular, levando-se em conta a participao do

    corpo docente, do corpo discente e, ainda, de alunos egressos

    do curso que estejam integrados ao mercado de trabalho. Um

    desses instrumentos, adotado pela UFRN como estratgia de

    avaliao institucional dos seus cursos, o Programa de

    Avaliao Institucional da Universidade Brasileira (PAIUB),

    foi utilizado como recurso auxiliar de discusso deste Projeto

    Poltico-Pedaggico na sua fase de elaborao. Posto em

    execuo, este projeto dever continuar lanando mo, de

    forma peridica, desse Programa de Avaliao.

    As iniciativas de avaliao regular do presente projeto

    competem, em primeiro lugar, ao colegiado do Curso de

    Histria. nesse forum, contando com a participao de

    representantes do corpo docente (incluindo docentes do

    Departamento de Educao e docentes convidados) e do

    corpo discente, que se encontram as condies imediatas para

    a avaliao coletiva das questes didtico-pedaggicas, tais

    como contedo de ementas, programas de curso, problemas

  • 60

    da prtica pedaggica dos professores, da aprendizagem dos

    alunos etc.

    Outra iniciativa que dever ser adotada a de

    entrevistas de sondagem com alunos egressos do curso, que

    j estejam atuando no mercado de trabalho. A pesquisa

    sistemtica com esses profissionais, indagando sobre as

    dificuldades encontradas e as deficincias percebidas no

    exerccio da profisso, podem fornecer ao curso de Histria,

    elementos para que se imprimam novas diretrizes e corrijam

    pontos deficientes.

    10.2 Do processo ensino-aprendizagem

    No sentido estrito, o processo de avaliao

    inegavelmente uma atribuio que compete ao docente que

    rege cada disciplina. Contudo, em que valha a sua autonomia

    no processo ensino-aprendizagem e na conduo da

    avaliao, o professor deve considerar que os graduandos sob

  • 61

    sua responsabilidade, seja na Licenciatura seja no

    Bacharelado, tero de enfrentar na sua vida profissional,

    permanentemente, a reflexo sobre a prtica pedaggica,

    sobre contedos, metodologias, sistemas de avaliao, de

    modo que para ele, o aluno, ser proveitoso participar de

    situaes em que esses temas sejam postos em discusso.

    Aqui, destaca-se, mais uma vez, o papel do colegiado

    do Curso. Atraindo para seu mbito as discusses atinentes

    ao pedaggica, includos a os processos de avaliao de

    aprendizagem, o Colegiado deve consolidar a prtica das

    discusses, entre os demais professores, de se apresentar e

    discutir, a cada semestre, programas de disciplinas, nos

    aspectos relacionados a contedo, bibliografia, metodologias

    de ensino e processo de avaliao.

    Ele deve, do mesmo modo, promover atividades

    como seminrios, palestras e cursos, atraindo os segmentos

    envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, para

    enriquecer suas experincias a respeito de princpios da

    avaliao, mecanismos avaliativos adotados, seu

    aprimoramento ou modificao, considerando as dificuldades

    e os avanos dos alunos no processo de construo do

    conhecimento.

  • 62

    Reexaminar as nossas formas de avaliao

    fundamental para a inteira realizao dos objetivos

    concebidos neste Projeto Poltico-Pedaggico, pois as

    modificaes introduzidas no curso de Histria no se

    restringem a meros acrscimos de novas disciplinas, mas da

    adoo de modos diferentes de conceber a histria, o seu

    ensino, e, do mesmo modo, outro perfil de aluno. O que

    requer, portanto, novas formas de avaliao de

    aprendizagem.

    Uma vez que se buscar, na estrutura curricular,

    reconhecer e aproveitar a experincia extra-universidade do

    aluno, incluindo a as atividades fora de sala de aula, no

    contato com a comunidade exterior universidade, ter-se-,

    ento, a oportunidade de observar o desenvolvimento, no

    aluno, de habilidades tais como a capacidade de atuar em

    grupo, a abertura para lidar com situaes novas, que a sala

    de aula geralmente no propicia. Noutras palavras, as

    habilidades e as competncias delineadas neste Projeto

    Poltico-Pedaggico.

    No se trata mais de medir a capacidade do aluno de

    reter e reproduzir contedos, mas de verificar a que ponto ele

    demonstra habilidades que se expressam em competncias.

    Esse deslocamento implica, assim, a modificao dos alvos

  • 63

    da avaliao. A avaliao deve enfatizar a dimenso

    qualitativa da aprendizagem, em busca de estimular a

    aprendizagem reconstrutiva, tomando a forma de uma

    avaliao que, como escreve Pedro Demo,

    No se basta com o que o aluno domina em termos de

    conhecimento, mas busca sobretudo salvaguardar o

    caminho para sua autonomia. Reconstruir

    conhecimento com mo prpria significa, antes de

    mais nada essa habilidade: ser sujeito capaz de

    histria prpria. No se quer ver apenas quanta

    matemtica o aluno internalizou, mas o que sabe fazer

    na vida com ela, como o instrumenta na capacidade

    de interferir na realidade.29

    Assim, o ensino com base em competncias e

    habilidades impe a exigncia de se rever o conceito e a

    prtica de avaliao adotada, de modo dominante, dentro e

    fora da Universidade. Deve-se passar de uma avaliao

    exclusivamente de contedo, para uma avaliao das

    habilidades e competncias desenvolvidas ou em processo de

    formao. Por fim, uma avaliao que acompanhe o

    desenrolar do processo de aprendizagem do aluno, e no

    apenas a avaliao final de uma atividade, unidade ou

    29 DEMO, Pedro. Mitologias da avaliao: de como ignorar, em vez de

    enfrentar problemas, p. 61.

  • 64

    semestre letivo. O professor deve abrir-se para formas de

    avaliao que permitam, por um lado, uma avaliao

    progressiva e cumulativa, capaz de fornecer ao aluno a

    possibilidade do aprendizado a partir de seus erros, e, por

    outro lado, as retomadas de trajetrias, num processo

    assumido pelo professor a partir de mtodos e instrumentos

    discutidos, partilhados e referendados pelo colegiado do

    curso.

    Persuadidos da importncia da adoo de mecanismos

    avaliativos contnuos, capazes de apreender as habilidades

    indispensveis a um profissional de Histria, acreditamos

    que seja fundamental um sistema de avaliao que possua

    uma mnima flexibilidade para abrir-se a experincias por

    parte do professor, como as avaliaes formativas e a auto-

    avaliao avaliaes que desafiam o aluno a pr em prtica

    seus critrios de julgamento, levando-o a assumir a

    responsabilidade de julgamento, estimulando seu

    amadurecimento profissional na prtica de refletir sobre os

    diversos momentos do processo ensino-aprendizagem que

    ter de enfrentar como profissional.

    Na medida em que atividade acadmicas podero

    acontecer fora da Universidade, provocando uma nova

    relao entre teoria e prtica, o desempenho do aluno estar

  • 65

    sendo avaliado tambm nos outros lugares onde se d o

    exerccio do processo ensino-aprendizagem, incluindo a a

    comunidade externa Universidade. Nesse sentido, o

    professor responsvel pela atividade, na medida do possvel,

    dever ouvir o grupo ou a comunidade envolvida na ao do

    aluno e os agentes que mediam essas atividades.

    A proposta de absorver as atividades fora da sala de

    aula no currculo do aluno vai requerer da administrao da

    UFRN solues novas que exigiro das disciplinas com

    carter de Extenso, no que diz respeito incorporao de

    horas e crditos ao currculo do aluno. Os critrios que

    devem regulamentar o aproveitamento dessas atividades sob

    a forma de horas e crditos, sero elaborados pelo colegiado

    do curso.

    O processo avaliativo dever ser concebido como um

    exerccio que envolva todas as instncias do curso. Por isso,

    inclui-se a necessidade da avaliao docente por parte dos

    discentes. A avaliao por parte dos discentes deve ser

    precedida por um amadurecimento das discusses, no mbito

    do colegiado, acerca dos significados da avaliao, seus

    critrios e os objetivos, e sua ampliao para todo o corpo

    discente, colocando diante do aluno essas questes

    relacionadas metodologia do conhecimento histrico,

  • 66

    prtica pedaggica e tica, com que ter de deparar-se no

    exerccio de sua profisso.

    Finalmente, no quadro do planejamento e do

    acompanhamento geral das atividades, como instrumento til

    de planejamento das atividades previstas no Projeto Poltico-

    Pedaggico, dever ser adotado, a cada dois semestres, pelo

    colegiado, um quadro do desempenho quantitativo dos

    alunos em cada disciplina, atravs das mdias finais. A

    quantificao das mdias finais, das aprovaes e das

    reprovaes, servir de dado inicial para que o colegiado

    avalie aspectos importantes de cada disciplina, cotejando o

    desempenho dos alunos com as mudanas introduzidas no

    curso, identificando as dificuldades que afetam os alunos em

    cada disciplina, sem deixar de observar, para tanto, o peso

    dos vrios fatores envolvidos no processo ensino-

    aprendizagem, como metodologia do professor, perfil dos

    alunos, condies de infra-estrutura, dentre outras. A

    finalidade dessa avaliao dever ser o aperfeioamento do

    processo ensino-aprendizagem, a retomada de trajetrias

    quando necessrio, o exerccio cotidiano da discusso de

    metodologias e de nossa prtica didtico-pedaggica.

    Atuando dentro de um propsito de fortalecer uma

    cultura de avaliao, necessria universidade e ao

  • 67

    profissional, o colegiado do curso desempenhar o papel

    central no acompanhamento da execuo das metas

    estabelecidas neste Projeto Poltico-Pedaggico, no que diz

    respeito aos objetivos do curso, ao perfil profissional e s

    competncias e habilidades que o formando de Histria deve

    possuir para o seu exerccio profissional.

    11 INFRA-ESTRUTURA DO CURSO

    11.1 Recursos Existentes

    11.1. 1 Recursos Humanos

    Secretaria de Graduao (Centro de Cincias

    Humanas, Letras e Artes) - conta com sete funcionrios, que

    trabalham por escala, nos turnos matutino, vespertino e

    noturno, atendendo s diferentes solicitaes referentes s

  • 68

    Coordenaes de curso: matrcula em disciplina,

    cancelamento de inscrio em disciplina, trancamento de

    programa e documentao acadmica (declaraes, histricos

    escolares etc.)

    11.1.2 Recursos materiais

    Salas Matutino/Noturno

    5 salas de aula no setor II, bloco A, equipadas com carteiras

    e quadro de giz, arejadas e iluminadas naturalmente,

    contando ainda com ventiladores de teto e iluminao

    artificial.

    1 sala especial (IIC4), no setor II, Bloco C, com 60 lugares,

    climatizada, equipada com projetor de slides, TV e vdeo.

    1 sala especial (LABRE), com 30 lugares, climatizada,

    equipada com projetor de slides, TV e cmeras de vdeo.

    Auditrios

    3 Auditrios esto disponveis para o Curso:2 auditrios no

    CCHLA, um com capacidade para 42, o outro para 72

    lugares.

    1 Auditrio da Biblioteca Central: 143 lugares; climatizado;

    sistema de som; Data-show.

    Sala de professores

    05 salas de estudo e atendimento de alunos, localizadas no

    prdio do CCHLA, com mesas, armrios, climatizadas e

    iluminadas artificialmente.

  • 69

    1 sala de reunies, climatizada, equipada com mesa,

    computador conectado Internet e impressora.

    Coordenao do Curso

    1 sala localizada no CCHLA, destinada ao coordenador e

    vice-coordenador do curso, climatizada e equipada com

    mesas, armrios, arquivos, computador conectado Internet

    e impressora.

    11.1.3 Recursos didticos de apoio

    Ncleo de Estudos Histricos (NEH)

    Criado em 1985, o NEH auxilia as pesquisas de alunos e

    professores, buscando despertar o interesse pelo estudo e

    pesquisa em Histria Regional, particularmente em Histria

    do Rio Grande do Norte. Possui acervo bibliogrfico de mais

    de 7 mil volumes, nas reas de Histria Geral, Histria da

    Amrica, Histria do Brasil e, em especial, Histria do Rio

    Grande do Norte, alm de revistas especializadas e obras de

    referncia. Arquiva monografias de concluso do curso de

    Histria, dissertaes e teses de professores do Departamento

    de Histria.

    O NEH coordenado por um servidor da UFRN, graduado

    em Histria, com especializao em Arquivstica.

    Laboratrio de Restaurao de Documentos

    (LABRE)

    Criado em 1988, atua na restaurao de livros, jornais e

  • 70

    outros documentos histricos, realizando tambm trabalhos

    de extenso universitria, a partir de convnios firmados

    com diversas instituies pblicas e privadas (Arquivo

    Pblico do Estado, Instituto Histrico e Geogrfico do Rio

    Grande do Norte, Dirio de Natal etc.)

    Treina pessoal de entidades congneres e estudantes de

    Histria, atravs de cursos peridicos e estgios sobre

    conservao de documentos e encadernao e restaurao de livros. O LABRE conta com uma equipe de trs professores do

    Departamento de Histria, sendo dois mestres e um

    especialista; um tcnico em restaurao e conservao de

    documentos; e bolsistas ligados aos projetos de extenso.

    Dispe de estrutura fsica e equipamentos especficos para o

    desenvolvimento de suas atividades.

    Laboratrio de Arqueologia (LARQ)

    Criado em 1992, tem por objetivo o incentivo pesquisa

    arqueolgica e a formao de pesquisadores nessa rea.

    Realiza pesquisas em arqueologia pr-histrica e histrica,

    em diferentes reas do estado do Rio Grande do Norte,

    articulando-se com diversas entidades pblicas e privadas

    (Ncleo de Estudos Arqueolgicos da UFPE, Fundao Jos

    Augusto, Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico

    Nacional, IPHAN, etc.). Seus projetos tm privilegiado o

    registro e posicionamento espacial de stios arqueolgicos,

    estudo da ocupao pr-histrica do litoral potiguar e o

    estudo do grafismo rupestre do estado.

    O LARQ conta com um professor, com mestrado e alunos

    bolsistas e voluntrios.

    O LARQ dispe de estrutura fsica especfica e equipamentos

    adequados aos seus objetivos-fins.

    O LARQ conta com um professor, com mestrado e alunos

  • 71

    bolsistas e voluntrios. Dispe de estrutura fsica especfica e

    equipamentos adequados aos seus objetivos-fins.

    A atuao dos trs rgos de apoio didtico - NEH,

    LABRE, LARQ - tem como ponto comum o recorte temtico

    concentrado no espao do Rio Grande do Norte. Atuando nas

    suas especificidades, eles servem de apoio ao ensino e

    pesquisa, no mbito da Histria Regional e Local, auxiliando

    o trabalho do corpo docente do curso de Histria no

    atendimento aos alunos do curso, especialmente na

    elaborao das monografias de final de curso, as quais

    enfocam, em sua maioria, a histria local.

    Acrescente-se que, por iniciativa do Departamento de

    Histria, publica-se uma revista intitulada Caderno de

    Histria, com periodicidade anual, que, embora divulgue

    artigos de mbito nacional e mesmo internacional, tem

    inserido em todos os seus nmeros artigos de ex-alunos,

    baseados em suas monografias de final de curso, em geral

    alunos que acabam prosseguindo seus estudos na ps-

    graduao. A revista possui corpo editorial, pareceristas e

    ISSN.

    Os alunos do curso de Histria podem fazer uso,

    ainda, junto com todos os alunos do CCHLA, do Laboratrio

  • 72

    de Informtica, situado numa sala do Setor d