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Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1253 - 28 Outubro 2005 ORÇAMENTO DE ESTADO 2006 CREDIBILIDADE CONSOLIDAÇÃO E CRESCIMENTO Credibilidade Cenário macro-realista (pressupostos de 65,6 dólares para preço do petróleo e 2,4% para taxa de juro), tendo por base uma avaliação rigorosa da situação das finanças públicas, sem recorrer a receitas extraordinárias, diminuindo para níveis historicamente baixos as cativações a efectuar; Consolidação Contenção e redução da despesa pública, estudo sobre sustentabilidade da Segurança Social, Programa Plurianual de redução da Despesa Corrente, simplificação e moralização do sistema fiscal; Crescimento Emagrecimento do Estado, com redução da despesa no PIB de 49,3% em 2005 para 48,8% em 2006, promovendo condições de maior eficiência e competitividade. SOARES UNE O PAÍS PRESIDENCIAIS NESTA EDIÇÃO SUPLEMENTO EUROPA

PRESIDENCIAIS SOARES UNE O PAÍS · 2018. 2. 26. · 28 OUTUBRO 2005 3 PLENÁRIOS DE MILITANTES SOARES TEM MELHORES CONDIÇÕES PARA UNIR O PAÍS O apoio claro e inequívoco dos socialistas

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Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

Nº 1253 - 28 Outubro 2005

ORÇAMENTO DE ESTADO 2006

CREDIBILIDADECONSOLIDAÇÃOE CRESCIMENTO

Credibilidade Cenário macro-realista (pressupostos de 65,6 dólares para preço do petróleo e

2,4% para taxa de juro), tendo por base uma avaliação rigorosa da situação das finanças públicas, sem

recorrer a receitas extraordinárias, diminuindo para níveis historicamente baixos as cativações a efectuar;

Consolidação Contenção e redução da despesa pública, estudo sobre sustentabilidade da

Segurança Social, Programa Plurianual de redução da Despesa Corrente, simplificação e moralização

do sistema fiscal;

Crescimento Emagrecimento do Estado, com redução da despesa no PIB de 49,3% em 2005

para 48,8% em 2006, promovendo condições de maior eficiência e competitividade.

SOARES UNE O PAÍSPRESIDENCIAIS

NESTA EDIÇÃO

SUPLEMENTO EUROPA

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2 28 OUTUBRO 2005

DOCUMENTO ÚNICO AUTOMÓVEL

MAIS UMA PROMESSA CUMPRIDAO secretário de Estado da Justiçadescreveu a aprovação em Conselhode Ministros do decreto que institui oDocumento Único Automóvel (DUA)como “uma importante medida dedesburocratização ao nível do sserviços do Estado”.Segundo sustentou Tiago Silveira durantea conferência de Imprensa que se seguiuà reunião do Conselho de Ministros dopassado dia 26, “não se trata apenas dacriação de um documento único, masde uma profunda reforma ao nível dosprocedimentos”.O governante explicou também que estamedida resultou de “um esforço decooperação” entre vários departamentosdos ministérios da AdministraçãoInterna e da Justiça, adiantando que osmecanismos do certificado de matrícula“serão, em breve, apresentadospublicamente”.Recorde-se que o Governo do PS apro-vou um diploma que institui o Docu-mento Único Automóvel através da cria-ção do certificado de matrícula,agregando a informação actualmenteconstante no título de registo depropriedade do automóvel e do livretedo veículo.

Em declarações aos jornalistas, o ministroda Presidência, Pedro Silva Pereira,sublinhou que a instituição do DUA fazparte do programa de Governo “e foiconcretizada ao fim de sete meses defunções do Executivo” .“Trata-se de uma medida que tinha sidopor vários governos anunciada, mas quesó agora é concretizada”, salientou.Segundo o comunicado do Conselho deMinistros, o Documento Único Automóvel“passa a conter um conjunto deavançados elementos de segurança físicado documento de que, nem o livrete doveículo, nem o título de registo depropriedade dispunham até agora”.O documento refere igualmente que oDUA “passa a poder ser solicitado juntode um serviço desconcentrado daDirecção-Geral de Viação (DGV), ou deuma conservatória e é enviado ao utentedo serviço, por correio, para a morada dotitular do certificado de matrícula”.Com a aprovação do decreto em questão“adoptam-se ainda várias disposiçõesdestinadas a permitir futuramente aapresentação de pedido de registo on-line e a sua tramitação por via electrónicana conservatória”.

M.R.

ABERTURA

A CORAGEM DE REFORMARO SISTEMA POLÍTICOPor estes dias, discute-se na Assembleia da República o Orçamento de Estadopara 2006. O Governo apresentou um Orçamento de verdade, credível erealista. Nele, a consolidação das finanças públicas não prejudica a realizaçãode escolhas políticas claras: o crescimento económico, a aposta no empregoe a garantia da coesão social. Em suma, uma política que vise assegurar umdesenvolvimento sustentável. Embora o Orçamento seja uma peça essencialpara a acção governativa e parlamentar, ele não pode, nem deve, esgotar aatenção e os esforços reformistas.No passado dia 20 de Outubro foi aprovada na generalidade, em convergênciacom os restantes partidos, a reforma da lei eleitoral da Região Autónoma daMadeira, uma lei cuja necessidade de revisão era de há muito sentida. Estareforma vem corrigir distorções gritantes ao princípio da proporcionalidade.É, por isso, uma lei urgente, justa e que, pode ajudar a tornar a democraciamais verdadeira. É por outro lado, um passo na sequência de outros já dadosno sentido da modernização global do sistema político, desígnio cujaimportância estruturante não é demais realçar. Aqui, o Partido Socialista temdado, e continuará a dar, um exemplo reformador.Uma democracia que não se renova é cada vez menos democrática.Democratizar a democracia, renovando-a, foi feito desde logo através dalimitação de mandatos para o exercício de cargos políticos. Do mesmo modoa clarificação dos cargos de confiança política vem trazer profissionalismo etransparência acrescidos à administração. Com o intuito de cultivar osentimento de confiança dos cidadãos foi concretizada, ainda, a limitação dascompetências dos executivos camarários em gestão. E definiu-se, enfim, ouniverso eleitoral dos portugueses residentes no estrangeiro na eleição doPresidente da República.O impulso reformista que estas medidas exemplificam não pode ficar poraqui. Sobretudo, quando os problemas, o eleitorado e a opinião pública assimo exigem. A eleição presidencial que se avizinha trará consigo a conclusão deum ciclo eleitoral que se iniciou com as Europeias de 2004. Abrir-se-á,

então, um período de estabilidade na gestão política propício à concretizaçãoda reforma e modernização do sistema político. E esta reforma, que todosconcordam urgente, e em torno de cujos pilares centrais existe um debateassinalável, deverá caminhar com passo decidido.Assim, apresentamos iniciativas de alteração de lei eleitoral para Assembleiada República, da lei eleitoral Autárquica, da reforma e dignificação do Estatutodo Deputado, e à lei da paridade.A alteração da lei eleitoral para a Assembleia da República, salvaguardandosempre o princípio da proporcionalidade, terá como quadro referencial aintrodução de círculos de um só candidato, possibilitando a dupla escolha porparte dos eleitores (de lista e de candidato) como forma de aproximá-los doseleitos.Uma nova lei autárquica alterará o sistema de Governo das autarquias locaisde modo a assegurar a formação de executivos municipais homogéneos,mais coerentes e eficazes, e, em paralelo, uma democracia local mais efectiva,com reforço dos poderes de fiscalização das Assembleias Municipais.O aperfeiçoamento do sistema de responsabilização dos titulares de cargospolíticos e demais cargos públicos relevantes aprofundará o registo deinteresses, o escrutínio de incompatibilidades e inelegibilidades, e introduziráregras mais exigentes quanto à substituição de deputados. Dever-se-á evoluir,ainda, no sentido da paridade na composição das listas eleitorais.Para além destas medidas de profundo alcance, proporemos a redefinição danatureza das comissões de inquérito parlamentar no sentido da sua maiorcredibilidade e eficiência, reforçando os meios de fiscalização eacompanhamento dos actos do Governo e da Administração.Todos temos consciência de que a reforma do sistema político não se faz numacto isolado; ela é um processo que interessa a todos, que a todos devemobilizar, e sobre o qual é bom que se estabeleça o maior consenso possível.Reformar exige coragem, visão e vontade. Nós assumiremos as nossasresponsabilidades, que todos assumam as suas.

ALBERTO MARTINSPresidente do GPPS

Uma democracia quenão se renova é cadavez menosdemocrática.Democratizara democracia,renovando-a, foi feitodesde logo através dalimitação de mandatospara o exercício decargos políticos.

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328 OUTUBRO 2005

PLENÁRIOS DE MILITANTES

SOARES TEM MELHORES CONDIÇÕESPARA UNIR O PAÍSO apoio claro e inequívoco dos socialistasa Mário Soares na sua corrida a Belém, porconsiderarem que é o candidato presidencialcom melhores condições para assegurara estabilidade, devolver a esperança e unir osportugueses, em torno de grandes desígniosestratégicos, têm marcado os plenários demilitantes já realizados em vários pontos do paísde apoio à candidatura do fundador do PS, coma presença de dirigentes nacionais do partido.

O secretário-geral do PS, José Sócrates,expressou no dia 22 o apoio inequívocoe empenhado do partido ao seu candidatoMário Soares, por considerar que reúneas melhores condições para “voltar a unir”o país.“As eleições presidenciais são umadisputa entre candidatos, mas dizemrespeito a todos os portugueses eorganizações. A opção do PS é a de apoiarMário Soares, porque é a personalidadepolítica que tem as melhores condiçõese qualidades para ser o próximo Presidenteda República”, disse.José Sócrates falava durante um plenáriode militantes socialistas, em Évora, noTeatro Garcia de Resende, de apoio àcandidatura de Mário Soares.“Mário Soares pode contar com oempenhamento do PS e de todos osmilitantes e nós faremos uma campanhapara que venha a ser o próximo Presidenteda República”, afirmou o líder socialista,apelando à mobilização para as eleiçõesde Janeiro.Num momento em que, frisou, aspresidenciais “começam a ficar com umquadro claro da disputa eleitoral”, o PSvai “defender o seu candidato”, por quempretende “lutar na convicção de que é omelhor para Portugal”.Segundo José Sócrates, a “opção do PSem apoiar” o fundador do partido radica,fundamentalmente, em três factores, quefazem com que seja a personalidadepolítica na corrida eleitoral que “é amelhor para o país”, reunindo “asmelhores condições” e “maior currículo”.Em primeiro lugar, realçou, Soares é quemtem “mais prestígio internacional”. OEstado, adiantou, “precisa de umPresidente da República que tenhaprestígio, porque isso é meio caminhoandado para promover Portugal nocontexto internacional”.Como segundo argumento, Sócratesreferiu a experiência do candidato nasfunções presidenciais. “Que melhorargumento é que nós temos para dizeraos portugueses que, se elegerem MárioSoares, como Presidente, ele vai ser bomno exercício dessas funções, porque já ofoi anteriormente?”, perguntou.O secretário-geral do PS considerou que,durante os dez anos em que esteve emBelém, Soares teve “um exercício

absolutamente notável” no cargo e “umamagistratura de influência, que resolveumuitos problemas ao país”.Como terceira razão, Sócrates sublinhouque o candidato apoiado pelo PS é aqueleque pode constituir “um factor de união”no país e ser o presidente de “todos osportugueses”.Neste momento, frisou, “todos os queacompanham a vida do país percebemque o próximo Presidente tem que ser umfactor de união entre todos”.

Quando Cavacoera antieuropeu

Os tempos em que Cavaco Silva, recém-eleito líder do PSD, “estava contra” aassinatura do tratado de adesão de Portugalà então CEE, rubricado por Mário Soares,Rui Machete e Jaime Gama, no Mosteirodos Jerónimos, foram lembrados porJorge Coelho, no passado dia 22, numplenário de militantes do PS/Porto.Ao recordar este episódio, de particularrelevância política, o dirigente socialistafazia assim o contraponto em relação àpostura de Mário Soares que, antes de ser“um excelente Presidente da República”,esteve sempre do “lado certo”, a lutarcontra a ditadura, a “criar condições paraestabilizar a vida democrática” e a “tomara decisão estratégica de entrar” na entãoCEE, na altura ainda só com dez membros.Referindo-se a Cavaco Silva, tambémespecialista em tabus, que classificou de“adversário central”, Jorge Coelhocongratulou-se com o fim do segundotabu, “o outro não lhe correu bem”, eadmitiu que “a encenação de apre-sentação da candidatura estava bem feita”.Só que, ressalvou, “os portugueses têmmemória e ainda estão bem lembradosdo que foi o cavaquismo”, um períodomarcado pelo “autoritarismo, arrogânciae autismo” do antigo primeiro-ministroque “dizia que nunca se enganava eraramente tinha dúvidas” e ainda que“nunca lia jornais”.Perante esta metamorfose do candidatoda direita, o dirigente do PS interrogou-se: “Será que ele mudou assim tanto nosúltimos dez anos? Deram conta disso, poralguma declaração, por algum actopúblico?”Na sua intervenção Jorge Coelho reafirmou

ainda que o PS tem apenas um e sócandidato presidencial, que é MárioSoares. “No nosso partido ninguém éperseguido por delito de opinião, mas oPS tem de dar uma imagem à sociedadede que é um partido organizado, em quese respeitam as decisões dos seusórgãos”, acrescentou.

Um Presidente capazde gerar consensos

Também em Lisboa decorreu na segunda-feira, dia 24, um encontro de AntónioCosta com os militantes, para reforçar oapoio do PS ao candidato presidencialMário Soares. Na sua intervenção, odirigente socialista sublinhou que noactual contexto marcado por “umagravíssima crise económica e financeira”,que o Governo está a atacar com “medidasantipáticas, mas que são essenciais parair ao fundo dos problemas”, como a criseorçamental e a fragilidade da nossaeconomia, as eleições presidenciais são“muito importantes”.

Por isso, disse, é preciso “um Presidentecom visão estratégica e capaz de gerargrandes consensos, de forma a alcançar-se objectivos de qualificação dasociedade a prazo”, considerando MárioSoares um chefe de Estado “essencialpara o momento que se vive emPortugal”. É que, sublinhou, “nãoestamos em momento de aventuras oude riscos, o país precisa de alguém queajude a unir os portugueses e Soares jáprovou que foi um grande Presidente daRepública”.Por outro lado, António Costa sustentouque “pelo seu prestígio e grande expe-riência internacional”, o fundador do PSé o candidato melhor colocado para“representar o Estado portuguêsexternamente”.É preciso também, frisou, um Presidenteque “conheça bem as dificuldades de umGoverno em situação de crise económicae financeira. E Mário Soares tem essaexperiência. Sabe o que é governar em épo-ca de crise, como em 1976 e no períodode 1983 a 1985, anos de grande dureza”.

Perante uma plateia que enchia porcompleto uma das salas do Hotel Altis, odirigente socialista não deixou de acharsintomático que a única crítica que temsido feita a Soares esteja relacionada apenase só com a sua idade. “Cada um tem aidade que tem. A idade de um político ésobretudo a sua capacidade criativa ecompreensão da realidade”, disse.E acrescentou: “Nos últimos dez anosMário Soares foi acumulando actividadese Cavaco foi acumulando reformas”.Sobre a candidatura de Cavaco, o dirigentesocialista apontou “a enorme dissonânciaentre o candidato e os seus apoiantes”no que concerne ao entendimento dospoderes presidenciais. “E isso é o primeirofactor da grande instabilidade”, disse.Entretanto, estão já agendados plenáriosde militantes em Setúbal, Faro, Coimbra,Viana do Castelo, Vila Real e Aveiro, quecontarão com a presença, respecti-vamente, de Mário Lino, Pedro SilvaPereira, Ascenso Simões, José Lello,Francisco Assis e Correia de Campos.

J. C. C. B.

INICIATIVA

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4 28 OUTUBRO 2005PRESIDENCIAIS 2006

SOARES PROMETE ESTABILIDSe voltar a ser eleito Presidente da República,Mário Soares compromete-se a ser um factor deestabilidade, de coesão social e de segurança.“Tenho condições únicas para evitar a crispaçãopolítica e a grande conflitualidade social”,garantiu, convicto, o candidato presidencialapoiado pelo PS, na sessão pública deapresentação do seu manifesto político, quedecorreu, no passado dia 25, em Lisboa.

“Candidato-me para unir e não paradividir”, assegurou Soares perantecentenas de apoiantes, lembrando deseguida que os portugueses lhe reco-nhecem autoridade, coragem e po-der de persuasão para exercer, umavez eleito, “a pedagogia mobilizadora”necessária para ultrapassar a com-plexa crise que Portugal atravessa.E porque é “urgente e preciso recon-quistar o orgulho de ser português”, ofundador do Partido Socialista nãohesitou, mais uma vez, em colocarao serviço do país a sua valiosa “ex-periência acumulada” e um “conhe-cimento actualizado de todas astemáticas decisivas para a pros-peridade e segurança de Portugal edos portugueses”.“Tenho consciência de que posso etenho o dever de dar um sério con-tributo para ajudar a ultrapassar estasituação de crise”, vincou num docu-mento de oito páginas explicitou osseus desígnios caso as urnas ditemo seu regresso a Belém.

“Estes desígnios, se forem bem ex-plicados, como conto fazê-lo, serãopartilhados pelo povo português epermitir-lhe-ão uma melhor avaliaçãodos sacrifícios exigidos para vencera crise”, defendeu Mário Soares,voltando a apontar como uma metaprimordial da sua candidatura a pro-moção da união e da mobilização doscidadãos na luta pela modernizaçãoe pelo desenvolvimento sustentáveldo país.Perante uma sala completamente lo-tada de um hotel da capital, Soaresalertou para o surgimento, à direita,de “um messianismo revanchista ede vozes com peso político que re-clamam abertamente a subversão doregime constitucional”, utilizandopara isso a eleição presidencial.Depois de apelar aos portuguesespara que encarem a actual crise como“uma oportunidade única de mudançae de modernização”, Soares defen-deu que o regime saído da Constitui-ção de Abril não está esgotado e “não

DESÍGNIOS DE UMA PRESIDÊNCIA MODERNA CAMPANHA DE AFECTOS

Desde sempre movido na sua acção política por desígniosnacionais, Mário Soares candidata-se à Presidência daRepública para ser não só o garante do cumprimento daConstituição, o moderador, o árbitro das instituições e/ou o“ouvidor” dos portugueses, mas também para ser, como elepróprio o manifestou, um “mobilizador” de vontades e energiasnacionais que impulsionem Portugal para o progresso.Neste sentido, o candidato à chefia do Estado apoiado pelo PSdefiniu os 16 desígnios nacionais que o movem nesta novadisputa eleitoral:

1. Unir e mobilizar os portugueses na luta pelodesenvolvimento sustentável e pela modernização dePortugal;

2. Incentivar a igualdade de direitos entre homens e mulheres,a defesa pela inclusão social e o reconhecimento do direitoà diferença em matéria de opções sexuais;

3. Apoiar todas as iniciativas que visem tornar a economiaportuguesa mais dinâmica;

4. Estimular a cooperação entre o poder central, asautonomias regionais e o poder local;

5. Impulsionar as políticas que visem a melhoria da educaçãoa todos os níveis, a diminuição drástica do abandono escolare a formação e qualificação permanentes dos portuguesesde todas as idades;

6. Incrementar a investigação científica, a ligação entre asuniversidades e as empresas, a inovação e a criatividade;

7. Incentivar as políticas de promoção da imagem de nossopaís no mundo e a defesa da língua e da cultura portuguesas;

8. Valorizar as comunidades portuguesas radicadas noestrangeiro;

9. Ajudar a repor a confiança dos cidadãos na Justiça,pressupondo para isto a realização de reformas quemelhorem a qualidade e a eficácia do aparelho judiciárioportuguês;

10. Dar força e transparência ao combate a todos os tipos decriminalidade, especialmente, à económica e financeira, àcorrupção, à fraude fiscal e à fuga aos impostos;

11. Apoiar todas as formas de luta contra a criminalidadeinternacional, particularmente, contra o terrorismo;

12. Conferir aos temas europeus um lugar preponderante; nodebate das grandes questões nacionais;

13. Contribuir para que o mérito, a iniciativa, o esforço, otrabalho e a capacidade realizadora sejam valores maispresentes e melhor reconhecidos na nossa sociedade;

14. Ajudar a que as gerações jovens tenham melhorescondições de realização pessoal, profissional e cívica;

15. Estimular, em todos os sectores da vida nacional, umacultura de qualidade, exigência, responsabilidade eavaliação;

16.Prestigiar e apoiar as Forças Armadas, dotando-as dosmeios adequados para a defesa da República e doscompromissos internacionais de Portugal em favor dapaz.

Após a apresentação do seu manifesto eleitoral, Mário Soaresrespondeu a um conjunto de perguntas colocadas pelosjornalistas presentes no hotel Ritz, oportunidade que aproveitoupara deixar bem claras as ideias e os propósitos que diferenciama sua candidatura das restantes quatro concorrentes, emparticular a protagonizada por Cavaco Silva, afiançandoigualmente que as sondagens não o assustam nem o farãodesistir.Também durante o período da conferência de Imprensa, Soaresquis deixar clara a mensagem de que a sua possível eleiçãonão acarretará o risco de uma concentração de poderes pelofacto da Governação e da chefia do Estado serem lideradas porsocialistas.“Não haverá maneira dos ovos ficarem todos no mesmo cestoporque o ovo presidencial, que serei eu, será independente”,assegurou.Depois de esclarecer que no exercício da presidência daRepública o importante é ser isento e não suprapartidário, ofundador do PS vincou que “ninguém suspende as suasconvicções a não ser que nunca as tenha tido”.“Sempre fui e continuarei a ser socialista, republicano e laico”.Questionado sobre o tipo de campanha que fará, Mário Soaresassegurou que será um reencontro afectivo com todos osportugueses, mas especialmente com os jovens que oconhecem menos.“Mais do que discursos em comícios, faremos uma campanhade esclarecimento, debate e de afectos”, concluiu. M.R.

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528 OUTUBRO 2005 PRESIDENCIAIS 2006

ILIDADE COM COESÃO SOCIALpode, assim, permitir-se que sejasubvertido”, embora deva ser “aper-feiçoado e aprofundado nas suas vir-tualidades”.Manifestando-se partidário do siste-ma semipresidencialista vigente, ohistórico fundador do PS considerouque o modelo se tem revelado “sufi-cientemente sólido e flexível, ao lon-go dos anos, para responder às difer-entes situações”.

Desenvolvimentocom preocupaçõessociais

Relativamente aos partidos políticose às críticas constantes de que sãoobjecto actualmente e, por vezes, in-justamente – segundo observou –, ocandidato presidencial sublinhou quea existência destes é essencial à de-mocracia.“Defendo o multipartidarismo e osistema de representação proporcio-nal”, disse, afirmando-se contrário auma possível bipartidarização dosistema e ao “rotativismo pantanosoque destruiu a monarquia constitu-cional”.Após sublinhar a importância do de-senvolvimento, segundo as boas práti-cas do rigor financeiro e da competi-tividade, Mário Soares defendeu queesse desiderato é alcançável “numclima de estabilidade política e deconcertação social”.No plano económico, advogou apreservação de uma economia demercado com regras éticas, distin-guindo-a de um mercantilismo feroze gerador de desigualdades.Ao destacar o papel regulador do Es-tado e a responsabilidade social das

empresas, bem como “a dimensãosocial dos trabalhadores”, Soaresconsiderou que as funções de sobe-rania de defesa do bem público e depromoção de coesão social e nacio-nal não devem ser delegadas.Quanto ao tema da globalização, ocandidato presidencial chamou aatenção dos presentes para aemergência de “novas formas de ci-dadania global que são importantes ea que se deve estar atento”, defen-dendo igualmente que a economiaglobalizada não implica o desapare-cimento do modelo social europeu,mas sim que ele responda às novassituações em que vivem as popula-ções dos países desenvolvidos, nome-adamente ao aumento da expectativade vida e às consequências que daíresultam para a sustentabilidade dossistemas de segurança social.“Não sou, nem nunca fui, situacio-nista. E também compreendo comtodo o realismo, que o modelo socialportuguês não pode abstrair do graude desenvolvimento do país”, es-clareceu, na sessão de apresentaçãopública do seu manifesto eleitoral, quecontou com a presença de MariaBarroso, esposa do candidato, domandatário nacional da candidatura,Vasco Vieira de Almeida, da man-datária para a juventude, JoanaAmaral Dias, dos membros daComissão Política, Executiva e deHonra, do porta-voz Nuno SeverianoTeixeira, bem como do presidente doPS, Almeida Santos, e de vários depu-tados socialistas, aos quais se junta-ram conhecidas figuras da culturacomo o escritor Alçada Baptista e ojornalista Baptista-Bastos.

MARY RODRIGUES

Promover o diálogo entre as várias camadas da sociedade eentre elas e a juventude é a tarefa que o candidato presidencialapoiado pelo PS assumiu como prioridade imediata durante ainauguração da sua sede de campanha, localizada no antigoteatro Éden, em Lisboa.Foi ao ritmo contagioso e dinâmico dos Toca a Rufar, umagrupamento de percussão integrado por jovens, que MárioSoares entrou, no passado dia 26, no Éden, acompanhado porcentenas de pessoas, entre as quais a sua esposa, Maria Barroso,o presidente do Partido Socialista, Almeida Santos, o mandatárionacional da candidatura, Vasco Vieira de Almeida, e o seu porta-voz, Nuno Severiano Teixeira.No breve discurso que proferiu, Mário Soares comprometeu-sea transportar para a chefia do Estado, se for eleito, o“inconformismo” e a “irreverência” da juventude, dando particularatenção aos problemas dos jovens qualificados e sem postos detrabalho.Neste sentido, Soares prometeu “dar voz à juventude” e abrir umdebate com ela para abordar os mais diversos temas.“Quero inconformismo, irreverência e trabalho em conjunto entretodas a s gerações, mas também entre todas as camadassociais. Vou fazer uma campanha afectiva, que chegue aocoração das pessoas”, assegurou, reiterando de seguida que,entre todos os que se encontram actualmente em dificuldade,dará “particular atenção aos jovens que estudaram uma vida

inteira, mas que não encontram emprego”.“Sem demagogias, é muito para eles que vou fazer a campanha”,vincou.Ao usar da palavra, a mandatária de Soares para a juventudedeixou uma mensagem de exigência e grandes expectativas juntodo ex-chefe de Estado.“Queremos um Presidente que sinta e saiba que não é maispossível continuar apenas a gerir a conjuntura e que tome ascausas ambientais como lema de todos os dias e como modelode desenvolvimento maior”, declarou Joana Amaral Dias, paraquem, “não é a democracia que foi conquistada em Abril de1974 que está em causa” nas eleições presidenciais de 2006e sim “a qualidade da mesma”.Depois de sublinhar que, com Mário Soares na Presidência daRepública, ficarão dadas “todas as garantias para que a nossademocracia se aperfeiçoe”, Joana Amaral Dias referiu-setambém à situação económica e financeira que se viveactualmente em Portugal.“Numa época de crispação social, em que são exigidos muitossacrifícios, é estritamente necessário que o Presidente daRepública tenha a sensibilidade, a destreza e sabedoria pararobustecer a concertação social”, defendeu, considerando que“será Mário Soares quem reconhecerá que esses sacrifíciostêm que ser para todos e que terá a sagacidade para os equilibrare harmonizar”. M.R.

MASP 3 NO ÉDEN

SEDE DE DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES

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6 28 OUTUBRO 2005PRESIDENCIAIS 2006

COMISSÃO POLÍTICA TEM 14 MEMBROS DO PARTIDO

CAVACO TENTA APAGARIMAGEM DE AUTORITÁRIOA declaração “redonda e extremamente vaga” com que Cavaco Silva anuncioua sua candidatura à Presidência da República destinou-se a tentar “descolar”da sua imagem de primeiro-ministro do PSD “arrogante e autoritário”, afirmouo novo porta-voz da Comissão Permanente do PS, Vitalino Canas.Na reacção ao anúncio da candidatura presidencial de Cavaco Silva, VitalinoCanas disse ter “pouco significado” a garantia dada pelo ex-líder do PSD deque, se for eleito chefe de Estado, apenas dissolverá o Parlamento ou demitiráo Governo em circunstâncias muito excepcionais.“Nos termos da Constituição da República, o Parlamento só é dissolvido, ouo Governo demitido, em circunstâncias excepcionais”, referiu Vitalino Canas.Em conferência de Imprensa no Largo do Rato, o dirigente socialistadesvalorizou também a intenção de Cavaco Silva suspender a sua filiação noPSD, referindo que “essa independência” do ex-primeiro-ministro “foidesenhada para a declaração de anúncio da sua candidatura”.E denunciou que “Cavaco Silva está a tentar descolar de uma zona do espectropartidário que sempre foi a sua. Cavaco Silva foi presidente do PSD e nãoapenas um simples militante deste partido. Cavaco Silva foi primeiro-ministrode três governos constitucionais do PSD, dois deles com maioria absoluta”.Segundo sublinhou o dirigente socialista, esses governos de Cavaco Silva“foram marcados por atitudes de arrogância e autoritarismo em relação àsoposições. Não nos cansaremos de lembrar o que foi Cavaco Silva enquantoprimeiro-ministro”.Vitalino Canas considerou a declaração de Cavaco Silva “redonda eextremamente vaga, não esclarecendo o que pensa da função presidencial,dos desafios que se colocam ao país em relação aos problemas dosportugueses”.“A única vantagem é que agora temos vários candidatos à Presidência daRepública e não vários candidatos e um fantasma”, disse, sublinhando, noentanto, que a declaração do ex-primeiro-ministro deixou “muitas dúvidassobre o que pretende da função presidencial”.O porta-voz da Comissão Permanente do PS considerou “pouco verdadeira aideia de afastamento em relação à vida política” que Cavaco Silva pretendeutransmitir.“É preciso lembrar que Cavaco Silva já procurou ser Presidente da Repúblicahá dez anos atrás e foi derrotado”, disse, salientando que esse insucessoeleitoral se deveu ao facto de, enquanto primeiro-ministro, ter sido “arrogante,autista e gerador de bloqueios” na vida do país.

Mário Soares reuniu no dia 17, pelaprimeira vez, a Comissão Política da suacandidatura, que integra 14 membros doPS, com o objectivo de começar apreparar as linhas gerais do seumanifesto.Falando aos jornalistas a meio dareunião, o porta-voz da candidatura,Nuno Severiano Teixeira, afirmou que“repensar os desígnios nacionais etambém a sua prática” é uma metatraçada por Soares, para quem, disse, “osistema presidencialista continua amanter todas as suas virtualidades”,nomeadamente quando entendido como“magistratura de influência”.E sublinhou que é preciso “que opróximo Presidente da República sejaum referencial de estabilidade, tenhaexperiência e saiba unir e mobilizar osportugueses, como Mário Soares jádemonstrou”.Quanto ao facto de Soares se apresentardesde já como candidato a apenas ummandato, Nuno Severiano Teixeiraconsiderou que “o horizonte de cincoanos é suficiente para se projectaremnovos desígnios nacionais”.O antigo ministro da AdministraçãoInterna de Guterres afirmou ainda que ocurrículo histórico e político de Soaresé uma “garantia” para o futuro, já que“nos grandes momentos de crise daHistória recente, soube sempre aproveitaras oportunidades, ganhar os desafios einterpretar os desígnios nacionais”, no

combate à ditadura, na defesa dademocracia no pós-25 de Abril ou nadecisão de aderir à então CCE, hoje UniãoEuropeia.Na reunião, participou a quase totalidadeda Comissão Política, composta por 31elementos, dos quais 14 são membrosdo PS e 17 são independentes.No órgão executivo da candidatura deMário Soares, estão o coordenador daComissão Permanente do PS, JorgeCoelho, e membros de órgãos nacionaisdo partido como António Vitorino,Francisco Assis, João Cravinho,Medeiros Ferreira, Capoulas Santos,Sérgio Sousa Pinto, Marcos Perestrello eo líder da JS, Pedro Nuno Santos.Os socialistas fazem-se ainda representarpor Carlos Luís (mandatário de MárioSoares para a emigração), pelaspresidentes das câmaras do Montijo,Amélia Antunes, e de Odivelas, SusanaAmador, por António José Seguro, peloprovedor da Santa Casa da Misericórdia,Rui Cunha, e pelo secretário-geral daUGT, João Proença.Entre os independentes, estão osmandatários nacional e para a juventudeda candidatura, respectivamente, VascoVieira de Almeida e Joana Amaral Dias(dirigente do Bloco de Esquerda), oporta-voz de Mário Soares, o ex-ministroNuno Severiano Teixeira, e o ex-presidente do Sporting, Dias da Cunha.Integram também a Comissão Políticade Soares, como independentes, António

Mega Ferreira (jornalista e escritor),Fernando Freire de Sousa (economista),Fernando Nobre (médico, fundador epresidente da AMI), Ivan Nunes(sociólogo), Pinto Ribeiro (advogado),Luís Braga da Cruz (ex-ministro daEconomia de Guterres), Manuel Ferreirade Oliveira (engenheiro), Maria JoãoRodrigues (ex-ministra do Emprego eQualificação de Guterres), MárioMesquita (jornalista), Mário Ruivo(cientista) e Ulisses Garrido (dirigenteda CGTP-IN).Deste último grupo de independentes,fazem ainda parte da Comissão Políticada candidatura Viriato SoromenhoMarques (professor universitário defilosofia e presidente da associaçãoambientalista) e Vital Moreira(constitucionalista).

Comissão de Honraapresentada no Porto

Entretanto, Mário Soares escolheu o Portopara apresentar a Comissão de Honra dasua candidatura a Presidente daRepública. A cerimónia terá lugar nopróximo sábado, dia 29 de Outubro,pelas 17h30, no edifício da Alfândega.Esta iniciativa será um momentoimportante na demonstração dos apoiosreunidos por Mário Soares em torno dasua candidatura.No âmbito dos contactos que MárioSoares tem vindo a manter com diversas

personalidades, que lhe têm manifestadoo seu inequívoco apoio, destaque para oalmoço realizado no passado dia 20, emViseu, com Fernando Amaral, um dosfundadores do PSD, antigo presidente daAssembleia da República e mandatáriode Cavaco Silva para o distrito naspresidenciais de 1996 e que agora apoiaSoares na corrida para Belém, sendo seumandatário no distrito de Viseu.“Viseu não é um distrito fácil para mim,mas agora está melhor, mais aberto, e euquis vir aqui para começar pelo sítio maisdifícil”, declarou Mário Soares.Por sua vez, Fernando Amaral acusouCavaco Silva de “abusar do auto-ritarismo”.

Blogue Super Mário

De salientar, por outro lado, a recenteestreia na blogosfera, de Super Mário, “umblogue inteiramente livre feito por pessoasque querem ver Mário Soares ganhar aspróximas eleições presidenciais”.Não se trata de uma página oficial docandidato nem um jornal de campanha.É um blogue de opinião que “pretendeservir para pensar, informar e discutirsobre as próximas eleições”.O blogue conta, desde o dia 19, e até aodia das eleições, com a participação,entre outros, de Vital Moreira, André Belo,André Freire, Filipe Nunes, Pedro Adão eSilva, Mariana Vieira da Silva, FilipeNunes e Rui Branco.

AS FRASES“Soares sabe como ninguém mobilizaras mais diversas participações paraque o regular funcionamento dasinstituições democráticas semanifeste pelos resultados. É de ummobilizador assim que o País precisa”João Cravinho

“Não é pela debilidade do Governo oupela instabilidade governativa, comono final dos anos 70, que se podeexplicar a brotoeja presidencialista naárea da direita”Vital Moreira

“Mário Soares quer ajudar Portugal aconstruir os novos desígniosnacionais e, no respeito dos seuspoderes constitucionais, exercer umamagistratura de influência”Nuno Severiano Teixeira

“Soares esteve sempre no sítio certonos momentos difíceis”Jorge Coelho

“Finalmente Cavaco Silva apareceu a‘terreiro’. Acabaram-se as dúvidas eas respostas evasivas. Veio dizer oque todos já sabemos”Idem

“Este homem (Cavaco Silva) procuroucriar uma sociedade e uma geraçãoque fosse egoisticamente competitivae não saudavelmente cooperativa eprogressista”Jamila Madeira

SOCIALISTAS EMPENHADOSE MOBILIZADOS NO APOIOÀ CANDIDATURA DE SOARES

Todo o partido “vai empenhar-se de formadeterminada” para a vitória da candidaturapresidencial de Mário Soares, afirmou odirigente socialista Jorge Coelho, nofinal da reunião da Comissão Política dopassado dia 18, em que para além daquestão das presidenciais, foi feita umaanálise dos resultados das últimaseleições autárquicas e discutida aproposta de Orçamento do Estado para2006.“Vamos apoiar Mário Soares commotivação e também como uma

obrigação, porque essa foi a decisão daComissão Nacional do PS”, acrescentou.Jorge Coelho declarou também que os“meios do PS, como as suas instala-ções, só devem ser utilizados para apoiara candidatura que o partido decidiu nosórgãos próprios apoiar: Mário Soares”,apelando à “responsabilidade e aosvalores éticos” dos militantes para estaquestão.O vice-presidente da bancada socialistaVitalino Canas foi eleito, porunanimidade, porta-voz da Comissão

Permanente do PS, durante a reunião daComissão Política.Vitalino Canas substituiu nestas funçõeso coordenador da Comissão Permanentedo PS, Jorge Coelho, que vinha assu-mindo provisoriamente estas funções.Além de Vitalino Canas, entrou para aComissão Permanente do PS o deputadopor Portalegre Miranda Calha, que será oresponsável pelo pelouro das autarquias.Finalmente, Jorge Coelho sublinhou quefoi dado “apoio unânime” à proposta deOrçamento do Governo.

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728 OUTUBRO 2005 AUTÁRQUICAS 2005

RESULTADOS ELEITORAIS

GRANDE IMPLANTAÇÃOAUTÁRQUICAO Governo do Partido Socialista“cooperará com todos os autarcaseleitos, independentemente da sua corpolítica”. Esta a garantia dada, nopassado dia 9, por José Sócrates, apósa divulgação dos resultados das eleiçõesmunicipais.Embora reconhecendo que asexpectativas dos socialistas nãoobtiveram confirmação nas urnas devoto, o secretário-geral salientou que “opartido continua a ter grandeimplantação autárquica e governacâmaras importantes em todos osdistritos do país”.“Os resultados do PS são semelhantesaos que teve nas eleições autárquicasde 2001”, declarou o líder socialista,felicitando depois o PSD por ter sido opartido que conquistou mais câmarasmunicipais.Já na fase de perguntas por parte dosjornalistas, José Sócrates classificoucomo “oportunismo político” a atitudedaqueles que teimem em interpretar asautárquicas fora do seu âmbito deeleições locais.“Quem presumir outro sentido sobreestas eleições, não está a prestar um bomserviço à democracia e está a demonstrarum evidente oportunismo político”,acusou, recusando comparações como que sucedeu nas eleições autárquicasde 2001, altura em que, recordou, “o PSnão tinha maioria no Parlamento”.“Em Fevereiro passado, os portuguesesderam maioria absoluta ao PartidoSocialista para governar quatro anos epara haver estabilidade política”, vincou,para depois acrescentar que “osportugueses sabem distinguir perfeita-mente os dois níveis de eleições: aslegislativas de carácter nacional e asautarcas de carácter local”.Tendo na plateia a ouvi-lo vários ministrose secretários de Estado do seu Governo,bem como a totalidade dos membros doSecretariado Nacional do PS, Sócratessublinhou também, por diversas vezes aolongo da conferência de Imprensa, que“os portugueses nunca perdoariam se oGoverno governasse em função dos ciclos

eleitorais e em função dos interessesautárquicos de um partido”.“O Governo não governa a pensar emeleições”, afirmou, reiterando a ideia deque o seu Executivo será avaliado apenasdaqui a quatro anos em eleiçõeslegislativas.José Sócrates deixou ainda uma palavrade elogio ao coordenador autárquico doPS, considerando que dirigiu a campanhado partido com “grande profis-sionalismo”.

Resultados “não foram bons”

Jorge Coelho reafirmou por sua vez aideia de que o PS continua a ser umgrande partido autárquico, nãoocultando, porém, que os resultados,“muito semelhantes” aos registados háquatro anos, “não foram bons”.Perante a Comunicação Social, na sededo Largo do Rato, Coelho declarou que“em democracia é preciso saber ganhar eperder” e que “o PS não conseguiu atingirtodos os seus objectivos” nas autár-quicas.Segundo o dirigente socialista,relativamente às eleições autárquicas de

2001, o nosso partido perdeu trêscâmaras, passando de um total nacionalde 113 autarquias para 110.Relativamente a número de votos,atendendo às freguesias então apuradase em comparação com os resultados de2001, Jorge Coelho confirmou que oPS aumentou em número de votos,considerando ainda que “os resultadosmenos bons são da responsabilidade detodo o partido”.“Em coerência com o que o PS e o seusecretário-geral, José Sócrates, disseramao longo da campanha, estas eleiçõesdestinaram-se a escolher presidentes decâmaras, presidentes de juntas defreguesia e deputados das assembleiasmunicipais”, lembrou o coordenadorautárquico, que recusou mais uma vezretirar qualquer ilação do resultadoglobal no sentido de uma penalizaçãoda acção do Governo.Para Coelho, a única ilação que é possívelretirar das autárquicas é que “de futuro,será necessário trabalhar melhor”.“Temos de trabalhar melhor e queescolher melhores candidatos e termelhores programas”, concluiu.

M.R.

PS CONTINUA A SER A MAIOR FORÇADE ESQUERDA EM LISBOANum quadro político nacional marcadopor um acentuado desgaste, “fruto dasmedidas corajosas, mas impopulares,que o Governo se viu obrigado a tomar”,a Concelhia socialista de Lisboaconsidera que o resultado eleitoralobtido na capital “veio confirmar o PScomo o maior partido da esquerda –cinco vereadores eleitos e 16 mandatosna Assembleia Municipal – facto quemesmo assim não nos conforma, umavez que fomos claramente derrotados”,A Comissão Política Concelhia do PS/Lisboa, reunida no dia 10 para analisar oresultado das autárquicas no concelho,

deliberou cumprimentar CarmonaRodrigues e o PSD de Lisboa pela vitóriaalcançada, agradecer ao candidatoManuel Maria Carrilho “a formaempenhada como se envolveu nacampanha eleitoral” e saudar todos oscandidatos às juntas e assembleias defreguesia, os quais, independentementedos resultados alcançados, “seempenharam de forma denodada nestacampanha”.Em comunicado, a Concelhia socialistasaudou ainda os presidentes de juntaseleitos pelo PS nas freguesias de Beato,Charneca, Encarnação, Marvila, Mercês,

Sta. Catarina, Sta. Justa, Sta. Maria dosOlivais, S. Cristóvão/S. Lourenço, S.Miguel. S. Paulo e Santos-o-Velho, “quetransformaram o PS no partido deesquerda com a maior representação nasfreguesias de Lisboa”.A Concelhia do PS, liderada pelocamarada Miguel Coelho, agradeceuigualmente a todos os militantes,mulheres e homens, e à JuventudeSocialista de Lisboa “pela grandemobilização e vontade de vencer de quederam provas durante toda a campanhaeleitoral”.

J. C. C. B.

RESPOSTA À CRISEDA PROXIMIDADE

As comunidades locais encontram-se organizadasem municípios e freguesias.Sobretudo ao nível dos municípios, a estruturasociopolítica dessas comunidades, desde temposhistóricos muito recuados, tem como um dos seuspilares essenciais os serviços públicos. Por umlado, pelo que representam na figuração políticaligada à própria escala de categoria das autarquiase, por outro lado, pelo relevante papel social,enquanto actores da vida local, qualificados erespeitados, que os servidores do Estado sempretiveram e ainda têm.

É certo que a administração local, pela sua parte, ganhou maior pujançanos últimos anos. Após o 25 de Abril, a Constituição de 1976 e alegislação fundamental do poder local democrático, os municípiosganharam mais competências administrativas, mais capacidadefinanceira e maior poder político.Os municípios constituem hoje um sustentáculo muito importantedas comunidades locais, com força política de representação e comuma presença na vida social, cultural e económica como nunca tiveramno passado.Ao nível do emprego público têm um peso enorme e, em algunsterritórios, são mesmo, entre as forças empregadoras, a maissignificativa.Os municípios não só constituem, em muitas partes do interiornacional, um forte auxiliar de suporte de presença populacional como,também, um reduto de qualidade com o seu corpo de assistentes, detécnicos de várias disciplinas e de dirigentes.Mas, a par das autarquias, também os serviços localizados daadministração central foram sempre e continuam a ser hoje umimportante esteio de estruturação da sociedade local, com osfuncionários do Estado e respectivas famílias, na sua razão dequantidade e qualidade.Uma visão actual, que parece predominante, tende a desvalorizar aproximidade dos serviços públicos do Estado às populações, em nomede uma certa racionalidade económica e financeira e do progressodas comunicações, levando a um movimento de concentração, logode desaproximação.Estamos assim numa certa crise da proximidade.Crise que pode ter uma resposta com a intervenção do poder local,dando mais um importante contributo para a sustentabilidade social eterritorial do país.A solução pode estar na contratação entre o Estado e as autarquias,assumindo estas a prestação e a gestão de serviços e equipamentos,tradicionalmente a cargo da administração central directa ou indirectado Estado. Resguardando e acautelando sempre a sua autonomia, éclaro.Muitas áreas podem aqui estar envolvidas: saúde, segurança social,educação e ensino, agricultura, desenvolvimento rural, natureza eambiente, água e hidrografia, finanças, correios, comunicações,cultura, emprego e formação, desporto, etc..Por si só ou em associação, como em cada caso se justificar, asautarquias podem, mais uma vez, desempenhar um importante papel.Defendendo dois valores. Por um lado, salvaguardando a acessibilidadepróxima entre os cidadãos e os serviços e, por outro lado, ressalvandoa presença no território de gente e quadros importantes ao nível local.Em última análise acautelando a própria subsistência dascomunidades como autarquias organizadas e reconhecidas peloEstado, com as suas prerrogativas e meios.

OP

INIÃ

O

A administração local, pela sua parte,ganhou maior pujança nos últimos anos.

Após o 25 de Abril, a Constituição de 1976e a legislação fundamental do poder

local democrático, os municípios ganharammais competências administrativas,

mais capacidade financeira emaior poder político.

LUÍS PITA [email protected]

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8 28 OUTUBRO 2005AUTÁRQUICAS 2005

PS FOI A FORÇA POLÍTICA MAIS VOTADAOs números não enganam: o PS foi o partido commaior percentagem de votos nas eleiçõesautárquicas de 9 de Outubro, com 35,84 porcento, a uma confortável distância do PSD, com28,27 por cento. No entanto, a votação alcançadaficou “aquém das expectativas”, nomeadamentepelo facto dos socialistas não terem conseguidoreconquistar as principais câmaras do país, quecontinuam nas mãos da direita.

No Sul do país, José Apolinárioconseguiu uma grande vitória para o PS,tirando a capital do Algarve ao PSD eobtendo uma maioria absoluta. “É a vitóriana mudança para afirmar Faro comocapital do Algarve”, disse Apolinário, ex-secretário de Estado das Pescas doGoverno de António Guterres, queprometeu uma “nova postura na relaçãoentre a câmara e os munícipes”.Apolinário, que pela primeira vez secandidatou à presidência de uma câmara,apontou como prioridade do seu mandato“o apoio às pessoas mais humildes e aosidosos”.Outra vitória socialista que mereceparticular destaque foi a conseguida porJosé Luís Carneiro, que destronou o PSDda Câmara de Baião, no distrito do Porto,uma autarquia que o partido laranja geriahá três mandatos.O novo presidente do município de Baiãoconsiderou que o resultado alcançado noconcelho pelo PS representa a vitória “dosvalores da democracia e do Estado deDireito”.Trata-se, segundo José Luís Carneiro, “deuma vitória daqueles que não se resignamem ter Baião como um concelho adiadoe que constitui também a restituição dademocracia neste concelho”.José Luís Carneiro, que abandonará o seumandato de deputado para o qual foi eleitonas eleições legislativas de Fevereiro,afirmou que deseja que Baião “assuma acapacidade de ter voz política no distritodo Porto” e que uma das suas primeirasmedidas será o “lançamento de umprograma de desenvolvimento económicoe social, tendo como principaispreocupações o emprego e a saúde dapopulação”.Pelo seu simbolismo a vários níveis,destaque para a reeleição do socialistaArmindo Abreu como presidente daCâmara Municipal de Amarante,infligindo uma pesada derrota àcandidatura de Avelino Ferreira Torres. Foi,acima de tudo, a vitória dos valores dademocracia e da política entendida comoserviço do interesse público sobre opopulismo mais aberrante e uma provada maturidade do povo de Amarante, comtradições na luta pela liberdade.“O populismo não passou, porque o PSnão deixou”, proclamava Armindo Abreu.“Está salva a honra e a dignidade dosamarantinos. Escrevemos uma página nahistória”, acrescentava, no seu discursode vitória, pedindo ao mesmo tempocontenção às pessoas nos festejos quese prolongaram noite dentro.“Este é um momento de celebração. Não

é um momento de vinganças e celebremosem alegria e paz a vitória do PS contra opopulismo”, sublinhou.Em Alcácer do Sal o PS obteve outraimportante vitória, ao ganhar a Câmaracom uma maioria absoluta. “A vitóriaera de certa maneira esperada, face aodescontentamento muito visível dapopulação perante o Executivocamarário. A surpresa foi termosalcançado a maioria absoluta”, afirmouo novo presidente da autarquia, osocialista Pedro Paredes.Como prioridades do seu mandato PedroParedes aponta a “simplificação dosprocedimentos administrativos”,colocando a câmara “ao serviço doscidadãos e das empresas”, o tratamentodas águas no concelho, construindouma ETAR na parte baixa da cidade eainda ETAR’s em todos os aglomeradosurbanos, e uma aposta no ensinotécnico-profissional, “pondo o ensinoa qualificar para o mercado de trabalhoconcreto”.De particular significado foi também avitória do PS por maioria absoluta emMatosinhos.O recém-eleito presidente da autarquia,Guilherme Pinto, considerou que oresultado alcançado ratifica a “boaopção” do líder do PS para a sucessão deNarciso Miranda no concelho.

“Há neste resultado um reconhecimentode que o secretário-geral do partido fezuma boa escolha para a sucessão deNarciso Miranda”, afirmou.“Toda a família socialista se revê nesteresultado”, referiu Guilherme Pinto,frisando que estão criadas condições“para continuar o processo de afirmaçãode Matosinhos”.“Este projecto ganhador, que mereceu oreconhecimento dos cidadãos, é umaoportunidade para nós continuarmos afazer melhor. Abre-se um novo capítulo.Tendo de suceder a um autarca dereferência, devo também muito à equipaque me acompanha”, disse.

Oposição em Lisboa e Porto

Em Lisboa, onde a mudança não foi

possível, Manuel Maria Carrilho assumiupessoalmente a derrota que se deveu, nasua opinião, à dispersão de votos àesquerda.“Não conseguimos que o nosso sonhose tornasse realidade, uma vez que o votose dispersou à esquerda. Apesar deminoritária, será a continuidade que vaipermanecer”, afirmou Carrilho.“Se houve faltas, foram faltas minhas,não foram da Concelhia socialista deLisboa, que trabalharam sem parar”,acrescentou.Ladeado por vários apoiantes, entre osquais o psiquiatra Daniel Sampaio, aeurodeputada do PS Elisa Ferreira, amulher, Bárbara Guimarães, e membrosda Concelhia de Lisboa do PS, ocandidato socialista afirmou-se deconsciência tranquila com a sua

prestação na campanha. “Fizemos onosso dever”, disse.Mostrou-se, por outro lado, convencidode que o seu programa continua a ser omelhor para a cidade. “Se algum futuroLisboa tiver, ele passará pelas nossaspropostas”, salientou.Embora considerando que quem sesujeita a eleições deve naturalmenteaceitar a escolha da população, Carrilhoacusou “algumas das candidaturas”, deterem feito “da ausência de propostas oseu principal trunfo”, o que disse causarapreensão quanto ao “caminho por ondevai a nossa democracia”.Manuel Maria Carrilho desejou aindaao novo Executivo camarário que“governe bem, que governe melhor, sepossível, a cidade” e defendeu que, aacontecer, esta gestão incluiráforçosamente “muitas das ideias” dacandidatura do PS.Por sua vez, no Porto, Francisco Assisreconheceu a derrota nas eleições eprometeu “oposição forte, séria, clara eleal” na autarquia ganha pela coligaçãoPSD/CDS.“Assumo por inteiro a minha respon-sabilidade nesta derrota, assumo-a coma tranquilidade de um democrata que sebate por convicções, e procurarei agoraservir a cidade como primeiro vereadorda oposição”, afirmou.O candidato socialista considerou que“é tão digno servir a cidade a partir daoposição como a partir do poder” eacrescentou que “quem luta porconvicções deve esta r preparado paraassumir todos os resultados”.Por outro lado, Francisco Assis nãodeixou de manifestar o seu conten-tamento pela vitória do socialistaArmindo Abreu em Amarante, a sua terranatal e onde ainda está recenseado.“Esta vitória demonstra que o populismopode ser vencido com perseverança ededicação”, disse numa alusão à derrotada candidatura grotesco-terceiro-mundista protagonizada pelo inenarrávelautarca Avelino Ferreira Torres. J.C.C.B.

AÇORES

SOCIALISTAS ALCANÇAM “MELHORRESULTADO DE SEMPRE”O líder do PS/Açores, Carlos César, congratulou-se com obom desempenho dos socialistas açorianos nas eleições de9 de Outubro, tendo sublinhado ser este o “melhor resultadode sempre” em eleições autárquicas desde que presidem aoGoverno Regional, ao vencer oito das 19 câmaras municipaisdo arquipélago.“Foi um bom momento eleitoral para o PS/Açores e um excelenteresultado e um sucesso comparativamente a outras eleições”,declarou Carlos César, realçando que os socialistas “conquis-taram mais câmaras, mais assembleias” e registaram “um grandeaumento do número de juntas de freguesia”.Falando num unidade hoteleira de Ponta Delgada, na noite daseleições, o também presidente do Governo Regional frisou que,com “um pouco mais de sorte” o PS poderia ter alcançadomais autarquias, “não fosse o facto de perder por muitos poucosvotos” em alguns concelhos.Carlos César considerou ainda que o “sucesso” do PS nestaseleições demonstra que os socialistas “nunca estiveram tãofortes” na Administração Local como “estão a partir” de

agora nos Açores.O líder do PS/Açores destacou ainda o facto de os socialistasaçorianos “não terem perdido uma única câmara onde erammaioritários”, o que, na sua opinião, é demonstrativo de que“onde o PS governa, prova que governa melhor”.

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928 OUTUBRO 2005

OP

INIÃ

O

ACTUALIDADE

PLANO NACIONAL DE EMPREGO

INTERVENÇÃO ABRANGE108 MIL LICENCIADOS

NOVA LEI DO TRABALHO TEMPORÁRIOPRONTA EM 2006Entretanto, o ministro do Trabalho e da Segurança Socialanunciou, no passado dia 19, que a nova legislação para osector do trabalho temporário estará pronta no primeirotrimestre do próximo ano.“Com a nova legislação para o sector, as empresas que a elese dedicam vão ter mais e melhores condições para continuara desempenhar a sua função ao serviço de uma economiamais competitiva”, disse Vieira da Silva, na abertura do ICongresso da APETT – Associação Portuguesa das Empresasde Trabalho Temporário.Na ocasião, Vieira da Silva elogiou o papel das empresas do

sector e defendeu que o seu estatuto deve ser dignificado paraacabar com a ideia errada de que são apenas uma forma detrabalho precário.“É necessário qualificar a imagem deste sector e tornar maistransparente a sua actuação, pondo de parte os agentes quenão cumprem as regras, criando situações de concorrênciadesleal”, afirmou.Vieira da Silva lembrou finalmente o problema desubqualificação dos recursos humanos portugueses e defendeuque o principal desafio social em Portugal é melhorar aqualificação dos trabalhadores, sejam temporários ou não.

Mais de cem mil desempregados comqualificações superiores serãoabrangidos pelo programa específico deintervenção para a promoção do empregoa ser implementado entre 2005 e 2008,uma iniciativa do Governo socialista queimplica um investimento na ordem dos237 milhões de euros.Esta é uma das metas definidas no PlanoNacional de Emprego (PNE), documentoapresentado aos deputados da ComissãoParlamentar de Trabalho e SegurançaSocial, no passado dia 18, pelo ministroVieira da Silva, para quem o desempregodos jovens licenciados é precisamenteuma das quatro “fracturas” existentes nomercado de trabalho português queserviram de base para a definição daslinhas estratégicas do PNE.As outras três “fracturas” apontadas peloministro do Trabalho derivam daexistência de trabalhadores com níveisde qualificação muito baixos, de jovensdesempregados com poucas habi-litações e de desigualdades territoriais esectoriais no mercado de trabalhonacional.

O PNE prevê também que todos osdesempregados inscritos nos Centros deEmprego com qualificações superiorestenham uma resposta entre Outubro eDezembro de cada ano e, ainda, aadopção de medidas com vista àcolocação imediata em postos detrabalho e à realização de estágiosprofissionais.“Este PNE é muito ambicioso. O nossoobjectivo é encontrar respostas a estesproblemas que temos na nossasociedade e na nossa economia”, frisouo ministro, para depois adiantar que apromoção do envelhecimento activo, daintegração de pessoas com dificuldadesespeciais de inserção (como deficientese imigrantes), o relançamento daabordagem territorial e sectorial daspolíticas de emprego e a autonomizaçãodo salário mínimo nacional são outrasdas linhas mestras da estratégicas de lutacontra o flagelo do desemprego.Questionado pelos deputados daoposição sobre a forma como tencionafinanciar estas medidas, Vieira da Silvaassinalou que estas matérias “tiveram um

tratamento adequado no Orçamento deEstado” e apontou para o facto do IIIQuadro Comunitário de Apoio (QCA)prever para 2006 uma verba 15 por centosuperior a 2005, garantindo igualmenteque o combate ao desemprego é umadas prioridades do próximo QCA.Explicando que as despesas com osubsídio de desemprego, previstas naproposta de Orçamento de Estado (OE)para o próximo ano, não acompanhamo ritmo de crescimento da taxa dedesemprego, Vieira da Silva reafirmouque esta diferença passa pelo reforço dosmecanismos de controlo, mas tambémpela revisão da legislação, porque “quemestá desempregado tem direito a umaprestação, mas tem também um conjuntode responsabilidades para com osistema”.Na Comissão Parlamentar de Trabalho eSegurança Social, o governante subli-nhou igualmente que as questõesrelativas ao aumento do Salário Mínimonacional às alterações ao subsídio dedesemprego estão a ser discutidas comos parceiros sociais. M.R.

COMBATER O DESEMPREGOPREPARA O FUTURO

MIGUEL [email protected]

O Plano Nacional de Emprego (PNE), para o triénio2005-2008, apresentado e discutido na Assembleia daRepública, é um documento sustentado e credível, quecomporta um conjunto de desafios que devem mobilizartoda a sociedade portuguesa. No alinhamento com aEstratégia Europeia do Emprego (EEE, 1998), e com opróprio Programa de Governo, são apresentadoscaminhos e responsabilidades partilhadas que permitirãouma aproximação aos níveis médios europeus no quediz respeito à formação, aos níveis de emprego e àprópria empregabilidade dos trabalhadores nacionais.Os desafios que estão no PNE resultam em três linhas

de força: a) a geração de um ambiente favorável à criação de emprego; b) aacção preventiva junto de sectores em processo de reestruturação; c) e aaposta no reforço da educação e da qualificação dos portugueses. Esterepto é consubstanciado num diagnóstico estrutural que não é positivo,mas que importa ultrapassar criando para isso, os respectivos mecanismosde actuação.Está simultaneamente apresentada uma articulação de grande proximidadecom o sector educativo que tem, neste campo, um papel fundamental. Háum encontro de objectivos e de visões que, estamos certos, terão os reflexospretendidos. Não é possível entender e abarcar esta exigência que nos éoferecida, sem percorrer um caminho de aliança entre os diversosintervenientes estatais. Esta é outra das propostas conceptuais do plano.Uma das linhas orientadoras do PNE resulta da definição de metas claras eambiciosas, que exigem de todos os parceiros, e do Serviço Público deEmprego, uma forte determinação.Quero referir alguns dos pontos essenciais que resultam desta abordagem:1) dar uma resposta mais efectiva aos jovens desempregados com menosde 23 anos, sem a conclusão do 12º ano, permitindo-lhes a aquisição decompetências para a vida activa futura; 2) um esforço na efectivação deinstrumentos para os jovens licenciados desempregados; 3) o reforço dapolítica de estágios profissionais, passando para os 25 mil/ano; 4)desincentivar a saída precoce do mercado de trabalho, aproximando aidade real de reforma, da idade média/referência.Destaco ainda algumas das medidas apresentadas como reflexo destapreocupação e integradas nos objectivos específicos do Programa NovasOportunidades que visam dar, a necessidades diferentes, respostas tambémelas diferenciadas: 1) o desincentivo da saída antecipada do sistema deaprendizagem, tendo o 12º ano de escolaridade como referencial mínimode formação; 2) a colocação de metade dos jovens do ensino secundárioem cursos tecnológicos e profissionais abrangendo até 2010, cerca de 650mil jovens; 3) uma preocupação com os actuais trabalhadores, e através damobilização de todos os parceiros sociais, está lançado o desafio dequalificar um milhão de activos até 2010.No que diz respeito às acções de formação e às entidades envolvidas(públicas e privadas) importa equacionar a criação de um sistema de redesde funcionamento das entidades formadoras. Estas redes poderiam serorganizadas territorialmente com base nas NUT III, tendo em conta aproximidade dos problemas e dos desafios a ultrapassar. Permitiria do ladoda organização da procura, um melhor contacto e acesso dosdesempregados ou potenciais formandos, com o conhecimento dasoportunidades de formação. Do lado das entidades formadoras, obrigaria auma gestão integrada com vista à sua acção num mesmo espaço geográfico,através da definição das necessidades que se complementariam. Esta acçãodeve ter por base estudos do mercado (do lado da oferta e da procura), aslinhas de acção condizentes e os processos de avaliação sequenciais.O desemprego é uma das chagas sociais com impactos mais negativos.Portugal, tendo valores inferiores à média comunitária, detecta umcrescimento no desemprego (com particular incidência no de longa duração)que importa combater com energia. Em simultâneo, importa considerarque também é nos activos que deve existir uma resposta clara, sabendo queé antecipando o problema que teremos mais hipóteses de sucesso.Sabemos que o desemprego se combate sobretudo através do crescimentoeconómico, com novas e sustentáveis empresas. Sabemos que um Planoé um plano. Não é o Alfa/Omega da luta contra o desemprego, mas sãolinhas orientadoras fundamentais. O problema exige de todos os parceirosum esforço acrescido. O Governo, através do Ministério do Trabalho e daSolidariedade Social, tem sabido envolver os parceiros e os agentes paraum combate que é de todos. Através da sua acção está também a cumpriro que foi o compromisso eleitoral do Partido Socialista.

Sabemos que o desemprego se combatesobretudo através do crescimento económico,

com novas e sustentáveis empresas.Sabemos que um Plano é um plano. Não é o

Alfa/Omega da luta contra o desemprego, massão linhas orientadoras fundamentais.

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10 28 OUTUBRO 2005

UM ORÇAMENTO CREDÍVELDE CONSOLIDAÇÃOE DE CRESCIMENTOCONSOLIDAR AGORA PARA UM FUTURO MELHOR

Credível Cenário macro realista (pressupostos de 65,6 dólares para preço do petróleo e2,4% para taxa de juro), tendo por base uma avaliação rigorosa da situação dasfinanças públicas, sem recorrer a receitas extraordinárias, baixando para níveishistoricamente baixos as cativações a efectuar;

Consolidação Contenção e redução da despesa pública, estudo sobre sustentabilidade daSegurança Social, Programa Plurianual de redução da Despesa Corrente,simplificação e moralização do sistema fiscal;

Crescimento Emagrecimento do Estado, com redução da despesa no PIB de 49,3% em 2005para 48,8% em 2006, promovendo condições de maior eficiência ecompetitividade.

ACTUALIDADE

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1128 OUTUBRO 2005 ACTUALIDADE

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12 28 OUTUBRO 2005

O Governo apresentou na Assembleia daRepública a proposta de Orçamento de Estadopara 2006 nos exactos termos em que o Governoe o primeiro-ministro, José Sócrates, vinham aprometer ao país. Um Orçamento de contenção,sério e enxuto de truques contabilísticos.

UM ORÇAMENTO DE CONTENÇÃOPARA PREPARAR O FUTURO

Pela primeira vez em muitos anos, Portugaldispõe de um Orçamento de Estado (OE)expurgado de truques financeiros, austeromas verdadeiro, feito com determinaçãoe decidido a encarar os problemas, nãosó conjunturais mas estruturais com queo país se debate.Um Orçamento que propõe reduzir odéfice público dos 6,2 por cento para 4,8por cento, um passo determinante edecisivo, como referiu o ministro dasFinanças, para a reconquista daconfiança dos agentes económicos eajudar à dinamização do crescimento dopaís.Para Teixeira dos Santos, trata-se de umorçamento credível feito sem o recurso atruques como a suborçamentação ou areceitas extraordinárias, visando emprimeira instância a consolidação dasfinanças públicas. Segundo o ministro,este OE trabalha num cenário macro-económico realista, sustentado emavaliações rigorosas do actual estado dasituação das administrações públicas,definindo objectivos e um calendário paraa sua implementação numa baseplurianual, facto que “acontece pelaprimeira vez”.Nesse sentido, realçou, o OE contemplamedidas no sentido de resolver o déficepúblico, fugindo a truques seguidos nopassado recente, constituindo uminstrumento para o crescimento daeconomia portuguesa que ajudará a abrirexpectativas e esperanças para oinvestimento privado.Com a economia portuguesa a passar porum dos períodos mais conturbados dosúltimos anos, graças a mais de três anosde desnorte orçamental do anteriorExecutivo do PSD/CDS-PP, o Governoliderado por José Sócrates prevê umcrescimento de 1,1 por cento para 2006,menos do que inicialmente previsto, maso dobro do estimado para o corrente ano.Em 2005, a riqueza produzida em Portugal,segundo contas do Executivo, deveráaumentar meio ponto percentual, face a2004, números que vão de encontro àúltima projecção elaborada pelo Bancode Portugal.Nas contas do Orçamento para o próximoano, o crescimento da economiaportuguesa passará em larga medida porum aumento considerável dasexportações, sector onde se estimamsubidas na ordem dos 5,7 por cento,fixando-se, por outro lado, objectivosmais restritivos em relação àsimportações, que não deverão ultrapassaros 4,2 por cento, abaixo, portanto, dasregistadas este ano.

Quanto ao consumo privado, e aindasegundo o OE para 2006, deverá assistir-se a um crescimento na ordem dos 1,3por cento, ao mesmo tempo que oconsumo público tenderá a registar umadescida de igual montante. A procurainterna estima-se que se limite a 0,9 porcento, enquanto o investimento deveráaumentar apenas 1,7 por cento.Para se poder enfrentar com êxito a crisede finanças públicas que o país atravessa,o OE revê em baixa todos os valores doPlano de Estabilidade e Crescimento(PEC), com excepção do consumoprivado, cuja taxa de crescimento éelevado em mais uma décima. É noconsumo público que se regista uma dasmaiores revisões, ao passar de umcrescimento de 0,3 previsto no PEC paramenos 1,3 por cento.O ministro das Finanças defende que oOE para o próximo ano irá constituir um“forte contributo do Governo para acriação de um clima favorável aocrescimento da economia portuguesa”,abrindo, deste modo, um espaço deconfiança para uma melhor e maissustentada actividade privada, que, porsua vez, garante Teixeira dos Santos, irágerar novas expectativas e esperanças nosportugueses, motivando-os para onecessário crescimento económico.Ancorando-se na tese de que “é precisoconsolidar agora para que o futuro sejamelhor”, o ministro das Finanças lembraque o crescimento económico nãodepende em exclusivo do Estado, razãopela qual, disse, “aguardamos por outroscontributos”.Como lembrou José Sócrates na sua visitaao Porto, um dia após o OE ter sidoapresentado no Parlamento e divulgadopublicamente em conferência de Imprensano Ministério das Finanças, esta é umaproposta de orçamento credível e séria,que assenta num preço do petróleo nos65,6 dólares por barril, “muito mais realistado que a feita por anteriores governos”,lembrou, numa desvalorização do eurocontra o dólar de 3,6 por cento e numataxa de juro de curto prazo (indexada aoEuribor) a três meses de 2,4 por cento.

Poupar agora com os olhosno futuro

A proposta orçamental agora apresentada,prevê a revisão da Lei das Finanças Locaise das Regiões Autónomas, recordando oministro a este propósito “que aconsolidação orçamental deve serrepartida”, pelo que, lembrou, vai haveruma manutenção, em termos nominais,

das transferências para as regiõesautónomas e autarquias.O programa plurianual de redução dadespesa corrente, inscrito na proposta doOE para 2006, disse ainda Teixeira dosSantos, prevê uma poupança de, pelomenos, 3,29 mil milhões de euros até2009, medida que se alcançará atravésde uma efectiva reestruturação daadministração pública, de uma reformados subsistemas de saúde e protecçãosocial e com uma mais racional gestãodos serviços.Com a reestruturação da administraçãopública, o Governo prevê garantirpoupanças na ordem dos 603 milhõesde euros, enquanto que com a reformanecessária dos sistemas de saúde e coma racionalização da gestão dos serviços einfra-estruturas o Executivo prevê pouparcerca de 427 e 155 milhões de euros,respectivamente, no próximo ano.Em relação às mexidas previstas naadministração pública, consideradasprioritárias pelo Governo, é de destacar opapel que caberá à reforma daadministração central, peça fundamentalpara uma efectiva contenção da despesacorrente primária. Esta reestruturação,lembrou ainda o ministro, tomará formano próximo ano, com a entrada em vigordas novas leis orgânicas dos ministériose serviços.Mas outros caminhos serão igualmenteprosseguidos tendo em vista optimizartodo o sistema de serviços públicos. É ocaso, por exemplo, do novo regimejurídico do pessoal supranumerário, arevisão do sistema de carreiras eremunerações, que será actualizado em2007, e o controlo de novas admissõesde funcionários públicos no quadro doregime geral.Quanto aos subsistemas de saúde e deprotecção social, outras das áreasconsideradas prioritárias tendo em vistao saneamento das contas públicas, oGoverno tem já no terreno novas medidasem relação à política do medicamento,prevendo ainda no decorrer do próximoano levar a efeito a extinção das sub-regiões de saúde, assim como de cercade 30 regimes especiais de aposentaçãoda função pública.

O Governo prevê que o défice dasegurança Social seja reduzido em 56,3pontos percentuais, ou seja, em perto de63,2 milhões de euros. Como recordou oministro das Finanças, na apresentaçãodo OE para 2006, este sector registou umexcedente de 276,2 milhões de euros em2004, verba que veio a produzir um déficeestimado em 144,7 milhões de euros esteano. Para inverter este panorama, aexplicação radica na previsão decrescimento do sector em 8,1 por cento,acima dos 7,5 por cento calculados parao aumento da despesa.

As contas da SegurançaSocial

Como explicou o ministro Teixeira dosSantos, a receita total prevista, excluindoo saldo do ano anterior e os activosfinanceiros e passivos, deverá atingir os19.183 milhões de euros, sendo que ascontribuições, que constituem a principalfonte de receitas do sistema, crescerão5,1 por cento, ou seja 7,6 por cento doPIB para 11.438 milhões de euros. Ascontribuições e transferências doOrçamento do Estado, 5.673,1 milhõesde euros, representam cerca de 89,2 porcento do total dos recursos orçamentadospara 2006.Também as transferências correntes paraa Segurança Social, através do OE, vãocrescer 12,8 por cento relativamente a2005, destacando-se a receita fiscalreferente à subida de 19 para 21 por centoda taxa do IVA, que se traduzirá, segundoas contas do Governo, em perto de 450milhões de euros.Estas e outras medidas afiguram-se comoabsolutamente necessárias e urgentes,porque, segundo Teixeira dos Santos, osistema público de Segurança Socialcorria o risco, já em 2015, de perder todaa capacidade para satisfazer os seuscompromissos.Assim e com o objectivo de inverter estefim anunciado da sustentabilidade daSegurança Social, recordou o ministro,afigurava-se de extrema importância levara efeito um conjunto de reformas que,para além das medidas já referenciadasem relação à subida da taxa do IVA,

contempla ainda o aumento da remu-neração de referência dos trabalhadoresindependentes para 1,5 salários mínimos,o ingresso de novos funcionáriospúblicos no regime geral e o aumento nocombate à fraude e à evasão fiscais, paraalém, como também sublinhou, de umanova visão sobre as reformas antecipadas.O fraco crescimento que a economiaportuguesa tem vindo a registar nosúltimos anos, tem constituído um factordecisivo para o agravamento das contasda Segurança Social, facto que setraduziu, por um lado, numa queda dascontribuições, parcela primordial dasreceitas do sector, e, por outro lado, numsignificativo aumento das despesas comprestações de desemprego e pensões.De facto, a despesa com as pensões erespectivos complementos deverá atingircerca de 11.5 milhões de euros,representando 59,8 por cento do total dadespesa prevista para 2006 e 7,7 porcento do PIB. Quanto ao montantecanalizado para o subsídio dedesemprego, estima-se que representeuma despesa no orçamento da SegurançaSocial de 1.886,3 milhões de euros, factoque vai explicar um crescimento naordem dos 4,9 por cento em relação àúltima estimativa executada em 2005.No capítulo das receitas, o OE aponta paraum crescimento de 6,8 por cento nasreceitas fiscais, conseguidonomeadamente através do combate àfraude.Segundo estimativas do Governo, emconsequência do crescimento daactividade económica em 2005, em cercade meio ponto percentual, será possívelregistar um aumento das receitas fiscaisno próximo ano de 6,8 por cento.Para o secretário de Estado dos AssuntosFiscais, João Amaral, apesar do aumentoda taxa do IVA, medida adoptada nosprimeiros meses de 2005, “não seregistará perda de receita fiscal” dados osbons resultados, como referiu, “emmatéria de combate à fraude e evasãofiscais”.Como que a provar o que afirmou, osecretário de Estado lembrou algumasdas medidas que constam no OE de2006, como a nova legislação que visapunir os fabricantes e os utilizadores desoftware informático, que recorram àmanobra de alterar as contas dasempresas para efeitos fiscais, ou seja,nos casos em que não existecoincidência entre as facturas emitidase os registos contabilísticos.Outra das medidas anunciadas por JoãoAmaral, relaciona-se com o combate queo Governo pretende empreender emrelação aos casos em que as empresascessam a actividade mas continuam aemitir facturas para o mercado.A lista de medidas de combate à fraudefiscal inclui ainda a já anunciadadivulgação pública dos contribuintescom dívidas ao Fisco.Área a área o Orçamento de Estado para2006 propõe um conjunto de reformas ealterações que importa referir

RUI SOLANO DE ALMEIDA

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1328 OUTUBRO 2005

Ministérioda Administração

Interna

PolíticasPrioridade aos investimentos em tecnologias deinformação e comunicação das forças e serviços desegurança. O crescimento global do investimento éacompanhado de medidas que visam fazer descer adespesa corrente destes serviços ao mesmo tempo quese aumenta a respectiva eficiência. Destaque paraprojectos como o “Passaporte Electrónico Português”;implementação da segunda fase do sistema de informaçãoligado à segurança no espaço europeu – “Schengen”;programa polícia em movimento; partilha de serviços egestão coordenada das redes informáticas dos serviçose forças de segurança; modernização do sistema devigilância costeira e do tráfego marítimo; início de umprograma plurianual de reequipamento com arma ligeirade 9mm para as forças e serviços de segurança.

OrçamentoA despesa consolidada do MAI representa 2,9 por centodos gastos da Administração Central (AC) e 1 por centodo PIB.Regista-se um esforço de contenção da despesa, semcontudo, prejudicar a eficácia e a necessáriamodernização dos serviços do Ministério, nomeadamenteno que respeita ao meios operacionais de protecção civil(11 milhões de euros) e aos meios operacionais dasforças e serviços de segurança (5,5 milhões de euros),rede nacional de segurança interna (3,5 milhões deeuros) e sistema de tecnologias de comunicação einformação das forças e serviços de segurança (2,3milhões de euros).

Ministério dosNegócios

Estrangeiros

PolíticasAfirmação de Portugal na Europa e no Mundo, apostandono desenvolvimento do triângulo estratégico da políticaexterna, articulada com a centralidade da opção europeia,a vocação atlântica e o compromisso com a lusofonia.De entre as estratégias a seguir, destaque para o reforçoda participação portuguesa nas instituições e organismosda UE e nas diversas instituições mundiais, para alémdo reforço de parcerias económicas com África.Participação activa na negociação das perspectivasfinanceiras para o período de 2007/2013, realização dasacções estabelecidas no âmbito da Estratégia de Lisboa,fortalecimento do relacionamento da UE com os seusnovos vizinhos a Leste e com os tradicionais vizinhosdo sul, aprofundamento das relações com a AméricaLatina e acompanhamento do processo negocial naOrganização Mundial do Comércio.Ao nível da internacionalização da economia, uma apostaforte na mobilização diplomática no apoio a este sector,de modo a contribuir para o aumento das exportações,do investimento directo estrangeiro e na divulgação do

país em termos turísticos.Da política do MNE fazem ainda parte pressupostos comoassegurar a presença e efectiva participação nacionalnas diversas iniciativas da Nato ou actuar de formaconsistente na área da não-proliferação das armas dedestruição maciça.

Política cultural externaNo capítulo da política cultura externa do Ministério dosNegócios Estrangeiros vai apostar na dinamização daimagem do Instituto Camões, enquanto no que respeitaà divulgação da língua, a prioridade dirige-se para acolocação estratégica de eleitores e formadores, para aabertura de leitorados, edição de livros on-line eampliação da oferta de conteúdos e serviços na rede.

OrçamentoA despesa consolidada do MNE representa 0,6 por centodo total da despesa da AC e 0,2 por cento do PIB.Regista-se neste Ministério uma redução de 3,7 porcento da despesa, no seguimento da orientação definidapelo Governo no sentido da uma maior contenção dasdespesas públicas.

Ministério dasFinanças e daAdministração

Pública

PolíticasA política de reformas no âmbito deste ministério estaráestreitamente articulada com a estratégia de consolidaçãoorçamental a prosseguir pelo Governo, não deixando deassumir a perspectiva de permitir à Administração Públicaa sua preparação para um novo período onde se notaráuma diminuição da sua dimensão, um reordenamentodos serviços desconcentrados de nível regional ou umreforço das condições de mobilidade no interior daAdministração.Mas outras medidas estão igualmente pensadas. É caso,por exemplo, da revisão do sistema de avaliação dedesempenho dos funcionários públicos ou a concepçãode um sistema da avaliação dos serviços.

OrçamentoA despesa consolidada deste Ministério, excluindopassivos financeiros estabelecidos, ascende a 16 527,1 milhões de euros, sendo que a despesa exclusivamentede funcionamento do ministério rondará os 467,4milhões de euros, representando 0,9 do total da AC e0,3 do PIB. Regista-se para 2006 uma redução dadespesa, em relação a 2005, na ordem dos 2,9 por cento,devido sobretudo ao rigor exigido para o exercícioeconómico do próximo ano.

Ministérioda Defesa

Nacional

PolíticasDe entre um conjunto vasto de iniciativas, tendo semprecomo pano de fundo as restrições orçamentais com que

o país se defronta, o Ministério da Defesa Nacionalcoloca como primeira preocupação a segurança doEstado e dos cidadãos.Mas outros aspectos estão igualmente contemplados. Éo caso, por exemplo, de uma aposta séria num melhoraproveitamento das potencialidades da Defesa Nacionalnos domínios da investigação e inovação tecnológicas,na melhoria da gestão integrada do património históricoe cultural das Forças Armadas ou no desenvolvimentode parcerias público-privadas especialmente voltadaspara a área da defesa.

OrçamentoA despesa consolidada neste ministério ascende a 2077,5milhões de euros, o que representa cerca de 3,8 porcento do total da despesa da AC e 1,4 por cento do PIB.Regista-se no Ministério da Defesa Nacional umacréscimo de 1,2 por cento, situação que se deveessencialmente aos recursos entretanto afectados à Leide Programação Militar garantidos por receitas gerais edestinados a dar continuidade ao processo, já em curso,de modernização e reequipamento das Forças Armadas.Regista-se ainda o crescimento de 34 por cento nasdespesas com compensação em receita, em conse-quência da criação do fundo dos antigos combatentes,fundo este destinado a suportar os encargos decorrentescom os antigos combatentes em relação à suaaposentação e reforma.

Ministérioda Justiça

PolíticasO orçamento do Ministério da Justiça é, antes de mais,um instrumento colocado ao serviço de uma política dejustiça diferente da seguida até aqui em Portugal, queassentará, sobretudo, na inovação e no rigor.Os portugueses querem e têm direito a dispor de umajustiça moderna e operacional, razão pela qual esteministério consagra medidas de eliminação esimplificação de processos e procedimentos, de inovaçãotecnológica e de desburocratização, facilitando assim apromoção do acesso aos tribunais, aos serviços deregisto e a todos os serviços da justiça de forma a tornarmais fácil e operacional este sector.Trata-se pois de um orçamento para a Justiça quecombina inovação e rigor, transformando osconstrangimentos orçamentais em desafios para amudança.

OrçamentoA despesa consolidada do Ministério da Justiça ascendea 1326 milhões de euros, verba que corresponde a 2,4por cento do total da AC e a 0,9 por cento do PIB.Se compararmos esta estimativa em relação à executadaem 2005, verif ica-se que a despesa consolidadaapresenta um crescimento de 3,1 por cento.Em relação à despesa de funcionamento, esta apresentaum decréscimo de 6,6 por cento resultante das reduçõesde 5,2 por cento e 8,9 por cento, respectivamente, dasreceitas gerais e das receitas consignadas, em virtudedas reduções exigidas pelo esforço da racionalização dadespesa consignadas no OE.

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14 28 OUTUBRO 2005

Ministério doAmbiente,Ordenamento do

Território eDesenvolvimento

Regional

PolíticasNas diversas áreas onde este Ministério exerceresponsabilidades, serão implementadas medidas de políticaque apontam para quatro vectores fundamentais transversaisàs três áreas tuteladas por este Ministério.· Ambiente – as políticas neste capítulo pugnarão por uma

relação amigável entre o ambiente e a economia, tendo emvista a sustentabilidade do país.

· Simplificação administrativa – defesa da qualidade doambiente e do ordenamento do território, tendo em vistaemprestar uma maior eficácia no que respeita aos custosadministrativos para cidadãos e empresas.

· Repor a legalidade – tendo em vista, nomeadamente, aorla costeira e as chamadas áreas protegidas, sectores ondeo Ministério não deixará de intervir com determinação nosentido de repor a legalidade estabelecida.

· Prossecução de uma política coerente na defesa daconservação da natureza.

· Recuperação de espécies e habitats em áreas protegidas.· Valorização da rede Natura 2000.· Continuação do processo de instalação de dois centros

integrados para recolha, valorização e eliminação dosresíduos industriais perigosos.

Ordenamento do Território e Políticade CidadesNo capítulo do ordenamento do território e da política decidades, pretende-se consolidar uma política de cidadescoerente e forte, garantir e qualificar o acesso à habitação,desenvolver um quadro de instrumentos de valorização dosrecursos do território e tornar coerente e eficaz os diversosinstrumentos de gestão do território.

Desenvolvimento RegionalA acção do Governo nesta área focará prioritariamente apreparação do Quadro de Referência Estratégica Nacional eos subsequentes programas operacionais e terá uma atençãomuito especial num desenvolvimento regional equilibradode todo o território nacional.

OrçamentoA despesa prevista em OE para este Ministério ascende a599,2 milhões de euros o que representa 1,1 por cento dadespesa da Administração Central e 0,4 por cento do PIB.Regista-se uma diminuição de 31,2 por cento na despesapara 2006, em relação ao corrente ano, facto que se encaixana necessidade de contenção orçamental estabelecida peloGoverno.

Ministério daEconomia e daInovação

PolíticasPortugal necessita de políticas que apontem para o seurápido desenvolvimento económico. Para se atingir esteobjectivo, de forma a que o país retome uma fase de

crescimento e de convergência com os parceiros europeus,surgindo, simultaneamente, com capacidade de participaractivamente nas discussões dos processos de globalização,é essencial introduzir uma efectiva alteração do padrão deespecialização, nomeadamente através da incorporação demaior valor acrescentado.Para que este objectivo possa ser atingido, o Governopreconiza uma estratégia assente num contrato de confiançaentre o Estado, os empresários e os trabalhadores.O programa económico do Governo, reflectido no OE para2006, aponta também para um conjunto de outras iniciativasque importa salientar:· Relançar o crescimento económico com uma clara aposta

na inovação, na tecnologia e na sociedade doconhecimento, pressupostos integrados no PlanoTecnológico defendido pelo primeiro-ministro

· Promoção da eficácia do investimento e da dinâmicaempresarial, estimulando a criação de novas áreas deemprego, aumentado a capacidade competitiva egarantindo a regulação da governação societária

· Formação e qualificação dos recursos humanos· Simplificação Administrativa· Reforço e estímulo à utilização do capital de risco· Concretização do Fundo de Modernização do Comércio· Assegurar a concertação estratégica entre objectivos

sectoriais e regionais.· No âmbito da internacionalização divulgar os produtos

portugueses nos mercados externos· Alargamento da base exportadora e colocação dos

produtos e serviços portugueses em posições superioresda cadeia de valor internacional.

OrçamentoA despesa total consolidada do Ministério da Economia eda Inovação ascende a 111,9 milhões de euros, o quecorresponde a 0,7 por cento do PIB e a 2,1 por cento dadespesa da Administração Central, verificando-se umdecréscimo na ordem dos 18,9 por cento comparativamenteà estimativa de execução de 2005.

Ministério daAgricultura,

DesenvolvimentoRural e Pescas

PolíticasA recente revisão da Política Agrícola Comum (PAC) veioconsolidar o entendimento de que a agricultura não se limitaà sua função tradicional de produção de produtosalimentares e de matérias primas, mas que integra aindauma visão estratégica de reforço do papel do mercado naorientação da produção, reforçando a necessidade depromover a competitividade.O sector das pescas deverá estar em condições de enfrentaros desafios da globalização das acrescidas exigências emtermos de qualidade e segurança alimentar.Neste sentido, o Ministério da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescas defende a promoçãode um desenvolvimento sustentado do território a que sejunta uma novo olhar sobre a melhoria da qualidade devida nas zonas rurais.Várias são as medidas que visam atingir estes objectivosprincipais:· Retoma do programa de novos regadios· Reformar o programa de instrumentos de reestruturação

fundiária· Rever o regime da Reserva Agrícola Nacional (RAN)

· Melhorar o enquadramento jurídico das hidroagrícolas· Novas medidas relativas ao ordenamento florestal,

cinegético e de águas interiores· Elevar os níveis de competitividade e rentabilidade das

fileiras agrícolas e florestais· Reforçar os níveis de segurança alimentar e da qualidade

ao nível dos produtos e dos processos produtivos· Modernizar a administração e promover o desenvol-

vimento institucional do sector

OrçamentoA despesa consolidada para este Ministério ascende a2296,4 milhões de euros, um decréscimo de 8,3 por cento,representando 4,2 por cento do total da AC e 1,5 por centodo PIB.

Ministério das ObrasPúblicas,

Transportes eComunicações

PolíticasAs medidas que o MOPTC apresenta para 2006 inscrevem-se numa estratégica sectorial abrangente e integrada nassuas principais áreas de actuação.

Infra-estruturas rodoviárias· Prioridade à execução dos projectos de ligação da rede

nacional à rede rodoviária internacional· Promover a realização de estudos relativos às

acessibilidades ao novo aeroporto· Monitorização do estado de conservação das rodovias

nacionais· Promover a segurança rodoviária

Transporte Aéreo· Executar os estudos técnicos e financeiros para o novo

aeroporto da Ota· Preparar o país para o Céu Único Europeu”· Concluir a actual fase de desenvolvimento do aeroporto

Sá Caneiro

Sector Marítimo e Portuário· Melhorar as acessibilidades rodo-ferroviárias e marítimas

aos principais portos do país· Melhorar as condições operacionais dos principais portos,

com destaque para os portos de Aveiro (terminal degranéis líquidos) e da Alcântara, em Lisboa

Sector ferroviário· Conclusão da modernização da linha do norte· Início da construção da ligação Aveiro-Salamanca, com

ligação ferroviária ao Porto de Aveiro· Modernização das linhas de Sintra, Cascais e da cintura

e eixo ferroviário norte-sul· Continuação da modernização das linhas da Beira Baixa,

Oeste, linha do Douro e do Algarve

Rede de Alta Velocidade· Continuação dos estudos da rede de alta velocidade, em

particular das ligações Lisboa- Porto- Vigo e Lisboa– Elvas-Madrid

Redes de Metropolitano· Continuação das obras de expansão de rede do metro de

Lisboa· Conclusão da 1ª fase da rede do metro do Porto

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1528 OUTUBRO 2005

· Conclusão da 1ª fase da rede do metro de superfície damargem sul do Tejo

· Lançamento do concurso para o metro ligeiro de Coimbra,Lousã e Miranda do Corvo

OrçamentoO total da despesa ascende neste Ministério a 1129,8milhões de euros, o que corresponde a 2,1 por cento daAdministração Central e a cerca de 0,8 por cento do PIB.Este valores apresentam uma redução de 2,6 por centocom especial incidência ao nível das despesas defuncionamento cobertas por receitas gerais e consignadas.Os investimentos no MOPTC, que absorvem 807,6 milhõesde euros, representam um peso de mais 3,2 por centorelativamente á estimativa de 2005.

Ministério doTrabalho e da

Solidariedade Social

PolíticasOs objectivos da política de emprego e formação profissionalem 2006, traduzem os definidos no quadro da EstratégiaEuropeia para o Emprego.· Aumentar a participação no mercado do trabalho· Melhorar a adaptabilidade dos trabalhadores e das

empresas· Promover o emprego como pilar da coesão social e

territorial.

A promoção de políticas de igualdade de oportunidadesentre homens e mulheres é outro dos objectivos a atingir,assim como o desenvolvimento de políticas voltadas paraprogramas de emprego para desempregados, políticas essasvoltados para jovens, activos, seniores, licenciados oupessoas com deficiência.Pretende ainda este OE apostar forte no combate à pobreza,assim como reforçar a eficiência administrativa do sistemada Segurança Social.

OrçamentoA despesa do Ministério do Trabalho e Solidariedade Socialtotaliza 6851,7 milhões de euros, o que corresponde a 4,6por cento do PIB e a 12,6 por cento das despesas daAdministração Central.A despesa total prevista deverá registar um aumento de601,8 milhões de euros, a que corresponde uma taxa decrescimento de 9,6 por cento.

Ministério da Saúde

PolíticasSão diversos os objectivos estratégicos deste Ministérioonde deixa de haver suborçamentação. Aumentar os ganhosem saúde dos portugueses, reforçar os mecanismos deplaneamento estratégico dos recursos existentes, melhoraro acesso aos cuidados de saúde e reforçar a qualidade e,finalmente, controlar o ritmo de crescimento da despesa doServiço Nacional de Saúde (SNS).

Estes objectivos serão conseguidos implementando umconjunto de atitudes e de acções que o Governo se propõeintroduzir já a partir de 2006.Assim, e de modo a obter maiores ganhos para apopulação, a prioridade neste capítulo será dada à promoçãoda saúde e à prevenção efectiva das doenças, situação aalcançar através da aplicação do Plano Nacional de Saúde(PNS). Para tal, foi constituído o Alto-Comissariado daSaúde, organismo que tem em vista a coordenação e odesenvolvimento do PNS.A área da saúde pública será igualmente objecto de acçõesespeciais. Após a discussão pública das propostas dereorganização, decorrerá a implementação das mudanças,no sentido de reforçar os meios e as competências dosCentros Regionais de Saúde Pública.

OrçamentoA despesa consolidada deste Ministério ascende a 8692,3milhões de euros, o que equivale a 5,8 por cento do PIB ea 16 por cento da despesa da Administração Central.Face à estimativa de despesa do corrente exercícioorçamental, aquele valor representa um acréscimo de 0,9por cento, aumento que se explica, entre outras razões,pelo aumento das vendas afectas a investimentos do Plano.Se se excluir a contribuição para o SNS, a despesa defuncionamento prevista para o subsector Estado cobertapor receitas gerais, mantém-se ao nível do OrçamentoRectificativo aprovado em 2005. Contudo, a despesa comcompensação em receita própria dos serviços sofre umdecréscimo de 1,1 milhões de euros, ou seja, menos 11,2por cento em virtude da diminuição prevista das verbas areceber da UE, no âmbito de programas co-financiadospelo Fundo Social Europeu.Estima-se para 2006 um aumento da taxa de crescimentoem 1,1 por cento da despesa do SNS em relação aos gastosde 2005.

Ministérioda Educação

PolíticasO compromisso assumido pelo Governo neste sector visacolmatar os défices de qualificação da população portuguesa,contribuindo assim para aumentar os níveis de coesão sociale para a modernização económica e tecnológica do país,bem assim como para fortalecer o espírito de cidadania noquadro preconizado pela Estratégia de Lisboa.As políticas a desenvolver no curto e médio prazo serãodireccionadas para uma adequada organização e gestão dosrecursos educativos, que se ajuste de forma sustentada àsnecessidades do sistema educativo decorrentes, entre outrosaspectos, da evolução demográfica. Simultaneamente aspolíticas apontam igualmente para a melhoria da qualidadedas aprendizagens.Para que estes objectivos possam ser atingidos no mais curtoespaço de tempo, o Ministério da Educação aponta umconjunto de acções que pretende implementar já a partir de2006.É o caso, por exemplo, da aprendizagem do inglês logo nos3º e 4º anos do 1º ciclo, do combate ao insucesso eabandono escolar, da criação de mais oportunidades capazesde alargar a aprendizagem ao longo da vida, do reforço dopapel da Administração Educativa no serviço que presta àsescolas e à comunidade e, finalmente, o aprofundamento dacultura e a prática da avaliação.

O insucesso combate-se continuando a alargar a rede dopré-escolar, lançando um programa de formação contínuaem matemática para os professores do 1º ciclo do ensinobásico, valorizando o ensino da língua portuguesa,promovendo o ensino experimental das ciências no ensinobásico.

OrçamentoA despesa do Ministério da Educação atinge o montante de6115,8 milhões de euros, o que corresponde a 4,1 por centodo PIB e a 11,2 por cento das despesas da AdministraçãoCentral, crescendo 0,2 por cento em relação à estimativa deexecução de 2005. Esta variação resulta do efeito conjugadode um decréscimo nas despesas de funcionamento cobertascom receitas gerais com incidência relevante no ensino básicoe secundário, resultante sobretudo das medidas políticasintroduzidas na organização e gestão dos recursos educativose de um acréscimo nas despesas com a educação pré-escolare com os investimentos do plano.

Ministério da Ciência,Tecnologia e EnsinoSuperior

PolíticasO investimento nesta área, consignado no orçamento doMinistério para 2006 é de crescimento efectivo, de acordocom a prioridade política expressa no Programa do Governo.De facto, as principais opções de política para o próximo anotêm como objectivo contribuir para vencer o atraso científicoe tecnológico do país, fazendo retomar o crescimento e acapacidade destas áreas em Portugal.

OrçamentoA despesa do MCTES atinge o montante de 2219,7 milhõesde euros, o que corresponde a 1,5 por cento do PIB e a 4,1por cento das despesas da Administração Central, crescendo6,3 por cento em relação à estimativa de execução de 2005.

Ministério da Cultura

PolíticasAs metas a atingir em 2006 para este ministério compreendemquatro principais linhas de acção:· Salvaguardar e valorizar o património cultural· Apoiar a criação artística e a difusão cultural· Qualificar o tecido cultural através da constituição de redes

dinâmicas de equipamentos e actividades culturais· Promover e difundir internacionalmente a cultura portuguesa

OrçamentoO orçamento do Ministério da Cultura ascende a 260,6milhões de euros, o que representa 0,2 por cento do IB e0,5 por cento da despesa da Administração Central.O orçamento de 2006 prevê um aumento de 13,1 milhõesde euros relativamente à estimativa de execução para 2005,a que corresponde uma taxa de crescimento de 5,3 porcento. Este aumento reflecte-se apenas nos investimentosdo plano, já que as despesas de funcionamento e dosubsector dos serviços autónomos apresentam variaçãonegativa. R.S.A.

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16 28 OUTUBRO 2005PARLAMENTO

AFONSO CANDAL CONSIDERA

OE PARA 2006 É CREDÍVEL, TRANSPARENTEE VISA A JUSTIÇA SOCIAL

NOVA LEI ELEITORAL PARA A MADEIRAAPROVADA POR UNANIMIDADE

COSAC

ARMANDO FRANÇADEFENDE REFORÇO DOSPARLAMENTOS NACIONAIS

A nova lei eleitoral para a RegiãoAutónoma da Madeira, que reduz onúmero de deputados para 47 e cria umúnico círculo eleitoral, foi aprovada, nopassado dia 20, com os votos favoráveisde todos os partidos com assentoparlamentar.Apesar da unanimidade quanto à leiaprovada, os partidos apresentaramdiferentes pontos de vista sobre ademocraticidade do regime madeirense,onde vigora uma maioria absoluta doPSD.“O voto, na Região Autónoma da Madeira,não é inteiramente livre, é condicionadode forma ilícita”, denunciou o líderregional dos socialistas e deputado,Jacinto Serrão.O parlamentar socialista eleito pelocírculo eleitoral da Madeira acusou aindao presidente do Governo Regional,Alberto João Jardim, de “usar e abusarde meios públicos para fazer campanhade natureza partidária até à véspera daseleições, dia da reflexão”.Depois de fazer uma breve referência àincansável luta que, ao longo de quasetrês décadas de autonomia, o PS-M temtravado, visando o “aperfeiçoamento doregime democrático na região”, JacintoSerrão sublinhou a crucialidade da

aprovação parlamentar de uma “leieleitoral justa”, que garanta, conformereferiu, “uma fiel tradução de votos emmandatos na Assembleia Legislativa daMadeira”.“Nestes 30 anos de autonomia, o númerode deputados eleitos por cada um dospartidos não tem correspondido àproporcionalidade dos votos expressosnessas forças políticas”, disse o líderdo PS madeirense, para depois acusardirectamente o PSD-M, “que conseguedeputados sem os merecer”, de nadafazer, antes pelo contrário, para alterar“esta situação que belisca a democraciana região.Referindo-se ao número de deputadosno parlamento madeirense, JacintoSerrão classificou-o como “claramenteexcessivo”, tendo em conta a dimensãopopulacional da Região Autónoma daMadeira.Recorde-se que, até agora, a AssembleiaLegislativa Regional madeirense eraconstituída por 68 deputados e existiam11 círculos eleitorais, correspondentesa cada um dos concelhos.Mas, segundo o deputado socialista, oproblema não se fica só pela propor-cionalidade, estendendo-se à existênciade “violações grosseiras e reiteradas, por

parte dos titulares de cargos públicos doGoverno Regional e das autarquias, dosprincípios da neutralidade e daimparcialidade sem que, até agora, tenhahavido qualquer consequência”.Segundo Jacinto Serrão, os ilícitos destetipo “repetem-se impunemente em cadaacto eleitoral que se realiza na região,saudando que, aquando do sufrágioautárquico, a Comissão Nacional deEleições tivesse resolvido passar dasmeras advertências do costume para umaqueixa no Ministério Público contraJardim por condicionar o voto doscidadãos.“Esperemos que desta vez se faça justiçae que o senhor presidente do Governoregional não se refugie, como tem vindoa fazer há 30 anos, na imunidade”,declarou.Insurgindo-se, mais uma vez contra oque descreveu como “as pretensõesimobilistas dos dirigentes do PSD-M”,Jacinto Serrão saudou o projecto de leique acabaria por ser aprovado porunanimidade na Assembleia daRepública, frisando que esta será “umalei mais justa e conforme os princípiosorientadores duma democracia de regimeparlamentar”.

MARY RODRIGUES

O deputado socialista Afonso Candalclassificou o Orçamento de Estado (OE)para 2006 como um documento “credível”que assenta num cenário macroeconó-mico realista e de crescimento moderado.Ao introduzir a discussão sobre o OE nasessão plenária da Assembleia daRepública do passado dia 19, Candaldescreveu as propostas do Executivoliderado por José Sócrates como fiéis àverdade, uma vez que não se resumem,como no passado recente, a um recursoa expedientes extraordinários e “nãopretendem mascarar a real situação dasfinanças nacionais”.Depois de salientar que o documentoapresentado pelo Governo no passado dia17 “elimina a suborçamentação numaárea central da prestação do serviçopúblico”, como é a Saúde, o parlamentardo PS destaca como evidentementepositivo que o Serviço Nacional de Saúde(SNS) tenha registado uma dotaçãoaumentada em 31 por cento.Para Afonso Candal, o OE 2006 salvaguarda,igualmente, os compromissos políticosassumidos pelo Executivo de Sócrates, noque respeita, segundo exemplificou, aoensino do Inglês no primeiro ciclo doensino básico ou à garantia de umrendimento mínimo de 300 euros para osidosos que, nesta primeira fase da medida,tenham mais de 80 anos.Mas, não obstante o esforço que asmedidas acima descritas acarretam, odeputado socialista, considera que o

documento do Executivo é “umorçamento de consolidação”, já queregista “um enorme esforço de contençãoda despesa, sem apresentar cortes cegose arbitrários, nem generalizar elevadas taxasde cativação a todas as despesas esectores”.O Orçamento de Estado para o próximoano – vincou – “representa uma forteaposta em promessas antigas mas nuncaantes executadas como sejam uma novapolítica de gestão de recursos humanos,de gestão do património do Estado e umprocesso acelerado de auditorias a todasas áreas governamentais, que inspiraráuma profunda reestruturação dos serviçospúblicos por forma a melhorar os serviçose racionalizar gastos”.Afonso Candal assinalou também, naintervenção que fez no Parlamento, queas propostas do Governo “servem osportugueses em múltiplos aspectos”,apontando exemplos como a criação dobalcão único dos serviços públicos, aconcretização do cartão único docidadão e a implementação do docu-mento único automóvel, sem esquecerreferir medidas igualmente inovadorascomo sejam a introdução de critériosambientais no cálculo do impostoautomóvel ou o fim do sigilo fiscal quepermita a divulgação pública doscontribuintes em dívida.Assegurando que a proposta governativade OE para 2006 “busca a transparência ea justiça social”, o deputado apontou para

os “passos importantes e determinadosque têm sido dados no sentido de apro-ximar os regimes de protecção social oude assistência na doença, bem como no

campo da simplificação e da harmo-nização fiscal”.Sobre este último aspecto, frisou, “o reforçodo combate à evasão e fraude fiscais com

a definição de um quadro ímpar de controlodos sistemas informáticos de apoio àfacturação das empresas”, destacandoainda o “reaparecimento dos benefíciosfiscais sobre os Planos Poupança Reforma(PPR) numa lógica substancialmentediferente da existente no passado”.Finalmente, a propósito da tributaçãofiscal, Afonso Candal reconheceu queelas já existem, criticando, porém o queconsiderou tratar-se de “uma discri-minação pouco explicável” entre a formade tributação destes rendimentos e dosrendimentos do trabalho.“Por que razão um trabalhador no activoque tenha um rendimento anual de cercade 10 mil euros é tributado em mais de500 euros e um pensionista com omesmo rendimento não paga”, questio-nou, saudando que o documento doGoverno vise uma aproximação entre asduas deduções específicas.A terminar, o deputado socialista chamoutodos os partidos com assento parla-mentar à tarefa de discutir a proposta deOrçamento de Estado: “Dos que cons-trutivamente consideram este documentoglobalmente positivo, aos que insistemem não querer ver a realidade, e caminhamdemagógica e populistamente parasituação de muito difícil recuperação”.Recorde-se ainda que o OE para 2006será votado na generalidade a 11 deNovembro, na especialidade a 29 deNovembro e, em votação final global, a30 do mesmo mês. MARY RODRIGUES

Fomentar e incentivar cada vez mais o papel político, vigilante e escrutinadordos parlamentos nacionais dos Estados-membros da União é, na opiniãodo deputado socialista Armando França, uma condição essencial paravencer o complexo e irreversível processo de construção europeia.Ao intervir, recentemente, na 34ª COSAC (Conferência das ComissõesComunitárias Europeias dos Parlamentos da União Europeia), que se realizouem Londres, o parlamentar português sublinhou a centralidade da questão dascompetências da UE e do princípio de subsidiariedade, que, conforme explicou,delimita o campo de intervenção e as funções da União Europeia. M.R.

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1728 OUTUBRO 2005

CRIADA AUTORIDADEDE SEGURANÇA ALIMENTARO Governo aprovou, em reunião deConselho de Ministros, o diploma quecria a Autoridade de Segurança Alimentare Económica (ASAE), organismo quevem substituir a Inspecção-Geral dasActividades Económicas, a AgênciaPortuguesa de Segurança Alimentar,estrutura aliás que nunca chegou a entrarem funções, e a Direcção-Geral deFiscalização e Controlo da QualidadeAlimentar.Com esta medida, o Executivo unificaas competências de dois organismos,duas direcções-gerais, uma direcção deserviços, bem como reúne nesta novaentidade as competências de fiscalizaçãoaté agora espalhadas por sete direcçõesregionais e seis divisões de serviço,responsabilizando-se ainda por algumasdas competências até agora atribuídas atrês institutos públicos e a doislaboratórios.A nova autoridade para avaliação ecomunicação dos riscos na cadeiaalimentar, agora criada, passa a ser aúnica entidade responsável pelavigilância e qualidade dos produtosalimentares consumidos no país,assumindo-se ainda como a autoridadede ligação com os outros Estados-membros da UE. Ficará ainda responsávelpela disciplina do exercício dasactividades económicas nos sectoresalimentar e não alimentar.Ao aprovar esta reorganização, o Governopretende optimizar os índices daqualidade dos serviços prestados aosconsumidores, assegurando emsimultâneo um serviço mais adequadoaos agentes económicos, uma vez queestes passam a ter como interlocutoruma só entidade mais próxima das suasactividades.Esta proximidade, entre a avaliação e acomunicação de riscos e a clarificaçãodas responsabilidades em matéria defiscalização em geral, e, em particular,na área da segurança alimentar, segundoo Governo, vai permitir, por um lado, ummais eficaz e disciplinado controlo, e,por outro lado, uma maior rapidez nasdecisões.Nesta reunião de Conselho de Ministros,foi ainda aprovado um conjunto deoutras medidas que importa referir.

Alteração ao códigodo IRS e IRC

Destaque para o decreto-lei que revê oregime jurídico de assistência na doençados funcionários do Ministério daJustiça, onde é promovida a conver-gência do subsistema de saúde dosserviços sociais do Ministério da Justiçacom a ADSE, reservando a prestação dosserviços sociais do ministério a umnúmero mais restrito de funcionários,estendendo a prestação de assistênciada ADSE aos familiares e restantesfuncionários.Esta nova medida aprovada pelo Governovisa fazer convergir os diversossubsistemas de saúde públicos com oregime geral de Assistência na Doençaaos Servidores Civis do Estado (ADSE).O Conselho de Ministros aprovou

igualmente uma revisão aos códigos doIRS, IRC, código do imposto de selo,código do imposto municipal sobreimóveis, código do imposto municipalsobre as transmissões onerosas e aoregime do IVA nas transacçõesintercomunitárias.Com a aprovação deste decreto-lei

pretende o Governo reduzir a com-plexidade do ordenamento fiscal,propondo diminuir e simplificar asobrigações aos contribuintes, pro-movendo a eficácia e a equidade.Segundo a nova determinação legalsobre matéria fiscal, deixa de ser exigívelaos contribuintes entregar documentos

que contenham informação já doconhecimento oficioso da Adminis-tração, para efeitos de avaliação etributação de imóveis transferidos,apresentar plantas relativas a construçõesanteriores a 1951, ou seja, aquelas quenão entram no âmbito das exigências delicenciamento do Regime Geral das

LEI DAS FINANÇAS LOCAIS VAI SER ALTERADAO Governo quer que até Março de 2006 a Lei das Finanças Locais seja alvo de uma profunda actualização. Para o efeito, foicriado na dependência do ministro de Estado e da Administração Interna e do ministro de Estado e das Finanças, um grupode trabalho com a missão única de proceder à revisão desta importante lei que rege de forma determinante a vida dosmunicípios portugueses.Esta revisão, prevista no programa do actual Governo, insere-se num quadro mais amplo que visa uma melhor e maisadequada sustentação orçamental e de solidariedade financeira entre os diversos subsectores do sector público administrativoe pretende, paralelamente, ajudar a concretizar o princípio de uma mais proporcionada descentralização.Segundo o Executivo, o processo de transferência de competências para os municípios e freguesias, concretizando oprincípio da descentralização, é um importante instrumento de redução da despesa pública, com implicações no planofinanceiro, decorrentes da operacionalidade do princípio da subsidiariedade.Neste sentido, a reforma do sistema de financiamento autárquico deverá incidir especialmente sobre os critérios derepartição e transferência anual do Orçamento do Estado sobre o quadro de receitas próprias.Do grupo de trabalho que terá por incumbência proceder ao estudo da reforma da Lei das Finanças Locais, constituído porpersonalidades ligadas ao meio académico universitário, fazem ainda parte individualidades oriundas da AssociaçãoNacional de Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (Anafre).A coordenação do grupo será assegurada pelo secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, em representação doministro de Estado e da Administração Interna, e ainda pelos secretários de Estado adjuntos do Orçamento e dos AssuntosFiscais, em representação do ministro de Estado e das Finanças. R.S.A.

Edificações Urbanas (RGEU), ouapresentar em papel a declaração quelhes permita suspender os pagamentospor conta.Aprovada foi igualmente em Conselhode Ministros a proposta de lei queautoriza o Governo a legislar em matériade ilícitos de mera ordenação social, decriação de entidades não jurisdicionaisde composição de conflitos, direitosdos consumidores de serviçosfinanceiros e comunicações comerciaisnão solicitadas, no âmbito dacomercialização à distância de serviçosfinanceiros ou ainda a autorização paraque o Governo possa transpor para aordem jurídica interna a directiva 2002/65/CE do Parlamento Europeu e doConselho, de 23 de Setembro, relativa àcomercialização à distância de serviçosfinanceiros prestados aos consumidores.Esta reunião do Governo aprovou tambémum decreto-lei que fixa as condições defuncionamento e financiamento daComissão Técnica e dos Grupos deTrabalho previstas no âmbito do Programade Reestruturação da AdministraçãoCentral do Estado, diploma que visagarantir a operacionalidade do processoreformador da Administração Central, jáiniciado, cometendo à Direcção-Geral daAdministração Pública funções de apoiotécnico.

Comunicações públicas maisseguras

Outra das resoluções saídas do Conselhode Ministros visa a criação de umaautoridade de certificação electrónicadestinada a proporcionar mecanismosde autenticação seguros para atransmissão electrónica de dados noâmbito do Estado.Com a instalação desta autoridade passaa existir um maior reforço na segurançae na modernização das comunicaçõeselectrónicas públicas, caminhando-seno sentido do Governo Electrónico (e-government), e num mais sustentadoapoio aos diversos projectos no âmbitoda Sociedade de Informação, como, porexemplo, os relativos ao cartão docidadão, ao passaporte biométrico, àdisponibilização de serviços daadministração pública pela Internet querequeiram autenticação digital forte deidentidades e assinaturas electrónicas.Duas outras medidas de relevanteimportância foram ainda aprovadas nareunião deste Conselho de Ministros.Uma referente à estratégia nacional paraa energia, propondo o Governo que opaís diversifique os seus recursosprimários energéticos, nomeadamenteapostando nas energias renováveis ediminuindo paralelamente o recurso aoscombustíveis fósseis, a promoção daeficácia das empresas e do tecidoprodutivo, garantindo um melhor e maisadequado equilíbrio ambiental, nomea-damente com a redução dos níveis deCO2 e uma segunda determinaçãorelativa à regularização da utilização porparte das forças policiais, adminis-trativas e judiciais de equipamentos devideovigilância. R.S.A.

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18 28 OUTUBRO 2005ACTUALIDADE

APROVADAS ALTERAÇÕES À LEI DA NACIONALIDADE

KOFI ANNAN RECEBERÁ GRANDECOLAR DA ORDEM DA LIBERDADEO secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, vai seragraciado, a título excepcional, com o grande colar da Ordem da Liberdade,por decisão tomada em Conselho de Ministros, no passado dia 6 de Outubro.Segundo explicou o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, estacondecoração destina-se a distinguir Annan “pelo seu relevantíssimocontributo na defesa dos valores da civilização e da causa da liberdade” epelo seu “extraordinário empenho a favor do direito de autodeterminaçãodo povo de Timor-Leste”.

FIRMEZA E DETERMINAÇÃONA MODERNIZAÇÃO DO PAÍS

O Governo apresentou na Assembleia daRepública um conjunto de iniciativastendo em vista proceder a alterações naLei da Nacionalidade. Cumpre-se destemodo uma promessa feita no Programado Governo e reafirmada pelo primeiro-ministro em Julho passado, durante odebate do Estado da Nação.Com esta iniciativa legislativa do Exe-cutivo liderado por José Sócrates, apro-vada por maioria no Parlamento, passa aser mais fácil e desburocratizada aconcessão da nacionalidade portuguesaaos estrangeiros residentes no país.A partir de agora é atribuída naciona-lidade portuguesa às pessoas nascidasem Portugal, filhos de progenitores quetambém tenham nascido no país e queaqui tenham permanecido, assim comoàs pessoas nascidas em Portugal, filhasde progenitores imigrantes que nomomento do nascimento se encontremno país há, pelo menos, seis anos.É o caso dos impropriamente chamadosimigrantes de terceira geração, os quaisverdadeiramente nunca imigraram paraqualquer sítio e que sempre viveram nopaís.Recorde-se que, até agora, a legislaçãoobrigava a que os estrangeiros residentesem Portugal tivessem um título válidode autorização de residência há, pelo

menos, seis ou dez anos, variandoconforme fossem imigrantes de paísesde língua oficial portuguesa ou oriundosde outros países, para se poderemnaturalizar a si e aos seus filhos.Caso os estrangeiros não estivessemlegalizados, o que ainda sucede emmuitos casos, a lei determinava que eraconcedida aos seus filhos a cidadaniados pais ou, em alternativa, estabeleciaque se deveria inscrever no assento donascimento que a sua nacionalidade eradesconhecida.Segundo algumas associações deimigrantes, existem actualmente emPortugal cerca de 100 mil filhos deimigrantes que não têm nem anacionalidade portuguesa nem tãopouco a nacionalidade dos seus pais,número que o Governo não garante serverdadeiro, afirmando Pedro SilvaPereira, que o que mais importa agoranão é saber quantos são, mas reter quecom a introdução destas novas regras,se passa a fazer justiça a uma situaçãoque já se arrastava há demasiados anos,tornando a lei portuguesa mais justa emais favorável á coesão social.Para este responsável governamental,com as medidas agora aprovadas eenquadradas na Lei da Nacionalidade,não se pretende promover ou sequer

facilitar novos fluxos migratórios, nemtão pouco “viabilizar um procedimentoalternativo para a legalização extraor-dinária de imigrantes”, mas antes, comorefere, “corrigir uma gravíssima injustiçasocial”, proporcionando a plenaintegração na sociedade portuguesa,expressa no estatuto da cidadania, “apessoas que, tendo embora uma

fortíssima ligação à comunidadenacional, têm até agora permanecidoamputadas nos seus direitos e sofridoas consequências de um intolerávelfactor de exclusão”.Lembra o ministro da Presidência que ainiciativa legislativa do Governo dizrespeito fundamentalmente às pessoasnascidas em Portugal, e que com este

O Governo socialista continuará “firme edeterminado” nos objectivos estratégicosde busca de um novo horizonte deesperança para Portugal. Esta amensagem deixada pelo líder da bancadaparlamentar socialista, ao comentar osresultados das recentes eleiçõesautárquicas numa declaração políticaque fez, no passado dia 12 de Outubro,na Assembleia da República.Reconhecendo que os socialistas nãoalcançaram os objectivos traçados paraas autárquicas, o presidente do GrupoParlamentar do PS frisou também que amaioria e o Executivo “trabalharão comtodos os autarcas, sem distinção, a bemdos interesses das populações e daRepública”.Mas, “com a mesma naturalidadedemocrática com que reconhecemos osresultados, recusamos igualmenteleituras catastrofistas ou nacionais, oude legislatura, a propósito das eleiçõesautárquicas de 9 de Outubro”, poislembrou, no passado sufrágio “estavamem causa municípios e freguesias e nãoo Governo de Portugal”.“Neste sentido, a legitimidade de umExecutivo com maioria absoluta em nadafica diminuída ou reforçada com estaseleições”, vincou o líder parlamentarsocialista, para quem “ignorar istosignifica diminuir a maturidade cívicados eleitores portugueses e a qualidadedos diferentes projectos autárquicos e aessencial distinção do projecto nacionale de Governo incorporado nas eleiçõeslegislativas”.

“Fazer leituras essencialmente nacionaissignificaria ler os resultados de acordo comas conveniências ou achar que o Governoé mau em Santarém mas excelente emFaro”, criticou, rematando que este é “umabsurdo que não resiste à prova darealidade”.Todavia, vincou, “independentemente dasleituras partidárias, o que se tem passadonalgumas câmaras do país obriga-nos atodos a reflectir seriamente sobre aqualidade da democracia local”.Depois de sublinhar o legado democráticoque tem sido, ao longo das últimas trêsdécadas, o exercício do poder autárquico,Alberto Martins apontou para “algunscasos” de agentes do poder local queconstituem “um factor de desconfiançanas instituições” e para outros tantos queemanam do populismo autoritário eameaçam o funcionamento regular dademocracia.

Assim, defendeu, “podemos e devemosquestionar sobre a equacionação, de ummais apurado regime de inelegibilidadese impedimentos no desempenho decargos políticos”.E porque “o Governo e a maioria que oapoia continuam determinados emconcretizar uma agenda reformista e emmanter o rumo firme de desenvolvimentosocial e modernização económica”, olíder parlamentar do PS, reafirmou anecessidade de se apostar na qualificaçãodas pessoas, na reforma do Estado e nainovação empresarial, mas também numa“estratégia efectiva de desconcentraçãoterritorial e descentralizaçãoadministrativa”.“No momento em que o poder localdemocrático faz trinta anos, estamosconvictos que este é o melhor contributoque podemos dar para o seu aprofun-damento”, concluiu Alberto Martins. M.R.

diploma o Governo liderado por JoséSócrates retoma uma velha tradição dalegislação portuguesa, que, lembra,“tinha sido interrompida a partir de1981”.Para Silva Pereira seria, todavia, “irres-ponsável conferir, sem mais, o estatutoda nacionalidade a qualquer pessoaindependentemente das circunstânciasem que nascesse em territórioportuguês”. Uma tal solução, defende,aliás sem paralelo na União Europeia,“poderia produzir um forte efeito dechamada e constituir um evidenteconvite à imigração clandestina, comconsequências seguramente indesejá-veis para Portugal e para os seus parceiroseuropeus, integrados que estamos numespaço comum de livre circulação depessoas”.Na opinião do Governo, sublinha PedroSilva Pereira, as propostas apresentadaspelo Executivo socialista se, por umlado, vão num sentido de uma maiorabertura no acesso à nacionalidade, nãodeixam, por outro lado, de ser alterações“prudentes, em que o critério do localde nascimento combina com outrosrequisitos de forma a prevenir utilizaçõesabusivas e garantir uma ligação efectivae estável à comunidade nacional”.

R.S.A.

CRIADA COMISSÃO PARACOMEMORAÇÕES DOCENTENÁRIO DA REPÚBLICAO Governo aprovou acriação de uma comissãopara as comemorações docentenário da revolução de5 de Outubro de 1910 parazelar pela organização de“uma programação cultu-ral diversificada” .A Comissão, segundo ocomunicado do Conselhode Ministros, “funcionaráno âmbito da Presidênciado Conselho de Ministrose terá um prazo de seismeses para apresentar aoexecutivo um programadas comemorações”.Presidida pelo constitu-cionalista Vital Moreira, esta entidade integrará ainda o historiador daUniversidade de Coimbra, Romero Magalhães, os escritores FranciscoJosé Viegas e Inês Pedrosa, o director da EMI Valentim de Carvalho, DavidFerreira, e a ex-directora do Instituto do Comércio Externo de Portugal,Madalena Torres. M.R.

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1928 OUTUBRO 2005

OP

INIÃ

O AUTÁRQUICAS 2005:O QUE ESTÁ EM JOGO

E LIÇÕES A TIRARAs eleições autárquicas de 9 de Outubro não foram comoas anteriores. O que os eleitores sufragaram não foramapenas as novas presidências das câmaras, as assembleiasmunicipais e as juntas de freguesia que conduzirão osdestinos locais por mais quatro anos, mas o prestígio e acredibilidade das instituições democráticas que nasceramcom a revolução de Abril para não falar da própria política.Os casos de populismo e clientelismo, de que ValentimLoureiro, Adelino Ferreira Torres, Isaltino de Morais e FátimaFelgueiras são porventura apenas a ponta de um icebergue,constituíram casos extraordinariamente graves que nosdemonstram que algo não está bem no reino do poder

autárquico deste país 31 anos depois da instauração da democracia.Certamente que a maioria dos autarcas que foram eleitos irão servir as populaçõescom honestidade e competência. Também é verdade que muitos daqueles queabandonarão as funções que desempenharam nos últimos quatro anos poderãoorgulhar-se do seu contributo para a prosperidade e o desenvolvimento dassuas regiões. No entanto, seria errado ignorar o que deve ser corrigido e sobretudoevitar fazer uma reflexão crítica sobre algumas insuficiências do poder autárquico.A pressão dos lobbies da construção civil e a fraca resistência de algunsautarcas têm sido responsáveis por um desordenamento urbano que põe emcausa a qualidade de vida das populações. A ausência de perspectivas deemprego em muitas localidades em consequência da falta de incentivos aoinvestimento e da ruína e desaparecimento de muitas actividades económicastradicionais, tem transformado algumas câmaras nos maiores empregadores decertos concelhos com o inevitável reforço das dependências e das práticasclientelistas. A visão eleitoralista de curto prazo e o provincianismo bacoco têmcontribuído para a construção de obras faraónicas que bastas vezes deixamexangues os cofres municipais e se revelam depois autênticos elefantes brancos.Não está em causa a importância das autarquias para o futuro do país. O que senecessita é mais planeamento e menos improvisação, mais capacidade deresistência a interesses privados que querem transformar os concelhos emcoutadas para os seus negócios, maior aposta na cultura e na formação dosmunícipes e menos selvas de cimento, mais transparência e menos clientelismo,mais rigor financeiro e menos desperdício em empreendimentos cuja utilidadesocial não justifica minimamente os seus enormes custos sociais.O que esteve em causa foi a credibilidade da política entendida como serviçodo interesse público. E este aspecto está para além do horizonte local ouregional das eleições autárquicas, alcançando uma dimensão nacional e mesmoeuropeia. É justamente por isto que estas eleições autárquicas foram diferentesdas outras. A eleição de Valentim Loureiro, Isaltino Morais e Fátima Felgueiras,para além de contribuir para o desprestígio do país na União Europeia, revelouque mais de 30 anos após o 25 de Abril se falhou rotundamente na formação ena elevação da consciência cívica dos cidadãos e que, afinal, estão ainda bemvivas e enraízadas nas populações de certas localidades as atitudes e as práticasde desinteresse e indiferença políticas herdadas do salazarismo. Felizmente,Adelino Ferreira Torres não foi eleito, o que constitui uma boa notícia. Parabénsdesde já à lista vencedora do Partido Socialista e ao novo presidente da CâmaraMunicipal de Amarante.Estas eleições devem também fazer reflectir o Partido Socialista. Não adiantatapar o sol com a peneira: o PS, para além de conquistar menos votos do quenas anteriores eleições autárquicas, perdeu a maioria das capitais dos distritospara o PSD, não conseguiu conquistar Setúbal, Porto e Coimbra, foi derrotadoem bastiões históricos como Santarém, perdeu o Barreiro e sofreu uma pesadaderrota em Lisboa. A direcção do Partido Socialista, o coordenador autárquicoe os dirigentes das concelhias das grandes áreas urbanas devem assumirclaramente perante os militantes as responsabilidades que lhes cabem na escolhados candidatos menos bem sucedidos e na organização da campanha eleitoralque conduziram a este resultado preocupante. Por outro lado, negar que estaderrota não está de modo algum relacionada com as medidas políticasproblemáticas do Governo a nível nacional só poderá trazer dissabores aindamaiores no futuro.

JOAQUIM JORGEVEIGUINHA

PRESIDENCIAIS: PRIMEIRAS NOTAS

PRESIDENCIAIS: ABERTURA OU CRISPAÇÃO?

SoaresNas democracias em que o presidente é eleito directamente,não pode haver maior honra para um político do querepresentar, em eleições presidenciais, o seu espaçoideológico. Perder ou ganhar faz parte do jogo. Antes deganharem, Lula e Mitterrand perderam várias vezes. Portanto,há qualquer coisa que não bate certo na democracia portuguesaquando vemos políticos profissionais fugirem às suasresponsabilidades. A política nacional está, aliás, cheia detabus, fugas e cinismos. Os nossos senadores já perceberamque quando metem a cabeça de fora, perdem popularidade. E,de tanto quererem ficar bem no retrato, nunca passam dissomesmo – de senadores. A candidatura de Mário Soaresrepresenta, desde logo, um testemunho contra esta onda dedemissão cívica. Soares sabe que a política implica risco ecoragem. Na transição para a democracia, na integraçãoeuropeia, nas presidenciais de 86 (em que começou com 8por cento), Soares demonstrou que, na História, os actorespodem ser tão ou mais decisivos do que as estruturas. Nummomento particularmente importante para o nosso sistema degoverno, Soares volta a dar a cara. O mínimo que posso fazeré retribuir-lhe o gesto com o meu voto.O candidato do povoNuma das últimas edições da Quadratura do Círculo, JoséPacheco Pereira lembrou que «se Mário Soares disser o quepensa [sobre a globalização, sobre a economia, sobre omundo], então, sim, o debate será interessante, mas cria umdeterminado tipo de problemas». Presume-se que a ideia deJPP é que se Soares disser o que pensa sobre estes assuntos,perde votos. De facto, um amigo da direita liberal já meconfessou que acabará por engolir Cavaco no momento emque Soares reproduza a sua doutrina recente sobre «políticainternacional». Mas uma coisa é certa: nestas questões, o dr.Soares tem revelado intuição e está absolutamente sintonizado

com a cultura política dominante na opinião pública. Aliás,não me parece nada inocente o facto de ter recordado, nodiscurso de lançamento da candidatura, a sua participaçãonas manifestações anti-guerra. Se calhar, ao contrário do quesugere JPP, a repetição da «doutrina Soares» é bem capaz derender votos.

O candidato da direitaSinceramente, acho óptimo que não haja mais candidaturas àdireita de Cavaco e não percebo os receios existentes peranteesta eventualidade. É que a esquerda é mesmo «sociolo-gicamente» maioritária em Portugal (assim haja umamobilização equilibrada entre esquerda e direita). Numa escalaesquerda-direita, a maioria dos portugueses posiciona-se nocampo da esquerda (e o autoposcionamento ideológico é dasvariáveis que mais explica o sentido de voto). Quandoconfrontada com inquéritos de opinião, a maioria dosportugueses tende também a dar prioridade a temas associadosà esquerda, nomeadamente a defesa dos serviços públicos edo Estado Social (que Soares não poderá deixar de explorar,por oposição à progressiva «deskeynesianização» do prof.Cavaco). Ora, uma candidatura que una as direitas facilmentese torna, aos olhos de todos, na candidatura da direita, coisaque não agradará à maioria dos eleitores (em 87 e 91, Cavacotinha oposição à direita e, segundo o próprio, representava a«esquerda moderna»). Nesse cenário, Soares fica precisamenteonde lhe interessa para forçar uma segunda volta: ao centro,numa leitura constitucionalmente correcta dos poderespresidenciais, entre o revanchismo de direita e as esquerdasalternativas. Não será por acaso que Pacheco Pereira tantoinsistiu na candidatura de Paulo Portas.

RECTIFICAÇÃONa edição do “Acção Socialista” de 7 de Setembro de 2005, no artigo intitulado“Apoio de todos os quadrantes”, publicado no âmbito da reportagem relativa aoanúncio da candidatura presidencial de Mário Soares, destaca-se uma extensalista de nomes de apoiantes, entre os quais os de Helena Morão e Marcelo Monizque, por lapso, foram indicados como militantes da Juventude Socialista.Assim, ao abrigo do direito de rectificação (art.º 25 da Lei de Imprensa) solicitadopelos visados e pedindo desculpas pelo erro, o “Acção Socialista” rectifica:Helena Morão é assistente universitária e independente e Marcelo Moniz é gestore não pertence à JS.

1.As próximas eleições presidenciais, no essencial, vão traduzir-se, provavelmente, numa competição entre Mário Soares eCavaco Silva. Cada um deles será, natural e honestamente, fielà sua própria visão do mundo. E é precisamente isso queprojecta profundas diferenças entre ambos, gerandoconsequências políticas que podem até escapar às suas própriasvontades.Com o primeiro, teremos uma candidatura aberta àcomplexidade das sociedades actuais, radicada napossibilidade e na necessidade de as transformarprofundamente, confiante na liberdade e na justiça, impregnadapelo humanismo cosmopolita do projecto europeu.Com o segundo, em contrapartida, ficaremos encerrados numunilateralismo economicista conformado com asdesigualdades actuais, factor de crispação política e deinstabilidade social, veículo da elevação do fundamentalismoneoliberal a uma espécie de religião presidencial.

2.Mário Soares tem vindo a mostrar-se ciente da complexidadedas sociedades actuais, encarando a economia comoinstrumento do desenvolvimento humano, dando a primazia àqualidade de vida das pessoas, subalternizando assim osdogmas ideológicos do economicismo dominante.Tem estado em consonância com as dinâmicas sociais donovo século, com a generosidade crítica necessária para poderser um protagonista útil, dentro do espaço que articula aInternacional Socialista com os movimentos sociaisalternativos. E tem sabido combinar essa presença com umaactiva continuidade na sua luta internacional pela liberdade epelos direitos humanos, o que lhe granjeou já um justo destaquena cena mundial.Daí resulta uma profunda sensibilidade democrática naabordagem de todas as situações e de todas as conjunturas,inconformada com o que há de estruturalmente injusto nassociedades actuais.Com Mário Soares, não ficarão sem horizonte os portuguesesmais desfavorecidos. A sociedade, no seu todo, será estimuladaa assumir uma dinâmica empreendedora, social etecnologicamente avançada, ambientalmente sustentável,aberta a uma valorização estrutural da economia social esolidária.Com ele, o actual Governo poderá sentir-se encorajado a darum sentido estratégico coerente à sua sensibilidade social,afastando-se da sombra paralisante do paradigma neoliberal. EPortugal será, seguramente, mais audível na Europa e no mundo.

3. Pelo contrário, a candidatura de Cavaco Silva é uma peça deum “puzzle” de poder há muito anunciado, episódio do sonhopúblico e recorrente do PSD de conseguir “Uma Maioria, umGoverno e um Presidente”. Será, por isso, mais do que uma

candidatura apoiada pelo PSD, um elemento nuclear daestratégia de poder desse partido. Sintomaticamente, tudo temfeito para que pareça o contrário, o que faz com as palavras queimediatamente ocorrem quanto à sua gestação sejam ¯dissimulação e cálculo.Os abundantes sinais que a anunciaram, no subtil jogo deocultação que procura torná-la presente pela ausência, apontampara um enviezamento economicista que a encerra numa visãoreducionista e unidimensional da sociedade, radicada apenasno económico, com desconsideração do social, do cultural edo político.Tudo leva a crer que o êxito dessa candidatura representariauma verdadeira blindagem simbólica e institucional doneoliberalismo, transformado em cartilha oficial de um ensinadorde governos instalado em Belém.E, evidentemente, Cavaco Silva seria sempre um adversárioestrutural, por convicção e idiossincrasia, de qualquer governode esquerda. Pelo que teríamos na presidência um estímulo,eventualmente involuntário, à crispação na sociedadeportuguesa. Um factor permanente de crise social e política,um cruzado ideológico ao serviço do essencial dos interessesdominantes. Um motor de instabilidade.

4. Tem procurado assombrar-se o povo de esquerda com o espectrode uma vitória cavaquista, erigida em fatalidade a que já não sepode escapar.Se os estados-maiores dos partidos de esquerda não souberem,nesta conjuntura, distinguir o essencial do secundário, se acandidatura de Mário Soares não for capaz de ser um verdadeiromovimento social portador de futuro, se o povo de esquerda sedeixar paralisar pela assombração, poderemos de facto sofrerna Presidência da República, por alguns anos, um fantasma donosso passado.Mas está, verdadeiramente, nas mãos do povo de esquerdaevitá-lo. No combate político, a memória é um elementofundamental. Por isso, é bom lembrar que, se todos osportugueses tivessem lutado contra a ditadura salazarista comoo fez Mário Soares, o 25 de Abril teria chegado seguramentemais cedo. Mas se todos os portugueses tivessem agidorelativamente ao salazarismo como Cavaco Silva, o 25 de Abrilteria chegado muito mais tarde.É uma pequena diferença? Quando está em causa a disputademocrática pela presidência da República, é uma diferençairremediável.

FILIPE NUNES

RUI NAMORADO *

* Professor da Universidade de Coimbra, militante do PS e membro do Clube MargemEsquerda.

OPINIÃO

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20 28 OUTUBRO 2005

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GREVE DOS JUÍZES É ILEGÍTIMAO vice-presidente do grupo parlamentardo PS Vitalino Canas, sustentou no dia26 que a greve dos juízes é ilegítima, porexercerem uma função de soberania,tendo apelado à sua suspensão.“Essa greve não é legítima. Quem exerceuma função de soberania não deve fazergreve, mesmo que tenha um estatuto defuncionário público”, declarou VitalinoCanas em conferência de Imprensa naAssembleia da República.“Apelo a que a greve não continue, sejasuspensa ou elevada ao seu expoentemínimo, para que não seja posta emcausa a autoridade do Estado”, acres-centou, acusando os juízes de “rebaixa-rem” o seu estatuto de soberania e de“insensibilidade social”.Segundo Vitalino Canas, os juízes “nãodevem sobrelevar o estatuto defuncionário púbico ao estatuto desoberania” nem “aceitar serem tratadoscomo vulgares funcionários públicos”.O deputado socialista sustentou que oque está em causa não é a independênciada Justiça, mas “simplesmente questõesde natureza salarial e financeira” .Considerando que as medidas doGoverno “diminuem, embora não radi-calmente, algumas regalias especiais decertas categorias”, Vitalino Canas acu-sou os juízes de “insensibilidade social”por quererem evitar essas medidas.“Quem quiser ficar de fora demonstrará

insensibilidade social e procurará ter umestatuto de privilégio que não podemosaceitar”, disse.Horas antes, o Governo tinha decretadoa requisição civil dos oficiais de justiçapara assegurar o cumprimento de ser-viços mínimos, “de modo a salvaguardara satisfação de necessidades sociais im-preteríveis na administração da Justiça”.O primeiro-ministro considerou “absolu-tamente absurdo” e “injusto” o motivoque está na origem da paralisação con-vocada por juízes e magistrados,defendendo a necessidade de haver

equidade nos apoios sociais prestadospelo Estado aos funcionários públicos.“Juízes e magistrados não querem ter umsistema de protecção na doença igualao que tenho e igual ao que têm ageneralidade dos funcionários públi-cos”, afirmou o primeiro-ministro.Já o ministro da Justiça, Alberto Costa,afirmou que a greve é uma “acçãoconcertada” entre 12 organizaçõessindicais “para perturbar ao máximo ofuncionamento do sistema” e reiterouque o Governo vai manter as medidasque levaram a esta paralisação.

IMPASSE EUROPEU PREOCUPA PS“É do interesse de Portugal a aprovaçãodas perspectivas financeiras até ao final doano”, afirmou no dia 25 o líder parlamentarsocialista, Alberto Martins, à saída de umareunião com o primeiro-ministro, JoséSócrates.O impasse nas negociações dasperspectivas financeiras da União Europeiapara o período 2007-2013 dominou as

audiências do primeiro-ministro com ospartidos com representação parlamentar,de preparação do próximo ConselhoEuropeu informal, em Londres.Apesar do dossiê das perspectivasfinanceiras não estar entre os temas aabordar na reunião informal de chefes deGoverno dos 25, convocada pelapresidência britânica da União, também a

delegação do PS que se deslocou àresidência oficial do primeiro-ministro sereferiu à questão.O primeiro-ministro britânico, Tony Blair,propôs como tema da cimeira informal deLondres “os desafios da globalização” aonível da competitividade, segurança doscidadãos e dos movimentos de capitais,pessoas e mercadorias.

NO

TA

FIN

AL

SILVINO GOMESDA SILVA

UM ORÇAMENTODE CONFIANÇA E VERDADE

Por estes dias, tem sido grande a azáfama naAssembleia da República com reuniõessucessivas e simultâneas em Comissão por causado Orçamento de Estado para 2006. Nada distoé novo por esta altura do ano político em que seapreciam e analisam as contas do Estado para oano seguinte.No entanto, há uma novidade e de grande monta.Nenhuma força política com representaçãoparlamentar foi capaz de, há semelhança de anosanteriores, ousar afirmar que a propostagovernamental é uma ficção sem qualquer

correspondência com a realidade. O mesmo se passa com os mais reputadoseconomistas do país, da esquerda à direita do espectro político.Não ausente totalmente de críticas, a verdade é que ninguém ainda disse queeste era um mau Orçamento ou que não estava à altura dos tremendos desafiosque Portugal atravessa.Cumprindo fielmente o programa de eleitoral, que coincide aliás com oprograma de Governo, este primeiro Orçamento do Governo do PS (recorde-se que o anterior se destinou a corrigir as fantasias de Bagão Félix e SantanaLopes) incorpora vários dos compromissos fundamentais da campanhaeleitoral, realçando-se, desde logo, a introdução do inglês no primeiro ciclode escolaridade.Este é também um Orçamento aposta definitivamente na educação, noinvestimento em inovação, ciência e tecnologia, de acordo, aliás, com oprometido plano tecnológico. A proposta do Governo tem naturalmente umagrande preocupação com as áreas sociais. Na saúde, pela primeira vez, desdehá muitos anos, o que está inscrito é aquilo que se projecta gastar, nãohavendo lugar a despesa colocada debaixo do tapete, que na linguagem deeconomista se designa por suborçamentação. Aliás, no Orçamento para 2006não há o recurso às famigeradas receitas extraordinárias e por isso também éum documento de verdade.Por outro lado, e ainda no cumprimento das promessas eleitorais, verifica-seque os idosos pobres com mais de oitenta anos vão ter um acréscimo na suapensão, o que é da mais elementar justiça social.Para reduzir a despesa da administração pública, há a coragem de acabar comregalias e privilégios absolutamente injustificados em certas categorias ousectores profissionais, mormente no que respeita aos subsistemas de saúde,ao mesmo tempo que se avança para a reorganização dos serviços de formaa desburocratizar e a torná-los mais eficazes.Outra das virtualidades da proposta em apreciação é que se encara de frente,sem tibiezas, o combate à evasão e fraude fiscais com o objectivo de efectivarem Portugal a equidade na justiça tributária. E no quadro do grande objectivonacional de contenção e consolidação da despesa pública, todos sãochamados a participar: Estado central, regiões autónomas e autarquias locais.Ao contrário dos anteriores governos da direita, em que a obsessão pelo déficeconstituía o único objectivo da política orçamental, o que nos conduziu a umarecessão, neste Orçamento de Estado para 2006, em que não se perde de vistao equilíbrio entre a despesa e a receita, está bem patente que é a saúde daeconomia que verdadeiramente importa e é nisso que verdadeiramente se aposta.

P.S. - Entretanto, Cavaco Silva anunciou finalmente que é candidato àPresidência da República. Mas, da leitura do seu manifesto mais parece queé candidato à chefia do Governo, confusão que não podemos permitir face aonosso sistema constitucional em que as competências dos órgãos de soberaniaestão bem definidas e correspondem a um equilíbrio de poderes próprio deum regime semi-presidencialista como é o nosso.Neste ângulo de observação, a leitura que Mário Soares faz das competênciasdo Presidente da República é a que tem verdadeira correspondência com otexto constitucional. Enquanto Mário Soares em Belém garante umamagistratura de influência, Cavaco Silva corporiza uma linha que instabilidadee guerrilha permanentes, coisa que o Governo de José Sócrates dispensa emabsoluto. Os portugueses compreendem bem esta diferença e estão cada vezmais mobilizados e determinados em reeleger o fundador do PS como opróximo Presidente da República de Portugal.

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