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1 PROCESSO DO TRABALHO Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas NULIDADE OU DEFEITOS DOS ATOS PROCESSUAIS. I.- CONSIDERAÇÕES GERAIS E CONCEITO. Uma superficial análise de como um código de processo é estruturado, nos mostra a seqüência ordenada, iniciando com Partes e Procuradores, Ministério Público e Órgãos judiciários e Auxiliares. Após, vem o título dos Atos Processuais (forma, tempo, lugar, prazos etc). Segue o estudo dos procedimentos. Parte-se para o Processo nos Tribunais e recursos, finalizando com o Título da Execução. Todos os partícipes da relação jurídico-processual (partes (advogados) juízes) no desenrolar do processo através dos procedimentos, desde a abertura da instância até a final entrega da prestação jurisdicional, praticam atos processuais. De regra, os atos processuais são praticados numa dinâmica lógica e cronológica como, de resto, vem contemplado nos códigos ou dispositivos processuais. Dentre todos os evolvidos com a prática de atos processuais, nos atrevemos afirmar que é o Juiz o mais preocupado com a validade dos mesmos, em respeito ao princípio do devido processo legal e de sua duração razoável. Os atos processuais são espécie de ato jurídico e, por isso sujeitam-se à mesma análise quanto aos planos da existência, validade e eficácia. Além disto, sua validade está condicionada aos mesmos pressupostos para o gênero, quais sejam: Capacidade do Sujeito – manifestação livre da vontade, licitude do objeto e forma prescrita em lei. Contudo considerado o ato jurídico processual trabalhista na sua espécie estes pressupostos se adaptam a uma teoria preocupada com a simplificação que resguarde a eficácia dos atos praticados. Há uma preocupação com o aproveitamento do ato processual, sempre que possível. Neste sentido a decisão do TST: TST afasta alegação de nulidade em favor de celeridade processual Publicado em 19 de Outubro de 2005 às 16h23 Os princípios constitucionais do processo e das regras jurídicas devem ser analisados de maneira harmônica e a nulidade processual deve ser declarada

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PROCESSO DO TRABALHO Prof. Arlindo Pedro Lopes Haas

NULIDADE OU DEFEITOS DOS ATOS PROCESSUAIS. I.- CONSIDERAÇÕES GERAIS E CONCEITO. Uma superficial análise de como um código de processo é estruturado, nos mostra a seqüência ordenada, iniciando com Partes e Procuradores, Ministério Público e Órgãos judiciários e Auxiliares. Após, vem o título dos Atos Processuais (forma, tempo, lugar, prazos etc). Segue o estudo dos procedimentos. Parte-se para o Processo nos Tribunais e recursos, finalizando com o Título da Execução. Todos os partícipes da relação jurídico-processual (partes (advogados) juízes) no desenrolar do processo através dos procedimentos, desde a abertura da instância até a final entrega da prestação jurisdicional, praticam atos processuais. De regra, os atos processuais são praticados numa dinâmica lógica e cronológica como, de resto, vem contemplado nos códigos ou dispositivos processuais. Dentre todos os evolvidos com a prática de atos processuais, nos atrevemos afirmar que é o Juiz o mais preocupado com a validade dos mesmos, em respeito ao princípio do devido processo legal e de sua duração razoável. Os atos processuais são espécie de ato jurídico e, por isso sujeitam-se à mesma análise quanto aos planos da existência, validade e eficácia. Além disto, sua validade está condicionada aos mesmos pressupostos para o gênero, quais sejam: Capacidade do Sujeito – manifestação livre da vontade, licitude do objeto e forma prescrita em lei. Contudo considerado o ato jurídico processual trabalhista na sua espécie estes pressupostos se adaptam a uma teoria preocupada com a simplificação que resguarde a eficácia dos atos praticados. Há uma preocupação com o aproveitamento do ato processual, sempre que possível. Neste sentido a decisão do TST: TST afasta alegação de nulidade em favor de celeridade processual Publicado em 19 de Outubro de 2005 às 16h23 Os princípios constitucionais do processo e das regras jurídicas devem ser analisados de maneira harmônica e a nulidade processual deve ser declarada

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somente em última hipótese, quando não houver condição de ser superada. Do contrário, o processo não alcança seu fim – a pacificação social – restringindo-se ao debate jurídico desnecessário. O entendimento, expresso em voto da Ministra Maria Cristina Peduzzi, levou a Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho a afastar a nulidade por supressão de instância que havia sido declarada pela Quarta Turma do TST. A Quarta Turma havia determinado que os autos de uma ação trabalhista envolvendo a boutique Etoile Modas, do Rio de Janeiro, retornassem à Vara do Trabalho (primeira instância) para que fossem analisados pedidos decorrentes do reconhecimento do vínculo de emprego, reconhecido pelo TRT do Rio de Janeiro (1ª Região). Após declarar o vínculo, o TRT/RJ deferiu, com base em elementos de prova, parcelas rescisórias típicas da relação de emprego, como anotação na carteira de trabalho, aviso prévio, 13º salário, férias e depósitos do FGTS. A boutique recorreu ao TST, alegando ofensa ao duplo grau de jurisdição. Para a defesa, a forma processual correta seria o retorno dos autos à primeira instância para que os direitos decorrentes da relação de emprego fosse analisados por quem de direito, o juiz de primeiro grau. O argumento foi acolhido pela Quarta Turma do TST, o que levou o trabalhador a recorrer à SDI-1. Para a defesa do empregado, se o TRT/RJ tinha elementos de prova para decidir e assim o fez, não havia motivos para que os autos retornassem à Vara do Trabalho, retardando o desfecho da causa. A relatora dos embargos na SDI-1 afastou qualquer nulidade do acórdão regional, salientando que a decisão do TRT/RJ não causou prejuízos às partes. “O TRT não realizou qualquer atividade contrária aos preceitos do ordenamento jurídico. Na contemporânea teoria do processo, cada vez mais, instaura-se a concepção de que tem ele o claro intuito de realizar seu escopo sócio-político-jurídico de modo efetivo, pacificando socialmente, de modo célere, os conflitos. É esse o conteúdo do princípio da instrumentalidade do processo”, afirmou a ministra. Maria Cristina Peduzzi ressaltou que na Justiça do Trabalho só deve ser declarada nulidade quando os atos resultarem em manifesto prejuízo às partes litigantes (artigo 794, da CLT). “A nulidade somente é declarada em última hipótese, quando todas as demais possibilidades de sua superação são esgotadas. Apenas quando, na compreensão abrangente do ordenamento jurídico e de toda construção normativa não se consegue encontrar uma saída, a nulidade deve ser declarada”, afirmou a ministra do TST. De acordo com Maria Cristina Peduzzi, o TRT do Rio de Janeiro decidiu porque tinha todos os elementos para isso. Além disso, garantiu às partes direito ao contraditório e à ampla defesa. “O princípio do duplo grau de jurisdição não pode ser assumido em seu grau estritamente dogmático. Ofende o ordenamento jurídico desejar que, muito embora o TRT tenha analisado o mérito da lide com base em elementos sólidos e suficientes para seu julgamento, os autos retornem ao primeiro grau. É um claro sinal de que o processo está se esquecendo de seu fim – a pacificação social – e se perpetuando em um debate jurídico desnecessário”, conclui a ministra. (E-RR 490.169/1998.5) Fonte: Tribunal Superior do Trabalho

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O processo do trabalho prima pela simplicidade, até porque a técnica da oralidade está a serviço da celeridade e economia processuais. Por isso, preocupou-se o legislador consolidado em estipular regras à respeito das nulidades processuais, como, adiante se verá. Com isto aos defeitos do ato o direito reage com intensidade variável tendo em conta dois pontos fundamentais: a) a marcha processual – disciplina de atos coordenados (sempre para frente) e o do fim comum que perseguem. O princípio é de que o ato seja praticado com absoluta perfeição e em não ocorrendo isto, o mesmo torna-se defeituoso ou viciado em escala que possa permitir: a) ignorá-lo b) sancioná-lo extraprocessualmente c) corrigi-lo e em último caso d) invalidá-lo

Assim os defeitos dos atos jurídicos processuais podem ser situados em três patamares de acordo com sua crescente intensidade: 1) INEXISTÊNCIA - Não chega a ser defeito, pois não se pode considerar defeituoso o que sequer existiu. Exemplo disto é a sentença não assinada pelo Juiz; Recurso firmado por advogado que não atuou e sequer tem procuração no processo. Manifestação (petição), nos autos, impugnando laudo do perito do Juízo de peritos contratados pelas partes. 2) IRREGULARIDADES – Devido a carga levíssima de deformação

não têm força invalidante e por isso podem ser ignorados ou apenas, quando necessários, correção ex officio ou por provocação do interessado. É a hipótese dos erros materiais; excessos de prazos processuais pelo Juiz ou pelos órgãos auxiliares.

3) NULIDADES – Quanto a estas, no processo do trabalho,

desenvolve-se toda uma teoria no sentido de reduzir ao mínimo possível as hipóteses de reconhecimento da perda de eficácia do ato processual. São defeitos que por sua natureza provocam a

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reação da lei tendente a negar a eficácia jurídica do ato, vez que sua deformação compromete sua função no processo.

Cuida-se que, no processo do trabalho, a teoria das nulidades processuais, sempre que possível não conflita com a celeridade e a preocupação de se criar um procedimento compatível com a angústia de seu conteúdo humano e social. Procura-se eliminar os formalismos de sorte que a forma seja apenas uma proteção para o direito e não uma causa de perda para o direito.

Com isto a validade do ato jurídico deve ser encarada sob dois prisma: - De Ordem Substancial, adequando-se aos atos jurídicos em geral, no que respeita à teoria geral das nulidades e – De Ordem Formal em que o ato deve ser visto com sua tipicidade dentro do quadro dos atos jurídicos. O processo tem caráter instrumental e espírito fundamentalmente finalístico.

CONCEITO DE NULIDADE: é a privação dos efeitos do ato jurídico processual, em conseqüência da violação da respectiva lei, tendo-se em conta os requisitos de substância e de forma para ele previstos.

Como se vê a nulidade não é causa de invalidação do ato jurídico processual, mas efeito de um vício de sua formação.

As nulidades, com isto, admitem uma subdivisão ou uma classificação em absoluta ou relativa dependendo do grau de defeito que vicia o ato e a possibilidade ou não de convalidação do ato considerado defeituoso. Para tanto a doutrina adota critérios a seguir analisados. II.- CLASSIFICAÇÃO DAS NULIDADES DOS ATOS JURÍDICOS PROCESSUAIS. A doutrina se divide na formulação de dois critérios para a classificação: um mais simplista e outro mais detalhista. Primeiro Critério: a) Nulidades absoluta ou pleno jure – quando ocorre defeito

insanável que força sua eliminação. O novo ato praticado não convalida nem corrige o primeiro e sim o substitui. Deve ser declarada de ofício ou por provocação da parte, a qualquer tempo.

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b) Nulidades Relativas ou anulabilidades – decorrem de defeitos

sanáveis. O ato praticado em seu lugar convalida o defeituoso, emprestando-lhe a aptidão ausente para exercer sua função processual.

Segundo Critério: O segundo critério distingue as nulidades absolutas da relativas tendo em conta a natureza da norma processual agredida pelo ato defeituoso. Tem-se em conta três tipos de normas: a) Norma cogente de ordem pública – Cumprimento obrigatório em

nome do interesse geral (expl. Formação da relação jurídica processual – incompetência absoluta). Sua violação acarreta nulidade absoluta. Declarável por provocação da parte ou ex officio pelo juiz.

b) Norma cogente de interesse concorrente – de cumprimento obrigatório, mas com a concorrência do interesse individual da parte e do interesse geral ( expl. Representação pelo advogado em juízo: é de interesse público mas não se sobrepõe ao interesse individual da parte.) Sua violação acarreta na nulidade relativa. Declarável apenas por provocação da parte.

c) Norma Dispositiva- despida de cogência e seu cumprimento depende da exigência de quem tenha interesse individual em fazê-la cumprir. Expl. Produção de prova pelas partes. Sua violação, também gera nulidade relativa. Imagine-se o indeferimento de prova requerida pela parte. Nesta hipótese a parte deve lançar o protesto antepreclusivo como uma espécie de premissa ou prequestionamento para, em caso de prejuízo (quando da sentença) argüir a sua nulidade. Logo, depende do interesse de agir da parte associado ao prejuízo. Declarável apenas por provocação da parte.

Dentro deste critério ocorrerá a nulidade

absoluta, obrigatória e declarável, ex oficio, pelo Juiz quando a violação atinge norma cogente de interesse público. Ocorrerá a nulidade relativa declarável ex officio ou por provocação da parte quando o defeito atingir norma cogente de interesse concorrente (ou

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misto). E, finalmente, ocorrerá a anulabilidade (nulidade relativa) se atingir norma dispositiva que só dependa da provocação das partes.

No processo o estado de nulo é um estado posterior ao pronunciamento judicial, é o estado do ato após a aplicação da sanção de ineficácia. Logo, não existe ato ineficaz senão em conseqüência da declaração de nulidade que lhe tolherá a função processual.

III.- PRINCÍPIOS QUE ESTRUTURAM A TEORIA DAS NULIDADES PROCESSUAIS: a) CELERIDADE – É o princípio geral e basilar do processo do

trabalho em torno do qual geram técnicas que buscam sua concretização ( oralidade, concentração dos atos processuais etc). Busca-se, assim reprimir ao máximo a decretação de nulidade e o seu pronunciamento só ocorre quando inevitável e sua repercussão deve se restringir ao menor número de atos processuais. Vale dizer que a contaminação do ato nulo deve se cingir ao mais estreito círculo de atos processuais.

b) INTERESSE PROCESSUAL DAS PARTES – Deve ser evitada a declaração inútil, quando o interesse de argüi-las se perde na ausência de prejuízo para o argüente e, por decorrência, repele-se a argüição das nulidades por quem tiver provocado o vício do ato processual.

c) CAUSALIDADE – Deve haver um nexo causal, relação de causa e efeito entre os atos processuais contaminados e ou contamináveis e a declaração das nulidades. Com isto há uma delimitação rigorosa das repercussões da invalidação de um ato sobre a eficácia de outros atos processuais, cingindo-se a um mínimo possível.

d) INSTRUMENTALIDADE - Ora visto como Princípio Processual, ora como Técnica de procedimento à serviço da Celeridade tem contribuição direta e decisiva com a teoria das nulidades. Resulta na técnica da prevalência do fim sobre a forma na prática dos atos processuais. Determina a idéia de aproveitamento do ato mesmo nascido em desobediência à forma para ele prescrita, desde que atinja o resultado para ele previsto.

e) PRECLUSÃO – Tem papel relevante no apoio ao princípio da Celeridade. Tem a parte oportunidade para argüir a nulidade e – ao

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operar-se a preclusão temporal – a parte perde o direito de fazê-lo.

IV.- TRATAMENTO LEGAL Na CLT o tratamento é dado pelos artigos 794 a 798. No CPC a previsão é contida nos artigos 243 à 250 Existindo previsão legal específica na CLT, afasta-se a supletividade. Nota-se, na comparação dos diplomas, que substancialmente que os princípios que informam um e outro são os mesmos. Ao dissecarmos as normas segundo o tratamento doutrinário supra estudado veremos: QUANTO ÀS NULIDADES RELATIVAS. At. 794 – só haverá declaração da nulidade quando resultar manifesto prejuízo ao argüente - Princípio da celeridade e o aforisma de que não há nulidade sem prejuízo (pas de mullité sans gfrief). At. 795 – As nulidades só serão declaradas por provocação das partes. - Princípio da celeridade e deve ser interpretado em harmonia com o artigo anterior. At. 795 – 2ª parte – Argüição da nulidade na primeiro oportunidade em que o argüente falar na audiência ou nos autos. - Princípio de modo imediato da Preclusão e de modo conseqüente – da Celeridade. A argüição de nulidade deve ser explicita e não embutida no simples “protesto”. At. 796 “a” – a nulidade não será declarada, se possível repetir o ato ou suprir-lhe a falta. - Princípio da Celeridade associado ao da Instrumentalidade. At 796 “b” – A declaração de nulidade não será feita em favor de quem provocou o defeito do ato.

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- Princípio do interesse e consagra a máxima do direito romano “nemo allegans propiam turpitudinem auditur (ninguém deve ser ouvido na alegação de sua própria torpeza). At. 797 – Ao declarar a nulidade o juiz especificará os atos a que se estende. - Princípio da causalidade (nexo causal – contaminação pelo ato nulo). At. 798 – A declaração da nulidade não prejudicará senão os atos posteriores e dependentes ou conseqüentes do ato defeituoso. - Conjugação do Princípio da Celeridade com o da Causalidade. QUANTO ÀS NULIDADES ABSOLUTAS. At. 795, § 1º Deverá ser declara ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. A doutrina critica o artigo, alertando que o mesmo carece de cuidadosa interpretação, sob pena de tornar-se o preceito inoperante. Registra que não é só declarável ex officio a incompetência de foro, pois não se pode limitá-la a defeitos provindos de atuação dos órgãos jurisdicionais. Registram que, neste ponto o artigo 247 do CPC é mais claro ao prever a nulidade absoluta por vício de citação e intimações. De outra parte, é sabido que foro é o lugar onde o Juiz exerce a Jurisdição e representa, com isto, a Jurisdição Territorial. Logo, a incompetência territorial, no processo do trabalho é relativa e não absoluta, porque suscetível de modificação (prorrogação da competência) não podendo gerar, por isso, a incompetência absoluta (At. 799 da CLT). Corrigindo a falha legislativa, por via interpretativa, assevera a doutrina que a declaração ex officio das nulidades fundadas em incompetência absoluta do Juiz deve cingir-se a material, pessoal ou funcional. Os atos praticados por juiz relativamente incompetente, quando não argüida a exceção na defesa, serão rigorosamente válidos. Além disto, a nulidade absoluta não se restringe à incompetência do juiz, mas também das citações, intimações, ausência das tentativas obrigatórias de conciliação (registre-se que a

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jurisprudência evoluiu no sentido de considerar a ausência da primeira tentativa como mera irregularidade, desde que efetivada a segunda e última tentativa – logo, a segunda é que gera a nulidade absoluta e ainda que tenha havido a primeira). V.- FORMA DE ARGÜIÇÃO A argüição deve resultar de ato formal e, portanto, expresso, não se confundindo com o simples protesto da parte com o ato defeituoso. No momento da argüição deve a parte fundamentá-la. Contudo, convém ressaltar o que ocorre na praxe forense e por isso passamos a reproduzir texto que elaboramos no material pertinente às irresignações e recursos trabalhistas: 2) PROTESTO ANTEPRECLUSIVO, POR CERCEAMENTO DE DEFESA – ARGUIÇÃO DE NULIDADE PROCESSUAL. Cabimento: nas hipóteses de decisões interlocutórias, máxime quando do cerceamento de defesa com prejuízo concreto ou possibilidade de prejuízo ulterior. Funciona como um prequestionamento para, quando do recurso principal, se configurada a situação desfavorável, suscitar preliminar de nulidade. É aconselhável, quando o ato praticado pelo juiz é escancaradamente nulo que, além do protesto antepreclusivo, argua-se de imediato a anulidade dos atos processuais que se seguirem. Expl. Desrespeitado o prazo do art. 841 da CLT, em audiência a parte denuncia o fato e requer a prorrogação da audiência. O juiz indefere o requerimento ou apenas prorroga a audiência pelo tempo faltante. O ato é nulo de per si e o prejuízo, pelo desrespeito ao princípio da ampla defesa e devido processo legal, é manifesto. Forma de argüição A argüição deve resultar de ato formal e, portanto, expresso, não se confundindo com o simples protesto da parte com o ato defeituoso. No momento da argüição deve a parte fundamentá-la, este é o posicionamento de José Augusto Rodrigues Pinto. Carlos Henrique Bezerra Leite afirma ter se consagrado, na prática processual trabalhista o famoso “protesto nos autos”, mediante registro em ata; que se trata de costume processual adotado pelas partes, quando representadas por advogado; argumenta, ainda, que se a parte não suscitar a nulidade na primeira oportunidade que tiver que falar nos autos, haverá a convalidação do ato e que a nulidade em audiência pode ser argüida em razões finais, vez que a audiência trabalhista é una. Saad, no sub título “Cerceamento de Defesa”, apenas afirma que fica precluso o direito de a parte discutir, em recurso, o indeferimento da prova que não foi denunciado na primeira vez em que parte teve de falar nos autos. Como se observa o famoso protesto antipreclusivo ou por cerceamento de defesa não encontra previsão expressa em lei e, sim, decorre de praxe forense consagrada. Contudo, para

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que não haja discussão sobre a sua pertinência, deve a parte argüir a nulidade processual e, por certo, no caso de indeferimento de prova ou de algum requerimento necessário à prova e, portanto, ao deslinde do feito, tendo como fundamento o princípio da ampla defesa e devido processo legal, constitucionalmente assegurado. Releva notar que a CLT só prevê a nulidade absoluta por incompetência (não de foro como consta da lei) e sim a absoluta em razão da matéria. As demais nulidades são relativas e por isso, demandam a provocação da parte sob pena de convalidação do ato. Ora, na praxe forense, o protesto antipreclusivo tem sido argüido nas hipóteses de deferimentos ou indeferimentos que importem em cerceamento de defesa e cujo resultado só se manifesta quando da prolação da sentença. É sabido que as normas alusivas à prova são dispositivas, vez que de interesse da parte a sua produção, com o objetivo do êxito da demanda. Nenhuma das partes está obrigada a provar, tendo apenas o ônus. Em razão disto há necessidade de prequestionamento do ato processual potencialmente prejudicial, para sua renovação, em sede recursal, acaso configurado o prejuízo. Como os artigos 794 e 795 da CLT mencionam que só haverá nulidade quando resultar do ato manifesto prejuízo às partes litigantes e que as nulidades só serão declaradas, de regra, mediante provocação das partes à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos, mister se faz sejam expressa e formalmente suscitas sob pena de preclusão. Em conseqüência, na dúvida quanto a pertinência do “protesto nos autos” como remédio adequado, impõe-se, desde logo,a argüição da nulidade em qualquer hipótese de vício ou defeito do ato processual, atente o mesmo contra norma de interesse público ou privado. Assim, na praxe forense, na mais das vezes, basta o registro do protesto nos autos, não sendo exigida a fundamentação. No entanto, pode ocorrer que seja solicitado à parte argüente que fundamente sua irresignação, uma vez que o simples “protesto” consistiria numa figura processual inexistente nos códigos. Nesta hipótese, a parte deve afirmar que se trata de argüição de nulidade fundada no respeito aos princípios constitucionais do devido processo legal, em especial o da ampla defesa e, ainda, nos artigos 794/798 da CLT. VI .- OPORTUNIDADE DA ARGÜIÇÃO. Deve haver imediatidade entre o conhecimento do ato defeituoso e a argüição de sua nulidade pelo prejudicado, sob pena de operar-se a PRECLUSÃO, em favor da celeridade do processo. Deve ser argüida NA AUDIÊNCIA OU NOS AUTOS. Tem em mente a oralidade do procedimento e reconhece a existência de atos praticados fora da audiência. Exmpl. Citação ( ato ocorrido fora da audiência mas com efeitos dentro dela. Logo a primeira oportunidade é na audiência, quando deve ser feita a defesa. A citação pode ser nula por vício de forma; por não atingir o fim almejado ou por não respeitar o prazo pára defesa que deve mediar entre o ato citatório e a audiência ( 05 dias).

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VII.- CONSEQÜÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE. O Processo volta ao ponto visado pela declaração para dele recomeçar o seu caminho rumo à prestação jurisdicional. Isto mostra que o processo, em sentido figurado, assemelha-se a uma corrente cujos elos são formados pelos atos processuais. Se um deles se deteriora há um seccionamento da corrente para a substituição do elo partido por outro perfeito. Os elos que já se encontravam em seqüência posterior ao partido também, mas apenas se contaminados, são descartados e substituídos por outros destinados a seqüenciá-la até seu final que é a sentença. Veja-se, v.g. que considerada válida uma citação, ausente a parte reclamada, é decretada as penas de revelia e confissão com imediata sentença de mérito, acaso reformada a decisão e considerada nula a citação ou justificada a ausência da parte, declarar-se-á a nulidade de todos os atos processuais que se seguiram à audiência inaugural (momento da defesa) inclusive ela até a final sentença. Outra hipótese é a cominação da pena de confissão e julgamento com base em seus efeitos quando a parte não foi notificada com esta cominação. Para completar, tem-se a hipótese em que o juiz indefere a prova técnica para a verificação da existência ou não de insalubridade (prova legal – exigida por lei); após, seguindo a dilação probatória, houve juntada de documentos com vistas, realização de perícia contábil, perícia grafodocumentoscópica sobre a autenticidade ou não de assinatura ou falsidade de documento, colhida de depoimentos pessoais e de testemunhas. Proferida a sentença, houve recurso onde foi argüida a nulidade da sentença ante o indeferimento da prova técnica. O Tribunal acolhe a argüição, anula a sentença e determina a realização da perícia técnica. Contudo o ato de indeferimento da prova técnica não contaminará a juntada e vista dos documentos posteriores, a prova contábil e a prova grafoscópica (atos processuais ocorridos posteriormente ao indeferimento da prova). Contaminará, contudo, parcialmente, a prova oral (depoimento das partes e testemunhas) vez que as mesmas podem ser reinquiridas tendente a desconstituir a base fática da prova técnica que for produzida. A dificuldade na mais das vezes reside em saber quando a nulidade é absoluta e quando é relativa e por decorrência quando se opera a preclusão. Parece-nos que a medida essencial para a distinção reside: a) se o defeito atinge norma de ordem pública

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e de aplicação cogente (interesse prevalentemente público) e b) na existência do PREJUÍZO resultante à parte argüente. NULIDADE PROCESSUAL E JURISPRUDÊNCIA DO TST SUM-164 PROCURAÇÃO. JUNTADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O não-cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º do art. 5º da Lei nº 8.906, de 04.07.1994 e do art. 37, parágrafo único, do Código de Processo Civil importa o não-conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito. SUM-184 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE REVISTA. PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos. SUM-383 MANDATO. ARTS. 13 E 37 DO CPC. FASE RECURSAL. INAPLICABILIDADE (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 149 e 311 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente. (ex-OJ nº 311 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003) II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau. (ex-OJ nº 149 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998) SUM-419 COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO POR CARTA. EMBARGOS DE TERCEIRO. JUÍZO DEPRECANTE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 114 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem, unicamente, sobre vícios ou irregularidades da penhora, avaliação ou

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alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado, em que a competência será deste último. (ex-OJ nº 114 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003) SUM-427 INTIMAÇÃO. PLURALIDADE DE ADVOGADOS. PUBLICAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO DIVERSO DAQUELE EXPRESSAMENTE INDICADO. NULIDADE (editada em decorrência do julgamento do processo TST-IUJERR 5400-31.2004.5.09.0017) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo. OJ-SDI1-7 ADVOGADO. ATUAÇÃO FORA DA SEÇÃO DA OAB ONDE O ADVOGADO ESTÁ INSCRITO. AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO. (LEI Nº 4.215/1963, § 2º, ART. 56). INFRAÇÃO DISCIPLINAR. NÃO IMPORTA NULIDADE. (inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005 A despeito da norma então prevista no artigo 56, § 2º, da Lei nº 4.215/63, a falta de comunicação do advogado à OAB para o exercício profissional em seção diversa daquela na qual tem inscrição não importa nulidade dos atos praticados, constituindo apenas infração disciplinar, que cabe àquela instituição analisar. OJ-SDI1-52 MANDATO. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. DISPENSÁVEL A JUNTADA DE PROCURAÇÃO. (LEI Nº 9.469, DE 10 DE JULHO DE 1997). (inserido dispositivo e atualizada a legislação, DJ 20.04.2005) A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato. OJ-SDI1-75 SUBSTABELECIMENTO SEM O RECONHECIMENTO DE FIRMA DO SUBSTABELECENTE. INVÁLIDO (ANTERIOR À LEI Nº 8.952/1994). Inserida em 01.02.95 (inserido dispositivo, DJ 20.04.2005) Não produz efeitos jurídicos recurso subscrito por advogado com

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poderes conferidos em substabelecimento em que não consta o reconhecimento de firma do outorgante. Entendimento aplicável antes do advento da Lei nº 8.952/1994. OJ-SDI1-110 REPRESENTAÇÃO IRREGULAR. PROCURAÇÃO APENAS NOS AUTOS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010 A existência de instrumento de mandato apenas nos autos de agravo de instrumento, ainda que em apenso, não legitima a atuação de advogado nos processos de que se originou o agravo. OJ-SDI1-115 RECURSO DE REVISTA OU DE EMBARGOS. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. (nova redação, DJ 20.04.2005) O conhecimento do recurso de revista ou de embargos, quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 458 do CPC ou do art. 93, IX, da CF/1988. OJ-SDI1-120 RECURSO. ASSINATURA DA PETIÇÃO OU DAS RAZÕES RECURSAIS. VALIDADE. (nova redação, DJ 20.04.2005) O recurso sem assinatura será tido por inexistente. Será considerado válido o apelo assinado, ao menos, na petição de apresentação ou nas razões recursais. OJ-SDI1-132 AGRAVO REGIMENTAL. PEÇAS ESSENCIAIS NOS AUTOS PRINCIPAIS. Inserida em 27.11.98 Inexistindo lei que exija a tramitação do agravo regimental em autos apartados, tampouco previsão no Regimento Interno do Regional, não pode o agravante ver-se apenado por não haver colacionado cópia de peças dos autos principais, quando o agravo regimental deveria fazer parte dele. OJ-SDI1-142 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITO MODIFICATIVO. VISTA À PARTE CONTRÁRIA (inserido o item II à redação) - Res. 178/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012 I - É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária. II - Em decorrência do efeito devolutivo amplo conferido ao recurso

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ordinário, o item I não se aplica às hipóteses em que não se concede vista à parte contrária para se manifestar sobre os embargos de declaração opostos contra sentença. OJ-SDI1-200 MANDATO TÁCITO. SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO. Inserida em 08.11.00 (inserido dispositivo, DJ 20.04.2005) É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito. OJ-SDI1-255 MANDATO. CONTRATO SOCIAL. DESNECESSÁRIA A JUNTADA. Inserida em 13.03.02 O art. 12, VI, do CPC não determina a exibição dos estatutos da empresa em juízo como condição de validade do instrumento de mandato outorgado ao seu procurador, salvo se houver impugnação da parte contrária. OJ-SDI1-264 DEPÓSITO RECURSAL. PIS/PASEP. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO NA GUIA DE DEPÓSITO RECURSAL. VALIDADE. Inserida em 27.09.02 Não é essencial para a validade da comprovação do depósito recursal a indicação do número do PIS/PASEP na guia respectiva. OJ-SDI1-285 AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRASLADO. CARIMBO DO PROTOCOLO DO RECURSO ILEGÍVEL. INSERVÍVEL. DJ 11.08.03 O carimbo do protocolo da petição recursal constitui elemento indispensável para aferição da tempestividade do apelo, razão pela qual deverá estar legível, pois um dado ilegível é o mesmo que a inexistência do dado. OJ-SDI1-287 AUTENTICAÇÃO. DOCUMENTOS DISTINTOS. DESPACHO DENEGATÓRIO DO RECURSO DE REVISTA E CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO. DJ 11.08.03 Distintos os documentos contidos no verso e anverso, é necessária a autenticação de ambos os lados da cópia. OJ-SDI1-318 REPRESENTAÇÃO IRREGULAR. AUTARQUIA. DJ 11.08.03 Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias detentoras de personalidade jurídica própria,

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devendo ser representadas pelos procuradores que fazem parte de seus quadros ou por advogados constituídos. OJ-SDI1-319 REPRESENTAÇÃO REGULAR. ESTAGIÁRIO. HABILITAÇÃO POSTERIOR. DJ 11.08.03 Válidos são os atos praticados por estagiário se, entre o substabelecimento e a interposição do recurso, sobreveio a habilitação, do então estagiário, para atuar como advogado. OJ-SDI1-343 PENHORA. SUCESSÃO. ART. 100 DA CF/1988. EXECUÇÃO. DJ 22.06.04 É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988 OJ-SDI1-371 IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. SUBSTABELECIMENTO NÃO DATADO. INAPLICABILIDADE DO ART. 654, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. DEJT 03, 04 e 05.12.2008 Não caracteriza a irregularidade de representação a ausência da data da outorga de poderes, pois, no mandato judicial, ao contrário do mandato civil, não é condição de validade do negócio jurídico. Assim, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado aos autos, conforme preceitua o art. 370, IV, do CPC. Inaplicável o art. 654, § 1º, do Código Civil. OJ-SDI1-373 REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO. INVALIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU REPRESENTANTE. (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.11.2010 - IUJ-85600-06.2007.5.15.0000) - Res. 170/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010 É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha, pelo menos, o nome da entidade outorgante e do signatário da procuração, pois estes dados constituem elementos que os individualizam. OJ-SDI1-374 AGRAVO DE INSTRUMENTO. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. REGULARIDADE. PROCURAÇÃO OU SUBSTABELECIMENTO COM CLÁUSULA LIMITATIVA DE

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PODERES AO ÂMBITO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É regular a representação processual do subscritor do agravo de instrumento ou do recurso de revista que detém mandato com poderes de representação limitados ao âmbito do Tribunal Regional do Trabalho, pois, embora a apreciação desse recurso seja realizada pelo Tribunal Superior do Trabalho, a sua interposição é ato praticado perante o Tribunal Regional do Trabalho, circunstância que legitima a atuação do advogado no feito.

TST afasta alegação de nulidade em favor de

celeridade processual Publicado em 19 de Outubro de 2005 às 16h23 Os princípios constitucionais do processo e das regras

jurídicas devem ser analisados de maneira harmônica e a nulidade processual deve ser declarada somente em última hipótese, quando não houver condição de ser superada. Do contrário, o processo não alcança seu fim – a pacificação social – restringindo-se ao debate jurídico desnecessário. O entendimento, expresso em voto da Ministra Maria Cristina Peduzzi, levou a Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho a afastar a nulidade por supressão de instância que havia sido declarada pela Quarta Turma do TST.

A Quarta Turma havia determinado que os autos de uma ação trabalhista envolvendo a boutique Etoile Modas, do Rio de Janeiro, retornassem à Vara do Trabalho (primeira instância) para que fossem analisados pedidos decorrentes do reconhecimento do vínculo de emprego, reconhecido pelo TRT do Rio de Janeiro (1ª Região). Após declarar o vínculo, o TRT/RJ deferiu, com base em elementos de prova, parcelas rescisórias típicas da relação de emprego, como anotação na carteira de trabalho, aviso prévio, 13º salário, férias e depósitos do FGTS.

A boutique recorreu ao TST, alegando ofensa ao duplo grau de jurisdição. Para a defesa, a forma processual correta seria o retorno dos autos à primeira instância para que os direitos decorrentes da relação de emprego fosse analisados por quem de direito, o juiz de primeiro grau. O argumento foi acolhido pela Quarta Turma do TST, o que levou o trabalhador a recorrer à SDI-1. Para a defesa do empregado, se o TRT/RJ tinha elementos de prova para decidir e assim o fez, não havia motivos para que os autos retornassem à Vara do Trabalho, retardando o desfecho da causa.

A relatora dos embargos na SDI-1 afastou qualquer nulidade do acórdão regional, salientando que a decisão do TRT/RJ não causou prejuízos às partes. “O TRT não realizou qualquer atividade contrária aos preceitos do ordenamento jurídico. Na contemporânea teoria do processo, cada vez mais, instaura-se a concepção de que tem ele o claro intuito de realizar seu

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escopo sócio-político-jurídico de modo efetivo, pacificando socialmente, de modo célere, os conflitos. É esse o conteúdo do princípio da instrumentalidade do processo”, afirmou a ministra.

Maria Cristina Peduzzi ressaltou que na Justiça do Trabalho só deve ser declarada nulidade quando os atos resultarem em manifesto prejuízo às partes litigantes (artigo 794, da CLT). “A nulidade somente é declarada em última hipótese, quando todas as demais possibilidades de sua superação são esgotadas. Apenas quando, na compreensão abrangente do ordenamento jurídico e de toda construção normativa não se consegue encontrar uma saída, a nulidade deve ser declarada”, afirmou a ministra do TST.

De acordo com Maria Cristina Peduzzi, o TRT do Rio de Janeiro decidiu porque tinha todos os elementos para isso. Além disso, garantiu às partes direito ao contraditório e à ampla defesa. “O princípio do duplo grau de jurisdição não pode ser assumido em seu grau estritamente dogmático. Ofende o ordenamento jurídico desejar que, muito embora o TRT tenha analisado o mérito da lide com base em elementos sólidos e suficientes para seu julgamento, os autos retornem ao primeiro grau. É um claro sinal de que o processo está se esquecendo de seu fim – a pacificação social – e se perpetuando em um debate jurídico desnecessário”, conclui a ministra. (E-RR 490.169/1998.5)

Fonte: Tribunal Superior do Trabalho

Indeferir substituição de testemunhas é cerceamento de defesa

Declaração de nulidade da sentença, com direito a que sejam ouvidas as testemunhas presentes à audiência em lugar das que foram intimadas e não compareceram. Esse foi o resultado obtido pela persistência de um trabalhador, que recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho alegando que seu direito de defesa havia sido cerceado na primeira instância, quando o pedido de substituição foi indeferido pelo juiz, que também não determinou a condução coercitiva dos intimados ausentes. Agora, a Sexta Turma declarou a nulidade da sentença e determinou o retorno à Vara de origem para que sejam ouvidas as testemunhas. O argumento do trabalhador é que, apesar da intimação de três testemunhas, apenas uma compareceu à audiência. Para não comprometer a celeridade e a economia processuais, o empregado solicitou que o juiz ouvisse outras pessoas presentes, independentemente de intimação. Entretanto, apesar de seus protestos, o pedido foi indeferido, com o fundamento de que a situação não se encaixava em nenhuma das hipóteses previstas em lei. O trabalhador insistiu, alegando que “a parte tem assegurado por lei o direito de produzir prova testemunhal até sem necessidade de apresentação prévia de rol e que tal atitude do magistrado impossibilitou o autor de produzir provas a respeito dos pedidos da inicial”. O indeferimento provocou recurso ordinário, e o Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (SE) manteve o entendimento da Vara. Também para o TRT, a substituição de testemunhas apenas poderia ocorrer nas hipóteses previstas no artigo 408 do Código de Processo Civil, pois a CLT não tem normas próprias sobre o tema. Tais hipóteses, segundo o Tribunal, restringem-se a casos de falecimento ou enfermidade das

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testemunhas anteriormente convocadas, ou que, tendo mudado de residência, não foram encontradas pelo oficial de justiça. Ao considerar que o trabalhador não teve seu direito de defesa limitado, o TRT frisou, ainda, que “foram ouvidos os depoimentos pessoais do autor, do preposto, de uma testemunha autoral e que houve nos autos outros elementos de prova, suficientes à formação da convicção do julgador, a exemplo das provas documentais, não se vislumbrando o alegado cerceamento de defesa”. Mediante recurso de revista ao TST, o trabalhador conseguiu demonstrar a existência de divergência com relação ao tema e mudar o rumo do seu processo. O relator do recurso, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, entendeu que “a substituição das testemunhas se recomendaria em observância ao princípio da celeridade processual”. Além disso, ele considera que, negada a substituição, a alternativa seria a que estabelece o parágrafo único do artigo 825 da CLT: se as testemunhas regularmente intimadas não compareceram, “a condução coercitiva é obrigação que se impõe”. Não ocorrendo nenhuma das situações, a conclusão do ministro Corrêa da Veiga foi de que “o indeferimento, pura e simplesmente, cerceou o direito de defesa do reclamante, em face do artigo 5º, LV, da Constituição Federal”. Com esses fundamentos, a Sexta Turma deu provimento ao recurso do trabalhador, reformando o acórdão regional e declarando a nulidade da decisão de primeiro grau. Determinou o retorno dos autos à Vara de origem para reabrir a fase de instrução processual, ouvir as testemunhas arroladas, por meio de condução coercitiva se necessário, ou das testemunhas que comparecerem espontaneamente à audiência de instrução. RR - 989/2007-006-20-00.5 Fonte: TST TRIBUNAIS REGIONAIS TRT3 - Competência pode ser fixada no local de maior comodidade para o trabalhador Publicado em 19 de Abril de 2010 às 10h42 Interpretando o disposto no artigo 651, caput, da CLT, com enfoque na garantia constitucional de acesso ao Judiciário, a Turma Recursal de Juiz de Fora, por sua maioria, entendeu que o melhor sentido para a regra que fixa a competência para o julgamento das reclamações trabalhistas é o que busca o benefício da parte economicamente mais frágil, ou seja, o trabalhador, facilitando sua ida à Justiça e o exercício do direito de ação. Com esse fundamento, os julgadores rejeitaram a alegação de incompetência em razão do lugar, renovada pela reclamada em seu recurso, e mantiveram a competência da 2ª Vara do Trabalho de Barbacena, a qual abrange o Município de Barroso, onde o reclamante tem domicílio. A recorrente não se conformou com o fato de a reclamação ter sido julgada na cidade de Barbacena, alegando que o trabalhador foi recrutado, selecionado e admitido em Belo Horizonte, onde sempre prestou serviços e onde deveria ter sido decidida a ação trabalhista, de acordo com a regra da CLT. Entretanto, após analisar o caso, o juiz convocado Fernando Luiz Gonçalves Rios Neto concluiu que a reclamada não tem razão.

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Conforme explicou, a competência em razão do lugar leva em conta a divisão geográfica sobre a qual atua o Órgão Jurisdicional. No processo do trabalho, a regra é a fixação da competência no local da prestação de serviços, ainda que o trabalhador tenha sido contratado em outro local. As exceções ocorrem nos casos de empregado viajante comercial ou quando o empregador realiza atividade fora do lugar do contrato. O magistrado acrescentou que o reclamante não se enquadra em nenhuma dessas hipóteses. Mas o relator lembrou que o Decreto-Lei n° 5.452/43, que aprovou a CLT, foi elaborado durante a vigência da Constituição de 1937, que não garantia aos cidadãos brasileiros os significativos direitos e garantias da atual Constituição, entre eles, o amplo acesso ao Judiciário. Portanto, no seu entender, a simples ausência de previsão expressa no artigo 651, da CLT, não impede que o empregado ajuíze a ação trabalhista no local de seu domicílio, independente de onde ele tenha prestado serviços ou sido contratado. “Além disso, releva salientar que a intenção do legislador ao fixar regra de competência trabalhista foi facilitar o acesso do empregado, hipossuficiente, ao Judiciário, propiciando-lhe litigar em condições mais favoráveis e menos onerosas, não só quanto ao ingresso em juízo, como no que concerne à produção da prova e ao acompanhamento do feito” - ressaltou. O relator destacou que o reclamante mora em Barroso e não tem condições financeiras para arcar com os custos de deslocamento, hospedagem e alimentação, para acompanhar o desenrolar da ação em Belo Horizonte. E o Judiciário tem que ficar atento a essa realidade. O ajuizamento da ação em Barbacena em nada prejudicou a recorrente, que apresentou defesa, com documentos e testemunhas. Mesmo porque a reclamada não tem sede em Belo Horizonte, mas, sim, em São Paulo. “A interpretação literal do disposto no art. 651 da CLT, como defende a recorrente, acabaria por impingir grave prejuízo ao autor que poderia se ver impossibilitado de comparecer a Belo Horizonte para a promoção dos atos necessários ao trâmite da ação trabalhista, ficando impedido de reivindicar judicialmente os créditos que acredita fazer jus. Desta forma, reputo possível a tramitação da demanda na localidade de maior comodidade e conveniência para o hipossuficiente, qual seja a do seu domicílio” - finalizou, sendo acompanhado pela maioria da Turma. (nº 00856-2009-132-03-00-8) Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Validade de determinação judicial independe de sua repetição na parte final da sentença O fato de uma sentença apresentar um comando apenas na parte destinada à fundamentação, sem repeti-lo ao final do documento, onde usualmente são apresentadas as disposições do julgado, pode não invalidar a determinação legal. Desse entendimento partiu a 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul para negar provimento a um dos tópicos de agravo de petição interposto contra decisão da Vara do Trabalho de São Jerônimo. O Juiz de 1º Grau, após analisar reclamatória trabalhista, apresentou a determinação de integração das horas extras nos repousos semanais remunerados apenas na parte inicial da sentença, sem reiterá-la ao final da decisão, motivando o recurso da parte executada. Relatando o agravo, o Desembargador José Felipe Ledur ponderou que “a não repetição da imposição de integração das horas extras em repousos na parte final da sentença não tem o efeito de invalidar o comando sentencial”. Para o magistrado, no caso específico dos autos, o texto em questão apresentava nítido conteúdo de dispositivo e não de fundamentação, a despeito da posição na qual aparece na sentença.

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O Des. Ledur observou que a prática comum de apresentar as disposições ao final da sentença não impede a escolha por outra forma, mesmo porque não há previsão legal sobre o assunto, estando a parte dispositiva da sentença regulamentada não “pela forma, mas sim pelo conteúdo”. Por fim, o Relator destacou que o dispositivo final da sentença comandou que fossem observados os critérios da fundamentação, razão pela qual a “integração nos repousos resulta abarcada no deferimento”. Cabe recurso da decisão. (*) Acompanhe diariamente os principais conteúdos jurídicos em http://www.twitter.com/editoramagister Fonte: TRT 4 Recusa do sócio em assinar o auto não gera nulidade da penhora

O artigo 665 do Código de Processo Civil não faz qualquer menção acerca da obrigatoriedade da assinatura do depositário no auto de penhora. A partir da interpretação do conteúdo desse dispositivo legal, a 7ª Turma do TRT-MG concluiu que não pode ser considerada inválida a penhora pelo fato de o sócio da executada se recusar a assinar o respectivo auto. Em sua defesa, a empresa reivindicou a modificação da decisão de 1º grau, sustentando a nulidade do auto de penhora por arbitrariedade do oficial de justiça, ao nomear o sócio da executada como depositário contra a sua vontade, e também por causa da ausência da assinatura do depositário no documento. No entender do relator do recurso, desembargador Paulo Roberto de Castro, na situação em foco, não houve violação ao inciso IV, do artigo 665, do CPC. Isso porque, na interpretação do magistrado, o texto desse artigo não contém a exigência da assinatura do depositário no auto de penhora. Ele estabelece apenas que o auto de penhora conterá "a nomeação do depositário dos bens". A alegação de que o sócio não poderia figurar como depositário dos bens, porque estes não seriam de sua propriedade ou da empresa, também foi rejeitada pelo desembargador. Isso porque a executada não pode defender a eventual propriedade de bens de terceiro, cabendo somente a este discutir em juízo sua pretensão, através de medida própria. “Lado outro, ainda que nulidade houvesse em razão do auto de depósito não ter sido assinado pelo depositário, o que se admite apenas por argumentar, não poderia ela ser acolhida, uma vez que não se pronuncia a nulidade quando argüida por quem lhe tiver dado causa (artigo 796, "b", da CLT)” – concluiu o relator, negando provimento ao recurso da empresa. ( AP nº 00166-2007-107-03-00-7 )

(*) Acompanhe diariamente os principais conteúdos jurídicos em http://www.twitter.com/editoramagister

Fonte: TRT 3