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Descricão da Psicopatologia da Cognicao
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Universidade Católica de Moçambique
Curso de PCAS - 3o Ano
Função Cognitiva Sensopercepção
Vasco Francisco Japissane Cumbe(MD, Médico Psiquiatra, Msc)
00258844206301 [email protected] de Fevereiro de 2016
1.0 - Função Cognitiva
Permite ao homem informar - se das características externas dos objectos e fenómenos do meio ambiente através da Sensopercepção, assim como das características internas por intermédio do Pensamento.
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2.0 - Sensação
Constitui um fenómeno psíquico elementar que resulta da acção dos estímulos captados (luz, calor, som) pelos orgãos dos sentidos, que nos permitem um contacto com o mundo a volta.
Classificação das Sensações: Externas: reflectem propriedades ou aspectos isolados dos fenómenos
externos.
Internas: reflectem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o estado dos orgãos internos.
Motora : orientação sobre o movimento dos membros, corpo.
Equilíbrio : orientação sobre a posição do corpo e da cabeça.
Proprioceptiva: dão nos a sensação de bem estar.
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3.0 - Percepção
É um fenómeno psíquico através do qual tomamos conhecimento de um objecto do meio externo, considerado como real, isto é, como existente (Isaías Paim, 1993).
É a consciência de determinadas coisas materiais que se apresentam ao orgãos dos sentidos (Sims, 2001).
É uma função cognitiva onde o indivíduo é capaz de formar e distinguir os estímulos vindos de um ambiente através dos órgãos sensoriais e poder dar um significado para eles.
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4.0 - Pensamento
É um fenómeno psíquico através do qual se exprimem as relações externas e internas entre os objectos do mundo real.
Produto supremo da matéria organizada de modo especial, assim sendo, o pensamento está sempre relacionado com determinada forma de movimento de matéria (Isaias Paim, 1993).
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5.0 - Alterações Cognitivas6
5.1a - Alterações Quantitativas das Sensações Hiperestesia: aumento da intensidade das
sensações.
Aceleração dos processos psíquicos.
Diminuição do limiar da sensibilidade fisiológica.
Aumento da sensibilidade aos estímulos.
Comum: Neuróticos, Mania, Epilepsia.
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5.1a - Alterações Quantitativas das Sensações
Hipoestesia: diminuição da intensidade das sensações. Lentificação dos processos psíquicos. Aumento do limiar da sensibilidade fisiológica. Causas:
Pessoas normais.
Estados depressivos.
Estupor.
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5.1a - Alterações Quantitativas das Sensações
Anestesia: abolição de todas as formas de
sensibilidade. doenças cerebrais focais, histeria
Analgesia: abolição da sensibilidade dolorosa.
doenças cerebrais focais, catatonia.
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5.1b - Alterações Qualitativas das Sensações
Parestesias: sensação errada sem relação com o
estimulo que a produziu (roupa: formigueiro)
Cenestopatias: sensações imprecisas e desagradáveis
que o paciente refere provirem dos orgãos internos que
normalmente não produzem sensações (calor nos rins).
Comum: ++ depressão, transtornos hipocondríacos,
demência.
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5.2 - Alterações da Percepção
Agnosias: incapacidade de reconhecer os objectos pelas suas qualidades sensoriais,
Visual,
Táctil,
Auditiva,
Ilusão: percepção deformada de um objecto real e presente no campo sensorial do sujeito
Não significa doença mental por si só,
Comum: estados de falta de atenção ou emocionais.
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5.2 - Alterações da Percepção
Alucinação: percepção sensorial na ausência de um estímulo externo
(falsa percepção) ou consiste no fenómeno de perceber objectos, com
todas as características da sensação, na ausência do estímulo sensorial
(Honório Delgado in Isaías Paim, 1993).
O paciente acredita no fenómeno sendo imagens nítidas projectadas
externamente, podendo ficar indiferente ou cometer suicídio (fase inicial
da esquizofrenia).
Classificada de acordo com o orgão sensorial afectado (auditiva, visual,
táctil, olfactiva e gustativa).
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5.2 - Alterações da Percepção
Alucinação auditiva: o paciente escuta uma voz que repete
palavras, frases completas ou muitas vozes dialogando (+++).
Alucinação auditiva verbal: o paciente escuta palavras
ameaçadoras e ao mesmo tempo ouve o ruído de passos do indivíduo
que se aproxima para consumar o acto (+++Esquizofrenia).
Alucinação táctil: os pacientes tentam retirar os animais na pele e
colocam sobre a mesa para mostrar ao observador (+++
Perturbações Tóxicas: Delirium Tremens).
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5.2 - Alterações das Percepção
Alucinação visual: os pacientes visualizam determinados objectos,
figuras ou cenas completas (+++ Estados de Perturbação de
Consciência):
Alucinações Liliputianas: há percepção visual de objectos e pessoas que o rodeam
em miniatura, isolados ou acompanhados de pequenos animais em movimento.
Alucinação Autoscópica: o paciente percebe a sua imagem corporal como se
estivesse diante de si.
Alucinação Extracampina: há visões localizadas fora do campo sensorial
correspondente (ver pessoas atrás da cabeça, ver as pessoas que estão em casa)
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5.2 - Alterações das Percepção
Alucinação Cinestésica: sensação falsa de que o corpo realiza
espontaneamente determinados movimentos (ex: contração muscular,
encolhimento da perna, levantamento do braço).
Alucinações Cenestésicas: há sensações anormais em diferentes
partes do corpo (“... veias correm dentro do corpo...”).
Alucinações Psíquicas: os pacientes referem comunicar - se com
indivíduos estranhos por directa comunicação de pensamento “linguagem
dos espíritos”, feita de vozes sem palavras, secretas que não soam.
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5.2 - Alterações das Percepção
Pseudoalucinação: falsa percepção, localizada fora do campo sensorial do
paciente, em locais normalmente não perceptíveis: “.. escuto vozes dentro da minha
cabeça...” , “.. sinto cheiro desagradável dentro da minha cabeça...” ou dentro do meu corpo.
Metamorfose: percepção deformada das qualidades morfológicas e
espaciais dos objectos presentes no campo sensorial do sujeito: “..vejo a
cabeça da minha esposa mais grande...”.
- Constitui uma variante da ilusão donde se deformam as qualidades
morfológicas/espaciais dos objectos. O paciente pode ver e identificar a
a sua esposa como tal, mas perceber algo no corpo deformado.
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5.2 - Alterações das Percepçção
Transtorno do Esquema Corporal: ilusória
apreciação do próprio corpo, percebido como
deformado (tamanho, forma) parcialmente ou na
totalidade (“.. mãos crescidas..”, “.. braços mais
grossos...”.
Constitui um sintoma bastante significativo para o
diagnóstico de Esquizofrenia.
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5.2 - Alterações das Percepção
Desrealização: estranheza perante objectos e fenómenos do meio, onde o
paciente percebe mas tem impressão de as suas impressões não serem
naturais.
Despersonalização: há uma sensação de estranheza como se seu corpo
ou parte dele não lhe pertencesse. Tem a impressão de não ser ele quem
fala e que o seu comportamento é induzido como se ele fosse autómato.
Transformação: constitui um grau maior de despersonalização, caracterizada pela
percepção de mudança da identidade, ao ter se convertido num animal inferior (“..
eu sou cão...”).
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6.0 - Valor Semiológico
As alterações das sensações são comuns em quadros neurológicos focais,
doenças neuróticas e como reacções conversivas (dissociativas)
antigamente designadas histeria.
Alucinações estão presentes em quase todas as perturbações mentais.
A esquizofrenia constitui uma doença onde se encontram, na sua maioria,
as alucinações principalmente do tipo auditivo.
Quando um jovem começa a apresentar alucinações auditivas com um
estado de consciência lúcido, deve - se suspeitar de esquizofrenia
incipiente.
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6.0 - Valor Semiológico
Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, e quando surgem
são complexas consistindo em imagens de pessoas, visões de
santos, de espíritos.
Alucinações visuais e tácteis predominam na embriaguez
patológica ou no síndrome de abstinência alcoólica (delirium
tremens) e na intoxicação por cocaína
Quadros de perturbação mental de causa orgânica cursam com
predomínio das alucinações visuais (Diagnóstico Diferencial)
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5.3 - Alterações do Pensamento
A linguagem constitui a forma, através da qual, se expressam os pensamentos.
Classificação das alterações do pensamento : Origem. Curso. Conteúdo.
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5.3a - Alterações do Pensamento (Origem)
Pensamento Real: caracterizado pelas vivências reais.
Pensamento Irreal: caracterizada pelas vivências
irreais (alucinações, delírios, desrealização,
despersonalização). Ex: “.. Sou Jesus Cristo..”
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5.3b - Alterações do Pensamento (Curso)
Pensamento Acelerado: as ideias cursam com rapidez,
diminuição do tempo entre a pergunta e a resposta e
com pausas mínimas (Comum: Síndromes Maníacos).
Pensamento Lentificado: as ideias cursam com
lentidão, aumento do tempo entre a pergunta e a
resposta. O pensamento é lento, arrastado com pausas
longas (Comum: Síndromes Depressivos).
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5.3b - Alterações do Pensamento (Curso)
Fuga de Ideias: constitui a forma extrema do
pensamento acelerado, com variação incessante do tema
e incapacidade de exprimir o pensamento até o fim
(Comum: Síndromes Maníacos).
Prolixidade: incapacidade do paciente em separar o
essencial do secundário, perdendo - se em pormenores
desnecessários (Comum: Epilepsia, Demência).
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5.3b - Alterações do Pensamento (Curso)
Roubo de Pensamento: o paciente sente que as outras
pessoas lhe roubam o pensamento e encontra explicações em
influências telepáticas, através dos quais as suas ideias são
captadas mesmo no acto de pensar (Comum: Esquizofrenia).
Perseveração: cursa com a repetição da mesma ideia ou
conjunto de ideias e, ao tentarmos mudar o tema da conversa, o
paciente insiste no mesmo tema (Comum: Demência,
Epilepsia).
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5.3b - Alterações do Pensamento (Curso)
Desagregação: cursa com associação de conceitos e frases
incongruentes, com uma correcta relação gramatical entre uma
frase e a outra, mas sem lógica e nem nexo entre elas “...você
tirou o casaco, minha pasta enche de ar..” (Comum:
Esquizofrenia, Perturbação Delirante).
Incoerência: conjunto incompreensível de palavras e sem
ligação gramatical entre elas “..pedra bebe sapato..” (Comum:
Demência, Epilepsia).
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5.3c -Alterações do Pensamento: Conteúdo
Ideia Supervalorizada/ Prevalente/ Superestimada:
ideia aceitável e compreensível, levada pelo paciente além dos limites da
razão, atribuindo um valor ou importância que não tem, mas com menor
intensidade que a delirante (apessoa é capaz de reconhecer a
possibilidade da crença não ser verdadeira).
A ideia é dirigida exclusivamente pela emoção e não pela razão e,
geralmente não é aceite pelos demais membros da sua cultura. Ex:
Fanatismo Religioso
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5.3c -Alterações do Pensamento: Conteúdo
Ideia Fixa:
ideia real que aparece na consciência, do indivíduo contra a sua vontade e
de forma persistente.
O indivíduo reconhece a ideia como estranha mas não consegue afasta - la.
Ideia Obsessiva:
ideia ou imagem que aparece na consciência do indivíduo contra a sua
vontade de forma repetitiva e na tentativa de rejeição surge a ansiedade
(ex: pensamento de ter as mãos contaminadas).
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5.3c -Alterações do Pensamento: Conteúdo
Ideia Fóbica:
Pensamento de medo de um objecto ou situação que não
representam um perigo real (fobia social, claustrofobia, xenofobia).
Só a simples evocação do objecto da fobia já é suficiente para
desencadear ansiedade.
Ideia Delirante:
ideias morbidamente falseadas não acessíveis a correcção por meio
de argumentação lógica (Kraepelin in Isaías Paim, 1993).
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5.4 - Delírio30
5.4 - Delírio
Delírio é uma ideia ou crença falsa, inabalável, fora do contexto
educacional, cultural e social do paciente e mantida com
extraordinária convicção e certeza subjectiva (Sims, 2001).
Classificação:
Primários (Não Compreensível do Ponto de Vista de Sentimento).
Secundários (Compreensível do Ponto de Vista de Sentimento).
Mecanismos de Produção
Inductiva (Primária), Deductiva, Interpretativa (Secundária)
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5.4a - Classificação dos Delírios32
Fonte: Adaptado de Isaías Paim, 1993
5.4b - Tema dos Delírios33
Fonte: Adaptado de Isaías Paim, 1993
6.0 - Valor Semiológico
Alucinações estão presentes em quase todas as perturbações mentais.
A esquizofrenia constitui uma doença onde se encontram, na sua maioria, as alucinações
principalmente do tipo auditivo e os delírios.
Quando um jovem começa a apresentar alucinações auditivas com um estado de consciência
lúcido, deve - se suspeitar de esquizofrenia incipiente.
Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, e quando surgem são complexas consistindo em
imagens de pessoas, visões de santos, de espíritos.
Alucinações visuais e tácteis predominam na embriaguez patológica ou no síndrome de
abstinência alcoólica.
Quadros de perturbação mental de causa orgânica cursam com predomínio das alucinações
visuais.
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Bibliografia
Manual de Saúde Mental (2005). Secção de Saúde Mental - Departamento de Saúde da Comunidade, Direcção Nacional de Saúde.
Andrew Sims (2001). Sintomas da Mente: Introdução a Psicopatologia Descritiva. 2ª Edição. Artmed Editora.
Isaías Paim (1993). Curso de Psicopatologia. 11ª Edição Revista e Ampliada. São Paulo: EPU.
Ricardo Gonzalez Menéndez (1988). Psiquiatria para Médicos Generales.
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