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- Presidente Samo r a Machel no encer r a·m·e nto do Conselho de Ministr os Na 4.L Sesso Alargada do Conselho de Ministros, reaJizada na semana passada, 0 Presidente Samora Machel dirigiu-se aos presentes chamando a aten�o para dois importantes aspectos. o primeiro focado dizia respeito ao CentraJismo Democratico. A este proposito foi recordada a regra mais elemenr daquele principio: a hierarquia, a respollsabilidade. ais tarde, na sua interven�io, 0 Presidente analisou varios aspectos da vida nacional, tendo situado a sua awn- �ao sobre a defini�ao correcta do inimigo intemo. Nessa altura 0 Marechal Samora acbel disse: senti-mos, nalgulls casos, ter-se perdido a no�o do inimigo. Pela sua importancia� trans- crevemos mais adiante 0 improviso prolluncia do pel0 Presidente Republica no encerra· menlo da referida 4.L Sessao. Para esse impor lante discurso chamamos a ateIl�ao dos n08SOS leitores. Senhores Membros do Conselho de Ministros Senhores. Convidados Durante est a 4.& Sesseo Alargada do Consalho de Ministros, houve de- bates extremamente vivos e ricos, que trouxeram importantes contribui- Oes aos documentos apresentados . nesta reuniao. Ontem, assistimos a uma dis- cusseo pa[ticularmente interessante todos tinham a noao da responsa- bilidade que representa participar nesta reuniao. Sao estas as interrogaOes que devem ser respondidads em primei- ro lugar. Quando falamos em Centralismo Demoeratieo, temos de assumir que somos n6s, nesta sala, quem repre- senta 0 Povo inteiro. Somos n6s qUem tem a responsabilidade de defender os interesses da maioria. Mas foi recisamente nesta ses- Sentimos reflectir-se aqui a preo- cupayeo de alguns sectores da po- pulayao de tirar tantos beneficios quantos possiveis sem consentir quaisquer sacrificios, de obter privi- legios sem esforo e sacriticio. Isto e ua manitestaqao de re- cusa de engajamento na nova ba- talha. Isto significa falta de vigiJAncia sobre a natureza de classe das fon- tes que utilizamos para 0 nosso tra- balho. A batalha contra 0 slIbdesenvolvimento ser gallha se todos 110S empenharmos, coiectivamente, a valor;zar nossas ;nzensas riquezas, como 0 /azem as poplIlaroes li machambas coleclivas, conforme se pode veri/icor no grovura ama sobre questoes referentes a polltica de Trabalho. Mas essa discussao provocou igualmente algumas inquia- ta6es. . Certos problemas que foram pos- tos nesta sala levam-nos a interro- garmo-nos se todos quantos partici- param na elaboracao do trabalho ti- nham 0 conhecimento real da situa- Cao econ6mica do nosso Pais, se seo do Conselho de Ministros, 0 6r- gao mais elevado do Governo, onde se encontram os dirigentes do Par- tido e ·d Estado aos varios escalOes, que sentimos, nalguns casos, ter-se perdido a noao do inimigo. Sentimos que, por vezes, esta- vamos envolvidos na preocupaCao de encontrar soluoes que satisfaam situa6es partieulares, E um. ques tio de princip i o, 0 Cenlralismo Democratico. t preciso compreen- der bem 0 que um Director Nacional. Dir e ctor Provincial, Director Di8tr\lal . A s qual idades para Ber Director Naclonal, Provincial e Distrilal. Exlgencias, capacidades e,.. a r esponBabil i da de. 0 Dire ctor Naclonal, na o preclsa de nenhuma expli c s . 0, ele dl rlge nacionalmenle as 10 Provincia ·0 Director Nacio naJ em outros Paises u Vlce-Mlnlstro. e nomeado com a concord . lncla President e · da Republica. Quem nomel. 0 Direct o r Provincial e 0 GovernadorProvincial e · ra stor restrito naquela Provincia. Nao pode vlolar est regr. mals elementar do Central/sm o Democratlc o. A hlerarqula, a responsabilldade... 0 o Director Provincial depende em 1: lugar do Govemador, . . 0 Director Na- clonal depende· directamente do Minf$lro. Tsmbem temos qᵫ compreender a dlstinio entre 0 Oistrlto e a Provincia. Quem dirige a Provinci a? Quem dirige e coordena todDs os seclores e tem a lti- a palavra? Qual e a responsSbilidade do Govenador. em ccmparso com 0 Di rector Naclonal? Quem e 0 Chefe do Disltito? o Director Distrltal nio pode genhar mai que 0 Administrador de Distrlto. o Chefe do dlstrito e o.Adnistrador, chefe dB Provfncia e 0 Govemador, representte pessoal Presidente da RepUbIi� .. Salamos vigilantes contra· a subversio· Ideol6gica utillzao .%· vencie. seJamo s implaveis pera com O$propegandls destas idei Isto . significa que interesses indi- vidualistas, pessoais, ambiciososse infiltraram na preparaao do nosso trabalho e aqui se manifestaram. Fahimos no custo de vida e defi- nimos as varias classificaoes dos trabalhadores. H quem pense que os jovens de 15 a 17 anos que aca- bam 1 sair da escola com a.9." OU 11." classe sao ja formados e podem ser inciuldos no quadro de tecnicos. Como e que esses jovens, sem pratica, sem experiencia. sem matu- ridade, podem ser tecnicos? assim que perspectivamos 0 futuro? . Por um lado temos vindo a colo- car a necessidade e a importancia do estudo; mas, por outro lado, pro- movemos este tipo de aliciamento que esh em contradiqao com 0 prin- cipio «a cada um segundo 0 seu trabalho, de cada um segundo as suas capacidades». ' Tal princlpio e posto em causa quando se pretende equiparar um jovem que acaba de concluir a 9." classe eom um dirigente experi- mentado. Quando e que esse jovem teve tempo de forjar-se? Em que comba- te? Em que trabalho? Onde? · Se n6s estamos engajados numa luta de classes, quando e que esse jovem teve a oportunidade de nela participar? Portanto, isto indica-nos que po· demos perder a noyao do inimigo. No ana passado, desencadeamos a guerra contra 0 inimigo interno, que tem varias faeetas e varias me- nifesta6es. na sua actuaeo: sub- versao politics. ideologiea, alicia- mento eeon6mico e outro tipo de so- Iicita6es. Detinimos a necessidade de manter permanentemente. em nos, a clareza de quem e 0 inimigo interno. Nao podemos permitir 0 reo laxamento do sentido agudo e neces- sario do que e luta de classes. Sentimos, tambem, que podemos perder a noao do Povo a quem ser- vimos, quando ,deixamos que se ex- primam preocupa6es individualis· tas, pessois e queremos ter bene- ' ficios sem sacrificios: eolher, sem se- mear. Estamos assim a recusar 0 es- pirito de sacrificio que e exigido ao nosso Povo e que e 0 esplrito do Plano Prospectivo Indicativo. 0 Pia- no Prospectivo Indicativo e a estra- tegia de. luta pera Jibertaeo econ6- mica do nosso Pais. 0 factor funda- mental deste prano e a exigencia de sacriffeio. Quando desencadeamos um com- bate, temos de detinir correctamente os nossos objectivos. 0 Plano indi- ca-nos, pois, os objectivos que que- remos atingir. Os objectiv�s do nosso Plano nao sao individuos, mas 8im a sociedade, 0 Povo. Deveos definir correctamente a estrategia e a tactica que queremos seguir e que sirvam a nossa politica_ E toda esta discussao visava real- mente a definiao de metodos cor- rectos de aplicaeo do Plano. Mas e necessaria clareza sobre o nosso inimigo. Devemos defini-Io correctamente. Nas varias frentes em que lutamos anteriormente, sai- mos vitoriosos porque tinhamos essa c iarazii ideol6gica, a clareza dos objectiv�s, a clareza de querermos eonstruir 0 Homem Novo e de con- quistar a Independencia total e com- pleta. o Homem Novo, factor essenciaf no processo de construcao do So- cialismo, nAo esteve sempre presen- te durante as nossas discussoes. Neste processo, tal como duran- te a nossa Luta Armada de Liberta- qAo Naeional. houve, ha e havera sempre aqueles que se deixam engo- lir pela vida facil. pela comodidade e pelo conforto. As vezes, p�r incom- pet�ncia, ignorancia, ingenuidade ou aceitaqao de valores capitalistas. Quem sao os que agitam a ban- deira de aumentos salariais e que val ores defendem? Por que. neo agi- tam a bandeira do aumento da pro- du�ao e da prodtividade? Para re- solver os problemas do custo de vidae preciso promover a produyo e a produti�idade. porque, se tiver- mos produtos, a vida nao sera difi- ·cil. Esses, que agitam a. bandeira dos capitalistas, ·deixara de se ins- pirar no Povo e no sacrificio que esta sempre disposto a consentir. Deixa- am de se inspirar no eSirito de tra- balho arduo qe a grande maioria do nosso Povo sempre demonstrou. Para se coflseguir a fibertar economica e preciso execu.tar 0 plano. Exe- crlfar a p lano sigllijica. entre outras coism, cOllstruir e por a funcionar a segunda geradora de Cahora-Bassa, a instalar n mar.em Norte dc) Zombeze, cOllforme 0 ihdicam as setas. (Foto de CarlO Alberto) Deixaram, enfim, de se inspirar nas capacidades imensas do nosso Povo e no seu espirito criador. Na luta contra 0 colonialismo por- tugues. isto e. contra 0 inimigo fisico que nos oprimia e massacrava. ti- nhamos um objectivo comum, que nos unia a todos: conquistar a inde- pendelncia politica-,- Qual e agora 0 nosso objectiv�? . £ conquistar a independAncia eco- n6mica. Uma vez atingido a primeiro objectiv�, decidimos lanqarmo-nos neste combate grandioso, nesta luta sem treguas que e a independencia economica, a edificavao do Socia- lismo. Neste combate, a nossa fonle de inspiraoao e e continuani a ser a foroa irnensa do Povo, 0 seu espirito de sacrificio e 0 seu espirito de tra- balho arduo. 0 povo trabalhador tem conscienci a de que e preciso semear para colher e de que a semente nao germine imediatamente, de um die para 0 outr�. Este combate e ainda mais duro do que aquele que travamos contra o colonialismo portugues, porque se trata n�o ja de uma confrOnta9ao fisiea com 0 inimigo, mas sim de luta idebl6gica, em que 0 inimigo nao e fisico. Neste combate, 0 inimigo e 0 nosso primo, ou 0 nosso irmao que· e corrupto; 0 nosso pai que perten- ceu a estruturas opressivas; 0 nosso cunhado e 0 nosso sobrinho que lu- taram contra n6s ao lado do exercito de ocupaqAo; a nossa prima e a nossa sobrinha que foram prostitu- tas, para alimentarem 0 eerci to co- lonial; 0 nosso irmao e 0 nosso so- brinho que pertenceram Ii ANP ou que foram GE, GEP. OPV. Flechas ou -Coman dos, simbolos da morte; 0 nosso irmao, 0 nosso primo e a nosso sobrinho que participaram nos massacres contra 0 nosso povo ou que denunciaram, prenderam e mas- sacraram os mensageiros da FRE- LIMO. sao estes que agitam bandeiras contra n6s. Se tivermos condescen- d�ncja para com eles, vamos des- truir as conquistas do Povo. Por tudo isto dizemos que a nossa luta mudou de natureza e de caracter. E. entao, h8 que colocar, mais uma vez, estas· q · uestOes, fun- damentais: Quem e o inimigo? A quem servimos? Se soubermos responder corree- tamente a estas questoes; estare- mos· em condioes de defender as nossas conquistas. Estaremos em condioes de consolidar 0 Poder Po- pular, de garantir que 0 Povo exe ra o poder, de fazer triunfar 0 P.P'!.; de fazer, enfim, da presente decada a .. Oecada da Vitria sobre '0 Subde· senv6Ivimento ... A ·lA CONTINUA! lm�em do Conselho de Mintros Al NfCIAS, sexta·feira, 26 de junho de · 1981 - Dagina fres

Presidente Samora Machel no encerra·m·ento do Conselho de ......-Presidente Samora Machel no encerra·m·ento do Conselho de Ministros Na 4.L Sessiio Alargada do Conselho de Ministros,

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Page 1: Presidente Samora Machel no encerra·m·ento do Conselho de ......-Presidente Samora Machel no encerra·m·ento do Conselho de Ministros Na 4.L Sessiio Alargada do Conselho de Ministros,

- Presidente Samora Machel no encerra·m·ento do Conselho de Ministros

Na 4.L Sessiio Alargada do Conselho de Ministros, reaJizada na semana passada, 0 Presidente

Samora Machel dirigiu-se aos presentes chamando a aten�iio para dois importantes aspectos.

o primeiro focado dizia respeito ao CentraJismo Democratico. A este proposito foi recordada

a regra mais elementar daquele principio: a hierarquia, a respollsabilidade. IUais tarde, na sua

interven�io, 0 Presidente analisou varios aspectos da vida nacional, tendo situado a sua awn­

�ao sobre a defini�ao correcta do inimigo intemo. Nessa altura 0 Marechal Samora lUacbel

disse: senti-mos, nalgulls casos, ter-se perdido a no�iio do inimigo. Pela sua importancia� trans­

crevemos mais adiante 0 improviso prolluncia do pel0 Presidente da Republica no encerra·

menlo da referida 4. L Sessao. Para esse impor lante discurso chamamos a ateIl�ao dos n08SOS

leitores.

Senhores Membros do Conselho de Ministros

Senhores. Convidados

Durante est a 4.& Sesseo Alargada do Consalho de Ministros, houve de­bates extremamente vivos e ricos, que trouxeram importantes contribui­c;Oes aos documentos apresentados .nesta reuniao.

Ontem, assistimos a uma dis­cusseo pa[ticularmente interessante

todos tin ham a noc;:ao da responsa­bilidade que representa participar nesta reuniao.

Sao estas as interrogac;:Oes que devem ser respondidads em primei­ro lugar.

Quando falamos em Centralismo Demoeratieo, temos de assumir que somos n6s, nesta sala, quem repre­senta 0 Povo inteiro. Somos n6s qUem tem a responsabilidade de defender os interesses da maioria.

Mas foi p'recisamente nesta ses-

Sentimos reflectir-se aqui a preo­cupayeo de alguns sectores da po­pulayao de tirar tantos beneficios quantos possiveis sem consentir quaisquer sacrificios, de obter privi­legios sem esforc;:o e sacriticio.

Isto e urna manitestaqao de re­cusa de engajamento na nova ba­talha.

Isto significa falta de vigiJAncia sobre a natureza de classe das fon­tes que utilizamos para 0 nosso tra­balho.

A batalha contra 0 slIbdesenvolvimento serti. gallha se todos 110S empenharmos, coiectivamente, a valor;zar os nossas ;nzensas riquezas, como 0 /azem as poplIlaroes lias machambas coleclivas, conforme se pode veri/icor no grovura acima

sobre questoes referentes a polltica de Trabalho. Mas essa discussao provocou igualmente algumas inquia-tac;:6es.

.

Certos problemas que foram pos­tos nesta sala levam-nos a interro­garmo-nos se todos quantos partici­param na elaboracao do trabalho ti­nham 0 conhecimento real da situa­Cao econ6mica do nosso Pais, se

seo do Conselho de Ministros, 0 6r­gao mais elevado do Governo, onde se encontram os dirigentes do Par­tido e ·d/) Estado aos varios escalOes, que sentimos, nalguns casos, ter-se perdido a noc;:ao do inimigo.

Sentimos que, por vezes, esta­vamos envolvidos na preocupaCao de encontrar soluc;:oes que satisfac;:am situac;:6es partieulares,

E um. questio de princ ipio, 0 Cenlralismo Democratico. t preciso compreen­der bem 0 que Ii um Director Nacional. Director Provincial, Director Di8tr\lal. As qualidades para Ber Director Naclonal, Provincial e Distrilal.

Exlgencias, capacidades e,.. a responBabilidade. 0 Director Naclonal, nao preclsa de nenhuma explics.c;80, ele dlrlge nacionalmenle as 10 Provincia ••

·0 Director NacionaJ em outros Paises Ii urn Vlce-Mlnlstro. e nomeado com a concord.lncla do Presidente· da Republica. Quem nomel. 0 Director Provincial e 0 GovernadorProvincial e ·para urn seetor restrito naquela Provincia.

Nao sa pode vlolar estit regr. mals elementar do Central/smo Democratlco. A hlerarqula, a responsabilldade... 0

o Director Provincial depende em 1: lugar do Govemador, . . 0 Director Na­clonal depende· directamente do Minf$lro.

Tsmbem temos que compreender a dlstinc;:io entre 0 Oistrlto e a Provincia.

Quem dirige a Provincia? Quem dirige e coordena todDs os seclores e tem a iilti­rna palavra? Qual e a responsSbilidade do Gover'nador. em ccmparB4;so com 0

Director Naclonal?

Quem e 0 Chefe do Disltito? o Director Distrltal nio pode genhar mail! que 0 Administrador de Distrlto.

o Chefe do dlstrito e o.Adrrunistrador, C! chefe dB Provfncia e 0 Govemador, representante pessoal do Presidente da RepUbIiCa� ..

Salamos vigilantes contra· a subversio· Ideol6gica utillzando .05· vencinientos. seJamos implacaveis pera com O$propegandlstas destas ideill ••

Isto . significa que interesses indi­vidualistas, pessoais, ambiciososse infiltraram na prepara<;:ao do nosso trabalho e aqui se manifestaram.

Fahimos no custo de vida e defi­nimos as varias classificac;oes dos trabalhadores. Heft quem pense que os jovens de 15 a 17 anos que aca­bam c'1 sair da escola com a.9." OU 11." classe sao ja form ados e podem ser inciuldos no quadro de tecnicos.

Como e que esses jovens, sem pratica, sem experiencia. sem matu­ridade, podem ser tecnicos?

� assim que perspectivamos 0 futuro?

. Por um lado temos vindo a colo­car a necessidade e a importancia do estudo; mas, por outro lado, pro­movemos este tipo de aliciamento que esh em contradiqao com 0 prin­cipio «a cada um segundo 0 seu trabalho, de cada um segundo as suas capacidades». '

Tal princlpio e posto em causa quando se pretende equiparar um jovem que acaba de concluir a 9." classe eom um dirigente experi­mentado.

Quando e que esse jovem teve tempo de forjar-se? Em que comba­te? Em que trabalho? Onde?·

Se n6s estamos engajados numa luta de classes, quando e que esse jovem teve a oportunidade de nela participar?

Portanto, isto indica-nos que po· demos perder a noyao do inimigo.

No ana passado, desencadeamos a guerra contra 0 inimigo interno, que tem varias faeetas e varias me­nifestac;:6es. na sua actuac;eo: sub­versao politics. ideologiea, alicia­mento eeon6mico e outro tipo de so­Iicitac;:6es. Detinimos a necessidade de manter permanentemente. em nos, a clareza de quem e 0 inimigo interno. Nao podemos permitir 0 reo laxamento do sentido agudo e neces­sario do que e luta de classes.

Sentimos, tambem, que podemos perder a noc;:ao do Povo a quem ser­vimos, quando ,deixamos que se ex­primam preocupac;:6es individualis· tas, pessoa-is e queremos ter bene- ' ficios sem sacrificios: eolher, sem se­mear. Estamos assim a recusar 0 es­pirito de sacrificio que e exigido ao nosso Povo e que e 0 esplrito do Plano Prospectivo Indicativo. 0 Pia­no Prospectivo Indicativo e a estra­tegia de. luta pera Jibertac;eo econ6-mica do nosso Pais. 0 factor funda­mental deste prano e a exigencia de sacriffeio.

Quando desencadeamos um com­bate, temos de detinir correctamente os nossos objectivos. 0 Plano indi­ca-nos, pois, os objectivos que que­remos atingir. Os objectiv�s do nosso Plano nao sao individuos, mas 8im a sociedade, 0 Povo.

Devernos definir correctamente a estrategia e a tactica que queremos seguir e que sirvam a nossa politica_ E toda esta discussao visava real­mente a definic;:ao de metodos cor­rectos de aplicac;:eo do Plano.

Mas e necessaria clareza sobre o nosso inimigo. Devemos defini-Io correctamente. Nas varias frentes em que lutamos anteriormente, sai­mos vitoriosos porque tinhamos essa ciarazii ideol6gica, a clareza dos objectiv�s, a clareza de querermos eonstruir 0 Homem Novo e de con­quistar a Independencia total e com­pleta.

o Homem Novo, factor essenciaf no processo de construcao do So­cialismo, nAo esteve sempre presen­te durante as nossas discussoes.

Neste processo, tal como duran­te a nossa Luta Armada de Liberta­qAo Naeional. houve, ha e havera sempre aqueles que se deixam engo­lir pela vida facil. pela comodidade e pelo conforto. As vezes, p�r incom­pet�ncia, ignorancia, ingenuidade ou aceitaqao de valores capitalistas.

Quem sao os que agitam a ban­deira de aumentos salariais e que val ores defendem? Por que. neo agi­tam a bandeira do aumento da pro­du�ao e da prodiltividade? Para re­solver os problemas do custo de vidae preciso promover a produyiio e a produti�idade. porque, se tiver­mos produtos, a vida nao sera difi­

·cil. Esses, que agitam a. bandeira dos capitalistas, ·deixaratn de se ins­pirar no Povo e no sacrificio que esta sempre disposto a consentir. Deixa­!'am de se inspirar no eSl?irito de tra­balho arduo ql;le a grande maioria do nosso Povo sempre demonstrou.

Para se coflseguir a fibertari'1O economica e preciso execu.tar 0 plano. Exe­crlfar a plano sigllijica. entre outras coism, cOllstruir e por a funcionar a segunda geradora de Cahora-Bassa, a instalar nti mar.!jem Norte dc) Zombeze,

cOllforme 0 ihdicam as setas. (Foto de CarlOIl Alberto)

Deixaram, enfim, de se inspirar nas capacidades imensas do nosso Povo e no seu espirito criador.

Na luta contra 0 colonialismo por­tugues. isto e. contra 0 inimigo fisico que nos oprimia e massacrava. ti­nhamos um objectivo comum, que nos unia a todos: conquistar a inde­pendelncia politica-,-

Qual e agora 0 nosso objectiv�? .

£ conquistar a independAncia eco­n6mica.

Uma vez atingido a primeiro objectiv�, decidimos lanqarmo-nos neste combate grandioso, nesta luta sem treguas que e a independencia economica, a edificavao do Socia­lismo.

Neste combate, a nossa fonle de inspiraoao e e continuani a ser a foroa irnensa do Povo, 0 seu espirito de sacrificio e 0 seu espirito de tra­balho arduo. 0 povo trabalhador tem consciencia de que e preciso semear para colher e de que a semente nao germine imediatamente, de um die para 0 outr�.

Este combate e ainda mais duro do que aquele que travamos contra o colonialismo portugues, porque se trata n�o ja de uma confrOnta9ao fisiea com 0 inimigo, mas sim de luta idebl6gica, em que 0 inimigo nao e fisico.

Neste comb ate, 0 inimigo e 0 nosso primo, ou 0 nosso irmao q ue· e corrupto; 0 nosso pai que perten-

ceu a estruturas opressivas; 0 nosso cunhado e 0 nosso sobrinho que lu­taram contra n6s ao lado do exercito de ocupaqAo; a nossa prima e a nossa sobrinha que foram prostitu­tas, para alimentarem 0 e)(ercito co­lonial; 0 nosso irmao e 0 nosso so­brinho que pertenceram Ii ANP ou que foram GE, GEP. OPV. Flechas ou -Coman dos, simbolos da morte; 0 nosso irmao, 0 nosso primo e a nosso sobrinho que participaram nos massacres contra 0 nosso povo ou que denunciaram, prenderam e mas­sacraram os mensageiros da FRE­LIMO.

sao estes que agitam bandeiras contra n6s. Se tivermos condescen­d�ncja para com eles, vamos des­truir as conquistas do Povo.

Por tudo isto dizemos que a nossa luta mudou de natureza e de caracter. E. entao, h8 que colocar, mais uma vez, estas· q·uestOes, fun­damentais: Quem e o inimigo? A quem servimos?

Se sou berm os responder corree­tamente a estas questoes; est are­mos· em condi<;:oes de defender as nossas conquistas. Estaremos em condic;:oes de consolidar 0 Poder Po­pular, de garantir que 0 Povo exer<;:a o poder, de fazer triunfar 0 P.P'!.; de fazer, enfim, da presente dec ada a .. Oecada da ViteSria sobre '0 Subde· senv6Ivimento ...

A ·lUTA CONTINUA!

lm�em do Conselho de Ministros Alargado

NOTfCIAS, sexta·feira, 26 de junho de· 1981 -----------------------------------------------------.;:.----------- Dagina fres