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PROFISSÕES DE RISCO Filipa Isabel Azevedo Coimbra, Dezembro de 2007

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PROFISSÕES DE RISCO

 

Filipa Isabel Azevedo Coimbra, Dezembro de 2007

 

Faculdade de Economia da 

Universidade de coimbra

Filipa Isabel De Oliveira Azevedo

Nº de estudante - 20070937

PROFISSÕES DE RISCO

Enfermagem, uma profissão exposta a diversos factores de risco

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação

Sociológica, do 1º ano do curso de Sociologia, leccionada pelo

Doutor Paulo Peixoto, na Faculdade de Economia

da Universidade de Coimbra

Coimbra, Dezembro de 2007

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 1

2. ESTADO DAS ARTES 3 2.1 RISCOS FÍSICOS 3 2.2 RISCOS BIOLÓGICOS 4 2.2.1 O enfermeiro face ao risco biológico 7 2.2.2 Contacto acidental com produtos biológico 8 2.2.3 Acidentes de trabalho 9 2.3 RISCOS PSICOLÓGICOS 10 3. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA 12 4. FICHA DE LEITURA 14 5. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET 18 6. CONCLUSÃO 19 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21 ANEXOS ANEXO A

“Definição do campo ou a procura de um modelo”, capítulo do livro

Sociologia das Profissões. (Fotocopiado)

ANEXO B

Página da Internet Avaliada.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 1 

 

 

 

  

1. INTRODUÇÃO

O trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação

Sociológica, subordinada ao tema “Profissões de Risco” é complexo, uma

vez que todas as profissões comportam um risco potencial.

Dentro dos temas que me foram propostos, para a realização de um

trabalho em suporte escrito e magnético, no seguimento do regime de

avaliação contínua, optei por realizar uma abordagem sobre «Enfermagem,

uma Profissão exposta a vários factores de risco». A minha escolha incidiu

neste tema porque é uma área que me desperta muito interesse.

Não existem actividades isentas de risco, todas as ocupações ou

vivências quer lúdicas, quer profissionais comportam um certo risco. Todas

as actividades num processo produtivo têm um risco específico, risco

ocupacional que importa conhecer para melhor intervir.

A profissão de enfermagem, como qualquer outra profissão, não está

isenta de riscos, estando exposta a diversos riscos de natureza física,

biológica, química e psicossocial, factores estes, que contribuem de forma

categórica para a ocorrência de doenças de doenças de carácter etiológico

multifactorial, colocando a enfermagem no grupo das profissões de risco.

A enfermagem, enquanto profissão do cuidar, comporta actividades

de manutenção, elevação e transporte de cargas, que lhe são inerentes. A

enfermagem é a ciência do cuidar, daí que, que se pode definir como o

cuidar para a autonomia do ser humano, enquanto utente dos cuidados de

saúde (wikipedia, 2007). Assim sendo, o profissional de enfermagem

depara-se com indivíduos portadores de variados graus de dependência e

muitas vezes encontram-se no limiar da dependência total (Rodrigues e

Ferreira, 1999). Neste contexto, equacionam-se dificuldades relacionadas

com a necessidade de movimentar, posicionar, elevar e manusear fluidos,

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 2 

 

mas que podem ser controlados e modificados com a educação contínua,

controlos eficazes e uso de dispositivos de segurança.

Este trabalho baseia-se numa pesquisa de modo a compreender quais

os riscos a que estes profissionais estão sujeitos.

Assim sendo, o trabalho está dividido da seguinte forma: em primeiro

lugar apresento o subtema escolhido, “Enfermagem, uma profissão exposta

a diversos factores de risco, seguidamente os riscos inerentes a esta

profissão entre os quais salienta-se: riscos físicos, riscos biológicos, o

enfermeiro face ao risco biológico, contacto acidental com produtos

biológicos, acidentes de trabalho e riscos psicológicos.

Consequentemente, para desenvolver este trabalho, fiz uma descrição

detalhada da minha pesquisa, realizei ainda uma ficha de leitura do capítulo

1 “Definição do campo ou a procura de um modelo” do livro SOCIOLOGIA

DAS PROFISSÕES. Por fim, fiz a avaliação de uma página da internet.

Concluído o trabalho fiz a sua apreciação global.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 3 

 

2. ESTADO DAS ARTES 2.1 RISCOS FÍSICOS

As novas tecnologias aumentam a necessidade de uma maior atenção

relacionada com a identificação, avaliação e controlo das condições de risco

existentes no local de trabalho.

O profissional de enfermagem encontra-se exposto a uma grande

variedade de riscos de natureza física que contribuem de forma decisiva

para a ocorrência de diversas doenças, colocando a enfermagem no grupo

das profissões desgastantes e de risco (Rodrigues e Ferreira, 1999; Pereira

et al 2001).

A estrutura física das unidades, o equipamento utilizado e a adopção

de procedimentos incorrectos podem estar na origem de certos riscos

profissionais. As fontes de ruído, alarmes de monitores, manuseamento de

materiais, alterações térmicas constituem outros factores a ter em

consideração.

O processo de transferência e posicionamento de utentes são

susceptíveis de causar problemas músculo-esqueléticos, sendo importante a

adopção de posturas correctas, assim como, o respeito pelas normas de

utilização de todos os materiais e equipamentos. O risco de carga física é

difícil de suprimir em absoluto. Existem sempre utentes com os mais

variados graus de dependência, pelo que se impõe algumas medidas

preventivas para minimizar os riscos físicos.

Assim sendo, os enfermeiros devem adoptar algumas medidas de

prevenção, nomeadamente:

Reduzir ao máximo o tempo de exposição a radiações;

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Usar aventais, luvas e protectores da tiróide de chumbo quando

necessário;

Ensino e aquisição de conhecimentos adequados de técnicas e

posturas de trabalho;

Uso de equipamentos adequados facilitadores.

2.2 RISCOS BIOLÓGICOS A preocupação com os riscos biológicos surgiu a partir do agravamento

do estado de saúde dos profissionais que exerciam actividades em

laboratórios, onde ocorria a manipulação de microorganismos e material

clínico. Para os profissionais que actuam na área clínica, somente a partir da

epidemia da SIDA nos anos oitenta, foram estabelecidas as normas para as

questões de segurança no ambiente de trabalho.

A responsabilidade pela segurança biológica nas unidades de saúde

pertence às instituições e aos seus profissionais em conjunto. As instituições

devem assegurar protecção adequada e sem custos para os trabalhadores,

mas estes serão considerados negligentes se ignorarem as normas

estabelecidas e não seguirem os procedimentos indicados. Estes riscos

devem ser minimizados através de informação e acções de maneira a criar e

manter um ambiente de trabalho seguro, beneficiando deste modo a equipa

de saúde, o doente, o meio ambiente e a comunidade (Carvalho, 1998: 26).

A consciência de que determinados RH (sangue, secreções, material

ionizado, produtos químicos e tecidos humanos), enquanto focos de

contaminação constituem perigo para a saúde pública, tornou-se pertinente,

a partir do desenvolvimento de graves doenças transmissíveis, como a

síndrome da Imunodeficiência adquirida, (SIDA) e a Hepatite B.

O trabalho numa unidade de saúde poderá envolver riscos para o

enfermeiro e para o utente, para a comunidade e para o meio ambiente. Os

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 5 

 

enfermeiros podem desenvolver uma acção eficaz, no seu local de trabalho

com benefícios para todos.

Após o conhecimento de que se podia contrair a SIDA através da

exposição ao sangue ou aos fluidos corporais, a preocupação com a

segurança biológica dos profissionais de saúde e das populações aumentou

significativamente. Desta forma, surgem então, programas de segurança

biológica como meio de consciencializar os enfermeiros, para o perigo de

infecção e contaminação no manuseamento de sangue e derivados

(Carvalho, 1998: 26).

Os resíduos produzidos nas unidades de saúde passam também a

ser considerados como perigosos para a saúde dos profissionais, para a

saúde pública e para o meio ambiente, uma vez que causam riscos no

transporte e eliminação final dos detritos infecciosos e perigosos.

Aparecem sobretudo indicações, com o objectivo de minimizar

potenciais riscos de infecções para os profissionais, ao mesmo tempo que

são colocados meios à disposição, para manter o ambiente de trabalho mais

seguro. Estas recomendações abordam essencialmente: procedimentos

seguros, caracterização dos profissionais de risco, aplicação de programas

de educação e preparação às pessoas expostas e vigilância, registos,

investigação e aconselhamento dessas pessoas (Carvalho, 1998: 24).

O mesmo autor considera, três níveis de risco biológico que podem

ser encontrados numa área de trabalho de saúde:

Nível 1 – trabalho com agentes sem problemas, ou com um número

mínimo de problemas numa área para o pessoal;

Nível 2 – trabalho com agentes potencialmente perigosos para o

pessoal e para o meio ambiente (muito do trabalho com sangue pertence a

este nível de risco);

Nível 3 – trabalho com agentes que podem causar doenças mortais

como resultado da sua exposição.

Carvalho (1998: 24) aponta ainda produtos e agentes infecciosos que

estão presentes na área de trabalho de saúde entre os quais salienta:

sangue e seus componentes, soros, fezes, exsudados, secreções, vómitos,

vírus da hepatite. Ainda de acordo com os agentes infecciosos, o risco de

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 6 

 

transmissão através do sangue está relacionado com a prevalência de

indivíduos infectados na população, com a frequência de exposição aos

instrumentos e equipamentos contaminados, com a infecciosidade relativa

dos vírus e com a concentração destes no sangue.

Os profissionais que integram equipas com risco de exposição devem

receber formação inicial e periódica de forma a:

  Compreender os mecanismos de transmissão do HIV e do HVB;

Conhecer tipos de equipamento de protecção apropriados ao trabalho em

que existe risco de infecção, compreendendo os limites desse equipamento

(por exemplo: as simples luvas de látex não protegem contra as picadas de

agulhas);

Conhecer quais as atitudes correctas a adoptar;

Saber quais as pessoas a contactar em caso de exposição acidental ao

sangue ou a outros materiais infectantes;

Saber como se elabora correctamente um relatório de acidente e qual a

monitorização recomendada em caso de exposição parenteral (Carvalho.

1998: 26).

Carvalho (1998) refere a necessidade de cuidados com os detritos se

há produção de lixos vulgares sem qualquer problema na sua eliminação.

Há, porém, resíduos químicos, infecciosos e detritos cortantes cuja

eliminação aumenta problemas epidemiológicos relacionados com doenças

transmissíveis.

Resíduos perigosos são todos aqueles que se definem como sendo

lixo sólido ou combinação de lixos, os quais devido à sua concentração,

características físico-químicas e infecciosas, constituem um risco substancial

ou potencial para a saúde humana ou para o meio ambiente, quando

incorrectamente tratados, conservados ou tratados.

Considera-se portanto, lixo infectado: lixo dos isolamentos, culturas e

conjunto de agentes biológicos, sangue ou produtos sanguíneos, lixos

patológicos, lixos de cirurgias ou autópsias, lixos laboratoriais contaminados,

agulhas usadas, lixos de unidades de diálise, componentes corporais,

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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 7 

 

amostras biológicas inutilizadas, alimentos, produtos e equipamento

contaminado.

2.2.1 O enfermeiro face ao risco biológico É indispensável que se tenha presente que os factores de risco

biológico a que se encontram expostos os enfermeiros não são

exclusivamente a SIDA e a Hepatite B, embora quando se aborda esta

problemática no essencial as pessoas esperam ouvir falar da prevenção

destas duas doenças (Sociedade Portuguesa de Pneumologia, 1999: 100).

A atitude de discriminação da sociedade perante minorias com

doenças infecto-contagiosas assenta muitas vezes numa convicção

presumida e nem sempre justa de que existe uma relação entre

determinadas doenças e o comportamento imoral dos portadores dessas

doenças, nomeadamente, nas doenças sexualmente transmissíveis, como é

o caso da SIDA e da Hepatite B. A atitude dos profissionais de saúde acaba

inevitavelmente por ser de algum modo influenciada pela postura da

sociedade em geral (Walsh, 1993: 14).

Os medos infundados acerca da SIDA vêm-se prolongando nos últimos

anos e têm contribuído para a descriminação destas minorias, por parte

destes profissionais. A investigação que tem sido feita ultimamente neste

campo tem demonstrado que os medos e atitudes negativas têm uma

representatividade suficientemente abrangente para despertar preocupação

(Van Servellen citado por Walsh, 1993: 16).

Os riscos para a saúde relacionados com o trabalho dependem com o

tipo de actividade profissional e das condições em que a mesma é

desempenhada. Os serviços de saúde e, de um modo particular, os hospitais

proporcionam aos enfermeiros condições de trabalho reconhecidamente

piores, das verificadas na grande maioria dos restantes sectores da

actividade. Para além dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais

propriamente ditas, a actividade de enfermagem contribui, de forma decisiva,

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 8 

 

para a ocorrência de doenças de matriz etiológica multifactorial (Gaspar,

1997: 24).

Os trabalhadores da área da saúde, nomeadamente os enfermeiros, que

trabalham com doentes portadores de SIDA, estão sujeitos a um enorme

stress. Nos dias que correm, nenhuma outra doença deu azo a tanta

frustração, ressentimento e ansiedade ou exigiu tanta compaixão,

inteligência, altruísmo e integridade dos profissionais de saúde (Fineberg

citado por Walsh, 1993: 14). Ainda segundo o mesmo autor, a SIDA tornou

patente um conceito novo: o medo de contágio. Uma resposta ansiosa à

ameaça sentida de contrair a doença conduz muitas vezes a um

comportamento irracional. A SIDA faz surgir todas as reacções emocionais

preconceituosas e por vezes desequilibradas. Esses preconceitos podem

influenciar também o desenvolvimento de relacções terapêuticas com

doentes e afectar a qualidade e condições das interacções

enfermeiro/doente. Meisenhelder e la Charite, citado por Walsh (1993),

refere que o medo da SIDA estimula um comportamento, que se caracteriza

por expressões de ansiedade, absentismo, precaução extrema e falta de

consideração pelo utente.

2.2.2 Contacto acidental com produtos biológicos O acidente com materiais biológicos tem sido um problema

frequentemente vivenciado pelos profissionais de saúde, sendo que os

acidentes com material perfuro-cortante são os mais comuns e atingem na

maioria dos casos a classe da enfermagem (Branson, 1995: 23).

A proliferação da SIDA e da Hepatite B tem gerado nos profissionais

da área da saúde preocupação com a ocorrência de acidentes com material

biológico, levando a reacções de medo, stress, preconceito e estigma

(Walsh, 1993: 16).

Segundo um estudo efectuado por Branson (1995), a incidência de

acidentes perfuro-cortantes é mais elevada nos enfermeiros.

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2.2.3 Acidentes de trabalho

Todo o acidente de trabalho é precedido de uma disfunção, seja ao nível

humano, técnico ou do próprio ambiente que envolve o trabalho (Alfonso et

al. 1992: 3). De acordo com Miguel (1991), acidente é um acontecimento

não controlado no qual a acção ou reacção de um objecto, substância,

indivíduo ou radiação, resulta num dano pessoal ou na probabilidade de tal

ocorrência.

Os serviços de saúde e, de modo particular, os hospitais constituem

instituições bastantes peculiares, concebidas quase exclusivamente em

função das necessidades dos utentes. Dotados de sistemas técnicos e

organizacionais muito próprios, instalações exíguas para as necessidades,

proporcionam na maioria das vezes aos seus trabalhadores condições de

trabalho precárias. Também o contacto sistemático com a tríade doença,

sofrimento e morte, associada à complexidade dos actos médicos e de

enfermagem, tais como o grau de responsabilidade inerente a um sem

número de decisões, ao trabalho por turnos e ainda deficiente qualidade dos

equipamentos, provoca cansaço e desgaste excessivo culminando muitas

vezes com acidentes de trabalho (Cardim e Counhago, 1992).

O acidente em serviço verifica-se no decurso da prestação de trabalho

pelos trabalhadores da função pública, no local e tempo de trabalho, que

produza directamente ou indirectamente lesão corporal, perturbação

funcional ou doença, de que resulte redução na capacidade de trabalho ou

de ganho ou morte. O acidente em serviço é todo o que ocorre nas

circunstâncias em que se verifica de trabalho, incluindo o ocorrido no trajecto

de ida e de regresso para, e do local de trabalho. Pode considerar-se ainda

como acidente em serviço, o incidente ou acontecimento perigosos de que

venha a resultar lesão corporal, perturbação funcional ou doença, em que se

comprove a existência do respectivo nexo de causalidade.

Incidente em Serviço é todo o evento que afecta determinado

trabalhador, no decurso do trabalho ou com ele relacionado de que não

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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 10 

 

resultem lesões corporais diagnosticadas de imediato ou em que estas só

precisem de primeiros socorros.

O Acontecimento Perigoso é todo o evento, que sendo facilmente

reconhecido possa constituir risco de acidente ou de doença para o

trabalhador, no decurso do trabalho ou para a população em geral.

2.3 RISCOS PSICOLÓGICOS A profissão de enfermagem caracteriza-se pela diferenciação técnica,

interdisciplinaridade, pela agregação constante de tecnologia e consequente

necessidade de actualização contínua. Desta forma, os enfermeiros ao longo

da sua actividade profissional, encontram-se expostos aos variados riscos

como já foi referido, entre os quais, salientam-se os riscos psicológicos

(Sousa et al, 2004).

Os riscos psicológicos resultam num normal desgaste do organismo em

consequência directa ou indirecta da actividade desenvolvida e podem ser

consideradas doenças profissionais.

Os enfermeiros são um dos grupos profissionais na área da saúde mais

expostos ao stresse e às respectivas consequências. As situações de

pressão em contexto de urgência/emergência exigem eficiência e actuação

rápida, a escassez de tempo e a falta de recursos humanos, os conflitos

interpessoais inerentes em qualquer situação, contacto próximo como

sofrimento e a gravidade do estado de saúde do ser humano levam

frequentemente à exaustão física e psíquica com as respectivas implicações

ao nível da vida pessoal familiar e social, responsáveis por grande parte dos

conflitos dentro e fora do local de trabalho (Correia, 2000; Ferreira et al.,

1998).

Mais ainda, o trabalho por turnos pode provocar alterações orgânicas ao

nível do aparelho digestivo e circulatório, pode causar problemas de sono e

do foro psicológico manifestando-se através do humor, neurose, ansiedade e

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depressão que podem potenciar problemas sócio-familiares e ainda afectar a

qualidade de vida e de saúde dos enfermeiros, o que influencia de certa

forma a sua actividade profissional.

Assim sendo, segundo (Ferreira et al., 1998; Rodrigues e Ferreira, 1999)

é pertinente adoptar algumas medidas que podem ser úteis na prevenção de

riscos psicossociais, entre os quais se salienta: a identificação da origem do

stresse, adopção de medidas de auto-cuidado (repouso, alimentação

adequada, exercício físico regular e ingestão hídrica, descanso, diversão,

relaxamento, sono adequado, melhorar os aspectos da comunicação de

forma a minimizar os potenciais factores de riscos mencionados.

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3. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA Para a realização deste trabalho, em primeiro lugar escolhi o tema

“Profissões de Risco” e o subtema “Enfermagem, uma profissão exposta a

diversos factores de risco”, pois é, uma área que me desperta algum

interesse.

De seguida procurei relembrar alguns conhecimentos adquiridos

anteriormente, para poder estruturar o meu trabalho. Antes de prosseguir

com a minha pesquisa organizei o trabalho nos seguintes pontos:

Riscos físicos

Riscos biológicos

O enfermeiro face ao risco biológico

Riscos psicológicos

Estes pontos não são a estrutura final do meu trabalho, apenas linhas

orientadoras para efectuar a minha pesquisa sem me desviar do tema

principal.

A minha pesquisa teve início na Biblioteca do Centro Hospitalar de

Coimbra (Covões). Optei por este recurso, pois o tema que escolhi é de

natureza científica e encontraria informação com mais facilidade neste local.

Ao fazer a pesquisa nesta Biblioteca encontrei uma enorme diversidade

de material, essencialmente revistas científicas e livros.

Posteriormente utilizei palavras-chave tais como: profissões de risco,

factores de risco e riscos profissionais, para efectuar a pesquisa na internet.

Os motores de busca que utilizei foram o Google e o Altavista, recurso

utilizado apenas como um complemento de informação e não como fonte

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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 13 

 

principal, devido ao grande ruído obtido e à dificuldade de verificar a

fiabilidade e actualidade do material contido nas páginas da internet.

No seguimento da minha pesquisa, fui a outras bibliotecas, como a

Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra,

Biblioteca Geral, de modo a encontrar mais informação em suporte escrito.

No final deste trabalho mencionarei todas as fontes utilizadas para a

elaboração do mesmo.

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4. FICHA DE LEITURA Título da publicação: Sociologia das Profissões

Autor: Maria de Lurdes Rodrigues

Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra

Data da publicação: 1997

Local de edição: Oeiras

Título do capítulo: “Definição do campo ou a procura de um modelo”

Cota: – C – 37908

Número de páginas: – 7 – 33

Assunto: – Profissões

Palavras-chave – profissões de risco, riscos profissionais

Data de leitura – 17 de Dezembro de 2007 Observações – nenhuma a registar

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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 15 

 

NOTAS SOBRE O AUTOR Maria de Lurdes Rodrigues é a autora do livro Sociologia da Profissões.

Nascida a 19 de Março de 1956, em Lisboa.

Licenciou-se em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do

Trabalho e da Empresa (ISCTE) em 1984.

Fez o Doutoramento em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do

Trabalho e da Empresa (ISCTE) em 2003).

Maria de Lurdes Rodrigues é a actual ministra da Educação.

RESUMO No capítulo analisado “Definição do Campo ou a Procura de um Modelo”,

embora não tenha feito referência ao logo do trabalho, contribui

significativamente para a minha formação.

Inicialmente a autora coloca uma questão interessante, “O que é uma

profissão?”

Ao longo deste capítulo é analisado: do funcionalismo: as profissões

como modelo; do interaccionismo: as profissões como processo; o conceito

de profissionalização; profissões e organizações: os engenheiros; profissões

e desenvolvimento económico.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 16 

 

ESTRUTURA A autora do capítulo, num primeiro momento coloca a interrogação: O

que é uma profissão?

Esta questão constitui uma preocupação para vários autores que têm por

objectivo identificar características, atributos ou traços e definir o ideal de

profissão.

Todas as profissões são classificadas tendo em conta as suas

características, organização e o modo de funcionamento.

Para Carr-Saunders e Wilson, a preocupação primordial foi identificar

características que permitiam fazer a distinção entre as diferentes

profissões. Assim sendo, a constituição das profissões decorreria de: “uma

especialização de serviços (...) ”, “criação de associações profissionais (...) ”;

“estabelecimento de uma formação específica (...) ”.

Parsons foi talvez o primeiro sociólogo a focar o fenómeno das

profissões em termos teóricos.

Google foi discípulo de Parsons e um dos importantes contributos foi a

distinção no conjunto de vários atributos das profissões e a interdependência

sociais e relacionais entre eles.

Assim, as profissões seriam determinadas por dois elementos, o

conhecimento profissional e o ideal de serviço.

Merton dá um forte impulso à teoria funcionalista das profissões e

explicará o funcionamento das mesmas.

Num segundo momento é abordado as profissões como processo. De

acordo com Hughes, a profissionalização é um processo de afirmação de

ocupações.

Num terceiro momento é focado o conceito de profissionalização.

Wilensky define profissão como uma “ocupação que exerce autoridade e

jurisdição exclusiva simultaneamente sobre uma área de actividade e de

formação ou conhecimento”.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 17 

 

O conceito de profissionalização de Wilensky é na actualidade o mais

utilizado na literatura da Sociologia da Profissões.

Kerr e Ritzer diferenciam no modelo profissional, as dimensões das

atitudes das dimensões culturais.

Num quarto momento é abordado as profissões e organizações: os

engenheiros. Os profissionais e as organizações chocam em virtude da

pressão que as organizações exercem sobre o trabalho profissional.

Kornhauser expõe algumas medidas que podem ter sido tomadas nas

organizações. Barber argumenta a favor da existência de conflito entre

profissões e organizações, e assim cria medidas para reduzir os conflitos

existentes entre profissões e organizações.

Em suma, para os autores, a carreira técnica é um meio para impor o

profissionalismo com o modelo dentro de uma organização. Goldeberg,

Baker e Rubenstein desenvolveram uma pesquisa empírica. Os resultados

que obtiveram, os indivíduos não escolhem entre orientações

organizacionais e profissionais, mas diferem no modo como procuram a

gratificação pessoal.

Num último momento é focado as profissões e o desenvolvimento

económico. Para Evan, o desenvolvimento económico moderno origina o

progresso tecnológico.

No meu entender, este texto apresenta-se bem construído e penso que é

um texto que aborda um tema actual e interessante.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 18 

 

5. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET

A página da Internet que escolhi para fazer a minha análise foi: <http://www.riscobiologico.org/riscos/riscos.htm>.

No meu ponto de vista é uma página bem elaborada, pois permite

visualizar outros subtemas extremamente interessantes.

Ao aceder à página constatei que é um sítio acessível, de fácil

navegação, no qual encontramos informação bastante completa e com um

menu que contém vários ícones que nos permite aceder a diferentes

subtemas sem quaisquer tipos de problemas.

A página em questão é actual (2007) e o tema em estudo também é

muito actual.

A informação contida nesta página, de certo modo orientou-me na

escolha de pontos que iria abordar ao longo deste trabalho.

Há que realçar outro aspecto, o facto da página se encontrar escrita em

português, o que facilita imenso o acesso a qualquer pessoa.

Concluo fazendo uma avaliação positiva da página em questão, quer

pelo auxílio que me deu na orientação do trabalho, quer na realização do

mesmo, assim como pela sua acessibilidade.

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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 19 

 

6. CONCLUSÃO

Ao concluir este trabalho alusivo a “Profissões de Risco” e mais

concretamente “Enfermagem, uma profissão exposta a diversos factores de

risco”, fiquei com a noção, que para além dos riscos inerentes, as atitudes e

os comportamentos que os enfermeiros adoptam são de importância fulcral,

par uma práctica adequada, assim como, para minimizar riscos e evitar

alguns acidentes.

A enfermagem é sem dúvida, uma profissão, cujo risco está associado a

múltiplos factores. O grau de risco está sempre presente, quer seja ao nível

da exposição, quer seja a contágio, quer a actos de violência por parte dos

utentes ou dos seus familiares.

Segundo Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses:

«a natureza dos episódios de agressão para com os enfermeiros é

variada, sendo a mais comum a agressão verbal». Esclarece ainda

que: entre as maiores ameaças de que os enfermeiros são alvos

figuram as picadas, quedas, contusões, problemas osteomusculares

e os acidentes de viação, com os enfermeiros que fazem domicílio»

(Mateus e Antunes, 2006).

Segundo a mesma fonte, em Portugal, a questão dos riscos profissionais

associada à prática de enfermagem é pouco estudada e em consequência

existem poucas medidas de prevenção.

Não obstante esta ser uma temática um pouco difícil de abordar, pela

inexperiência na práctica de elaboração de trabalhos de pesquisa, este

estudo foi uma oportunidade de aprendizagem, não só pela pesquisa, mas

acima de tudo pelas informações obtidas e pela reflexão que me foi possível

fazer.

Espero que este trabalho suscite, a quem o leia, atenção e sensibilidade

acerca da enfermagem, como profissão exposta a diversos factores de risco.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 20 

 

O presente trabalho, sustentado teoricamente nas suas diversas

componentes é uma mais valia, que permitirá obter ganhos acrescidos para

o desenvolvimento de conhecimentos, mais especificamente na área da

sociologia das profissões.

Acredito ter desenvolvido um trabalho válido, ao procurar que a

abordagem teórica realizada permitisse a compreensão e fundamentação

das opções adoptadas.

Profissões de Risco

Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 21 

 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOTECAS

LIVROS

Alfonso, António Lopez e tal (1992), Manual de Seguridade en el Trabajo. Madrid. Editorial Mapfre.

Cardim, Luís Filipe; Counhago, Américo (1992), Higiene no local de trabalho: conceitos. Lisboa: IEFP:

Miguel, Alberto (1991), Manual de higiene e segurança no trabalho. Porto: Porto Editora.

Rodrigues; Maria de Lurdes (1997), “Definição do campo ou a procura de um modelo”. Sociologia das Profissões. Oeiras: Celta, 1-33.

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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 22 

 

REVISTAS CIENTÍFICAS

Araújo, A. Teles (1999), “Ambiente Urbano e Saúde (III) – Os Hospitais”. Sociedade

Portuguesa de Pneumologia, 18.

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