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Resgatando laços e criando vínculos Recomeço A interface da POLÍTICA SOBRE DROGAS com a POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Recomeço - Desenv. Social SP · 2018-04-23 · Drogas, sob a responsabilidade, na Se-cretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, da Coordenadoria de Políticas sobre

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Resgatando laços e criando vínculos

Recomeço

A interface da POLÍTICA SOBRE DROGAS com a POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Governador do Estado de São Paulo

GERALDO ALCKMIN

Secretário de Desenvolvimento Social

FLORIANO PESARO

Coordenadora Estadual de Políticas sobre Drogas

GLEUDA SIMONE TEIXEIRA APOLINÁRIO

PROGRAMA RECOMEÇO - UMA VIDA SEM DROGAS

Coordenação Geral

RONALDO LARANJEIRA

SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

COORDENAÇÃOCOORDENADORIA DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS DO ESTADODE SÃO PAULO - COED

ELABORAÇÃORedação Eliana Borges G. R. SilvaRoma Pitombo di Monaco

Colaboração na redaçãoBianca OliveiraClaudia Barone DinizSocorro Viviane BatistaSônia Maria de Carvalho

Projeto gráfico(capa e diagramação)Gustavo Palladini

Grupo de Trabalhodo Recomeço FamíliaCoordenadoria Estadualde Políticas sobre Drogas – COED

CoordenaçãoRoma Pitombo Di MonacoMaria Shirabayashi de Castro Porto

Diretoria Regional de Assistênciae Desenvolvimento SocialDRADS BotucatuCleide Regina Delgado

Diretoria Regional de Assistênciae Desenvolvimento SocialDRADS CampinasElaine Aparecida Empke

Diretoria Regional de Assistênciae Desenvolvimento SocialS. Jose do Rio PretoEliana Borges GonçalvesRodrigues da Silva

Diretoria Regional de Assistênciae Desenvolvimento SocialDRADS MaríliaPaulo Henrique Bonfim Xavier

Diretoria Regional de Assistênciae Desenvolvimento SocialRibeirão PretoSocorro Viviane Batista

Diretoria Regional de Assistênciae Desenvolvimento SocialDRADS SorocabaSonia Maria de Carvalho

Coordenadoria da Assistência Social CASMariana Froes Bernardi de Souza

Coordenadoria de Ação SocialCASTatiana Amêndola Barbosa Lima Didion

Coordenadoria de Gestão estratégica – CGE Beatriz Aparecida Moreira

Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina SPDMRomina da Rocha Miranda

Centro de Referência Tabacoe outras Drogas - CRATODRaquel Cleide da Mota Carvalho

Secretaria Estadual da EducaçãoCoordenação Geralda Educação BásicaGisele Nanini Mathias

Escola de DesenvolvimentoSocial - EDESP Claudia Barone Diniz e André Luiz Machado de Lima

Associação Cultural Casadas CaldeirasKarina SaccomannoMarcela B. CâmaraCarlos Maldonado Patrícia MendesLeandro Moraes

COORDENADORA ESTADUALDE POLÍTICAS SOBRE DROGASGleuda Simone Teixeira Apolinário

COORDENADORA ESTADUALDE AÇÃO SOCIALTatiane Magalhães

COORDENADORA ESTADUAL DESENVOLVIMENTO SOCIALLigia Rosa Rezende Pimenta

COORDENADOR ESTADUALDE GESTÃO ESTRATÉGICAJoão Rafael Calvo da Silva

DIRETORA EXECUTIVA DA ESCOLA DE DESENVOLVIMENTO SOCIALMaria Isabel Lopesda Cunha Soares

AGRADECIMENTOS

Antônio Floriano Pereira PesaroSecretário Estadualde Desenvolvimento Social

Gleuda Simone ApolinárioCoordenadora Estadualde Políticas sobre Drogas

Roma Pitombo Di MonacoCoordenadora do Grupo de Trabalho Recomeço Família

As Diretoras das Diretorias Regionais de Assistência e Desenvolvimento Social de:

Sueli Isabel TamelineDRADS – Botucatu

Elaine Aparecida EmpkeDRADS – Campinas

Rosemeiri Livero Audi de AguiarDRADS – Marília

Delvita Pereira AlvesDRADS – Ribeirão Preto

Silvia Maria de Castilho LagunaDRADS – São José do Rio Preto

Jorge Latuf FilhoDRADS – Sorocaba

Aos Gestores Municipais de Assistência Social dos municípios de:

BotucatuCampinasCatanduvaMaríliaRibeirão PretoSão José do Rio PretoSorocaba

Aos técnicos dos CRAS Pilotos:

CRAS 5 – Ribeirão PretoCRAS Imperial – CatanduvaCRAS Ipiranga – SorocabaCRAS Leste - BotucatuCRAS Santa Antonieta - MaríliaCRAS Satélite Iris - Campinas

A equipe da Casa das CaldeirasCarlos MaldonadoKarina SaccomannoLeandro MoraesMarcela CamaraPatrícia Mendes

Agradecimento especial a Nathália da Silva Carriel coordenadora do CRAS Leste do município de Botucatu pelas contribuições na elaboração dos instrumentais aplicados aos técnicos e usuários.

GLOSSÁRIO

CAS – Coordenadoriade Assistência Social

CDS – Coordenadoriade Desenvolvimento Social

COED – Coordenadoria de Políticas sobre Drogas

CRAS – Centro de Referênciada Assistência Social

CRATOD – Centro de Referênciade Tabaco, Álcool e Outras Drogas

CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social

DRADS – Diretoria Regionalde Desenvolvimento SocialEDESP – Escola de Desenvolvimento Social de São Paulo

G.T. – Grupo de Trabalho

MDSA – Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário

PAEFI – Serviço de Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos

PAIF – Serviço de AtençãoIntegral à Família

PSB – Proteção Social Básica

PSE – Proteção Social EspecialSCFV – Serviço de Convivênciae Fortalecimento de Vínculos

SEDS – Secretaria de Desenvolvimento Social

SEE – Secretaria de Educaçãodo Estado de São Paulo

SPDM - Associação Paulista parao Desenvolvimento da Medicina

SUAS – Sistema Únicode Assistência Social

PALAVRASDO SECRETÁRIO

O resultado do trabalho desen-volvido pelo GT Recomeço

Família é um importante marco para o Programa Recomeço – Uma Vida Sem Drogas, sob a responsabilidade, na Se-cretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, da Coordenadoria de Políticas sobre Drogas (COED).

Mostra que avançamos na cons-trução e na consolidação de uma metodologia para que nossa Política de Assistência Social esteja cada vez mais fortalecida.

O governador Geraldo Alckmin, e todos nós, trabalhadores e trabalhado-res da Assistência Social, sabemos o quão importante são as ações que en-

volvem os usuários de substâncias psi-coativas e suas famílias.

A alta vulnerabilidade, principal-mente no que se refere ao uso, abuso e dependência de drogas, deve ser trata-da com seriedade e respeito e, acima de tudo, estar em consonância com o Sis-tema Único da Assistência Social (SUAS).

Atualmente, as drogas tornaram-se uma “epidemia”, que se alastra pelo País. Atinge toda população independente-mente das características dos territórios. Este fenômeno coloca a comunidade frente a vulnerabilidades e riscos, inter-fere na qualidade de vida das famílias e comunidade, reduz a capacidade produ-tiva dos indivíduos e potencializa a ocor-

rência de violência intrafamiliar e urbana. De forma criteriosa, o Recomeço

Família constrói uma metodologia in-tegrada com os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), estabele-cendo uma conexão fundamental para ofertarmos serviços eficientes, capazes de romper o ciclo intrafamiliar imposto pelo uso abusivo e pela dependência de substâncias psicoativas.

O Governo do Estado de São Paulo está empenhado em construir um futuro mais saudável, digno e justo. Cada um de nós é um elo e temos um papel im-portante na construção do futuro.

Juntos São Paulo pode ser para todos!

Floriano PesaroSecretário de Estado de Desenvolvimento Social

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A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA RECUPERAÇÃO

Coordenadoria de Políticas sobre Drogas COED Secretaria de Desenvolvimento Social

Seguindo as orientações do Plano Nacional da Assistência Social - PNAS que inova na responsabilidade do Estado no atendimento as famílias de modo pro-ativo, preventivo e territorializado e as-segura o acesso a direitos e melhoria na qualidade de vida propusemos a condu-ção de um projeto piloto de capacitação dos técnicos que se encontram na ponta da Política da Assistência Social, e são os grandes condutores de mudanças,

Contudo, quando se trata do fenô-meno da dependência química, a famí-lia não se apresenta apenas de forma passiva, como uma das vítimas da do-ença, mas também como um grande pilar da recuperação do dependente. É nela que as pessoas encontram con-

O Programa Recomeço – Uma Vida sem Drogas é uma ini-

ciativa do Governo do Estado de São Paulo que promove a PREVENÇÃO do uso indevido de drogas, o CONTROLE e REQUALIFICAÇÃO DAS CENAS DE USO degradados em virtudes do uso de subs-tância psicoativas, ACESSO À JUSTIÇA e à CIDADANIA, APOIO SOCIOASSISTEN-CIAL e TRATAMENTO aos usuários de substâncias psicoativas, suas famílias e comunidade, em situação de risco, uso, abuso e dependência química.

O programa atua por meio de ações integradas das diferentes Secre-tarias, do Desenvolvimento Social, Saú-de, Educação Segurança Pública e da Justiça e Defesa da Cidadania.

forto, confiança e motivação para poder continuar com o tratamento. A família é um sistema onde cada membro está in-terligado, de forma que a mudança em uma das partes provoca repercussões nos demais.

Para o desenvolvimento do atendi-mento às famílias que tem em seu con-vício usuários de drogas a Coordenado-ria de Políticas Sobre Drogas – COED, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, órgão responsável por organizar as ações estratégicas da política sobre drogas no Estado de São Paulo propõe a discussão da Interface da Política sobre Drogas e a Política da Assistência Social (SUAS) e a construção de uma metodo-logia para atendimento.

OO

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 Famílias com usuários de substâncias psicoativas: A mesma face das políticas de assistência social e políticas sobre drogas

CAPÍTULO 2

Programa recomeço e a estratégia do projeto Recomeço Família

CAPÍTULO 3

O Grupo de Trabalho Recomeço Família

CAPÍTULO 4

Pesquisa aplicada aos usuários dos CRAS piloto participantes do GT Recomeço Família

CAPÍTULO 5

Pesquisa aplicada aos técnicos dos CRAS piloto

CAPÍTULO 6

Metodologia da capacitação aos CRAS

CAPÍTULO 7

Avaliação do trabalho desenvolvido

CAPÍTULO 8

A CADA CHEGADA... UMA NOVA PARTIDA:Metodologia para capacitação dos CRAS do Estado de São Paulo

ANEXOS

Política sobre

drogas...

O que eu tenho a

ver com isto?

Fevereiro

2016

Maio

2016

Outubro

2016

Dezembro

2016

Janeiro

2017

PROPOSTARECOMEÇO FAMÍLIACriação da proposta da resolução SEDS nº 6 de 30 de maio de 2016

SENSIBILIZAÇÃO DA EQUIPE DO GTA equipe do GT Recomeço Família participa da vivência do Manual da Família da Associação Cultural da Casa das Caldeiras

BOTTOM-UP: DE BAIXO PARA CIMAAplicação da pesquisa que norteouo diagnóstico e as ações de intervençãonos CRAS referenciados

DIAGNÓSTICO: RESULTADO DA PESQUISAApresentação do diagnóstico para osgestores e técnicos dos municípios-pilotos

INTERSETORIALIDADE /INTEGRAÇÃOReuniões entre as seis DRADS, COED,CAS CDS, SPDM, CRATOD, EDESP e SEE

14

Março

2017

Abril

2017

Maio

2017

Junho

2017

Agosto

2017

2018

GT RECOMEÇO FAMÍLIA NOS TERRITÓRIOSCapacitação Técnica e Vivência com os gestores e técnicos dos municípios-pilotos

COMPARTILHANDO RESULTADOSPlanejamento e organização da Expedição dos resultados do GT Recomeço Família

OLHAR PARA O FUTURO: PRÓXIMOS PASSOSCapacitação dos demais municípios de São Paulo

CONSTRUÇÃO COLETIVAPARA AÇÃO FORMATIVAElaboração e Planejamentoda Capacitação dos municípios-pilotos

ANÁLISE DO PROCESSO GT RECOMEÇO FAMÍLIAReuniões e análise dos instrumentos de avaliação aplicados nos municípios-pilotos

EXPEDIÇÃO GTRECOMEÇO FAMÍLIARealização de evento de apresentaçãodos resutados do projeto

15

16

O Política da Assistência Social que vem sendo construída

desde 2004, diz é dever do estado e direito de cidadania, atua no enfrenta-mento dos riscos sociais e na preven-ção, inova na responsabilidade do Esta-do no atendimento as famílias de modo proativo, preventivo e territorializado as-segurando acesso a direitos e melhoria na qualidade de vida.

Para a efetivação do trabalho com famílias na temática da dependência química precisamos analisar as bases que sustentam o PAIF – Serviço de Pro-

Famílias com Usuáriosde Substâncias Psicoativas:a mesma face das Políticas

de Assistência Social e Políticas sobre Drogas

teção e Atendimento Integral à Família que integra o nível de Proteção Básica do SUAS, para consonâncias nas ações da Política Sobre Drogas e a Política da Assistência Social.

O desafio para a Política Sobre Dro-gas é trabalhar com as famílias em sua integralidade e desenvolver metodolo-gias de trabalho social que contribuam para a reflexão crítica da sua realidade e emancipação social. Devemos compre-ender a família não somente em sua de-finição normativa ou composição tradi-cional, mas ampliar essa compreensão

na perspectiva sociocultural.Esse exercício deve permitir um

olhar para a família constituída como grupo de referência em que os indivíduos tecem laços afetivos e de solidariedade, assim reforçando os fatores protetivos, tão significativos no processo da depen-dência química e no fortalecimento do tratamento e dos manejos com usuários de substâncias psicoativas.

Baseada nos marcos legais que regulam as Políticas Públicas da Assis-tência Social, a centralidade na família é uma das principais diretrizes para a con-

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17

cepção e implementação de benefícios, serviços, programas e projetos.

Outro fator importante é a territo-rialidade para atendimento das famílias e tem como equipamento os Centro de Referência da Assistência Social – CRAS e os Centro de Referência Especializado - CREAS localizados em áreas de vulne-rabilidade ou próximo delas, que dão a legitimidade do atendimento e o referen-cial à população que vive no seu entorno.

O Centro de Referência da Assistên-cia Social – CRAS e Centro de Referên-cia Especializado – CREAS destina-se às famílias e/ou indivíduos em situação de vulnerabilidade decorrente da pobreza, privação, ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos e/ou fragilização de vínculos afetivos rela-cionais e de pertencimento social, tais como as discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, além de situações de violência.

Neste cenário da Assistência Social as políticas públicas têm o marco para o desenvolvimento de seus diferentes temas. Nesta está a Política Nacional

sobre Drogas, Lei 11.343/2006 que em seus princípios e diretrizes adota estra-tégias de atenção e reinserção dos usu-ários de substâncias psicoativas e seus familiares objetivando a inclusão social, redução de riscos e de danos de forma multidisciplinar e multiprofissional.

O fenômeno das drogas coloca a comunidade frente a vulnerabilidade e riscos sociais podendo interferir na qua-lidade de vida das famílias reduzindo, entre outros fatores, a capacidade pro-dutiva dos indivíduos, potencializando a ocorrência de violência intrafamiliar e urbana, dificultando as relações intrafa-miliares como também potencializando fatores de risco ao uso de drogas.

As situações de vulnerabilidade, ris-co social e uso de drogas, quando asso-ciadas, podem conduzir a agravamentos que exigirão estratégias integradas.

Nesse contexto, a Coordenadoria de Políticas Sobre Drogas - COED cons-tituiu um Grupo de Trabalho – G.T. Re-começo Família que envolveu diversos parceiros, setor público e Organização da Sociedade Civil – OSC, com atuação

em diferentes políticas públicas para construir uma metodologia de atenção às famílias com usuários de substâncias psicoativas e que respeitasse a lógica da política de assistência social.

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Programa Recomeçoe a estratégia do Projeto

Recomeço Família

O ompreendendo a dependência química como um fenômeno

biopsicossocial, cuja superação depen-de da garantia de uma rede de prote-ção social multidisciplinar e intersetorial, o governo do Estado de São Paulo, via Decreto 59.164 de maio de 2013, lançou o Programa Estadual de Enfrentamento ao Crack que foi reorganizado, posterior-mente, via Decreto 61.674 de 02 de de-zembro de 2015, que articula e executa ações nos seguintes eixos:

1. Prevenção do uso indevido de drogas; 2. Tratamento;3. Reinserção Social e Recuperação;4. Controle e Requalificação das cenas de uso, e;5. Acesso à Justiça e à Cidadania.

Neste cenário cria-se o Projeto Re-começo Família, que é o conjunto de atividades estratégicas realizadas na comunidade, na atenção integral à fa-mília e aos usuários de substâncias psi-coativas. Visa ofertar aos familiares com históricos de usuários de substâncias

psicoativas no Estado de São Paulo um espaço de acolhimento, atendimento, orientação e encaminhamentos aos ser-viços da rede socioassistencial, saúde, educação, justiça e cidadania.

Inicialmente trabalho foi desen-volvido pela Secretaria da Saúde, em parceria com a Escola Paulista de De-senvolvimento de Medicina - SPDM que executa os atendimentos individuais dos familiares para orientação e fortale-cimento dos vínculos familiares e, pos-teriormente, encaminha-os aos grupos acompanhados pelo trabalho dos técni-

O

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cos do Recomeço Família e do grupo de mútua ajuda, Amor Exigente.

O serviço de acolhimento às fa-mílias de dependentes de substâncias psicoativas conta com uma equipe de 27 pessoas sendo 1 Coordenadora, 13 Psicólogos e/ou Assistentes Sociais e 13 Conselheiros especialistas em De-pendência Química. Estas equipes estão distribuídas em 11 Centros de Integração da Cidadania – CICs, em parceria com a Secretaria da Justiça e Defesa da Cida-dania, um Centro de Referência de Álco-ol Tabaco e Drogas – CRATOD e um na Unidade Helvetia.

Os Centros de Integração da Cida-dania estão localizados nas regiões sul, CIC Feitiço da Vila, CIC São Luiz e CIC Casa da Cidadania, região norte CIC Ja-çanã, região oeste CIC Oeste, região les-te CIC Itaim Paulista, além das cidades da Grande São Paulo Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos e Francisco Morato e Interior nas cidades de Campinas e Jun-diaí. Todos localizados em áreas de alta vulnerabilidade social

Após dois anos e com o Decreto

nº 61.674 de 2 de dezembro de 2015 o qual reorganiza o “Programa Estadual de Enfrentamento ao Crack” – “Progra-ma Recomeço”, que passa a denominar Programa Estadual de Políticas sobre Drogas – “Programa Recomeço: uma vida sem drogas” e sob a gestão da Se-cretaria de Desenvolvimento Social, traz para estudo e construção na Política sobre Drogas o Recomeço Família que passa a ter sua diretriz no Sistema da Assistência Social - SUAS e na dissemi-nação dos serviço nos diferentes muni-cípios do Estado.

Diante disto, o Recomeço Família é uma ação dentro do eixo Reinserção So-cial e Recuperação, que além de outras, implementa programas e projetos com interface com o Sistema Único de As-sistência Social – SUAS, com o objetivo de acolher e promover a recuperação e reinserção social dos usuários de subs-tâncias psicoativas e seus familiares que se encontram em situação de vulnerabi-lidade e agravos sociais.

Os trabalhos desenvolvidos com as famílias na temática da dependência

química são baseados no PAIF – Servi-ço de Proteção e Atendimento Integral à Família que é um serviço da Proteção Básica do SUAS (Sistema Único de As-sistência Social), em consonância em com as ações Política da Assistência So-cial e a Política Sobre Drogas.

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O Grupode Trabalho

Recomeço Família

O GT Recomeço Família (Resolu-ção SEDS nº 6 de 30 de maio

de 2016 – Anexo 1) foi constituído para fortalecer a ação Recomeço Família nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) de acordo com a lógica da Política de Assistência Social.

SEUS OBJETIVOS FORAM:

- Construir uma metodologia de in-tervenção às famílias com usuários de substâncias psicoativas dentro do Servi-ço de Atenção Integral às Famílias – PAIF.

- Adequar as diretrizes e metodolo-gias do Recomeço Família numa inter-face entre a Política da Assistência So-cial e Política sobre Drogas de forma a garantir atendimento integral às famílias com usuários que se encontram em si-tuação de vulnerabilidade em decorrên-cia do uso das drogas.

- Elaborar um modelo de implan-tação e implementação do Recomeço Família nos equipamentos da Assis-tência Social nos municípios do Estado de São Paulo.

O CAMINHO PERCORRIDO

Para construção do piloto foram se-lecionadas 6 (seis) Diretorias Regionais de Assistência Social – DRADS e cada regional, após estudo de viabilidade, in-dicou um município para a implantação do piloto do Recomeço Família. Após discussão técnica entre a gestão da as-sistência social do município e a equipe da DRADS de referência, cada município apontou um Centro de Referência da Assistência Social – CRAS para a cons-trução e implantação do modelo piloto.

OO

21

Os municípios e os CRAS escolhidos:

No processo de composição do GT. Recomeço Família pri-vilegiou a participação de representantes de diferentes políti-cas públicas: assistência social, saúde e educação; e do poder executivo e Organizações da Sociedade Civil – OSC.

• Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social;- Técnicos representantes das 6 DRADS dos municípios pilotos;- Coordenadoria de Assistência Social: Proteção Social

Básica e Proteção Social Especial;- Coordenadoria de Desenvolvimento Social;- Coordenadoria de Gestão Estratégica;- Escola de Desenvolvimento Social do Estado

de São Paulo – EDESP.

• Secretaria de Estado da Saúde;• Secretaria de Estado da Educação;• Sociedade Paulista de Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Na fase de execução, integraram à equipe a Escola de

Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo (EDESP) e a Associação Cultural Casa das Caldeiras.

DRADS MUNICÍPIO CRAS

Drads Botucatu Botucatu CRAS Leste

Drads Campinas Campinas CRAS Satélite Íris

Drads Marília MaríliaCRAS SantaAntonieta

Drads Ribeirão Preto Ribeirão Preto CRAS 5

Drads São Josédo Rio Preto

Catanduva CRAS Imperial

Drads Sorocaba Sorocaba CRAS Ipiranga

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No período de junho de 2016 a ju-lho de 2017, o grupo desenvolveu tra-balhos de estudo, pesquisas e proposta de capacitação intersetorial. Em outu-bro de 2016 o GT Recomeço Família desenvolveu dois instrumentais, sendo: um destinado aos técnicos atuantes nos CRAS com o objetivo de compre-ender o conhecimento destes sobre a Política sobre Drogas, manejo com fa-mílias com usuários de drogas e suges-tões de capacitação. O segundo instru-mental, aplicado a 195 (cento e noventa e cinco) participantes usuários dos ser-viços dos Centros de Referência de As-sistência Social – CRAS, com o objetivo

de conhecer as opiniões, experiências, vivências e necessidades quando a vul-nerabilidade esbarra na dependência de substâncias psicoativas.

A pesquisa revelou a necessidade das famílias terem apoio para o enfren-tamento de situações que envolvem o uso e abuso de substâncias psicoativas e a expectativa de encontrar esse apoio no CRAS. Também apontou a necessi-dade de aprofundamento das discus-sões por meio de capacitação para troca de experiências, qualificação do atendi-mento e, principalmente, apropriação da problemática, como tema da política de Assistência Social.

Com a participação de técnicos de cada município piloto, a partir do diag-nóstico, foram planejadas as capaci-tações de sensibilização dos técnicos para o reconhecimento da interface entre as políticas públicas de Assistên-cia Social e de Drogas e manejo com as famílias que tem, entre as vulnerabilida-des sociais e fatores de riscos, o uso ou abuso de substâncias psicoativas entre os membros.

Realizadas em março e abril de 2017, as capacitações aos técnicos foram feitas em grupos de dois mu-nicípios, na modalidade presencial e em formato de oficina, privilegiando a

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interação, a ludicidade, o envolvimento e o estímulo à com-preensão da identidade e subjetividade destes núcleos fa-miliares. As oficinas foram estruturadas de forma a estabe-lecer entre os participantes o diálogo, a interação, a troca de experiências, a sensibilização e apropriação de técnicas para qualificar, alinhar e potencializar os processos de traba-lho nos CRAS relacionados ao acolhimento às famílias com usuários de substâncias psicoativas. Teve como foco a inte-gração das competências dos atores, a melhoria do desem-penho das redes de atendimento e ampliação dos conheci-mentos técnicos.

O diferencial da ação Recomeço Família, na fase piloto, foi a construção da capacitação baseada no modelo bottom up, que reconheceu como decisiva a participação dos operado-res responsáveis pela implementação do programa, e avançou ainda, ao ouvir o público-alvo. O desenho do processo de im-plantação e implementação respeitou o pacto federativo, don-de o estado elabora as políticas públicas e assessora a admi-nistração municipal no processo de execução.

Ao construir o desenho estratégico explicativo do proces-so de implementação, o modelo mais próximo remete a figu-ra da colmeia com ações que se expandiram a partir da área central e por sua vez, estas mesmas ações retroalimentaram o núcleo formador. Ao longo do processo novos parceiros e diferentes políticas públicas contribuíram com suas práticas e saberes, reconhecendo assim, que nenhuma política pública se constrói de forma isolada.

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Pesquisa aplicada aos usuários dos CRAS piloto

participantes doGT Recomeço Família

O GT Recomeço Família em par-ceria com a coordenação do

CRAS Leste de Botucatu desenvolveu um questionário com questões relacionadas à temática da droga no contexto familiar e comunitário que foi aplicado aos usuários dos serviços dos CRAS pilotos nos meses de novembro e dezembro de 2016, tota-lizando 195 (cento e noventa e cinco) en-trevistados conforme distribuição a seguir:

• 60 (sessenta) em Botucatu – CRAS Leste;

• 33 (trinta e três) em Ribeirão Preto – CRAS 5;

• 29 (vinte e nove) em Catanduva – CRAS Imperial;

• 28 (vinte e oito) em Marília – CRAS Santa Antonieta;

• 25 (vinte e cinco) em Sorocaba – CRAS Ipiranga e;

• 22 (vinte e dois) em Campinas – CRAS

Veja abaixo o perfil demográfico do público participante da pesquisa.

O

IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO

SOBRE DROGAS

Faixa etária

15 a 17 anos

133

15 a 17 anos

19

60 ou mais

42

25

O GT. Recomeço Família optou por aplicar o questionário a partir da faixa etária de quinze anos. A análise dos dados in-dica que a amostra concentrou na faixa etária de 18 a 59 anos, provavelmente, devido aos grupos com beneficiários dos Pro-gramas de Transferência de Renda que são desenvolvidos se-manalmente nos CRAS.

Da amostra pesquisada, 95% (noventa e cinco) afirmaram que sabem o que são drogas, sendo o álcool, a cocaína e a maconha as mais citadas.

Esta questão permitia múltipla escolha e apresentou um total de 874 respostas com as seguintes frequências e por-centagens: álcool (145 respostas, 17%), cocaína (137 respostas, 16%), maconha (135 respostas, 15%) e crack (122 respostas, 14%)

Na opinião de 133 entrevistados (76%) o álcool é considerado droga, e para 126 entrevistados (74%) o tabaco também. Quando questionado o motivo das pessoas usarem álcool e outras drogas, as más companhias (16%) foi a principal causa apontada, seguida da curiosidade (13%), diversão (9%), e devido a conflitos familiares (8%).

Tipos de drogas conhecidas Crenças sobre a motivação para o uso de drogas

145 137 135122 115

96

69

31 24

Álc

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Mac

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Cra

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Tab

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Bai

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est

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100 9383 82

54 45 42 41 37 31 30

Co

caín

a

26

Finalizando este bloco, investigou-se a percepção sobre dependência química. Do total, 31% (trinta e um por cento) acre-ditam que o uso de drogas é uma doença e 26% (vinte e seis por cento) consideram que é falta de caráter.

FAMÍLIA, CONVIVÊNCIA E RELAÇÃO

COM AS DROGAS

O instrumental buscou identificar a porcentagem da amostra que possui familiares que fazem uso de álcool e de outras drogas. Do total de sujeitos, 54% (cinquenta e quatro por cento) respon-deram que possuem membros da famí-lia que fazem uso de drogas e 94% (no-venta e quatro por cento) afirmam que o uso de álcool e/ou outras drogas afeta as relações familiares.

Percepção sobrea depêndencia química

Doença31%

Falta de caráter26%

Opção de vida25%

Outros18%

Parentesco com a pessoa usuária de álcool e/ou outras drogas

Do total de pessoas que respon-deram que possuem familiares usuários de álcool e/ou outras drogas, a catego-ria de parentesco com maior frequência apresentada foi, outros com 30% (trin-ta por cento), seguida por irmãos 15% (quinze por cento), padrasto/madrasta, 11% (onze por cento), e filhos, tios e pri-mos, cada uma com 10%(dez por cento).

Buscou identificar como o sujeito da amostra ficou sabendo que o fami-liar fazia uso de drogas, esta questão admitia múltipla marcação. Destaca-se

14 14 16 1719

25

44

Prim

os

Filh

os

Pad

rast

o/m

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sta

Pai

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ãe

Irm

ãos

Ou

tro

s

Tio

s

27

que a maioria descobre o uso de drogas através de vizinhos/amigos, 21% (vinte e um por cento), seguida da categoria outros 18% (dezoito por cento) e desco-briu quando estava usando em casa 15% (quinze por cento). A mudança de com-portamento aparece somente em quar-to lugar, com 13%(treze por cento).

Como descobriu o uso de drogas

49

3531

1916 16 16

12

3

Ou

tro

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42

Viz

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Em seguida, investigou-se a convi-vência com pessoas usuárias de álcool e outras drogas, que não são membros familiares. Esta questão admitia múltipla marcação. Do total, 47%(quarenta e sete por cento) responderam não, seguido de vizinhos 18% (dezoito por cento) e amigos 16% (dezesseis por cento).

Convivência com outras pessoasque fazem uso de drogas

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28

Ao serem questionados sobre as mo-tivações para o uso de drogas, a maioria afirmou que é devido às más companhias, seguido de diversão e curiosidade. A com-preensão do uso de drogas como uma do-ença não foi citada entre os entrevistados.

Em relação aos sentimentos do su-jeito para com a pessoa usuária de álcool e/ou outras drogas – familiar ou de sua

convivência - 47% (quarenta e sete por cento) relataram pena, 20%(vinte por cen-to) amor e 19%(dezenove por cento) raiva. Estes dados apontam para a diversidade de sentimentos despertados diante a convivência com o usuário de drogas.

Ao serem questionados sobre a existência de outro sentimento por esta pessoa no passado, 55% (cinquenta e cinco por cento) responderam não, não tinham sentimento diferente dos senti-mentos atuais. Do grupo que respondeu sim 45% (quarenta e cinco por cento), os sentimentos apontados foram:

• Tristeza;• Afeto;• Carinho; • Culpa; • Desconfiança; • Dó, pena;• Estima; • Mágoa, ódio, raiva, vontade de matar;• Gostava dele e não gosto mais.

Para 39% (trinta e nove por cento) dos entrevistados a família contribui para

o uso do álcool e/ou outras drogas do membro familiar dependente.

Segundo dados da amostra, so-mente 26% (vinte e seis por cento) dos dependentes químicos contribuem para as despesas domésticas, entre-tanto 57% das pessoas entrevistados, afirmaram que a pessoa usuária de ál-cool e/ou outras drogas aumentam as despesas familiares.

A segurança da pessoa usuária de álcool e outras drogas é uma pre-ocupação para a maioria dos respon-dentes, sendo que 61%(sessenta e um por cento) responderam SEMPRE, 21%(vinte e um por cento) ÀS VEZES e 18%(dezoito por cento) responde-ram que NÃO e a saúde desta pessoa é preocupação para 64% (sessenta e quatro por cento).

Quanto ao sofrimento sentido dian-te do uso de drogas pelo familiar ou pessoa da convivência, 43% (quarenta e três por cento) afirmam que sofrem fre-quentemente e, 24% (vinte e quatro por cento) apontaram que às vezes tem al-gum sofrimento.

Qual o real sentimento você tem pela pessoa usuária de drogas

(familiar ou de sua convivência)?

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29

Ao serem questionados sobre o de-sejo desta pessoa ser presa, 63%(sessen-ta e três por cento) responderam NÃO, 23% (vinte e três por cento) marcaram ÀS VEZES e 14% (quatorze por cento) disse-ram que SEMPRE que tem esta vontade.

Sobre o desejo de que esta pes-soa morresse, 45% (quarenta e cinco

por cento) admitem que ÀS VEZES sur-gem este desejo e 12%(doze por cento) afirmam que sempre têm este desejo.

Sobre a possibilidade das famílias conviverem de uma melhor maneira com a problemática da drogadição, 40% (quarenta por cento) responderam que às vezes seja possível, 36% (trinta e seis

por cento) não acreditam nesta possi-bilidade e 25%(vinte e cinco por cento) nutrem este desejo.

Os dados apontam que há uma dualidade de sentimentos relativos a

O uso de drogas por esta pessoa faz você sofrer?

As vezes24%

Sempre43%

Não33%

Você gostaria que esta pessoa morresse?

Sempre8%

Às vezes47%

Não45%

Você acha que as famílias com a problemática de álcool

e outras drogas podem conviver com este problema de uma “melhor maneira”?

Sempre25%

Às vezes40%

Não35%

30

pessoa usuária de drogas que está na convivência do entrevistado, entretanto, 65% (sessenta e cinco por cento) creem que há possibilidade de uma convivên-cia mais saudável com esta pessoa.

O instrumental buscou identificar situações de riscos, violência e negligên-cias associadas ao uso de drogas entre familiares ou pessoas da convivência em decorrência do uso de drogas:

• 39% (trinta e nove por cento) afirmaram que já enfrentaram situações de violên-cia física contra crianças e adolescentes,

• 24%(vinte e quatro por cento) vivencia-ram situações de abuso/violência sexual,

• 37%(trinta e sete por cento) afirmam que é habitual as crianças ficarem sozi-nhas em casa, ou (41%, quarenta e um por cento) as deixarem sob a responsa-bilidade dos avós e,

• 41%(quarenta e um por cento) dos ca-sos, foram relatados a perda da guarda dos filhos devido ao uso de drogas.

Quanto a vida escolar das crianças e adolescentes, 47% (quarenta e sete por cento) afirmaram que devido ao uso de drogas na família ou pessoas da convivên-cia, as crianças e adolescentes tem enfren-tado dificuldades escolares. Também foi investigado a violência dos filhos contra os pais em decorrência da presença do uso de drogas, donde, 38% (trinta e oito por cento) afirmaram que já vivenciaram esta violação.

Finalmente, 46%(quarenta e seis por cento) assinalaram que já foram demitidos devido a situações que en-volvem o uso de álcool e outras drogas, sendo que 52% (cinquenta e dois por cento) afirmaram que a família passou por dificuldades materiais.

SITUAÇÕES DE RISCO PESSOAL

E SOCIAL ENVOLVENDO O USO

E O TRÁFICO DE DROGAS, FORMAS

DE PREVENÇÃO E BUSCA POR AJUDA.

Neste bloco foram discutidos os dados da pesquisa que envolvem os seguintes temas: tráfico de drogas e

seus impactos sobre o cotidiano das famílias de pessoas com dependência química; situações de risco pessoal e social de pessoas que usam drogas; receptividade e pro atividade dos en-trevistados em ajudar as pessoas nes-sa condição; rede de atendimento para cuidados às pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas; papel do CRAS no apoio às famílias e temáticas impor-tantes para ações de prevenção ao uso de drogas.

Apontam-se as seguintes situa-ções que causam impactos financeiros nas despesas domiciliares relacionadas ao uso de drogas:

• 49% às vezes e sempre pagam dívidas de drogas com o dinheiro que deveria ser utilizado para as despesas domiciliares;

• 41% às vezes e sempre apresentam ter água ou energia elétrica “cortada” por falta de pagamento;

•46% às vezes e sempre vendem os ob-jetos domiciliares;

31

• 49% somem com os objetos domiciliares;

• 43% às vezes e sempre sinalizam a falta de vestuário e alimentação;

• 39% às vezes e sempre perderam o carro ou moto;

• 35% às vezes e sempre perderam a casa.

Dentre as situações de risco pes-soal elencadas pelos entrevistados, em relação a pessoa que usa drogas, temos a destacar:

• 67% acreditam que pessoas que usam drogas podem ser presas por conta do uso indevido;

• 79% acreditam que pessoas que usam drogas podem morrer em decorrência do consumo;

• 57% acreditam que às vezes e sem-pre pessoas que usam drogas sentem medo da polícia invadir a casa;

• 52% acreditam que às vezes e sem-pre pessoas que usam drogas sentem medo do traficante invadir a casa;

No tocante a receptividade e proatividade em ajudar pessoas da família e/ou conhecidos que usam substâncias psicoativas, 80% dos en-trevistados tem interesse em ajudar essa pessoa a parar de usar drogas, e 56% já fez algo concreto para ten-tar evitar ou impedir que essa pessoa usasse drogas. Entretanto, 65% acre-ditam que precisa de ajuda para lidar com estes problemas e gostaria de ser ajudado das seguintes formas: por meio de discussão sobre o assunto, atendimentos individuais e atendi-mentos em grupo.

Apesar da manifestação do desejo em ajudar a pessoa a parar de usar dro-gas, 55% (cinquenta e cinco por cento) não sabem onde procurar ajuda e 68% (sessenta e oito por cento) consideram difícil encontrar ajuda para enfrentar tal problemática.

Dos profissionais considerados

importantes para ajudar a pessoa que usa drogas foram citados profissionais da área da saúde, assistência social, segurança pública e também lideran-ças religiosas.

Para o universo entrevistado, 84% (oitenta e quatro por cento) acredi-

Como você gostaria de ser ajudado para ajudar esta pessoa

ou como você acredita quea família poderia ser ajudada

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32

tam que o trabalho do CRAS é impor-tante para as famílias com presença de usuários de álcool e 85% (oitenta e cinco por cento) acreditam que o CRAS pode auxiliá-lo, através dos seus serviços, a ajudar o familiar ou pessoa de convivência com o depen-dente química.

ANÁLISE DE RESULTADOS

Ao analisar os dados é possível in-ferir que os entrevistados possuem uma visão crítica fragmentada sobre o uso e abuso de drogas, desconsiderando os aspectos macro e microeconômicos do tráfico de drogas na constituição da so-

ciedade contemporânea, principalmen-te, porque o tráfico internacional de dro-gas lidera em segundo lugar o comercio da economia mundial.

Os resultados apontam que a amostra pesquisada – usuários dos ser-viços dos CRAS-, conhecem as princi-pais drogas veiculadas: álcool, cocaína, maconha, crack e tabaco e o motivo para o uso de drogas foi associado às más companhias, seguido de curiosida-de e diversão.

Parte significativa dos pesquisa-dos percebem a dependência química como falta de caráter ou opção de vida, conceito este que reforça o estigma ao dependente químico e a sua família. Apesar disto, praticamente todos con-sideram que o uso álcool e/ou outras drogas afetam negativamente as rela-ções familiares.

Um dado que merece bastante atenção por parte dos operadores de políticas públicas é o alto percentual de pai/mãe e avós usuários de drogas. Nas relações familiares, essas são as figuras de autoridade, referência dos filhos, en-

Sabe onde buscar ajuda? Você acha que o trabalhodo CRAS é importante para

as famílias com usuáriosde álcool/drogas?

Sim45%

Não55% Sim16%

Não84%

33

tretanto, diante da dependência quími-ca, há uma inversão nos papéis sociais e os filhos passam a ser os cuidadores dos pais/responsáveis, e em muitos casos, até mesmo provedores da casa.

Quanto à descoberta do uso de drogas, prioritariamente, ficaram saben-do que o familiar fazia uso de drogas, através de vizinhos ou terceiros. A per-cepção das alterações comportamen-tais foi citada apenas em quarto lugar, o que indica a necessidade de maiores investimentos em ações que estreitam os vínculos familiares.

Os sentimentos para com o familiar ou pessoa de convívio que faz uso de drogas são oscilatórios e contraditórios que variam de amor e piedade a raiva e desejo de morte ou prisão. Praticamen-te todos afirmaram que já tiveram ou-tros sentimentos – mais positivos – para com esta pessoa, entretanto, o uso de drogas e as situações de riscos e vulne-rabilidades a que a família fica exposta devido ao uso de drogas, fragiliza as re-lações familiares e como consequência, há o rompimento dos vínculos. Apesar

da incerteza quanto à possibilidade de melhor conviverem com a problemática da drogadição, há o manifesto desejo de serem amparados pelo poder público e também de terem suporte para ajudar o familiar/pessoa de convívio drogade-pendente, entretanto, afirmam não ter conhecimento da rede de serviços de suporte ou tratamento.

Entretanto, em meio a tantas fra-gilidades, reconhecem os CRAS como espaços privilegiados de acolhimento, escuta e trocas de experiências para as famílias que vivenciam a problemática da dependência química.

34

Pesquisa aplicadaaos técnicos do

CRAS piloto

O GT Recomeço Família desen-volveu um instrumental com-

posto por 26 (vinte e seis) questões que foi aplicado aos técnicos dos CRAS pilo-tos, via plataforma Google Forms e que teve por objetivos:

• Conhecer as principais vulnerabilida-des sociais decorrentes do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas atendidas pelos técnicos do CRAS.

• Identificar a percepção, as possibilidades e os limites diante da temática,

OO MUNICÍPIOQUANTIDADE DE TÉCNICOS QUE

RESPONDERAM À PESQUISAPORCENTAGEM

DA AMOSTRA

Botucatu 4 13,3%

Campinas 4 13,3%

Catanduva 5 16,7%

Marília 5 16,7%

Ribeirão Preto 7 23,3%

Sorocaba 5 16,7%

35

• Levantar as expectativas no tocante a atuação frente às vulnerabilidades so-ciais decorrentes do uso, abuso e depen-dência de substâncias psicoativas

• Conhecer as potencialidades e fragili-dades enfrentadas com vistas a pautar estratégias de intervenção O questionário foi aplicado entre os dias 27/10/2016 a 29/11/2016 através do sis-tema Google Forms a 30 técnicos dos CRAS piloto (veja a tabela ao lado).

Do universo pesquisado, todos de-clararam atuar em CRAS e atender em suas rotinas de trabalho, famílias em situação de vulnerabilidades decor-rentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas, sendo que 80% (oitenta por cento) afirmaram que atuam com esta vulnerabilidade diária ou semanalmente.

No gráfico ao lado, estão descritas as principais vulnerabilidades sociais de-correntes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas, descritas pe-los técnicos dos CRAS piloto.

Na categoria outros, estão inseridos: conflitos comunitários, envolvimento com o tráfico, ambientes propícios para o uso de drogas e privação de direitos.

Principais vulnerabilidades em decorrência do uso, abuso ou

dependência de drogas

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Considerando o contexto da depen-dência química, os pesquisados elenca-ram qual o público que mais atendem em suas práticas.

Os pesquisados elencaram, em ordem decrescente, o público em situ-ações de vulnerabilidade social decor-rente do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas. Esta é uma questão que admitia múltiplas respostas.

Público atendido pelo CRAS

43%

26%

70%

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67%

36

Foi questionado sobre a qual política pública cabe a responsabilidade pelo tra-balho social com as famílias. Do total, 96% (noventa em seis por cento) entendem que cabe a Política Pública de Saúde.

Apesar de 96% dos pesquisados terem atribuído a maior responsabili-dade de realizar o trabalho social com as famílias à Política Pública de Saúde, 73,3% também reconhecem a responsa-bilidade da Política de Assistência Social frente a essa problemática, no momento em que se faz referência às Proteções Sociais Básica, Especial de Média e Alta Complexidade como ações prioritárias para este público.

Entre os profissionais que entendem que tal tópico deva ser atendido pelo Ser-viço de Proteção Social Básica, as prin-cipais ações apontadas que devem ser implementadas junto ao público alvo são:

Atendimento coletivo com família,grupos/reflexão

Acolhimento

Articulação com a rede

Campanhas/ações comunitárias

Ações de prevenção

Ações com parceirose rede intersetorial

Fortalecimento de vínculosfamília e comunitário

Oficinas socioeducativas

Dentre os técnicos dos CRAS que res-ponderam que cabe ao Serviço de Prote-ção Social Especial de Média e Alta Com-plexidade, as sugestões de ações são:

Atendimento individual e/ouem grupo (usuário e/ou família)

Fortalecimento de vínculos familiares

Acompanhamento sistemático(fortalecimento função

protetiva da família)

Acolhimento

Trabalho com medida sociaeducativa

Atender demanda deviolência de direitos

Encaminhamento para o CRAS

Apesar de 96% dos pesquisados terem considerado que o trabalho social com as famílias de usuários de subs-tância psicoativas seja de competência da Política de Saúde, os mesmos con-seguem identificar as ações citadas no quadro acima, da Proteção Básica da Assistência Social através dos CRAS e as ações da Proteção Média e Alta Comple-xidade através dos CREAS.

Dos pesquisados, 93% declararam entender que o trabalho social com fa-

37

mílias que enfrentam vulnerabilidades decorrentes do uso, abuso, dependên-cia ou tráfico de drogas deve ser realiza-do por meio de abordagens individuais, sendo os principais instrumentos e/ou ações a serem utilizadas junto às famílias que enfrentam situações de consumo e/ou tráfico de drogas:

Acolhida e encaminhamentos (90%);

Orientações sociais (80%);

Visita social domiciliar (76,7%);

Palestras informativase aplicação de técnicas dedinâmica de grupo (73,3%);

Oferta de cursosprofissionalizantes (63,3%);

Plano de Acompanhamento Integral

Familiar (PAIF) e Estudosde casos (60%).

Em torno de 86% dos técnicos de-clararam não se sentirem preparados, em termos de conhecimento teórico-prático para atuarem diante da temática de uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas.

Questionados sobre o desempenho de seus colegas de trabalho, 96,7% dos entrevistados entendem que estes tam-bém não estão preparados em termos teóricos, técnicos e práticos.

Dentre os pesquisados, 96,7% infor-maram que gostariam de receber capa-citações teóricas sobre substâncias psi-coativas e seus efeitos, sendo que 86,7% preferem aulas presenciais. Quando ques-tionados sobre capacitações que abor-dam “práticas” de atuação, 90% dos pes-quisados demonstraram interesse sendo que 60% destes preferem o aprendizado por meio de aulas presenciais e 30% por meio de oficinas de discussão de casos.

Perguntados sobre quais são os li-mites de atuação da Política Pública de Assistência Social no contexto de uso, abuso, dependência e/ou tráfico de substâncias psicoativas podendo apon-tar até três tópicos, elencaram:

Limites da Política de Assistência Social na interface

com a Política sobre Drogas

Falta de investimento financeiro

2

Equipe técnica reduzida

3

Falta de equipamentos públicos dasoutras políticas

4

Falta de qualificação profissional

4

Trabalho emrede intersetorial

5

38

1º - Trabalho em rede intersetorial com as Políticas Públicas;

2º - Equipe técnica reduzidas para aten-dimento em grandes territórios;

3º - Ausência de qualificação dos profis-sionais das diferentes políticas públicas que atuam direta ou indiretamente com a temática;

4º - Falta de investimento financeiro;

5º - Falta de equipamentos públicos para inserção e reinserção em programas/projetos sociais.

Quanto às fragilidades da Política de Assistência Social, a falta de RH e de quali-ficação profissional foram os mais citados.

Os pesquisados também responde-ram sobre as potencialidades da Política de Assistência Social. De acordo com as respostas, podendo apontar até três, os aspectos positivos são:

Comprometimento éticoe político do profissional

Acesso direto coma população vulnerável

Trabalho com famílias/vínculos com as famílias do território

Articulação da rede socioassistencial

Ter o serviço do CRASde portas abertas no território

Rede socioassistencial

Intersetorialidade

Quanto às três (03) principais necessi-dades identificadas pelos pesquisados para a oferta de ações qualificadas pela Assis-tência Social, os tópicos elencados foram:

Capacitação Técnica

Fragilidades da Políticade Assistência Social

Recursos financeiros insuficientes

7

Falta de RH21

Falta de qualificação profissional

9

Falta de recursosmateriais

7

39

Contratação de Recursos Humanos

Aumento de Recursos Financeiros

Parceria com as PolíticasPúblicas envolvidas

Capacitação dos profissionais

Espaço Físico Adequado à Demanda

Serviços de apoio ao usuário

Questionados sobre os principais desafios encontrados no cotidiano pro-fissional ou pessoal quando o assunto versa sobre “problemas relacionados ao uso de drogas”, responderam:

Despreparo das equipespara fazerem abordagem

Insuficiência de serviços municipaispara atender a demanda

Negação de tratamento pelo usuário

Adesão ao serviço

Capacitação paraabordagem com familiar

Ausência de PolíticaPública de Saúde Mental

Preconceito (comunicação sobre oassunto drogas, ainda preconceituosa)

Articulação da rede

Situação de pobreza

Os profissionais pesquisados elen-caram as temáticas que os qualifica-riam do ponto de vista teórico-prático sobre a temática para lidar com o tema no seu cotidiano:

Abordagem familiar

Atuação do profissional da Assistência Social – Competências e Limites

Uso, abuso e dependênciade substâncias psicoativas

Trabalho em rede – fortalecimentoPrevenção (ampliação das ações)Relações com o tráfico de drogas

ANÁLISE DOS RESULTADOS

As respostas apontaram para uma forte resistência ao trabalho com as famí-lias de usuários de substâncias psicoati-vas como sendo uma ação da Política de Assistência Social delegando-se tal ação à Política de Saúde denotando certo equívoco entre a problemática de saúde do usuário de substâncias psicoativas e o impacto desse uso causado à dinâmica familiar.

A falta ou insuficiência de recursos humanos para atender a demanda da política de assistência social, em espe-cial, em grandes territórios com diver-

40

sas vulnerabilidades, ao lado da falta de qualificação teórico-prática para atuar com as situações de riscos sociais e/ou comunitários em decorrência do uso de drogas, foram as temáticas recorrentes quando questionadas sobre as necessi-dades das equipes, dificuldades na atu-ação e fragilidades da política de assis-tência social.

Os dados apontam para a necessi-dade de capacitação para que as equi-pes reconheçam:

• Que segundo a PNAS – Política Nacio-nal da Assistência Social, as famílias com membros usuários de drogas compõe o público prioritário para a Política de As-sistência Social;

• Que são profissionais potentes, capazes de atuar com as famílias com vulnerabili-dades sociais em decorrência do uso de drogas por parte de algum membro.

42

Metodologiada Capacitação

aos CRAS

O ara construir a metodologia da capacitação, o GT Recomeço

Família convidou os técnicos de cada município para participarem de uma reunião do GT, onde tiveram contato com o resultado da pesquisa aplicada aos técnicos e discutiram sobre os mé-todos de intervenção junto às famílias com usuários de drogas, suas fragilida-des e potências nas práticas diárias.

A OSC Casa das Caldeiras e a EDESP integraram a equipe no processo de ela-boração da metodologia de capacitação e, posteriormente, na aplicação do piloto.

A capacitação técnica teve por objetivos:

• Levar cada técnico a se reconhecer como potência na prática profissional;

• Levar os técnicos do CRAS a reconhe-cerem que a política sobre drogas tem interface direta com a política da assis-tência social;

• Levar os técnicos a reconhecerem que as famílias com usuários sobre drogas é público-alvo das intervenções dos CRAS;

• Fornecer instrumentos que qualifi-quem as metodologias de intervenção dos técnicos dos CRAS.

O CAMINHO PERCORRIDO: PROPOSTA

DE CAPACITAÇÃO

Foi construída uma capacitação para os técnicos e coordenadores de CRAS, podendo ser estendida à ges-tão da Assistência Social Municipal, que rompesse com a lógica de professor/aluno. Nessa perspectiva, todos os par-

OOOO

43

ticipantes, independentemente da posição que ocupavam na instituição, tiveram a mesma oportunidade para contribuir, in-dagar, sugerir e compor num espaço lúdico, de troca e aberto à construção de soluções coletivas. Este método de formação com foco na participação e trocas de experiências foi desenvol-vido em 2 (dois) dias, com carga horária total de 16h.

1º DIA

Período Manhã:

- Acolhida;- Atividade Lúdica: Desconstrução do Espaço e Reconexão Comigo- Vivência: Linha do Tempo

Debate: O que todas estas histórias têm em comum? O que tem de potente? Quais são os elementos que as aproximam ou as diferenciam das histórias dos nossos usuários nos CRAS?

- Almoço

Período da Tarde:

- Apresentação do Programa Recomeço: uma vida sem drogas- Apresentação e discussão dos dados da pesquisa com os técnicos.

Debate: A visão do profissional do CRAS sobre as questões abordadas na pesquisa corresponde às opiniões emitidas pe-

los usuários? As respostas dos técnicos e usuários contribuem para a construção de uma nova forma de atuação com as fa-mílias atendidas?

- Finalização do primeiro dia.

2º DIA

Período da Manhã:

- Acolhimento- Técnica do quebra-cabeças – Construção de:

• Fatores de risco a que usuários de drogas e/ou suas fa-mílias estão expostos.• Programas, serviços e políticas públicas envolvidas na prote-ção aos usuários de drogas e /ou suas famílias.

- As bases legais da interface SUAS e Política sobre Drogas.

- Almoço

Período da Tarde:

- Psicologia Social: identidade e subjetividade- Debate: o indivíduo que afeta e é afetado pelo seu entorno. - Estudo de Caso- Encerramento

44

1º Encontro CRAS Municípios de Ribeirão Preto e Catanduva 2º Encontro CRAS dos Municípios de Botucatu e Marília

3º Encontro CRAS dos Municípios de Campinas e Sorocaba

CAPACITAÇÃO AOS COORDENADORES E TÉCNICOS DOSCENTROS DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

OBJETIVO: Sensibilizar e capacitar os coordenadores e técnicos do CRAS, para que prestem atendimento socioassistencial às famílias dos usuários de substâncias psicoativas.

FUNDAMENTOS:- Capacitação planejada a partir das demandas apresentadas pelos técnicos e usuários do CRAS, via diagnóstico aplicado;

- Foco no sujeito da capacitação;

- Reconhecimento das potencialidades dos participantes;

45

FUNDAMENTOS: - Reconhecimento das potencialidades dos participantes;

- Canal de comunicação entre os facilitadores e participantes construído pelo viés da escuta ativa e do respeito à diversidade de opiniões;

- Investimento na sensibilização do participante, a fim de criar uma base sólida para o desenvolvimento do conteúdo e da proposta de intersetorialidade;

- Reconhecimento do papel e da autonomia de cada ente federativo envolvido na capacitação;

- Presença dos atores intersetoriais.

- Ciência dos facilitadores sobre o papel da facilitação durante todo o tempo.

ELEMENTOS ESTRUTURANTES: - Infraestrutura que garanta uma ambientação favorável ao desenvolvi-mento e bom resultado da capacitação;

- Estratégias que promovam e garantam a participação dos envolvidos;

- Instrumento para Combinados estabelecidos pelo grupo quanto à es-cuta e respeito em relação às diferentes opiniões dos participantes;

- Intervalos para socialização do grupo;

- Presença dos co-facilitadores;

- Reuniões para que os facilitadores e co-facilitadores avaliem o processo da capacitação;

- Registro sistemático do processo de capacitação.

RESULTADOS:

- Capacidade mobilizadora da metodologia a favor da transformação;

- Desenvolvimento de uma visão de futuro compartilhada pelo grupo;

RESULTADOS: - Cooperação entre Estado e Municípios;

- Reconhecimento do trabalho do Estado; - Clareza dos papéis dos entes federativos envolvidos;

- Parceria das Drads em todo o processo de trabalho;

- Parceria entre o 1º Setor (Seds) e 3º Setor (Casa das Caldeiras) na cons-trução da metodologia;

- Identificação de questões de ordem estrutural que influenciam no desafio da intersetorialidade;

- Maior compreensão dos coordenadores e técnicos dos CRAS pilotos, no que se refere à Política sobre Drogas;

- Otimização do recurso disponibilizado;

- Abertura para continuidade do trabalho de intersetorialidade proposto.

PRIMEIROS RESULTADOS: RELATOS DAS EXPERIÊNCIAS

“Nós buscamos sensibilizar cada um para o reconhecimento das próprias habilidades e potências! Para isso, partimos de um lu-gar que entendemos ser comum a todos nós, que é sermos mem-bro de uma família. Todos nós, de alguma forma, somos parte de uma família. Família é o nosso lugar de proteção. Não tem a ver apenas com os laços de sangue, mas também com as escolhas do coração. Algumas vezes escolhemos apenas uma pessoa para ser a nossa família, um amigo, um professor, um parceiro... Outras vezes é essa pessoa que nos escolhe. Tem gente que reconhece um gru-

46

po de pessoas como família, vizinhos, amigos, pessoas com quem tem laços de sangue, ou pessoas que têm um interesse em comum, como nosso grupo de hoje. A verdade é que, de alguma forma, sem-pre somos parte de uma família. E nesses dois dias estamos aqui reunidos com um objetivo comum, como numa grande família”.

de oficina. O primeiro encontro aconteceu em 29 e 30 março de 2017, em Ribeirão Preto, para a capacitação dos CRAS Ribeirão Pre-to – DRADS Ribeirão Preto e CRAS Catanduva - DRADS São José do Rio Preto; o segundo, realizado em 18 e 19 de abril, em Botucatu, atendeu aos CRAS Botucatu –DRADS Botucatu e CRAS Marília – DRADS Marília; e o terceiro encontro, ocorreu em 26 e 27 de abril de 2017, em Sorocaba para a capacitação das técnicas dos CRAS Sa-télite Iris – DRADS Campinas e CRAS Ipiranga – DRADS Sorocaba.

O processo de sensibilização foi realizado a partir da me-todologia da Vivência Família–Ação da Casa das Caldeiras, as-sociada aos conteúdos e estratégias do Programa Recomeço: uma vida sem drogas do Governo do Estado.

As atividades, inclusive aquelas que trariam o conteúdo do Programa Recomeço, durante os dois dias de imersão, fo-ram trabalhadas a partir do lúdico, a partir do lugar do sensível, da prática e do fazer. Com o lúdico, se garante a presença, pos-sibilitando vivenciar os conteúdos - a partir dos seus conceitos de vida, refletir sobre eles, se apropriar, aprender e transformar.

As capacitações tiveram as mesmas programações e ativida-des, contudo, como esperado, cada grupo interagiu de uma forma, sendo mais ou menos resistente. Isso gerou diferentes desafios ao grupo de trabalho e exigiu adaptações na metodologia construída.

Antes de iniciar cada oficina, a equipe organizadora pre-parava o local, de modo a torná-lo mais acolhedor, lúdico e informal. Foram colocadas frases e cartazes pelo ambiente, e todas as mesas e cadeiras ficaram encostadas nas paredes para conseguir um maior espaço de circulação.

Ilustração Karina Soccomanno

A partir desta fala, o GT iniciou cada um de seus encontros, apresentando aos técnicos participantes o principal tema do proje-to. Como apontado anteriormente, as capacitações foram feitas em grupos de dois municípios, na modalidade presencial e em formato

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A recepção também foi importante. As pessoas que chegavam eram recebi-das informalmente, com um beijo e/ou abraço e convidadas a entrar e passear livremente pelo ambiente. Os técnicos participantes ficaram surpresos:

“Não estavámos esperando um Es-tado moderno e humanizado”

Diretora da DRADS SJRP, Silvia Laguna

Após a apresentação foi iniciado o relaxamento do grupo, tendo como obje-tivo romper com a agitação e trazer a con-centração. Desta forma foi solicitado que se buscasse uma posição de conforto, deitados ou sentados de olhos fechados, prestando atenção aos estímulos dados, observando o peso do corpo, a respira-ção, aguçando as sensações quanto à temperatura, cheiros e barulhos.

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Em seguida, foi colocado um pot-pourri de músicas e so-licitado que as pessoas caminhassem de acordo com a mú-sica, buscando perceber o próprio corpo. Foram dados vários estímulos conforme a troca de estilos musicais. A intenção foi trazer o grupo para vivenciar o seu corpo em movimento, tra-zendo presença e conexão consigo mesmo e com o grupo.

Depois desta iniciação os participantes eram convidados a se sentarem e ouvir duas histórias, contadas em primeira pessoa por dois técnicos da casa das Caldeiras. O objetivo foi chamar a atenção de todos para a dinâmica da vida de uma fa-mília que convive com um usuário de substâncias psicoativas. Quando se escuta uma história na primeira pessoa, ocorre uma sensibilização, e o ouvinte é remetido à sua própria história de vida e às suas lembranças, percebendo as semelhanças entre a narrativa e suas experiências. Isso ocorre pois tais lembran-ças e experiências se construiram a partir das mesmas emo-ções, as quais perpassam todos os seres humanos, membros de uma família.

Outras histórias foram contadas e percebia-se na expres-são dos participantes que elas mexeram com aqueles que se permitiram, pois traziam questões do cotidiano pessoal e pro-fissional. Mesmo para os que se mostravam resistentes, havia uma expressão menos dura.

Depois disso se iniciou a contrução da “linha do tempo”. Foram distribuídas cartolinas para todos os presentes e solicita-do que cada um tentasse construir sua linha do tempo, com os momentos marcantes que lhe afetaram positivamente ou nega-

tivamente, partindo de onde veio (sua origem), onde está ago-ra, para onde está caminhando e onde deseja chegar. Cada um teve 20 minutos para construir/desenhar sua linha do tempo.

Todas os participantes estavam compenetrados e entre-gues à atividade (inclusive as técnicas resistentes!), e a maioria estava gostando de fazer essa atividade, refletindo sobre a sua trajetória de vida.

Já no segundo momento da atividade, foram formados trios, preferencialmente entre pessoas que não possuíssem inti-midade, para que, a cada cinco minutos, alguém do grupo apre-sentasse sua linha do tempo para as outras duas. A intenção é a escuta - se escutar e perceber como as histórias reverberam em si e no outro, como as histórias mexem com os outros e juntos encontrar os pontos em comuns e construir os vínculos.

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Estavam sensibilizadas com todo o processo da linha do tempo. Refletir sobre o presente é se reconectar com o passa-do para entender o momento atual. Compartilhar com o outro a sua história foi se ver de um jeito único, escutar a história do ou-tro foi descobrir que o outro também tem uma história potente, foi solidarizar e se identificar com a história do outro, e, buscar os tesouros em comum. Descobrir os traços comum transfor-ma o que já é aparentemente conhecido.

A maioria se sentiu à vontade para falar sobre suas angús-tias, medos, sobre o sentimento de impotência e até mesmo so-bre seus preconceitos, vivenciados no cotidiano profissional. Havia uma ambiência de respeito instaurada, criando espaço para verba-lizar experiências e reflexões sem medo: apareceu a mentira como

estratégia de sobrevivência das famílias atendidas. Muitas vezes o profissional se sente traído pelo usuário/família, chegando a ques-tionar qual foi de fato a relação estabelecida entre eles. O que não foi percebido e trabalhado. O medo de lidar com o traficante e até com o marido violento, que acaba indo cobrar diretamente delas... Se sentem inseguras. Nessas reflexões começaram a se colocar no lugar das famílias, como seria para elas se expor ao outro, pedir ajuda, falar das suas dificuldades. Que vínculos elas estavam crian-do com as famílias, já que tinham que enquadrá-las para poder ofertar algum benefício? Quais os limites das políticas públicas…

Falaram também das suas vidas pessoais, das dificuldades enfrentadas, dos bullings sofridos, como superaram, riram do pas-sado, transformando a dor superada em passagens engraçadas.

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Identificaram seus tesouros co-muns, mulheres fortes e independentes, mulheres que foram atrás dos seus so-nhos, comprometidas com que fazem, reconheceram o seu trabalho enquanto realização pessoal. Também refletiram sobre o jeito único de cada um, e aí entra também o outro, o usuário, que também tem um jeito único de ser e de escrever sua história. Até mesmo o jeito único de se revelar ao outro.

Outra dinâmica realizada foi a do corpo coletivo. Em círculo e de mãos dadas, se produz uma movimentação coletiva a partir do grupo. Algumas fra-ses foram usadas para incentivar o mo-vimento e a percepção de si e do todo.

Um membro do GT ia fazendo a sen-sibilização do grupo, solicitando que as pessoas no círculo percebessem e sentissem o grupo como uma extensão do seu corpo. Estímulos foram dados pausadamente, com uma música instru-mental ao fundo. “Somos um único cor-po. Como o meu movimento interfere nes-se corpo? Estou tenso, contido, ansioso, deixando o movimento fluir? Se eu mudo a minha maneira de me movimentar eu provoco um impacto nesse corpo? Expe-rimente deixar o movimento passar por você, sem colocar uma intenção, apenas deixe o movimento fluir por você.”

Após a realização de cada ativida-de, era pedido às participantes que fa-lassem uma palavra de como a vivência em questão as tinha afetado. As palavras eram: revigorada, estimulada, conecta-da, animada, curiosa, motivada, fortale-cida, energizada, esperançosa, potente, empoderada, plena, entre outros.

Em “Diagnóstico das Famílias de Dependente de Drogas Psicoativas dos CRAS”, as pessoas eram divididas em

grupos de quatro, e cada grupo conti-nha uma cor de balão com perguntas dentro. Foram selecionadas 10 questões do questionário usado no diagnóstico para o grupo responder no lugar da fa-mília atendida. Como a família atendida pelo CRAS responderia a esta ou aquela questão? Foram 15 minutos para res-ponder as questões.

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A escolha das questões para abrir o debate foi muito assertiva, possibilitou a reflexão sobre os conceitos e pre-conceitos e desconstruiu o olhar que estava já sedimentado para as demandas e para com a proposta do Programa Re-começo Família.

Dentro do grupo, as discussões foram produtivas, pois ti-veram de ser discutidas as questões a partir do cotidiano pro-fissional no CRAS. Nas conversas transpareceu o descontenta-mento com relação ao Estado e o não reconhecimento do seu fazer profissional no CRAS. Percebeu-se também que elas não tinham a dimensão do papel do CRAS para essas famílias.

Os dados das 10 questões da pesquisa com os familiares, mostrou a todos os problemas relacionados ao uso de drogas

no cotidiano, que foram nomeados pelas famílias. As respostas dos técnicos partiram do seu olhar, de-

monstrando o quanto não estavam de fato escutando as famílias. As respostas dadas pelos técnicos partiram muito de seus julgamentos frente às questões, ao invés de virem do seu conhecimento a respeito de como as famílias veem estas questões.

A partir dos dados das 10 perguntas escolhidas na pes-quisa, foi possível observar que as famílias chegam pela porta do CRAS. Refletir sobre suas demandas, e como estas demandas poderiam ser trabalhadas, que é de fato papel do CRAS atuar e interagir nesta problemática, perceber o que a família espera do CRAS e como as famílias veem o CRAS. Não se trata de absorver mais trabalho no CRAS, se trata SIM de entender que o trabalho já está sendo feito e colocar maior intencionalidade nele.

Entre as dinâmicas, houveram palestras sobre a Interface do SUAS com a política sobre drogas. Quando se inicia? Quais as áreas envolvidas? Qual é o papel da Assistência Social? Quando o CRAS surgiu no desenho das políticas - porta de en-trada? O aumento do número de CRAS nos Municípios a partir de recursos financeiros oriúndos do Plano Nacional de Enfren-tamento ao Crack e outras drogas e qual seria a função dos CRAS em relação a famílias dos usuários?. O conceito de se ter um serviço ofertado dentro do território, no lugar do conflito. Estes foram alguns dos temas abordados, que deram margem para outra atividade.

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Cada grupo pode debater e avaliar o papel do CRAS com a família de um usuário. Se no começo achavam que a família dos usuários era uma atribuição de CREAS e da Saúde, ficou claro para elas que o CRAS é a porta de entrada dessas famílias. Na prática já atendem várias delas, encaminham para os ser-

viços existentes (quando tem), mas que, na prática, são elas quem acolhem essas famílias e as acompanham por muitos anos.

Foi realizada também uma apre-sentação dos conceitos da Psicologia Social: reconhecer que o indivíduo está inserido numa sociedade, que afeta e

é afetado por esta sociedade, falar da identidade e criar um entendimento da subjetividade que cada um se constrói. Trabalhou-se o conceito do ser histó-rico, o quanto o contexto que vivemos influencia a forma como nos posiciona-mos e como fazemos as nossas inter-venções. Mostrou ainda as diferenças entre subjetividade e identidade de uma forma didática e concreta.

Por fim, o “Estudo de Caso”. Uma montagem a partir de vários casos, com pequenos dados, para poder compor uma única história. Buscou-se dar um

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cenário e um contexto do cotidiano de uma família que vivencia essa proble-mática no seio familiar. As tentativas, as estratégias mau sucedidas, a busca por ajuda, o isolamento, a vergonha, as mensagens sutis que as familias enviam. Logo surgiram histórias reais, histórias de atendimentos delas, que elas compartilharam e discutiram com muita riqueza.

Uma das técnicas do CRAS Leste de Botucatu contou a história de um menino, André, que ia muito ao CRAS, uma histó-

ria de 20 anos de relação. No começo ele aparecia por lá e tomava um café, mas não se expunha e elas não conseguiam chegar nele. Frequentemente André chegava no CRAS machucado, entretan-to, recusava a contar o que estava acon-tecendo, até que um dia ele resolveu se abrir e pedir ajuda. Após a acolhida pelas AS dá-se o seguinte diálogo:

Técnica do CRAS: “André o que está acontecendo? Como podemos te aju-dar?“ André cabisbaixo, numa mistura de orgulho e medo diz: “Tia, a senhora tá

ligada que eu tô trabalhando para o trá-fico!? Sou aviãozinho.” Técnica do CRAS: “Sim, tô ligada.” André: Só que eu não sei os números e “eles” me enganam na hora do troco. Preciso aprender a contar!”

Ele tinha 12 anos, apresentava pequeno deficit no desenvolvimento, muito provavelmente devido à des-nutrição da mãe durante a gravidez e ausência de acompanhamento durante o pré-natal. Não sabia escrever e nem ler e num processo de segregação e exclusão, foi expulso da escola e nin-guém queria ele por lá. Morava numa Comunidade dominada pelo tráfico; foi internado para tratamento de drogadi-ção por duas vezes, sendo a primeira aos 7 anos. Morava com a mãe - que era usuária de álcool - e dois irmãos. A família, apesar de frágil, aparentava ser amorosa dentro das possibilidades. As assistentes sociais acolheram e o en-sinaram a contar. No tempo, sua mãe morreu, ele ficou órfão e continuou vendendo drogas. Foi morar com uma tia. Ele nos procurava para conversar.

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Não conseguimos muita coisa. Até que um dia ele foi preso. Descobrimos que ele não recebia visitas porque não tinha ne-nhum familiar. O pessoal do CRAS apegado a ele foi atrás de notícias e até tentou visitá-lo. Não conseguiram, mas continu-aram a mandar cartas. Ele disse certa vez: eu sei que eu tenho vocês e posso contar com vocês.

Ao apresentar o caso as técnicas estavam se sentindo impotente e frustradas. Contaram como tivesse sido um caso de fracasso.

O caso foi debatido, o que elas poderiam ter feito diferen-te? A relação que elas tinham construído com ele era potente e importante. Houve sim acolhimento e um vínculo foi criado.

A partir deste exemplo, elas descobriram o que é acolhi-mento de fato. Fizeram isso e de certa forma viraram referência para ele. Entenderam que fizeram o possível. Os encaminha-mentos dependem de uma força tarefa coletiva e integrada de vários setores públicos, como por exemplo, a escola, um trata-mento de saúde, o acompanhamento mais próximo.

Muitas vezes o que melhor se pode oferecer é acolhi-mento e escuta.

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LIÇÕES APRENDIDAS E APREENDIDAS

O o trazer os municípios ficou cla-ro que o olhar dos técnicos era de que o atendimento fosse de função exclusiva da saúde. Ficou claro que apenas a resolução e um guia seriam insuficientes para mobi-liza-los para o atendimento as famílias.

Pontos Fortes

- Despertar dos técnicos sobre o outro;- Discussão e trocas de experiências en-tre os profissionais;

Avaliaçãodo Trabalho

Desenvolvido

- Ampliar o olhar sobre as demandas da família;- Qualificar a metodologia de acolhida, observação e escuta;- Reflexão a cerca do fazer;- Os técnicos se sentiram cuidados e acolhidos;- Importância da articulação em rede;- Intersetorialidade das políticas publicas - Inovação da Tecnologia;

Fragilidades

- Tempo insuficiente para discussão de casos;

- Receio de que o Projeto crie um novo serviço (armadilha)- Necessidade de estabelecimento de fluxo (entre PSB e PSE);- Tempo para trocas de experiências;

Análise

- Discussão dos motivos do uso de droga;- Apesar de 96% dos pesquisados terem atribuídos a responsabilidade de realizar o trabalho social com as famílias para política pública de saúde, 73% atribuíram também essa responsabilidade da políti-ca de assistência social;

O O

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- Apenas 31% percebe o uso de drogas como doença;- Dualidade dos sentimentos;- Equivoco entre a problemática de saúde do usuário de substâncias psicoativas e o impacto desse uso causado na dinâmica familiar.

PERCEPÇÃO DOS TÉCNICOS

Ao final do segundo dia de cada encontro, foi pedido a todos os participantes que respondessem a um questionário sobre as suas percepções das capacitações. Três perguntas ti-nham de ser respondidas:

1. Em resumo, quais as principais reflexões que a capacitação lhe trouxe?2. De que forma o seu fazer profissional poderá se beneficiar dessa experiência?3. Cite pelo menos 3 pontos que reforçam que o objetivo da ca-pacitação foi atingido e 3 pontos que podem ser aperfeiçoados.

Como resposta a primeira pergunta, muitos apontaram a importância do autoconhecimento, de reconhecer as poten-cialidades e limites de si mesmos, do CRAS, e das pessoas que buscam ajuda na instituição. A necessidade de desenvol-ver empatia com os atendidos e de saber escutar também foi muito mensionada.

“O acolhimento, na assistência social, é um processo que re-quer uma escuta e um olhar qualificado, para que se reconheça as potências das famílias, indivíduos”

(André Luiz M. Lima – EDESP)

Outras frases apareceram, como: o reconhecimento da relevância do CRAS na política sobre drogas; que mudanças são necessárias, assim como o rompimento de preconceitos; a grande magnitude das famílias do tratamento dos usuários e de como os técnicos podem trabalhar com elas; a percepção de que os técnicos estão trabalhando de forma isolada e de que precisam de mais capacitação.

“Das possibilidades de qualificar o trabalho que já fazemos e acolher da melhor forma possível as famílias dentro de suas especificidades. Ainda de como há resistências a olhares mais amplos por alguns profissionais. Da necessidade de ouvir e de como muitas vezes é difícil ouvir o outro sem despejar nossas certezas em cima dele”

(Carolina Luiz de Souza – CRAS Satélite Iris– Campinas)

Na segunda pergunta, sobre como a experiência poderia beneficiar as profissões dos técnicos, um grande número de pessoas mencionaram a capacidade de se reinventar e de criar novas estratégias para os trabalhos que elas já desenvolvem, conciliando conhecimento e prática.

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“Como acolher o outro, da forma como gostaríamos de ser acolhidos. No acolhimento, ouvir é importante, mas um elogio e um abraço, são essenciais”.

(Graziela Cano de Haro – CRAS Imperial – São José do Rio Preto)

Outros dissertaram a respeito da ampliação dos conhecimentos sobre o SUAS e a política sobre drogas e como, dessa forma, foram ampliadas as suas possibilidades de atuação. Nesse senti-do apareceu ainda o potencial que seus trabalhos poderiam ter quando realiza-dos em harmonia com a equipe técnica e a rede.

“Esse espaço permitiu refletir o coti-diano profissional. Foi bom parar para re-pensar como atendo meu usuário, qual a imagem que eu passo pra ele, o que mais eu posso oferecer. E consegui reconhecer que apesar da minha pequena interven-ção, isso pode ser grande”.

(Marília Borges Diogo – CRAS Ribei-rão Preto – Ribeirão Preto)

Houve ainda quem ressaltasse a criação de um sentimento de pertenci-mento ao grupo e o descobrimento de uma melhor forma de lidar com a ansie-dade e frustração profissional.

“Somos uma política nova, em cons-trução, e que nós não temos a obrigação de resolver os problemas, mas sim de acolhê-los, acompanhá-los, oferecendo o possível dentro do serviço”

(Andréia Carrato Vicentino – CRAS Santa Antonieta – Marília)

Em relação a terceira pergunta – Cite pelo menos 3 pontos que reforçam que o objetivo da capacitação foi atingido e 3 pontos que podem ser aperfeiçoados – fo-ram apontados como pontos fortes: a foma como o grupo de trabalhou ouviu os técni-cos, dando-lhes liberdade de expressão; a troca de experiências; o aumento do conhe-cimento sobre a polítca de drogas e sobre o Programa Recomeço; o pertenciamento dos profissionais dos CRAS nessa políti-ca; o papel das famílias no tratamento das drogas e no CRAS; o conhecimento do Ma-

nual da Família; a forma como os conceitos foram apresentados, por meio da prática/ vivência; e a discussão de casos verídicos.

Como pontos que poderiam ser me-lhorados, foram citados: a necessidade de supervisão dos resultados desse pro-jeto; mais dinâmicas com foco na equipe e não apenas no individual; dicas de re-ferências bibliográficas; o envolvimento de outras áreas (saúde, educação); uma maior duração das capacitações; e mais discussões de casos.

“Para mim foi tudo novo, me trouxe muito aprendizado relativo ao SUAS, além de reflexões sobre quem sou e qual a mi-nha função neste lugar”.

(Maria Clara S. Suarez – Sorocaba)

ESCOLA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

DO ESTADO DE SÃO PAULO - EDESP

Diante do desafio de construir uma metodologia que favoreça a interface entre a Política sobre Drogas e a de As-sistência Social, pode-se concluir que o

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Projeto Recomeço Família alcançou bons resultados nesta empreitada. Na tentati-va de contribuir com o aprimoramento do atendimento às famílias dos usuários de substâncias psicoativas, a linha de atuação escolhida, na primeira fase do projeto, foi o “fortalecimento das ações nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS)”, o que demonstrou asserti-vidade, já que o processo de capacitação revelou a importância de trabalhar esta questão a partir de um recorte institucio-nal, e posteriormente, ampliar para as re-des socioassistencial e intersetorial.

A estratégia escolhida para viabili-zar e fazer a gestão desta proposta – a criação de um Grupo de Trabalho (GT Re-começo Família) representou um grande diferencial nos processos de aprendiza-do, descobertas e articulação necessária.

O GT Recomeço Família demons-trou visão e atuação abrangentes e que consideravam, ao mesmo tempo, as sin-gularidades dos envolvidos, como as ca-racterísticas das diferentes instituições, adequando tal diversidade ao objetivo da proposta de trabalho.

Houve empenho da equipe do GT Recomeço Família, para alinhar as ideias, conhecimento e habilidades de cada membro do GT. Esse processo foi desafiador, pois foi necessário que o trabalho em grupo revelasse as habi-lidades de cada um, de forma que to-dos se sentissem bem na atividade que lhes caberiam.

Desta forma, pode-se dizer que a forma de condução deste GT merece ser considerada, pois garantiu o alcance do objetivo apresentado.

Outro ponto importante a ser reco-nhecido refere-se às bases da metodo-logia. Tanto nas reuniões do GT, como nas oficinas desenvolvidas com os pro-fissionais do CRAS, a Política de Educa-ção Permanente, que preconiza a cen-tralidade nos processos de trabalho e no trabalhador, serviu de parâmetro para as ações, orientações e encaminhamentos. Com base nesse referencial, as ativida-des propostas estimulavam a reflexão e busca de soluções coletivas.

Cabe ressaltar que, a força do “tra-balho coletivo” não excluiu os espaços

para a expressão da individualidade dos participantes. O ponto de partida para a participação foi o sujeito, sua história de vida, sua visão de mundo, suas relações e o conhecimento apresentado sobre a política pública abordada. Posteriormen-te, houve a troca e integração das dife-rentes posições, para que os consensos fossem construídos e as discordâncias problematizadas.

Ao destacar a “Valorização do Tra-balhador”, a metodologia reforçou a im-portância da “Participação”, elemento fundamental no processo de capacita-ção. A voz do trabalhador foi garantida, num espaço seguro de participação, para que este pudesse colocar seus des-contentamentos, críticas e proposições. Essa voz que, geralmente, não encontra muito espaço nos momentos de decisão foi incentivada e articulada durante todo o processo formativo.

A “Participação” estava intrinseca-mente ligada à proposta de “Sensibiliza-ção”, outro aspecto primordial na atua-ção com os profissionais dos CRAS.

Quanto ao processo de sensibiliza-

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ção, vale dizer que garantiu a abertura dos participantes para o diálogo e refle-xão, fatores essenciais diante do desafio da Intersetorialidade. Adotando estra-tégias distintas da clássica abordagem formal, que é comum no setor público, esse processo foi crescente e repleto de aprendizado, ocorrendo de forma singu-lar em cada grupo capacitado.

Outro aspecto importante se refere à facilitação nas capacitações. A dinâmi-ca de trabalho adotada foi a “mediação simultânea”, ou seja, facilitadores e co--facilitadores atuavam juntos, tendo ob-jetivos e ações diferentes concomitante-mente, durante as atividades. Todos se relacionavam com os participantes, ob-servando comportamentos, apreenden-do percepções e sentimentos, acolhen-do opiniões e administrando conflitos.

Também vale elucidar as “paradas de avaliação” realizadas durante o pro-cesso de capacitação, que garantiram ao grupo de facilitadores: reflexão, ali-nhamento, adequações, redireciona-mento de estratégias, autocrítica e “in-sights” para a segunda fase do projeto.

Os momentos de avaliação são pre-ciosos, pois contribuem para a efetivida-de das capacitações. Além disso, levam o grupo a analisar o quanto está próximo ou distante do planejamento adotado.

Quanto ao “clima” da capacitação, pode-se dizer que foi construído com base na interação entre os participantes e na ludicidade. Desta forma, mesmo com uma carga horária extensa, o am-biente favorável foi mantido. Vale desta-car que, o cuidado com a “ambientação do espaço físico” representou um fator importante, para que os participantes ti-vessem mais liberdade de expressão (se sentiram mais a vontade para fazer suas colocações e contribuições).

Todo processo formativo foi per-meado por um alinhamento entre o conteúdo teórico e as estratégias lúdi-cas e livres, o que contribuiu para que a capacitação não fosse densa (pesada). Os facilitadores mantiveram esse “espí-rito de atuação”, mesmo nos momentos de apresentação das legislações, o que é inovador e desafiador.

Os apontamentos trazidos pelos

participantes e debates foram de uma rica diversidade, registrando, inclusive, questões estruturais e institucionais que precisam ser discutidas, para que haja mudanças mais efetivas (por exemplo: papel do Estado, relação CRAS e CREAS, relação entre estado e município, etc.).

Em relação à reação dos partici-pantes no final da capacitação, pode-se concluir que um dos principais resulta-dos (a “Mobilização”) foi alcançado, pois uma parte significativa dos participantes foi mobilizada, resgatando e fortalecen-do o “sentido do trabalho”, sendo impul-sionada a aprimorar a forma de atuação com as famílias atendidas.

Já outros saíram refletindo sobre a proposta de mudança de atendimento das famílias e a relação mantida com estas.

Também é importante dizer que um número reduzido de participantes saiu incomodado, eles ainda não foram mobilizados, mas reconheceram que a capacitação foi inovadora e prazerosa, devido às estratégias utilizadas. Este fato contribui para o planejamento da segunda fase do projeto, pois traz ele-

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mentos para que a metodologia seja aprimorada, a fim de que todos sejam mobilizados.

Ao final das capacitações podemos concluir que houve uma aproximação entre as Políticas sobre Drogas e a de Assistência Social, nos CRAS pilotos.

Em relação à gestão, representada por Gleuda e Roma da COED, cada uma com seu papel específico, foi outro pon-to fundamental para que o resultado do GT Recomeço Família fosse alcançado. Gleuda apresentou uma visão abrangen-te e aberta para que a inovação fosse um elemento a ser considerado e houvesse meios para implementá-la. Roma fez a gestão do grupo durante todo o proces-so, lidando com a diversidade de perfis profissionais e desafios institucionais. Ti-nha claro o objetivo do GT e o retomava com o grupo e com pessoas em geral, sempre que necessário.

Vale destacar ainda a participação das DRADS, a qual foi essencial no pro-cesso, já que atuam continuamente no território, estando próximas aos municí-pios, o que ajudou na compreensão de

situações, intervenções e mediação de conflitos. Além disso, a participação das DRADS ressaltou a importância do tra-balho compartilhado entre SEDS-sede e SEDS-DRADS.

Também cabe mencionar a parce-ria com a Casa das Caldeiras, que in-fluenciou a equipe do GT Recomeço Fa-mília a investir em estratégias lúdicas e mais livres. Além disso, este parceiro foi essencial para que todo o processo de capacitação fosse alinhavado, gerando uma metodologia inovadora e efetiva. Por último, vale reconhecer a receptivi-dade que os participantes demonstra-ram em relação a estes parceiros.

Cabe ressaltar que o Evento de Fi-nalização foi um exemplo de resultado desta Inovação em vários aspectos: local escolhido para o evento; forma de apre-sentação do trabalho realizado; interação com o público; alimentação oferecida; clima de satisfação; impacto gerado no público, que se surpreendeu e foi envol-vido na apresentação de resultados.

Alguns desafios para a segunda fase do projeto:

- A escala (grande número de mu-nicípios) requer a adequação da me-todologia para multiplicação, que tem como característica central a “Presença”, sem perder os elementos fundamentais que a tornaram efetiva;

- A continuidade do alinhamento com as DRADS, a fim de que sejam multi-plicadoras e sejam apoiadas pela gestão;

- A criação de uma metodologia para mensurar os resultados alcançados após a Capacitação dos CRAS.

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A CADA CHEGADA... UMA NOVA PARTIDA: metodologia

para capacitação dos CRAS do Estado de São Paulo.

O x s resultados obtidos nos 6(seis) municípios pilotos apontaram que o GT Recomeço Família acertou na construção metodológica e tecnolo-gia adotada para capacitar e sensibi-lizar os técnicos dos CRAS para que acolham as famílias que possuem membros usuários de substâncias psi-coativas em suas demandas.

As situações de vulnerabilidades em decorrência de dificuldades vivencia-das por algum dos membros familiares –

no caso do uso de drogas - passaram a intervenções técnicas qualificadas, atra-vés dos Serviços de Proteção e Atendi-mento Integral à Família – PAIF e/ou nos Serviços de Convivência e Fortalecimen-to de Vínculos – SCFV, executados pelos profissionais dos CRAS.

Para garantir que todos os técni-cos dos CRAS dos municípios paulistas recebam a capacitação e assim pos-sam aprimorar suas técnicas de inter-venção junto a este público específico,

o GT Recomeço Família propôs a for-mação dos técnicos estaduais lotados nas DRADS como instrutores para que, após diagnóstico territorial, reapliquem a metodologia, veja modelo ao lado.

Com o apoio da EDESP serão ela-borados materiais didáticos de apoio aos instrutores que passarão por 3 (três) dias de treinamento e formação, num total de 24h/aula. Após a forma-ção, cada DRADS deverá apresentar o Plano de Capacitação com dados:

O x O x O x

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- Municípios e CRAS a serem capacitados;- Quantidade de profissionais a serem capacitados;- Datas;- Local;- Diagnóstico territorial;- Materiais necessários.

Considerando a quantidade de CRAS, caberá a cada DRADS, após diagnóstico territorial, estabelecer o fluxo de capacitação, priorizando aqueles municípios que tenham assi-nado o Termo de Adesão dos Municí-pios ao Programa Recomeço.

Semestralmente, a equipe do Re-começo Família reunirá com os ins-trutores estaduais para avaliação das capacitações e monitoramento das ações. Estas reuniões servirão para aprimorar a metodologia adotada e rever os temas abordados.

COED

DRADS

DRADS

DRADS

DRADS

DRADSDRADS

MUNICÍPIOS

MUNICÍPIOS

MUNICÍPIOS

MUNICÍPIOSMUNICÍPIOS

MUNICÍPIOSMUNICÍPIOS

MUNICÍPIOSMUNICÍPIOS

MUNICÍPIOS

MUNICÍPIOSMUNICÍPIOS

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Produção dematerial didático

Capacitação de instrutores - técnicos das DRADS - com apoio da EDESP e Casa das Caldeiras

Suporte às DRADS no processode capacitação aos municípios

DRADS apresentamo Plano de Capacitação

Reuniões semestrais comos instrututores para avaliaçãoa monitoramento

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ANEXOS

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO

TÉCNICOS DE CRAS

Instrumental para levantamento de informações sobre as ações desenvolvidas nos CRAS em relação ao uso, abuso e dependência química de substâncias psicoativas de famílias usuárias da Proteção Básica nos CRAS.

1 – Qual a DRAS de referência? Botucatu Campinas Marília Ribeirão Preto Catanduva Sorocaba

2 – Qual a unidade de atuação?

CRAS

3 – Qual a função?

Assistente Social Psicólogo Coordenador Outros

4 – Na sua rotina, você atua com vulnerabilidades relacionadas ao uso, abuso ou dependênciade susbtâncias psicoativas?

Sim Não

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5 – Com qual frequência você atua sobreessas vulnerabilidades?

Diariamente Semanalmente Mensalmente

Raramente Nunca atua

6 – Quais são as principais vulnerabilidades sociais nas quais você atua, que considera serem decorrentes do uso, abuso ou dependência de susbtâncias psicoativas? (Indique até cinco)

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 – Neste contexto, qual é o grupo prioritário das suas ações? (Permite mais de uma resposta)

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8 – Na sua opinião, o trabalho social com famílias que enfrentam vulnerabilidades decorrentes do uso, abuso, dependência,ou tráfico de substâncias psicoativas é responsabilidade dequais políticas públicas?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9 – Indique a ação prioritária que você entende ser de responsabilidade das políticas públicas indicadas na questão anterior.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10 – Na sua opinião, na política de assistência social, a atuação diante da temática uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas, diz respeito a:

Proteção Social Básica Proteção Social Especial

Nenhuma Ambas

11 – Se você assinalou Proteção Social Básica, indiqueaté três principais ações que podem ser executadas pela equipe.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12 – Se você assinalou Proteçaõ Social Especial, indiqueaté três principais ações que podem ser executadas pela equipe.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13 – Você acredita que o trabalho social com famílias que enfrentam vulnerabilidades decorrentes do uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas deva ser:

Abordagem Individual Abordagem Coletiva Ambas

14 – Se você assinalou abordagem coletiva, indique quais as metodologias de grupos que podem ser desenvolvidas na Assistência Social.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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15 – Na sua opinião, quais instrumentos e/ou ações devem ser utilizados pela equipe técnica da Assistência Social para atender famílias que enfrentam vulnerabilidades decorrentes do uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas? (Permite mais de uma resposta)

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16 – Você se sente preparado (a) em termos teóricos para atuar dianteda temática uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas?

Sim Não

17 – Você se sente preparado (a) em termos técnicos e práticos para atuar diante da temática uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas?

Sim Não

18 – Você acredita que seus colegas de trabalho estão preparados em termos teóricos, técnicos e práticos para atuar diante da temática uso, abuso, dependência ou tráfico de drogas?

Sim Não

19 – Você gostaria de receber capacitação em termos teóricos sobre substâncias psicoativas e seus efeitos?

Sim Não

20 – Se sim, de que forma?

Presencial Educação à distância (EAD) Outros

21 – Você gostaria de receber capacitação em termos práticos sobre atuação diante do contexto do uso, abuso, dependência e/ou tráfico de substâncias psicoativas e seus efeitos?

Sim Não

22 – Se sim, de que forma?

Presencial Educação à distância (EAD) Outros

23 – Na sua opinião, quais são os limites de atuação da Política de Assistência Social na conjuntura que envolve a temática do uso, abuso dependência e/ou tráfico de substãncias psicoativas? (Aponte até três)

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

24 – Na sua opinião, quais são hoje as fragilidades da Política de Assistência Social? (Aponte três)

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

25 – Na sua opinião, quais são hoje, as potencialidades da Política de Assistência Social (Aponte três)

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

26 – Aponte as três principais necessidades que você identifica (recursos, apoio, etc.) para a oferta de ações qualificadas à Assistência Social na conjuntura que envolve a temática da Política sobre Drogas.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

69

27 – Quais os principais desafios que você encontra no seu cotidiano (profissional ou pessoal) quando o assunto é “problemas relacionados ao uso de drogas?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

28 – Quais temáticas o ajudariam a entender os problemas e as práticas que você encontra no seu cotidiano? Cite três conteúdos que você considera necessários.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

29 – Aponte suas sugestões, críticas e possibilidades de atenção nesta conjuntura.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO USUÁRIOS DE SERVIÇOS DOS CRAS

Instrumental para levantamento de informações sobre vulnerabilidades decorrentes do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas de famílias usuárias da Proteção Social Básica nos CRAS.

Objetivos:

- Mapear as vulnerabilidades sociais decorrentes do uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas com vistas a pautar estratégias de intervenção;- Identificar a percepção, as expectativas e o contexto sociocultural das famílias diante da temática.

Proposta metodológica:

- Usuários atendidos pelo CRAS, preferencialmente, participantes dos grupos socioeducativos a partir de 15 anos.- Aplicação do instrumento por técnicos do CRAS mediante aceite voluntário.- O preenchimento deverá ser individual e a aplicação individual e/ou coletiva.- Tempo médio de aplicação: 15 minutos.

Saber sua opinião é muito importante para podermos planejar nossas ações. Você não é obrigado a responde-las, mas poderá ajudar muito se aceitar. Não precisa nos dizer nomes (nem o seu, nem de nenhum familiar) e de maneira nenhuma você será identificado ou prejudica-do. É muito importante que seja sincero. Se tiver dúvidas, pergunte a qualquer momento para o técnico que está lhe entrevistando.

1. Qual a sua idade?

15-18 18-59 Igual ou maior que 60

70

2. Você sabe o que são drogas?

Sim Não

3. Quais drogas você conhece?

Maconha Cocaína Crack Álcool Remédios

Tabaco Lança perfume Chá de cogumelo Outros

4. Há alguém na sua família que faz uso de drogas?

Sim Não

5. Se respondeu sim, qual seu parentesco com essa pessoa?

Pai Mãe Padrasto/madrasta Irmãos Filhos

Tios Primos Outros

6. Essa pessoa mora na sua casa?

Sim Não

7. Você convive com outras pessoas (que não são da família)que fazem uso de drogas?

Não Amigos Colegas de trabalho Colegas de escola Vizinhos Outros

8. Como você descobriu que a pessoa fazia uso de drogas?(Permite mais de uma resposta)

Vizinhos/amigos contaram Descobri quando estava usando em casa

Viu sinais:/sentiu cheiro/achou drogas em casa A escola chamou e contou

No trabalho/perdeu emprego/foi chamado (a) pelo patrão

Ele (a) veio pedir ajuda/pediu ajuda

Apareceram problemas judiciais/com a polícia Comportamento mudou: ficou agressivo(a)/indiferente/alienado(a)

Quando teve problemas de saúde

Teve acidente sob efeito de droga/álcool

Chegou embriagado(a)/alterado(a) em casa Outras

Estamos interessados em saber o que você pensa sobre drogas

9. Por que você acha que as pessoas usam álcool/drogas?(Pode ser marcada mais de uma resposta)?

Andava com más companhias

Na família outras pessoas também usam

A família não soube educar Era revoltado/indisciplinado.

Porque era adotado Ausência de pai Ausência de mãe

Genético/nasceu assim Recebeu pouca atenção/cuidados.

Baixa autoestima Para se enturmar/soltar-se.

Abuso/físico/sexual Curiosidade Diversão

Problemas psiquiátricos Conflitos na família

Não sei Outras:

71

10. Você acredita que exista uma “droga pior que a outra”?

Não

Se sim qual? Maconha Cocaína Crack Álcool Remédios

Tabaco Lança perfume Chá de cogumelo Outros

11. Você considera o álcool como droga?

Sim Não

12. Você considera o cigarro (tabaco) como droga?

Sim Não

13. Você acredita que o uso de drogas é:

Opção de vida Doença Falta de caráter Outros:

14. Você acha que o uso de drogas afeta a família?

Sim Não

15. Você acredita que o problema do uso de drogas é:

Apenas de responsabilidade da pessoa que usa

Responsabilidade da família

Responsabilidade da pessoa que usa e da família.

16. O que você acha pior: o tráfico ou o uso de drogas?

Tráfico Uso Ambos

17. Você acha que o tráfico de drogas é uma forma de emprego?

Sim Não

18. O que você gostaria de saber mais sobre esse tema?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

19. Você acha importante informar as criançasdo seu bairro sobre esse tema?

Sim Não

Pensando na pessoa de seu convívio que faz uso de drogasresponda as questões abaixo:

20. O uso de drogas incomoda você?

Sim Não As vezes

21. Qual o real sentimento que você tem por essa pessoa hoje?

Amor Raiva Pena Outro

72

22. Você já teve outro sentimento (diferente do de hoje)por essa pessoa no passado?

Não

Se sim, qual? ______________________________________________________________________________________________

23. Você sente vergonha pelo uso de drogas dessa pessoa?

Sim Não As vezes

24. Você acha que essa pessoa devia parar de usar drogas?

Sim Não

25. Você sabe se na família dessa pessoa outras pessoasfazem uso de drogas?

Sim Não

26. Você acha que a família contribui para essa pessoausar drogas?

Sim Não

27. Você sabe de que forma essa pessoa consegue o dinheiro para comprar drogas?

Sim Não

Se sim, como? ______________________________________________________________________________________________

28. Você sabe se essa pessoa está ou esteve envolvidano tráfico de drogas?

Sim Não

29. Você acredita que traficantes usam drogas?

Sim Não As vezes

30. Essa pessoa contribui para as despesas domésticas?

Sim Não As vezes

31. Essa pessoa dá gastos para a família?

Sim Não As vezes

32. Você já teve prejuízos no trabalho por causa desta pessoa? (Chegou atrasado, foi demitido, etc)

Sim Não As vezes

33. Você já deixou de fazer algo para você como passear, descansar ou visitar alguém por causa desta pessoa?

Sempre As vezes Não

34. Você já precisou trabalhar mais para custear as despesasporque essa pessoa não te ajudou?

Sempre As vezes Não

73

35. Você sente que dá menos atenção a outros familiarespor causa dessa pessoa?

Sempre As vezes Não

36. Você perdeu alguma amizade por causa dessa pessoa?

Sempre As vezes Não

37. Você sente que esta pessoa não é um bom exemplopara crianças ou jovens?

Sempre As vezes Não

38. Você se preocupa com a segurança dessa pessoa?

Sempre As vezes Não

39. Você se preocupa com a saúde dessa pessoa?

Sempre As vezes Não

40. Você se preocupa com os amigos dessa pessoa? Sempre As vezes Não

41. Você se preocupa com a moradia dessa pessoa? Sempre As vezes Não

42. Você se preocupa com o futuro dessa pessoa?

Sempre As vezes Não

43. Você acha que essa pessoa pode ficar doente por causado uso de droga?

Sempre As vezes Não

44. Você acha que essa pessoa pode ser presa por causa do uso da droga?

Sim Não

45. Você acha que essa pessoa pode morrer por causado uso de droga?

Sim Não

46. Você sabe se essa pessoa já fez algum tratamento para parar de usar drogas?

Sim Não

47. O uso de drogas por essa pessoa faz você sofrer de alguma forma?

Sempre As vezes Não

48. Você gostaria que essa pessoa fosse presa? Sempre As vezes Não

74

49. Você gostaria que essa pessoa morresse?

Sempre As vezes Não

50. Você acha que as famílias podem conviver com esse problema de uma “melhor maneira”?

Sempre As vezes Não

Por conta do uso da droga, sua família já enfrentouos seguintes problemas:

51. Companheiro/companheira bater, xingar ou ameaçaro companheiro/companheira?

Sempre As vezes Nunca Não sei

52. Filhos apanharem dos pais?

Sempre As vezes Nunca Não sei

53. Filho bater, xingar os pais?

Sempre As vezes Nunca Não sei

54. Abuso/ Violência sexual? Sempre As vezes Nunca Não sei

55. Perder o emprego?

Sempre As vezes Nunca Não sei

56. Crianças e adolescentes irem mal na escola?

Sempre As vezes Nunca Não sei

57. Faltar coisas materiais em casa?

Sempre As vezes Nunca Não sei

58. Sentir medo da polícia invadir a casa?

Sempre As vezes Nunca Não sei

59. Sentir medo do traficante invadir a casa? Sempre As vezes Nunca Não sei

60. Sumir coisas da casa?

Sempre As vezes Nunca Não sei

61. As crianças ficarem sozinhas? Sempre As vezes Nunca Não sei

62. Pais ‘perderem’ a guarda das crianças?

Sempre As vezes Nunca Não sei

75

63. Avós ficarem com toda responsabilidadesobre o cuidado das crianças?

Sempre As vezes Nunca Não sei

64. As crianças serem seduzidas pelo tráfico?

Sempre As vezes Nunca Não sei

65. Tirar o dinheiro de alguma despesa da casa para pagardívidas de drogas?

Sempre As vezes Nunca Não sei

66. Ter a água ou a energia elétrica “cortada” por falta de pagamento?

Sempre As vezes Nunca Não sei

67. Perder a casa? Sempre As vezes Nunca Não sei

68. Perder carro ou moto?

Sempre As vezes Nunca Não sei

69. Vender as coisas de casa? Sempre As vezes Nunca Não sei

70. Faltar roupas/comida?

Sempre As vezes Nunca Não sei

Enfrentamento

71. Você tem interesse em ajudar essa pessoa a parar de usar droga?

Sim Não

72. Você já fez algo concreto para tentar evitar ou impedir que essa pessoa usasse drogas?

Sim Não

73. Você sabe onde pode procurar ajuda para essa pessoa? Sim Não

Se sim, onde? ______________________________________________________________________________________________

74. Você considera fácil encontrar ajuda para esse problema?

Sim Não

Por quê? ______________________________________________________________________________________________

75. Você acredita que precisa de ajuda para lidar com este problema? Sim Não

Como gostaria de ser ajudado? ______________________________________________________________________________________________

76

76. Como você gostaria de ser ajudado para ajudar esta pessoaou como você acredita que a família poderia ser ajudada?

Atendimento individual com a equipe

Atendimento em grupos de pessoas e familiares que passam pelo mesmo problema.

Discussão do assunto nos diferentes grupos do CRAS.

Outro

Qual? ______________________________________________________________________________________________

77. Quais profissionais você acha que podem ajudar esta pessoa?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

78. Você acha que o CRAS pode fazer algo para te ajudara ajudar esta pessoa?

Sim Não

Como gostaria de ser ajudado? ______________________________________________________________________________________________

79. Você acha que o trabalho do CRAS é importante para as famílias com usuários de álcool/drogas?

Sim Não

Como? ______________________________________________________________________________________________

80. Quais serviços você acha importante para o atendimentoàs famílias que vivenciam este problema?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

77

SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br

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