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7/30/2019 Prefaciais_apologetica http://slidepdf.com/reader/full/prefaciaisapologetica 1/20 APOLOGÉTICA CONTEMPORÂNEA

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APOLOGÉTICACONTEMPORÂNEA

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Craig, William Lane

   Apologética contemporânea: a veracidade da é cristã / William Lane Craig;

tradução A. G. Mendes, Hans Udo Fuchs, Valdemar Kroker. — 2. ed. — São

Paulo: Vida Nova, 2012.

  Título original: Reasonable faith.

Bibliografa ISBN 978-85-275-0491-1

  1. Apologética 2. Teologia - Estudo e ensino I. Título.

12-00783 CDD-239

Índice para catálogo sistemático:

1.  Apologética : Deesa da é : Cristianismo 239

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 WILLIAM LANE CRAIG

APOLOGÉTICACONTEMPORÂNEA

A VERACIDADE DA FÉ CRISTÃ2ª EDIÇÃO AMPLIADA E ATUALIZADA

TRADUÇÃOA. G. MENDES (CAPS. 3 E 4)

HANS UDO FUCHS - VALDEMAR KROKER

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Copyright © 1984, 1994, 2008 de William Lane Craig Título original: Reasonable Faith: Christian Truth and Apologetics Traduzido da ediço publicada por Crossway Books, uma Division o Good News Publishers Wheaton, Illinois 60187, EUA

1.a ediço: 20042ª ediço: 2012

Publicado no Brasil com a devida autorizaço e com todos os direitosreservados por SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA,Caixa Postal 21266, So Paulo, SP, 04602-970

 www.vidanova.com.br

Proibida a reproduço por quaisquer meios (mecânicos,eletrônicos, xerográcos, otográcos, gravaço, estocagemem banco de dados, etc.), a no ser em citações breves,com indicaço de onte.

ISBN 978-85-275-0491-1

Impresso no Brasil / Printed in Brazil 

SUPERVISãO EDITORIALMarisa S. K. de Siqueira Lopes

COORDENAÇãO EDITORIAL Jonas Madureira

REVISãOValdemar Kroker

COORDENAÇãO DE PRODUÇãOSérgio Siqueira Moura

REVISãO DE PROVASMauro NogueiraUbevaldo G. Sampaio

DIAGRAMAÇãOLuciana Di Iorio

CAPA Wesley Mendonça

 Todas as citações bíblicas, salvo indicaço contrária, oram extraídas da verso Almeida Século 21,publicada no Brasil com todos os direitos reservados pela Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.

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Para Jan, meu amor 

“Muitas mulheres agem de maneira virtuosa,mas tu superas a todas” (Pv 31.29)

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Lista de guras .............................................................................................................9Preácio do autor ........................................................................................................11

Introduço ..................................................................................................................15

Parte 1: De Fide 

1 Como sei que o cristianismo é verdadeiro? .........................................................27

Parte 2: De Homine 

2 O absurdo da vida sem Deus ..............................................................................61

Parte 3: De Deo

3 A Existência de Deus (1) ...................................................................................894 A Existência de Deus (2) .................................................................................153

Parte 4: De Creatione 

5 O problema do conhecimento histórico ...........................................................2016 A questo dos milagres .....................................................................................237

Parte 5: De Christo

7 A autocompreenso de Jesus ............................................................................2758 A ressurreiço de Jesus .....................................................................................319

Concluso: Uma apologética superior ......................................................................387

Índice remissivo ........................................................................................................391

Sumário

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3.1 Modelo de criaço de quantum de Vilenkin ...................................... 1113.2 Representaço cônica do modelo padro do espaço-tempo ................ 1233.3 Modelo de estado estacionário ........................................................... 1243.4 Modelo oscilante ................................................................................1253.5 Modelos de futuaço no vácuo ..........................................................1273.6 Modelo infacionário caótico .............................................................. 1283.7 Modelo de gravidade quântica ...........................................................1303.8 Cenário pré-Big Bang ........................................................................ 1333.9 Cenário ecpirótico cíclico ............................................................................134

3.10 Modelo oscilante com aumento de entropia....................................... 1403.11 Nascimento de um universo bebê .......................................................1423.12 Bolhas de vácuo real num mar de also vácuo ..................................... 1434.1 Perspectiva global de um universo-ilha .............................................. 1624.2 Perspectiva interna de um universo-ilha ............................................. 163

LiSta de figuraS

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Sou grato à editora Crossway  Books por me oerecer a oportunidade de revisar olivro Apologética contemporânea: a veracidade da é cristã 1 para esta terceira ediço em inglês(segunda ediço em português). Este livro, assim me parece, acabou se tornando a minha“marca registrada”, e sou grato pela maneira em que o Senhor o usou na vida de muitaspessoas. Conorme a providência divina, o convite para produzir esta ediço revisada veioaproximadamente na mesma época do lançamento do nosso novo ministério Reasonable 

Faith, ancorado na internet no site www.reasonableaith.org , em que pode ser encontradauma grande variedade de material suplementar. O lançamento de Reasonable Faith tornaespecialmente apropriada a apariço de uma nova ediço deste livro.

As alterações na terceira ediço consistem, em sua maioria, em ampliações e atualiza-ções do conteúdo e no de retratações, o que me deixou bastante eliz. Ao revisar o livrono consegui evitar de me surpreender diante do ato de que embora os nomes tenhammudado, as objeções e suas respostas em grande parte continuam as mesmas. O capítulocrucial sobre a existência de Deus oi expandido em dois capítulos. Manter o livro com

aproximadamente a mesma extenso oi possível graças à eliminaço do capítulo sobrea conabilidade histórica do Novo Testamento, um capítulo que um antigo editor haviainsistido em incluir na segunda ediço, apesar do meu protesto. A incluso desse capítulo(que em si é uma peça de argumentaço sólida escrita a meu pedido por Craig Blomberg)perpetuou a impresso equivocada, demasiado comum entre os evangélicos, de que aquesto histórica da autocompreenso radical de Jesus e de sua ressurreiço depende dademonstraço de que os Evangelhos so em geral documentos históricos conáveis. A liçopreponderante de dois séculos de crítica bíblica é que tal pressuposiço é alsa. Mesmodocumentos que so em geral inconáveis podem conter porções historicamente valiosas,

e será tarea do historiador escavar esses documentos para encontrar essas preciosidades.

1 Publicado anteriormente no Brasil sob o título “A veracidade da é crist: uma apologética contempo-rânea” (N. do E.).

Prefácio do autor

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12  apologética contemporânea 

O apologista cristo ao buscar estabelecer, por exemplo, a historicidade do túmulo vaziode Jesus no precisa e no deveria ser encarregado da tarea de primeiramente demonstrarque os Evangelhos so, em geral, documentos historicamente conáveis. Você talvez sepergunte como é possível demonstrar que os relatos dos Evangelhos sobre a descoberta do

túmulo vazio de Jesus podem ser comprovados como sendo, em sua essência, historicamenteconáveis sem primeiro se demonstrar que os Evangelhos so, em geral, historicamenteconáveis. Leia o capítulo 8 e descubra por você mesmo.

 Apologética contemporânea tem como propósito primordial servir de livro-texto paracursos de apologética crist. Aliás, o livro começou como um conjunto de aulas para minhasturmas de apologética. Depois oi apereiçoado por anos de experiência com o ensino edebates sobre questões relevantes nos campi em toda a América do Norte e na Europa.O roteiro que ele traz refete minha maneira de propor uma apologética positiva para aé crist. Neste livro, no considero nem a história da apologética nem as alternativas de

sistemas evangélicos de apologética; leituras complementares precisam ser sugeridas aosalunos nessas duas áreas. Para a história da apologética, recomendo Avery dulles, History 

o apologetics  [História da apologética]  (Filadéla, Westminster, 1971), obra-prima deestudo e valiosa obra de reerência. Para os sistemas evangélicos, Kenneth Boa e RobertBowman Jr. analisam as abordagens dos apologistas mais notáveis dos nossos dias em seulivro Faith Has Its Reasons [A é tem suas razões] (Colorado Springs: NavPress, 2001). Am de complementar o conhecimento no campo da apologética, o leitor precisa se valerdessas outras leituras.

Este livro oi estruturado de acordo com os loci communes  da teologia sistemática.

Os loci communes eram os chamados “lugares comuns”, os temas principais da teologiaprotestante posterior à Reorma. Foi Melanchton, colega de Lutero, quem primeiro usouesses “lugares comuns” como moldura para escrever sua teologia sistemática. Entre os loci  estudados com mais requência estavam: de Scriptura sacra (doutrina das Escrituras), de 

creatione (doutrina da criaço), de peccato (doutrina do pecado), de Christo (cristologia), de 

 gratia (soteriologia), de ecclesia (eclesiologia) e de novissimus (escatologia).Em quase todos esses loci o teólogo cristo depara com questões apologéticas. Já ouvi

dizer que a teologia contemporânea se tornou to irracional e deísta que a apologética jáno encontra lugar nos cursos oertados por escolas de teologia das denominações tradicio-

nais. Mas isso no condiz com a realidade. Quando z o doutorado na Alemanha descobrique, embora nos departamentos de teologia das universidades alems no se oereçamcursos de apologética per se , ainda assim a instruço teológica alem está em si orientadade orma bastante apologética. Em cursos como, por exemplo, cristologia ou soteriologia,discute-se como tema principal uma diversidade de questões e desaos eitos à doutrinacrist pela losoa, ciência, história e outras disciplinas no crists. (Inelizmente, o re-sultado dessa interaço é a capitulaço inevitável por parte da teologia e sua recluso emsantuários doutrinários no empíricos, cuja segurança só é alcançada ao custo de se tornarirrelevante e invericável.) Incomodou-me saber que em nossos seminários evangélicos os

cursos de teologia dediquem to pouco tempo a essas questões. Quanto tempo se gasta,por exemplo, num curso evangélico sobre a doutrina de Deus com os argumentos a avorda existência de Deus? Mas aí eu lembrei: Talvez os proessores de teologia esperem quevocê trate dessas questões na disciplina de apologética, visto que na minha instituiço a

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prefácio do autor 13

apologética é oerecida como um curso separado. Quanto mais eu pensava sobre isso, maissentido azia. Por isso, a m de integrar a apologética no currículo teológico estruturei estelivro em torno de diversos temas apologéticos que surgem nos loci communes theologiae .

Em nosso espaço limitado, escolhi para estudo vários temas importantes nos loci de fde  

(a é), de homine (o homem), de Deo (Deus), de creatione (a criaço) e de Christo (Cristo). Tomei a liberdade de redistribuir esses loci, saindo da ordem normal na teologia sistemáticapara uma ordem que segue a lógica da apologética. Quero dizer que nosso objetivo é montara deesa do cristianismo, e isso determina a ordem em que analisaremos os temas. Estoubem ciente de outros temas interessantes e importantes, mas tive de omiti-los. Veremos,porém, os temas cruciais para a deesa convincente da é crist.

No de fde , estudaremos a relaço entre é e razo; no de homine, como é absurdo viversem Deus; no de Deo, a existência de Deus; no de creatione , o problema do conhecimentohistórico e dos milagres; e, por m, no de Christo, as armações que Cristo ez sobre si

mesmo e a historicidade da sua ressurreiço. Nosso estudo de cada tema será dividido emtrês partes. Primeiro veremos o contexto histórico do tema, para observar como pen sadoresdo passado lidaram com ele. Em segundo lugar, apresentarei e deenderei meus pontos de vista pessoais sobre o tema, na tentativa de desenvolver uma apologética crist sobre ele.Em terceiro lugar, compartilharei alguns pensamentos e algumas experiências pessoaissobre a aplicaço deste material à evangelizaço. Em quarto lugar, reúno inormaçõesbibliográcas sobre a literatura citada ou recomendada para leitura posterior.

É minha esperança sincera que Deus use este material para ajudar a capacitar umanova geraço de cristos inteligentes e articulados que esto cheios do Espírito e têm o

peso e o desejo ardente no coraço de cumprir a Grande Comisso.

 William Lane Craig Talbot School o Theology 

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Q  ue é apologétiCa? apologétiCa (do grego apologia , “deesa”) é o ramo da teologiacrist que procura apresentar uma explicaço racional para as verdades armadas pela écrist. Portanto, apologética é principalmente uma disciplina teó rica, apesar de ter aplicaçoprática. Além de ocupar-se, a exemplo do restante da teologia, com a expresso do nossoDeus amoroso, a apologética serve especicamente para mostrar aos incrédulos a veracidade

da é crist, para ortalecer essa é nos salvos e para estudar e apresentar as ligações entrea doutrina crist e outras verdades. Como disciplina teórica, portanto, a apologética notem como alvo principal ensinar a responder a questionamentos, a debater ou evangelizar,mas como ciência ela ajuda a azer tudo isso na prática. Isso signica que um curso deapologética no tem o propósito de ensinar você a responder “assim e assado” quandoalguém pergunta “isso e aquilo”. Repetindo, a apologética é uma disciplina teórica quetenta responder a esta pergunta: Que deesa racional se pode azer da é crist? Por isso, amaior parte do nosso tempo passamos tentando responder a essa pergunta.

Agora, é inevitável que isso vá desapontar algumas pessoas. Elas no esto interessadasna explicaço racional do cristianismo. Querem saber o que responder quando alguémdiz: “A igreja está cheia de gente hipócrita!”. No há nada de errado com essa questo;mas o ato é que essas questões práticas so logicamente secundárias às questões teóricase no podem, em nosso espaço limitado, ocupar o centro das atenções. O uso prático daapologética deve azer parte dos cursos e livros sobre evangelizaço.

 al, p q sv plé?

Algumas pessoas depreciam a importância da apologética como uma disciplina meramenteteórica. “Ninguém vem a Cristo por meio de argumentos”, elas dizem. “As pessoas noesto interessadas no que é verdade, mas no que unciona para elas. Elas no querem res-postas intelectuais; querem ver o cristianismo na prática”. Creio que a atitude demonstrada

introdução

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16  apologética contemporânea 

nessas armações é tanto míope quanto equivocada. Deixe-me expor três papéis vitais quea disciplina da apologética tem hoje.

1. Formar a cultura . Os cristos precisam enxergar além dos seus contatos evangelísticosimediatos para captar o quadro mais amplo do pensamento e cultura ocidentais. Em geral,

a cultura ocidental é proundamente pós-crist. É o produto do Iluminismo, que intro-duziu na cultura europeia o ermento do secularismo que a essa altura já permeou toda asociedade ocidental. A marca do Iluminismo oi o “livre pensamento”, isto é, a busca doconhecimento apenas por meio da razo humana desimpedida. Embora no seja de ormaalguma inevitável que tal busca leve obrigatoriamente a conclusões no crists e embora ospensadores iluministas ossem em sua maioria teístas, o impacto generalizado da menta-lidade iluminista tem sido que os intelectuais ocidentais no consideram o conhecimentoteológico como algo possível de se obter. A teologia no é uma onte de conhecimentogenuíno e portanto no é uma ciência (em alemo, uma Wissenschat ). A razo e a religioso portanto incompatíveis entre si. Somente as deliberações das ciências ísicas so aceitascomo orientações determinantes para a nossa compreenso do mundo, e a pressuposiçosegura é que o retrato de mundo que emerge das ciências genuínas é um retrato amplo eproundamente naturalístico. Quem sai em busca da razo de orma incansável e inabalávelaté o m será obrigatoriamente ateu, ou agnóstico, na melhor das hipóteses.

Por que essas considerações sobre cultura so importantes? Simplesmente porque oevangelho nunca é ouvido isoladamente. Sempre é ouvido contra o pano de undo doambiente cultural em que a pessoa vive. Uma pessoa criada num ambiente cultural em que

o cristianismo ainda é visto como uma opço intelectual viável tem uma abertura para oevangelho que a pessoa secularizada no tem. À pessoa secular se pode sugerir que acreditetanto em Jesus Cristo quanto em adas e duendes! Ou, para dar uma ilustraço mais realista,é como sermos abordados na rua por um adepto do movimento Hare Krishna que nosconvida a crer em Krishna. Tal convite nos parece bizarro, esquisito e até engraçado. Masa uma pessoa nas ruas de Déli, tal convite pareceria, eu suponho, muito razoável e seriamotivo para uma refexo séria. Temo que os evangélicos pareçam quase to esquisitos àspessoas nas ruas de Bonn, Estocolmo e Paris como os adeptos de Krishna.

O que nos espera na América do Norte, se continuarmos escorregando de orma des-

controlada para o secularismo, já é evidente na Europa. Embora a maioria dos europeusmantenha uma liaço nominal ao cristianismo, somente 10% so cristos praticantes,e menos da metade desses têm orientaço teológica evangélica. A tendência mais signi-cativa na aliaço religiosa europeia é o crescimento dos que eram classicados como“no religiosos” de eetivamente 0% da populaço em 1900 para mais de 22% hoje. Comoresultado, o evangelismo é incomensuravelmente mais diícil na Europa do que nos EstadosUnidos. Tendo vivido durante treze anos na Europa, onde preguei evangelisticamente noscampi universitários em todo o continente, posso testicar pessoalmente de como é duroo solo. É até diícil azer com que se ouça o evangelho.

Os Estados Unidos esto seguindo a certa distância nessa mesma estrada, com o Ca-nadá em algum ponto entre os dois. Se no quisermos que a situaço se deteriore aindamais, é imperativo que ormemos todo o clima intelectual da nossa cultura de tal maneiraque o cristianismo continue sendo uma opço viva para homens e mulheres pensantes.

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introdução 17

É por essa razo que os cristos que depreciam o valor da apologética porque “ninguém vem a Cristo por meio de argumentos” so to míopes. Pois o valor da apologética se es-tende muito além dos contatos evangelísticos imediatos da pessoa. A tarea mais ampla daapologética crist é ajudar a criar e manter um ambiente cultural em que o evangelho possa

ser ouvido como uma opço intelectualmente viável para homens e mulheres pensantes.No seu artigo “Christianity and Culture”, na véspera da controvérsia undamentalista,

 J. Gresham Machen, o grande teólogo de Princeton, advertiu solenemente:

Ideias alsas so o maior obstáculo à recepço do evangelho. Podemos pregar com o ervorde um reormador e mesmo assim ganhar somente alguém que está vagando aqui e acolá,se permitirmos que todo o pensamento coletivo da naço ou do mundo seja controlado porideias que, pela orça irresistível da lógica, impedem que o cristianismo seja consideradoalgo mais do que um engano inoensivo.1

Inelizmente, ninguém deu ouvidos à advertência de Machen, e o cristianismo bíblicoretraiu-se para os cubículos intelectuais do undamentalismo. O anti-intelectualismo e aerudiço de segunda classe se tornaram a norma.

 Já no seu tempo, Machen observou que “muitos gostariam que os seminários com-batessem os erros por meio do ataque a eles, a exemplo do que ensinam seus expoentespopulares”, em vez de conundir os alunos “com uma porço de nomes alemes desco-nhecidos ora dos muros da universidade”. Machen insistiu, porém, que, pelo contrário, écrucial que os cristos estejam atentos ao poder de uma ideia antes que ela ganhe expresso

popular. O procedimento dos estudiosos, disse ele,está baseado simplesmente em uma prounda convicço de que ideias têm a capacidade de seinltrar. O que hoje é um tema de especulaço acadêmica começa amanh a mover exércitose derrubar impérios. Nesse segundo estágio, ele já oi longe demais para ser combatido; ahora de detê-lo era quando ele ainda era um tema de debate entusiasmado. Por isso, comocristos devemos tentar moldar o pensamento do mundo para azer que a aceitaço docristianismo seja mais do que algo logicamente absurdo.2

Na Europa vimos o resultado amargo da secularizaço, que agora ameaça a América

do Norte.Felizmente, nos Estados Unidos em anos recentes emergiu dos cubículos undamenta-listas um evangelicalismo revitalizado que começou a enrentar com seriedade o desao deMachen. Estamos vivendo numa época em que a losoa crist está experimentando umrenascimento genuíno, revigorando a teologia natural, numa época em que a ciência estámais aberta à aceitaço da existência de um Criador e Designer transcendental do cosmodo que em qualquer época de memória recente, e numa época em que a crítica bíblicaestá empreendendo uma nova busca do Jesus histórico que trata os evangelhos seriamentecomo ontes históricas valiosas para a vida de Jesus e tem conrmado as linhas principais

do retrato de Jesus pintado nos Evangelhos. Estamos bem situados intelectualmente para

1 J. Gresham Machen, “Christianity and Culture”, Princeton Theological Review 11 (1913): 7.2 Ibid.

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18  apologética contemporânea 

ajudar a reormular a nossa cultura de maneira tal a recuperar o terreno perdido, para queo evangelho possa ser ouvido como uma opço viável para pessoas pensantes. Imensasportas de oportunidades esto abertas agora diante de nós.

Agora, consigo imaginar o pensamento de alguns leitores: “Mas no estamos vivendo

numa cultura pós-moderna em que esses apelos à apologética tradicional já no so ecazes?Visto que os pós-modernos rejeitam os cânones de lógica tradicionais, a racionalidade e a verdade, os argumentos racionais a avor da verdade crist já no uncionam! Em vez disso,na cultura de hoje deveríamos simplesmente compartilhar a nossa história e convidar aspessoas a participarem dela”.

Na minha opinio, no pode haver pensamento mais equivocado do que esse. A ideiade que vivemos numa cultura pós-moderna é um mito. Aliás, uma cultura pós-modernaé impossível; ela é completamente inabitável. Ninguém é pós-moderno quando o assuntoé ler a bula de um remédio em contraste com a bula de um veneno de rato. Se você está

com dor de cabeça, é melhor acreditar que textos têm signicado objetivo! As pessoasno so relativistas quando se trata de questões de ciência, engenharia e tecnologia; masso relativistas e pluralistas quando se trata de questões de religio e ética. Mas isso no épós-modernismo; isso é modernismo! Isso vem do velho positivismo e vericacionismo,que deendiam que qualquer coisa que no se pode experimentar com os cinco sentidos ésimplesmente uma questo de gosto e expresso emotiva pessoal. Vivemos num ambien-te cultural que continua sendo proundamente modernista. As pessoas que acham que vivemos numa cultura pós-moderna interpretaram de orma muito equivocada a nossasituaço cultural.

Na verdade, acho que levar as pessoas a crer que vivemos numa cultura pós-moderna éum dos enganos mais astuciosos que Satanás jamais inventou. “O modernismo é passado”,ele nos diz. “Vocês já no precisam se preocupar com ele. Esqueçam dele! Está morto eenterrado”. Enquanto isso, o modernismo, azendo de conta que está morto, surge de novocom a roupagem interessante e extravagante do pós-modernismo, com a máscara de umnovo competidor. “Seus antigos argumentos e sua velha apologética já no so ecazescontra essa nova apariço”, ouvimos dizer. “Podem descartá-los; já se tornaram inúteis.Simplesmente contem a sua história!”. E de ato, algumas pessoas, cansadas das longasbatalhas com o modernismo, na verdade saúdam o novo visitante com alívio. E assim Sa-

tanás nos engana e nos convence a abdicarmos voluntariamente da lógica e das evidências,as nossas melhores armas, garantindo assim de repente o triuno do modernismo sobrenós. Se adotarmos esse curso de aço suicida, as consequências para a igreja na próximageraço sero catastrócas. O cristianismo será reduzido a apenas mais uma voz numacacoonia de vozes concorrentes, cada uma contando a sua própria história e ninguém seapresentando como a verdade objetiva sobre a realidade, enquanto o naturalismo cientícoorma a viso da nossa cultura sobre como o mundo é de ato.

Agora, sem dúvida, no é necessário dizer que ao azermos apologética precisamosagir de orma relacional, humilde e agradável; mas isso dicilmente é uma percepço

original do pós-modernismo. Desde o início os apologistas cristos sabiam que devemosapresentar as razões da nossa esperança “com mansido e temor” (1Pe 2.15,16). No énecessário abandonar os cânones da lógica, racionalidade e verdade a m de exemplicaressas virtudes bíblicas.

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introdução 19

A apologética é, portanto, vital na omentaço de um ambiente cultural em que oevangelho pode ser ouvido como uma opço viável para pessoas pensantes. Na maioria doscasos, no sero argumentos ou evidências que levaro as pessoas à é em Cristo — essa éa meia-verdade vista pelos detratores da apologética —, no obstante, será a apologética

que, ao tornar o evangelho uma opço crível para as pessoas, lhes dará, por assim dizer, oaval intelectual para crer. Por isso, é vitalmente importante que preservemos um ambientecultural em que o evangelho é ouvido como uma opço viva para pessoas pensantes, e aapologética será essencial para ajudar a produzir esse resultado.

2. Fortalecimento dos cristãos . No somente é ato que a apologética é vital para a orma-ço da nossa cultura, mas ela também tem um papel vital na vida de pessoas individuais.Um desses papéis é o ortalecimento dos cristos. A adoraço crist contemporânea tendea concentrar o oco na promoço da intimidade emocional com Deus. Embora isso sejaalgo bom, as emoções só levam a pessoa até certo ponto, e ento ela precisará de algo mais

substancial. A apologética pode ajudar a prover parte dessa substância.Ao pregar em igrejas em todo o país, requentemente vejo pais vindo ao meu encontro

logo depois do culto, e eles dizem algo como: “Ah se você tivesse vindo aqui há dois outrês anos! Nosso lho [ou nossa lha] tinha perguntas sobre a é que ninguém na igrejasabia responder, e agora perdeu a é e está longe do Senhor”.

Fico com o coraço dilacerado quando encontro pais nessas condições. Inelizmen-te, sua experiência no é incomum. Nos colégios e aculdades os adolescentes e jovensso assaltados intelectualmente com todo tipo de cosmoviso no crist associada a umrelativismo opressor. Se os pais no tiverem a mente engajada na sua é e no tiverem

argumentos sólidos a avor do teísmo cristo e respostas boas às perguntas de seus lhos,ento estaremos correndo o sério perigo de perder os nossos jovens. Já no é sucienteensinar histórias bíblicas a nossos lhos; eles precisam de doutrina e apologética. Fran-camente, para mim é diícil entender como as pessoas hoje se arriscam a serem pais semterem estudado apologética.

Inelizmente, as nossas igrejas em termos gerais jogaram a toalha nessa área. No ésuciente que os grupos e as classes de escola dominical de jovens concentrem suas ativi-dades no entretenimento e em simpáticas ideias devocionais. Precisamos treinar os nossoslhos para a guerra. No podemos arriscar enviá-los aos colégios e universidades armados

com espadas e armaduras de plástico. O tempo para brincadeiras já passou.Precisamos de pastores que tenham sido treinados em apologética e estejam engajados

intelectualmente com a nossa cultura para que saibam pastorear os seus rebanhos em meioaos lobos. Por exemplo, os pastores precisam saber alguma coisa sobre a ciência contem-porânea. John La Shell, pastor de uma igreja batista, adverte que “os pastores no podemmais se dar ao luxo de ignorar os resultados e as especulações da ísica moderna. Essasideias esto se sedimentando na consciência comum por meio de revistas, artigos popularese até romances. Se no as conhecermos, logo nos veremos num beco intelectual, incapa-zes de lidar com qualquer pessoa bem inormada”.3 O mesmo vale para losoa e crítica

bíblica: de que serve pregar sobre, digamos, valores cristos se uma grande porcentagem

3 Nota crítica de Ian G. Barbour, Religion in an Age o Science , revisada por John K. la shell, Journal o  the Evangelical Theological Society 36 (1993): 261.

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7/30/2019 Prefaciais_apologetica

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de pessoas, incluindo as crists, diz que no crê em verdades absolutas, ou de que servesimplesmente citar a Bíblia em seu estudo bíblico evangelístico se alguém no grupo diz queo Jesus Seminar provou que os evangelhos no so conáveis? Se os pastores no zerem asua liço de casa nessas áreas, restará uma parte substancial da populaço — inelizmente

os mais inteligentes e por isso os mais infuentes na sociedade, como médicos, educadores, jornalistas, advogados, executivos etc. — que permanecerá sem ser alcançada por nossoministério.

Nas minhas viagens, também tive a experiência de encontrar outras pessoas que mecontaram como oram salvas da apostasia aparente por meio da leitura de um livro deapologética ou de assistir ao vídeo de um debate. No caso delas, a apologética oi o meiopelo qual Deus gerou a sua perseverança na é. É verdade, sem dúvida, que a apologéticano pode garantir a perseverança, mas pode ajudar, e em alguns casos pode, de acordo coma providência de Deus, ser até necessária. Por exemplo, depois de uma palestra na Univer-sidade Princeton sobre argumentos a avor da existência de Deus, veio ao meu encontroum jovem que queria alar comigo. Com diculdade visível para reprimir as lágrimas, eleme contou que alguns anos antes lutara com muitas dúvidas e estivera à beira de abandonara sua é. Alguém ento lhe dera um vídeo de um dos meus debates. Ele disse: “Isso mesalvou de perder a minha é. No sei como lhe agradecer”.

Eu disse: “Foi o Senhor que o salvou de cair da é”.“Sim”, ele disse, “mas o Senhor usou você. No tenho como lhe agradecer”. Eu lhe disse

como quei empolgado com a sua experiência e lhe perguntei sobre seus planos para outuro. “Estou me ormando este ano”, ele me disse, “e estou planejando ir para o seminário.Quero me preparar para o pastorado”. Louvado seja Deus pela vitória na vida desse jovem!

Mas a apologética crist az muito mais do que proteger contra a apostasia. Os eeitospositivos e edicantes do treinamento apologético so muito mais evidentes. As igrejasnorte-americanas esto cheias de cristos intelectualmente neutros. Como crists, amente dessas pessoas está sendo desperdiçada. Um dos resultados disso é uma é imaturae supercial. Pessoas que simplesmente andam na montanha russa da experiência emo-cional esto roubando de si mesmas uma é crist mais rica e prounda ao negligenciar olado intelectual dessa é. Sabem pouco das riquezas da compreenso prounda da verdade

crist, da conança inspirada pela descoberta de que sua é é lógica e se coaduna com osatos da experiência, da estabilidade trazida à vida pela convicço de que a é é verdadeobjetiva. Um dos resultados mais graticantes das conerências anuais de apologéticaorganizadas pela  Evangelical Philosophical Society [Sociedade Filosóca Evangélica] emigrejas locais durante o curso das nossas convenções anuais é ver as luzes que acendem namente de muitos leigos quando eles descobrem pela primeira vez na sua vida que há boasrazões para crer que o cristianismo é verdadeiro e que há uma parte do corpo de Cristoque eles nunca conheceram que sabem está se debatendo regularmente com o conteúdointelectual da é crist.4

 Também vejo os eeitos positivos da apologética quando participo de debates nos campiuniversitários. Tipicamente sou convidado aos campi para debater com algum proessor

4 Para maiores inormações sobre essas conerências extraordinárias de leigos, ver em www.epsociety.org.