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Quadrinhos, História e os Movimentos Sociais Natania Nogueira [email protected] Valéria Fernandes [email protected]

Quadrinhos e movimentos sociais

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Quadrinhos, História e os Movimentos Sociais

Natania [email protected]

Valéria [email protected]

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• Os quadrinhos são uma forma de expressar medos e desejos de grupos sociais diversos.• Antropologia, sociologia e história podem

recorrer desta fonte para identificar estas demandas assim como os grupos que se sentem ameaçados por questões sociais como o tráfico e consumo de drogas, a violência urbana e pobreza mundial, por exemplo.

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OS QUADRINHOS INSTITUCIONAIS

• Tem se tonado comum o uso de quadrinhos com finalidade educacional para se tratar de temas de interesse geral como ecologia, direitos das crianças, prevenção contra acidentes e doenças.• Alguns estúdios especializaram-se na produção

deste tipo de material, algumas vezes encomendado por empresas particulares, outras por órgãos do governo. • Nomes como Maurício de Sousa e Ziraldo podem

ser associados a este tipo de quadrinho, que é distribuído em comunidades e em escolas.

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A Turma da Mônica em: o estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: http://www.fundacaofia.com.br/ceats/eca_gibi/capa.htm, acesso em 20/04/2011.

Ziraldo. Os Direitos Humanos. Disponível em http://www.promenino.org.br/Portals/0/Biblioteca/CartilhaZiraldo_DH.pdf

, acesso em 02/06/2012.

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• Quadrinhos institucionais têm por objetivo a conscientização do público leitos.• São produzidos para públicos específicos e

nem sempre são reeditados pois geralmente são utilizados em campanhas temporárias.•Mas este tipo de ação afirmativa pode ser

encontrada, também, em quadrinhos comerciais

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Combatendo preconceitos: os quadrinhos e o Bullying

• Um tema que tem sido cada vez mais frequente dentro e fora da escola é o BULLYING.• É possível encontrar quadrinhos produzidos nas

escolas e associados a este tema em blogs de professores.• Alguns cartunistas colocam o tema em tiras e em

histórias curtas que são publicadas na internet na forma de quadrinhos digitais ou em jornais de circulação local ou regional.

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Allan Sieber, publicado na Folhateen de segunda-feira, 2 de maio de 2011.Disponível em http://viverindagaragir.blogspot.com.br/2011/05/reaja-ao-bullying.html ,

acesso em 12/05/2012

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Maurício de Sousa abordou o Bullying em uma edição da Turma da Mônica Jovem.

Revista Turma da Mônica Jovem, n. 45. Publicada pela Panini em abril de 2012, a edição fala sobre o bullying, seus efeitos para a vítima e como ela deve reagir.

A personagem da Mônica adolescente aproveita para esclarecer que nunca sofreu bullying de seus amigos.

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A revista é, possivelmente, um resposta a críticas recebidas pelo criador da personagem que, entre outras coisas, afirmava que a Mônica criança sofria bullying de seus amigos.

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Referência a atos de violência cometidos por vítimas do bullying, p. 112

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Vitima reage à agressão sem recorrer à violência : autoestima recuperada.

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OS SUPER-HERÓIS E A SOCIEDADE

• Os super-heróis surgiram no década de 1930.• O primeiro foi o Superman, criado por Jerry Siegel e Joe

Shuster e teve sua primeira aparição na revista Action Comics #1 (Junho de 1938).• Eles acabaram tornando-se mitos, ícones da sociedade

moderna agindo, segundo Iuri Reblin, como regulamentadores das classes sociais, dos costumes, dos valores e até meios de sobrevivência (REBLIN, 2008).• Os super-heróis surgem para salvar a sociedade , para

punir aqueles que não se enquadram nas regras sociais e, em muitos casos, para lembrar a humanidade das suas limitações.

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O Super-Homem e a Fome Mundial

• As histórias do Super-Homem possuem muitas referências teológicas que podem ser exploradas. Nelas o mito do salvador está constantemente presente.

• Na aventura Paz na Terra, publicada no Brasil em maio de 1999, busca-se aproximar o super-herói dos problemas da humanidade.

• Na história, o Super-Homem deseja aliviar a fome mundial.

• Encontra muitos obstáculos e chega à conclusão de que não pode sozinho mudar o mundo.

• Frustrado, muda sua estratégia: agora ele pretende ensinar os homens a combater a fome.

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“Enfrentar o problema da fome é diferente de enfrentar um supervilão porque não há um mal personificado contra qual o herói possa lutar. Diferentemente de uma narrativa típica de uma superaventura, na qual o herói, representante do bem, combate o vilão, representante do mal, e a humanidade é vitima, nesta história o mal não é retratado como um vilão, ele está, na verdade, no coração das pessoas.” (REBLIN, 2012, p. 175-6).

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Os super-heróis e a violência urbana

• Quadrinhos são utilizados como forma de denúncia para problemas da sociedade, local ou mundial.• Se o Super-Homem não é capaz que combater a

fome, vigilantes urbanos como o Homem Aranha não conseguem deter o mal causado pelas armas ou pelas drogas.• Estes foram temas específicos de duas histórias

publicadas pela Marvel.

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A história “A cidade apresenta suas armas” foi publicada originalmente em Peter Parker, The Spectacular Spider-Man (1976) n° 71/1982 - Marvel Comics

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O problema das armas de fogo.

• Na história A cidade apresenta suas armas, o herói não consegue deter o mal causado pelo uso de armas de fogo pela sociedade civil.• De forma quase didática o drama das mortes

causadas pelo uso de armas de fogo, legalizadas ou não, é apresentado .• Outro apelo à mobilização da sociedade civil,

usando, inclusive , dados reais sobre a questão do porte de armas nos Estados Unidos, na década de 1970.

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O Homem Aranha. São Paulo: Abril, n. 42, 1982

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• Sobre as armas de fogo na década de 1970 nos Estados Unidos, ZIMRING e HAWKINS afirmam:

“O uso de armas de fogo em assaltos e roubos é a única característica ambiental da sociedade americana que está claramente ligada à taxa extraordinária de morte, resultante da violência interpessoal nos Estados Unidos” (GARDNER, 2010, p. 152)

• Citando, também, Márcia Regina da Costa:

“Nos anos 60 e início dos 70, tanto nos Estados Unidos como na Europa, a prática da violência passou a expressar uma nova tendência, com um aumento gradativo do número de crimes.” (COSTA, 1999).

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Edição americana - 1976 Edição brasileira - 1985

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As drogas e a juventude

• Como herói urbano o Homem Aranha tem muitas de suas aventuras envolvendo bandidos comuns como assaltantes de banco e traficantes.• Em três histórias publicas originalmente nos

Estados Unidos no ano de 1979 dois temas chama a atenção: as drogas e os fugitivos.• A revista marca a estreia de dois personagens:

Manto e Adaga, que fugiram de suas casas e caíram nas mãos de traficantes.

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Manto e Adaga eram garotos fugitivos e quando chegaram à rodoviária de Nova York, foram sequestrados por traficantes da quadrilha do mafioso Cabelos de Prata.

Os bandidos lhes injetaram drogas experimentais que pretendiam lançar nas ruas. Essas drogas geraram mutação em ambos, tornando Manto dependente de Adaga.

Manto precisa das adagas luminosas de Tandy. Ele sempre tem fome de luz. Assim, Manto tornou-se a escuridão e Adaga, a luz.

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• Na história podemos identificar estereótipos sociais latentes: Manto é um rapaz negro e pobre, Adaga uma menina branca, rica e bem criada.• No entanto, a cor da pele e a origem social

impediram Adaga se tornasse uma adolescente fugitiva nem que fosse sequestrada por traficantes.• A sociedade se preocupa com as famílias e a HQ

alerta para as consequências que o uso de drogas pode causar, principalmente a dependência.• Existe ainda um paralelo entre o aumento da

criminalidade e das mortes por armas de fogo e o tráfico de drogas no contexto em que as HQs foram produzidas.

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O homem animal e o ativismo ecológico

• O Homem Animal é Homem-Animal foi criado pelo roteirista Dave Wood e pelo desenhista Carmine Infantino em setembro de 1965, para o número 180 da revista Strange Adventures. • Seu sucesso veio nos anos de 1980 quando o escritor

inglês Grant Morrison assumiu o personagem que passou a ter histórias abordando temas como a extinção dos animais, o terrorismo ecológico e o uso desumano de cobaias em laboratórios. • Ativista ambiental, O Homem Animal é uma subversão

do modelo tradicional do super-herói norte-americano.

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• Morrison utiliza uma personagem fictícia para especular sobre problemas do mundo social que são do seu interesse.• O autor se torna-se ativista ambientam e expressa

suas ideias por meio dos quadrinhos tornando o arco de história escrito por ele como uma representação de um movimento social surgido na década de 1970 e que crescia durante a década de 1980.• O Homem Animal tem servido de fonte de

pesquisa em História Ambiental na década de 1980.

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O Homem Animal reformulado por Grant Morrison

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O PROFESSOR DE HISTÓRIA E A SOCIEDADE

• Quadrinhos podem ser fontes de pesquisa histórica mas podem, principalmente, chamar a atenção dos jovens para a importância do debate dentro e fora da sala de aula.• Nos quadrinhos mais antigos, publicados nas décadas de

1950, 1960, 1970 ou nos mais recentes, de gêneros variados, o professor de história pode encontrar material para desenvolver com seu aluno habilidades de análise, comparação e reflexão fundamentais para que ele aprenda que história não apenas se lê, mas se vive.

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O incentivo ao debate

• O papel do professor é de mediador.• Ele deve incentivar o debate e utilizar os

elementos necessários para inspira seu aluno a pensar e compartilhar seus pensamentos.• Passado e presente devem estar sempre

conectados.• O aluno deve sentir-se parte da história para

poder entender seu sentido.

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Fontes utilizadasArtigos/livros/teses:• COSTA, Márcia Regina da . A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira?

São Paulo Perspec. vol.13 no.4 São Paulo Oct./Dec. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000400002, acesso em 06/06/2012.

• GATNER, Rosemary .Tendências do crime e da punição no Canadá e nos Estados Unidos DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social - Vol. 3 - no 10 - OUT/NOV/DEZ 2010 - pp. 143-166. Disponível em http://revistadil.dominiotemporario.com/doc/Dilemas10Art7.pdf, acesso em 06/06/2012.

• REBLIN, Iuri Andreas. Para o Alto e Avante: uma análise do universo criativo dos super-heróis. Porto Alegre: Asteriso, 2008.

• --------------------------. A superaventura :da narratividade e sua expressividade à sua potencialidade teológica. Tese de doutorado para a obtenção do grau de doutor em Teologia pela Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, 2012.

• RODRIGUES, Márcio dos Santos. Ativismo em defesa dos animais nas histórias em quadrinhos da década de 1980: análise do caso “Homem animal”. Veredas da História. Disponível em http://veredasdahistoria.kea.kinghost.net/edicao4/Art.27_Ativismo_defesa_Animais_revisado.pdf, acesso em 10/06/2012.

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Quadrinhos:• O Homem Aranha. São Paulo: Abril, n. 75, 1985.• O Homem Aranha. São Paulo: Abril, n. 42, 1982.• A Turma da Mônica em: o estatuto da criança e do

adolescente. Disponível em: http://www.fundacaofia.com.br/ceats/eca_gibi/capa.htm, acesso em 20/04/2011.• Super-Homem: Paz na Terra. São Paulo: Abril, 1999.• Turma da Mônica Jovem. São Paulo: Panini, n.45, 2012.• Ziraldo. Os Direitos Humanos. Disponível em

http://www.promenino.org.br/Portals/0/Biblioteca/CartilhaZiraldo_DH.pdf, acesso em 02/06/2012..