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Publicidade Capacitar para integrar H á muitas e boas razões para valorizar o trabalho das orga- nizações do chamado terceiro sector no nosso país. Numa al- tura em que crescem as neces- sidades sociais e diminuem os apoios públicos disponíveis para ajudar pessoas em situação de carência ou vulnerabilidade, centenas de instituições, mobilizando milhares de pes- soas, estão todos os dias no terreno a ajudar, sobretudo aqueles que são mais afetados pe- la deficiência. Crianças, idosos e pessoas com deficiência ficam muitas vezes para trás, nu- ma sociedade pouco sensibilizada para a ne- cessidade de integrar os seus cidadãos mais vulneráveis e dar a cada um a oportunidade de realizar todo o seu potencial. Este trabalho de integração é particular- mente meritório na área do apoio às pessoas com deficiência. Por todo o país, instituições particulares de solidariedade social de todos os tipos organizam e mobilizam voluntários e O trabalho das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) é um exemplo de dedicação e excelência, valorizado e reconhecido pelo Prémio BPI Capacitar, atribuído a projetos que promovem a melhoria da qualidade de vida e a integração social das pessoas com deficiência ou incapacidade permanente famílias para darem a melhor resposta possível às necessidades desta população. Mas, mais do que isso, a visão solidária e o trabalho feito no terreno permitem aos cidadãos com defici- ência darem o seu contributo, através do seu trabalho e do seu talento, para construir um país mais justo e igualitário. Onde escasseiam os meios, o voluntarismo e boa vontade ope- ram verdadeiros milagres. E hoje quem está no terreno fá-lo com entusiasmo redobrado e uma consciência aguda do valor do seu contri- buto, trazendo para a primeira linha as capa- cidades das populações mais excluídas, num trabalho de verdadeira integração. O VALOR DAS IDEIAS É este um dos pontos de ligação entre a maior parte dos projetos apoiados pela ter- ceira edição do Prémio BPI Capacitar: mais do que procurar aliviar carências, as insti- tuições apoiadas este ano pelo BPI estão a desenvolver respostas inovadoras para os problemas sociais. Respostas que investem na autonomia das pessoas, no desenvolvi- mento de competências, na valorização das suas capacidades. É um exemplo do que tem de ser feito, sobretudo num tempo de crise, em que as fontes tradicionais de financia- mento, muito dependentes dos orçamen- tos públicos, começam a escassear. Apesar das dificuldades, a aposta continua a valer a pena. Porque, mesmo nas alturas em que a conjuntura aperta, as pessoas não deixam de ter valor. Fiel a essa visão, a terceira edi- O JúRI Elementos do Júri António Seruca Salgado (Ex-Administrador do Banco BPI) – Presidente do Júri; Clara Costa Duarte (Professora de Economia na Universidade Nova de Lisboa); António Soares Franco (Empresário); Ana Louseiro (Técnica de Educação Especial e Reabilitação); Rui Lélis (Ex-Administrador do Banco BPI). O Prémio BPI Capacitar distinguiu este ano 18 organizações de norte a sul do país, num total de 700 mil euros. PRIMEIROS PRéMIOS EX AEQUO CentroComunitárioParoquialdaRamada,Odivelas Prémio: € 95.000 Projeto “Pela Cozinha a Inclusão”: cozinha industrial para inclusão profissional de pessoas com deficiência, através do fabrico de produtos de marca registada, vendidos ao público. CentrodeEducaçãoEspecialRainhaD.Leonor, CaldasdaRainha Prémio: € 105.000 Projeto “FloresSER”: modernização de produção agrícola de flor de corte, um negócio social para inclusão profissional de pessoas com deficiência. MENçõES HONROSAS ACAPO/AssociaçãodosCegoseAmblíopes dePortugal,Lisboa Prémio: € 50.000 Projeto “Tecnologias de Informação Promotoras de Autonomia”: desenvolvimento de software mobile (tablets e smartphones) para leitura de textos impressos e reconhecimento de objetos. Acreditar–AssociaçãodePaiseAmigosdeCrianças comCancro,Lisboa Prémio: € 26.784 Projeto “Descobrir Mais”: campos de férias para crianças e jovens em tratamento oncológico. AssociaçãoBeiraAguieiradeApoioaoDeficiente Visual,Mortágua Prémio: € 50.000 Projeto “Ampliação de Canis”: construção de dez novos canis para aumentar o número de cães-guias treinados anualmente e fazer face à lista de espera. AssociaçãodeAjudaaoRecém-Nascido,Lisboa Prémio: € 30.000 Projeto “Banco do Bebé no Hospital Santa Maria”: criar no Hospital de Santa Maria uma réplica do Banco do Bebé, que opera na Maternidade Alfredo da Costa, com apoio domiciliário a bebés ou com necessidades especiais. AssociaçãodoPortodeParalisiaCerebral,Porto Prémio: € 50.000 Projeto “Parque Infantil Acessível”: criação de parque infantil acessível a crianças com deficiência. AssociaçãoPortuguesadePaiseAmigosdoCidadão comDeficiênciaMentaldaCovilhã Prémio: € 8.692 Projeto “Teclar Contra a Indiferença”: criação de uma sala com tecnologias de informação acessíveis a pessoas com deficiência mental. AssociaçãoPortuguesadeParalisiaCerebraldeFaro Prémio: € 50.000 Projeto ”Vamos Ser Astronautas”: intervenção terapêutica adaptando um fato desenvolvido pelo Programa Espacial da Rússia, que promove alinhamento postural e descarga de peso. AssociaçãoSalvador,Lisboa Prémio: € 31.671 Projeto “Semana de Atividades Temáticas”: organização de atividades temáticas para adultos com deficiência motora. AssociaçãoSearadeTrigo,PontaDelgada Prémio: € 21.992 Projeto “Acesso para Incluir Melhor”: aquisição de elevador de escada, cama de banhos e outras ajudas técnicas para os utentes da instituição. CentrodeBem-EstarSocialdeArronches Prémio: € 11.613 Projeto “Exercitar para Capacitar”: aquisição de material de motricidade e reabilitação, de estimulação cognitiva, sensorial e motora. CentroSocialParoquialdePinhalNovo Prémio: € 50.000 Projeto “Empreender Social”: criação de um Centro de Empreendedorismo Integrado, para ajudar pessoas com deficiência a criarem o seu próprio emprego. CooperativaparaaEducaçãoeReabilitaçãode CriançasInadaptadasdeÁgueda Prémio: € 30.985 Projeto “Mais Qualidade”: aquisição de viatura adaptada para apoio domiciliário, bem como de material, equipamento e ajudas técnicas. CooperativadeEducaçãoeReabilitaçãodeCidadãos Inadaptados,Beja Prémio: € 24.700 Projeto “Construindo Sorrisos com o BPI”: programa de saúde oral, incluindo educação, avaliação e tratamentos para pessoas com deficiência, carenciadas e desfavorecidas. Misericórdia–ObradaFigueira,FigueiradaFoz Prémio: € 30.367 Projeto “Investimento na Qualidade de Vida”: ajudas técnicas para pessoas com deficiência e com mobilidade nula ou reduzida. SantaCasadaMisericórdiadePortalegre Prémio: € 25.000 Projeto “Fénix – Renascer das Cinzas”: alargamento da resposta de apoio domiciliário a pessoas com deficiência. SociedadePortuguesadeEscleroseMúltipla,Lisboa Prémio: € 8.252 Projeto “Chegar Mais Longe”: aquisição de novo sistema de terapia do movimento e aumento do número de lugares para cadeiras de rodas numa viatura de transporte de utentes. ção do Prémio BPI Capacitar distribuiu este ano um montante de 700 mil euros por 18 instituições espalhadas por todo o país. Co- mo em anos anteriores, o apoio às pessoas com deficiência ou incapacidade é a verten- te fundamental do Prémio, empenhado em investir na melhoria do bem-estar e da qua- lidade de vida desta camada da população. O BPI Capacitar é um dos mais importantes prémios nacionais de apoio a projetos da so- ciedade civil para enfrentar os desafios da deficiência ou incapacidade permanente. Não faltam instituições com bons proje- tos para desenvolver. Cada vez mais, o tra- balho de integração social funciona em rede, com programas que apelam à participação da comunidade e permitem a quem está no terreno partilhar experiências e dar visibi- lidade às boas ideias. Em comum, os proje- tos agora premiados têm o reconhecimento do potencial humano – um valor que, cada vez mais, importa desenvolver. O BPI Capacitar é um dos mais importantes prémios nacionais de apoio a projetos da sociedade civil para enfrentar os desafios da deficiência ou incapacidade permanente

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Capacitar para integrar

Há muitas e boas razões para valorizar o trabalho das orga-nizações do chamado terceiro sector no nosso país. Numa al-tura em que crescem as neces-

sidades sociais e diminuem os apoios públicos disponíveis para ajudar pessoas em situação de carência ou vulnerabilidade, centenas de instituições, mobilizando milhares de pes-soas, estão todos os dias no terreno a ajudar, sobretudo aqueles que são mais afetados pe-la deficiência. Crianças, idosos e pessoas com deficiência ficam muitas vezes para trás, nu-ma sociedade pouco sensibilizada para a ne-cessidade de integrar os seus cidadãos mais vulneráveis e dar a cada um a oportunidade de realizar todo o seu potencial.

Este trabalho de integração é particular-mente meritório na área do apoio às pessoas com deficiência. Por todo o país, instituições particulares de solidariedade social de todos os tipos organizam e mobilizam voluntários e

O trabalho das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) é um exemplo de dedicação e excelência, valorizado e reconhecido pelo Prémio BPI Capacitar, atribuído a projetos que promovem a melhoria da qualidade de vida e a integração social das pessoas com deficiência ou incapacidade permanente

famílias para darem a melhor resposta possível às necessidades desta população. Mas, mais do que isso, a visão solidária e o trabalho feito no terreno permitem aos cidadãos com defici-ência darem o seu contributo, através do seu trabalho e do seu talento, para construir um país mais justo e igualitário. Onde escasseiam os meios, o voluntarismo e boa vontade ope-ram verdadeiros milagres. E hoje quem está no terreno fá-lo com entusiasmo redobrado e uma consciência aguda do valor do seu contri-buto, trazendo para a primeira linha as capa-

cidades das populações mais excluídas, num trabalho de verdadeira integração.

O valOr das ideiasÉ este um dos pontos de ligação entre a maior parte dos projetos apoiados pela ter-ceira edição do Prémio BPI Capacitar: mais do que procurar aliviar carências, as insti-tuições apoiadas este ano pelo BPI estão a desenvolver respostas inovadoras para os problemas sociais. Respostas que investem na autonomia das pessoas, no desenvolvi-mento de competências, na valorização das suas capacidades. É um exemplo do que tem de ser feito, sobretudo num tempo de crise, em que as fontes tradicionais de financia-mento, muito dependentes dos orçamen-tos públicos, começam a escassear. Apesar das dificuldades, a aposta continua a valer a pena. Porque, mesmo nas alturas em que a conjuntura aperta, as pessoas não deixam de ter valor. Fiel a essa visão, a terceira edi-

O Júri elementos do JúriAntónio Seruca Salgado (Ex-Administrador do Banco BPI) – Presidente do Júri;Clara Costa Duarte (Professora de Economia na Universidade Nova de Lisboa);António Soares Franco (Empresário);Ana Louseiro (Técnica de Educação Especial e Reabilitação);Rui Lélis (Ex-Administrador do Banco BPI).

O Prémio BPI Capacitar distinguiu este ano 18 organizações de norte a sul do país, num total de 700 mil euros.

PrimeirOs PrémiOs ex aequO • �Centro�Comunitário�Paroquial�da�Ramada,�OdivelasPrémio: € 95.000Projeto “Pela Cozinha a inclusão”: cozinha industrial para inclusão profissional de pessoas com deficiência, através do fabrico de produtos de marca registada, vendidos ao público.• �Centro�de�Educação�Especial�Rainha�D.�Leonor,�

Caldas�da�RainhaPrémio: € 105.000Projeto “Floresser”: modernização de produção agrícola de flor de corte, um negócio social para inclusão profissional de pessoas com deficiência.

menções HOnrOsas• �ACAPO�/�Associação�dos�Cegos�e�Amblíopes�

de�Portugal,�LisboaPrémio: € 50.000Projeto “Tecnologias de informação Promotoras de autonomia”: desenvolvimento de software mobile (tablets e smartphones) para leitura de textos impressos e reconhecimento de objetos.•��Acreditar�–�Associação�de�Pais�e�Amigos�de�Crianças�

com�Cancro,�LisboaPrémio: € 26.784

Projeto “descobrir Mais”: campos de férias para crianças e jovens em tratamento oncológico.• �Associação�Beira�Aguieira�de�Apoio�ao�Deficiente�

Visual,�MortáguaPrémio: € 50.000Projeto “ampliação de Canis”: construção de dez novos canis para aumentar o número de cães-guias treinados anualmente e fazer face à lista de espera.• �Associação�de�Ajuda�ao�Recém-Nascido,�LisboaPrémio: € 30.000Projeto “Banco do Bebé no Hospital santa Maria”: criar no Hospital de Santa Maria uma réplica do Banco do Bebé, que opera na Maternidade Alfredo da Costa, com apoio domiciliário a bebés ou com necessidades especiais.• �Associação�do�Porto�de�Paralisia�Cerebral,�PortoPrémio: € 50.000Projeto “Parque infantil acessível”: criação de parque infantil acessível a crianças com deficiência.• �Associação�Portuguesa�de�Pais�e�Amigos�do�Cidadão�

com�Deficiência�Mental�da�CovilhãPrémio: € 8.692Projeto “Teclar Contra a indiferença”: criação de uma sala com tecnologias de informação acessíveis a pessoas com deficiência mental.• �Associação�Portuguesa�de�Paralisia�Cerebral�de�FaroPrémio: € 50.000Projeto ”vamos ser astronautas”: intervenção terapêutica adaptando um fato desenvolvido pelo Programa Espacial da Rússia, que promove alinhamento postural e descarga de peso.• �Associação�Salvador,�LisboaPrémio: € 31.671Projeto “semana de atividades Temáticas”: organização de atividades temáticas para adultos com deficiência motora.• �Associação�Seara�de�Trigo,�Ponta�DelgadaPrémio: € 21.992Projeto “acesso para incluir Melhor”: aquisição de elevador de escada, cama de banhos e outras ajudas

técnicas para os utentes da instituição.• �Centro�de�Bem-Estar�Social�de�ArronchesPrémio: € 11.613Projeto “exercitar para Capacitar”: aquisição de material de motricidade e reabilitação, de estimulação cognitiva, sensorial e motora.• �Centro�Social�Paroquial�de�Pinhal�NovoPrémio: € 50.000Projeto “empreender social”: criação de um Centro de Empreendedorismo Integrado, para ajudar pessoas com deficiência a criarem o seu próprio emprego.• �Cooperativa�para�a�Educação�e�Reabilitação�de�

Crianças�Inadaptadas�de�ÁguedaPrémio: € 30.985Projeto “Mais Qualidade”: aquisição de viatura adaptada para apoio domiciliário, bem como de material, equipamento e ajudas técnicas.•��Cooperativa�de�Educação�e�Reabilitação�de�Cidadãos�

Inadaptados,�BejaPrémio: € 24.700Projeto “Construindo sorrisos com o BPi”: programa de saúde oral, incluindo educação, avaliação e tratamentos para pessoas com deficiência, carenciadas e desfavorecidas.• �Misericórdia�–�Obra�da�Figueira,�Figueira�da�FozPrémio: € 30.367Projeto “investimento na Qualidade de vida”: ajudas técnicas para pessoas com deficiência e com mobilidade nula ou reduzida.• �Santa�Casa�da�Misericórdia�de�PortalegrePrémio: € 25.000Projeto “Fénix – renascer das Cinzas”: alargamento da resposta de apoio domiciliário a pessoas com deficiência.• �Sociedade�Portuguesa�de�Esclerose�Múltipla,�LisboaPrémio: € 8.252Projeto “Chegar Mais longe”: aquisição de novo sistema de terapia do movimento e aumento do número de lugares para cadeiras de rodas numa viatura de transporte de utentes.

ção do Prémio BPI Capacitar distribuiu este ano um montante de 700 mil euros por 18 instituições espalhadas por todo o país. Co-mo em anos anteriores, o apoio às pessoas com deficiência ou incapacidade é a verten-te fundamental do Prémio, empenhado em investir na melhoria do bem-estar e da qua-lidade de vida desta camada da população. O BPI Capacitar é um dos mais importantes prémios nacionais de apoio a projetos da so-ciedade civil para enfrentar os desafios da deficiência ou incapacidade permanente.

Não faltam instituições com bons proje-tos para desenvolver. Cada vez mais, o tra-balho de integração social funciona em rede, com programas que apelam à participação da comunidade e permitem a quem está no terreno partilhar experiências e dar visibi-lidade às boas ideias. Em comum, os proje-tos agora premiados têm o reconhecimento do potencial humano – um valor que, cada vez mais, importa desenvolver.

O BPi Capacitar é um dos mais importantes prémios nacionais de apoio a projetos da sociedade civil para enfrentar os desafios da deficiência ou incapacidade permanente

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M ais do que servir as populações carenciadas, o Cen-tro Comunitário Paroquial da Ramada, no conce-lho de Odivelas, sempre se orgulhou de unir to-

da a comunidade. Para além dos mais de 90 funcionários da instituição, dezenas de voluntários dão o seu contributo diário para uma obra social com mais de 600 beneficiários.

A somar às valências “tradicionais” – creche, ATL, jardim de infância, centro de dia e apoio domiciliário –, o Centro Comunitário Paroquial da Ramada tem-se destacado pela criação de serviços inovadores, como um centro de acolhi-mento temporário para bebés em situação de vulnerabili-dade. Em 2005 abriram uma Loja da Solidariedade, onde se trocam bens e equipamentos para crianças dos 0 aos 10 anos – de fraldas a carrinhos de bebé. Um banco de ajudas técnicas, que disponibiliza desde camas articuladas a sim-ples muletas, é outra das valências criadas nos últimos anos.

Em 2006, a Carta Social do concelho revelou a carência de respostas à população com deficiência. Dependentes so-bretudo das famílias, estes cidadãos não tinham respostas à altura – deixando em aberto o que lhes aconteceria quando os pais deixassem de poder cuidar deles como antes. “O pro-jeto Santa Teresinha nasce daqui, desta vontade de respon-der à aflição dos pais”, conta o padre Arsénio Isidoro, pároco da Ramada e um dos dinamizadores do Centro Paroquial.

O trabalho com a deficiência tem vindo a evoluir desde essa altura. Mas, para além das respostas sociais, faltava dar às pessoas com deficiência a capacidade de, tanto quanto possível, se autonomizarem e se valorizarem. O projeto “Pe-la Cozinha a Inclusão” vem dar resposta a essa necessidade. Vencedor do primeiro prémio no BPI Capacitar, o projeto assenta na criação, com todo o equipamento, de uma cozi-nha industrial, que vai servir o novo polo social do Centro, onde estão incluídas respostas específicas para a população com deficiência, como um lar residencial, um centro de ati-vidades ocupacionais, residências autónomas e serviço de apoio domiciliário.

R eabilitar pessoas carenciadas ou com deficiência é a missão da CerciBeja – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados. A instituição,

com sede em Beja, trabalha sob dois eixos fundamentais: no eixo Respostas Sociais, com atividades ocupacionais, lar re-sidencial, educação especial e qualificação e emprego (virado para a formação profissional dos utentes). No eixo Iniciativas Comunitárias, a associação organiza o festival taurino, o jogo solidário, o Programa Reuse e a Campanha Pirilampo Mágico. A instituição foi galardoada com uma Menção Honrosa do BPI Capacitar com o projeto “Construindo sorrisos com o BPI”, um programa de saúde oral, que inclui educação, avaliação e trata-mentos dentários para pessoas com deficiência, carenciadas e desfavorecidas. “O programa será levado a cabo através de um protocolo celebrado com clínicas de medicina dentária, com vista a proporcionar uma melhoria do bem-estar, da autoesti-ma e da integração social e profissional dos 120 beneficiários diretos”, explica o coordenador do projeto, Ricardo Rosa.O responsável conta que “o projeto surgiu da união das inter-venções que fazemos com as pessoas, em todas as vertentes: pessoal, social e profissional, etc. Procuramos dar resposta àquilo que o Estado não faz, porque são pessoas que não têm recursos para recorrer a um dentista, e procuramos a melhoria da autoestima e do bem-estar dos utentes de uma forma inte-grada, o que significa também uma preocupação com o aspe-to exterior, porque muitos têm vergonha do seu sorriso e isso inibe-os, em termos profissionais e relacionais”.Neste sentido, “o apoio de instituições como o BPI é essencial para colocar o projeto em marcha”, remata Ricardo Rosa. Vai permitir devolver o sorriso à população carenciada de Beja.

S ão tempos de crescimento para a Associação Portu-guesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental da Covilhã (APPACDM). Com uma nova sede

em construção, “o número de lugares no centro de atividades ocupacionais vai duplicar”, conta, satisfeito, António Mar-ques, presidente da associação. O novo espaço vai incluir ainda “uma residência para 24 utentes e outra residência, autónoma, para cinco clientes”.

Esta foi por isso a altura certa para a candidatura ao BPI Capacitar, com o projeto “Teclar Contra a Indiferença”. O objetivo é “criar uma sala informática, com equipamentos novos, para os utentes poderem trabalhar. Ou seja, propor-cionar a pessoas carenciadas, com deficiência mental, uma oportunidade de contacto com as tecnologias de informação e comunicação de forma regular e com qualidade”, expli-ca António Marques. “Mas será também um espaço aber-to à comunidade, para jovens alunos com incapacidades”.

A APPACDM é a única instituição do género na Covilhã. “Temos acordos de cooperação com as escolas da região (Co-vilhã e Belmonte) onde damos apoio e esta sala vai permitir-nos ter mais uma valência.” Para o responsável, “faz todo o sentido o BPI, e outras instituições deste género, apoiar este tipo de projetos que, na prática, vivem de pequenos apoios da sociedade. É de louvar”.

H á quase 28 anos que a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) desenvolve o seu tra-balho de apoio a quem vive com esta doença por

todo o país. Com várias delegações a nível nacional, a SPEM é hoje uma Instituição Particular de Solidariedade Social com 2600 associados, 70% dos quais portadores de escle-rose múltipla.

O projeto “Chegar Mais Longe”, premiado com uma Men-ção Honrosa pelo BPI Capacitar, surge como uma conti-nuação de valências como o serviço social, as atividades ocupacionais, o apoio domiciliário ou a psicologia clínica.

“O projeto surgiu da necessidade de ter maior capacida-de de transporte, para levar as pessoas que não têm trans-porte próprio e para dar ao serviço de neurorreabilitação um equipamento que vai ajudar na reabilitação dos uten-tes. Vamos assim poder rentabilizar melhor o equipamento que temos”, explica Jorge Silva, secretário-geral da SPEM.

O novo sistema de terapia do movimento dá maior au-tonomia aos utentes, melhora as deficiências causadas pela imobilidade e reduz os espasmos musculares. “É um equipamento que vai permitir medir o nível de fadiga do utilizador, evitando que este atinja o seu limite”, esclare-ce Jorge Silva.

O prémio permitirá também aumentar o número de lu-gares para cadeiras de rodas numa viatura de transporte de utentes, o que, “face à crescente solicitação de serviços, vai satisfazer mais e melhor as pessoas com esclerose múlti-pla”, beneficiando 100 utentes diretos. A beneficiação desta

P ara Salvador Mendes de Almeida, uma tragédia trans-formou-se numa missão. Do acidente de moto que o deixou tetraplégico, aos 16 anos, acabou por nascer a

Associação Salvador, dedicada à integração das pessoas com deficiência motora. “Há cerca de um milhão de pessoas com deficiência em Portugal e que sofrem o estigma da exclusão”, explica Salvador Mendes de Almeida.

Precisamente para combater esse estigma, “desenvolve-mos as semanas temáticas, onde os beneficiários vão ter a oportunidade de experimentar várias atividades e colmatar o problema das acessibilidades e de falta de meios de apoio de que alguns deficientes motores dispõem para fazer ati-vidades no verão, o que os obriga a ficar fechados em casa”.

São três as semanas culturais planeadas, que abrangerão 60 pessoas. A Semana Cultural inclui workshops e passeios por Lisboa, Queluz e Sintra, além de uma visita aos museus do Oriente e Paula Rego. A semana radical contempla várias atividades desportivas. Por último, a Semana Gastronómica será recheada de provas e visitas guiadas.

“Ter mobilidade reduzida e depender de terceiros para coisas básicas é, por si só, uma coisa difícil”, conta Salvador Mendes de Almeida. “Se por falta de meios estas pessoas ficarem em casa, imagine! Com este projeto vamos trazê-los para a rua”.

centro paroquial da ramada odivelas

Alimentar a inclusão

É um trabalho antigo, mas que se tem mantido sempre inovador. O Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, nasceu em 1979, voca-

cionado para ajudar crianças e jovens com deficiência a terem a educação a que tinham direito. Desde então, as valências da instituição foram acompanhando a evolução das neces-sidades de vida dos seus utentes e hoje a oferta centra-se em valências como um centro de atividades ocupacionais (que acolhe 80 pessoas) e um serviço de reabilitação profissional.

Além de capacitarem as pessoas para o mercado de trabalho e fazerem a ligação com o mundo empresarial, os técnicos da instituição fazem um acompanhamento próximo já depois da colocação da pessoa, para garantir que tudo corre sobre rodas no novo emprego. Mas a criação de oportunidades de integração profissional não se faz apenas da porta para fora. O Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor emprega hoje mais de 20 pessoas nas suas próprias instalações, asse-gurando serviços de restauração, lavandaria e jardinagem, entre outros. A explicação é simples. “A dimensão humana exige a concretização de vários domínios de vida”, explica a presidente do Centro, Maria João Domingos. “A realização profissional faz parte da nossa realização pessoal, e a reali-zação pessoal traz qualidade de vida e bem-estar”. Por isso mesmo, a integração profissional das pessoas deficientes não pode ser descurada. “É fundamental sermos capazes de criar os meios e as condições para que todas as pessoas tenham a afirmação do seu potencial e a valorização do que são ca-pazes de fazer”, aponta Maria João Domingos.

Valor social, Valor económicoA pensar no potencial dos seus utentes, mas também na pró-pria sustentabilidade do seu trabalho, a instituição iniciou em 2001 um projeto inovador, em parceria com a Câmara Municipal das Caldas da Rainha e com o apoio de um agri-cultor local. Foi nesse ano que o Centro começou a produzir flor de corte para venda, integrando trabalhadores com de-ficiência. O negócio tem dado excelentes resultados, crian-do riqueza para a instituição e autonomia e valorização pa-ra os seus utentes.

Parcerias com grandes cadeias de distribuição, como o Pingo Doce ou o Lidl, têm permitido escoar a flor de corte produzida nas Caldas, mas criaram também a necessidade de modernizar a produção. É aqui que surge o BPI Capacitar. O primeiro prémio obtido este ano vai ser investido na cons-trução de uma nova estufa e na modernização das estufas existentes, de forma a aumentar a produção e modernizar os sistemas de aquecimento, rega e fertilização.

Não se trata só de melhorar a rentabilidade do negócio. O projeto “FloresSER” vai beneficiar diretamente quase 70 utentes, que aqui encontram uma via para a realização profis-sional. “Sabemos que conseguiremos ter serviços de melhor qualidade se também formos capazes de gerar algum valor”, explica Maria João Domingos. Seguindo a mesma lógica, a transformação do refeitório da instituição num restaurante aberto à comunidade já tinha sido contemplado na primeira edição do BPI Capacitar. Agora, repete-se a distinção. Porque são as boas ideias que geram os bons resultados.

centro de educação especial rainha d. leonor, caldas da rainha

Solidariedade fértil

Um gesto contra a indiferença

Para além da doença

Respirar o ar livre

O valor de um sorriso

Como responder às necessidades de alimentação de 400 utentes e, ao mesmo tempo, promover a integração profissional de pessoas com deficiência? Com uma cozinha inclusiva, num projeto inovador

TERRENO FÉRTIL No Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, a produção de flores dá um impulso inovador à integração.

SORRIR Um plano de saúde oral para a população mais carenciada de Beja é a aposta da CerciBeja. A iniciativa, apoiada pelo BPI Capacitar, faz parte da missão de valorização pessoal das populações mais vulneráveis.

APPACDM O projeto “Teclar contra a Indiferença” vai dar à Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental da Covilhã uma nova arma pela integração.

SALVADOR Combater a exclusão é o propósito das semanas temáticas da Associação Salvador. O projeto, apoiado pelo BPI Capacitar, vai desafiar os estigmas que pesam sobre as pessoas com deficiência motora.

Nas Caldas da Rainha, um projeto de integração exemplar acaba de receber novo fôlego. O trabalho do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor pode agora “FloresSER”

CASA ABERTA A filosofia do Centro Comunitário Paroquial da Ramada é inclusiva e participativa. Funcionários, voluntários e utentes das várias valências do centro partilham tarefas e responsabilidades. E gozam em conjunto os frutos de um trabalho bem feito e assumido por todos. Aqui, o foco é sempre na comunidade.

carrinha ocorrerá “até ao final do ano”. Para Jorge Silva, a iniciativa BPI Capacitar é “muito importante, porque numa época difícil, todos os apoios são bem-vindos”, conta. “E este prémio é uma mais-valia para as associações que re-correm ao mecenato. Cada vez mais, os apoios oficiais são menos e o mecenato é muito importante”.

“CHEGAR MAIS LONGE” A Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla faz um trabalho exemplar na reabilitação de milhares de doentes. Graças ao Prémio BPI Capacitar, esse trabalho ganha novo fôlego, com a compra de novos equipamentos terapêuticos, que vão aumentar a capacidade de intervenção da associação, que tem núcleos em todo o país.

“Fazer bem o bem”Mas porque a inclusão se faz de mãos dadas com a comuni-dade, a nova cozinha, capaz de fornecer 400 refeições diárias, estará virada para o mercado: além de refeições take away, o Centro Comunitário e Paroquial da Ramada vai criar um produto com marca registada – os Biscoitos de Santa Teresi-nha – que será produzido aqui, por pessoas com deficiência. É um investimento na integração profissional e na autonomia destes utentes. Mais do que isso, é uma forma de lhes dar a

oportunidade de retribuírem ao Centro a ajuda que dele re-cebem, contribuindo para a sustentabilidade da instituição.

Esta lógica de entreajuda faz parte do ADN do Centro Co-munitário e Paroquial da Ramada. Aqui, todos são úteis. E é isso que as dezenas de voluntários regulares levam da sua colaboração. “As pessoas, quando estão a dar, também estão a receber. Esse é o grande segredo”, explica Cristina Gabriel, outra das responsáveis do Centro. “É um espírito que se vive – de dar sem esperar receber”, corrobora o pároco.

Nesse sentido, o apoio do BPI Capacitar é mais um contri-buto para uma missão comum. “É uma parceria no serviço”, explica o pároco da Ramada. “Uma parceria no fazer bem o bem” – porque até a solidariedade tem de ser bem feita para ser eficaz. É essa a importância deste prémio. “Só o conse-guimos fazer com a ajuda de parceiros como o BPI”, aponta Arsénio Isidoro. “Juntos podemos mais.”

1.º PRÉMIO

1.º PRÉMIO

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M ais do que servir as populações carenciadas, o Cen-tro Comunitário Paroquial da Ramada, no conce-lho de Odivelas, sempre se orgulhou de unir to-

da a comunidade. Para além dos mais de 90 funcionários da instituição, dezenas de voluntários dão o seu contributo diário para uma obra social com mais de 600 beneficiários.

A somar às valências “tradicionais” – creche, ATL, jardim de infância, centro de dia e apoio domiciliário –, o Centro Comunitário Paroquial da Ramada tem-se destacado pela criação de serviços inovadores, como um centro de acolhi-mento temporário para bebés em situação de vulnerabili-dade. Em 2005 abriram uma Loja da Solidariedade, onde se trocam bens e equipamentos para crianças dos 0 aos 10 anos – de fraldas a carrinhos de bebé. Um banco de ajudas técnicas, que disponibiliza desde camas articuladas a sim-ples muletas, é outra das valências criadas nos últimos anos.

Em 2006, a Carta Social do concelho revelou a carência de respostas à população com deficiência. Dependentes so-bretudo das famílias, estes cidadãos não tinham respostas à altura – deixando em aberto o que lhes aconteceria quando os pais deixassem de poder cuidar deles como antes. “O pro-jeto Santa Teresinha nasce daqui, desta vontade de respon-der à aflição dos pais”, conta o padre Arsénio Isidoro, pároco da Ramada e um dos dinamizadores do Centro Paroquial.

O trabalho com a deficiência tem vindo a evoluir desde essa altura. Mas, para além das respostas sociais, faltava dar às pessoas com deficiência a capacidade de, tanto quanto possível, se autonomizarem e se valorizarem. O projeto “Pe-la Cozinha a Inclusão” vem dar resposta a essa necessidade. Vencedor do primeiro prémio no BPI Capacitar, o projeto assenta na criação, com todo o equipamento, de uma cozi-nha industrial, que vai servir o novo polo social do Centro, onde estão incluídas respostas específicas para a população com deficiência, como um lar residencial, um centro de ati-vidades ocupacionais, residências autónomas e serviço de apoio domiciliário.

R eabilitar pessoas carenciadas ou com deficiência é a missão da CerciBeja – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados. A instituição,

com sede em Beja, trabalha sob dois eixos fundamentais: no eixo Respostas Sociais, com atividades ocupacionais, lar re-sidencial, educação especial e qualificação e emprego (virado para a formação profissional dos utentes). No eixo Iniciativas Comunitárias, a associação organiza o festival taurino, o jogo solidário, o Programa Reuse e a Campanha Pirilampo Mágico. A instituição foi galardoada com uma Menção Honrosa do BPI Capacitar com o projeto “Construindo sorrisos com o BPI”, um programa de saúde oral, que inclui educação, avaliação e trata-mentos dentários para pessoas com deficiência, carenciadas e desfavorecidas. “O programa será levado a cabo através de um protocolo celebrado com clínicas de medicina dentária, com vista a proporcionar uma melhoria do bem-estar, da autoesti-ma e da integração social e profissional dos 120 beneficiários diretos”, explica o coordenador do projeto, Ricardo Rosa.O responsável conta que “o projeto surgiu da união das inter-venções que fazemos com as pessoas, em todas as vertentes: pessoal, social e profissional, etc. Procuramos dar resposta àquilo que o Estado não faz, porque são pessoas que não têm recursos para recorrer a um dentista, e procuramos a melhoria da autoestima e do bem-estar dos utentes de uma forma inte-grada, o que significa também uma preocupação com o aspe-to exterior, porque muitos têm vergonha do seu sorriso e isso inibe-os, em termos profissionais e relacionais”.Neste sentido, “o apoio de instituições como o BPI é essencial para colocar o projeto em marcha”, remata Ricardo Rosa. Vai permitir devolver o sorriso à população carenciada de Beja.

S ão tempos de crescimento para a Associação Portu-guesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental da Covilhã (APPACDM). Com uma nova sede

em construção, “o número de lugares no centro de atividades ocupacionais vai duplicar”, conta, satisfeito, António Mar-ques, presidente da associação. O novo espaço vai incluir ainda “uma residência para 24 utentes e outra residência, autónoma, para cinco clientes”.

Esta foi por isso a altura certa para a candidatura ao BPI Capacitar, com o projeto “Teclar Contra a Indiferença”. O objetivo é “criar uma sala informática, com equipamentos novos, para os utentes poderem trabalhar. Ou seja, propor-cionar a pessoas carenciadas, com deficiência mental, uma oportunidade de contacto com as tecnologias de informação e comunicação de forma regular e com qualidade”, expli-ca António Marques. “Mas será também um espaço aber-to à comunidade, para jovens alunos com incapacidades”.

A APPACDM é a única instituição do género na Covilhã. “Temos acordos de cooperação com as escolas da região (Co-vilhã e Belmonte) onde damos apoio e esta sala vai permitir-nos ter mais uma valência.” Para o responsável, “faz todo o sentido o BPI, e outras instituições deste género, apoiar este tipo de projetos que, na prática, vivem de pequenos apoios da sociedade. É de louvar”.

H á quase 28 anos que a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) desenvolve o seu tra-balho de apoio a quem vive com esta doença por

todo o país. Com várias delegações a nível nacional, a SPEM é hoje uma Instituição Particular de Solidariedade Social com 2600 associados, 70% dos quais portadores de escle-rose múltipla.

O projeto “Chegar Mais Longe”, premiado com uma Men-ção Honrosa pelo BPI Capacitar, surge como uma conti-nuação de valências como o serviço social, as atividades ocupacionais, o apoio domiciliário ou a psicologia clínica.

“O projeto surgiu da necessidade de ter maior capacida-de de transporte, para levar as pessoas que não têm trans-porte próprio e para dar ao serviço de neurorreabilitação um equipamento que vai ajudar na reabilitação dos uten-tes. Vamos assim poder rentabilizar melhor o equipamento que temos”, explica Jorge Silva, secretário-geral da SPEM.

O novo sistema de terapia do movimento dá maior au-tonomia aos utentes, melhora as deficiências causadas pela imobilidade e reduz os espasmos musculares. “É um equipamento que vai permitir medir o nível de fadiga do utilizador, evitando que este atinja o seu limite”, esclare-ce Jorge Silva.

O prémio permitirá também aumentar o número de lu-gares para cadeiras de rodas numa viatura de transporte de utentes, o que, “face à crescente solicitação de serviços, vai satisfazer mais e melhor as pessoas com esclerose múlti-pla”, beneficiando 100 utentes diretos. A beneficiação desta

P ara Salvador Mendes de Almeida, uma tragédia trans-formou-se numa missão. Do acidente de moto que o deixou tetraplégico, aos 16 anos, acabou por nascer a

Associação Salvador, dedicada à integração das pessoas com deficiência motora. “Há cerca de um milhão de pessoas com deficiência em Portugal e que sofrem o estigma da exclusão”, explica Salvador Mendes de Almeida.

Precisamente para combater esse estigma, “desenvolve-mos as semanas temáticas, onde os beneficiários vão ter a oportunidade de experimentar várias atividades e colmatar o problema das acessibilidades e de falta de meios de apoio de que alguns deficientes motores dispõem para fazer ati-vidades no verão, o que os obriga a ficar fechados em casa”.

São três as semanas culturais planeadas, que abrangerão 60 pessoas. A Semana Cultural inclui workshops e passeios por Lisboa, Queluz e Sintra, além de uma visita aos museus do Oriente e Paula Rego. A semana radical contempla várias atividades desportivas. Por último, a Semana Gastronómica será recheada de provas e visitas guiadas.

“Ter mobilidade reduzida e depender de terceiros para coisas básicas é, por si só, uma coisa difícil”, conta Salvador Mendes de Almeida. “Se por falta de meios estas pessoas ficarem em casa, imagine! Com este projeto vamos trazê-los para a rua”.

centro paroquial da ramada odivelas

Alimentar a inclusão

É um trabalho antigo, mas que se tem mantido sempre inovador. O Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, nasceu em 1979, voca-

cionado para ajudar crianças e jovens com deficiência a terem a educação a que tinham direito. Desde então, as valências da instituição foram acompanhando a evolução das neces-sidades de vida dos seus utentes e hoje a oferta centra-se em valências como um centro de atividades ocupacionais (que acolhe 80 pessoas) e um serviço de reabilitação profissional.

Além de capacitarem as pessoas para o mercado de trabalho e fazerem a ligação com o mundo empresarial, os técnicos da instituição fazem um acompanhamento próximo já depois da colocação da pessoa, para garantir que tudo corre sobre rodas no novo emprego. Mas a criação de oportunidades de integração profissional não se faz apenas da porta para fora. O Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor emprega hoje mais de 20 pessoas nas suas próprias instalações, asse-gurando serviços de restauração, lavandaria e jardinagem, entre outros. A explicação é simples. “A dimensão humana exige a concretização de vários domínios de vida”, explica a presidente do Centro, Maria João Domingos. “A realização profissional faz parte da nossa realização pessoal, e a reali-zação pessoal traz qualidade de vida e bem-estar”. Por isso mesmo, a integração profissional das pessoas deficientes não pode ser descurada. “É fundamental sermos capazes de criar os meios e as condições para que todas as pessoas tenham a afirmação do seu potencial e a valorização do que são ca-pazes de fazer”, aponta Maria João Domingos.

Valor social, Valor económicoA pensar no potencial dos seus utentes, mas também na pró-pria sustentabilidade do seu trabalho, a instituição iniciou em 2001 um projeto inovador, em parceria com a Câmara Municipal das Caldas da Rainha e com o apoio de um agri-cultor local. Foi nesse ano que o Centro começou a produzir flor de corte para venda, integrando trabalhadores com de-ficiência. O negócio tem dado excelentes resultados, crian-do riqueza para a instituição e autonomia e valorização pa-ra os seus utentes.

Parcerias com grandes cadeias de distribuição, como o Pingo Doce ou o Lidl, têm permitido escoar a flor de corte produzida nas Caldas, mas criaram também a necessidade de modernizar a produção. É aqui que surge o BPI Capacitar. O primeiro prémio obtido este ano vai ser investido na cons-trução de uma nova estufa e na modernização das estufas existentes, de forma a aumentar a produção e modernizar os sistemas de aquecimento, rega e fertilização.

Não se trata só de melhorar a rentabilidade do negócio. O projeto “FloresSER” vai beneficiar diretamente quase 70 utentes, que aqui encontram uma via para a realização profis-sional. “Sabemos que conseguiremos ter serviços de melhor qualidade se também formos capazes de gerar algum valor”, explica Maria João Domingos. Seguindo a mesma lógica, a transformação do refeitório da instituição num restaurante aberto à comunidade já tinha sido contemplado na primeira edição do BPI Capacitar. Agora, repete-se a distinção. Porque são as boas ideias que geram os bons resultados.

centro de educação especial rainha d. leonor, caldas da rainha

Solidariedade fértil

Um gesto contra a indiferença

Para além da doença

Respirar o ar livre

O valor de um sorriso

Como responder às necessidades de alimentação de 400 utentes e, ao mesmo tempo, promover a integração profissional de pessoas com deficiência? Com uma cozinha inclusiva, num projeto inovador

TERRENO FÉRTIL No Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, a produção de flores dá um impulso inovador à integração.

SORRIR Um plano de saúde oral para a população mais carenciada de Beja é a aposta da CerciBeja. A iniciativa, apoiada pelo BPI Capacitar, faz parte da missão de valorização pessoal das populações mais vulneráveis.

APPACDM O projeto “Teclar contra a Indiferença” vai dar à Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental da Covilhã uma nova arma pela integração.

SALVADOR Combater a exclusão é o propósito das semanas temáticas da Associação Salvador. O projeto, apoiado pelo BPI Capacitar, vai desafiar os estigmas que pesam sobre as pessoas com deficiência motora.

Nas Caldas da Rainha, um projeto de integração exemplar acaba de receber novo fôlego. O trabalho do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor pode agora “FloresSER”

CASA ABERTA A filosofia do Centro Comunitário Paroquial da Ramada é inclusiva e participativa. Funcionários, voluntários e utentes das várias valências do centro partilham tarefas e responsabilidades. E gozam em conjunto os frutos de um trabalho bem feito e assumido por todos. Aqui, o foco é sempre na comunidade.

carrinha ocorrerá “até ao final do ano”. Para Jorge Silva, a iniciativa BPI Capacitar é “muito importante, porque numa época difícil, todos os apoios são bem-vindos”, conta. “E este prémio é uma mais-valia para as associações que re-correm ao mecenato. Cada vez mais, os apoios oficiais são menos e o mecenato é muito importante”.

“CHEGAR MAIS LONGE” A Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla faz um trabalho exemplar na reabilitação de milhares de doentes. Graças ao Prémio BPI Capacitar, esse trabalho ganha novo fôlego, com a compra de novos equipamentos terapêuticos, que vão aumentar a capacidade de intervenção da associação, que tem núcleos em todo o país.

“Fazer bem o bem”Mas porque a inclusão se faz de mãos dadas com a comuni-dade, a nova cozinha, capaz de fornecer 400 refeições diárias, estará virada para o mercado: além de refeições take away, o Centro Comunitário e Paroquial da Ramada vai criar um produto com marca registada – os Biscoitos de Santa Teresi-nha – que será produzido aqui, por pessoas com deficiência. É um investimento na integração profissional e na autonomia destes utentes. Mais do que isso, é uma forma de lhes dar a

oportunidade de retribuírem ao Centro a ajuda que dele re-cebem, contribuindo para a sustentabilidade da instituição.

Esta lógica de entreajuda faz parte do ADN do Centro Co-munitário e Paroquial da Ramada. Aqui, todos são úteis. E é isso que as dezenas de voluntários regulares levam da sua colaboração. “As pessoas, quando estão a dar, também estão a receber. Esse é o grande segredo”, explica Cristina Gabriel, outra das responsáveis do Centro. “É um espírito que se vive – de dar sem esperar receber”, corrobora o pároco.

Nesse sentido, o apoio do BPI Capacitar é mais um contri-buto para uma missão comum. “É uma parceria no serviço”, explica o pároco da Ramada. “Uma parceria no fazer bem o bem” – porque até a solidariedade tem de ser bem feita para ser eficaz. É essa a importância deste prémio. “Só o conse-guimos fazer com a ajuda de parceiros como o BPI”, aponta Arsénio Isidoro. “Juntos podemos mais.”

1.º PRÉMIO

1.º PRÉMIO

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A Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro encontrou uma resposta inovadora para o apoio te-rapêutico dos seus utentes. Criada em 1982, a asso-

ciação tem hoje quase 300 utentes, com idades entre os 0 e os 40 anos, a quem oferece serviços de intervenção precoce, ambulatório e reabilitação profissional, além de manter um centro de atividades ocupacionais, um centro de recursos para a integração e um centro de apoio à vida, cultura e desporto. A nova valência, acabada de inaugurar, é uma residência/lar.

Para uma organização que vai até onde for preciso no apoio aos doentes com paralisia cerebral, o projeto “Vamos ser Astro-nautas” justifica bem a Menção Honrosa do BPI Capacitar. O projeto, “de cariz terapêutico, tem como objetivo dar a maior autonomia possível aos utentes”, explica Cristina Sobral, fi-sioterapeuta e uma das responsáveis pelo “Vamos ser Astro-nautas”, que adapta tecnologia original da NASA, concebida para neutralizar os efeitos nocivos da ausência de gravidade e hipocinesia sobre o corpo, ao tratamento de crianças com distúrbios neurológicos.

Elsa Fernandes, fisioterapeuta e a outra responsável pelo projeto, explica que o fato ortopédico dinâmico que será ad-quirido vai beneficiar 50 utentes, com idade até aos 18 anos. “Haverá uma maior incidência na população mais jovem, por-que a probabilidade de sucesso é maior. É uma ferramenta de desenvolvimento da criança.”

É um programa que só é possível com o apoio do BPI. Para Graciete Campos, diretora técnica da Associação Portugue-sa de Paralisia Cerebral de Faro, o prémio recebido “é muito importante, porque nunca temos capacidade financeira sufi-ciente para apostar na inovação, e isto vai permitir-nos estar ao mesmo nível dos americanos nesta matéria”.

“O sector terciário tem de depender cada vez menos do Es-tado e estes projetos de apoio dão-nos maior autonomia”, re-força Cristina Sobral, secundada por Elsa Fernandes: “Temos pessoas capacitadas, mas não temos os meios financeiros e só temos de agradecer estas iniciativas”.

A o longo de 90 anos de atividade, o Centro de Bem-Estar Social de Arronches, no distrito de Portalegre, tem crescido com as necessidades da população.

A instituição gere hoje uma creche, pré-escolar, um lar de idosos, um centro de dia e um serviço de apoio domiciliá-rio. Com perto de 200 beneficiários, numa região interior e deprimida, o centro é mais do que um conjunto de res-postas sociais. “Somos o principal foco de desenvolvimen-to do concelho”, a par de instituições como a Misericór-dia, explica o presidente da instituição, Carlos Rodrigues.

E o trabalho nunca está concluído. Neste momento está em construção um centro de atividades ocupacionais para pessoas com deficiência. É precisamente aqui que entra o projeto “Exercitar para capacitar”. Trata-se de equipar a nova valência com material de motricidade e reabilita-ção e equipamentos de estimulação cognitiva, sensorial e motora. Bolas, arcos, pesos, pedaleiras e jogos lúdicos pa-ra manter a mente ágil estão garantidos, graças ao apoio do BPI Capacitar.

“Este projeto vai permitir-nos trabalhar com as pessoas na área da multideficiência”, diz Carlos Rodrigues. “É uma resposta que não existe na região.” E que surge no momento certo, sublinha Deolinda Pinto, vice-presidente do Centro e uma das responsáveis do projeto: “No que toca a capaci-tar pessoas com deficiência cognitiva, se não tivermos os instrumentos adequados pouco podemos fazer”. O apoio do BPI vai permitir assegurar sessões de trabalho semanal a 24 beneficiários com várias situações de multideficiência. “Permite-nos entrar numa área onde não conseguiríamos chegar sem este tipo de apoio”, congratula-se o presidente do Centro de Bem-Estar Social de Arronches.

P ara a Associação de Ajuda ao Recém-Nascido, tudo começou com um grupo de voluntárias que faziam enxovais para os bebés mais necessitados da Ma-

ternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Hoje, as equipas da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido trabalham com o pessoal clínico da Maternidade numa missão fundamen-tal: acompanhar em casa as famílias com bebés prematu-ros em situação de maior vulnerabilidade clínica e social. “O nosso grande papel é passar segurança aos pais e eles perceberem qual é o seu papel”, explica Assunção Mas-carenhas, uma das responsáveis pelo projeto.

Agora, está na altura de espalhar as boas ações. Graças ao BPI Capacitar, vai ser criada no Hospital de Santa Maria uma réplica do serviço prestado na Maternidade Alfredo da Costa. Para além do Banco do Bebé, que recolhe e dis-tribui alimentos e equipamentos para as crianças mais ne-cessitadas, o serviço de apoio domiciliário é a grande obra da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido. Levar para o Santa Maria a capacidade de acompanhar os bebés após terem alta é a grande meta.

A Menção Honrosa do BPI Capacitar serve também para destacar o bom trabalho já feito. “É fundamental, exatamente porque confere reconhecimento ao projeto”, aponta Assunção Mascarenhas. Esse reconhecimento vai permitir chegar a 150 beneficiários diretos neste serviço. Será uma ajuda preciosa para muitos bebés carenciados – e muitas famílias agradecidas.

N em sempre o bom trabalho se faz nas melho-res condições. Em Ponta Delgada, Açores, a Associação Seara Trigo, criada em 2001, pro-

move atividades ocupacionais para cerca de 70 por-tadores de incapacidade mental, paralisia cerebral e autismo. A oferta vai desde a informática à animação musical ou à hipnoterapia, passando por atividades de reciclagem, têxteis ou jardinagem.

Mas nem sempre é fácil. “Estamos situados num edifício muito bonito mas que data do século XVIII, o que o torna pouco acessível em determinados aspetos”, explica Rui Melo, coordenador do projeto “Acesso para incluir melhor”, premiado este ano pelo BPI Capacitar. “Temos um elevador de escada antigo, avariado, para o qual já não existem peças, e uma sala de acamados onde temos falta de equipamentos como um eleva-

dor de transferência e uma cama de banho assistido”. Com o prémio agora atribuído, isso vai mudar.

“Este apoio vai melhorar o serviço que prestamos, facilitar o contacto com o utente, permitir uma hi-giene mais cuidada e, acima de tudo, proporcionar maior dignidade aos nossos utentes”, congratula-se Rui Melo. O BPI Capacitar vai fazer toda a diferença – e ainda bem que assim é. “É fundamental este tipo de apoios”, diz o responsável do projeto. “Os apoios estatais estão a diminuir e as associações contam com este tipo de parcerias que nos permitam me-lhorar o nosso trabalho e proporcionar melhores condições às pessoas que apoiamos. E nos Açores temos muita dificuldade em conseguir apoios por-que o tecido empresarial é diminuto, pelo que estas iniciativas são fulcrais para nós.”

Exercitar para capacitar

O banco do bebé

Equipar para incluir

Vamos ser astronautas

SEM BARREIRAS A capacidade de resposta da Associação Seara Trigo vai dar um salto em frente.

NASA Vem da agência espacial norte-americana a tecnologia terapêutica adotada pela Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro, graças ao BPI Capacitar.

NOVOS MEIOS O Centro de Bem-Estar Social de Arronches vai alargar a sua capacidade de resposta aos cidadãos com multideficiência, com a aquisição de equipamento especializado.

Férias bem merecidas

Patas para andar

A creditar é um trabalho importante. A Acreditar - As-sociação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro dedica-se desde 1993 a “melhorar a vida das crianças

com cancro em contexto hospitalar”, como explica Marga-rida Cruz, diretora-geral da associação. “Somos sócios fun-dadores da Confederação Internacional das Associações de Pais de Crianças com Cancro. Fizemos muitas campanhas de sensibilização para desmistificar estas patologias e levamos a cabo iniciativas de dois ou três dias com os jovens”, explica.

Foi destas pequenas atividades que nasceu o projeto “Des-cobrir Mais”, que valeu à associação uma Menção Honrosa nos Prémios BPI Capacitar deste ano. “Os jovens precisam de tempos de lazer”, lembra a responsável da Acreditar. Com o “Descobrir Mais”, a associação vai dar a cerca de 80 crian-ças portadoras de cancro (e seus irmãos) a oportunidade de participarem em campos de férias em regime de acantona-mento, onde realizarão atividades desportivas, criativas e jo-gos de equipa. O objetivo é “a promoção do desenvolvimen-to pessoal (autoconfiança, auto estima, coping, resiliência, iniciativa, responsabilidade e autonomia) e a promoção do desenvolvimento social (trabalho em equipa, assertividade e construção de laços de amizades)”, pode ler-se no projeto apresentado a concurso.

“Os campos de férias, de cinco dias em média, são dirigi-dos a crianças dos 5 aos 21 anos, as quais serão acompanha-das por uma equipa técnica constituída por monitores que tiveram cancro pediátrico e onde se inclui um enfermeiro,

ACREDITAR A Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro venceu uma Menção Honrosa na edição deste ano dos Prémios BPI Capacitar com o projeto de dinamizar campos de férias para as crianças doentes.

que garante o acompanhamento do estado de saúde dos par-ticipantes”, explica Margarida Cruz.

Em época de crise, a associação é confrontada com a “ne-cessidade de apoiar famílias fragilizadas economicamente e a afetar recursos para esses casos, retirando-os de outros projetos”, conta Margarida Cruz. Por isso mesmo, é muito importante que as IPSS tenham “a oportunidade de pode-rem concorrer e ser apoiadas, porque vivemos de apoios destes. Estas iniciativas levam a um sentimento de contágio e outras a seguir-lhes os passos, o que é muito importante”.

A vida de uma pessoa invisual é feita de barreiras, de obstáculos a contornar. É por isso que a ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal,

concebeu o projeto “Tecnologias de Informação Promoto-ras de Autonomia”. A ideia é simples, mas as implicações são revolucionárias. Trata-se de usar software que já exis-te para fazer o reconhecimento de objetos ou de texto im-

Uma visão nova

TECNOLOGIA Criar software de reconhecimento de objetos e apoio à leitura para invisuais é o projeto inovador lançado pela ACAPO. O Prémio BPI Capacitar vai permitir colocar a ideia em marcha em todas as delegações da associação espalhadas pelo país.

presso, e adaptá-lo a plataformas móveis, como os tablets ou os smartphones.

Com este tipo de tecnologia móvel, será muito mais fácil aos invisuais identificarem objetos ou decifrarem coisas tão aparentemente simples como um bilhete de comboio, um talão Multibanco ou um impresso numa repartição pública. O software de reconhecimento de texto já existe, mas ainda não está disponível em plataformas móveis. “A grande inovação do projeto é possibilitar a sua utilização em qualquer dispositivo, seja computador, iPad, tablet, smartphone, etc.”, explica Rui Fontes, um dos responsá-veis pelo desenvolvimento da ferramenta.

O software faz também o reconhecimento de códigos de barras que permitem identificar com rigor um deter-minado objeto – permitindo, por exemplo, escolher um CD específico numa coleção de música. A Menção Honrosa obtida nos Prémios BPI Capacitar vai permitir, para já, ins-talar esta solução nas 13 delegações da ACAPO espalhadas pelo país. Só em Portugal contam-se em perto de cinco mil os beneficiários diretos, para não falar das potencialida-des que esta ferramenta tem numa lógica de exportação para o resto do mundo. “É um grande quebra-barreiras”, explica Graça Gerardo, diretora nacional da ACAPO. “Vai facilitar a nossa autonomia.”

I ntegrar as crianças com paralisia cerebral foi sempre a missão da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Daí vêm iniciativas com um toque especial, como a criação

de brinquedos adaptados.A intervenção na área da paralisia cerebral é sempre espe-

cializada e diferenciada, explica Abílio Cunha, da associação. “É uma deficiência muito heterogénea, não existem dois ca-sos semelhantes, e isso obriga as equipas a desenvolverem às vezes projetos individuais para garantir a qualidade de vida daquela pessoa”. É isso que se faz nas várias valências da or-ganização, que ajudam quase 1800 beneficiários em respostas como um centro de reabilitação, um serviço de apoio domi-ciliário, jardim de infância, residência assistida ou atividades ocupacionais e de inserção profissional, entre outros.

Mas há um equipamento simples que continua a faltar: um parque infantil à medida das necessidades de crianças com deficiência, dos 3 aos 5 anos. “Normalmente preocupamos-nos com a questão das acessibilidades para adultos. Esquecemos as crianças”, lamenta Abílio Cunha. “É frequente ver que nos parques infantis as crianças com deficiência ficam de fora”.

Para resolver esse problema, a associação decidiu criar um parque infantil acessível, onde as crianças com e sem deficiên-cia podem brincar lado a lado. Sem barreiras. O parque, que deverá estar pronto em setembro de 2013, pode finalmente avançar com o apoio do BPI Capacitar. Serão perto de 100 os beneficiários diretos, mas isso é só para começar. A esperança é que o novo espaço sirva de exemplo para outros semelhantes. “Acreditamos que este projeto patrocinado pelo BPI será repli-cado pelo país”, antecipa Abílio Cunha. Será um espaço para, na brincadeira, promover a integração de forma muito séria.

Um parque para todos

BOA BRINCADEIRA O primeiro parque infantil inclusivo vai nascer pela mão da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Equipado para acolher crianças com deficiência, o parque deverá servir de exemplo para a criação de estruturas semelhantes noutros pontos do país.

A Associação Beira Aguieira Apoio Deficiente Visual, criada em 1999, é a única instituição em Portugal a treinar cães-guias para invisuais. Situada em Mortá-

gua, a associação cria anualmente, e de forma gratuita para o utilizador, uma média de 14 animais. Não chega: a lista de es-pera ronda dos “três a quatro anos”, conta o presidente, João Fonseca. “O processo de educação de cada cão-guia dura apro-ximadamente dois anos, o que explica a longa lista de espera.”

As necessidades tornam-se ainda mais gritantes quando se sabe que cerca de 30% a 40% dos cães treinados destinam-se a substituir cães que atingiram a idade de reforma e que, “por isso, têm prioridade, o que faz com que corramos o risco de entrar num circuito fechado”, aponta João Fonseca.

Para combater este círculo vicioso, a associação vai lançar um novo bloco com 10 canis, aumentando o número de cães-guias entregues anualmente para 18 animais. Além disso, a criação de parques exteriores para alojar 20 a 30 cães vai permitir criar uma nova valência de cães para pessoas autistas.

Para isso, foi determinante o apoio do BPI Capacitar. “Nós temos necessidade de crescer e criar infraestruturas, o que per-mite criar riqueza direta. Não podemos esquecer que um cego com um cão-guia é mais capaz a nível familiar, social e pro-fissional e este prémio vai capacitar-nos para produzir mais.”

BONS GUIAS O apoio do Prémio BPI Capacitar vai permitir aumentar o número de cães-guias para invisuais treinados todos os anos pela única instituição nacional certificada para este trabalho. Atualmente, a lista de espera por um cão-guia ronda os três a quatro anos.

AJUDA PRECIOSA As voluntárias da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido dão um apoio especial às famílias com bebés prematuros, prestando apoio domiciliário que acompanha as necessidades clínicas e sociais destes bebés mais frágeis.

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A Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro encontrou uma resposta inovadora para o apoio te-rapêutico dos seus utentes. Criada em 1982, a asso-

ciação tem hoje quase 300 utentes, com idades entre os 0 e os 40 anos, a quem oferece serviços de intervenção precoce, ambulatório e reabilitação profissional, além de manter um centro de atividades ocupacionais, um centro de recursos para a integração e um centro de apoio à vida, cultura e desporto. A nova valência, acabada de inaugurar, é uma residência/lar.

Para uma organização que vai até onde for preciso no apoio aos doentes com paralisia cerebral, o projeto “Vamos ser Astro-nautas” justifica bem a Menção Honrosa do BPI Capacitar. O projeto, “de cariz terapêutico, tem como objetivo dar a maior autonomia possível aos utentes”, explica Cristina Sobral, fi-sioterapeuta e uma das responsáveis pelo “Vamos ser Astro-nautas”, que adapta tecnologia original da NASA, concebida para neutralizar os efeitos nocivos da ausência de gravidade e hipocinesia sobre o corpo, ao tratamento de crianças com distúrbios neurológicos.

Elsa Fernandes, fisioterapeuta e a outra responsável pelo projeto, explica que o fato ortopédico dinâmico que será ad-quirido vai beneficiar 50 utentes, com idade até aos 18 anos. “Haverá uma maior incidência na população mais jovem, por-que a probabilidade de sucesso é maior. É uma ferramenta de desenvolvimento da criança.”

É um programa que só é possível com o apoio do BPI. Para Graciete Campos, diretora técnica da Associação Portugue-sa de Paralisia Cerebral de Faro, o prémio recebido “é muito importante, porque nunca temos capacidade financeira sufi-ciente para apostar na inovação, e isto vai permitir-nos estar ao mesmo nível dos americanos nesta matéria”.

“O sector terciário tem de depender cada vez menos do Es-tado e estes projetos de apoio dão-nos maior autonomia”, re-força Cristina Sobral, secundada por Elsa Fernandes: “Temos pessoas capacitadas, mas não temos os meios financeiros e só temos de agradecer estas iniciativas”.

A o longo de 90 anos de atividade, o Centro de Bem-Estar Social de Arronches, no distrito de Portalegre, tem crescido com as necessidades da população.

A instituição gere hoje uma creche, pré-escolar, um lar de idosos, um centro de dia e um serviço de apoio domiciliá-rio. Com perto de 200 beneficiários, numa região interior e deprimida, o centro é mais do que um conjunto de res-postas sociais. “Somos o principal foco de desenvolvimen-to do concelho”, a par de instituições como a Misericór-dia, explica o presidente da instituição, Carlos Rodrigues.

E o trabalho nunca está concluído. Neste momento está em construção um centro de atividades ocupacionais para pessoas com deficiência. É precisamente aqui que entra o projeto “Exercitar para capacitar”. Trata-se de equipar a nova valência com material de motricidade e reabilita-ção e equipamentos de estimulação cognitiva, sensorial e motora. Bolas, arcos, pesos, pedaleiras e jogos lúdicos pa-ra manter a mente ágil estão garantidos, graças ao apoio do BPI Capacitar.

“Este projeto vai permitir-nos trabalhar com as pessoas na área da multideficiência”, diz Carlos Rodrigues. “É uma resposta que não existe na região.” E que surge no momento certo, sublinha Deolinda Pinto, vice-presidente do Centro e uma das responsáveis do projeto: “No que toca a capaci-tar pessoas com deficiência cognitiva, se não tivermos os instrumentos adequados pouco podemos fazer”. O apoio do BPI vai permitir assegurar sessões de trabalho semanal a 24 beneficiários com várias situações de multideficiência. “Permite-nos entrar numa área onde não conseguiríamos chegar sem este tipo de apoio”, congratula-se o presidente do Centro de Bem-Estar Social de Arronches.

P ara a Associação de Ajuda ao Recém-Nascido, tudo começou com um grupo de voluntárias que faziam enxovais para os bebés mais necessitados da Ma-

ternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Hoje, as equipas da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido trabalham com o pessoal clínico da Maternidade numa missão fundamen-tal: acompanhar em casa as famílias com bebés prematu-ros em situação de maior vulnerabilidade clínica e social. “O nosso grande papel é passar segurança aos pais e eles perceberem qual é o seu papel”, explica Assunção Mas-carenhas, uma das responsáveis pelo projeto.

Agora, está na altura de espalhar as boas ações. Graças ao BPI Capacitar, vai ser criada no Hospital de Santa Maria uma réplica do serviço prestado na Maternidade Alfredo da Costa. Para além do Banco do Bebé, que recolhe e dis-tribui alimentos e equipamentos para as crianças mais ne-cessitadas, o serviço de apoio domiciliário é a grande obra da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido. Levar para o Santa Maria a capacidade de acompanhar os bebés após terem alta é a grande meta.

A Menção Honrosa do BPI Capacitar serve também para destacar o bom trabalho já feito. “É fundamental, exatamente porque confere reconhecimento ao projeto”, aponta Assunção Mascarenhas. Esse reconhecimento vai permitir chegar a 150 beneficiários diretos neste serviço. Será uma ajuda preciosa para muitos bebés carenciados – e muitas famílias agradecidas.

N em sempre o bom trabalho se faz nas melho-res condições. Em Ponta Delgada, Açores, a Associação Seara Trigo, criada em 2001, pro-

move atividades ocupacionais para cerca de 70 por-tadores de incapacidade mental, paralisia cerebral e autismo. A oferta vai desde a informática à animação musical ou à hipnoterapia, passando por atividades de reciclagem, têxteis ou jardinagem.

Mas nem sempre é fácil. “Estamos situados num edifício muito bonito mas que data do século XVIII, o que o torna pouco acessível em determinados aspetos”, explica Rui Melo, coordenador do projeto “Acesso para incluir melhor”, premiado este ano pelo BPI Capacitar. “Temos um elevador de escada antigo, avariado, para o qual já não existem peças, e uma sala de acamados onde temos falta de equipamentos como um eleva-

dor de transferência e uma cama de banho assistido”. Com o prémio agora atribuído, isso vai mudar.

“Este apoio vai melhorar o serviço que prestamos, facilitar o contacto com o utente, permitir uma hi-giene mais cuidada e, acima de tudo, proporcionar maior dignidade aos nossos utentes”, congratula-se Rui Melo. O BPI Capacitar vai fazer toda a diferença – e ainda bem que assim é. “É fundamental este tipo de apoios”, diz o responsável do projeto. “Os apoios estatais estão a diminuir e as associações contam com este tipo de parcerias que nos permitam me-lhorar o nosso trabalho e proporcionar melhores condições às pessoas que apoiamos. E nos Açores temos muita dificuldade em conseguir apoios por-que o tecido empresarial é diminuto, pelo que estas iniciativas são fulcrais para nós.”

Exercitar para capacitar

O banco do bebé

Equipar para incluir

Vamos ser astronautas

SEM BARREIRAS A capacidade de resposta da Associação Seara Trigo vai dar um salto em frente.

NASA Vem da agência espacial norte-americana a tecnologia terapêutica adotada pela Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro, graças ao BPI Capacitar.

NOVOS MEIOS O Centro de Bem-Estar Social de Arronches vai alargar a sua capacidade de resposta aos cidadãos com multideficiência, com a aquisição de equipamento especializado.

Férias bem merecidas

Patas para andar

A creditar é um trabalho importante. A Acreditar - As-sociação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro dedica-se desde 1993 a “melhorar a vida das crianças

com cancro em contexto hospitalar”, como explica Marga-rida Cruz, diretora-geral da associação. “Somos sócios fun-dadores da Confederação Internacional das Associações de Pais de Crianças com Cancro. Fizemos muitas campanhas de sensibilização para desmistificar estas patologias e levamos a cabo iniciativas de dois ou três dias com os jovens”, explica.

Foi destas pequenas atividades que nasceu o projeto “Des-cobrir Mais”, que valeu à associação uma Menção Honrosa nos Prémios BPI Capacitar deste ano. “Os jovens precisam de tempos de lazer”, lembra a responsável da Acreditar. Com o “Descobrir Mais”, a associação vai dar a cerca de 80 crian-ças portadoras de cancro (e seus irmãos) a oportunidade de participarem em campos de férias em regime de acantona-mento, onde realizarão atividades desportivas, criativas e jo-gos de equipa. O objetivo é “a promoção do desenvolvimen-to pessoal (autoconfiança, auto estima, coping, resiliência, iniciativa, responsabilidade e autonomia) e a promoção do desenvolvimento social (trabalho em equipa, assertividade e construção de laços de amizades)”, pode ler-se no projeto apresentado a concurso.

“Os campos de férias, de cinco dias em média, são dirigi-dos a crianças dos 5 aos 21 anos, as quais serão acompanha-das por uma equipa técnica constituída por monitores que tiveram cancro pediátrico e onde se inclui um enfermeiro,

ACREDITAR A Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro venceu uma Menção Honrosa na edição deste ano dos Prémios BPI Capacitar com o projeto de dinamizar campos de férias para as crianças doentes.

que garante o acompanhamento do estado de saúde dos par-ticipantes”, explica Margarida Cruz.

Em época de crise, a associação é confrontada com a “ne-cessidade de apoiar famílias fragilizadas economicamente e a afetar recursos para esses casos, retirando-os de outros projetos”, conta Margarida Cruz. Por isso mesmo, é muito importante que as IPSS tenham “a oportunidade de pode-rem concorrer e ser apoiadas, porque vivemos de apoios destes. Estas iniciativas levam a um sentimento de contágio e outras a seguir-lhes os passos, o que é muito importante”.

A vida de uma pessoa invisual é feita de barreiras, de obstáculos a contornar. É por isso que a ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal,

concebeu o projeto “Tecnologias de Informação Promoto-ras de Autonomia”. A ideia é simples, mas as implicações são revolucionárias. Trata-se de usar software que já exis-te para fazer o reconhecimento de objetos ou de texto im-

Uma visão nova

TECNOLOGIA Criar software de reconhecimento de objetos e apoio à leitura para invisuais é o projeto inovador lançado pela ACAPO. O Prémio BPI Capacitar vai permitir colocar a ideia em marcha em todas as delegações da associação espalhadas pelo país.

presso, e adaptá-lo a plataformas móveis, como os tablets ou os smartphones.

Com este tipo de tecnologia móvel, será muito mais fácil aos invisuais identificarem objetos ou decifrarem coisas tão aparentemente simples como um bilhete de comboio, um talão Multibanco ou um impresso numa repartição pública. O software de reconhecimento de texto já existe, mas ainda não está disponível em plataformas móveis. “A grande inovação do projeto é possibilitar a sua utilização em qualquer dispositivo, seja computador, iPad, tablet, smartphone, etc.”, explica Rui Fontes, um dos responsá-veis pelo desenvolvimento da ferramenta.

O software faz também o reconhecimento de códigos de barras que permitem identificar com rigor um deter-minado objeto – permitindo, por exemplo, escolher um CD específico numa coleção de música. A Menção Honrosa obtida nos Prémios BPI Capacitar vai permitir, para já, ins-talar esta solução nas 13 delegações da ACAPO espalhadas pelo país. Só em Portugal contam-se em perto de cinco mil os beneficiários diretos, para não falar das potencialida-des que esta ferramenta tem numa lógica de exportação para o resto do mundo. “É um grande quebra-barreiras”, explica Graça Gerardo, diretora nacional da ACAPO. “Vai facilitar a nossa autonomia.”

I ntegrar as crianças com paralisia cerebral foi sempre a missão da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Daí vêm iniciativas com um toque especial, como a criação

de brinquedos adaptados.A intervenção na área da paralisia cerebral é sempre espe-

cializada e diferenciada, explica Abílio Cunha, da associação. “É uma deficiência muito heterogénea, não existem dois ca-sos semelhantes, e isso obriga as equipas a desenvolverem às vezes projetos individuais para garantir a qualidade de vida daquela pessoa”. É isso que se faz nas várias valências da or-ganização, que ajudam quase 1800 beneficiários em respostas como um centro de reabilitação, um serviço de apoio domi-ciliário, jardim de infância, residência assistida ou atividades ocupacionais e de inserção profissional, entre outros.

Mas há um equipamento simples que continua a faltar: um parque infantil à medida das necessidades de crianças com deficiência, dos 3 aos 5 anos. “Normalmente preocupamos-nos com a questão das acessibilidades para adultos. Esquecemos as crianças”, lamenta Abílio Cunha. “É frequente ver que nos parques infantis as crianças com deficiência ficam de fora”.

Para resolver esse problema, a associação decidiu criar um parque infantil acessível, onde as crianças com e sem deficiên-cia podem brincar lado a lado. Sem barreiras. O parque, que deverá estar pronto em setembro de 2013, pode finalmente avançar com o apoio do BPI Capacitar. Serão perto de 100 os beneficiários diretos, mas isso é só para começar. A esperança é que o novo espaço sirva de exemplo para outros semelhantes. “Acreditamos que este projeto patrocinado pelo BPI será repli-cado pelo país”, antecipa Abílio Cunha. Será um espaço para, na brincadeira, promover a integração de forma muito séria.

Um parque para todos

BOA BRINCADEIRA O primeiro parque infantil inclusivo vai nascer pela mão da Associação do Porto de Paralisia Cerebral. Equipado para acolher crianças com deficiência, o parque deverá servir de exemplo para a criação de estruturas semelhantes noutros pontos do país.

A Associação Beira Aguieira Apoio Deficiente Visual, criada em 1999, é a única instituição em Portugal a treinar cães-guias para invisuais. Situada em Mortá-

gua, a associação cria anualmente, e de forma gratuita para o utilizador, uma média de 14 animais. Não chega: a lista de es-pera ronda dos “três a quatro anos”, conta o presidente, João Fonseca. “O processo de educação de cada cão-guia dura apro-ximadamente dois anos, o que explica a longa lista de espera.”

As necessidades tornam-se ainda mais gritantes quando se sabe que cerca de 30% a 40% dos cães treinados destinam-se a substituir cães que atingiram a idade de reforma e que, “por isso, têm prioridade, o que faz com que corramos o risco de entrar num circuito fechado”, aponta João Fonseca.

Para combater este círculo vicioso, a associação vai lançar um novo bloco com 10 canis, aumentando o número de cães-guias entregues anualmente para 18 animais. Além disso, a criação de parques exteriores para alojar 20 a 30 cães vai permitir criar uma nova valência de cães para pessoas autistas.

Para isso, foi determinante o apoio do BPI Capacitar. “Nós temos necessidade de crescer e criar infraestruturas, o que per-mite criar riqueza direta. Não podemos esquecer que um cego com um cão-guia é mais capaz a nível familiar, social e pro-fissional e este prémio vai capacitar-nos para produzir mais.”

BONS GUIAS O apoio do Prémio BPI Capacitar vai permitir aumentar o número de cães-guias para invisuais treinados todos os anos pela única instituição nacional certificada para este trabalho. Atualmente, a lista de espera por um cão-guia ronda os três a quatro anos.

AJUDA PRECIOSA As voluntárias da Associação de Ajuda ao Recém-Nascido dão um apoio especial às famílias com bebés prematuros, prestando apoio domiciliário que acompanha as necessidades clínicas e sociais destes bebés mais frágeis.

É mais comum pensar nas pessoas com defici-ência em termos de necessidades do que em termos de potencial. A resposta às exigências

especiais desta população impede-nos muitas vezes de reparar nas oportunidades que se abrem para a sua integração ativa. O Centro Social Paroquial de Pinhal Novo, em Palmela, decidiu responder a esta limitação, criando um Centro de Empreendedorismo Integrado, especificamente dirigido a pessoas com deficiência.

Trata-se de um recurso que abre a estes cidadãos a possibilidade de criarem a sua própria empresa, inves-tindo na criação de empregos e na sua própria inserção social. O projeto, aberto à participação de outras Insti-tuições Particulares de Solidariedade Social da região, foi uma ideia de Pedro Dias, colaborador do Centro – e ele próprio portador de deficiência.

O pressuposto é elementar: numa das populações mais desfavorecidas na procura de emprego, não deixa de haver competências, talentos e recursos para aprovei-tar. O problema é conseguirem começar. “Muitas vezes não têm acesso a projetos. Não têm dinheiro e não há ninguém que os apoie”, explica o vice-presidente do Centro, Albino Timóteo. “A nossa iniciativa vai exata-mente nesse sentido: chamá-los, incentivá-los a apre-sentarem os seus projetos”.

Cada ideia de negócio vai ser analisada por uma Co-missão de Avaliação e terá um Gestor Individual de Projeto que assistirá o empreendedor no planeamento da sua ideia. Para isso, o Centro Social Paroquial de Pi-nhal Novo celebrou um acordo com o Instituto Politéc-nico de Setúbal, que colocará as suas competências ao serviço do Centro de Empreendedorismo Integrado. A menção honrosa obtida no BPI Capacitar vai permitir apetrechar o fundo de apoio e investir na divulgação deste recurso, dando visibilidade – e viabilidade – às boas ideias. Sem obstáculos.

A união faz a força. Foi essa a lógica seguida na Figueira da Foz quando, em 1976, a Misericórdia local e a Obra da Figueira se uniram, criando a

Misericórdia – Obra da Figueira. Hoje, a instituição gere quatro valências: lares; apoio domiciliário; centro de dia e centro de noite; e creche/jardim de infância. A somar a tudo isto, a organização mantém-se aberta à comuni-dade, disponibilizando o seu auditório e o polidespor-tivo para eventos e gerindo outros apoios sociais, como um serviço de teleassistência, formação profissional e banco alimentar.

“Entre todas as nossas valências e serviços, apoia-mos cerca de 500 pessoas mensalmente e assinámos um protocolo com a Segurança Social para a abertura de uma cantina social, onde disponibilizamos 65 refei-ções, todos os dias”, explica Maria de Fátima Oliveira, coordenadora-geral da instituição.

À semelhança do que acontece um pouco por todo o país, também a Misericórdia Obra da Figueira se “de-para com deficiências em termos financeiros. Apesar

dos nossos recursos próprios e dos apoios, há sempre necessidade de ter mais recursos porque procuram-nos pessoas cada vez mais envelhecidas e com mobilidade reduzida e o dinheiro não dá para tudo”.

Por isso, o projeto “Investimento na qualidade de vi-da”, com o qual venceram uma Menção Honrosa nos Prémios BPI Capacitar, não podia vir em melhor hora: o projeto vai beneficiar 60 utentes com a aquisição de cadeiras de rodas, camas elétricas, apoios sanitários, colchões e almofadas antiescaras, andarilhos e tripés, além de outro equipamento técnico para apetrechar melhor os lares de idosos e disponibilizar aos utentes do apoio domiciliário.

“A aquisição destes equipamentos significa melhor qualidade de vida e de tratamento para os nossos uten-tes”, afirma Maria de Fátima Oliveira, que apenas la-menta não haver “mais iniciativas deste género. São importantíssimas. As instituições não têm capacidade de avançar, evoluir sozinhas, só podem fazer algumas coisas, o dinheiro não dá para tudo”.

N asceu em Águeda, há 35 anos, mas hoje a CERCIAG - Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crian-ças Inadaptadas de Águeda atua em cinco concelhos

do distrito de Aveiro. Atividades ocupacionais, apoio domici-

Grande(s) apoio(s)

Uma vida melhor

A riqueza escondida

A crise não passa ao lado das instituições sociais. A bra-ços com uma conjuntura adversa, a Santa Casa da Misericórdia de Portalegre tinha decidido encerrar

o serviço de apoio domiciliário. Mas isso foi antes do projeto “Fénix – Renascer das Cinzas”, levado a cabo pela nova Me-sa Administrativa eleita no início deste ano, para quem esta valência é crucial. “O apoio domiciliário é, no fundo, aquela resposta social que faz com que se retarde o mais possível a institucionalização da pessoa”, justifica o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre, José Serrote.

Para reavivar um serviço cuja extinção estava prevista pa-ra este ano, nenhum nome assenta melhor ao projeto do que “Fénix”. A ideia não é só manter o apoio, mas alargar a gama de cuidados prestados. Além da comida, limpeza e assistên-cia à saúde, há espaço para muito mais. “Queremos alargar o âmbito do serviço que é prestado, para que as pessoas conti-

nuem nas suas casas da melhor maneira possível”, antecipa o provedor. “Ficámos muito agradados ao saber que tínhamos sido premiados. Vai ser uma ajuda fundamental para a requa-lificação deste serviço.”

A Menção Honrosa obtida no BPI Capacitar vai dar asas a esta “Fénix”, permitindo ao mesmo tempo à instituição não ter de desviar recursos de outra área fundamental: a construção de um novo lar residencial, para substituir o atual que funciona num edifício do século XVII, sem as condições de conforto e acessibilidade exigidas a um equipamento deste género. No apoio domiciliário, o projeto “Fénix” começa já pela aquisição de uma viatura adaptada. “Numa instituição como a nossa, es-te apoio é fundamental. Sem ele teríamos muita dificuldade em adquirir durante o próximo ano uma carrinha em condi-ções”, diz José Serrote. Agora, o projeto já tem os meios para correr sobre rodas.

Renascer das cinzas

EMPREENDER O Centro Social Paroquial de Pinhal Novo, em Palmela, vai ajudar jovens com deficiência a criarem o seu próprio emprego, através de um Centro de Empreendedorismo Integrado.

“FÉNIX” O serviço de apoio domiciliário estava prestes a ser encerrado na Santa Casa da Misericórdia de Portalegre. Em vez disso, a instituição apostou na melhoria da resposta social, com o apoio do BPI Capacitar.

MELHOR APOIO O serviço domiciliário da CERCIAG vai ser reforçado com uma nova viatura adaptada, equipamentos e ajudas técnicas para os utentes.

QUALIDADE Melhorar o apoio aos idosos e pessoas com deficiência é a razão de ser da Misericórdia Obra da Figueira. Apoios técnicos como cadeiras de rodas, camas articuladas ou andarilhos, entre outros, vão fazer a diferença nas vidas de 60 beneficiários do projeto “Investimento na qualidade de vida”.

liário, lar residencial e investigação e desenvolvimento na área da deficiência são algumas das missões da organização, também muito ativa na formação e emprego dos utentes, pa-ra o qual têm um Centro de Recursos para a integração, do Ministério da Educação.

Figueiredo Simões, vice-presidente da instituição, con-fessa que esta “não é a primeira vez que nos candidatamos” ao BPI Capacitar, mas o projeto “Mais qualidade” fez jus ao nome, merecendo este ano uma Menção Honrosa. O objetivo é a “aquisição de uma viatura adaptada para apoio domici-liário, bem como de material, equipamento e ajudas técni-cas. Vamos também adquirir uma viatura com revestimento isotérmico, compartimentada em zona alimentar, zona de roupas e zona de produtos de higiene. Estes equipamentos permitem-nos responder com maior e melhor eficácia às ne-cessidades e evitar repetidas deslocações à instituição, além de facilitar a intervenção no domicílio e agilizar as respostas às solicitações”, explica Figueiredo Simões.

É um grande salto para a CERCIAG. “É uma mais-valia, porque vai permitir-nos rentabilizar recursos e também estar mais tempo com os nossos utentes, muitos deles em situações de exclusão social por dificuldades motoras, ou outras”, explica Gorete Silva, responsável pelo apoio domi-ciliário na instituição.

O envolvimento do BPI na iniciativa é, para Figueiredo Simões, “um investimento e uma ajuda fundamental. Estes apoios permitem às instituições disponibilizar recursos pa-ra projetos meritórios”.