33
5/26/2018 QuestoesDissertativasProcessoPenal-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/questoes-dissertativas-processo-penal 1/33 www.andrequeiroz.net quinta-feira, 16 de maio de 2013 QUESTÕES DISCURSIVAS OAB - COM GABARITO E PADRÃO DE RESPOSTA QUESTÃO 01 Gisele foi denunciada, com recebimento ocorrido em 31/10/2010, pela prática do delito de lesão corporal leve, com a presença da circunstância agravante, de ter o crime sido cometido contra mulher grávida. Isso porque, segundo narrou a inicial acusatória, Gisele, no dia 01/04/2009, então com 19 anos, objetivando provocar lesão corporal leve em Amanda, deu um chute nas costas de Carolina, por confundi-la com aquela, ocasião em que Carolina (que estava grávida) caiu de joelhos no chão, lesionando-se.  A vítima, muito atordoada com o acontecido, ficou por um tempo sem saber o que fazer, mas foi convencida por Amanda (sua amiga e pessoa a quem Gisele realmente queria lesionar) a noticiar o fato na delegacia. Sendo assim, tão logo voltou de um intercâmbio, mais precisamente no dia 18/10/2009, Carolina compareceu à delegacia e noticiou o fato, representando contra Gisele. Por orientação do delegado, Carolina foi instruída a fazer exame de corpo de delito, o que não ocorreu, porque os ferimentos, muito leves, já haviam sarado. O Ministério Público, na denúncia, arrolou Amanda como testemunha. Em seu depoimento, feito em sede judicial, Amanda disse que não viu Gisele bater em Carolina e nem viu os ferimentos, mas disse que poderia afirmar com convicção que os fatos noticiados realmente ocorreram, pois estava na casa da vítima quando esta chegou chorando muito e narrando a história. Não foi ouvida mais nenhuma testemunha e Gisele, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Cumpre destacar que a primeira e única audiência ocorreu apenas em 20/03/2012, mas que, anteriormente, três outras audiências foram marcadas; apenas não se realizaram porque, na primeira, o magistrado não pôde comparecer, na segunda o Ministério Público não compareceu e a terceira não se realizou porque, no dia marcado, foi dado ponto facultativo pelo governador do Estado, razão pela qual todas as audiências foram redesignadas. Assim, somente na quarta data agendada é que a audiência efetivamente aconteceu. Também merece destaque o fato de que na referida audiência o parquet não ofereceu proposta de suspensão condicional do processo, pois, conforme documentos comprobatórios juntados aos autos, em 30/03/2009, Gisele, em processo criminal onde se apuravam outros fatos, aceitou o benefício proposto.  Assim, segundo o promotor de justiça, afigurava-se impossível formulação de nova proposta de suspensão condicional do processo, ou de qualquer outro benefício anterior não destacado, e, além disso, tal dado deveria figurar na condenação ora pleiteada para Gisele como outra circunstância agravante, qual seja, reincidência. Nesse sentido, considere que o magistrado encerrou a audiência e abriu prazo, intimando as partes, para o oferecimento da peça processual cabível. Como advogado de Gisele, levando em conta tão somente os dados contidos no enunciado, elabore a peça cabível. (Valor: 5,0) GABARITO COMENTADO O examinando, observando a estrutura correta, deverá elaborar MEMORIAIS, com fundamento no Art. 403, §3o, do CPP.  A peça deve ser endereçada ao Juiz do Juizado Especial Criminal. Preliminarmente, deve ser alegada a decadência do direito de representação. Os fatos ocorreram em 01/04/2009 e a representação apenas foi feita em 18/10/2009 (Art. 38, CPP).

Questoes Dissertativas Processo Penal

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    1/33

    www.andrequeiroz.net

    quinta-feira, 16 de maio de 2013

    QUESTES DISCURSIVAS OAB - COM GABARITO E

    PADRO DE RESPOSTAQUESTO 01

    Gisele foi denunciada, com recebimento ocorrido em 31/10/2010, pela prtica do delito deleso corporal leve, com a presena da circunstncia agravante, de ter o crime sido cometidocontra mulher grvida. Isso porque, segundo narrou a inicial acusatria, Gisele, no dia01/04/2009, ento com 19 anos, objetivando provocar leso corporal leve em Amanda, deu umchute nas costas de Carolina, por confundi-la com aquela, ocasio em que Carolina (queestava grvida) caiu de joelhos no cho, lesionando-se.

    A vtima, muito atordoada com o acontecido, ficou por um tempo sem saber o que fazer, masfoi convencida por Amanda (sua amiga e pessoa a quem Gisele realmente queria lesionar) a

    noticiar o fato na delegacia. Sendo assim, to logo voltou de um intercmbio, maisprecisamente no dia 18/10/2009, Carolina compareceu delegacia e noticiou o fato,representando contra Gisele. Por orientao do delegado, Carolina foi instruda a fazer examede corpo de delito, o que no ocorreu, porque os ferimentos, muito leves, j haviam sarado. OMinistrio Pblico, na denncia, arrolou Amanda como testemunha.

    Em seu depoimento, feito em sede judicial, Amanda disse que no viu Gisele bater em Carolinae nem viu os ferimentos, mas disse que poderia afirmar com convico que os fatos noticiadosrealmente ocorreram, pois estava na casa da vtima quando esta chegou chorando muito enarrando a histria. No foi ouvida mais nenhuma testemunha e Gisele, em seu interrogatrio,exerceu o direito ao silncio. Cumpre destacar que a primeira e nica audincia ocorreuapenas em 20/03/2012, mas que, anteriormente, trs outras audincias foram marcadas;apenas no se realizaram porque, na primeira, o magistrado no pde comparecer, na

    segunda o Ministrio Pblico no compareceu e a terceira no se realizou porque, no diamarcado, foi dado ponto facultativo pelo governador do Estado, razo pela qual todas asaudincias foram redesignadas. Assim, somente na quarta data agendada que a audinciaefetivamente aconteceu. Tambm merece destaque o fato de que na referida audincia oparquet no ofereceu proposta de suspenso condicional do processo, pois, conformedocumentos comprobatrios juntados aos autos, em 30/03/2009, Gisele, em processo criminalonde se apuravam outros fatos, aceitou o benefcio proposto.

    Assim, segundo o promotor de justia, afigurava-se impossvel formulao de nova proposta desuspenso condicional do processo, ou de qualquer outro benefcio anterior no destacado, e,alm disso, tal dado deveria figurar na condenao ora pleiteada para Gisele como outracircunstncia agravante, qual seja, reincidncia.

    Nesse sentido, considere que o magistrado encerrou a audincia e abriu prazo, intimando aspartes, para o oferecimento da pea processual cabvel.

    Como advogado de Gisele, levando em conta to somente os dados contidos no enunciado,elabore a pea cabvel. (Valor: 5,0)

    GABARITO COMENTADO

    O examinando, observando a estrutura correta, dever elaborar MEMORIAIS, com fundamentono Art. 403, 3o, do CPP.

    A pea deve ser endereada ao Juiz do Juizado Especial Criminal.

    Preliminarmente, deve ser alegada a decadncia do direito de representao. Os fatosocorreram em 01/04/2009 e a representao apenas foi feita em 18/10/2009 (Art. 38, CPP).

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    2/33

    Tambm em carter preliminar deve ser alegada a nulidade do processo pela inobservncia dorito da Lei 9.099/95, anulando-se o recebimento da denncia, com a consequente prescrioda ii 9 i i i 109, inciso V, do CP). Como se trata de acusada menor de 21 anos de idade, o prazoprescricional reduz-se pela metade (Art. 115, do CP), totalizando dois anos. Com a anulao

    do recebimento da denncia, este marco interruptivo desaparece e, assim, configura-se aprescrio da pretenso punitiva.

    No mrito, deve ser requerida absolvio por falta de prova. A materialidade do delito norestou comprovada, tal como exige o Art. 158, do CPP. O delito de leso corporal notranseunte e exige percia, seja direta ou indireta, o que no foi feito. Note-se que no foirealizado exame pericial direto e nem a percia indireta pde ser feita, pois a nica testemunhano viu nem os fatos e nem mesmo os ferimentos.

    Tambm no mrito, deve ser alegado que no incidem nenhuma das circunstncias agravantesaventadas pelo Ministrio Pblico. Levando em conta que Gisele agiu em hiptese de errosobre a pessoa (Art. 20, 3o, do CP), devem ser consideradas apenas as caractersticas davtima pretendida (Amanda) e no da vtima real (Carolina), que estava grvida. Alm disso,

    no incide a agravante da reincidncia, pois a aceitao da proposta de suspenso condicionaldo processo no acarreta condenao e muito menos reincidncia; Gisele ainda primria.

    Ao final, deve elaborar os seguintes pedidos: a extino de punibilidade pela decadncia dodireito de representao; a declarao da nulidade do processo com a consequente extinoda punibilidade pela prescrio da pretenso punitiva; a absolvio da r com fundamento naausncia de provas para a condenao. Subsidiariamente, em caso de condenao, deverpleitear a no incidncia da circunstncia agravante de ter sido, o delito, cometido contramulher grvida; a no incidncia da agravante da reincidncia; a atenuao da pena comoconsequncia aplicao da atenuante da menoridade relativa da r.

    QUESTO 02

    Raimundo, j de posse de veculo automotor furtado de concessionria, percebe que no temonde guard-lo antes de vend-lo para a pessoa que o encomendara. Assim, resolve ligar paraum grande amigo seu, Henrique, e aps contar toda sua empreitada, pede-lhe que ceda agaragem de sua casa para que possa guardar o veculo, ao menos por aquela noite. ComoHenrique aceita ajud-lo, Raimundo estaciona o carro na casa do amigo. Ao raiar do dia,Raimundo parte com o veculo, que seria levado para o comprador.

    Considerando as informaes contidas no texto responda, justificadamente, aos itens a seguir.A) Raimundo e Henrique agiram em concurso de agentes? (Valor: 0,75)B) Qual o delitopraticado por Henrique? (Valor: 0,50)

    GABARITO COMENTADO

    A. No h concurso de agentes, pois o auxlio foi proposto aps a consumao do crime de

    furto. Assim, no esto presentes os requisitos necessrios configurao do concurso deagentes, mormente liame subjetivo e identidade da infrao penal.

    B. Favorecimento real (Art. 349, do CP).Obs.: Respostas contraditrias no sero pontuadas.QUESTO 03

    Wilson, extremamente embriagado, discute com seu amigo Junior na calada de um bar jvazio pelo avanado da hora. A discusso torna-se acalorada e, com inteno de matar, Wilsondesfere quinze facadas em Junior, todas na altura do abdmen. Todavia, ao ver o amigogritando de dor e esvaindo-se em sangue, Wilson, desesperado, pega um taxi para levar Juniorao hospital. L chegando, o socorro eficiente e Junior consegue recuperar-se das gravesleses sofridas.

    Analise o caso narrado e, com base apenas nas informaes dadas, responda,fundamentadamente, aos itens a seguir.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    3/33

    A) cabvel responsabilizar Wilson por tentativa de homicdio? (Valor: 0,65)

    B) Caso Junior, mesmo tendo sido socorrido, no se recuperasse das leses e viesse a falecerno dia seguinte aos fatos, qual seria a responsabilidade jurdico-penal de Wilson? (Valor: 0,60)

    GABARITO COMENTADO

    A. No, pois Wilson ser beneficiado pelo instituto do arrependimento eficaz, previsto na partefinal do Art. 15 do Cdigo Penal. Assim, somente responder pelos atos praticados, no caso,as leses corporais graves sofridas por Jnior.

    Obs.: A mera indicao de artigo legal no garante atribuio de pontos. Tambm no seropontuadas respostas contraditrias.

    B. Nesse caso, como no houve eficcia no arrependimento, o que exigido pelo Art. 15, doCdigo Penal, Wilson dever responder pelo resultado morte, ou seja, dever responder pelodelito de homicdio doloso consumado.

    QUESTO 04

    Mrio est sendo processado por tentativa de homicdio uma vez que injetou substnciavenenosa em Luciano, com o objetivo de mat-lo. No curso do processo, uma amostra dareferida substncia foi recolhida para anlise e enviada ao Instituto de Criminalstica, ficandocomprovado que, pelas condies de armazenamento e acondicionamento, a substncia nofora hbil para produzir os efeitos a que estava destinada. Mesmo assim, arguindo que omagistrado no estava adstrito ao laudo, o Ministrio Pblico pugnou pela pronncia de Mrionos exatos termos da denncia.

    Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente.A) O magistradodeveria pronunciar Mrio, impronunci-lo ou absolv-lo sumariamente? (Valor: 0,65)

    B) Caso Mrio fosse pronunciado, qual seria o recurso cabvel, o prazo de interposio e aquem deveria ser endereado? (Valor: 0,60)

    GABARITO COMENTADO

    A) Deveria absolv-lo sumariamente, por fora do Art. 415, III, do CPP. O caso narrado noconstitui crime, sendo hiptese de crime impossvel.

    B) cabvel recurso em sentido estrito (Art. 581, IV, do CPP); deve ser interposto no prazo decinco dias (Art. 586 CPP); a petio de interposio deve ser endereada ao juiz a quo e asrazes devero ser endereadas ao Tribunal de Justia.

    QUESTO 05

    Laura, empresria do ramo de festas e eventos, foi denunciada diretamente no Tribunal deJi E X i i i 333 CP i) Nmesma inicial acusatria, o Procurador Geral de Justia imputou a Lucas, Promotor de Justiaestadual, a prtica da conduta descrita no Art. 317 do CP (corrupo passiva).

    A defesa de Laura, ento, impetrou habeas corpus ao argumento de que estariam sendoviolados os princpios do juiz natural, do devido processo legal, do contraditrio e da ampladefesa; arguiu, ainda, que estaria ocorrendo supresso de instncia, o que no se poderiapermitir.

    Nesse sentido, considerando apenas os dados fornecidos, responda, fundamentadamente, aositens a seguir. A) Os argumentos da defesa de Laura procedem? (Valor: 0,75)B) Laura possuidireito ao duplo grau de jurisdio? (Valor: 0,50)

    GABARITO COMENTADO

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    4/33

    A. No procedem os argumentos da defesa de Laura, com base no Verbete 704, da Smula doSTF. O fato de Laura ser julgada diretamente pelo Tribunal de Justia no lhe tira apossibilidade de manejar outros recursos. Assim, no h qualquer ferimento ao devidoprocesso legal, nem ao contraditrio e muito menos ampla defesa. Por fim, tambm no hque se falar em desrespeito ao princpio do juiz natural, j que a atrao por conexo oucontinncia no configura criao de tribunal de exceo, sendo certo que no se pode

    i jiz jz ii gB. Laura no possui direito ao duplo grau de jurisdio. O princpio do duplo grau assegura ojulgamento da causa em primeira instncia e a reviso da sentena por rgo diverso. Orecurso que traduz por excelncia o princpio do duplo grau a apelao, a qual devolve aoTribunal, para nova anlise, toda a matria de fato e de direito. Como Laura ser julgadadiretamente pelo Tribunal de Justia, no ter direito ao duplo grau de jurisdio, mas isso noa impede de exercer o contraditrio e nem a ampla defesa, estando-lhe assegurado, assim, odevido processo legal.

    Obs.: No sero pontuadas respostas contraditrias.

    QUESTO 06

    Visando abrir um restaurante, Jos pede vinte mil reais emprestados a Caio, assinando, comogarantia, uma nota promissria no aludido valor, com vencimento para o dia 15 de maio de2010. Na data mencionada, no tendo havido pagamento, Caio telefona para Jos e,educadamente, cobra a dvida, obtendo do devedor a promessa de que o valor seria pago emuma semana.Findo o prazo, Caio novamente contata Jos, que, desta vez, afirma estar sem dinheiro, pois orestaurante no apresentara o lucro esperado. Indignado, Caio comparece no dia 24 de maiode 2010 ao restaurante e, mostrando para Jos uma pistola que trazia consigo, afirma que advida deveria ser saldada imediatamente, pois, do contrrio, Jos pagaria com a prpria vida.Aterrorizado, Jos entra no restaurante e telefona para a polcia, que, entretanto, no encontraCaio quando chega ao local.

    Os fatos acima referidos foram levados ao conhecimento do delegado de polcia da localidade,que instaurou inqurito policial para apurar as circunstncias do ocorrido. Ao final dainvestigao, tendo Caio confirmado a ocorrncia dos eventos em sua integralidade, oMinistrio Pblico o denuncia pela prtica do crime de extorso qualificada pelo emprego dearma de fogo. Recebida a inicial pelo juzo da 5a Vara Criminal, o ru citado no dia 18 dejaneiro de 2011.

    Procurado apenas por Caio para represent-lo na ao penal instaurada, sabendo-se queJoaquim e Manoel presenciaram os telefonemas de Caio cobrando a dvida vencida, e combase somente nas informaes de que dispe e nas que podem ser inferidas pelo casoconcreto acima, redija, no ltimo dia do prazo, a pea cabvel, invocando todos os argumentosem favor de seu constituinte.

    GABARITO COMENTADO

    O examinando dever redigir uma resposta acusao, prevista no artigo 396 do CPP (e/ouart. 396-A do CPP), a ser endereada ao juzo da 5a Vara Criminal e apresentada no dia 28 dejaneiro de 2011.

    Na referida pea, o examinando dever demonstrar que a conduta descrita pelo MinistrioPblico caracterizaria apenas o crime de exerccio arbitrrio das prprias razes, previsto noartigo 345 do CP, uma vez que para a configurao do delito de extorso seria imprescindvelque a vantagem fosse indevida, sendo a conduta, com relao ao delito do artigo 158, atpica.

    Outrossim, o examinando dever esclarecer que o Ministrio Pblico no parte legtima parafigurar no polo ativo de processo criminal pelo delito de exerccio arbitrrio das prprias razes,pois no houve emprego de violncia, sendo este persequvel por ao penal privada.

    Em razo disso, o examinando dever afirmar que caberia a Jos ajuizar queixa-crime dentrodo prazo decadencial de seis meses, contados a partir do dia 24 de maio de 2010 e, uma vez

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    5/33

    no tendo sido oferecida a queixa-crime at o dia 23 de novembro de 2010, incidiu sobre o feitoo fenmeno da decadncia, restando extinta a punibilidade de Caio.

    Ao final, o examinando dever pedir a absolvio sumria de Caio, com fundamento no artigo397, III (pela atipicidade do delito de extorso) e IV (pela incidncia da decadncia), do CPP.Alm de tais pedidos, com base no princpio da eventualidade, dever requerer a produo de

    prova testemunhal, com a oitiva de Joaquim e Manoel.Por fim, o examinando dever apontar em sua pea a data de 28 de janeiro de 2011.

    No sendo observada a correta diviso das partes, indicao de local, data e assinatura, serimpossvel atribuio dos pontos relativos estrutura.

    QUESTO 07

    Em determinada ao fiscal procedida pela Receita Federal, ficou constatado que Lucile nofez constar quaisquer rendimentos nas declaraes apresentadas pela sua empresa nos anosde 2009, 2010 e 2011, omitindo operaes em documentos e livros exigidos pela lei fiscal.

    Iniciado processo administrativo de lanamento, mas antes de seu trmino, o Ministrio Pblico

    entendeu por bem oferecer denncia contra Lucile pela prtica do delito descrito no art. 1o,inciso II da Lei n. 8.137/90, combinado com o art. 71 do Cdigo Penal. A inicial acusatria foirecebida e a defesa intimada a apresentar resposta acusao.

    Atento(a) ao caso apresentado, bem como orientao dominante do STF sobre o tema,responda, fundamentadamente, o que pode ser alegado em favor de Lucile. (Valor: 1,25)

    GABARITO COMENTADO

    O examinando dever desenvolver raciocnio acerca da atipicidade do fato, eis que, conformeentendimento pacificado no STF, no se tipifica crime material contra a ordem tributria,previsto no art. 1o, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo(verbete 24 da Smula Vinculante do STF).

    Diante da inexistncia de crime, em sede de resposta acusao, deve-se alegar hiptese deabsolvio sumria, conforme art. 397, III do CPP.

    Por fim, cumpre destacar que em virtude de o enunciado da questo ser expresso ao exigirfundamentao na resposta, a mera transcrio da referida Smula (seja de forma direta, sejade forma indireta, dos termos da frase), bem como a mera indicao do art. 397 do CPP, noautorizam a pontuao integral.

    QUESTO 08

    Abel e Felipe observavam diariamente um restaurante com a finalidade de cometer um crime.Sabendo que poderiam obter alguma vantagem sobre os clientes que o frequentavam, Abel eFelipe, sem qualquer combinao prvia, conseguiram, cada um, uniformes semelhantes aosutilizados pelos manobristas de tal restaurante.

    No incio da tarde, aproveitando a oportunidade em que no havia nenhum funcionrio no local,a dupla, vestindo os uniformes de manobristas, permaneceu espera de suas vtimas, mas,agindo de modo separado.

    Trcio, o primeiro cliente, ao chegar ao restaurante, iludido por Abel, entrega de formavoluntria a chave de seu carro. Abel, ao invs de conduzir o veculo para o estacionamento,evade-se do local. Narcsio, o segundo cliente, chega ao restaurante e no entrega a chave deseu carro, mas Felipe a subtrai sem que ele o percebesse. Felipe tambm se evade do local.

    Empregando os argumentos jurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso,responda s questes a seguir.

    A) Qual a responsabilidade jurdico-penal de Abel ao praticar tal conduta? (responda motivandosua imputao) (Valor: 0,65)

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    6/33

    B) Qual a responsabilidade jurdico-penal de Felipe ao praticar tal conduta? (respondamotivando sua imputao) (Valor: 0,60)

    GABARITO COMENTADO

    Ri i i gi ii ig

    pontos respectivos, dever desenvolver raciocnio no sentido de que Abel cometeu apenas ocrime de estelionato, previsto no art. 171 do Cdigo Penal brasileiro.

    Outrossim, dever indicar que o crime caracteriza-se pela fraude que usada como meio deobter o consentimento da vtima que, iludida, entrega voluntariamente a chave de seu carropara Abel.

    N g i B i ii i Fi apenas o delito de furto simples, capitulado no artigo 155 caput do Cdigo Penal.

    Saliente-se que, no caso em tela, no sero admitidas respostas que indicarem a incidncia dequalificadoras, uma vez que, apesar de o agente ter se vestido de manobrista, tal fato em nadainterferiu na subtrao do bem.

    Tampouco se pode falar em crime cometido mediante destreza, haja vista o fato de que, noenunciado da questo, no h qualquer referncia ao fato de Felipe possuir habilidadesespeciais que pudessem fazer com que efetivasse a subtrao sem que a vtima percebesse.

    Assim sendo, o delito por ele praticado foi, apenas, o de furto na forma simples, descrito nocaput do artigo 155 do Cdigo Penal.

    i i B i i i iigi conhecimento jurdico, ser pontuado o examinando esclarecer somente estar presente oncleo do tipo e, por conta disso, a conduta de Felipe apenas se enquadraria no caput doartigo citado.

    Por fim, em nenhum dos itens poder ser atribuda pontuao pela mera explicao da atuao

    dos agentes se essa estiver dissociada da correta tipificao do crime.

    QUESTO 09

    Joo e Jos foram denunciados pela prtica da conduta descrita no art. 316 do CP(concusso). Durante a instruo, percebeu-se que os fatos narrados na denncia nocorresponderiam quilo que efetivamente teria ocorrido, razo pela qual, ao cabo da instruocriminal e aps a respectiva apresentao de memoriais pelas partes, apurou-se que a condutatpica adequada seria aquela descrita no art. 317 do CP (corrupo passiva). O magistrado,ento, fez remessa dos autos ao Ministrio Pblico para fins de aditamento da denncia, com anova capitulao dos fatos. Nesse sentido, atento(a) ao caso narrado e considerando apenasas informaes contidas no texto, responda fundamentadamente, aos itens a seguir.

    A) Estamos diante de hiptese de mutatio libelli ou de emendatio libelli? Qual dispositivo legaldeve ser aplicado? (Valor: 0,50)

    B) Por que o prprio juiz, na sentena, no poderia dar a nova capitulao e, com base nela,condenar os rus?

    (Valor: 0,50)

    C) possvel que o Tribunal de Justia de determinado estado da federao, ao analisarrecurso de apelao, proceda mutatio libelli? (Valor: 0,25)

    GABARITO COMENTADO

    P gi i i

    do questionado, que a hiptese tratada de mutatio libelli, instituto descrito no art. 384 do CPP.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    7/33

    No sero admitidas respostas que tragam emendatio libelli, tendo em vista que o enunciado i i i ique efetivamen i i T i i i iii disposto no art. 383, do CPP, uma vez que aquele dispositivo legal traz explicitamente restrio iiz hi ii i to contida i i

    Q i B gi i i o juiz no poderia, na sentena, dar nova capitulao (e com base nela condenar os rus)porque deve obedincia aos princpios da imparcialidade e inrcia da jurisdio.

    De maneira alternativa e com o fim de privilegiar a demonstrao de conhecimento jurdico,ser admitida resposta no sentido de que tal conduta, por parte do magistrado, feriria osistema/princpio acusatrio ou, ainda, no sentido de que tal conduta feriria o princpio dacorrelao/congruncia entre acusao e sentena.

    Ressalte- i B ii i magistrado que, na sentena, daria nova capitulao aos fatos em decorrncia de elemento oucircunstncia da infrao penal no contida na acusao.

    Nesse sentido, cabe destacar que luz do sistema acusatrio adotado pela Constituio daRepblica Federativa do Brasil, o julgador deve ser imparcial e, por isso, suas decises devemestar balizadas pelo contexto ftico descrito na pea acusatria (princpio da correlao entreacusao e sentena).

    Assim, caso o magistrado viesse a condenar os rus com fundamento em fatos no narradosna dennciatal como descrito no enunciado - no s estaria substituindo-se ao acusador (aquem pertence a atribuio de determinar quais fatos sero imputados aos acusados), mastambm estaria violando as garantias do contraditrio e ampla defesa dos rus, uma vez quelhes teria subtrado a possibilidade de debater as eventuais provas de tais fatos.

    P i gi i i C i NO possvel que o Tribunal de Justia, ao analisar o recurso de apelao, proceda

    mutatio lii i 53 S STF i: i g ii 38 )

    T i C hi i i ftico que envolve a conduta imputada ao ru no curso da instruo, no pode haverjulgamento com base nesse novo contexto ftico antes que as partes possam exercer ocontraditrio em sua plenitude.

    Nessa esteira, cabe destacar que a sede prpria do contraditrio acerca dos fatos e das provas o primeiro grau de jurisdio, sob pena de supresso de instncia. Tomadas essas duaspremissas, alcana-se a concluso de que eventual modificao da definio jurdica do fatodecorrente de elemento ou circunstncia da infrao penal no contida na acusao no podeser realizada diretamente pelo segundo grau de jurisdio.

    QUESTO 10

    Joo foi denunciado pela prtica do delito previsto no art. 299 caput e pargrafo nico doCdigo Penal. A inicial acusatria foi recebida em 30/10/2000 e o processo teve seu cursonormal. A sentena penal, publicada em 29/07/2005, condenou o ru pena de 01 (um) ano,11 (onze) meses e 10 (dez) dias de recluso, em regime semi-aberto, mais pagamento de 16(dezesseis) dias-multa. Irresignada, somente a defesa interps apelao. Todavia, o EgrgioTribunal de Justia negou provimento ao apelo, ao argumento de que no haveria que se falarem extino da punibilidade pela prescrio, haja vista o fato de que o ru era reincidente,circunstncia devidamente comprovada mediante certido cartorria juntada aos autos.

    Nesse sentido, considerando apenas os dados narrados no enunciado, responda aos itens a

    seguir.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    8/33

    A) Est extinta a punibilidade do ru pela prescrio? Em caso positivo, indique a espcie; emcaso negativo, indique o motivo. (Valor: 0,75)

    B) O disposto no art. 110 caput do CP aplicvel ao caso narrado? (Valor: 0,50)

    GABARITO COMENTADO

    A questo visa obter do examinando o conhecimento acerca da extino da punibilidade pelaprescrio. Desta forma, para obteno da pontuao i i i indicar que a punibilidade do ru est extinta com base na prescrio da pretenso punitivaretroativa, pois entre a data do recebimento da denncia e a data da publicao da sentenacondenatria transcorreu lapso de tempo superior a quatro anos.

    Cumpre destacar que tal modalidade de prescrio a nica que se coaduna com o casoapresentado pelos seguintes fatos:

    i. tendo havido o trnsito em julgado para a acusao (pois somente a defesa interps recursode apelao), deve ser considerado o quantum de pena aplicada por ocasio da sentenacondenatria, ou seja, 01 (um) ano, 11 (onze) meses e 10 (dez) dias de recluso, no podendoesta ser majorada por fora do princpio que impede a sua reforma para pior (non reformatio in

    pejus). Assim, o prazo prescricional de 4 (quatro) anos, conforme artigos 107, inciso IV, c/c109, inciso V e 110, 1o, todos do CP;

    ii. considerando apenas os dados narrados no enunciado, os nicos marcos interruptivos daprescrio, segundo o art. 117 do CP, so o recebimento da denncia (30/10/2000) e apublicao da sentena penal condenatria (29/07/2005).

    Assim, com base na pena aplicada na sentena (com trnsito em julgado para o MinistrioPblico), retroagindo- se ao primeiro marco interruptivo narrado pela questo (recebimento dadenncia), observa-se que entre este e o segundo marco interruptivo (publicao da sentenacondenatria), transcorreu lapso temporal maior do que quatro anos, com a consequenteprescrio da pretenso punitiva.

    Ressalte- j jii i hi i julgado para ambas as partes, a indicao de espcie distinta de prescrio, que no apunitiva, macula a integralidade da resposta e impede a atribuio de pontuao. No h quese falar, no caso em comento, em prescrio da pretenso executria.

    E i B i z j i que o disposto no art. 110, caput, do CP no aplicvel ao caso narrado, pois tal artigosomente aplicado em se tratando de prescrio da pretenso executria. Como o casoapresentado demonstra a ocorrncia da prescrio da pretenso punitiva, no h que se falarno aumento de 1/3 (um tero) no prazo prescricional. Este entendimento corroborado pelo S STJ i iii ii z i ii

    QUESTO 11

    Grvida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar luz um menino saudvel,o qual imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recm-nascido em suas mos, Ana gi ih h i i gi z i hi l,vitimando-a fatalmente. Aps ser dominada pelos funcionrios do hospital, Ana presa emflagrante delito.

    Durante a fase de inqurito policial, foi realizado exame mdico-legal, o qual atestou que Anaagira sob influncia de estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provascolhidas na fase inquisitorial, sobretudo o laudo do expert, perante a 1a Vara Criminal/Tribunaldo Jri pela prtica do crime de homicdio triplamente qualificado, haja vista ter sustentado o

    Parquet que Ana fora movida por motivo ftil, empregara meio cruel para a consecuo do atocriminoso, alm de se utilizar de recurso que tornou impossvel a defesa da vtima. Em sede deAlegaes Finais Orais, o Promotor de Justia reiterou os argumentos da denncia,

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    9/33

    sustentando que Ana teria agido impelida por motivo ftil ao decidir matar seu filho em razo det-lo achado feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabea do beb repetidas vezescontra a parede, alm de impossibilitar a defesa da vtima, incapaz, em razo da idade, dedefender-se.

    A Defensoria Pblica, por sua vez, alegou que a r no teria praticado o fato e,

    alternativamente, se o tivesse feito, no possuiria plena capacidade de autodeterminao,sendo inimputvel. Ao proferir a sentena, o magistrado competente entendeu por bemabsolver sumariamente a r em razo de inimputabilidade, pois, ao tempo da ao, no seriaela inteiramente capaz de se autodeterminar em consequncia da influncia do estadopuerperal. Tendo sido intimado o Ministrio Pblico da deciso, em 11 de janeiro de 2011, oprazo recursal transcorreu in albis sem manifestao do Parquet.

    Em relao ao caso acima, voc, na condio de advogado(a), procurado pelo pai da vtima,em 20 de janeiro de 2011, para habilitar-se como assistente da acusao e impugnar adeciso.

    Com base somente nas informaes de que dispe e nas que podem ser inferidas pelo casoconcreto acima, redija a pea cabvel, sustentando, para tanto, as teses jurdicas pertinentes,

    datando do ltimo dia do prazo. (valor: 5,00)GABARITO COMENTADO

    O candidato deve redigir uma apelao, com fundamento no artigo 593, I CPP (OU art. 416CPP) c/c 598 do CPP.

    A petio de interposio deve ser endereada ao Juiz de Direito da 1a Vara Criminal/Tribunaldo Jri.

    Na petio de interposio da apelao, o candidato dever requerer a habilitao do pai dacriana como assistente de acusao.

    Acerca desse item, cumpre salientar que ser atribuda a pontuao respectiva se o pedido de

    habilitao tiver sido feito em pea apartada.

    Todavia, tambm resta decidido que no ser pontuado o item relativo estrutura se oindivduo que solicitar a habilitao como assistente de acusao no possuir legitimidade paratanto.

    Por fim, a petio de interposio dever ser datada de 31/01/2011 OU 01/02/2011.

    No tocante s razes recursais, as mesmas devero ser dirigidas ao Tribunal de Justia.

    Nelas, o examinando deve argumentar que o juiz no poderia ter absolvido sumariamente a rem razo da inimputabilidade, porque o Cdigo de Processo Penal, em seu artigo 415,pargrafo nico, veda expressamente tal providncia, salvo quando for a nica tese defensiva,

    o que no o caso, haja vista que a defesa tambm apresentou outra tese, qual seja, a denegativa de autoria.

    Tambm dever argumentar que a incidncia do estado puerperal no considerada causaexcludente de culpabilidade fundada na ausncia de capacidade de autodeterminao. Oestado puerperal configura elementar do tipo de infanticdio e no causa excludente deimputabilidade/culpabilidade.

    As duas teses principais da pea, acima citadas, somente sero passveis de pontuaointegral se preenchidas em sua totalidade, descabendo falar-se em respostas implcitas.

    Do mesmo modo, dever o examinando, em seus pedidos, requerer a reforma da deciso como fim de se pronunciar a r pela prtica do delito de infanticdio, de modo que seja ela levada ajulgamento pelo Tribunal do Jri.

    Ao final, tambm dever datar corretamente as razes recursais.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    10/33

    Acerca desse ponto, tendo em vista o prazo de trs dias disposto no art. 600, 1o, do CPP,sero aceitas as seguintes datas nas razes: 31/01/2011; 01/02/2011; 02/02/2011; 03/02/2011e 04/02/2011 (essa ltima data s ser aceita se a petio de interposio tiver sido datada de01/02/2011).

    Cumpre salientar que tais datas justificam-se pelo seguinte: o dia 16 de janeiro de 2011 (termo

    final do prazo recursal para o Ministrio Pblico) foi domingo e por isso o termo inicial doassistente de acusao ser dia 18 de janeiro de 2011 (tera-feira), terminando em 1o defevereiro de 2011. Todavia, considerando que nem todos os examinandos tiveram acesso aocalendrio no momento da prova, permitiu-se a contagem dos dias corridos e, nesse caso, oprazo final para a interposio da apelao seria dia 31 de janeiro de 2011.

    Por fim, ainda no tocante ao item da data correta, somente far jus respectiva pontuao oexaminando que acertar as hipteses (petio de interposio e razes recursais).

    QUESTO 12

    Ricardo foi denunciado pela prtica do delito descrito no art. 1o da lei n. 8.137/90, em concursomaterial com o crime de falsidade ideolgica (art. 299 do CP). Isso porque, conforme narradona inicial acusatria e confessado pelo ru no interrogatrio, obteve, em determinado estado dafederao, licenciamento de seu veculo de modo fraudulento, j que indicou endereo falso.Assim agiu porque queria pagar menos tributo, haja vista que a alquota do IPVA seria menor.Ao cabo da instruo criminal, Ricardo foi condenado nos exatos termos da denncia, sendocerto que todo o conjunto probatrio dos autos era significativo e apontava para aresponsabilizao do ru. No entanto, atento s particularidades do caso concreto, omagistrado fixou as penas de ambos os delitos no patamar mnimo previsto nos tipos penais,resultando a soma em 03 anos de pena privativa de liberdade.

    Como advogado(a) de Ricardo, voc deseja recorrer da sentena. Considerando apenas osdados descritos na questo, indique o(s) argumento(s) que melhor atenda(m) aos interesses deseu cliente. (valor: 1.25)

    GABARITO COMENTADO

    A questo objetiva avaliar o conhecimento acerca dos princpios relativos ao conflito aparentede normas. H de se levar em considerao que problemticas no narradas no enunciado nopodem ser objeto de exigncia. Assim, nos termos da questo, levando em conta apenas osdados fornecidos, o examinando somente far jus pontuao integral se desenvolverargumentao lastreada no princpio da consuno (ou princpio da absoro).

    Dever, igualmente, demonstrar conhecimento de que o crime descrito no art. 299 do CP(falsidade ideolgica) teria constitudo meio para o cometimento do delito-fim (crime contra aordem tributria art. 1o da Lei n. 8.137/90), de tal modo que a vinculao entre a falsidadeideolgica e o crime contra a ordem tributria permitiria reconhecer, em referido contexto, apreponderncia desse ltimo. Consequentemente, Ricardo somente deveria responder pelodelito previsto no art. 1o da Lei n. 8.137/90.

    Acerca desse ponto e com o intuito de privilegiar o desenvolvimento do raciocnio, no sercobrado o inciso preciso do mencionado artigo da Lei n. 8.137/90. Todavia, pelo mesmomotivo, eventual resposta que traga apenas a consequncia (tipificao da conduta deRicardo), de maneira isolada e dissociada da correta argumentao e desenvolvimento, nopoder ser pontuada.

    Por fim, teses contraditrias no desenvolvimento da aplicao do princpio da consunomaculam a integralidade da questo. Todavia, com o fim de privilegiar a demonstrao deconhecimento correto, no sero descontados pontos pela alegao de teses subsidirias,ainda que inaplicveis ao caso, desde que no configurem respostas contraditrias.

    QUESTO 13

    Larissa, senhora aposentada de 60 anos, estava na rodoviria de sua cidade quando foiabordada por um jovem simptico e bem vestido. O jovem pediu-lhe que levasse para a cidade

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    11/33

    de destino, uma caixa de medicamentos para um primo, que padecia de grave enfermidade.Inocente, e seguindo seus preceitos religiosos, a Sra. Larissa atende ao rapaz: pega a caixa,entra no nibus e segue viagem. Chegando ao local da entrega, a senhora abordada porpoliciais que, ao abrirem a caixa de remdios, verificam a existncia de 250 gramas de cocanaem seu interior. Atualmente, Larissa est sendo processada pelo crime de trfico deentorpecente, previsto no art. 33 da lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006.

    Considerando a situao acima descrita e empregando os argumentos jurdicos apropriados ea fundamentao legal pertinente, responda: qual a tese defensiva aplicvel Larissa? (valor:1,25)

    GABARITO COMENTADO

    A questo pretende buscar do examinando conhecimento acerca do instituto do erro de tipoessencial, inclusive para diferenci-lo das demais modalidades de erro. Assim, para garantirpontuao, a resposta dever trazer as seguintes informaes: a tese defensiva aplicvel ade que Larissa agiu em erro de tipo essencial incriminador, instituto descrito no art. 20 caput doCP, pois desconhecia circunstncia elementar descrita em tipo penal incriminador. Ausente oelemento tpico, qual seja, o fato de estar transportando drogas, faz com que, nos termos dodispositivo legal, se exclua o dolo, mas permita-se a punio por crime culposo e, como odispositivo legal do art. 33 da Lei n. 11.343/06 no admite a modalidade culposa, o fato setornaria atpico.

    Ressalte-se que levando em conta que o Exame de Ordem busca o conhecimento tcnico eacadmico dos examinandos, no sero pontuadas respostas que tragam teses contraditrias.Assim, a resposta indicativa de qualquer outra espcie de erro (seja acidental, de tipopermissivo ou de proibio) implica na impossibilidade de pontuao, estando, a questo,maculada em sua integralidade. Entende-se por tese contraditria aquelas que elencamdiversas modalidades de erro, ainda que uma delas seja a correta.

    Tambm com o fim de privilegiar o raciocnio e a demonstrao de conhecimento, a meraindicao da consequncia correta (atipicidade do fato), dissociada da argumentaopertinente e identificao do instituto aplicvel ao caso, no ser passvel de pontuao. Domesmo modo, no ser pontuada a mera indicao do dispositivo legal, qual seja, o art.20 caput do CP.

    QUESTO 14

    H muito tempo Maria encontra-se deprimida, nutrindo desejos de acabar com a prpria vida.Joo, sabedor dessa condio, e querendo a morte de Maria, resolve instig-la a se matar.Pondo seu plano em prtica, Joo visita Maria todos os dias e, quando ela toca no assunto deno tem mais razo para viver, que deseja se matar, pois a vida no faz mais sentido, Joo aestimula e a encoraja a pular pela janela.

    Um belo dia, logo aps ser instigada por Joo, Maria salta pela janela de seu apartamento e,por pura sorte, sofre apenas alguns arranhes, no sofrendo qualquer ferimento grave.

    Considerando apenas os fatos apresentados, responda, de forma justificada, aos seguintesquestionamentos:

    A) Joo cometeu algum crime? (valor: 0,65)

    B) Caso Maria viesse a sofrer leses corporais de natureza grave em decorrncia da queda, acondio jurdica de Joo seria alterada? (valor: 0,60)

    GABARITO COMENTADO

    O i i J i i idescrito no art. 122 do CP, o qual prev a conduta de instigao, auxlio ou induzimento aosuicdio, no admite a forma tentada (art. 14, II do CP), sendo certo que tal delito somente se

    consuma com a ocorrncia de leses corporais graves ou morte. Nesse sentido, como Mariateve apenas alguns arranhes, no houve crime.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    12/33

    Todavia, com o fim de privilegiar a demonstrao de conhecimento doutrinrio, ser aceitacom i ii hi i ipunvel por faltar condio objetiva de punibilidade. Nesse caso especfico, o examinandodever demonstrar conhecimento sobre o conceito analtico de crime (fato tpico, antijurdico eculpvel), indicando que a punibilidade no o integra.

    i i ii ii iii i Pafirmaes vagas e genricas no so passveis de pontuao.

    J i B ideveria responder que ante a ocorrncia de leses corporais denatureza grave em Maria, a condio jurdica de Joo seria alterada, passando ele a responderpelo delito previsto no art. 122 do CP na modalidade consumada.

    Ressalte-se que levando em considerao a natureza do Exame de Ordem, no ser atribudapontuao para respostas com teses contraditrias, ou mesmo sugestiva de delito namodalidade tentada. Ademais, considera-se errada a resposta indicativa de configurao deconcurso de crimes ou a fundamentao isolada.

    P i i iiii i i g gi) i B iide maneira expressa, o artigo legal a que se refere a questo. Desse modo, a mera referncia pena de recluso de 1 a 3 anos, ou seja, a mera indicao do preceito secundrio do tipo,dissociada da tipificao da conduta, tambm no pontuada.

    Por fim, tambm no ser pontuada a simples transcrio do artigo, dissociada dademonstrao de conhecimento doutrinrio.

    QUESTO 15

    Maurcio, jovem de classe alta, rebelde e sem escrpulos, comea a namorar Joana, meninade boa famlia, de classe menos favorecida e moradora de rea de risco em uma das maiorescomunidades do Brasil. No dia do aniversrio de 18 anos de Joana, Maurcio resolve convid-lapara jantar num dos restaurantes mais caros da cidade e, posteriormente, leva-a para conhecer

    a sute presidencial de um hotel considerado um dos mais luxuosos do mundo, onde passa anoite com ela. Na manh seguinte, Maurcio e Joana resolvem permanecer por mais dois dias.Ao final da estada, Mauricio contabiliza os gastos daqueles dias de prodigalidade, apurando ototal de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais). Todos os pagamentos foram realizados em espcie,haja vista que, na noite anterior, Maurcio havia trocado com sua me um cheque deR$20.000,00 (vinte mil reais) por dinheiro em espcie, cheque que Maurcio sabia, de antemo,no possuir fundos. Considerando apenas os fatos descritos, responda, de forma justificada, osquestionamentos a seguir.

    A) Maurcio e Joana cometeram algum crime? Justifique sua resposta e, caso seja positiva,tipifique as condutas atribudas a cada um dos personagens, desenvolvendo a tese de defesa.(valor: 0,70)

    B) Caso Maurcio tivesse invadido a casa de sua me com uma pistola de brinquedo e aameaado, a fim de conseguir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sua situao jurdicaseria diferente? Justifique. (valor: 0,55)

    GABARITO COMENTADO

    P gi i i i i J cometeu qualquer crime porque no houve sequer conduta de sua parte. Cabe ressaltar quesomente ser aceita, como fundamento para essa hiptese, a ausncia de conduta, levandoem considerao o conhecimento terico exigido no Exame de Ordem.

    Assim, descabe analisar a existncia de elemento subjetivo (dolo ou culpa), ilicitude ouculpabilidade, pois tais somente seriam apreciados quando houvesse conduta.

    Consequentemente, a resposta que trouxer apenas tal anlise (sem mencionar a conduta) noser pontuada no item respectivo.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    13/33

    i i i ii Mi i Joana, cometeu crime, qual seja, estelionato (OU que teria praticado a conduta descrita no art.171 caput do CP), mas que poderia alegar em sua defesa a escusa absolutria prevista no art.181, II do CP.

    Sobre esse ponto, no ser passvel de pontuao a mera indicao do dispositivo legal,

    dissociada da argumentao exigida.De igual modo, no ser pontuada nenhuma outra modalidade de estelionato seno aqueladescrita no caput do art. 171 do CP. Ressalte-se que dados no descritos no enunciado nopodem ser presumidos pelos examinandos.

    Tambm no ser passvel de pontuao a indicao genrica do art. 181 do CP, sem aespecificao do inciso adequado ou de argumentao pertinente ao inciso.

    Ademais, aplicao da escusa absolutria no conduz atipicidade da conduta. A condutacontinua tpica, ilcita e culpvel, havendo apenas opo legislativa pela no imposio desano de natureza penal, embora a sentena possa produzir efeitos civis.

    E i B ii i ii g

    no sentido de que a condio jurdica de Maurcio seria alterada na medida em que a isenode pena prevista no Cdigo Penal no se aplica aos crimes de roubo (OU prtica da condutadescrita no art. 157 caput do CP), nos termos do art.183, I do CP. Portanto, Maurcio seriaprocessado e apenado pelo crime cometido.

    Cumpre salientar que a mera indicao de artigo legal, dissociada da correta argumentao(em qualquer um dos itens), no pode ser pontuada. De igual modo, a mera indicao, no itemB hi i ii 8 CP fora do disposto no artigo 183, I, do CP), sem a correta tipificao da conduta, no passvelde pontuao.

    Alm disso, levando em conta que o delito de roubo no se confunde com a extorso, no seradmitida fungibilidade entre as condutas de forma a se considerar qualquer das duas como a

    prtica empreendida por Maurcio.

    Por fim, no poder ser considerada correta a resposta que imponha a causa de aumento depena prevista no pargrafo segundo, inciso I, do artigo 157 do CP. Isso porque a controvrsiaacerca da incidncia da referida causa de aumento quanto ao uso de arma de brinquedo foisuficientemente solucionada no mbito do Superior Tribunal de Justia, que, em 2001,cancelou o verbete sumular n. 174, no julgamento do RESP 213.054-SP.

    QUESTO 16

    No dia 10 de maro de 2011, aps ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda, Jos Alvespegou seu automvel e passou a conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia suapropriedade rural. Aps percorrer cerca de dois quilmetros na estrada absolutamente deserta,

    Jos Alves foi surpreendido por uma equipe da Polcia Militar que l estava a fim de procurarum indivduo foragido do presdio da localidade. Abordado pelos policiais, Jos Alves saiu deseu veculo trpego e exalando forte odor de lcool, oportunidade em que, de maneira incisiva,os policiais lhe compeliram a realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar.Realizado o teste, foi constatado que Jos Alves tinha concentrao de lcool de um miligramapor litro de ar expelido pelos pulmes, razo pela qual os policiais o conduziram Unidade dePolcia Judiciria, onde foi lavrado Auto de Priso em Flagrante pela prtica do crime previstono artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2o, inciso II, do Decreto 6.488/2008, sendo-lhenegado no referido Auto de Priso em Flagrante o direito de entrevistar-se com seusadvogados ou com seus familiares.

    Dois dias aps a lavratura do Auto de Priso em Flagrante, em razo de Jos Alves terpermanecido encarcerado na Delegacia de Polcia, voc procurado pela famlia do preso, sob

    protestos de que no conseguiam v-lo e de que o delegado no comunicara o fato ao juzocompetente, tampouco Defensoria Pblica.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    14/33

    Com base somente nas informaes de que dispe e nas que podem ser inferidas pelo casoconcreto acima, na qualidade de advogado de Jos Alves, redija a pea cabvel, exclusiva deadvogado, no que tange liberdade de seu cliente, questionando, em juzo, eventuaisilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matria de direitopertinente ao caso.

    (Valor: 5,0)GABARITO COMENTADO

    O examinando dever redigir uma petio de relaxamento de priso, fundamentado no art. 5o,LXV, da CRFB/88, ou art. 310, I, do CPP (embora os fatos narrados na questo sejamanteriores vigncia da Lei 12.403/11, a Banca atribuir a pontuao relativa ao item tambmao examinando que indicar o art. 310, I, do CPP como dispositivo legal ensejador ao pedido derelaxamento de priso. Isso porque estar demonstrada a atualizao jurdica acerca do tema),a ser endereada ao Juiz de Direito da Vara Criminal.

    Na petio, dever argumentar que:

    1. O auto de priso em flagrante nulo por violao ao direito no autoincriminao

    compulsria (princpio do nemo tenetur se detegere) , previsto no art. 5o, LXIII, da CRFB/88 ou 8 g Dreto 678/92.

    2. A prova ilcita em razo da colheita forada do exame de teor alcolico, por fora do art.5o, LVI, da CRFB/88 ou art. 157 do CPP.

    3. O auto de priso em flagrante nulo pela violao exigncia de comunicao da medida Autoridade Judiciria, ao Ministrio Pblico e Defensoria Pblica dentro de 24 horas, nostermos do art. 306, 1o, do CPP ou art. 5o, LXII, da CRFB/88, ou art. 6o, inciso V, c/c. artigo185, ambos do CPP (a banca tambm convencionou aceitar como fundamento o artigo306,caput, do CPP, considerando-se a legislao da poca dos fatos).

    4. O auto de priso nulo por violao ao direito comunicao entre o preso e o advogado,

    bem com familiares, nos termos do art. 5o, LXIII, da CRFB ou art. 7o, III, do Estatuto da Ordem g Bi 8 D 6789;

    Ao final, o examinando dever formular pedido de relaxamento de priso em razo da nulidadedo auto de priso em flagrante, com a consequente expedio de alvar de soltura.

    QUESTO 17

    Ao chegar a um bar, Caio encontra Tcio, um antigo desafeto que, certa vez, o havia ameaadode morte. Aps ingerir meio litro de usque para tentar criar coragem de abordar Tcio, Caiopartiu em sua direo com a inteno de cumpriment-lo. Ao aproximar-se de Tcio, Caioobservou que seu desafeto bruscamente ps a mo por debaixo da camisa, momento em queachou que Tcio estava prestes a sacar uma arma de fogo para vitim-lo. Em razo disso, Caio

    imediatamente muniu-se de uma faca que estava sobre o balco do bar e desferiu um golpe noabdome de Tcio, o qual veio a falecer. Aps anlise do local por peritos do Instituto deCriminalstica da Polcia Civil, descobriu-se que Tcio estava tentando apenas pegar o mao decigarros que estava no cs de sua cala.

    Considerando a situao acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentosjurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) Levando-se em conta apenas os dados do enunciado, Caio praticou crime? Em casopositivo, qual? Em caso negativo, por que razo? (Valor: 0,65)

    b) Supondo que, nesse caso, Caio tivesse desferido 35 golpes na barriga de Tcio, comodeveria ser analisada a sua conduta sob a tica do Direito Penal? (Valor: 0,6)

    GABARITO COMENTADO

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    15/33

    a) No, pois atuou sob o manto de descriminante putativa, instituto previsto no art. 20,pargrafo 1o do CP, uma vez que sups, com base em fundado receio, estar em situao delegtima defesa. Como se limitou a dar uma facada, a sua reao foi moderada, no havendoque se falar em punio por excesso.

    b) Ainda que tenha procurado se defender de agresso que imaginou estar em vias de ocorrer,

    Caio agiu em excesso doloso, devendo, portanto, responder por homicdio doloso, na forma doartigo 23, pargrafo nico, do CP.

    QUESTO 18

    Hugo inimigo de longa data de Jos e h muitos anos deseja mat-lo. Para conseguir seuintento, Hugo induz o prprio Jos a matar Luiz, afirmando falsamente que Luiz estava seinsinuando para a esposa de Jos. Ocorre que Hugo sabia que Luiz pessoa de poucapacincia e que sempre anda armado. Cego de dio, Jos espera Luiz sair do trabalho e, aov-lo, corre em direo dele com um faco em punho, mirando na altura da cabea. Luiz,assustado e sem saber o motivo daquela injusta agresso, rapidamente saca sua arma e atirajustamente no corao de Jos, que morre instantaneamente. Instaurado inqurito policial paraapurar as circunstncias da morte de Jos, ao final das investigaes, o Ministrio Pblicoformou sua opinio no seguinte sentido: Luiz deve responder pelo excesso doloso em suaconduta, ou seja, deve responder por homicdio doloso; Hugo por sua vez, deve respondercomo partcipe de tal homicdio. A denncia foi oferecida e recebida.

    Considerando que voc o advogado de Hugo e Luiz, responda:a) Qual pea dever seroferecida, em que prazo e endereada a quem? (Valor: 0,3) b) Qual a tese defensiva aplicvela Luiz? (Valor: 0,5)c) Qual a tese defensiva aplicvel a Hugo? (Valor: 0,45)GABARITO COMENTADO

    a) Resposta acusao, no prazo de 10 dias (art. 406 do CPP), endereada ao juiz presidentedo Tribunal do Jri.

    OU

    Habeas Corpus para extino da ao penal; ao penal autnoma de impugnao que nopossui prazo determinado; endereado ao Tribunal de Justia Estadual.

    b) A tese defensiva aplicada a Luiz a da legtima defesa real, instituto previsto no art. 25 doCP, cuja natureza de causa excludente de ilicitude. No houve excesso, pois a conduta deJos (que mirava com o faco na cabea do Luiz) configurava injusta agresso e claramenteatentava contra a vida de Luiz.

    c) Hugo no praticou fato tpico, pois, de acordo com a Teoria da Acessoriedade Limitada, opartcipe somente poder ser punido se o agente praticar conduta tpica e ilcita, o que no foi ocaso, j que Luiz agiu amparado por uma causa excludente de ilicitude, qual seja, legtimadefesa (art. 25 do CP).

    OU

    No havia liame subjetivo entre Hugo e Luiz, requisito essencial ao concurso de pessoas,razo pela qual Hugo no poderia ser considerado partcipe.

    QUESTO 19

    Caio, Mvio, Tcio e Jos, aps se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade,resolveram praticar um estelionato em detrimento de um senhor idoso. Logrando xito em suaempreitada criminosa, os quatro dividiram os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo dainvestigao policial, apurou-se a autoria do delito por meio dos depoimentos de diversastestemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrncia de tal informao, o promotor de

    justia denunciou Caio, Mvio, Tcio e Jos, alegando se tratar de uma quadrilha deestelionatrios, tendo requerido a decretao da priso temporria dos denunciados. Recebidaa denncia, a priso temporria foi deferida pelo juzo competente.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    16/33

    Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentosjurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal deciso e a quem dever(o) serendereado(s)? (Valor: 0,6) b) Quais fundamentos devero ser alegados? (Valor: 0,65)

    GABARITO COMENTADOa) Relaxamento de priso, endereado ao juiz de direito estadual. OUHabeas corpus,endereado ao Tribunal de Justia estadual.

    b) Ilegalidade da priso, pois no h formao de quadrilha quando a reunio se d para aprtica de apenas um delito. No h que se falar em formao de quadrilha, subsistindoapenas o delito nico de estelionato. Nesse sentido, no se poderia decretar a prisotemporria, pois tal crime no est previsto no rol taxativo indicado no artigo 1o, III, da Lei7.960/89. Ademais, a priso temporria medida exclusiva do inqurito policial, no podendo,em hiptese alguma, ser decretada quando j instaurada a ao penal.

    QUESTO 20

    Carlos Alberto, jovem recm-formado em Economia, foi contratado em janeiro de 2009 pelaABC Investimentos S.A., pessoa jurdica de direito privado que tem como atividade principal acaptao de recursos financeiros de terceiros para aplicar no mercado de valores mobilirios,com a funo de assistente direto do presidente da companhia, Augusto Csar. No primeiroms de trabalho, Carlos Alberto foi informado de que sua funo principal seria elaborarrelatrios e portflios da companhia a serem endereados aos acionistas com o fim de inform-los acerca da situao financeira da ABC. Para tanto, Carlos Alberto baseava-se,exclusivamente, nos dados financeiros a ele fornecidos pelo presidente Augusto Csar. Emagosto de 2010, foi apurado, em auditoria contbil realizada nas finanas da ABC, que asinformaes mensalmente enviadas por Carlos Alberto aos acionistas da companhia eramfalsas, haja vista que os relatrios alteravam a realidade sobre as finanas da companhia,sonegando informaes capazes de revelar que a ABC estava em situao financeirapericlitante.

    Considerando-se a situao acima descrita, responda aos itens a seguir, empregando osargumentos jurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) possvel identificar qualquer responsabilidade penal de Augusto Csar? Se sim, qual(is)seria(m) a(s) conduta(s) tpica(s) a ele atribuda(s)? (Valor 0,45)

    b) Caso Carlos Alberto fosse denunciado por qualquer crime praticado no exerccio das suasfunes enquanto assistente da presidncia da ABC, que argumentos a defesa poderiaapresentar para o caso? (Valor: 0,8)

    GABARITO COMENTADO

    a) Sim, pois Augusto Csar agiu com dolo preordenado, sendo autor mediato do crime previstono artigo 6o da Lei 7.492/86.

    b) Poderia argumentar que Carlos Alberto no agiu com dolo, uma vez que receberainformaes erradas. Agiu, portanto, em hiptese de erro de tipo essencialinvencvel/escusvel, com base no art. 20, caput, OU art. 20, 2o, do CP.

    QUESTO 21

    Em 10 de janeiro de 2007, Eliete foi denunciada pelo Ministrio Pblico pela prtica do crimede furto qualificado por abuso de confiana, haja vista ter alegado o Parquet que a denunciadahavia se valido da qualidade de empregada domstica para subtrair, em 20 de dezembro de2006, a quantia de R$ 50,00 de seu patro Cludio, presidente da maior empresa do Brasil no

    segmento de venda de alimentos no varejo. A denncia foi recebida em 12 de janeiro de 2007,e, aps a instruo criminal, foi proferida, em 10 de dezembro de 2009, sentena penaljulgando procedente a pretenso acusatria para condenar Eliete pena final de dois anos de

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    17/33

    recluso, em razo da prtica do crime previsto no artigo 155, 2o, inciso IV, do Cdigo Penal.Aps a interposio de recurso de apelao exclusivo da defesa, o Tribunal de Justiaentendeu por bem anular toda a instruo criminal, ante a ocorrncia de cerceamento dedefesa em razo do indeferimento injustificado de uma pergunta formulada a uma testemunha.Novamente realizada a instruo criminal, ficou comprovado que, poca dos fatos, Elietehavia sido contratada por Cludio havia uma semana e s tinha a obrigao de trabalhar s

    segundas, quartas e sextas-feiras, de modo que o suposto fato criminoso teria ocorrido noterceiro dia de trabalho da domstica. Ademais, foi juntada aos autos a comprovao dosrendimentos da vtima, que giravam em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais.Aps a apresentao de memoriais pelas partes, em 9 de fevereiro de 2011, foi proferida novasentena penal condenando Eliete pena final de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de recluso.Em suas razes de decidir, assentou o magistrado que a r possua circunstncias judiciaisdesfavorveis, uma vez que se reveste de enorme gravidade a prtica de crimes em que seabusa da confiana depositada no agente, motivo pelo qual a pena deveria ser distanciada domnimo. Ao final, converteu a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos,consubstanciada na prestao de 8 (oito) horas semanais de servios comunitrios, durante operodo de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses em instituio a ser definida pelo juzo de execuespenais. Novamente no houve recurso do Ministrio Pblico, e a sentena foi publicada noDirio Eletrnico em 16 de fevereiro de 2011.

    Com base somente nas informaes de que dispe e nas que podem ser inferidas pelo casoconcreto acima, redija, na qualidade de advogado de Eliete, com data para o ltimo dia doprazo legal, o recurso cabvel hiptese, invocando todas as questes de direito pertinentes,mesmo que em carter eventual. (Valor: 5,0)

    GABARITO COMENTADO

    O candidato dever redigir uma apelao, com fundamento no artigo 593, I, do CPP, a serendereada ao juiz de direito, com razes inclusas endereadas ao Tribunal de Justia. Nasrazes recursais, o candidato dever argumentar que a segunda sentena violou a proibio reformatio in pejusconfigurando-se caso de reformatio in pejus indireta, contida no artigo617 do CPP, de modo que, em razo do trnsito em julgado para a acusao, a pena no

    poderia exceder dois anos de recluso, estando prescrita a pretenso punitiva estatal, na formado artigo 109, V, do Cdigo Penal, uma vez que, entre o recebimento da denncia (12/01/2007)e a prolao de sentena vlida (09/02/2011), transcorreu lapso superior a quatro anos.

    Superada a questo, o candidato dever argumentar que inexistia relao de confiana ajustificar a incidncia da qualificadora (Eliete trabalhava para Cludio fazia uma semana) e quea quantia subtrada era insignificante, sobretudo tomando-se como referncia o patrimnioconcreto da vtima. Em razo disso, o candidato dever requerer a reforma da sentena, demodo a se absolver a r por atipicidade material de sua conduta, ante a incidncia do princpioda insignificncia/bagatela.

    O candidato deve argumentar, ainda, que, na hiptese de no se reformar a sentena para seabsolver a r, ao menos deveria ser reduzida a pena em razo do furto privilegiado,substituindo-se a sano por multa.

    Em razo de tais pedidos, considerando-se a reduo de pena, o candidato deveria requerer asubstituio da pena privativa de liberdade por multa, bem como a aplicao da suspensocondicional da pena e/ou suspenso condicional do processo.

    Deveria ainda o candidato argumentar sobre a impossibilidade do aumento da pena baserealizado pelo magistrado sob o fundamento da enorme gravidade nos crimes em que seabusa da confiana depositada, pois tal motivo j foi levado em considerao para qualificar odelito, no podendo a apelante sofrer dupla punio pelo mesmo fatobis in idem.

    Por fim, o candidato deveria requerer um dos pedidos possveis para a questo apresentada,tais como:

    1- absolvio;

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    18/33

    2- reconhecimento da reformatio in pejus, com a aplicao da pena em no mximo 2 anos ea consequente prescrio;3- atipicidade da conduta, tendo em vista a aplicao do princpio da bagatela;

    4- no incidncia da qualificadora do abuso da confiana, com a consequente desclassificao

    para furto simples;5- aplicao da Suspenso Condicional do Processo;

    6- no sendo afastada a qualificadora, a incidncia do pargrafo 2o do artigo 155 do CP;

    7- a reduo da pena pelo reconhecimento do bis in idem e a consequente prescrio;

    8- aplicao de sursis;

    9- inadequao da pena restritiva aplicada, tendo em vista o que dispe o artigo 46, 3o, doCP.

    Alternativamente, o candidato poder elaborar embargos de declarao, abordando os pontos

    indicados no gabarito 2.

    QUESTO 22

    Antnio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuriodo Poder Judicirio Estadual a informao de que Jorge, defensor pblico criminal comatribuio para representar o seu filho, solicitara a quantia de dois mil reais para defend-loadequadamente. Indignado, Antnio, sem averiguar a fundo a informao, mas confiando napalavra do serventurio, escreve um texto reproduzindo a acusao e o entrega ao juiz titularda vara criminal em que Jorge funciona como defensor pblico. Ao tomar conhecimento doocorrido, Jorge apresenta uma gravao em vdeo da entrevista que fizera com o filho deAntnio, na qual fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defend-lo, erepresenta criminalmente pelo fato. O Ministrio Pblico oferece denncia perante o Juizado

    Especial Criminal, atribuindo a Antnio o cometimento do crime de calnia, praticado contrafuncionrio pblico em razo de suas funes, nada mencionando acerca dos benefciosprevistos na Lei 9.099/95. Designada Audincia de Instruo e Julgamento, recebida adenncia, ouvidas as testemunhas, interrogado o ru e apresentadas as alegaes orais peloMinistrio Pblico, na qual pugnou pela condenao na forma da inicial, o magistrado concedea palavra a Vossa Senhoria para apresentar alegaes finais orais.

    Em relao situao acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentosjurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) O Juizado Especial Criminal competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30)b)Antnio faz jus a algum benefcio da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 0,30)

    c) Antnio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razo? (Valor:0,65)

    GABARITO COMENTADO

    No, pois, de acordo com o artigo 141, II, do CP, quando a ofensa for praticada contrafuncionrio pblico em razo de suas funes, a pena ser aumentada de um tero, o que fazcom que a sano mxima abstratamente cominada seja superior a dois anos.

    Sim, suspenso condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95.

    No. Antnio agiu em erro de tipo vencvel/inescusvel. Conforme previso do artigo 20 do CP,nessa hiptese, o agente somente responder pelo crime se for admitida a punio a ttuloculposo, o que no o caso, pois o crime em comento no admite a modalidade culposa. Vale

    lembrar que no houve dolo na conduta de Antnio.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    19/33

    QUESTO 23

    Joaquina, ao chegar casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, Adalton,mantendo relaes sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, fato ocorrido nodia 2 de janeiro de 2011. Transtornada com a situao, Joaquina foi delegacia de polcia,onde registrou ocorrncia do fato criminoso. Ao trmino do Inqurito Policial instaurado para

    apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adalton vinha mantendo relaes sexuais com areferida menor desde novembro de 2010. Apurou-se, ainda, que Esmeralda, me de F.M.,sabia de toda a situao e, apesar de ficar enojada, no comunicava o fato polcia com receiode perder o marido que muito amava.

    Na condio de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, av da menor, responda aos itens aseguir, empregando os argumentos jurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinenteao caso.

    a) Adalton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3) b) Esmeralda praticou crime?Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5)

    c) Considerando que o Inqurito Policial j foi finalizado, deve a av da menor oferecer queixa-crime? (Valor: 0,45)

    GABARITO COMENTADO

    Sim. Estupro de vulnervel, conduta descrita no art. 217-A do CP.

    b) Sim. Esmeralda tambm praticou estupro de vulnervel (artigo 217-A do CP c/c artigo 13, CP) z ih ig gl de impedir o resultado, sendogarantidora da menor.

    c) No, pois se trata de ao penal pblica incondicionada, nos termos do art. 225, pargrafonico, do CP.

    QUESTO 24

    Jaime, brasileiro, solteiro, nascido em 10/11/1982, praticou, no dia 30/11/2000, delito de furtoqualificado pelo abuso de confiana (art. 155, pargrafo 4o, II, do CP). Devidamentedenunciado e processado, Jaime foi condenado pena de 4 (quatro) anos e 2 (dois) meses derecluso. A sentena transitou definitivamente em julgado no dia 15/01/2002, e o trmino documprimento da pena se deu em 20/03/2006. No dia 24/03/2006, Jaime subtraiu um aparelhode telefone celular que havia sido esquecido por Lara em cima do balco de uma lanchonete.Todavia, sua conduta fora filmada pelas cmeras do estabelecimento, o que motivou ooferecimento de denncia, por parte do Ministrio Pblico, pela prtica de furto simples (art.155, caput, do CP). A denncia foi recebida em 14/04/2006, e, em 18/10/2006, Jaime foicondenado pena de 1 (um) ano de recluso e 10 (dez) dias-multa. Foi fixado o regime inicialaberto para o cumprimento da pena privativa de liberdade, com sentena publicada no mesmodia.

    Com base nos dados acima descritos, bem como atento s informaes a seguir expostas,responda fundamentadamente:

    a) Suponha que a acusao tenha se conformado com a sentena, tendo o trnsito em julgadopara esta ocorrido em 24/10/2006. A defesa, por sua vez, interps apelao no prazo legal.Todavia, em virtude de sucessivas greves, adiamentos e at mesmo perda dos autos, at adata de 20/10/2010, o recurso da defesa no tinha sido julgado. Nesse sentido, o que voc,como advogado, deve fazer? (Valor: 0,60)

    b) A situao seria diferente se ambas as partes tivessem se conformado com o decretocondenatrio, de modo que o trnsito em julgado definitivo teria ocorrido em 24/10/2006, masJaime, temeroso de ficar mais uma vez preso, tivesse se evadido to logo teve cincia do

    contedo da sentena, somente tendo sido capturado em 25/10/2010? (Valor: 0,65)GABARITO COMENTADO

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    20/33

    Ingressar com habeas corpus com fulcro no art. 648, VII, do CPP (extino de punibilidade art.107, IV, do CP), ou com mera petio diretamente dirigida ao relator do processo,considerando-se que a prescrio matria de ordem pblica e pode at ser conhecida deofcio. O argumento a ser utilizado a ocorrncia de prescrio da pretenso punitivasuperveniente/intercorrente/subsequente (causa extintiva de punibilidade), pois, j ciente domximo de pena in concretopossvel, qual seja, 1 ano e 10 dias-multa, o Estado teria at o dia

    17/10/2010 para julgar definitivamente o recurso da defesa, o que no ocorreu, nos termos dosarts. 109, V; 110, 1o; e 117, I e IV, todos do CP. Vale lembrar que a prescrio da pretensopunitiva superveniente pressupe o trnsito em julgado para a acusao (tal como ocorreu naespcie) e contada a partir da publicao da sentena penal condenatria, ltimo marcointerruptivo da prescrio relacionado na questo. Vale ressaltar que no basta o candidatomencionar que houve prescrio. Tem que ser especfico, dizendo ao menos que se trata deprescrio da pretenso punitiva.

    b) Sim, a situao seria diferente, pois neste caso no haveria prescrio da pretensoexecutria nem outra modalidade qualquer. Como Jaime reincidente, j que o 2o furto foicometido aps o trnsito em julgado definitivo de sentena que lhe condenou pelo 1o furto (art.63 do CP), a prescrio da pretenso executria tem seu prazo acrescido de 1/3, de acordocom o artigo 110 do CP. Assim, o Estado teria at 23/02/2012 para capturar Jaime, nos termos

    dos arts. 110 caput e 112, I, do CP.QUESTO 25

    Joo e Maria iniciaram uma paquera no Bar X na noite de 17 de janeiro de 2011. No dia 19 dejaneiro do corrente ano, o casal teve uma sria discusso, e Maria, nitidamente enciumada,investiu contra o carro de Joo, que j no se encontrava em bom estado de conservao, comtrs exerccios de IPVA inadimplentes, a saber: 2008, 2009 e 2010. Alm disso, Maria proferiudiversos insultos contra Joo no dia de sua festa de formatura, perante seu amigo Paulo,i i J registrados perante a Delegacia Policial, onde a testemunha foi ouvida. Joo comparece aoseu escritrio e contrata seus servios profissionais, a fim de serem tomadas as medidas legaiscabveis. Voc, como profissional diligente, aps verificar no ter passado o prazo decadencial,

    interpe Queixa-Crime ao juzo competente no dia 18/7/11.O magistrado ao qual foi distribuda a pea processual profere deciso rejeitando-a, afirmandotratar-se de clara decadncia, confundindo-se com relao contagem do prazo legal. Adeciso foi publicada dia 25 de julho de 2011.

    Com base somente nas informaes acima, responda: a) Qual o recurso cabvel contra essadeciso? (0,30) b) Qual o prazo para a interposio do recurso? (0,30) c) A quem deve serendereado o recurso? (0,30)

    d) Qual a tese defendida? (0,35)

    GABARITO COMENTADO

    Como se trata de crime de menor potencial ofensivo, o recurso cabvel Apelao, de acordocom o artigo 82 da Lei 9099/95.

    Vale lembrar que a qualificadora do art. 163, pargrafo nico, IV, do CP, relativa ao

    motivo egostico do crime de dano, caracteriza-se apenas quando o agente pretende

    obter satisfao econmica ou moral. Assim, a conduta de Maria, motivada por

    cime, no se enquadra na hiptese e configura a modalidade simples do delito de

    dano (art. 163, caput). Cabe ainda destacar que no houve prejuzo considervel a

    Joo, j que o carro danificado estava em mau estado de conservao, o que afasta

    definitivamente a

    qualificadora tipificada no art. 163, pargrafo nico, IV, do CP. Assim, o concursomaterial entre o crime patrimonial e a injria no ultrapassa o patamar mximo e 2 anos,

    que define os crimes de menor potencial ofensivo e a competncia dos Juizados

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    21/33

    Especiais Criminais, sendo cabvel, portanto, apelao (art. 82 da Lei 9.099/95).

    b) 10 dias, de acordo com o 1o do artigo 82 da Lei 9099/95; c) Turma Recursal, consoante art.82 da Lei 9099/95;

    d) O prazo para interposio da queixa-crime de seis meses a contar da data do fato,

    conforme previu o artigo 38 do CPP. Trata-se de prazo decadencial, isto , prazo de naturezamaterial, devendo ser contado de acordo com o disposto no artigo 10 do CP inclui-se oprimeiro dia e exclui-se o ltimo.

    QUESTO 26

    Tcio foi denunciado e processado, na 1a Vara Criminal da Comarca do Municpio X, pelaprtica de roubo qualificado em decorrncia do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fasede inqurito policial, Tcio foi reconhecido pela vtima. Tal reconhecimento se deu quando areferida vtima olhou atravs de pequeno orifcio da porta de uma sala onde se encontravaapenas o ru. J em sede de instruo criminal, nem vtima nem testemunhas afirmaram terescutado qualquer disparo de arma de fogo, mas foram unssonas no sentido de assegurar queo assaltante portava uma. No houve percia, pois os policiais que prenderam o ru em

    flagrante no lograram xito em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juzo que, aps gi g ! i em seu encalo. Afirmaramque, durante a perseguio, os passantes apontavam para o ru, bem como que este jogou umobjeto no crrego que passava prximo ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogoutilizada. O ru, em seu interrogatrio, exerceu o direito ao silncio. Ao cabo da instruocriminal, Tcio foi condenado a oito anos e seis meses de recluso, por roubo com emprego dearma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para cumprimento de pena. Omagistrado, para fins de condenao e fixao da pena, levou em conta os depoimentostestemunhais colhidos em juzo e o reconhecimento feito pela vtima em sede policial, bemcomo o fato de o ru ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstnciascomprovadas no curso do processo.

    Voc, na condio de advogado(a) de Tcio, intimado(a) da deciso. Com base somente nas

    informaes de que dispe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija apea cabvel, apresentando as razes e sustentando as teses jurdicas pertinentes. (Valor: 5,0)

    GABARITO COMENTADO

    O examinando deve redigir uma apelao, com fundamento no artigo 593, I, do Cdigo deProcesso Penal. A petio de interposio deve ser endereada ao juiz de direito da 1a varacriminal da comarca do municpio X. Nas razes de apelao o candidato dever dirigirse aoTribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro, argumentando que o reconhecimento feitono deve ser considerado para fins de condenao, pois houve desrespeito formalidade legalprevista no art. 226, II, do Cdigo de Processo Penal. Dessa forma, inexistiria prova suficientepara a condenao do ru, haja vista ter sido feito somente um nico reconhecimento, em sedede inqurito policial e sem a observncia das exigncias legais, o que levaria absolvio comfulcro no art. 386, VII, do mesmo diploma (tambm aceitase como fundamento do pedido deabsolvio o art. 386, V do CPP). Outrossim, de maneira alternativa, dever postular oafastamento da causa especial de aumento de pena decorrente do emprego de arma de fogo,pois esta deveria ter sido submetida percia, nos termos do art. 158 do Cdigo de ProcessoPenal, o que no foi feito, de modo que no h como ser comprovada a potencialidade lesivada arma. Ademais, sequer foi possvel a percia indireta (art. 167 CPP), pois nenhuma dastestemunhas disse ter escutado a arma disparar, de modo que o emprego de arma somentepoderia servir para configurar a grave ameaa, elementar do crime de roubo.

    QUESTO 27

    Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu namorado,exerce o cargo de auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que havia sobre a mesa dorapaz. Ao ler o contedo, descobre que Jorge se apropriara de R$ 4.000,00 (quatro mil reais),que recebera da empresa em que trabalhava para efetuar um pagamento, mas utilizara tal

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    22/33

    quantia para comprar uma joia para uma moa chamada Jlia. Absolutamente transtornada,Maria entrega a correspondncia aos patres de Jorge.

    Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentosjurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35)b) Se o Ministrio Pblico oferecesse denncia com base exclusivamente na correspondnciaaberta por Maria, o que voc, na qualidade de advogado de Jorge, alegaria? (Valor: 0,9)

    GABARITO COMENTADO

    Sim. Apropriao indbita qualificada (ou majorada) em razo do ofcio, prevista no art. 168,pargrafo 1o, III do CP.

    b) Falta de justa causa para a instaurao de ao penal, j que a denncia se encontralastreada exclusivamente em uma prova ilcita, porquanto decorrente de violao a uma normade direito material (artigo 151 do CP).

    QUESTO 28

    Caio denunciado pelo Ministrio Pblico pela prtica do crime de homicdio qualificado pormotivo ftil. De acordo com a inicial, em razo de rivalidade futebolstica, Caio teria esfaqueadoMvio quarenta e trs vezes, causando-lhe o bito. Pronunciado na forma da denncia, Caiorecorreu com o objetivo de ser impronunciado, vindo o Tribunal de Justia da localidade amanter a pronncia, mas excluindo a qualificadora, ao argumento de que Mvio seriaarruaceiro e, portanto, a motivao no poderia ser considerada ftil. No julgamento emplenrio, ocasio em que Caio confessou a prtica do crime, a defesa l para os jurados adeciso proferida pelo Tribunal de Justia no que se refere caracterizao de Mvio comoarruaceiro. Respondendo aos quesitos, o Conselho de Sentena absolve Caio.

    Sabendo-se que o Ministrio Pblico no recorreu da sentena, responda aos itens a seguir,

    empregando os argumentos jurdicos apropriados e a fundamentao legal pertinente ao caso.

    a) A esposa de Mvio poderia buscar a impugnao da deciso proferida pelo Conselho deSentena? Em caso positivo, de que forma e com base em que fundamento? (Valor: 0,65)

    b) Caso o Ministrio Pblico tivesse interposto recurso de apelao com fundamento exclusivo ig 593 Cig P P i Ti Ji declarar anulidade do julgamento por reconhecer a existncia de nulidade processual? (Valor: 0,6)

    GABARITO COMENTADO

    Sim. A esposa da vtima deveria constituir advogado para que ele se habilitasse comoassistente de acusao e interpusesse recurso de apelao, com fundamento nos artigos 598 593 i i ii i ig 78 CPP, ao ler trecho de deciso que julgou admissvel a acusao e manteve a pronncia do ru.Alm disso, tendo o ru confessado o homicdio, a absolvio se mostrou manifestamentecontrria prova dos autos.

    b) No, pois a Smula 160 do STF probe que o Tribunal conhea de nulidade no arguida norecurso de acusao. Assim, a violao ao artigo 478, I, do CPP, por parte da defesa nopoderia ser analisada se a acusao no lhe tivesse feito meno no recurso interposto.

    QUESTO 29

    Na cidade de Arsenal, no Estado Z, residiam os deputados federais Armnio e Justino. Ambosobjetivavam matar Frederico, rico empresrio que possua valiosas informaes contra eles.Frederico morava na cidade de Tirol, no Estado K, mas seus familiares viviam em Arsenal.

    Sabendo que Frederico estava visitando a famlia, Armnio e Justino decidiram colocar emprtica o plano de mat-lo. Para tanto, seguiram Frederico quando este saa da casa de seus

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    23/33

    parentes e, utilizando-se do veculo em que estavam, bloquearam a passagem de Frederico,de modo que a caminhonete deste no mais conseguia transitar. Ato contnuo, Armnio eJustino desceram do automvel. Armnio imobilizou Frederico e Justino desferiu tiros contraele, Frederico. Os algozes deixaram rapidamente o local, razo pela qual no puderamperceber que Frederico ainda estava vivo, tendo conseguido salvar-se aps socorro prestadopor um passante. Tudo foi noticiado polcia, que instaurou o respectivo inqurito policial. No

    curso do inqurito, os mandatos de Armnio e Justino chegaram ao fim, e eles noconseguiram se reeleger. O Ministrio Pblico, por sua vez, munido dos elementos deinformao colhidos na fase inquisitiva, ofereceu denncia contra Armnio e Justino, portentativa de homicdio, ao Tribunal do Jri da Justia Federal com jurisdio na comarca ondese deram os fatos, j que, poca, os agentes eram deputados federais. Recebida a denncia,as defesas de Armnio e Justino mostraram-se conflitantes. J na fase instrutria, Fredericoteve seu depoimento requerido. A vtima foi ouvida por meio de carta precatria em Tirol. Narespectiva audincia, os advogados de Armnio e Justino no compareceram, de modo quejuzo deprecado nomeou um nico advogado para ambos os rus. O juzo deprecante, ao final,emitiu decreto condenatrio em face de Armnio e Justino. Armnio, descontente com opatrono que o representava, destituiu-o e nomeou voc como novo advogado.

    Com base no cenrio acima, indique duas nulidades que podem ser arguidas em favor de

    Armnio. Justifique com base no CPP e na CRFB. (Valor: 1,25)GABARITO COMENTADO

    Primeiramente h que ser arguida nulidade por incompetncia absoluta (art. 564, I, do CPP),pois no caso no h incidncia de nenhuma das hipteses mencionadas no art. 109 da CRFBque justifiquem a atrao do processo competncia da Justia Federal. Ademais, o fato de osagentes serem exdeputados federais no enseja deslocamento de competncia. Nessesentido, competente o Tribunal do Jri da Comarca onde se deram os fatos, pois, cessado oforo por prerrogativa de funo, voltam a incidir as regras normais de competncia para ojulgamento da causa, de modo que, dada natureza da infrao (crime doloso contra a vida), acompetncia afeta ao Tribunal do Jri de Arsenal.

    Alm disso, tambm dever ser arguida nulidade com base no art. 564, IV, do CPP. Anomeao de somente um advogado para ambos rus, feita pelo juzo deprecado, no respeitao princpio da ampla defesa (art. 5o, LV, da CRFB), pois, como as defesas eram conflitantes, anomeao de um s advogado prejudica os rus.

    Por fim, com base nos artigos 413 e 414 do CPP, bem como art. 5o, LIII da CRFB/88, poderser arguida nulidade pela falta de apreciao da causa pelo juiz natural do feito.

    QUESTO 30

    Joo e Maria, casados desde 2007, estavam passando por uma intensa crise conjugal. Joo,visando tornar insuportvel a vida em comum, comeou a praticar atos para causar danoemocional a Maria, no intuito de ter uma partilha mais favorvel. Para tanto, passou a realizarprocedimentos de manipulao, de humilhao e de ridicularizao de sua esposa.

    Diante disso, Maria procurou as autoridades policiais e registrou ocorrncia em face dostranstornos causados por seu marido. Passados alguns meses, Maria e Joo chegam a umentendimento e percebem que foram feitos um para o outro, como um casal perfeito. Mariadecidiu, ento, renunciar representao.

    Nesse sentido e com base na legislao ptria, responda fundamentadamente:

    a) Pode haver renncia (retratao) representao durante a fase policial, antes de oprocedimento ser levado a juzo? (0,65)

    b) Pode haver aplicao de pena consistente em prestao pecuniria? (0,6)

    GABARITO COMENTADO

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    24/33

    Tratase de crime capitulado na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), conforme transcritoabaixo:

    7 S ii i ii h :

    II a violncia psicolgica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e

    diminuio da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou quevise degradar ou controlar suas aes, comportamentos, crenas e decises, medianteameaa, constrangimento, humilhao, manipulao, isolamento, vigilncia constante,perseguio contumaz, insulto, chantagem, ridicularizao, explorao e limitao do direito deir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuzo sade psicolgica e i;

    Alm disso, o Cdigo Penal assim dispe: 9 O igi de outrem: Pena deteno, de trs meses a um ano.

    9o Se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou companheiro,ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendose o agente das relaesdomsticas, de coabitao ou de hospitalidade: (Redao dada pela Lei no 11.340, de 2006)

    Pena deteno, de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos. (Redao dada pela Lei no 11.340, de2006)

    10. Nos casos previstos nos 1o a 3o deste artigo, se as circunstncias so as indicadas no9o deste artigo, aumenta 3 ) Li 886 )

    Sendo assim, de acordo com a Lei supracitada, a renncia representao s admitida napresena do Juiz, em audincia especialmente designada para esta finalidade, nos termos doart. 16 da lei 11.340/2006 e, de acordo com o artigo 17 da referida lei, a prestao pecuniria vedada.

    QUESTO 31

    No dia 17 de junho de 2010, uma criana recm-nascida vista boiando em um crrego e, aoser resgatada, no possua mais vida. Helena, a me da criana, foi localizada e negou quehouvesse jogado a vtima no crrego. Sua filha teria sido, segundo ela, sequestrada por umdesconhecido. Durante a fase de inqurito, testemunhas afirmaram que a me apresentavaquadro de profunda depresso no momento e logo aps o parto. Alm disso, foi realizadoexame mdico legal, o qual constatou que Helena, quando do fato, estava sob influncia deestado puerperal. mngua de provas que confirmassem a autoria, mas desconfiado de que ame da criana pudesse estar envolvida no fato, a autoridade policial representou peladecretao de interceptao telefnica da linha de telefone mvel usado pela me, medida quefoi decretada pelo juiz competente. A prova constatou que a me efetivamente praticara o fato,pois, em conversa telefnica com uma conhecida, de nome Lia, ela afirmara ter atirado acriana ao crrego, por desespero, mas que estava arrependida. O delegado intimou Lia paraser ouvida, tendo ela confirmado, em sede policial, que Helena de fato havia atirado a criana,

    logo aps o parto, no crrego. Em razo das aludidas provas, a me da criana foi entodenunciada pela prtica do crime descrito no art. 123 do Cdigo Penal perante a 1a VaraCriminal (Tribunal do Jri). Durante a ao penal, juntado aos autos o laudo de necropsiarealizada no corpo da criana. A prova tcnica concluiu que a criana j nascera morta. Naaudincia de instruo, realizada no dia 12 de agosto de 2010, Lia novamente inquirida,ocasio em que confirmou ter a denunciada, em conversa telefnica, admitido ter jogado ocorpo da criana no crrego. A mesma testemunha, no entanto, trouxe nova informao, queno mencionara quando ouvida na fase inquisitorial. Disse que, em outras conversas que tiveracom a me da criana, Helena contara que tomara substncia abortiva, pois no poderia, dejeito nenhum, criar o filho. Interrogada, a denunciada negou todos os fatos. Finda a instruo, oMinistrio Pblico manifestou-se pela pronncia, nos termos da denncia, e a defesa, pelaimpronncia, com base no interrogatrio da acusada, que negara todos os fatos. O magistrado,na mesma audincia, prolatou sentena de pronncia, no nos termos da denncia, e sim pelaprtica do crime descrito no art. 124 do Cdigo Penal, punido menos severamente do queaquele previsto no art. 123 do mesmo cdigo, intimando as partes no referido ato.

  • 5/26/2018 Questoes Dissertativas Processo Penal

    25/33

    Com base somente nas informaes de que dispe e nas que podem ser inferidas pelo casoconcreto acima, na condio de advogado(a) de Helena, redija a pea cabvel impugnaoda mencionada deciso, acompanhada das razes pertinentes, as quais devem apontar osargumentos para o provimento do recurso, mesmo que em carter sucessivo.

    GABARITO COMENTADO

    O recurso cabvel o recurso em sentido estrito, na forma do art. 581, IV, do Cdigo deProcesso Penal, dirigido ao Juiz da 1a Vara Criminal (Tribunal do Jri).

    Em primeiro lugar, dever o examinando requerer, em preliminar, o desentranhamento dasprovas ilcitas.

    Isso porque o crime investigado, infanticdio (art. 123 do Cdigo Penal), punido com pena dedeteno. Em razo disso, no era admissvel a interceptao telefnica prevista na Lei9.296/96, pois a lei em tela no admite a medida quando o crime s punido com pena dedeteno (art. 2o, III). de ressaltar que o crime de aborto, previsto no art. 124, tambm s punido com pena de deteno. Alm disso, o enunciado indica no existir indcios suficientesde autoria, uma vez que o delegado representou pela decretao da quebra com base emmeras suspeitas. Finalmente, no foram esgotados todos os meios de investigao,condio sine qua non para que a medida seja decretada.

    Por outro lado, o examinando dever registrar tambm que o testemunho de Lia, embora sejaprova realizada de modo lcito, ser ilcito por derivao, na forma do art. 157, 1o, do Cdigoe Processo Penal e, portanto, imprestvel.

    Ainda em preliminar, dever o examinando suscitar a nulidade do processo por violao do art.411, 3o do Cdigo de Processo Penal, c/c art. 384 do Cdigo de Processo Penal. Com efeito,diante das regras acima referidas, o Juiz, vislumbrando a possibilidade de nova definio dofato em razo de prova nova, surgida durante a instruo, dever abrir vista dos autos para queo Ministrio Pblico, se for o caso, adite a denncia, mesmo que a pena prevista para a novadefinio jurdica seja menor, conforme a nova redao do art. 384 do Cdigo de ProcessoPenal, dada pela Lei 11.719/2008.

    O candidato dever, ainda, sustentar que no restou provada a materialidade do crime deaborto, uma vez que nenhuma percia foi feita no sentido de comprovar que a criana faleceuem decorrncia da ingesto de substncia abortiva.

    Finalmente, deveria requerer, em carter sucessivo, a impronncia da acusada, uma vez que,retiradas as provas ilcitas dos autos, nenhuma prova de autoria existiria contra a denunciada.

    QUESTO 32

    Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento dematerial de informtica, se apropriou das contribuies previdencirias devidas dosempregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um

    automvel de luxo. A partir de comunicao feita por Adolfo, empregado da referida empresa,tal fato chegou ao conhecimento da Polcia Federal, dando ensejo instaurao de inquritopara apurar o crime previsto no artigo 168-A do Cdigo Penal. No curso do aludidoprocedimento investigatrio, a autoridade policial apurou que Caio tambm havia praticado ocrime de sonegao fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente s operaesda mesma empresa. Ao final do inqurito policial, os fatos ficaram comprovados, tambm pelaconfisso de Caio em sede policial. Nessa ocasio, ele afirmou estar arrependido e apresentoucomprovante de pagamento exclusi