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PROGRAMAÇÃO GERAL 18/07/2011 SEGUNDA 19/07/2011 TERÇA 20/07/2011 QUARTA 21/07/2011 QUINTA 22/07/2011 SEXTA 08h30-10h00 MESAS-REDONDAS BLOCO 1 MESAS-REDONDAS BLOCO 2 MESAS-REDONDAS BLOCO 3 MESAS-REDONDAS BLOCO 4 10h00-10h30 INTERVALO INTERVALO INTERVALO INTERVALO 10h30-12h30 SIMPÓSIOS MANHÃ 1 SIMPÓSIOS MANHÃ 2 SIMPÓSIOS MANHÃ 3 SIMPÓSIOS MANHÃ 4 12h30-14h30 ALMOÇO ALMOÇO ALMOÇO ALMOÇO 14h30 - 16h30 SIMPÓSIOS TARDE 1 SIMPÓSIOS TARDE 2 SIMPÓSIOS TARDE 3 SIMPÓSIOS TARDE 4 16h30 - 17h00 INTERVALO INTERVALO INTERVALO INTERVALO 17h00 - 18h30 CREDENCIAMENTO DOS INSCRITOS CONFERÊNCIA MAGNA 1 OTTMAR ETTE Universität Potsdam Alemanha CONFERÊNCIA MAGNA 2 SANDRA VASCONCELOS Universidade de São Paulo Brasil ASSEMBLÉIA GERAL DA ABRALIC CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO JOSÉ LAMBERT Université de Leuven, Bélgica Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil 18h30 LANÇAMENTO DE LIVROS Reunião do Conselho Fiscal da ABRALIC LANÇAMENTO DE LIVROS 19h00 - 21h00 SOLENIDADE DE ABERTURA e CONFERÊNCIA INAUGURAL AIJAZ AHMAD Centre of Contemporary Studies - Nehru Memorial Museum and Library Índia JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO (por adesão) 20h30 XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA – CENTRO, CENTROS: ética,estética 18 a 22 de julho de 2011 – Curitiba, Paraná – ABRALIC – GESTÃO 2009-2011 – UFPR – UEL – UEPG

Program a Cao

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  • PROGRAMAO GERAL

    18/07/2011 SEGUNDA

    19/07/2011TERA

    20/07/2011QUARTA

    21/07/2011QUINTA

    22/07/2011SEXTA

    08h30-10h00 MESAS-REDONDAS BLOCO 1MESAS-REDONDAS

    BLOCO 2MESAS-REDONDAS

    BLOCO 3MESAS-REDONDAS

    BLOCO 4

    10h00-10h30 INTERVALO INTERVALO INTERVALO INTERVALO

    10h30-12h30 SIMPSIOS MANH 1 SIMPSIOS MANH 2 SIMPSIOS MANH 3 SIMPSIOS MANH 4

    12h30-14h30 ALMOO ALMOO ALMOO ALMOO

    14h30 - 16h30 SIMPSIOS TARDE 1 SIMPSIOS TARDE 2 SIMPSIOS TARDE 3 SIMPSIOS TARDE 4

    16h30 - 17h00 INTERVALO INTERVALO INTERVALO INTERVALO

    17h00 - 18h30 CREDENCIAMENTO DOS INSCRITOS

    CONFERNCIA MAGNA 1

    OTTMAR ETTE Universitt Potsdam

    Alemanha

    CONFERNCIA MAGNA 2

    SANDRA VASCONCELOS Universidade de So Paulo

    Brasil

    ASSEMBLIA GERAL DA

    ABRALIC

    CONFERNCIA DE ENCERRAMENTOJOS LAMBERT

    Universit de Leuven, Blgica Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

    18h30

    LANAMENTODE LIVROS

    Reunio do Conselho Fiscalda

    ABRALICLANAMENTO

    DE LIVROS19h00 - 21h00

    SOLENIDADE DE ABERTURA e

    CONFERNCIA INAUGURAL

    AIJAZ AHMAD Centre of Contemporary Studies -

    Nehru Memorial Museum and Libraryndia

    JANTAR DE CONFRATERNIZAO

    (por adeso)20h30

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • PROGRAMAO DAS MESAS-REDONDAS

    Dia 19MESAS-REDONDAS BLOCO 1

    Dia 20MESAS-REDONDAS BLOCO 2

    Dia 21MESAS-REDONDAS BLOCO 3

    Dia 22MESAS-REDONDAS BLOCO 4

    TRADUO, FILOSOFIA E TEORIA LITERRIAMrcio Seligmann-Silva (UNICAMP)Evando Nascimento (UFJF)Mauricio Cardozo (UFPR, moderao) SALA 1100 - ED. D. PEDRO I

    TRADUO DE POESIA NO BRASILPaulo Henriques Britto (PUC-Rio) lvaro Faleiros (USP)Walter Costa (UFSC, moderao)SALA 1100 - ED. D. PEDRO I

    TRADUO, POESIA E TEORIA LITERRIAMarcelo Jacques de Moraes (UFRJ)Paula Glenadel Leal (UFF)Marcelo Paiva de Souza (UFPR, moderao)SALA 1100 - ED. D. PEDRO I

    LITERATURA BRASILEIRA E HISPANO-AMERICANA: RELAES EM TRADUORoberto Echavarren (New York University)Pablo Rocca (Universidad de la Repblica, Uruguai)Raquel Illescas Bueno (UFPR, moderao)SALA 1100 - ED. D. PEDRO I

    POTICAS E CONCEITOS DO ESPAO LITERRIOLus Alberto Brando (UFMG)Paulo Astor Soethe (UFPR) Nylca Pedra (UFPR, moderao)SALA 1000 - ED. D. PEDRO I

    A ESCRITA NMADERal Antelo (UFSC)Antonio Dimas (USP) Isabel Jasinski (UFPR, moderao)SALA 1000 - ED. D. PEDRO I

    COMUNIDADES, ITINERRIO DE UMA QUESTOJoo Camilo Pena (UFRJ)Jonathan Degeneve (Univ. de Paris III)Sandra Stroparo (UFPR, moderao)SALA 100 - ED. D. PEDRO I

    FICO CONTEMPORNEAHelena Bonito (Univ. Presb. Mackenzie)Regina Dalcastagn (UnB)Paulo Venturelli (UFPR, moderao)SALA 1000 - ED. D. PEDRO I

    PERIODISMO LITERRIOlvaro Simes (UNESP-Assis)Maria Lcia Barros Camargo (UFSC) Adetalo Manoel Pinho (UEFS, moderao)SALA 900 - ED. D. PEDRO I

    DILOGOS DA MODERNIDADE E DA PS-MODERNIDADESrgio Luiz Rodrigues Medeiros (UFSC) Patrcia Cardoso (UFPR)Znia de Faria (UFG, moderao)SALA 900 - ED. D. PEDRO I

    A NOO DE MARGINAL NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORNEA: REPRESENTAES, LEITORES E LINGUAGENSFernando Villarraga-Eslava (UFSM)Tnia Pellegrini (UFSCAR)Benito Rodriguez (UFPR, moderao)SALA 1000 - ED. D. PEDRO I

    TO LONGE, TO PERTO DE SI TRANSPARNCIA E OPACIDADE NAS VOZES NARRATIVAS CONTEMPORNEASDiana Irene Klinger (UFF)Luciene Almeida de Azevedo(UFBA)Arnaldo Franco Jnior (UNESP-Rio Preto, moderao)SALA 900 - ED. D. PEDRO I

    POESIA CONTEMPORNEAPedro Serra (Universidad de Salamanca) Marcelo Sandmann (UFPR)Waltencir Alves de Oliveira (UFPR, moderao)SALA 800 - ED. D. PEDRO I

    LITERATURA COMPARADA HOJESandra Nitrini (USP)Adriana Crolla (Universidad Nacional del Litoral)Rita Schmidt (UFRGS, moderao)SALA 800 - ED. D. PEDRO I

    POTICAS ORAIS EM FACE AOS ESTUDOS LITERRIOS E CULTURAISFrederico Augusto Garcia Fernandes (UEL)Jos Guilherme Fernandes (UFPA)Silvana Oliveira (UEPG, moderao)SALA 900 - ED. D. PEDRO I

    HISTRIA DA LITERATURA NO BRASILRoberto Aczelo de Souza (UERJ)Carlos Alexandre Baumgarten (FURG)Jos Lus Jobim (UERJ/UFF, moderao)SALA 800 - ED. D. PEDRO I

    LITERATURA E MOVIMENTOS SOCIAIS DO CAMPOAna Laura dos Reis Correia (UnB)Lus Ricardo Leito (UERJ)Milena Martins (UFPR, moderao)SALA 700 - ED. D. PEDRO I

    JAMES JOYCE - BETWEEN TWO WORLDSFinn Fordham (Royal Holloway University of London )Caetano Galindo (UFPR) Renata Telles (UFPR, moderao)SALA 600 - ED. D. PEDRO I

    FAZENDEIROS, VAQUEIROS E CAMARADAS NO ROMANCE BRASILEIRO DO SCULO XIXEduardo Vieira Martins (USP)Fernando C. Gil (UFPR)Rogrio Lima (UnB, moderao)SALA 800 - ED. D. PEDRO I

    ENSINO DE LITERATURA E FORMAO NA REA DE LETRASMiguel Sanches Neto (UEPG)Jos Hlder Pinheiro Alves (UFCG-PB)Gilberto Castro (UFPR, moderao)SALA 100 - ED. D. PEDRO I

    DRAMATURGIA BRASILEIRA: ENTRE O CONVENCIONAL E O PS-DRAMTICOStephan Arnulf Baumgartel (UDESC) Antonia Pereira (UFBA)Walter Lima Torres Neto (UFPR, moderao)SALA 600 - ED. D. PEDRO I

    O NEGRO NO MODERNISMO BRASILEIROAntonio Arnoni Prado (UNICAMP)Luiz Roncari (USP)Lus Bueno (UFPR, moderao)SALA 100 - ED. D. PEDRO I

    O ESTUDO DA DRAMATURGIA NO CURSO DE LETRASMarta Morais da Costa (UFPR)Joo Roberto Gomes de Faria (USP)Marilene Weinhardt (UFPR, moderao)SALA 700 - ED. D. PEDRO I

    RETRICA E PAGANISMOMarlia Pulqurio Futre Pinheiro (Univ. de Lisboa)Francisco Marshall (UFRGS)Rodrigo Gonalves (UFPR, moderao)SALA 600 - ED. D. PEDRO I

    NO CORAO DA HILIA: ROGER CASEMENT E EUCLIDES DA CUNHAFrancisco Foot Hardman (UNICAMP)Angus Mitchell (University of Limerick, Irlanda)Luiz Carlos Simon (UEL)SALA 100 - ED. D. PEDRO I

    IDENTIDADES E LITERATURA NA ANTIGUIDADEFrancesca Mestre (Universitat de Barcelona)Fbio Faversani (UFOP)Alessandro R. de Moura (UFPR, moderao)SALA 600 - ED. D. PEDRO I

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • PROGRAMAO DAS SESSES PLENRIAS

    Segunda-feira, 18 de julho de 2011 Teatro da Reitoria

    SOLENIDADE DE ABERTURA 19h

    CONFERNCIA INAUGURAL 19h30

    World Literature and Chronicles of European Time

    AIJAZ AHMAD(Centre of Contemporary Studies - Nehru Memorial Museum and Library, ndia)

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Teatro da Reitoria

    CONFERNCIA MAGNA 17h

    Literature and the Challenge of Living together. Ethics and Aesthetics of Literature and Literary Criticism at a Global Scale

    OTTMAR ETTE(Universitt Potsdam, Alemanha)

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Teatro da Reitoria

    CONFERNCIA MAGNA 17h

    Deslocamentos: o romance como gnero inter-nacional

    SANDRA VASCONCELOS(Universidade de So Paulo, Brasil)

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Teatro da Reitoria

    ASSEMBLIA GERAL ORDINRIA DA ABRALIC 17hPauta:

    1. Balano da gesto 2009-2011;2. Eleio da diretoria e conselho para o binio 2012-2013;

    3. Assuntos gerais.

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Teatro da Reitoria

    CONFERNCIA DE ENCERRAMENTO 17h

    Comparative Literary Studies into the 21st Century: Globalizing Proposals from Older Continents

    JOS LAMBERT(Universit de Leuven, Blgica / Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil)

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 5Programao das Mesas-Redondas

    MANH 8h30-10h

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 100

    NO CORAO DA HILIA: ROGER CASEMENT E EUCLIDES DA CUNHA

    BETWEEN LITERATURE, BIOGRAPHY AND HISTORY: INTERDISCIPLINARY CONFLICTS IN THE FACTIONAL CONSTRUCTION OF ROGER CASEMENTAngus Mitchell (University of Limerick, Irlanda)

    Interpretations of the life of Roger Casement are significant for their differences and controversies. To some, his investigation of atrocities in the Congo and Amazon are exalted as an important step towards the universalisation of the language of rights. For others, he is persistently demonised for his treason against the British empire, his pro-Germanism, his revolutionary anti-colonialism and the sexual deviancy described in the Black Diaries. While no one denies the interdisciplinary and transnational attraction of Casements life and legacy, the construction of his meaning is the consequence of deeply embedded political and cultural factionalisms. This paper will consider the interdisciplinary conflicts arising from Casements meaning and demonstrate how paradigmatically conflicting Casements are responses to specific cultural concerns and localised history wars. The careful management and framing of Casements meaning is conditional upon a combination of secrecy, propaganda, national honour and political expediency. Literature has served as the vehicle for codifying and revealing truths, myths and rumours about the man. Casements influence upon some of the great literary modernists of the age, including Joseph Conrad, George Bernard Shaw, James Joyce and W.B. Yeats and, most recently, his fascination for Mario Vargas Llosa, hints at the importance and appeal of his story. Historians, however, have been in the main cautious about his historical subjectification, preferring ambiguity and silence to clarity and transparency. His interpretation can unsettle the pursuit of historical certainty and raises awkward questions about the very authenticity of the discipline. Between literature and history lie a stream of biographies, which seek to accommodate the different twists and turns in his meaning and management. But what do these biographies tell us about the interface between fact and fiction? In conclusion, this paper will highlight some of the potential hermeneutical dangers awaiting those who engage with Casements life following his re-awakening into South Americas literary and historical imagination.

    O ZERO E O INFINITO: A AMAZNIA DE EUCLIDES E OS IMPASSES DA REPRESENTAOFrancisco Foot Hardman (UNICAMP)

    Os escritos amaznicos de Euclides da Cunha, publicados esparsamente entre 1904 e 1909, estiveram muito tempo margem da histria literria, por vrios motivos. Entender o processo dessa excluso pode ser hoje mais que interessante. Alm da prtica arqueolgica implcita nesse exerccio, at mesmo em relao ao conjunto de sua obra, vale buscar nesses textos a matriz figuradora do tpos do "inferno verde", logo disseminada por Alberto Rangel, Jos Eustasio Rivera e Ferreira de Castro, entre outros escritores. Se a expedio euclideana rumo aos sertes amaznicos retoma a melhor tradio da literatura dos viajantes, nela encontraremos tambm a viso da paisagem entre o excesso e o vazio, a qual j fascinara tantos cronistas antigos e tinha na Amrica Latina a marca emblemtica da prosa de Sarmiento. A violncia incontida da natureza reproduz-se na brutalidade primria da histria. Transportar para o mundo da linguagem esse "paraso perdido" mas determinado revelador dos impasses da representao realista no sculo XX. Se a cincia e o Estado poderiam oferecer instrumentos de domnio sobre a selva, a literatura j no. Permanecia assim na sombra, entre os fantasmas de uma nacionalidade difcil de demarcar.

    Luiz Carlos Simon (UEL) MODERAO

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 6Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 600

    DRAMATURGIA BRASILEIRA: ENTRE O CONVENCIONAL E O PS-DRAMTICO

    ALTERIDADE, MEMRIA E NARRATIVA: CONSTRUES DRAMTICAS E EXPLORAES CNICASAntonia Pereira (UFBA)

    A presente conferncia enseja problematizar as diversas possibilidades e utilidades da narrativa enquanto instrumento e meio privilegiado de encontrar e compreender o outro; de atribuir sentido experincia vivida. A partir de trs textos/espetculos de minha autoria - A Morte Nos Olhos, A Memria Ferida e Na Outra Margem - discuto a eficcia simblica da narrativa e suas contribuies num sentido psicolgico, em primeiro lugar (integrao psicolgica); num sentido sociolgico, em segundo lugar (integrao sociolgica) e num sentido antropolgico, finalmente (integrao antropolgica). No busco, para tanto, mitos que vivem e renascem de palavras incessantemente repetidas e modificadas pelas subjetividades dos narradores, atores sociais do cotidiano. Os mitos explorados em minha investigao so definitivamente fixados em trs textos dramticos. Trata-se, por conseguinte, de Histria de Vida, (re)significada em narrativa de fico. Tal trajeto efetuado em funo das minhas exigncias estticas e do meu objetivo primordial, qual seja: conferir pesquisa uma dimenso eminentemente dramatrgica e cnica.

    A PARALISIA DO DRAMA: CONSERVADORISMO E NOSTALGIA NA CRISE DA DRAMATURGIA DRAMTICA BRASILEIRAStephan Arnulf Baumgartel (UDESC/CNPq)

    Esta palestra apresenta alguns elementos que justificariam o surgimento de uma crise da mimese do formato dramtico na dramaturgia brasileira a partir dos anos 80 e discute a dificuldade dessa dramaturgia em absorver traos de uma escrita no-mais representacional ou at performativa. Essa dificuldade se manifesta na ausncia tanto de uma concepo clara da noo de performatividade textual teatral quanto de textos teatrais que incorporem caractersticas de uma performatividade textual. De um ponto de vista histrico, mesmo que se perceba, a partir do fim dos anos 80, no meio teatral uma conscincia de que o modelo textual rigorosamente dramtico no consegue mais captar nem a dinmica da sociedade brasileira nem as experincias e vivencias de uma boa parte da sua populao, isso no levou criao de uma vertente no-dramtica ou performativa no cenrio da dramaturgia brasileira. Atravs da anlise de cenas de dois textos de autores consagrados Luiz Alberto de Abreu e Fernando Bonassi ser discutido concretamente a problemtica relao entre a manuteno de uma mimese representacional no interior de um formato textual no-dramtico, para detectar nessa relao uma atitude bastante conservadora e at nostlgica da dramaturgia brasileira em relao subjetividade humana inscrita na forma dramtica.

    Walter Lima Torres Neto (UFPR) MODERAO

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 700

    LITERATURA E MOVIMENTOS SOCIAIS DO CAMPO

    A PRESENA DO POVO NA LITERATURA BRASILEIRAAna Laura dos Reis Correia (UnB)*

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 7Neste debate, pretendemos discutir de que forma o povo est presente na literatura brasileira, considerando tanto o problema da representao artstica da realidade, quanto o do acesso do povo literatura produzida no Brasil. A discusso proposta baseia-se no trabalho realizado pelos educadores da rea de Linguagens (Literatura Brasileira, Teatro, Msica, Artes Visuais e Lngua Portuguesa) do curso de Licenciatura em Educao do Campo em conjunto com os estudantes advindos dos movimentos sociais do campo. A construo desse processo formativo no interior da universidade e em parceria com os movimentos sociais insere-se na discusso mais ampla do direito literatura e do seu lugar nos movimentos sociais e na esquerda brasileira e nos interpela acerca do carter instrumentalizador frequentemente atribudo crtica das formas estticas, seja pelo institucionalismo e isolamento da vida acadmica em relao sociedade e s classes populares, seja pela posio secundria e, s vezes, utilitria da arte como ferramenta aplicada de forma imediata pelos movimentos sociais e pela tradio da esquerda brasileira. A partir disso, nos perguntamos: qual literatura fala do povo e para o povo? Apenas a popular? Apenas a engajada? Os limites entre a literatura considerada erudita e a literatura dita popular so mesmo to claros a ponto de que se possa definir qual literatura destinada ao povo? Esses limites so exclusivamente estticos, ou, exatamente por serem estticos, impem-se tambm como sociais, econmicos e histricos? Procurando enfrentar essas questes a partir da leitura do texto potico, buscamos compreender como os elementos estticos partem da vida do povo e depois retornam a ela j elaborados e trabalhados pela conscincia potica em dimenso de totalidade dialtica, que no mais verdadeira que a vida do povo, apenas mais condensada, uma vez que as contradies internalizadas na forma esttica so vividas na objetividade social, embora sejam negadas conscincia subjetiva. Por isso, o trabalho com a literatura brasileira reclama uma abordagem tambm dialeticamente integradora que leve em conta tanto a autonomia da arte quanto a sua capacidade de internalizar de forma mediada as tenses da vida concreta para represent-la artisticamente. *Trabalho desenvolvido em co-autoria com Bernard H. Hess (UnB) e Deane M. Fonsca de Castro e Costa (UnB).

    O CAMPO E A CIDADE NA LITERATURA BRASILEIRALus Ricardo Leito (UERJ)

    Em meio a uma crescente luta pela democratizao do ensino em nossa terra, caber Mesa promover uma reflexo mais crtica sobre um tema crucial para os combatentes do povo: por que e para que devemos estudar, ou melhor, apropriar-nos coletivamente da Literatura Brasileira? Quais so os escritores e escritoras malditos ou benditos que os manuais escolares nem sempre destacam? Que contribuio eles nos trazem, com suas imagens e invenes artsticas, para uma reviso crtica da formao socioespacial desta terra? E que gneros literrios de origem essencialmente popular tm sido ignorados pela Academia, ciosa de suas convenes e de seus laos ambguos com o poder, mas deveriam ser compartilhados de forma mais crtica e exaustiva pelos jovens estudantes de milhares de acampamentos, assentamentos e ocupaes rurais ou citadinas de norte a sul do Brasil? Instncia privilegiada de representao dos elementos urbanos e agrrios no imaginrio coletivo nacional, a Literatura tambm uma ferramenta que deve servir socializao da vasta produo literria de nosso povo no seio do movimento social. E que, se possvel, ajude as organizaes populares do campo e da cidade a refletir, por meio de uma interlocuo mais estreita com alguns de nossos principais autores, sobre a singular trajetria espacial de Bruzundanga, este pas-continente no qual o latifndio e os monoplios, sob contnuos atritos e recomposies, ditaram os rumos de uma experincia perifrica e dependente de desenvolvimento capitalista, reprimindo sem nenhum pudor as lutas e sobretudo a unidade dos trabalhadores da terra, do morro e do asfalto.

    Milena Martins (UFPR) MODERAO

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 800

    POESIA CONTEMPORNEA

    ANTOLOGIAS, CNONE E CLSSICOPedro Serra (Universidad de Salamanca)Resumo

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 8COLHENDO FLORES NO ASFALTO: ALGUMAS ANTOLOGIAS DA POESIA BRASILEIRA RECENTEMarcelo Sandmann (UFPR)

    Tornou-se lugar comum falar na atomizao da poesia brasileira recente. A proliferao de autores e dos meios de difuso torna tarefa difcil acompanhar tudo o que se produz, quanto mais definir e avaliar agrupamentos e tendncias. Mas s foras centrfugas, contrapem-se outras, centrpetas, que delimitam territrios, elegem protagonistas e sugerem hierarquizaes. Podem ser percebidas nas revistas (eletrnicas ou impressas), encontros de poesia (de natureza acadmica ou extra-acadmica), ou, o que ser o objeto do presente estudo: nas antologias. Mesmo nos casos em que a abertura diversidade se explicita como crivo, no se foge ao fato de que um editor, um organizador, um curador, ou um coletivo deles, inclui/exclui autores e textos. O que se pretende aqui, portanto, abordar algumas antologias da poesia brasileira recente a partir de algumas indagaes: que critrios, explcitos ou implcitos, norteiam as escolhas feitas por seus organizadores? Quem so estes, afinal, e o que lhes confere autoridade? H poetas e textos recorrentes? possvel perceber a que linhas de fora da poesia do continuidade e/ou se contrapem?

    Waltencir Alves de Oliveira (UFPR) MODERAO

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 900

    PERIODISMO LITERRIO

    PRIMEIRAS REAES DA IMPRENSA AO DECADENTISMO PORTUGUS (1890)lvaro Simes (UNESP-Assis/CAPES/CNPq )

    O decadentismo portugus inicia-se em 1890 com a publicao de duas obras poticas: Oaristos, de Eugnio de Castro, e Azul, de Antnio de Oliveira Soares. A obra de Castro, cujo estranho nome deriva da epgrafe do poeta maldito Paul Verlaine, vem luz com ousadias lexicais e mtricas e com um provocativo prefcio em que o autor, em seus verdes vinte e um anos, declara orgulhosamente no contar com o favor do pblico nem os louvores da imprensa e afirma corajosamente que a poesia de seus contemporneos portugueses assenta sobre algumas dezenas de coados e esmaiados lugares comuns. A reao da imprensa no se faz esperar; logo surgem em jornais e revistas textos crticos sobre a literatura decadente. Se os crticos tratam Castro e Oliveira Soares com certa considerao e respeito, sem prejuzo de mordaz ironia na maioria dos casos, os satricos no tm pudores em utilizar contra os poetas novos, - especialmente contra o autor de Oaristos, - todo o sarcasmo de que dispem. Assim, surge a figura de Gustavo Cano, poeta decadente, e os poemas pardicos de Yvaristus, que so publicados com destaque pelo dirio Novidades, de Lisboa, e depois reproduzidos pela revista A Ilustrao, publicada em Paris. Importa considerar, mediante a anlise de resenhas, artigos e pardias, como so assimiladas as propostas de inovao potica dos decadentes e que valores ou prticas rotineiras so ameaados pela nova poesia.

    SOBREVIVNCIAS, OU O FIM DAS REVISTAS LITERRIAS COMO ELAS ERAMMaria Lcia Barros Camargo (UFSC)Resumo

    Adetalo Manoel Pinho (UEFS) MODERAO

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1000

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 9POTICAS E CONCEITOS DO ESPAO LITERRIO

    PARA UMA TEORIA DAS IMAGENS LITERRIAS DE ESPAOLus Alberto Brando (UFMG)

    Mediante a apresentao de imagens e cenas extradas da obra de escritores como Georges Perec, Edwin Abbott, Franz Kafka, Joan Brossa, Giorgio Manganelli, Joo Gilberto Noll, Lewis Carroll, pretende-se demonstrar o quo complexo o debate que a literatura moderna suscita sobre a categoria espao. Trata-se de averiguar e indagar maneiras como, a partir da experincia proporcionada pela leitura dos textos, se podem efetuar prospeces tericas concernentes feio espacial da literatura, sobretudo no que tange s seguintes problemticas e seus desdobramentos: representao do espao, estruturao espacial, espao como focalizao, espacialidade da linguagem.

    ESPAO E MOBILIDADE: VETORES CULTURAIS NO MEDIUM DA LITERATURAPaulo Astor Soethe (UFPR)

    Com base em exemplos das literaturas brasileira e alem, pretende-se apresentar reflexes tericas acerca da noo de cultura, conduzidas sob a dico literria. A radicao dessas reflexes em dados da percepo do espao e da mobilidade figurados sob a conformao esttica da linguagem natural evidencia o empenho de autores em inserir a literatura em debate terico amplo e, mais que isso, em afirmar a contribuio especfica dos textos literrios enquanto medium de uma conscincia dos sentidos ainda ausente em diversas prticas reflexivas.

    Nylca Pedra (UFPR) MODERAO

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1100

    TRADUO, FILOSOFIA E TEORIA LITERRIA

    TRADUZINDO O INTRADUZVEL: ENTRE LITERATURA E FILOSOFIAEvando Nascimento (UFJF)

    O tradutor como mediador. A traduo no apenas seria mais uma rea do saber nem simplesmente mais uma prtica competente, embora tambm o seja. Ela o espao-tempo entre as lnguas e culturas, o lugar da verdadeira universalidade e do cosmopolitismo no simplesmente humanista (eurocntrico). Um lugar de trnsito entre culturas, o entredois do discurso literrio e do filosfico. O texto traduzido sempre um hbrido de pelo menos duas culturas (h sempre mais de uma lngua implicada): traz necessariamente as marcas (visveis ou invisveis) do texto-cultura de partida e as marcas do texto-cultura de chegada. A maior ou menor invisibilidade do idioma e da cultura estrangeira depende do teor menardiano (de Pierre Menard, de Borges) da tarefa do tradutor. Tarefa de supervivncia dos textos e culturas: qu e seria de Plato e Aristteles sem seus copistas e tradutores rabes e latinos, germnicos e mesmo nipnicos? A sobrevida e a supervivncia dos textos (literrios ou no) dependem do idioma do outro, de sua mono ou plurilngua. Traduzir o intraduzvel: o que resta a traduzir? O resto: sempre por traduzir, irredutvel. O impossvel no tem traduo: lugar do segredo, da idiomaticidade do idioma. Tal seria o verdadeiro desafio do pensamento.Essas questes sero pensadas sobretudo a partir de Walter Benjamin, Jacques Derrida, Goethe, Paul Ricoeur e Haroldo de Campos.

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 10UM TRADUTOR UM ESCRITOR DA SOMBRA? VARIAES SOBRE A ONTOLOGIA DA TRADUOMrcio Seligmann-Silva (UNICAMP)

    O texto explora a ideia de secundidade, de derivao submissa da obra do tradutor. Para tanto, ele se apropria da expresso da tradutora francesa Claude Demanuelli Un traducteur est un crivain de lombre e explora as possveis relaes que pode-se estabelecer entre o reino das sombras e o da traduo. Nesse ponto o ensaio serve-se da obra de alguns filsofos e escritores. O priplo pelo reino das sombras vem at nossos dias, quando introduzido na reflexo a questo da desconstruo dessa tradio. Nesse ponto Walter Benjamin e Vilm Flusser ajudam a exorcizar essas sombras, ou a sombra dessas sombras.

    Mauricio Cardozo (UFPR) MODERAO

    Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 100

    O NEGRO NO MODERNISMO BRASILEIRO

    MODERNISMO EM ALGUNS FLAGRANTES DA ESCRAVIDO (GILBERTO FREYRE)Antonio Arnoni Prado (UNICAMP)

    O texto busca configurar alguns aspectos da obra crtica de Gilberto Freyre, publicados entre as dcadas de 1920 e 1940, ajustando-os perspectiva paraficcional (se possvel dizer assim) utilizada pelo autor de Casa grande & senzala, com vistas a fazer circular os tipos humanos da escravido e assim convert-los em autnticas personagens literrias, verdadeiros arqutipos desumanizados a demonstrar, em grau extremo, os nveis de crueldade impostos pelos latifundirios da Colnia.

    A FIGURAO DA MULHER NEGRA NOS POEMAS: POEMAS DA NEGRA, DE MRIO DE ANDRADE, E CANTO NEGRO, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADELuiz Roncari (USP)

    Neste trabalho comparativo pretendo analisar a forma da presena da mulher negra nos poemas de Mrio de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. A partir das diferenas e pontos comuns das duas representaes, procurarei apreciar o que cada uma traz de singular e contribui para questionar ou mudar os esteretipos construdos sobre ela. O que despertou o interesse pela pesquisa foram as observaes muito pertinentes de Gilda de Mello e Souza sobre a figura da prostituta na pintura de Di Cavalcanti, no ensaio Vanguarda e nacionalismo na dcada de vinte.

    Lus Bueno (UFPR) MODERAO

    Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 600

    JAMES JOYCE - BETWEEN TWO WORLDS

    A WAKE BETWEEN TWO WORLDS

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 11Finn Fordham (Royal Holloway University of London)

    James Joyce imagined his final book Finnegans Wake might one day be perused by a child in Nepal and that the child would be amazed to find his local river named among its pages. He could just as well have imagined a Brazilian child, since it contains plenty of Brazilian elements too (as Antonio Carlos de Araujo Cintra has ably shown). Joyce seems to have crammed elements from all around the Babelian world into his book, as if laying before us evidence of a new global imaginary. The evidence has not been easy to interpret: our world and the Wakes world seem to coincide only rarely. But they have nonetheless done so persistently: Joyces vision has endured and the audience for Finnegans Wake is now, in a very particular sense, global. Joyces work was embodied in a new world for linguistic exploration: and it continues its work by producing a new kind of audience in the world. My talk will explore some of the Brazilian elements in Finnegans Wake (the river Amazon, the Irish myth of Hy-Brazil, the trans-Atlantic explorers of the 15th and 16th Centuries) in order to discuss the relation between comparative literature and the global imaginary and how Joyce explores the space between two worlds the real and imagined, the local detail and the universal gesture, the old and the new.

    ODISSEU ENTRE UM E SER BLOOMCaetano Galindo (UFPR)

    Dentre as considerveis coincidncias, ou recorrncias de temas, imagens e ideias entre as mentes aparentemente to dspares de Leopold Bloom e Stephen Dedalus, protagonistas do Ulysses de James Joyce, uma se destaca pela importncia (para usarmos um termo caro a outro Bloom: o crtico Harold) "sapiencial". Trata-se de uma reflexo sobre o espelhamento, no mundo, dos olhos do contemplador. Em Dedalus, sob chave literria; em Bloom, no tom do bom-senso, chegando ambos concluso de que vemos o que somos. Esta fala pretende aprofundar essa ideia e demonstrar que uma extenso lgica de suas mesmas possibilidades pode ser tambm uma das maneiras mais interessantes e mais romanescamente "honestas", de explicar uma relevante parcela do arsenal "tcnico" do romance de Joyce, que, ele tambm, se transforma textual e necessariamente em reflexos do dia, das vozes e mentes que aborda.

    Renata Telles (UFPR) MODERAO

    Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 800

    LITERATURA COMPARADA HOJE

    LINDES DE LA LITERATURA COMPARADA EN LA UNIVERSIDAD ACTUAL: UN PARADIGMA POSIBLE PARA LEER LA GLOCALIDAD?Adriana Crolla (Universidad Nacional del Litoral - Argentina)

    La globalizacin ha abierto nuevas oportunidades lo que obliga al desarrollo de nuevos ngulos interpretativos para analizar las disimilitudes, los conflictos y lmites del sistema y el modo en que los contextos locales de interpretacin se modifican y automodifican en el encuentro con lo global. El trmino "glocalismo", acuado por Robertson en los 80, nos parece paradigmtico y operativo para explicar las nuevas empresas que en las universidades entrelazan dos pulsiones aparentementes antagnicas hacia el localismo y lo trasnacional. Atravesados por estas tensiones, los comparatistas y los espacios disciplinares donde ejercemos nuestras prcticas, en espacios universitarios que hoy ms que nunca parecen constituirse en "multiversidades" en accin, nos impulsan a la promocin de nuevos lindes que permitan superar paradigmas perimidos, articular y extender puentes de cooperacin inter y transdiciplinares, y replantear los mecanismos que gestan las relaciones del saber a fin de encarar acciones ms efectivas en la redefinicin de las nuevas geoplticas del conocimiento desde un paradigma "glocal".

    REVISITANDO A LITERATURA COMPARADA NO BRASILSandra Nitrini (USP)

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 12Retomar-se- a discusso que se tornou uma espcie de topos nas assemblias da ABRALIC desde os anos de 1990, incluindo-se uma das mesas redondas do Encontro Preparatrio para este Congresso, e que est diretamente relacionada questo complexa e problemtica definio do objeto da Literatura Comparada. Ser que Croce no tinha razo quando dizia que o adjetivo "comparada", que deveria estabelecer a especificidade de um campo dos estudos literrios, no passa de um pleonasmo? Vale dizer , a literatura comparada no constitui outra coisa seno a histria, a crtica literria. Em tempos de interdisciplinaridade, em tempos em que j se tornaram clssicos conceitos como "dialogismo"e "intertextualidade" para ficarmos apenas nesses, ser ainda pertinente mantermos rgidas fronteiras entre "literatura comparada" e literatura tout court?

    Rita Schmidt (UFRGS) MODERAO

    Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 900

    DILOGOS DA MODERNIDADE E DA PS-MODERNIDADE

    TEXTO ENCONTRADO E LINGUAGEM NO EXPRESSIVASrgio Luiz Rodrigues Medeiros (UFSC)

    Publicado em 2010, o livro "Unoriginal Genius: Poetry by Other Means in the New Century", da crtica norte-americana Marjorie Perloff, discute poticas contemporneas, entre elas a do "found text", tomando como referncia, entre outros, tericos como Walter Benjamin e artistas como Susan Howe, alm dos concretistas brasileiros. O "texto encontrado" remete diretamente era digital e aos textos infinitamente citados na rede mundial. Assim, uma nova fase da literatura se abre aos autores "no originais" da atualidade e aos praticantes da escrita conceitual, que explora as possibilidades da linguagem no expressiva, registrada na primeira antologia de escrita conceitual, "Against Expression", editada por Craig Dworkin and Kenneth Goldsmith. Das criaes pioneiras de Marcel Duchamp s de Samuel Beckett, das palavras de Augusto de Campos s de Charles Bernstein, tudo est migrando continuamente.

    A LINGUAVIAGEM DE BERNARDO SOARES E HAROLDO DE CAMPOSPatrcia Cardoso (UFPR)Escrevendo a propsito de Guimares Rosa, Haroldo de Campos observava que, da contribuio matricial de James Joyce para a literatura moderna, pequeno teria sido o investimento, por parte dos autores que aderiram s propostas joyceanas, no enfrentamento do problema da linguagem. A submisso do lxico a um processo de transfigurao, marco de um desafio temvel, seria o ponto alto que poucos depois de Joyce teriam alcanado, entre outras coisas, por falta de empenho ou excesso de zelo em envolver-se demais na revoluo joyceana. Levando-se em conta esta compreenso de Campos, um projeto como Galxias pode bem ser visto como a assuno daquele desafio, principalmente quando se observa nessa obra a proeminncia do trabalho com o lxico e seus desdobramentos semnticos. Mas se para o autor esse o aspecto em que melhor se observa o carter revolucionrio da literatura moderna, no se pode deixar de lado um outro elemento, tambm presente em Galxias, igualmente importante na constituio desse perfil: a vinculao da quebra da linearidade a um discurso que seria a encarnao, no verbo, da condio do sujeito moderno, cuja identidade dada pela provisoriedade e pela indefinio. Levando-o em conta, nesse cenrio em que a revoluo d o tom, Fernando Pessoa surge para assumir o lugar de Joyce e completar a atmosfera de radicalidade que tanto interessou a Haroldo de Campos. Pulverizado em muitos, semi-transformado em outro, no Bernardo Soares de O livro do desassossego, Pessoa, como Haroldo de Campos, aposta no texto literrio, no espao em que o sujeito, e as imagens que de si projeta, amalgama-se com a linguagem, como estratgico para a encenao e superao daquela provisoriedade: um livro onde tudo seja no esteja. A proposta desta comunicao discutir o modo como em Galxias e O livro do dessassossego articula-se a relao entre sujeito (moderno) e linguagem (moderna).

    Znia de Faria (UFG) MODERAO

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 13Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1000

    A ESCRITA NMADE

    MOMENTOS DECISIVOS: GILBERTO FREYRE NOS EUA, ENTRE 1918 E 1922Antonio Dimas (USP)Resumo

    S CENTROS: ELIPSESRal Antelo (UFSC)

    Centro, centros? Poderamos remedar a definio que Clarice Lispector nos d dos espelhos e dizer que no existe a palavra centro. S centros, pois um nico uma infinidade de centros. preciso entender a violenta ausncia de cor de um espelhoalis, de um centropara poder recri-lo assim como se recriasse a violenta ausncia de gosto da gua. O modernismo chamou a gua de centro. Atribuiu-lhe consistncia, dinamismo, durao, autonomia. Deu-lhe o nome de rua, cidade, literatura. Com ecos de Heidegger e antecipando Deleuze, Flvio de Carvalho dizia, no entanto, que a rua e a praa so produtos da floresta e no so produtos do desenvolvimento da cidade, como muitos imaginam. A rua e a praa nasceram na floresta como consequncia dos primeiros movimentos do homem, muito antes de aglomeraes de vivendas. A rua um produto do (...) ritmo do Soluo. Se a cidade deriva da floresta, em lugar desta ser produto daquela, como sempre sustentou a crtica modernista, no h centro, no h metrpole-mestra, no h sistema. Ao se constituir com o Barroco, a literatura latino-americana seria ento uma expresso da luxria do homem na cidade, como argumenta Flvio de Carvalho, em consonncia, alis, com Oswald de Andrade e com o luxo/lixo ps-utpico. Nas Notas para a reconstruo de um mundo perdido (1957), muito antes, portanto, do sequestro da Formao (com centro) de Candido ou da transculturao (homognea) de Rama, Flvio argumenta que o Barroco substituia o recalque de centenas de anos de cristianismo e substituia tambm as necessidades orgisticas e os feitos violentos do culto do Heri afastado, porque o Barroco era essencialmente lbrico. A idia s se tornaria mais concreta, em 1964, graas a Clarice Lispector, quem achava existirem dois tipos de vida (Dois modos, dois centros): uma vida imediata (ou ativa: o Bem) e uma vida da escritura (ou passiva: o Mal), em que as imagens se escrevem ao mesmo tempo em que so sentidas. gua viva. A imagem de que se compe esse ser passivo a imagem imitada e repetida, o mundo da Pantomima: ela exibe a vida anterior ao Medo e contm os atributos do Sonho, da Solido e do mundo tenebroso do incio do Crime, da que, em sua imanncia absoluta, escrever seja lembrar-se do que nunca existiu, mesmo porque a leitura anterior escrita e esta, anterior fala; portanto, escrever no passa de redigir notas para a reconstruo de um mundo sem centro, apontando sempre a radical in-operncia da mquina antropolgica, uma vez que nem a criana, nem o alienado, nem o primitivo os ps-tipos (blanchotianos) do homem do Comeo, como os chamava Flvio receiam a morte. Ao contrrio, ela oferece potncia sobre todas as coisas, atributos telricos da vida. Associando ento o arcaico e o atual, o homem contemporneo praticaria a alegria oswaldiana, a abgioia (Pasolini, La rabbia, 1963), ciente de que a pobreza, a falta de emprego, a falta de casa, a falta de alimentos, o deslocamento nmade, provocam, como dizia tambm Flvio, o advento do crime e so as condies caractersticas dos povos subdesenvolvidos, isto , as condies da proto-histria. Como somente a passividade imanente do primeiro Soluo e o abandono simultneo do Bailado do Silncio poderiam fornecer a base dinmica da Pantomima, como movimento ligado descoberta da prpria imagem no espelho, a floresta foi o grande espelho do homem do Comeo e, ao mesmo tempo, a pantomima persistente e imitativa, funcionando como um espelho, conduziu o homem rumo cultura.

    Isabel Jasinski (UFPR) MODERAO

    Quarta-feira, 20 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1100

    TRADUO DE POESIA NO BRASIL

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 14A TRADUO DE POESIA NO BRASIL: A INVENO DE UMA TRADIOlvaro Faleiros (USP)

    A traduo de poesia no Brasil , em geral, compreendida como a traduo de uma forma, como ilustra bem a postura adotada tanto pelos poetas transcriadores Haroldo e Augusto de Campos, quanto pelos defensores de abordagens textuais, como Paulo Vizioli, Mrio Laranjeira e Paulo Henriques Britto. Nosso intuito discutir, por um lado, as origens desse pensamento hegemnico no contexto brasileiro e, por outro, as implicaes dessa postura, sobretudo a determinao do modo de recepo de determinadas poticas no Brasil.

    A TRADUO DO VERSO LIBERADO DO MODERNISMO ANGLO-AMERICANOPaulo Henriques Britto (PUC-Rio)

    Embora o verso livre j existisse na poesia anglfona desde os meados do sculo XIX, a partir da publicao de Leaves of grass de Whitman, apenas alguns poetas da gerao modernista Pound e Williams, por exemplo podem ser considerados seguidores do verso livre whitmaniano. Dois outros poetas cannicos do movimento, Eliot e Stevens, optaram por um verso semilivre, uma verso flexibilizada do pentmetro jmbico que podemos denominar verso liberado. J no modernismo brasileiro, a passagem do verso formal para o verso livre foi mais direta; por esse motivo, no se desenvolveu no Brasil uma forma correspondente ao verso liberado ingls. Diferentes tradues brasileiras de uma passagem em verso liberado de um poema fundamental de Eliot so analisadas, e so comparadas as solues encontradas por cada tradutor.

    Walter Costa (UFSC) MODERAO

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 100

    COMUNIDADES, ITINERRIO DE UMA QUESTO

    SUR QUELS MODLES NANCY, BLANCHOT ET AGAMBEN REPENSENT-ILS LA COMMUNAUT ?Jonathan Degeneve (Univ. de Paris III)

    La communaut peut se prsenter sous trois aspects qui peuvent eux-mmes renvoyer trois modles, cest--dire trois manires de comprendre ce qui est cherch, mais aussi atteint, par telle ou telle communaut humaine : il y a la communaut en tant quessence transindividuelle (la communion), en tant quuvre collective (le communisme) et en tant quactivit intersubjective (la communication). Pour Nancy, mais aussi pour Blanchot et Agamben, repenser la communaut va donc impliquer dinterroger ces modles ou, plus prcisment, dinterroger partir deux ce qui, dune part, ne peut plus tre cherch et ce qui, dautre part, peut encore tre atteint dans une communaut. Cest litinraire de cette question quil sagira de retracer. Il sagira galement de montrer quaprs les diffrences bien relles et non ngligeables entre ces trois auteurs, il reste nanmoins ceci de commun : chaque fois, la communaut est et fait rsistance. Il nous incombera alors dinterroger notre tour cet autre modle la communaut comme rsistance que lon trouve dj chez un Tnnies par exemple.

    COMUNIDADE SEM FIMJoo Camilo Pena (UFRJ)

    Em 1983, o filsofo francs Jean-Luc Nancy lana um polmico ensaio intitulado A comunidade inoperante (La communaut dsoeuvre), em que retoma o fio de uma discusso da vida inteira levada a cabo por Georges Bataille sobre a experincia comunitria. O pretexto do ensaio de Nancy o desmantelamento dos regimes do chamado comunismo real, que desembocaria adiante na queda do muro de Berlim em 1989 e na dissoluo da Unio Sovitica em 1991. Nancy constata que tantos os diversos fascismos quantos os comunismos reais reivindicaram, de

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 15modos verdade bastante diferentes, a noo de comunidade. Por outro lado, as vanguardas artsticas histricas do sculo XX se pensaram como espcies de comunismos literrios. Da mesma forma, na atualidade tanto as polticas identitrias quanto as novas prticas de solidariedade so concebidas como comunitarismos. Como pensar a herana do comum hoje em dia? Giorgio Agamben prope em A comunidade que vem (La comunit che viene) (1990) um novo programa para a comunidade do futuro, vazia de qualquer identidade representvel, uma comunidade sem pertencimento, comunidade dos que no tm nada em comum.

    Sandra Stroparo (UFPR) MODERAO

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 600

    IDENTIDADES E LITERATURA NA ANTIGUIDADE

    IDENTIDAD GRIEGA EN EL IMPERIO ROMANO: UN FENMENO LOCAL O GLOBAL? Francesca Mestre (Universitat de Barcelona)

    El tema de cmo los griegos asumen la conquista romana ha sido objeto, en especial en los ltimos decenios, de amplios debates, de anlisis diversos, por parte de historiadores, fillogos, arquelogos y antroplogos. No hay unanimidad, como es lgico, pero lo cierto es que este debate ha contribuido a ir construyendo un discurso sobre la identidad, lo identitario, aplicado a la antigedad, y de una forma muy particular en el contexto del imperio romano que ha sido observado como una especie de primera globalizacin, de mundo global, donde, del mismo modo que en el seno de la globalizacin de nuestros tiempos, parecen tomar relieve, adquirir nuevos mpetus, identidades ms pequeas, menos globales, a menudo locales. Hay algunos aspectos que estn en la base de los anlisis de hoy en da que pueden ser aplicados a ese momento de la antigedad y que, a pesar de todas las distancias que es menester tomar, pueden dar una cierta luz a cuestiones que normalmente no solan ser aplicadas a la antigedad; por ejemplo: qu vnculos pueden establecerse entre las relaciones espaciales y las relaciones sociales; o bien, qu papel juegan las ciudades y, por tanto, una cierta organizacin local y la ciudadana en la construccin de identidades; o tambin cmo la actividad cultural, literaria, sofstica, artstica, se relaciona tanto con el poder global como con el poder y el sentimiento locales. La lectura de muchos de los autores en lengua griega del perodo imperial (Din Crisstomo, Plutarco, Elio Arsitides, Luciano, Filstrato) nos dan pie a plantear algunas hiptesis a propsito del sentimiento helnico frente a la ciudadana romana, o simplemente a propsito de qu es genuinamente griego y qu genuinamente romano; y sobre todo, cmo estas personas, estos autores literarios que, al mismo tiempo, en su gran mayora, estn estrechamente vinculados al poder, viven su propia realidad y reflexionan sobre su identidad. Me propongo exponer algunos ejemplos de estos autores y analizar, a partir de su lectura, algunos de estos aspectos, haciendo especial hincapi en cmo lo global y lo local interaccionan entre s.

    IDENTIDADE E GNERO: UMA LEITURA DAS IMAGENS DE AGRIPPINA MINORFbio Faversani (UFOP)

    Os estudos das relaes de gnero trouxeram uma enorme contribuio para que se refletisse de uma forma mais rica sobre as identidades masculinas e femininas nas sociedades antigas e permitiu muitas leituras inovadoras das fontes, especialmente da tradio textual. Esta renovao dos estudos da Antiguidade esteve largamente motivada pelas lutas do tempo presente, como se sabe. O desenvolvimento dos debates em torno da questo de gnero no tempo presente poder ainda trazer novas perspectivas para o estudo da Antiguidade neste campo. Um dos problemas que procuraremos trazer ao debate quais seriam os limites, se que eles existem, para a transposio de problemas contemporneos para o mundo antigo. Pretendemos tambm problematizar outras formas de estudar personagens femininas para alm das relaes de gnero e, ainda, colocar em debate as diferentes leituras que se podem fazer usando-se a literatura e outras fontes. A anlise ser feita tendo por base parte da ampla documentao relativa a Agrippina minor.

    Alessandro R. de Moura (UFPR) MODERAO

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 16

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 700

    O ESTUDO DA DRAMATURGIA NO CURSO DE LETRAS

    POR QUE ESTUDAR A DRAMATURGIA BRASILEIRA NO CURSO DE LETRAS?Joo Roberto Gomes de Faria (USP)

    Trabalhando h muitos anos na interface do teatro com a literatura, quero apresentar alguns resultados positivos dessa experincia aos colegas professores de literatura brasileira ou teoria literria e demonstrar como o conhecimento da nossa dramaturgia pode trazer benefcios para o estudo da literatura. Pretendo comentar movimentos literrios, com destaque para o romantismo, e obras de autores que se dedicaram tanto prosa quanto ao teatro, como Jos de Alencar e Machado de Assis. Em relao ao sculo XX, vrios romancistas e poetas sero lembrados tambm como autores dramticos, entre eles Oswald de Andrade e Ferreira Gullar. O objetivo mostrar como o estudo da dramaturgia de um escritor, alm de ser importante pela sua especificidade, pode produzir um conhecimento que contribui para a anlise e interpretao de suas outras obras.

    A LINGUAGEM TEATRAL PEDE PASSAGEMMarta Morais da Costa (UFPR)

    A criao e trajetria da disciplina obrigatria de Dramaturgia Brasileira na graduao em Letras da UFPR abriram horizontes de informao, pesquisa e publicao nos vrios nveis de ensino. O estudo do teatro proporcionou a ampliao do interesse por outras artes e linguagens, favorecendo uma abordagem comparativa e desenvolvendo interesses e aptides dos estudantes. A partir do teatro, e com base em seus fundamentos, a relao com a literatura ganhou amplitude. A disciplina da graduao fez nascer cursos de especializao e linhas de pesquisa em Mestrado e Doutorado, favorecendo pesquisas sobre dramaturgos, espetculos, elencos, pblicos e a histria do teatro local e nacional. Trabalhando h muitos anos na interface do teatro com a literatura, quero apresentar alguns resultados positivos dessa experincia aos colegas professores de literatura brasileira ou teoria literria e demonstrar como o conhecimento da nossa dramaturgia pode trazer benefcios para o estudo da literatura. Pretendo comentar movimentos literrios, com destaque para o romantismo, e obras de autores que se dedicaram tanto prosa quanto ao teatro, como Jos de Alencar e Machado de Assis. Em relao ao sculo XX, vrios romancistas e poetas sero lembrados tambm como autores dramticos, entre eles Oswald de Andrade e Ferreira Gullar. O objetivo mostrar como o estudo da dramaturgia de um escritor, alm de ser importante pela sua especificidade, pode produzir um conhecimento que contribui para a anlise e interpretao de suas outras obras.

    Marilene Weinhardt (UFPR) MODERAO

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 800

    FAZENDEIROS, VAQUEIROS E CAMARADAS NO ROMANCE BRASILEIRO DO SCULO XIX

    HIERARQUIA E INSUBORDINAO EM O SERTANEJOEduardo Vieira Martins (USP)

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 17Os personagens de O sertanejo (1875), de Jos de Alencar, podem ser dispostos a partir de duas hierarquias: a primeira, aparente, determinada pelo lugar ocupado por cada um no servio da fazenda da Oiticica, de propriedade do capito-mor Gonalo Pires Campelo; a segunda, latente, definida pela relao mantida pelos diversos personagens com o mundo natural. Partindo da considerao dessas duas hierarquias, a comunicao pretende discutir a trajetria de Arnaldo Louredo, homem da natureza que vive na Oiticica, mas se recusa a ocupar o posto de vaqueiro que lhe destinado pelo fazendeiro. Diante dessa insubordinao obstinada e incompreensvel, Campelo no sabe se lida com um homem leal ou rebelde. Nesse contexto, as faanhas operadas pelo sertanejo podem ser interpretadas como provas de valor por meio das quais ele conquista um espao prprio na sociedade da Oiticica e, simultaneamente, assegura a manuteno do poder do capito-mor, ameaado pelas pretenses do jovem capito Marcos Fragoso.

    A PRESENA DOS HOMENS LIVRES POBRES NA FICO BRASILEIRA DO XIXFernando C. Gil (UFPR)

    A centralidade que ocupam os homens livres pobres no romance rural do sculo XIX ser objeto central de discusso de nossa interveno. Eles so protagonistas em muitas narrativas rurais, como O tronco do ip, Til e O sertanejo, de Jos de Alencar, Inocncia, de Taunay, O cabeleira, de Franklin Tvora, e lateralmente mas no menos importante em D. Guindinha do Poo, de Manuel de Oliveira Paiva. Isso para dar alguns exemplos. Esta posio-chave das personagens constitui um dos impasses do romance rural, seja no plano do enredo, seja em relao ao ponto de vista configurado pela obra em seu conjunto. Mas, afinal, em que consistiria este impasse? Fundamentalmente, em como representar os debaixo, os pobres, no romance rural. A ideia que buscaremos desenvolver consiste em demonstrar que na base desta contradio se encontra um n que ao mesmo tempo ficcional e sociolgico entre constrio social que envolve o percurso destas personagens e figuraes de elevao destes mesmos protagonistas, sob o ponto de vista narrativo. Deste modo, o nosso estudo conjectura que o romance rural, cuja centralidade no ocupada por representantes da oligarquia rural, mas por personagens que a margeiam, tem como enquadramento, como lastro ideolgico, que norteia o mundo narrado, a perspectiva dos de cima, das elites letradas e dos setores dominantes, baseado numa apresentao ficcional do que Roberto Schwarz denominou a molcula patriarcal brasileira; entretanto, o mundo que se pe em movimento , destacadamente, o das personagens no-proprietrias, algumas vezes, mas nem sempre, em relao de dependncia com um grande, manifestada nas suas mais diversas formas. De outra parte, interessa-nos tambm examinar, ao menos de passagem, por que esta figura foi to pouco estudada pela crtica sendo o centro deste tipo de fico; e a nossa hiptese neste ponto se liga prpria forma como a histria brasileira foi compreendida em sua vertente dominante nos ltimos 60 anos, a qual pautou a analise da formao social do Brasil predominantemente pelas as relaes sociais entre grandes proprietrios e escravos, deixando margem aqueles que conviviam perifericamente com estas relaes.

    Rogrio Lima (UnB) MODERAO

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 900

    POTICAS ORAIS EM FACE AOS ESTUDOS LITERRIOS E CULTURAIS

    NS, ORALISTAS? A POTICA DA VOZ EM MEIO AOS ESTUDOS LITERRIOS E CULTURAIS: UMA VISO PANORMICA SOBRE OS LTIMOS 15 ANOS DO SCULO XXFrederico Augusto Garcia Fernandes (UEL)

    A questo da oralidade habitou ensaios, pesquisas, histrias literrias ao longo do sculo XX. Nomes como Adam Parry (1902-1935), Northrop Frye (1912-1935), Paul Zumthor (1915-1995), entre outros, trouxeram uma significativa contribuio para se pensar a relao das poticas orais e da voz em face aos estudos literrios. Mas foi, sobretudo, em meio ao "boom" culturalista do ltimo quartel do sculo XX que tais poticas se fizeram presentes em teses e dissertaes de programas voltados aos estudos literrios no Brasil. Trataremos, ento, sobre algumas destes trabalhos, demonstrando como se constituram nucleaes de pesquisadores em torno do tema no Brasil, no contexto dos estudos culturais entre anos de 1985 e 2000.

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  • 18VOZES DISSONANTES: TENSES ENTRE AUTORIA E TESTEMUNHO Jos Guilherme Fernandes (UFPA)

    Este trabalho tem como ponto de partida as relaes entre oral e escrito, uma voz que na escrita literria contempornea cada vez mais se acentuam escrituras que incorporam as qualidades do texto oral em sua tessitura, a exemplo de Guimares Rosa. Estas qualidades so marcadas pelo processo interativo de narrao, com a presena de suposta interlocuo, alm de digresso narrativa. Essa interatividade concorre para que, na construo narrativa, se imiscua narrador e narratrio, criando uma tenso em relao a quem seja o autor do texto. Caso mais polmico vem a ser a narrativa memorialista, pois nesta o narrador se assume como autor, quebrando a linha tnue que distancia fico e realidade. Parto do princpio de que devemos observar esses textos mais como construes narrativas, seja o testemunho biogrfico ou a autoria ficcional, em que pese um estatuto prprio e epistemolgico, do que como oriundas da fico ou do fato, subsiando-me no conceito de memria e representao. Apoio-me para tecer minhas consideraes em Ricoeur, Sarlo e Pollak.

    Silvana Oliveira (UEPG) MODERAO

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1000

    A NOO DE MARGINAL NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORNEA: REPRESENTAES, LEITORES E LINGUAGENS

    PASSEIO PELAS MARGENS LITERRIAS BRASILEIRAS: OS QUE NO APARECEM NA FOTO DA CRTICA ACADMICAFernando Villarraga-Eslava (UFSM)

    A exposio busca apresentar algumas reflexes crticas sobre a emergncia e circulao nos ltimos anos de um conjunto de prticas e escritas que, a pesar das origens sociais perifricas e pertenas culturais subalternas, tentam se deslocar das margens para o centro do cenrio literrio nacional em movimentos articulados e de relevante matiz desafiador das fronteiras cannicas. Pode-se dizer que a partir da edio dos romances Cidade de Deus e Capo Pecado, de Paulo Lins e Ferrz, a posterior reunio de textos da Literatura Marginal nas quatro entregas da revista de alcance nacional Caros amigos, os saraus poticos organizados pelos integrantes da Cooperifa, a proliferao de oficinas literrias e de leitura em bairros populares de algumas cidades brasileiras, a apario de algumas obras assinadas por autores ligados ao mundo prisional, entre outros fatos, comea-se a evidenciar a entrada em cena de outras vozes, representaes e linguagens. Porm, sua presena at agora tem gerado poucas atenes especficas no meio de certos silncios suspeitos, ligeiras opinies de alerta e juzos genricos e superficiais por parte da chamada crtica acadmica, como se os cdigos e signos heterogneos que se organizam sob a rubrica de escritores que transitam nas margens sociais e humanas no tivessem o direito natural de ser literatura. Por isso o estudo de tais experincias e expresses mantm-se restrito em boa medida ao campo das cincias sociais. Todavia, no h dvida de que, caso se coloque de lado os gestos preconceituosos ou paternalistas, necessrio reconhecer que a conformao do campo vem sofrendo alteraes com a insero de uma srie de obras que, negociando com os padres da cultura letrada e da cultura massificada, tornam presentes sujeitos e discursos que concretizam outros modos de conceber, articular e formalizar o literrio. Assim, o que resulta prioritrio hoje na da esfera crtica indagar e discutir quais so as implicaes e os problemas que comportam as manifestaes marginais da literatura brasileira contempornea, os desajustes que provocam no cada vez mais instvel cnone literrio e os desafios que colocam para a respectiva interpretao e valorao literria.

    DE BOIS E OUTROS BICHOS: NUANCES DO NOVO REALISMO BRASILEIRO?Tnia Pellegrini (UFSCAR)

    O texto procura refletir sobre a relao entre a violncia e seus modos de representao, por meio do realismo e suas variantes contemporneas, utilizando dois contos escolhidos de Maral Aquino.

    Benito Rodriguez (UFPR) MODERAO

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  • 19

    Quinta-feira, 21 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1100

    TRADUO, POESIA E TEORIA LITERRIA

    DA VIOLNCIA DA TRADUOMarcelo Jacques de Moraes (UFRJ)

    Proponho-me a discutir uma violncia fundamental na experincia da relao tradutria, e que no a violncia mais frequentemente referida, aquela que seria operada pelo trabalho da traduo de vocao etnocntrica, da lngua tradutora sobre a lngua traduzida. Trata-se, antes, da violncia do original sobre o tradutor e sua lngua, que , a meu ver, a que deflagra propriamente a pulso de traduzir. Nesse sentido, no h primeiramente o original, apreendido na autonomia significante de sua lngua, e depois a traduo, por meio da qual o tradutor o enfrentaria e o transportaria para sua prpria lngua, ela tambm autnoma. A experincia da traduo de sada uma relao j em movimento, uma tenso j estabelecida com um original que, se exige intrinsecamente traduo (Benjamin), justamente por apresentar-se desde sempre j em tenso tradutria. Por isso mesmo a traduo Bildung, no apenas no sentido de uma forma em busca de uma forma prpria (Berman), mas no sentido freudiano de uma forma em formao, por definio interminada e interminvel.

    A TRADUO EM OBRA NA POESIA DE MAX JACOBPaula Glenadel Leal (UFF)

    A reflexo sobre a traduo aparece como requisito fundamental para uma compreenso dos processos criativos na poesia de Max Jacob (1876-1944). Ela necessidade interna do poema, muitas vezes atravessado por sonoridades e estruturas influenciadas pela Bretanha, trazendo uma lngua estranha para dentro da lngua francesa (o substrato breto, diga-se, no deixa de guardar uma estranheza para o prprio poeta: sua famlia no tem origem bret e migra para esse territrio na gerao anterior sua), trazendo tambm uma diferena para com os modos literrios de Paris, onde o poeta se instala, escreve e convive com os amigos cubistas. Coincidentemente, a traduo instncia tematizada em alguns poemas (como em Moeurs littraires), com o valor de sublinhar um estranhamento das prticas e dos lugares sociais disponveis para o poeta, que se traduz em personagem do poema. A traduo configura tambm um patamar de reversibilidade cultural entre judeu e cristo (tal como no texto sobre A traduo relevante, de Jacques Derrida, onde a converso analisada como equivalente a um processo de traduo); no caso de Max Jacob, ocorre a traduo dos teologemas catlicos em imagens poticas, como tentativa de dilogo com essa tradio religiosa outra que o seduz, o que pode ser lido como indcio de que sua aproximao do catolicismo epifnica, esttica e imaginativa. Tal reversibilidade assume um aspecto trgico, quando sabemos que Max Jacob morre num campo de concentrao francs, espera da transferncia fatal para Auschwitz. Finalmente, a traduo aparece, numa perspectiva comparada, como desafio ao leitor/tradutor falante http://www.uol.com.brde outro idioma, devido caracterstica especfica de sua poesia, onde, de modo comparvel ao que ocorre em Guillaume Apollinaire, o trampolim lrico move o sentido do poema atravs do trocadilho, dos jogos associativos criados pela semelhana entre vocbulos franceses. Como modo de abordar os mltiplos valores assumidos pela traduo em Max Jacob, a traduo comentada de um de seus poemas sublinhar, sempre segundo o axioma de Derrida, a conjuno intraduzvel-traduzvel que marca os limites da linguagem.

    Marcelo Paiva de Souza (UFPR) MODERAO

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 100

    ENSINO DE LITERATURA E FORMAO NA REA DE LETRAS

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 20LITERATURA E ENSINO: DOS DOCUMENTOS OFICIAIS SALA DE AULAJos Hlder Pinheiro Alves (UFCG-PB)

    Nos ltimos anos, tm surgido documentos parametrizadores nacionais (PCN, OCEM) e estaduais sobre o ensino de literatura. Esta produo contribui para se pensar numa renovao do ensino de literatura brasileira; entretanto no se observam reflexos das propostas no ponto de chegada, isto , nas prticas de sala de aula. Discutiremos avanos e limites de alguns documentos oficiais, chamando a ateno para a necessidade de mudanas radicais no trabalho com o texto literrio no ensino mdio. Neste sentido, abordaremos pesquisas realizadas em diferentes universidades brasileiras, cujos resultados trazem um suporte terico e metodolgico para implementao de mudanas no ensino de literatura.

    O LUGAR DA LITERATURAMiguel Sanches Neto (UEPG)

    A ineficcia das estratgias leitoras no Ensino Mdio e a perda da centralidade do texto literrio na rea das humanidades nos levam a repensar, dentro dos cursos de Letras, o lugar ocupado pela literatura, os contedos, a formatao e os objetivos de disciplinas que pressupem um aluno leitor, quando na grande maioria das vezes este aluno ainda literariamente iletrado.

    Gilberto Castro (UFPR) MODERAO

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 600

    RETRICA E PAGANISMO

    AS ETIPICAS DE HELIODORO NO CONTEXTO LITERRIO DA SEGUNDA SOFSTICAMarlia Pulqurio Futre Pinheiro (Univ. de Lisboa)

    As Etipicas de Heliodoro tm sido justamente consideradas uma das obras mais marcantes da Segunda Sofstica, a esttica literria que dominou o mundo greco-romano do sec. II d. C. ao sec. IV d. C. As formas literrias preceituadas pela Segunda Sofstica esto intimamente ligadas longa tradio do ensino retrico, que se nos apresenta materializada nos exerccios escolares ou Progymnasmata, que consistiam numa srie de exerccios preparatrios, inspirados em histrias mticas e narrativas imaginrias.Tais exerccios, com a sua multido de regras e clichs, so a prova evidente de que o ensino da retrica na poca imperial se baseava na memorizao de uma srie de tpicos e na sua aplicao prtica. Os retores, verdadeiros profissionais da arte da palavra, arquitectos do discurso, testaram todas as virtualidades da prosa literria. Defensores da "arte pela arte", exploraram, a nvel da expresso, a anttese e o paradoxo, a aliterao e o paralelismo. Cultivaram o estilo, modelaram a frase e esgotaram o arsenal da "pirotecnia" retrica. Ora, sendo as Etipicas o mais elaborado e o mais complexo dos romances gregos, o meu objectivo o de analisar em que medida esta obra representativa da cultura retrica do seu tempo, quer ao nvel formal, tendo em conta a utilizao de tcnicas e estratgias de natureza argumentativa dominantes nos tratados de retrica, quer a nvel literrio e mesmo ideolgico, tendo em considerao todo um conjunto de cdigos de natureza esttica e cultural que necessrio descodificar.

    SEMIOLOGIA RETRICA DO PAGANISMO ANTIGOFrancisco Marshall (UFRGS)

    A par da ironia e do escrnio de Celso e de Porfrio, do misticismo sofisticado de Plotino e do entusiasmo piedoso de Juliano, o paganismo antigo teve seu apogeu retrico na famosaRelatio tertia do senador Quintus Aurelius Symmachus. Em um apelo dirigido ao Imperador Valentiniano II em 384, o aristocrata, ento prefeito urbano de Roma, levou ao clmax tcnicas retricas

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 21orais e epistolares tipicamente imperiais, com fins persuasivos. O dever de responder foi delegado a Ambrsio, bispo de MIlo, eminncia da Igreja poca (Epstolas XVII e XVIII). Alm de exibir apuro estilstico, a missiva refere o universo de temas e argumentos postos em circulao naquele clebre confronto poltico e teolgico. Nesta apresentao, contextualizarei Symmachus e sua obra, bem como o evento em pauta (disputa do altar da deusa Vitria na curia do Senado romano). A seguir, examineramos a semntica do texto, seus vocabulrios, argumentos, concepes e imagens. Este exame permitir compreender um tipo mximo da retrica do paganismo, muito caracterstico da Antiguidade Tardia. Ao final, destacarei os elementos formais e temticos da Relatio tertia favorveis a anlises comparativas, com breve exame de sua fortuna histrica.

    Rodrigo Gonalves (UFPR) MODERAO

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 800

    HISTRIA DA LITERATURA NO BRASIL

    A ESCRITA DA HISTRIA DA LITERATURA BRASILEIRA HOJE: NOVOS CAMINHOS E ESTRATGIASCarlos Alexandre Baumgarten (FURG)

    A partir dos anos 70 do sculo passado, observa-se, no meio acadmico internacional, a afirmao de um forte movimento cujo objetivo repensar a escrita da histria e, por extenso, da histria da literatura, a partir de parmetros que promovem o abandono das antigas prticas discursivas e historiogrficas, pautadas, sobretudo, por um perfil teleolgico, por uma pretenso totalizadora e por um discurso que reivindicava para si a condio de verdadeiro. Assim, especialmente a partir da dcada referida, constata-se que a escrita da histria da literatura abre-se para novos caminhos, sejam aqueles apontados por correntes do pensamento historiogrfico vinculadas Teoria da Histria da Literatura e Teoria da Literatura, sejam aqueles concebidos no mbito da reflexo histrica produzida nas dcadas finais do sculo XX. Tal movimento no apenas recoloca a Histria da Literatura como objeto de reflexo constante no mbito da academia, como proporciona o aparecimento de uma historiografia literria que, no seu conjunto, assume um perfil multifacetado, decorrente de experincias que apontam para o surgimento de novas formas de historiar a literatura. No Brasil, a repercusso alcanada pelos novos caminhos apontados pelo pensamento histrico e, particularmente, por aqueles abertos pela Teoria da Literatura, alcana repercusso, especialmente a partir dos anos 80 do sculo passado, atravs da divulgao dos trabalhos realizados pelos integrantes do grupo inicialmente vinculado s teses estabelecidas pela esttica da recepo e tambm por aqueles desenvolvidos por historiadores alinhados com as propostas renovadoras surgidas no mbito da cincia histrica. Nesse sentido, surgem publicaes como A literatura e o leitor (Textos de esttica da recepo), 1979, Teoria da literatura em suas fontes (1983), ambas de Luiz Costa Lima, Esttica da recepo e histria da literatura (1989), de Regina Zilberman, Meta-Histria: a imaginao histrica do sculo XIX, (1992), de Hayden White, Teoria da literatura: uma introduo (1983), de Terry Eagleton, Histria da literatura: ensaios (1994), de Letcia Malard e outros, Histrias de literatura: as novas teorias alems (1996), organizao de Heidrun Krieger Olinto, Em 1926: vivendo no limite do tempo (1999), de Hans Ulrich Gumbrecht, que, entre muitas outras, atestam a preocupao com o repensar a escrita e o lugar da Histria da Literatura no plano dos estudos literrios. Essa preocupao tem como uma de suas conseqncias mais significativas a reviso da historiografia literria brasileira que, alm de ser estudada minuciosamente, tem seus textos fundamentais resgatados e postos em circulao. Nesse sentido, importante registrar trabalhos como os desenvolvidos por Regina Zilberman e Maria Eunice Moreira, com a publicao de O bero do cnone (1998), reunio de textos fundadores da histria da literatura brasileira, e por Roberto Aczelo de Souza que, entre outros tantos trabalhos, recolocou em circulao Histria da literatura brasileira e outros ensaios (2002), de Joaquim Norberto de Sousa Silva, e Historiografia da literatura brasileira: textos inaugurais (2007), de Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro. A ampla discusso sobre a Histria da Literatura tambm responsvel por um conjunto de aes que comprovam sua repercusso no meio acadmico brasileiro: de um lado, a realizao de continuados seminrios e congressos, nacionais e internacionais, que se ocupam da reflexo sobre a Histria da Literatura; de outro, a constituio, no mbito da Anpoll, de um Grupo de Trabalho voltado para o seu estudo. Nesse cenrio construdo pelos caminhos assumidos pela cincia histrica e pela prpria Teoria da Histria da Literatura, abrem-se, igualmente, novas possibilidades para a escrita da histria da literatura brasileira que, via de regra, tem optado por recortes de ordem pontual, como o caso de Artes e ofcios da poesia (1991), de Augusto Massi, Mecenato pombalino e poesia neoclssica (1999), de Ivan Teixeira, Como e por que ler a poesia brasileira do sculo XX (2002), de talo Moriconi, Pginas de sombra: contos fantsticos brasileiros (2003), de Brulio Tavares, Como e por que ler o romance brasileiro (2004), de Marisa Lajolo, Os cem melhores poetas brasileiros do sculo (2004), de Jos Numanne Pinto, Uma histria do romance de 30 (2006), de Lus Bueno, Antologia comentada da poesia brasileira do sculo XXI (2006), de Manuel da Costa Pinto, Uma histria da poesia brasileira

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 22(2007), de Alexei Bueno, entre muitos outros. Paralelamente, considerando-se o produzido dos anos 80 do sculo passado at os anos iniciais do sculo XXI, foram divulgadas tambm algumas histrias da literatura que ainda se aproximam de um modelo tradicional de escrita historiogrfica, como o caso de Literatura brasileira: dos rimeiros cronistas aos ltimos romnticos, de Luiz Roncari, da Histria da literatura brasileira (1997), de Luciana Stegagno Picchio, de A literatura brasileira: origens e unidade, de Jos Aderaldo Castello, e, mais recentemente, da Histria da literatura brasileira: da Carta de Pero Vaz de Caminha contemporaneidade (2007), de Carlos Nejar. O quadro, antes sumariamente referido, revela as transformaes por que vem passando a escrita da histria da literatura brasileira que, sem dvida, aponta para uma renovao do discurso historiogrfico, cujos novos caminhos e estratgias sero objeto de exame no trabalho a ser apresentado durante a realizao do XII Congresso Internacional da ABRALIC.

    A HISTRIA DA LITERATURA E A FORMAO DO ESPECIALISTA EM ESTUDOS LITERRIOSRoberto Aczelo de Souza (UERJ)

    Como disciplina, a histria da literatura esteve na defensiva praticamente durante todo o sculo XX. Parece, contudo, que, nesse perodo, no obstante um status que oscilou entre a preterio e tentativas de revitalizao, continua constituindo um fundamento insubstituvel para a formao de especialistas em literatura. Assim sendo, talvez seja pertinente sondar as suas bases conceituais, a fim de verificar a hiptese de que, sendo ela uma construo do historicismo, nem tudo na disciplina ser construo contingente, sendo pois provvel que ela tambm apresente elementos instalados por assim dizer na ordem natural das coisas.

    Jos Lus Jobim (UERJ/UFF) MODERAO

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 900

    TO LONGE, TO PERTO DE SI TRANSPARNCIA E OPACIDADE NAS VOZES NARRATIVAS CONTEMPORNEAS

    A ILHA MNIMA DO EU: SOBRE ALGUMAS FORMAS DE LER A INTIMIDADEDiana Irene Klinger (UFF)

    A intimidade, cujo estatuto foi variando historicamente , ao mesmo tempo, uma conquista do sujeito moderno e seu estigma: na sociedade atual, marcada pela exposio de si, o ntimo se oferece como espetculo e objeto de consumo. No entanto, na arte e na literatura, a intimidade, pensada como detalhe mnimo do vivencial, pode ter outras ressonncias. De fato, como aponta Nicols Bourriaud, a arte moderna comea no momento em que o mnimo gesto, formado por uma tica cotidiana e imerso num dispositivo formal, adquire poder de significar. Entendendo o ntimo como um detalhe, possvel estabelecer uma analogia entre um modo de leitura e a ateno que Freud confere a esses detalhes, a partir dos quais faz elevar a vida do homem comum a uma verso do grande heri trgico. A proposta desta comunicao ler o ntimo, em algumas escritas do presente, como um compartimento do privado e do cotidiano do qual emerge uma particular tica e uma esttica da existncia.

    QUANTO VALE A ESCRITA DE SI?Luciene Almeida de Azevedo (UFBA)

    A comunicao partir da premissa de que possvel notar na contemporaneidade uma permeabilidade entre as fronteiras dos gneros literrios e o que podemos chamar de narrativas de si, entre o inventado e o vivido, forando os paradigmas valorativos que norteiam a prpria concepo do literrio. Baseando-nos na pressuposio de que a incidncia das narrativas do eu, em muitos espaos diferentes da cena contempornea, renova as investigaes sobre a fronteira sempre problemtica entre a fico e a no-fico, gostaramos de refletir melhor sobre a possibilidade de um deslizamento do prprio estatuto da literatura, marcado sobretudo por uma reelaborao/dissoluo de pressupostos avaliativos que esto presentes no

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  • 23apenas nos prprios textos, mas em todo o campo literrio.

    Arnaldo Franco Jnior (UNESP-Rio Preto) MODERAO

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1000

    FICO CONTEMPORNEA

    TICA E ESTTICA ENTRE EXTREMOSHelena Bonito (Univ. Presb. Mackenzie)

    Esta apresentao tem por alvo refletir sobre aspectos da fico atual, sem nenhuma pretenso, evidentemente, de estabelecer o cnone dos primrdios do sculo 21. Os catlogos das editoras e a concorrncia nas premiaes revelam que as narrativas ficcionais publicadas em romance, conto, crnica, mini-conto e outras formas hbridas vm ao encontro de um pblico leitor que, embora restrito, assegura uma trgua face aos apocalpticos que anunciam continuamente a morte da literatura. A certeza da permanncia da literatura no significa que esta permanea isolada face s inovaes tecnolgicas. Ao contrrio, a movimentao entre o livro, a mdia e a informtica intensifica-se e se consolida, como se constata, por exemplo, na adoo de formas ficcionais breves em blogues, ou na criao literria em moldes muito prximos da roteirizao cinematogrfica. Impem-se, nesse quadro, questes ticas e estticas da maior relevncia. Do ponto de vista tico, as tonalidades hipermimticas ou hiper-realistas imprimem em numerosas obras o mais desencantado niilismo, ao passo que as mesmas tonalidades podem, revestidas de ironia em outras narrativas, sinalizar que o naufrgio dos valores pode ser apenas aparente ou circunstancial. Do ponto de vista esttico, nem tudo que se publica faz jus ao rtulo de literatura, dada a diversidade de estilos, do mais denotativo at o neo-barroco. Essa mesma diversidade assegura, todavia, a validade da afirmao de Bosi, para quem na rede de uma cultura plural como a que vivemos a qualidade esttica do texto que ainda deve importar como primeiro critrio de incluso no vasto mundo da narrativa. Viabiliza-se, entre extremos, o balizamento de aspectos ticos e estticos em algumas narrativas que se destacaram no ltimo decnio a serem aqui comentadas.

    A NARRATIVA BRASILEIRA CONTEMPORNEA: UM TERRITRIO EM DISPUTARegina Dalcastagn (UnB)

    Desde os tempos em que era entendida como instrumento de afirmao da identidade nacional at agora, quando diferentes grupos sociais procuram se apropriar de seus recursos, a literatura brasileira um espao em disputa. Afinal, est em jogo a possibilidade de dizer sobre si e sobre o mundo. Hoje, cada vez mais, autores e crticos se movimentam na cena literria em busca de espao e de poder, o poder de falar com legitimidade ou de legitimar aquele que fala. Da os rudos e o desconforto causados pela presena de novas vozes, no autorizadas; pela abertura de novas abordagens e enquadramentos para se pensar a literatura; ou, ainda, pelo debate da especificidade do literrio, em relao a outros modos de discurso, e das questes ticas suscitadas por esta especificidade.

    Paulo Venturelli (UFPR) MODERAO

    Sexta-feira, 22 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1100

    LITERATURA BRASILEIRA E HISPANO-AMERICANA: RELAES EM TRADUO

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 24

    LAS AVENTURAS DE LAS TRADUCCIN Y EL ODO DE LA LENGUA: EL CASO DE HAROLDO DE CAMPOSRoberto Echavarren (New York University)

    Empieza con un examen acerca de qu sea traducir: captar el pensamiento del poema para a partir de all decidir la terminologa y la construccin gramatical. Pasa a analizar la traduccin de Reynaldo Jimnez, poeta argentino-peruano, de Galaxias de Haroldo de Campos en su primera versin integral al castellano, publicada recientemente por nosotros aqu en la editorial La Flauta Mgica, dedicada a ediciones bilinges de poesa. Mi contribucin hasta el momento en La Flauta Mgica, en la lnea de traduccin, incluye ediciones bilinges de John Ashbery y Wallace Stevens, los dos mejores poetas estadounidenses del siglo XX.

    LA TRADUCCIN COMO "CONTRABANDO-HORMIGA" HACIA 1950. MANUEL BANDEIRA Y AURLIO BUARQUE DE HOLANDA TRADUCEN POETAS HISPANOAMERICANOS/ CIPRIANO S. VITUREIRA TRADUCE POETAS BRASILEOSPablo Rocca (Universidad de la Repblica, Uruguai)

    Qu condujo a un intelectual y vergonzante poeta como Aurlio Buarque de Holanda y a un poeta-crtico como Manuel Bandeira a traducir ciertos textos poticos de sus colegas y coetneos hispanoamericanos? Por qu la comn aficin por algunos textos de Borges, percibidos como centro de un cambio esttico? En Montevideo, por qu un poeta de amplia movilidad por los pases vecinos (Ildefonso Pereda Valds) se empe en traducir a sus contemporneos brasileos? Esta tarea, en la zona lusitana e hispana de Amrica, construida al margen de los dictmenes del mercado, parece cifrarse ms en el acto de placer individual, de contacto interpersonal, de reforzamiento de una esttica nueva comn (la vanguardia). En consecuencia, desplaza el foco desde la teora de la traduccin como acto importador al contrabando en pequeas dosis pero, a la larga, de poderosas incidencias en una y otra zonas americanas.

    Raquel Illescas Bueno (UFPR) MODERAO

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 25Programao dos Simpsios

    MANH 10h30-12h30

    A FORMAO DA LITERATURA BRASILEIRA E O PROCESSO DE MUNDIALIZAO IFernando Cerisara Gil (UFPR)

    Luis Alberto Nogueira Alves (UFRJ)Humberto Hermenegildo de Arajo (UFRN)

    Tera-feira, 19 de julho de 2011 Edifcio D. Pedro I Sala 1100

    A literatura enquanto um fato social: instncias e instituies SANDRA ELEINE ROMAIS LEONARDI (FAEL)

    A concepo de literatura hoje , simultaneamente, histrica, contraditria e multifacetada. Sua repercusso enquanto um fato social tem alcanado dimenses surpreendentes e avassaladoras, no restritas s questes artsticas ou estticas, mas, sobretudo, no meio social, poltico, econmico, ideolgico e material. Tais relaes no podem ser ignoradas, mas compreendidas com pre -ciso e crtica a fim de devolver (ou atribuir) um significado pertinente literatura e sua prtica em vista dos novos paradigmas da sociedade ps-moderna. Este trabalho busca analisar a litera -tura a partir do evento da revoluo burguesa, movimento responsvel pelo desencadeamento de todo o processo de produo, distribuio e circulao do artefato literrio e dos dispositivos necessrios para a divulgao e acolhimento deste material artstico. Nesse sentido, apresenta a literatura enquanto uma prtica social especfica e constituda por um complexo jogo de relaes que se constituem em um Sistema Literrio. Tal sistema ser discutido a partir das relaes entre a trade autor-texto-leitor (proposta por Antonio Candido), e as instncias e instituies que surgem a partir desta relao e que so essenciais para definio das propores e o valor esttico que os chancelam como literatura. As instncias consideradas deste complexo e abrangente sistema literrio so: 1) o circuito de produo e recepo, que se refere constituio do autor e do pblico-leitor; 2) o circuito de produo material dos textos, que trata da evoluo das tc -nicas de impresso e das novas tecnologias; 3) o sistema legislativo e econmico, desenvolvido para regulamentar o comrcio livreiro; 4) as prticas discursivas e a atuao das instituies como a Academia de Letras, a crtica e a histria literria, na elaborao dos padres literrios; 5) o sistema educacional que forma o pblico-leitor (consumidor) e divulga determinados valo -res scio culturais. A pesquisa, de carter bibliogrfico, faz um recorte sociolgico e de fundo marxista, procurando enfatizar, sobretudo, a trajetria histrico-social brasileira. A abordagem sociolgica possibilita um enfoque diferenciado e mais abrangente sobre a construo do conceito de literatura, pois resgata diversos elementos que influenciam direta ou indiretamente na vida literria, procurando verificar o lugar ocupado pela literatura numa sociedade especfica em um determinado momento histrico. Segundo Imbert (1971) a sociologia literria estuda as formas da ao recproca entre todas as instncias que intervm na literatura, observando as condies materiais e ideolgicas envolvidas. Para discutir o jogo ideolgico e de poder presentes na pro-duo literria, apoia-se na crtica marxista, buscando no apenas analisar as condies histricas, mas tambm compreend-las. No Brasil, Antonio Candido (1995) ressalta a importncia de um panorama social e histrico nos estudos da literatura, pois como manifestao universal, a literatura cumpre sua funo humanizadora e/ou alienadora que lhe permite ser um poderoso ins -trumento de educao e instruo. Deste modo, a literatura assume um papel poltico que contribui para a formao de um leitor crtico e incita reflexo e ao questionamento do discurso ide -ologicamente dominante. nesta direo que se pretende, como afirma Robert Escarpit (1969), desmistificar a literatura, libert-la dos seus tabus sociais, penetrando no segredo da sua poten-cialidade.

    Cartas de Cmara Cascudo a Joaquim Inojosa, nos anos 1920: tempo de modernismoHUMBERTO HERMENEGILDO DE ARAJO (UFRN)

    XII CONGRESSO INTERNACIONA DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE LITERATURA COMPARADA CENTRO, CENTROS: tica,esttica18 a 22 de julho de 2011 Curitiba, Paran ABRALIC GESTO 2009-2011 UFPR UEL UEPG

  • 26Quando Joaquim Inojosa publicou o livro-documentrio O movimento modernista em Pernambuco (1968-1969), incluindo nos seus anexos as cartas que lhes foram enviadas por Cmara Cas-cudo ao longo dos anos de 1920, iniciava-se o registro histrico da correspondncia entre os dois intelectuais, ambos divulgadores do movimento modernista na regio Nordeste no incio do sculo XX. Esta proposta tem por objetivo realizar uma leitura de cartas trocadas entre os dois intelectuais nos anos 1920, estabelecendo relaes com a correspondncia de Mrio de Andrade, haja vista o fato de que ambos se correspondiam com o escritor paulista. Entre os aspectos observados, destacam-se a conscincia moderna do tempo e a posio exposta dos intelectuais em contexto intersubjetivo como elementos do material posto em confronto com o conhecimento acumulado sobre a modernidade brasileira que se manifestou no sistema literrio nacional, no pe -rodo considerado. As cartas analisadas chamam a ateno sobre a situao dos centros culturais do pas, implicando a a definio do papel dos produtores e a formao de pblicos, bem como uma organicidade de linguagem e estilo que solicitam leituras sobre modos e tempos diferentes nas diversas regies e estados, sob a influncia e a presso dos grandes centros nacionais. A correspondncia entre os dois intelectuais selecionados para estudo, em contraste com os seus dilogos com Mrio de Andrade, fornece elementos substanciais para um confronto com as po-sies distintas. Impe-se, metodologicamente, a hiptese de que para os dois intelectuais estava posto o desafio de abrir a realidade regional para o dilogo franco com as perspectivas moder -nistas da poca, processo que se manifestaria sob grande tenso, haja vista a presso em contrrio exercida pela perspectiva de Gilberto Freyre, o que enriquecedor para a histria do movi -mento intelectual da poca.

    Viagem Etnogrfica ao Nordeste do Brasil: a crtica cultural de Mrio de AndradePEDRO ROCHA DE OLIVEIRA (UFC)

    O texto analisa o dirio "Viagem Etnogrfica", escrito pelo escritor paulista Mrio de Andrade durante sua viagem regio Nordeste entre 1928 e 1929 e publicado postumamente no livro O Turista Aprendiz. O dirio interpretado a partir da teorizao do autor em suas "estticas da juventude" ("Prefcio Interessantssimo" e A Escrava que no Isaura), enfatizando as motiva-es estticas envolvidas nas pesquisas etnogrficas do modernista. Sob o aporte de tericos como Antonio Candido, Nicolau Sevcenko, Terry Eagleton e Walter Benjamin, investiga-se a pre -mncia da musicalidade da cultura popular nordestina - a exemplo do catimb e do coco - na formulao pelo autor de uma arte moderna e nacional.

    Ainda o regionalismo: um olhar de banda sobre essa velhariaCSSIO TAVARES (UFG)

    Os Estudos Literrios permanecem, apesar de t