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vilcelino-phiuki
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MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
Guerra de Canudos ou Campanha de
Canudos1 foi o confronto entre o Exército
Brasileiro e os integrantes de um movimento
popular de fundo sócio-religioso liderado
por Antônio Conselheiro, que durou
de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos,
no interior do estado da Bahia,
no nordeste do Brasil.
A região, historicamente caracterizada
por latifúndios improdutivos,secas cíclicas e
desemprego crônico, passava por uma grave crise
econômica e social. Milhares de sertanejos e ex-
escravos partiram para Canudos, cidadela liderada
pelo peregrino Antônio Conselheiro, unidos na
crença numa salvação milagrosa que pouparia os
humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima
Os grandes fazendeiros da região, unindo-se
à Igreja, iniciaram um forte grupo de
pressão junto à República recém-instaurada,
pedindo que fossem tomadas providências
contra Antônio Conselheiro e seus seguidores.
Criaram-se rumores de que Canudos se armava
para atacar cidades vizinhas e partir em direção à
capital para depor o governo republicano e
reinstalar a Monarquia.
Apesar de não haver nenhuma prova para estes
rumores, o Exército foi mandado para
Canudos.2 Três expedições militares contra
Canudos saíram derrotadas, o que apavorou
a opinião pública, que acabou exigindo a
destruição do arraial, dando legitimidade ao
massacre de até vinte mil sertanejos.
Além disso, estima-se que cinco mil militares
tenham morrido. A guerra terminou com a
destruição total de Canudos, a degola de muitos
prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as
casas do arraial.
Localização de Canudos
Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de "Antônio
Conselheiro", nascido em Quixeramobim (CE) em 13 de
março de 1830, de tradicional família que vivia nos
sertões entre Quixeramobim e Boa Viagem, fora
comerciante, professor e advogado prático nos sertões
de Ipu e Sobral. Após a sua esposa tê-lo abandonado em
favor de um sargento da força pública, passou a vagar
pelos sertões em uma andança de vinte e cinco anos.
Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder do arraial e
atraindo milhares de pessoas. Acreditava que
a República, recém-implantada no país, era a
materialização do reino do Anti-Cristo na Terra, uma vez
que o governo eleito seria uma profanação da autoridade
da Igreja Católica para legitimar os governantes. A
cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a
celebração do casamento civil e a separação
entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade
do "fim do mundo".
Canudos era uma pequena
aldeia que surgiu durante
o século XVIIInos
arredores da Fazenda
Canudos, às margens do
rio Vaza-Barris. Com a
chegada de Antônio
Conselheiro
em 1893 passou a crescer
vertiginosamente, em
poucos anos chegando a
contar por volta de 25 000
habitantes.
Antônio Conselheiro
rebatizou o local de Belo
Monte, apesar de estar
situado num vale, entre
colinas
Caricatura na Revista Ilustrada, retratando Antônio Conselheiro, com
um séquito de bufões armados com antigos bacamartes, tentando
"barrar" a República.
A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomodaram-se
com a nova cidade independente e com a constante migração de
pessoas e valores para aquele novo local. Aos poucos, construiu-
se uma imagem de Antônio Conselheiro como "perigoso
monarquista" a serviço de potências estrangeiras, querendo
restaurar no país a forma de governo monárquica. Difundida
através da imprensa, esta imagem manipulada ganhou o apoio
da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra
os habitantes do arraial de Canudos.2
O governo da República recém-instaurada precisava de dinheiro
para materializar seus planos, e só se fazia presente no Sertão
pela cobrança de impostos.
A escravidão havia acabado poucos anos antes no país, e pelas
estradas e sertões, grupos de ex-escravos vagavam, excluídos do
acesso à terra e com reduzidas oportunidades de trabalho. Assim
como os caboclos sertanejos, essa gente paupérrima agrupou-se
em torno do discurso do peregrino Antônio Conselheiro,
acreditando que ele poderia libertá-los da situação de extrema
pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida.
Outubro de 1896 – Ocorre o episódio que desencadeia a
Guerra de Canudos. Antônio Conselheiro havia
encomendado uma remessa de madeira, vinda de
Juazeiro, para a construção da igreja nova, mas a madeira
não foi entregue, apesar de ter sido paga. Surgem então
rumores de que os conselheiristas viriam buscar a
madeira à força, o que leva as autoridades de Juazeiro a
enviar um pedido de assistência ao governo estadual
baiano, que manda um destacamento policial de cem
praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires
Ferreira. Após vários dias de espera em Juazeiro, vendo
que o rumor era falso, o destacamento policial decide
partir em direção à Canudos, em 24 de novembro. Mas a
tropa é surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos
seguidores de Antônio Conselheiro, que estavam sob o
comando de Pajeú e João Abade. Vinham como quem
vinha para reza, ou para a guerra.
Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-
adormecidos e surpresos. Era a guerra. Manoel Neto
assim descreve: "Estabelecia-se, sangrento, o 1º fogo
previsto pelo Conselheiro, e a pacata Uauá transformava-
se em violento território de combate. O próprio Tenente
Pires Ferreira descreve o ataque destacando a "incrível
ferocidade" dos assaltantes e a forma pouco
convencional como organizavam suas manobras, isto é,
usando apitos. A celeridade e a rapidez com que a luta se
deu propiciou vantagem inicial aos conselheiristas.
Adentraram ao arraial onde ocuparam algumas casas. A
lógica, entretanto, prevaleceu. Armados e municiados
com equipamentos mais modernos e letais, os soldados
do 9º Batalhão de Infantaria impuseram pesadas baixas
as forças belomontenses.
A crueza do combate foi inegável, sendo que o uso de
armas como "facões de folha-larga, chuços de vaqueiro,
ferrões ou guiadas de três metros de comprimentos,
foices, varapaus e forquilhas, sob o comando de
Quinquim Coiam" utilizados em lutas de corpo a corpo
produziam cenas dantescas. Foram entre 4 e 5 horas de
pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico.
Contabilizadas as baixas de ambas facções, os números
determinava a vitória militar das tropas governamentais.
No relatório oficial, Pires Ferreira informa que pereceram
na batalha, dentre as hostes conselheiristas "cento e
cinqüenta, fora os feridos".
Passadas várias horas de combate, os canudenses,
comandados por João Abade, resolveram se retirar,
deixando para trás um quadro desolador.
Apesar da aparente vitória, a expedição estava derrotada,
pois não tinha mais forças nem coragem para atacar
Canudos. Naquela mesma tarde, saqueou e incendiou
Uauá e retornou para Juazeiro, com o saldo de 10 mortos
(um oficial, sete soldados e os dois guias) e 17 feridos.
Estas perdas, embora consideradas "insignificantes
quanto ao número" nas palavras do comandante,
ocasionaram a retirada das tropas.
Janeiro de 1897 - Enquanto aguardavam uma nova
investida do governo, os jagunços fortificavam os
acessos ao arraial. Comandada pelo major Febrônio de
Brito, depois de atravessar a serra do Cambaio, uma
segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no
dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos
conselheiristas, que se abasteciam com
as armas abandonadas ou tomadas à tropa. Os sertanejos
mostravam grande coragem e habilidade militar, enquanto
Antônio Conselheiro ocupava-se da esfera civil e religiosa
Março de 1897 - Na capital do país, diante das perdas e a
pressão de políticos florianistas que viam em Canudos
um perigoso foco monarquista, o governo federal
assumiu a repressão, preparando a primeira expedição
regular, cujo comando confiou ao coronel Antônio
Moreira César, considerado pelos militares um herói
do exército brasileiro, e popularmente conhecido como
"corta-cabeças" por ter mandado executar mais de cem
pessoas a sangue frio na repressão à Revolução
Federalista em Santa Catarina. A notícia da chegada de
tropas militares à região atraiu para lá grande número de
pessoas, que partiam de várias áreas do Nordeste e iam
em defesa do "homem Santo". Em 2 de março, depois de
ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de
guerrilhas na travessia das serras, a força, que
inicialmente se compunha de 1.300 homens, assaltou o
arraial.
Moreira César foi morto em combate, tendo o comando
sido passado para o coronel Pedro Nunes Batista
Ferreira Tamarindo, que também tombou no mesmo dia.
Abalada, a expedição foi obrigada a retroceder. Entre os
chefes militares sertanejos destacaram-se Pajeú, Pedrão,
que depois comandou os conselheiristas na travessia de
Cocorobó, Joaquim Macambira e João Abade, braço
direito de Antônio Conselheiro, que comandou os
jagunços em Uauá.
Mulheres e crianças,
seguidoras de Antônio
Conselheiro, presas
durante os últimos dias da
guerra.
MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a
população cabocla e os representantes do poder estadual e
federal brasileirotravado entre outubro de 1912 a agosto
de 1916, numa região rica emerva-mate e madeira, disputada
pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.1
Originada nos problemas sociais, decorrentes
principalmente da falta de regularização da posse de terras e
da insatisfação da população hipossuficiente, numa região
em que a presença do poder público era pífia, o embate foi
agravado ainda pelo fanatismo religioso, expresso pelo
messianismo e pela crença, por parte dos caboclos
revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.
A região fronteiriça entre os estados do Paraná e Santa
Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de
que os agricultores contestaram a doação que o
governo brasileiro fez aos madeireiros e à Southern Brazil
Lumber & Colonization Company. Como foi uma região de
muitos conflitos, ficou conhecida como Contestado, por ser
uma região de disputas de limites entre os dois estados
PODER DOS MONGES
Para entender-se bem a guerra sertaneja , é preciso voltar
um pouco no tempo e resgatar o valor da figura de
três monges da região. O primeiro monge que galgou
fama foi João Maria, um homem de origem italiana, que
peregrinou pregando e atendendo doentes de 1844 a
1870. Fazia questão de viver uma vida extremamente
humilde, e sua ética e forma de viver arrebanhou milhares
de crentes, reforçando o messianismo coletivo. Sublinhe-
se, porém, que não exerceu influência direta nos
acontecimentos da Guerra do Contestado que ocorreria
posteriormente. João Maria morreu em 1870,
em Sorocaba, estado de São Paulo.
O segundo monge adotou o codinome (alcunha) de João
Maria,2 mas seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf,
provavelmente de origem síria. Aparece publicamente
com a Revolução Federalista de 1893, mostrando uma
postura firme e uma posição messiânica. Sobre sua
situação política, dizia ele "estou do lado dos que
sofrem"1 . Chegou, inclusive, a fazer previsões sobre os
fatos políticos da sua época. Atuava na região entre os
rios Iguaçu e Uruguai. É de destacar a sua influência
inquestionável sobre os crentes, a ponto de estes
esperarem a sua volta através da ressurreição, após seu
desaparecimento em 1908.
companhia Brazil Railway Company, que recebeu do
governo 15 km de cada lado da ferrovia, iniciou a
desapropriação de 6.696 km² de terras (equivalentes a
276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por
posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa
Catarina. O governo brasileiro, ao firmar o contrato com
a Brazil Railway Company, declarou a área como
devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas
terras. "A área total assim obtida deveria ser escolhida e
demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses,
dentro de uma zona de trinta quilômetros, ou seja, quinze
para cada lado". Isso, e até mesmo a própria outorga da
concessão feita à Brazil Railway Company, contrariava a
chamada Lei de Terras de 1850.
Não obstante, o governo do Paraná reconheceu os
direitos da ferrovia; atuou na questão, como advogado
da Brazil Railway, Affonso Camargo, então vice-
presidente do estado.7
Esses camponeses que viram o direito às terras que
ocupavam ser usurpado,7 e os trabalhadores que foram
demitidos pela companhia (1910), decidiram então ouvir a
voz do monge José Maria, sob o comando do qual
organizaram uma comunidade.
Resultando infrutíferas quaisquer tentativas de retomada
das terras - que foram declaradas "terras devolutas"pelo
governo brasileiro no contrato firmado com a ferrovia5 -
cada vez mais passou-se a contestar a legalidade da
desapropriação. Uniram-se ao grupo diversos
fazendeiros que, por conta da concessão, estavam
perdendo terras para o grupo de Farquhar, bem como
para os coronéis manda-chuvas da região
Bandeira da "Monarquia Celestial". Branca com uma cruz
verde, evoca os estandartes das antigas ordens
monástico militares como as dos templários.
A união destas pessoas em torno de um ideal, levou à
organização do grupo armado, com funções distribuídas
entre si. O messianismo adquiria corpo. A vida era
comunitária, com locais de culto e procissões,
denominados redutos. Tudo pertencia a todos. O
comércio convencional foi abolido, sendo apenas
permitidas trocas. Segundo as pregações do líder, o
mundo não duraria mais 1000 anos e o paraíso estava
próximo. Ninguém deveria ter medo de morrer porque
ressuscitaria após o combate final. É de destacar a
importância atribuída às mulheres nesta sociedade. A
virgindade era particularmente valorizada.
O "santo monge" José Maria rebelou-se, então, contra a
recém formada república brasileira e decidiu dar status
de governo independente à comunidade que comandava.
Para ele, a república era a "lei do diabo". Nomeou
"imperador do Brasil" um fazendeiro analfabeto, nomeou
a comunidade de "Quadro Santo" e criou uma guarda de
honra constituída por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze
Pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos
Magno na Idade Média.
Os camponeses uniram-se a este, fundando alguns
povoados, cada qual com seu santo. Cada povoado seria
como uma "monarquia celeste", com ordem própria, à
semelhança do que Antônio Conselheiro fizera
em Canudos.
Marechal Hermes da Fonseca
O governo brasileiro, então comandado pelo
marechal Hermes da Fonseca, responsável pela Política
das Salvações, caracterizada por intervenções político-
militares que em diversos Estados do país pretendiam
eliminar seus adversários políticos, sentiu indícios de
insurreição neste movimento e decidiu reprimi-lo,
enviando tropas para "acalmar" os ânimos.
Antevendo o que estava por vir, José Maria parte
imediatamente para a localidade de Irani com todo o seu
carente séquito. A localidade nesta época pertencia
a Palmas, cidade que estava na jurisdição do Paraná, e
que tinha com Santa Catarina questões jurídicas não
resolvidas por conta de divisas territoriais, e acabou
vendo nessa grande movimentação uma estratégia de
ocupação daquelas terras.
A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa
de suas terras, várias tropas do Regimento de Segurança
do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os
Placa no Museu do Contestado, em Caçador
Mas as coisas ocorrem bem diferente do planejado. Tem
início um confronto sangrento entre tropas do governo e
fiéis do Contestado no lugar chamado "Banhado
Grande". Ao término da luta, estão sem vida dezenas de
pessoas, de ambos os lados. Morreram no confronto o
coronel João Gualberto, que comandava as tropas, e
também o monge José Maria, mas os partidários do
contestado tinham conseguido a sua primeira vitória.
José Maria foi enterrado com tábuas pelos seus fiéis, a
fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos
acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de um
"exército encantado", vulgarmente chamado de "Exército
de São Sebastião", que os ajudaria a fortalecer a
"monarquia celeste" e a derrubar a república, que cada
vez mais acreditava-se ser um instrumento do diabo,
dominado pelas figuras dos coronéis.
MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
Cícero Romão Batista (Crato, 24 de março de 1844 —
Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi
um sacerdote católico brasileiro. Na devoção popular, é
conhecido como Padre Cícero ou Padim
Ciço.1 Carismático, obteve grande prestígio e influência
sobre a vida social, política e religiosa do Ceará bem
como do Nordeste.
Em março de 2001, foi escolhido "O Cearense do Século"
em votação promovida pela TV Verdes Mares em parceria
com a Rede Globo de televisão2 .
Em julho de 2012, foi eleito um dos "100 maiores
brasileiros de todos os tempos" em concurso realizado
pelo SBT com a BBC.
Proprietário de terras, de gado e de diversos imóveis,
Cícero fazia parte da sociedade e política conservadora
do sertão do Cariri. Sempre teve o médico Floro
Bartolomeu como o seu braço direito, e integrava o
sistema político cearense que ficou sob o controle
Nascido no interior do Ceará, era filho de Joaquim Romão
Batista e Joaquina Vicência Romana, conhecida como
dona Quinô. Ainda aos 6 anos, começou a estudar com o
professor Rufino de Alcântara Montezuma.
Um fato importante marcou a sua infância: o voto de
castidade feito aos 12 anos, influenciado pela leitura da
vida de São Francisco de Sales4 .
Em 1860, foi matriculado no colégio do renomado
padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras na Paraíba. Aí
pouco demorou, pois a inesperada morte de seu pai,
vítima de cólera em 1862, o obrigou a interromper os
estudos e voltar para junto da mãe e das irmãs solteiras.
A morte do pai, que era pequeno comerciante no Crato,
trouxe sérias dificuldades financeiras à família de tal
sorte que, mais tarde, em 1865, quando Cícero Romão
Batista precisou ingressar no Seminário da Prainha,
em Fortaleza, só o fez graças à ajuda de seu padrinho de
crisma, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
Durante o período em que
esteve no seminário, Cícero
era considerado um aluno
mediano e, apesar de anos
depois arrebatar multidões
com seus sermões,
apresentou notas baixas nas
disciplinas relacionadas à
oratória e eloquência5 .
Cícero foi ordenado padre no
dia 30 de novembro de 1870.
Após sua ordenação retornou
ao Crato e, enquanto o bispo
não lhe dava paróquia para
administrar, ficou a
ensinar latim no Colégio
Padre Ibiapina, fundado e
dirigido pelo professor José
Joaquim Teles Marrocos, seu
primo e grande amigo.
Estátua do Padre Cícero na colina
do Horto, em Juazeiro do Norte
No Natal de 1871, convidado pelo professor Simeão Correia de
Macedo, o padre Cícero visitou pela primeira vez o povoado de
Juazeiro (numa fazenda localizada na povoação de Juazeiro,
então pertencente à cidade do Crato), e ali celebrou a
tradicional missa do galo.
O padre visitante, então aos 28 anos, estatura baixa, pele
branca, cabelos louros, penetrantes olhos azuis e voz
modulada, impressionou os habitantes do lugar. E a recíproca
foi verdadeira. Por isso, decorridos alguns meses, exatamente
no dia 11 de abril de 1872, lá estava de volta, com bagagem e
família, para fixar residência definitiva no Juazeiro.
Muitos livros afirmam que Padre Cícero resolveu fixar morada
em Juazeiro devido a um sonho (ou visão) que teve, segundo o
qual, certa vez, ao anoitecer de um dia exaustivo, após ter
passado horas a fio a confessar as pessoas do arraial, ele
procurou descansar no quarto contíguo à sala de aulas da
escolinha, onde improvisaram seu alojamento, quando caiu no
sono e a visão que mudaria seu destino se revelou. Ele viu,
conforme relatou aos amigos íntimos, Jesus Cristo e os doze
apóstolos sentados à mesa, numa disposição que lembra
De repente, adentra ao local uma multidão de pessoas
carregando seus parcos pertences em pequenas trouxas,
a exemplo dos retirantes nordestinos. Cristo, virando-se
para os famintos, falou da sua decepção com a
humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um
último sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os
homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria
com tudo de uma vez. Naquele momento, Ele apontou
para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou:
- E você, Padre Cícero, tome conta deles!
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era devoto de
padre Cícero e respeitava as suas crenças e conselhos.
Os dois se encontraram uma única vez, em Juazeiro do
Norte, em 1926. Naquele ano, a Coluna Prestes, liderada
por Luís Carlos Prestes, percorria o interior do Brasil
desafiando o Governo Federal. Para combatê-la foram
criados os chamadosBatalhões Patrióticos, comandados
por líderes regionais que muitas vezes
arregimentavam cangaceiros.
Existem duas versões para o encontro. Na primeira,
difundida por Billy Jaynes Chandler, o sacerdote teria
convocado Lampião para se juntar ao Batalhão Patriótico
de Juazeiro, recebendo em troca, anistia de seus crimes e
a patente de Capitão8 . Na outra versão, defendida
por Lira Neto e Anildomá Willians, o convite teria sido
feito por Floro Bartolomeu sem que padre Cícero
soubesse.
O certo é que ao chegarem em Juazeiro, Lampião e os 49
cangaceiros que o acompanhavam, ouviram padre Cícero
aconselhá-los a abandonar o cangaço. Como Lampião
exigia receber a patente que lhe fora prometida, Pedro de
Albuquerque Uchoa, único funcionário público federal no
município, escreveu em uma folha de papel que Lampião
seria, a partir daquele momento, Capitão e receberia
anistia por seus crimes. O bando deixou Juazeiro sem
enfrentar a Coluna Prestes.
O padre Cícero faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de
julho de 1934, aos 90 anos. Encontra-se sepultado
na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na
mesma cidade do Ceará
Virgulino Ferreira da
Silva
MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS
O Cangaço foi uma luta revolucionária, em que os homens do
grupo vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança
pela falta de emprego, alimento e cidadania causando o
desordenamento da rotina dos camponeses. O cangaço se
caracterizou por ter como principal líder Lampião ( Virgulino
Ferreira da Silva ), ex coronel da guarda nacional. O termo
cangaço vem da palavra canga ( peça de madeira usada para
prender junta de bois a carro ou arado; jugo).
DIVISÃO
O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que
prestavam serviços caracterizados para os latifundiários; os
"satisfatórios", expressão de poder dos grandes fazendeiros; e
os cangaceiros dependentes, com características de
banditismo.
Os cangaceiros conheciam bem a Caatinga, e por isso, era tão
fácil fugir das autoridades. Estavam sempre preparados para
enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas
medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de
fuga e lugares de difícil acesso.
O primeiro bando de cangaceiros que se tem
conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado,
"Jesuíno Brilhante", que agiu por volta de 1870, embora
alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito
de ser o primeiro a agregar um grupo característico de
cangaço,1 nos arredores de Feira de Santana (em 1828),
sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de
Janeiro de 1848 por provocar durante vinte
anos assaltos contra a população de Feira.2 O último
grupo cangaceiro famoso porém foi o de "Corisco"
(Cristino Gomes da Silva Cleto), que foi assassinado
em 25 de maio de 1940.
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva,
o Lampião, que também denominado o "Senhor do
Sertão" e "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas
de 20 e 30 em praticamente todos os estados do
nordeste.
Por parte das autoridades, Lampião simbolizava a brutalidade, o mal,
uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população
do sertão, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o
senso da honra (semelhante ao que acontecia com o
mexicano Pancho Villa).3
O cangaço teve o seu fim a partir da decisão do então Presidente da
República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de
desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado
Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de
extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros
que não se rendessem.
No dia 28 de julho de 1938, na localidade de Angicos, no estado
de Sergipe, Lampião finalmente foi apanhado em uma emboscada
das autoridades, onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita,
e mais nove cangaceiros.
Os cangaceiros foram degolados e suas cabeças colocadas
em aguardente e cal, para conservá-las. Foram expostas por todo o
Nordeste e por onde eram levadas atraiam multidões.4
Este acontecimento veio a marcar o final do cangaço, pois, a partir da
repercussão da morte de Virgulino, os chefes dos outros bandos
existentes na Nordeste vieram a se entregar às autoridades policiais
para não serem mortos.
Consta que o primeiro homem a agir
como cangaceiro teria sido o
Cabeleira, como era chamado José
Gomes. Nascido em 1751, em Glória
do Goitá, cidade da zona da mata
pernambucana, ele aterrorizou sua
região. Mas foi somente no final do
século XIX que o cangaço ganhou
força e prestígio, principalmente
com Antonio
Silvino, Lampião e Corisco.
Entre meados do século XIX e início
do século XX, o Nordeste do Brasil
viveu momentos difíceis,
aterrorizado por grupos de homens
que espalhavam o terror por onde
andavam. Eles eram os
cangaceiros, bandidos que
abraçaram a vida nômade e
irregular de malfeitores por motivos
diversos. Alguns deles foram
impelidos pelo despotismo das
Lucas da Feira, ou Lucas Evangelista, agiu na região da cidade
baiana de Feira de Santana entre 1828 e 1848. Ele e seu bando de
mais de 30 homens roubavam viajantes e estupravam mulheres. Foi
enforcado em 1849.4
Os cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo,
pois eram protegidos de coronéis, que se utilizavam dos cangaceiros
para cobrança de dívidas, entre outros serviços "sujos".
Um caso particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que
agiu no sudeste do Brasil, no início do século XIX, tendo sido
considerado justiceiro e honrado por uns e cangaceiro por outros.
No sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes
proprietários e seus vaqueiros.
A base desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros.
O vaqueiro se disponibilizava a defender (de armas na mão) os
interesses do patrão.
Como as rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos
entre as poderosas famílias. E estas famílias se cercavam de
jagunços com o intuito de se defender, formando assim verdadeiros
exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os
primeiros bandos armados, livres do controle dos fazendeiros.
Os coronéis gosta tinham poder suficiente para impedir a ação dos
cangaceiros.
O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se
personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma
espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres,
ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que
questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.
A história do cangaço vem desde
meados do século XVIII, quando
José Gomes, o Cabeleira,
imortalizado pelo livro de Franklin
Távora, aterrorizava as populações
rurais de Pernambuco. Entretanto,
ao falar sobre o cangaço, o
pensamento remonta quase
instantaneamente à figura de
Virgulino Ferreira da Silva, o
famoso Lampião, morto em 1938: o
grande chapéu de aba quebrada
enfeitado com medalhas de ouro e
prata, os cintos cruzados no peito
à mexicana e bolsas de couro.
REFERÊNCIAS
http://www.crato.org/chapadadoararipe/2012/06/21/banditismo-
pop/
https://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&q=JOSE+GOMES+O+CABELEIRA&tbm=isch&ei=rVPKU-
nEIejgsASil4Fw
http://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_C%C3%ADcero
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Contestado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos