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PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES
SOBRE O SETOR ELÉTRICO
RELATÓRIO MENSAL
ACOMPANHAMENTO da CONJUNTURA:
GRANDES CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA
MARÇO de 2010
Nivalde J. de Castro
Bianca Hoffmann T. Pinto
PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS – FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO
Índice
1 – METALURGIA .............................................................................................................. 3 1.1 – ALUMÍNIO, COBRE, NÍQUEL E OUTROS METAIS ..........................................4 1.2 – AÇO...........................................................................................................................6
2 – MINERAÇÃO................................................................................................................. 9 3 – SETOR AUTOMOTIVO............................................................................................. 11 4 – PAPEL e CELULOSE ................................................................................................. 14 5 – QUÍMICA e PETROQUÍMICA ................................................................................. 15 6 – GERAL.......................................................................................................................... 16
Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Grandes Consumidores (1)
Nivalde J. de Castro (2)
Bianca Hoffmann T. Pinto (3)
(1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (3) Assistente de Pesquisa do GESEL-IE-UFRJ
1 – METALURGIA
A metalurgia continua em ampla expansão da utilização de sua capacidade
instalada, tendo atingido o nível de 86% no mês de março, o que representa um
crescimento de 0,5% com relação ao mês anterior. Isso revela um bom início de ano
para o setor, que mantém sua recuperação após a crise de setembro de 2008 ter reduzido
significamente a produção.
Gráfico n°. 1
Utilização média da capacidade instalada na metalurgia.
Fonte: FGV
Segundo a FGV, que coleta o IGP-M, o minério de ferro, que hoje responde por
1,08% do IPA, vai passar a representar 2,54%. As fábricas metalúrgicas devem ampliar
o repasse de preços ao longo do ano. Apenas no primeiro trimestre, o setor acumulou
alta de 4,2% - antes, portanto, do reajuste no preço do minério de ferro. A indústria
metalúrgica, no entanto, ainda está longe de recuperar a queda de preços verificada em
2009, quando acumulou deflação de 12,2% no IGP-M.
1.1 – ALUMÍNIO, COBRE, NÍQUEL E OUTROS METAIS
Observando a evolução do preço do cobre nos últimos três meses, pode-se
acompanhar poucas oscilações ao longo do mês de março, além de recuperação da
queda que aconteceu em fevereiro. Isso pode ser observado no gráfico nº. 2.
Gráfico nº. 2 Variação nos Preços do Cobre no Mercado Internacional.
Fonte: ADVFN
Após recuperação muito forte do alumínio desde maio desse ano, a partir de
outubro o que se observa é que não houve mais variação no preço do minério.
Gráfico nº. 3
Variação nos Preços do Alumínio no Mercado Internacional.
Fonte: ADVFN
A produção de alumínio primário do Brasil, recuou aproximadamente 7,5% no
ano passado, na comparação com o que foi registrado em 2008, de acordo com dados
divulgados pela Associação Brasileira de Alumínio. Ao todo, foram produzidas cerca de
1,53 milhões de toneladas em 2009. Os resultados negativos, por conta dos efeitos da
turbulência econômica, já foram atenuados em janeiro passado, quando chegou-se à
casa das 128,6 mil toneladas, o que significou redução foi de 5% na comparação com
dezembro, sinalizando uma leve melhora no início deste ano.
A Votorantim Metais decidiu que o momento é bom para crescer em alguns
segmentos no Brasil. Por conta da expansão imobiliária, por exemplo, a holding de
metais do grupo Votorantim vai investir R$ 400 milhões, 40% do seu orçamento total
para 2010, em um projeto para expansão de produtos transformados de alumínio. O
dinheiro será alocado para instalar duas novas prensas de extrusão na unidade de
negócio alumínio operada pela Cia. Brasileira de Alumínio no interior de São Paulo. Os
dois equipamentos vão adicionar capacidade de 2 mil toneladas mensais às atuais 3,6
mil de material fabricado, com destaque para perfis, usados em edificios comerciais
residenciais, comerciais e outros. As duas máquinas já foram encomendadas e a
previsão da VM é estar com elas em operação ainda no quarto trimestre deste ano.
1.2 – AÇO
A produção brasileira de aço bruto caiu 11% em fevereiro, para 2,4 milhões de
toneladas, em relação a janeiro. Sobre o mesmo mês do ano passado, o aumento foi de
48%. Com esses resultados, a produção acumulada em 2010 totalizou 5,2 milhões de
toneladas de aço bruto. As vendas internas alcançaram 1,6 milhão de toneladas de
produtos em fevereiro (retração de 2,4% sobre janeiro), porém representou expansão de
64% sobre o mesmo mês do ano passado. O consumo aparente nacional de produtos
siderúrgicos em fevereiro foi de 1,9 milhão de toneladas, totalizando 3,9 milhões de
toneladas em 2010. Esses valores representaram elevação de 74,3% e 73,0%,
respectivamente, em relação a igual período do ano anterior.
Gráfico n°. 4 Evolução da Produção de Aço Bruto no Brasil. Janeiro a Fevereiro de 2010.
Fonte: IBS
A maior surpresa da siderurgia nesse mês foi um comunicado da Vale, que
enviou um documento aos seus clientes do mundo inteiro comunicando a adoção de um
novo sistema de preços, o IODEX (IronOre Index) em alternativa ao "benchmark",
acompanhado de uma nova tabela de preços do minério de ferro a vigorar no segundo
trimestre do ano. O preço do minério do tipo minério fino (sinter feed) de Carajás, de
maior teor de ferro, sobe para US$ 122,20 a tonelada FOB (entregue em portos da
Vale), correspondendo a um aumento de 114,38% acima do preço de referência de US$
57 vigente no ano passado. O novo preço vai valer para o período de abril a junho. O
IODEX passa a vigorar a partir de 1º de abril, quando tem início o ano fiscal dos países
asiáticos.
Fontes do setor siderúrgico criticaram a iniciativa da Vale, que levou a nova
sistemátiva para apresentá-la à seus clientes, que consideraram que este "fato
consumado" tolhe a discussão dos preços e do novo sistema de precificação do minério
da maior produtora do insumo no mundo. Os interlocutores afirmaram ainda que a Vale
usou no cálculo, com referência no IODEX/Platts para calcular os preços vigentes a
partir do segundo trimestre, um valor de frete de US$ 18,58 entre Brasil e China, bem
abaixo do preço do frete do mercado (atualmente na faixa de US$ 29 a tonelada
embarcada). O fato torna o preço do minério fixado pelo modelo IODEX mais caro. As
críticas se estendem ainda ao prêmio pela qualidade do minério. Isso porque a cada 1%
a mais no teor de ferro do minério é acrescido US$ 4,56.
A BHP Billiton, maior mineradora do mundo, anunciou que fechou acordos com
a maioria de seus clientes para vender minério de ferro a preços de mercado, um
acontecimento que garante custos mais altos e volatilidade nas oscilações do minério
crucial para as siderúrgicas do mundo. O ferro pode quase dobrar de preço por tonelada
este ano em relação a 2009, quando as siderúrgicas pagaram cerca de US$ 60 por
tonelada. A decisão da BHP é um forte sinal de que a era de negociações anuais secretas
e fragmentadas entre as siderúrgicas e as mineradoras está chegando ao fim.
A siderúrgica mineira Usiminas adotou a estratégia de adquirir pelo menos 20%
de suas necessidades de carvão mineral no mercado à vista para conseguir melhor
equilíbrio no fornecimento e nos custos do insumo. A primeira experiência com esse
sistema foi feita no mês de março, com aquisição de 120 mil toneladas.
Além disso, a Usiminas também está de olho na Copa de 2014, que será sediada
no Brasil, e nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. A siderúrgica planeja entrar em
todas as licitações de construção e reformas dos estádios brasileiros, em 12 cidades-
sede, que vão abrigar os jogos da competição futebolística. A Usiminas vai aproveitar a
onda esportiva para avançar no negocio de construção civil. Já adquiriu 30% nas
construtoras Codeme e Metform, que têm indústrias em Betim (MG) e Taubaté (SP).
A ArcelorMittal Tubarão pretende retomar a operação de seu alto-forno 2, na
usina em Serra (ES), no fim de abril. O equipamento foi paralisado em dezembro de
2008, como consequência da crise mundial, para antecipar sua manutenção então
programada para 2011. A empresa foi a primeira produtora de aço no país a ajustar seus
estoques e, a partir de julho de 2009, passou a operar com seus outros dois altos-fornos
com 100% da capacidades. Ao todo, a empresa opera com 87% da capacidade de 7,5
milhões de toneladas por ano.
2 – MINERAÇÃO
O Ministério de Minas e Energia apresentou no dia 9 de março um resumo do
que constará nos dois projetos de lei que vai enviar à Casa Civil sobre a revisão do
marco regulatório da mineração. Apesar de deixar para um segundo momento o projeto
de lei que revisa a cobrança dos royalties do setor, o ministério acabou incluindo no
material um "contrabando" sobre encargos, que é a redução da taxa a ser paga pelos
mineradores para os donos das terras onde elas ocorrem. A taxa paga para o
superficiário atualmente é de 50% da CFEM, o royalty do setor. Ou seja, como a
alíquota aplicada sobre o faturamento líquido de uma empresa exploradora de ferro é de
2%, essa empresa tem de bancar outro 1% ao dono da terra. Pelo projeto de lei, a taxa
cairá a 10% da CFEM. Dessa forma, o governo reduz os custos da mineração no país, o
que é vantagem para o setor.
O novo código da mineração não terá capítulos específicos para fertilizantes.
Mesmo assim, os minérios para a produção desses insumos terão tratamento
diferenciado na nova lei. Potássio e fosfato, por exemplo, e todas as matérias-primas
importantes na produção de fertilizantes, serão considerados minerais estratégicos.
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) vai ser extinto pelo
novo marco regulatório da mineração. No lugar da autarquia, será criada a Agência
Nacional de Mineração, que terá papel regulador como as outras agências ligadas ao
setor energético, petroleiro, de telecomunicações, de águas e de transportes terrestres.
Segundo o ministro, um dos objetivos com a criação da agência é recuperar áreas
concedidas para mineração, mas que não tem sido exploradas, o que causa prejuízos ao
patrimônio público.
No dia 17 de março, Edison Lobão e seu o secretário, Cláudio Scliar,
apresentaram na Comissão de Minas e Energia da Câmara o novo código mineral.
Segundo Lobão, ficará a cargo do ministério propor ao Conselho Nacional de Política
Mineral as áreas consideradas estratégicas e, portanto, que vão ser leiloadas para
mineradores interessados. Também deverão a ir a leilão mais de 150 mil áreas onde não
há atividade mineral ativa. Conforme o novo marco legal, o governo terá mais poder
para fazer caducar as licenças dessas áreas. Questionado na Câmara se não se trataria de
"estatização" do setor, o ministro afirmou que "não há intenção de se reestatizar, mas de
colocar o mercado sob regras severas que atendam ao interesse nacional".
O ministro Lobão, defendeu a implantação de um marco regulatório para o setor
mineral, como condição essencial para o desenvolvimento do setor. Ele destacou a
importância da exploração mineral para a economia do país, não apenas pelos resultados
de grandes mineradoras, mas também pelas atividades de parcela essencial para a
construção civil - que explora, por exemplo, areia, cascalho e brita.
A MMX, braço de mineração do grupo EBX, demonstrou vontade de passar de
uma produção de 5 milhões de toneladas de minério de ferro para 35 milhões de
toneladas nos próximos anos no país. Para tanto, a empresa prevê a retomada de
investimentos, diante da recuperação da demanda mundial. Serão R$ 200 milhões
investidos este ano no aumento da eficiência das operações.
Em dois meses, a Steel do Brasil Participações, empresa controlada pelo fundo
Metropolis Capital Markets, pretende concluir uma capitalização de US$ 600 milhões a
US$ 800 milhões para dar partida ao seu plano de instalação de dois grandes projetos de
produção de minério de ferro no Brasil. O plano da companhia vai exigir aportes da
ordem de US$ 6 bilhões nos próximos cinco anos. O objetivo da companhia é ter duas
minas de grande porte que, juntas, poderão fazer algo como 50 milhões a 60 milhões de
toneladas de minério de ferro por ano.
3 – SETOR AUTOMOTIVO
A utilização média da capacidade instalada na indústria mecânica nacional ainda
está abaixo dos níveis apresentados no ano de 2008. No mês de janeiro apresentou uma
recuperação com relação a queda de janeiro, de 2,5%. Esse mês, a utilização média da
capacidade instalada na indústria mecânica atingiu 85%.
Gráfico n°. 5
Utilização média da capacidade instalada da Indústria Mecânica.
Fonte: FGV
Em relação à produção de veículos, após superar em outubro de 2009 a produção
de outubro de 2008, a indústria seguiu em ritmo intenso no início desse ano, com o mês
de fevereiro apresentando produção 2,8% maior que a de janeiro.
Gráfico n°. 6 Produção de Veículos. Período Jan. – Fev. 2009 e 2010.
Produção de Veículos
0
50
100
150
200
250
300
350
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
milh
ares
2010 2009
Fonte: Anfavea
A venda de veículos continuou apresentando aumento com relação ao mês
anterior, superando-o em 3,6%.
Gráfico n°. 7 Licenciamento de Veículos. Período Jan. – Fev. 2009 e 2010.
Licenciamento de Veículos
0
50
100
150
200
250
300
350
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
milh
ares
2010 2009
Fonte: Anfavea
O presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne, disse que o grupo pretende
ampliar os investimentos no Brasil por considerar que a economia do País é "sólida e
estável". Ele participou da reinauguração da fábrica de máquinas agrícolas da Case New
Holland (CNH), empresa do grupo Fiat. A fábrica ficou fechada desde 2001, após
enfrentar uma crise na área agrícola, e foi totalmente modernizada para a reabertura,
processo que exigiu investimentos de R$ 1 bilhão.
O grupo PSA Peugeot Citroën tem como meta dobrar - de 5% para 10% - a soma
das participações das duas marcas do grupo no Brasil, a médio prazo. A estratégia passa
por aumentar em 50% a capacidade de produção de veículos e de motores no centro de
produção de Porto Real (RJ). O plano também considera o lançamento de novos
modelos de veículos. O presidente mundial da companhia francesa, Philippe Varin,
anunciou que serão investidos R$ 1,4 bilhão para desenvolver as atividades do grupo no
mercado brasileiro entre 2010 e 2012.
4 – PAPEL e CELULOSE
A indústria de papel e celulosa se manteve como a que apresenta a maior média
de toda economia nacional de utilização média de capacidade instalada, em níveis de
91,6%. Isso apresenta quase que uma recuperação com o nível mais alto de utilização
desde a crise de 2008. Na comparação com o mês anterior, pode-se observar uma ligeira
alta de 2,0%.
Gráfico n°. 8 Utilização média da capacidade instalada da Indústria de papel e celulose.
Fonte: FGV
O Brasil produziu aproximadamente 14 milhões de toneladas de celulose no ano
passado e a expectativa é de que a produção chegue a 44 milhões de toneladas em 2020.
As informações foram divulgadas pelo subsecretário de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, Ariel Pares.
5 – QUÍMICA e PETROQUÍMICA
Como todo setor industrial brasileiro, a indústria química também foi afetada
pela desaceleração econômica internacional, porém os setores químico e farmacêutico
foram os menos afetados de toda economia, como é possível observar pela pequena
oscilação em sua utilização de capacidade produtiva. Observando a evolução mensal, o
setor manteve-se praticamente estável na comparação com o mês anterior, apresentando
ligeira alta de 0,2%.
Gráfico n°. 9 Utilização média da capacidade instalada da Indústria Química.
Fonte: FGV
6 – GERAL
Em fevereiro, a indústria brasileira demandou da rede 14.438 GWh, o que
equivale a 42% do total. De um modo geral, observa-se que o consumo industrial de
energia retomou o patamar pré-crise. No ano, a expansão da demanda de energia das
indústrias acumula crescimento de 13,9%.
Gráfico nº. 10
Consumo de energia elétrica.
Fonte: EPE
A recuperação do consumo industrial se observa principalmente nas indústrias
siderúrgica e extrativa mineral (minério de ferro, em particular). A região mais
industrializada do país, o Sudeste, liderou a expansão do consumo industrial de energia
em fevereiro: 17,3%.
No mês, as famílias foram responsáveis por 26% do consumo de energia na rede,
totalizando uma demanda de 8.935 GWh, 9,8% maior do que em fevereiro de 2009.
Esse crescimento em parte está associado à ocorrência de temperaturas relativamente
mais elevadas neste verão. Mas o indicador de crescimento de 7% no acumulado de 12
meses evidencia que a expansão do consumo é sustentada e está ligada ao aumento
sistemático do número de consumidores, em especial no Nordeste, e ao aumento na
posse e no uso de eletrodomésticos, explicado pela expansão da renda, pela maior oferta
de crédito e pela mobilidade social (ascensão) verificada nos últimos anos.
As estatísticas apuradas pela EPE para os dois primeiros meses do ano
evidenciam que o consumo de energia elétrica na rede está evoluindo dentro das
previsões. Com efeito, no primeiro bimestre de 2010 anotou-se o consumo de 67.795
GWh, apenas 0,3% acima do previsto (67.603 GWh). Na indústria observou-se o maior
desvio negativo entre as previsões e o realizado. Contudo, essa diferença não foi