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17 e 18 de maio de 2016
ISSN 2358-0070
PRÉ–ESCOLA: Regionalismo Musical Brasileiro
Gleiceane Souza de Jesus
Fabiana Aparecida Angelo da Silva
RESUMO
O presente artigo foi criado com âmbito de reconhecimento e incentivo da cultura popular brasileira nos ambientes escolares, mais especificamente a "música" e suas contemplações, com objetivo geral de incentivar os alunos ao convívio com a diversidade cultural e musical das regiões brasileiras. Os objetivos específicos foram: conhecer as diversidades musicais das regiões brasileiras; introduzir momentos lúdicos junto às culturas regionais; aplicar conteúdos com o reconhecimento regional; identificar e respeitar as individualidades dos grupos regionais; aprender a escutar os sons do cotidiano. Questões de pesquisa: De que forma a música pode auxiliar o professor em sala de aula? Como despertar o interesse das crianças em aprender sobre sua cultura através da música? Como metodologia utilizou-se os princípios da pesquisa-ação de caráter qualitativo. Com base em pesquisas bibliográficas de autores como: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, artigos científicos encontrados na internet, revistas e dissertações de autores reconhecidos cientificamente. Concluiu-se que a inserção do conhecimento musical estimula a aprendizagem em captar as intervenções culturais do respectivo grupo social de convívio, culminando na exploração de respostas. Palavras-chave: Música. Regiões. Educação Infantil.
ABSTRACT
This article was created with the scope of recognition and encouragement of Brazilian popular culture in school environments, specifically the "music" and his contemplations. With the general aim of encouraging students to living with cultural diversity and music of the Brazilian regions. The specific objectives were: to know the musical diversity of the Brazilian regions; introduce playful moments together regional cultures; apply content with regional recognition; identify and respect the individualities of the regional groups; learn to listen to the sounds of everyday life. Research questions: How music can help the teacher in the classroom? How to awaken children's interest in learning about their culture through music? The methodology we used the principles of character action research qualitativo.Com based on bibliographic research of authors such as: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, National Referential Curriculum for Early Childhood Education - v.3, scientific articles found on the internet, magazines and essays by renowned authors scientifically. It was concluded that the inclusion of musical knowledge stimulates learning
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to grasp the cultural interventions of their social group interaction, culminating in exploring answers. Keywords: Music; regions; childhood education.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi criado com âmbito de reconhecimento e incentivo da cultura
popular brasileira nos ambientes escolares, mais especificamente a "música" e suas
contemplações. Identificou com os alunos aspectos sobre sua cultura, ampliando o
vocábulo oral e auditivo, além da construção do cognitivo sensorial. Constou de um
Projeto Didático das Disciplinas Linguagem Oral e Escrita e Natureza - Sociedade
predisposto para o ensino pré-escolar, em que as crianças de 04 (quatro) e 05 (cinco)
anos foram o público alvo para execução da sequência didática. Utilizamos o manejo de
materiais e a prática exercida por estímulo do uso de músicas regionais, interpretadas de
forma a apreciar e observar as individualidades de como as crianças reagem e o
professor utiliza os instrumentos musicais, um construtor e sensibilizador do ser.
Identificamos músicas características de determinadas regiões, comparamos os
sons introduzidos nas rodas de conversas. Instruímos os alunos a observações e
questionamentos sobre os momentos musicais e relações com os conteúdos curriculares
e conteúdos individuais familiares.
Dentro desse contexto, questionou-se: De que forma a música pode auxiliar o
professor em sala de aula? Como despertar o interesse das crianças em aprender sobre
sua cultura através da música?
Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivos: analisar o que e como
introduzir as músicas regionais de forma lúdica e interessante para a criança, incentivar
ao convívio com a diversidade, aplicar conteúdos com o reconhecimento regional,
identificar e respeitar as individualidades dos grupos regionais.
Justifica-se a pesquisa no âmbito de adquirir conhecimento a cerca da temática da
musicalização na educação infantil, atribuída com a cultura local, para que desde os anos
iniciais junto ao ambiente escolar, as crianças percebam a liberdade do conhecer e
construir e sua própria história, e por sua vez, a música reflete o pensamento das
particularidades de um determinado grupo regional por meio das letras e melodias em que
são compostas.
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Os procedimentos metodológicos utilizados foram fundamentados nos princípios da
pesquisa-ação de caráter qualitativo com base em pesquisas bibliográficas de autores
como: Teca Alencar Brito, Marlene Carvalho, Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil, artigos científicos encontrados na internet, revistas e dissertações de
autores reconhecidos cientificamente.
2 RELAÇÕES DA DISCIPLINA NATUREZA E SOCIEDADE COM A MUSICALIZAÇÃO
REGIONAL
2.1 Natureza e Sociedade
Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 3, p. 163), o eixo de trabalho Natureza e
Sociedade reúne temas pertencentes ao mundo social e natural. As crianças interessam-
se por temas variados: animais, tempestades, dinossauros, tubarões, castelos, programas
de TV e etc., além dos lugares, a natureza que as cercam, atribuído aos campos de
estudos as Ciências Humanas e Naturais.
A educação de natureza e sociedade entre as crianças de 04 e 05 anos comprova
que elas são capazes de gerar observações e hipóteses à cerca do social e da natureza.
Experiências do cotidiano com crianças de 04 anos induzem a percepção de que são
capazes de formar suposições, identificando objetos no espaço e as funções que cada
objeto obtém no diário, como exemplo: encontrar escova de dente no banheiro e colocar
pasta de dente para escovação. (Revista Nova Escola).
O meio social pode-se complementar com a convivência de crianças com costumes
culturais e sociais diferentes e que o respeito ao diferente, é uma temática também
importante para a escola trabalhar. Por meio de atividades em que as crianças analisem e
conheçam os objetos e espaços de convivências, em que estas farão levantamento de
hipóteses e questionamentos, observam as funções dos objetos na natureza e na
sociedade. O professor incentiva questionamentos à exemplo, "Qual a função dos animais
na natureza? "E as flores para que servem?" Assim, desenvolve o valorizar e o respeitar
as diferenças que são encontradas.
A aprendizagem é contínua e quando envolve elementos naturais e sociais,
estimulam-se outros aspectos, a linguagem oral e escrita, que contribuem para o
enriquecimento do vocabulário individual. Outro aspecto é a valorização cultural, segundo
o Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1998) em relação aos índios brasileiros, as
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crianças acabam tendo uma visão equivocada do índio brasileiro, em que são
apresentados que todos os índios possuem os mesmos costumes. No Brasil há várias
tribos, com diferenças entre elas.
O trabalho com este eixo, portanto, deve propiciar experiências que possibilitem uma aproximação ao conhecimento das diversas formas de representação e explicação do mundo social e natural para que as crianças possam estabelecer progressivamente a diferenciação que existe entre mitos, lendas, explicações provenientes do "senso comum" e conhecimentos científicos." (BRASIL, 1998, v. 3, p. 167)
2.2 Linguagem Oral e Escrita
A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos importantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. (RCNEI, 1998, v. 3. p. 117)
Transformações acontecem devido ao contato com o conhecimento, seja por meios
físicos, em que é possível tocar algo, ou por meio de observações comportamentais e
atitudinais. Na educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem
da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um
dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao
mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento
gradativo das capacidades associadas as quatro competências linguísticas básicas: falar,
escutar, ler e escrever." (RCNEI, 1998, v. 3, p. 119). Por meio das linguagens podemos
conversar e entender os ideais da outra pessoa. O Referencial Curricular nacional para
educação infantil, no volume 3, p. 122, (BRASIL, 1998), demonstra algumas observações
à cerca das linguagens: "A linguagem oral possibilita comunicar ideias, pensamentos e
intenções de diversas naturezas, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais”.
A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil de vivenciar experiências envolvendo a linguagem oral e escrita, pode-se esperar que as crianças participem de conversas, utilizando-se de diferentes recursos necessários ao diálogo; manuseiem materiais escritos, interessando-se por ler e por ouvir a leitura de histórias e experimentem escrever situações nas quais isso se faça necessário, como, por exemplo, marcar seu nome nos desenhos. (RCNEI, 1998, v.3, p.158)
3 CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO
A base do construtivismo proposta por Jean Piaget, Emília Ferreiro e seus
colaboradores, produziram uma teoria para melhor compreensão da condição pela qual
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as crianças aprendem a língua escrita (psicogênese da língua escrita), em que não
propuseram recomendações metodológicas, consentindo este assunto para a didática da
alfabetização. A prática do construtivismo conduziu os professores a tratar de obter
informações. Que para muitos gerou e gera distorções, pela necessidade de tempo de
estudo e reflexão, o que os docentes alegam, devido a necessidade de ter mais de uma
turma, e a falta de estrutura em ambientes escolares, não conseguem ter uma melhor
dedicação. Um livro não sendo utilizado, mas diversas fontes de informação, para que
haja uma melhor reflexão. (CARVALHO, 2013).
Na educação infantil, o lúdico permeia todas as atividades da criança. No instante em que está criando um desenho, toda sua imaginação está voltada para aquela ação. Muitas vezes, o ato de desenhar vem acompanhado por sons e movimentos corporais nos quais a criança integra suas percepções acerca daquela criação. (PONSO, 2011, p. 47)
De acordo com HAIDT (2000 p. 35) a teoria piagetiana é uma construção de
processo do conhecimento em que a inteligência e a aprendizagem estão articuladas e
correlatas. Estão vinculados aos processos de assimilação e acomodação e caminham
sempre na direção de uma equilibração progressiva, isto é, tendem para um
reajustamento ou reorganização, o que acarreta uma mudança no indivíduo.
O ser humano, durante o seu crescimento, passa por estágios sucessivos de desenvolvimento mental e, em cada estágio, apresenta estruturas mentais diferentes. Portanto, as crianças têm estruturas mentais diferentes das dos adultos. É por isso que Piaget diz que a criança é estruturalmente diferente do adulto. No entanto, a criança é funcionalmente idêntica ao adulto, pois ambos agem em função de necessidades e interesses, e a inteligência, tanto da criança como do adulto, cumpre uma função adaptativa. (HAIDT, 2000, p. 36).
Segundo Brito (2013 p. 17) a percepção dos sons faz parte do mundo em que
vivemos, o barulho dos pássaros cantarolando, as folhas das árvores balançando, os
carros e motos nas ruas, tudo isso são sons, que a combinação certa podemos
transformar em músicas. O som possui qualidades: altura, duração, intensidade, timbre e
densidade, por meio da audição fazemos uma leitura do mundo, traduzindo informações
audíveis em respectivos significados.
A música faz parte do nosso dia a dia, as crianças no ambiente escolar têm a
oportunidade de aprender por concepções diferentes, em que a utilização de temáticas
pedagógicas auxiliadas a aprendizagem da criança, se as crianças absorvem informações
do seu entorno, recursos que estimulem a curiosidade e interaja entre as diferentes
possibilidades.
Música não é melodia, ritmo ou harmonia, ainda que esses elementos estejam muito presentes na produção musical com a qual nos relacionamos cotidianamente. Música é também melodia, ritmo, harmonia, dentre outras possibilidades de organização do material sonoro. (BRITO, 2013, p.26).
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As variações musicais são extensas, se falando apenas do Brasil os estilos
musicais são ainda mais variados (samba, pagode, axé, forró, vaneirão)
[...] o samba ou o maracatu brasileiros, o blues e o jazz norte-americanos, a valsa, o rap, a sinfonia clássica européia, o canto gregoriano medieval, o canto dos monges budistas, a música concreta, a música aleatória, a música cultura infantil, entre muitos outras possibilidades - são expressões sonoras que refletem a consciência, o modo de perceber, pensar e sentir de indivíduos, comunidades, culturas, regiões em seu processo sócio-histórico. (BRITO, 2013, p.28)
Segundo BRITO (2013, p. 31) François Delalande agrupou as formas de atividade
lúdica infantil propostas por Jean Piaget em três dimensões presentes na música:
Jogo sensório-motor - vinculado à exploração do som e do gesto;
Jogo simbólico - vinculado ao valor expressivo e à significação mesma do
discurso musical;
Jogo com regras - vinculado à organização e à estruturação da linguagem
musical.
4 METODOLOGIA
O projeto foi desenvolvido em três (03) etapas:
ETAPA 1
Iniciamos com um diálogo para entendermos o nível dos conhecimentos prévios
dos alunos sobre sons, com perguntas sobre o tema música: O que é música? Para que
serve? Onde ela está? Após as respostas preparamos um “Momento Musical”, com os
alunos sentados em roda numa sala.
Professora: O que é música? (Figura 01)
Criança G.: Música é uma música que escuto! Lá em casa meu pai coloca um
monte de música.
Criança V.: Ahhhh! Eu sei! A música e a música da galinha pintadinha!
Professora: Escutem! Olhem pela janela o cantarolar dos pássaros, eles estão
cantando!
Criança G.: O pássaro cantar é música tia?
Professora: O cantarolar dos pássaros, as batidas nas garrafas (garrafas vazias de
amaciante), as palmas...são música. (Figura 02)
Criança A.: Tia, Pablo é música?
Professora: Sim, porque existe uma melodia, ou seja, sons de instrumentos
musicais, a voz do cantor, que juntas torna-se uma música.
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Figura 01 - Acolhida Figura 02 – O que é música?
Fonte: própria autora Fonte: própria autora
Aproveitando o momento de conversa, introduzimos imagens para percebermos as
reações. (Figuras 3 e 4)
Figura 03 – “Vapor de Cachoeira, 190 anos” Figura 04 – capa do livro “O Vaporzinho”
Fonte: Blog – jeito baiano Fonte: Blog – jeito baiana
Continuando com a roda de conversa, colocamos algumas músicas com sons de
estilos musicais variados (clássicas; canto de pássaros; barulho de água; músicas infantis
– rondas; parlenda; músicas de canções populares regionais), durante a audição das
músicas inicia-se questionamentos e hipóteses sobre o que eles escutaram.
Professora: Quais sons destes que vocês ouviram, conhecem?
Criança G.: O barulhinho da água.
Criança P.: Um apito de trem.
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ETAPA 2
Personificação de músicas utilizando movimentos corporais. As crianças foram
expostas a sons de instrumentos musicais, em que fora pedido que imitassem os
movimentos utilizando o próprio corpo. Após realização das imitações dos sons
instrumentais, as crianças foram apresentadas a trechos de músicas sobre canções
regionais brasileiras: “Congo da Maria Amada - MG”, “Nandaia – MT”, “Xique Xique – SE”
e “O vapor de cachoeira – BA”, todas as músicas interpretada pelo grupo musical Palavra
Cantada. As crianças devem se sentir à vontade para interpretar as músicas utilizando os
movimentos corporais ou orais. (Figura 5)
Figura 05 – Conversando sobre música
Fonte: própria autora
ETAPA 3
Interpretação por meio de história da música “O vapor de cachoeira – BA”, as
crianças foram apresentadas a história que originou a música, em que por meio de texto
científico (Anexo A) fora contada uma história ludicamente, e aproveitando, uma
interpretação da letra da música, em que eles reconheceram letras e palavras que já
conheciam, acontecendo o processo de alfabetização lúdica.
"VAPOR DE CACHOEIRA"
O vapor de cachoeira
Não navega mais pro mar.
Levanta a corda, bate o búzio,
Nós queremos navegar.
Ai, ai, ai, nós queremos navegar.
Minha mãe não quer
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Que eu vá lá na casa
Do meu amor.
Vou perguntar pra ela
Se ela nunca namorou.
Ai, ai, ai, se ela nunca namorou.
Eu não sei se corro pro campo
Ou se corro pra cidade.
Mas onde quer que eu vá
Vou cheinho de saudade.
Se eu escrevesse na água
Como escrevo na areia,
Escreveria seu nome
No sangue da minha veia.
Lá, iá, iá, nós queremos navegar
(Interpretada por Palavra Cantada)
Por meio de observação verificar se os alunos compreenderam os conteúdos e se
os objetivos foram alcançados. Os registros feitos pelas crianças, que serão as conversas
e desenhos, serão uma forma de avaliação. (Figura 06) Sendo de extrema importância a
valorização individual de cada aluno, com relação as capacidades cognitivas de
percepção de sons e movimentos.
Figura 06 - Desenhando o “Vapor de Cachoeira”
Fonte: própria autora
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CONCLUSÃO
O trabalho apresentado retratou a elaboração e execução de um Projeto Didático
na educação infantil realizado numa escola pública no bairro Santa Maria em Aracaju -
SE. Com plena participação das crianças em conjunto conosco, os questionamentos
foram executados, com discussões sobre hipóteses levantadas nas conversas, e
respostas encontradas.
Apesar do curto tempo de aplicação do projeto, foi perceptível que as crianças
aproveitaram as atividades de aprendizagem, sendo os nossos objetivos alcançados.
Deixando claro que, este projeto continuou sendo trabalhado pela professora da turma
que utilizou de métodos e questionamentos que as crianças levantaram durante nossa
passagem junto delas. Transformando assim os conteúdos culturais e musicais,
participativos dos desenvolvimentos das aulas e conciliada com temas essenciais para o
desenvolvimento intelectual.
Dentre tantas conversas e observações junto as crianças, pudemos perceber a
alegria delas entenderem a aprendizagem que o texto, as imagens, e as músicas
retrataram. Afloraram-se as percepções à cerda do imaginário criativo e a ludicidade, em
que elas puderam fazer a ligação da imaginação com relação a alfabetização de
letramento, e também a relação com a natureza e sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - Conhecimento de mundo. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, v. 3, Conhecimento de Mundo. MEC/SEF, 1998 BRITO, T. A. Música na educação infantil - proposta para a formação integral da criança. São Paulo: Editora Petrópolis, 2013. CARVALHO, M. Alfabetizar e Letrar - um diálogo entre a teoria e a prática. 10. ed. -
Petrópolis, RJ : Editora Vozes, 2013. HAIDT, Regina. C. C. Curso de Didática Geral. 7. ed. - São Paulo, SP: Editora Ática, 2000. PONSO, Caroline Cao. Música em diálogo: ações interdisciplinares na educação infantil. 2. ed. - Porto Alegre, RS: Editora Sulina. 2008.
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REVISTA NOVA ESCOLA. O que é natureza e sociedade? Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/natureza-sociedade-pre-escola-636865.shtml?page=1>. Acesso em: 25 ago. 2015. IBGE. Divisão Regional. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/default_div_int.shtm?c=1>. Acesso em: 16 nov. 2015. Vapor de Cachoeira, 190 anos. Jorginho Ramos, out. 2009. Disponível em: <https://jeitobaiano.wordpress.com/2009/10/04/vapor-de-cachoeira-190-anos/>. Acesso em: 06 set. 2015.
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ANEXO
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Anexo A - Vapor de Cachoeira 190 anos
Há 190 anos, exatamente em 4 de outubro de 1819, foi realizada a viagem inaugural do
Vapor de Cachoeira, uma revolução tecnológica para a época. Pela primeira vez na
América do Sul viajava-se sem a necessidade dos ventos para impulsionar as
embarcações.
A proeza foi uma conquista do Marechal de Campo Felisberto Caldeira Brant – mais tarde
agraciado com o título de Marquês de Barbacena –, o seu cunhado Pedro Rodrigues
Bandeira e Manoel Bento Guimarães. No ano anterior eles tinham recebido de Dom João
VI a carta régia que os autorizava a implantar como um “privilégio real” a navegação a
vapor. Receberam também a exclusividade na exploração do serviço de navegação na
costa da Bahia e em seus rios, por um prazo de 14 anos. Logo, mandaram vir da
Inglaterra uma máquina a vapor e adaptaram-na a uma embarcação que mandaram
construir no Estaleiro da Preguiça.
O jornal “A Idade d’Ouro do Brasil”, o primeiro a ser publicado em Salvador, defendia o
empreendimento afirmando que na Europa “já não mais se fabricam barcos de outra
espécie para a navegação dos rios”. E justificava: ”Os rios do Recôncavo desta cidade
são todos bordados de altos morros que abafam o vento às embarcações e lhes retarda a
viagem. A introdução, pois, dos barcos a vapor será aqui de incalculável proveito e,
segundo os avisos anteriormente feitos nesta folha, temos de ver esta introdução muito
brevemente”.
Na viagem inaugural entre Salvador e Cachoeira, ponto final de navegabilidade no Rio
Paraguaçu, o barco a vapor conduzia as principais autoridades e “pessoas gradas” como
o Conde da Ponte, então governador, os empreendedores, magistrados e outros
convidados. Saíram de Salvador às 11 da manhã, atravessaram a Baía de Todos os
Santos e entraram rio adentro, chegando às oito da noite à Vila de Cachoeira, então em
festas. Foi feita em nove horas uma viagem que durava às vezes até cinco dias.
Logo o Vapor de Cachoeira se incorporou à vida baiana, e não só pelo aspecto
econômico, com a redução do tempo de viagem entra a Cidade da Bahia e Cachoeira, na
época entreposto comercial. O Vapor de Cachoeira e outras embarcações, como os
saveiros, eram o principal meio de ligação entre o litoral e o sertão da Bahia. Além de
pessoas, transportavam principalmente mercadorias e notícias. Os produtos
manufaturados seguiam até Cachoeira e da lá eram levados em tropas de burros – e mais
tarde de trem – para abastecer o interior da Bahia. Na rota inversa trazia para a capital a
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produção dos engenhos de açúcar, de fumo, algodão e tudo mais que o sertão
produzisse.
A embarcação original foi destruída anos depois. Alguns dizem que, durante um temporal,
foi destroçada em Mont Serrat. Outros, que foi destruída em 1823 por soldados de
Madeira de Melo, durante a guerra pela Independência.
Certo mesmo é que a navegação a vapor foi interrompida durante muitos anos. Consta
que essa ausência originou os primeiros versos da célebre cantiga popular, como uma
ironia dos mestres saveiristas a realçar a excelência dos seus barcos a remo, em
contraponto ao barco a vapor. Tornou-se lendário, a inspirar artistas, namorados e
cantores nas muitas variações de sua quadrinha mais célebre:
“O Vapor de Cachoeira/ Não navega mais no mar/ Arriba o pano, toca o búzio/ Nós
queremos navegar”
É uma evidência de que o Vapor de Cachoeira já tinha sido incorporado à cultura popular
e entrado para o folclore. Anos depois, em 1836, a navegação a vapor na Bahia foi
reativada e ele renasceu para viver sua fase áurea até a década de 60 do século XX,
quando a navegação até Cachoeira foi extinta. Mas está presente até hoje na História do
Brasil, na literatura e, principalmente, eternizada na memória do povo.
O aniversário do Vapor de Cachoeira pode ser uma oportunidade não só para se discutir
a sua importância histórica e cultural, mas também para divulgar a ideia de que o turismo
histórico e sustentável pode ser mais uma opção econômica e social para o Recôncavo.
Esperemos que a Rota do Paraguaçu, trecho por onde o Vapor de Cachoeira circulou,
possa em breve vir a ser reconhecida pela Unesco como patrimônio da humanidade.