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 Autora: Profa.  Ani Sobral Torres Colaboradores: Profa. Elisangela Monaco de Moraes Prof. Roberto Macias Prof. Fábio Mesquita do Nascimento Desenvolvimento Sustentável

DESENV SUSTENTAVEL.pdf

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  • Autora: Profa. Ani Sobral TorresColaboradores: Profa. Elisangela Monaco de Moraes

    Prof. Roberto MaciasProf. Fbio Mesquita do Nascimento

    Desenvolvimento Sustentvel

  • Professora conteudista: Ani Sobral Torres

    Ani Sobral Torres possui doutorado pelo IPEN Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares da Universidade de So Paulo na rea de Sensoriamento Remoto da Atmosfera, mestrado pela Escola Politcnica da USP e graduao em microeletrnica pela Faculdade de Tecnologia de So Paulo. Publicou diversos artigos na rea de sensoriamento remoto e monitorao de poluentes na atmosfera e leciona diversas disciplinas em Instituies de Ensino Superior, entre as quais a UNIP Universidade Paulista.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Universidade Paulista.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    T693 Torres, Ani Sobral

    Desenvolvimento Sustentvel. / Ani Sobral Torres. - So Paulo: Editora Sol, 2011.

    108 p. il.

    Nota: este volume est publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Srie Didtica, ano XVII, n. 2-005/11, ISSN 1517-9230.

    1.Sustentabilidade 2.Desenvolvimento Sustentvel 3.Recursos Naturais I.Ttulo

    CDU 504.03

  • Prof. Dr. Joo Carlos Di GenioReitor

    Prof. Fbio Romeu de CarvalhoVice-Reitor de Planejamento, Administrao e Finanas

    Profa. Melnia Dalla TorreVice-Reitora de Unidades Universitrias

    Prof. Dr. Yugo OkidaVice-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa

    Profa. Dra. Marlia Ancona-LopezVice-Reitora de Graduao

    Unip Interativa EaD

    Profa. Elisabete Brihy

    Prof. Marcelo Souza

    Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar

    Prof. Ivan Daliberto Frugoli

    Material Didtico EaD

    Comisso editorial: Dra. Anglica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Ktia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valria de Carvalho (UNIP)

    Apoio: Profa. Cludia Regina Baptista EaD Profa. Betisa Malaman Comisso de Qualificao e Avaliao de Cursos

    Projeto grfico: Prof. Alexandre Ponzetto

    Reviso: Leandro Freitas Amanda Casale

  • SumrioDesenvolvimento Sustentvel

    APRESENTAO ......................................................................................................................................................7INTRODUO ...........................................................................................................................................................7

    Unidade I

    1 O QUE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL? .......................................................................................111.1 Relao entre homem e natureza ..................................................................................................111.2 As organizaes no governamentais ONGs ........................................................................ 14

    2 HISTRICO E CONCEITO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ................................................. 152.1 O desenvolvimento sustentvel ..................................................................................................... 152.2 As dimenses do desenvolvimento sustentvel ...................................................................... 172.3 Desenvolvimento sustentvel a expresso entra em cena .............................................. 172.4 O novo paradigma da gesto ambiental .................................................................................... 21

    Unidade II

    3 AS BASES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ............................................................................. 273.1 A Rio 92 .................................................................................................................................................... 273.2 A Agenda 21 ........................................................................................................................................... 293.3 A Agenda 21 brasileira........................................................................................................................ 303.4 O Protocolo de Kyoto .......................................................................................................................... 31

    3.4.1 O Protocolo de Kyoto e os Estados Unidos .................................................................................. 313.4.2 Sumidouros de carbono ....................................................................................................................... 323.4.3 Sequestro de carbono ........................................................................................................................... 323.4.4 Resultado do Protocolo de Kyoto .................................................................................................... 333.4.5 Mecanismos de flexibilizao ............................................................................................................ 333.4.6 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) .......................................................................... 343.4.7 Pases pertencentes ao Anexo I do Protocolo de Kyoto .......................................................... 35

    3.5 Calor e o Protocolo de Kyoto .......................................................................................................... 353.6 O funcionamento do mercado de carbono ............................................................................... 373.7 Possveis consequncias do aquecimento global .................................................................... 383.8 Consequncias do aumento das temperaturas ........................................................................ 383.9 A Rio+10 .................................................................................................................................................. 40

    4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO ........................................................................................................... 42

  • Unidade III

    5 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E SUAS DIMENSES SOCIAL E ECONMICA ...................................................................................................................................... 51

    5.1 A dimenso social do desenvolvimento sustentvel ............................................................. 515.2 A dimenso econmica do desenvolvimento sustentvel .................................................. 525.3 A preservao do meio ambiente como princpio da atividade econmica ................ 545.4 Recursos naturais ................................................................................................................................. 545.5 Preservao dos recursos naturais ................................................................................................ 59

    6 AS DIMENSES ECOLGICA, ESPACIAL E CULTURAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL .............................................................................................................. 60

    6.1 A dimenso ecolgica do desenvolvimento sustentvel ..................................................... 616.2 A dimenso espacial do desenvolvimento sustentvel ........................................................ 626.3 A dimenso cultural do desenvolvimento sustentvel ......................................................... 626.4 A responsabilidade ambiental das empresas............................................................................. 636.5 A globalizao ........................................................................................................................................ 636.6 A responsabilidade social corporativa ......................................................................................... 64

    Unidade IV

    7 EDUCAO AMBIENTAL................................................................................................................................ 707.1 As normas e legislao ambiental ..................................................................................................717.2 A norma ISO 14000 ............................................................................................................................. 747.3 ISO 14001 ................................................................................................................................................ 757.4 A norma SA 8000: o modelo ISO 9000 aplicado responsabilidade social ................. 777.5 As polticas ambientais pblicas no Brasil ................................................................................. 787.6 A Constituio Federal de 1988 ..................................................................................................... 80

    8 A ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE .......................................................................................................... 808.1 Responsabilidade social e a sustentabilidade ........................................................................... 818.2 Desenvolvimento sustentvel x recursos naturais .................................................................. 84

  • 7APreSenTAo

    O desenvolvimento sustentvel est presente em vrias reas da sociedade e se tornou uma preocupao mundial na atualidade. Sendo assim, possui grande relevncia como objeto de estudo neste curso.

    Na rea de tecnologia de informao a preocupao com o desenvolvimento sustentvel crescente, sendo importante para os estudantes adquirirem conhecimento sobre o assunto bem como aplic-lo no dia a dia. No se trata apenas de contribuir para a sustentabilidade dos recursos naturais, mas para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

    Ao utilizarmos produtos na rea de tecnologia de informao que contribuam para a preservao de recursos naturais, como menos papel, papel reciclvel ou desenvolver sistemas de informao que necessitem de menos recursos e mesmo uso de energia so algumas das formas de promoo do desenvolvimento sustentvel.

    Esta disciplina caracteriza-se pelo estudo dos diferentes aspectos do desenvolvimento sustentvel, relacionados a conceitos, requisitos, discusses realizadas para a implantao do desenvolvimento sustentvel, bem como estudo dos protocolos e certificaes existentes para promov-lo.

    Tem como objetivo geral propor uma viso fundamentada no que se refere possibilidade de se estabelecer relaes entre desenvolvimento econmico e desenvolvimento sustentado.

    Como objetivos especficos desta disciplina, espera-se que voc adquira conhecimentos sobre:

    o conceito histrico do desenvolvimento sustentvel;

    conceitos da relao entre homem e natureza;

    o desenvolvimento das organizaes no governamentais e o desenvolvimento sustentvel como um novo paradigma.

    Espera-se tambm que voc, no curso desta disciplina, possa:

    definir e entender as bases do desenvolvimento sustentvel, bem como suas dimenses;

    entender a importncia dos recursos naturais, sabendo diferenciar os renovveis e no renovveis;

    entender as normas e legislaes ambientais vigentes.

    InTroDuo

    O desenvolvimento sustentvel objeto de estudo de diversas reas da sociedade e das organizaes. Tornou-se uma tendncia e preocupao mundial, e reas como a tecnologia

  • 8de informao, por exemplo, j tm iniciativas para que o respeito ao meio ambiente e a um desenvolvimento sustentado ocorra. Como estudante, importante relacionar e conectar o desenvolvimento sustentvel com a rea de formao, desenvolvendo habilidades e senso crtico para promover uma sociedade melhor, desenvolvendo polticas de sustentabilidade dentro da sua rea de atuao tambm.

    Imagine que todo o petrleo do mundo tenha sido usado e nada mais restou... Qual seria o impacto disso no nosso dia a dia? E na rea de tecnologia de informao? Qual o impacto direto nessa rea?

    Como profissional da rea de tecnologia de informao, o que seria possvel fazer para tornar o seu ambiente de trabalho mais comprometido com a sustentabilidade?

    Para responder a essas questes e outras de cunho ambiental, vamos estudar esta disciplina, que foi dividida em quatro unidades que tratam de diferentes temas dentro do contexto de desenvolvimento sustentvel.

    Na unidade I, temos o objetivo de situar o estudante no contexto histrico mundial e situar de onde surgiu a preocupao com o desenvolvimento sustentvel e a relao do homem nesse processo. Sendo assim, sero estudados os seguintes tpicos:

    A relao entre homem e natureza.

    O meio ambiente torna-se um problema.

    A problemtica ambiental aps a Guerra Fria.

    O papel das organizaes no governamentais.

    O desenvolvimento sustentvel como novo paradigma.

    As dimenses do desenvolvimento sustentvel.

    Na Unidade II, so apresentadas as bases do desenvolvimento sustentvel e as principais conferncias, protocolos estabelecidos no decorrer das discusses. Entre os temas abordados, esto:

    As bases do desenvolvimento sustentvel.

    Comisso Mundial do Meio Ambiente.

    A Agenda 21.

    A Agenda 21 brasileira.

    O Protocolo de Kyoto.

    A economia ambiental.

    Eco-economia.

    O mercado do carbono.

    As consequncias do aquecimento global.

  • 9Na Unidade III, novos conceitos so adicionados e estudados, eles se referem responsabilidade das organizaes na melhoria da qualidade de vida bem como a uma descrio das principais normas e certificaes vigentes e alguns tpicos, entre eles:

    As empresas e o ambiente externo local.

    A responsabilidade empresarial e a legislao ambiental.

    A demanda por qualidade de vida.

    A singularidade da administrao ambiental.

    A gesto ambiental nas organizaes.

    A gesto ambiental.

    A famlia de normas ISO 14.000.

    A norma SA 8000.

    Na Unidade IV, finalmente sero estudados os desafios do desenvolvimento sustentvel, bem como a apresentao de ferramentas para a viabilizao do mesmo, atravs da educao ambiental, normas e legislao. Sendo assim, os ltimos tpicos a serem estudados so:

    Educao ambiental.

    Normas e legislao ambiental.

    Economia e meio ambiente.

    Responsabilidade social e sustentabilidade.

    Recursos naturais.

    Desafios do desenvolvimento sustentvel.

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    Unidade I1 o Que DeSenVoLVIMenTo SuSTenTVeL?

    O conceito de desenvolvimento sustentvel encontra-se intimamente ligado busca pelo desenvolvimento econmico e pelo respeito ao meio ambiente. Trata-se de equilibrar o ritmo de crescimento econmico e rever prticas com o objetivo de preservar recursos naturais imprescindveis para a sobrevivncia de geraes futuras.

    A definio de desenvolvimento sustentvel surgiu durante a Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na qual foram discutidos meios de harmonizar o meio ambiente com o desenvolvimento econmico.

    necessria uma preocupao com a disponibilidade dos recursos naturais presentes para as geraes futuras, respeitando, ao mesmo tempo, o crescimento e desenvolvimento econmico. A preveno contra o esgotamento precoce dos recursos naturais depende da conscincia de sua importncia, bem como de um planejamento estruturado para conserv-los.

    Antes de estudarmos em mais detalhes o conceito de desenvolvimento sustentvel, vamos estudar a relao entre homem e natureza, que levou e desencadeou a preocupao com o desenvolvimento da sustentabilidade nas atividades humanas.

    1.1 relao entre homem e natureza

    No estudo da existncia do planeta Terra, pode-se ter uma ideia da extenso dos perodos das transformaes que permitiram a existncia do ser humano hoje. Muito foi destrudo e criado at chegar ao estgio atual.

    A ocupao humana teve impacto na biosfera e na disponibilidade dos recursos naturais.

    S para se ter uma ideia sobre a transformao da biosfera, segundo Global Change and the Earth System A Planet Under Pressure, IGBP de 2004:

    Transformao da biosfera nos ltimos 100 anos:

    Populao humana: cresceu de 1,5 para 6,1 bilhes.

    Atividade econmica: aumentou 10 vezes de 1950 a 2000.

    Maioria dos pesqueiros mundiais: sobre-explorados.

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    Atmosfera: aumento das concentraes de gases estufa.

    40% das reservas conhecidas de petrleo exauridas.

    A relao do homem com a natureza sempre aconteceu de forma bastante discrepante: de um lado o homem, com toda a sua inteligncia gananciosa, tentando alimentar os seus desejos de consumo e conforto; do outro, a natureza, com toda a sua exuberncia e riqueza, fonte para todas as aes humanas. Em alguns casos, o homem tem que escolher entre sua sobrevivncia e a preservao da natureza, como o caso do agricultor que tira da terra o alimento que leva mesa. Neste caso, fica o dilema: a natureza ou o homem?

    O que preocupa o desenvolvimento sem limites protagonizado pelo homem em prol dos interesses prprios.

    Por muitos anos, esse foi o tipo de relao entre o homem e a natureza, at que esta passasse a dar sinais de alerta.

    Felizmente esse tipo de pensamento foi modificado e, segundo Camargo (2005),

    a ideia de um novo modelo de desenvolvimento para o sculo XXI, compatibilizando as dimenses econmica, social e ambiental, surgiu para resolver, como ponto de partida no plano conceitual, o velho dilema entre crescimento econmico e reduo da misria, de um lado, e preservao ambiental de outro. O conflito vinha, de fato, arrastando-se por mais de vinte anos, em hostilidade aberta contra o movimento ambientalista, enquanto este, por sua vez, encarava o desenvolvimento econmico como naturalmente lesivo e os empresrios como seus agentes mais representativos.

    Um dos primeiros problemas ambientais ocorreu com o surgimento das cidades e a satisfao das necessidades dos homens, sempre utilizando os recursos ambientais.

    A histria das cidades e da civilizao longa. Estima-se que as primeiras cidades teriam surgido entre quinze e cinco mil anos atrs.

    A nossa sociedade tem vivido, atualmente, uma gama de problemas decorrente direta da sua forma de tratar e se relacionar com a natureza. A busca desenfreada pela produo levou o homem a explorar intensamente os recursos disponveis na natureza esquecendo que grande parte deles, alm de no serem renovveis, quando retirados da natureza em quantidades excessivas, deixam na mesma uma lacuna, s vezes irreversvel, cujas consequncias so sentidas em geraes posteriores, principalmente em relao s mudanas climticas.

    Outros problemas ambientais foram trazidos com a Revoluo Industrial. Essa Revoluo consistiu em um conjunto de mudanas tecnolgicas com profundo impacto no processo produtivo nos mbitos econmico e social.

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    A Revoluo Industrial teve incio na Gr-Bretanha em meados do sculo XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do sculo XIX.

    Ao longo do processo, a era agrcola foi superada, a mquina foi substituindo o trabalho humano. Dessa forma, uma nova relao entre capital e trabalho se imps, novas relaes entre naes se estabeleceram e surgiu o fenmeno da cultura de massa, por exemplo.

    Devido a uma combinao de fatores, como o liberalismo econmico, a acumulao de capital e uma srie de invenes, tais como o motor a vapor, essa transformao foi possvel. A partir da, o capitalismo tornou-se o sistema econmico vigente.

    O volume de produo aumentou extraordinariamente: a produo de bens deixou de ser artesanal e passou a ser maquino-faturada. Com o advento da Revoluo Industrial, as populaes passaram a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho fcil e abundante. Assim tambm, as fbricas passaram a concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua fora de trabalho em troca de um salrio.

    Antes da Revoluo Industrial, o progresso econmico era sempre lento (levou sculos para que a renda per capita aumentasse sensivelmente) e, aps, a renda per capita e a populao comearam a crescer de forma acelerada nunca antes vista na histria. Por exemplo, entre 1500 e 1780, a populao da Inglaterra aumentou de 3,5 milhes para 8,5; j entre 1780 e 1880, ela saltou para 36 milhes, devido drstica reduo da mortalidade infantil.

    As cidades atraram os camponeses e artesos, e se tornaram cada vez mais numerosos e mais importantes com a Revoluo Industrial. A maneira como as populaes vivem nos pases que foram industrializados se alterou drasticamente.

    Por volta de 1850, na Inglaterra, pela primeira vez em um grande pas, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo. Nas cidades as pessoas mais pobres aglomeravam-se em subrbios de casas velhas e desconfortveis, se comparadas com as habitaes dos pases industrializados hoje em dia.

    O trabalho do operrio era muito diferente do trabalho do campons: tarefas montonas e repetitivas. A vida na cidade moderna significava mudanas incessantes. A cada instante, surgiam novas mquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas. Sendo assim, era preciso adaptar-se a essas novas mudanas.

    A partir da, conferncias foram realizadas na tentativa de se desenvolver conceitos e decidir medidas para melhorar a qualidade de vida e tentar manter a sustentabilidade. Surgiram tambm organizaes no governamentais interessadas em defender a causa da sustentabilidade. No texto a seguir, abordaremos esse assunto.

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    1.2 As organizaes no governamentais onGs

    As organizaes no governamentais representam entidades organizadas da sociedade civil, que atuam de forma bastante dinmica na busca para a soluo de vrios problemas sociais. Essas organizaes possuem um papel muito importante frente causa que representam. A crescente preocupao das ONGs com os problemas ambientais globais pode garantir que esses no sero engavetados e esquecidos antes que se tome uma iniciativa para solucion-los.

    Muitas e eficazes so as iniciativas privadas de luta por questes ambientais administradas por organizaes no governamentais.

    Em algumas reas, a atuao das ONGs a nica ao existente.

    Segundo Kirschner (1998)

    a crise econmica e o crescimento do desemprego que atingiram a Europa na dcada de 80 contriburam para que a empresa comeasse a ser valorizada pela sua capacidade de salvaguardar o emprego valor essencial da socializao na sociedade contempornea. O papel da empresa vai alm do econmico: ademais de provedora de emprego, tambm agente de estabilizao social.

    A preocupao ambiental, hoje, tem impactos at mesmo na competitividade comercial. Pases, cidades ou empresas que tm em seu histrico um leque de aes voltadas para questes ambientais, possuem muito mais chances de fechar bons negcios, enquanto que aquelas que preferem no contribuir para a causa ambiental so vistas de forma pouco positiva pela maioria dos investidores.

    Percebemos assim que no se trata de simples modismo; ao contrrio, a questo ambiental representa uma tendncia mundial capaz de mobilizar e unir pessoas e organizaes dos mais diferentes tipos ou culturas.

    Saiba mais

    Algumas ONGs possuem materiais interessantes que podem ser vistos nos respectivos sites de internet:

    Greenpeace: .

    SOS Mata Atlntica: .

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    2 HISTrIco e conceITo Do DeSenVoLVIMenTo SuSTenTVeL

    O desenvolvimento sustentvel um dos temas mais discutidos neste momento em todo o mundo, seja pela preocupao econmica que a escassez das energias no renovveis proporciona, ou mesmo pelo despertar da conscincia humana a respeito da necessidade de preservao do planeta para as geraes vindouras.

    A partir do conceito bsico de desenvolvimento sustentvel, cujo objetivo principal o de se obter um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo eficaz e que no venha a comprometer as geraes futuras, realizamos nosso estudo.

    2.1 o desenvolvimento sustentvel

    O desenvolvimento sustentvel objetiva uma modalidade de desenvolvimento capaz de acontecer de forma a suprir as necessidades presentes, de modo a no interferir no crescimento das geraes futuras. Para que isso acontea, de fundamental importncia que se respeite a explorao harmnica dos recursos naturais. tambm de fundamental importncia a preocupao e percepo de que alguns problemas podem acompanhar essa explorao de recursos naturais e ameaar a sustentabilidade.

    Atualmente, a gerao de energia, principalmente eltrica, oriunda de fontes renovveis vem despertando o interesse de vrios pases, por se tratar de uma forma de obteno mais barata e que no agride o meio ambiente.

    Por conta das modernas tecnologias que possibilitam maior escala de economia, essa forma limpa de obteno de energia pode se mostrar bastante competitiva. O homem vem explorando os recursos naturais desde a poca pr-histrica e depois essa explorao aumentou com a revoluo industrial, chegando aos dias atuais.

    Quando utilizadas para gerao de energia, as fontes renovveis auxiliam na diminuio da explorao dos recursos esgotveis ou no renovveis, pois realizam uma explorao sustentvel; assim tambm, com a explorao harmnica de fontes renovveis, pode-se cuidar de ecossistemas que so impactados negativamente pela gerao de substncias poluentes emitidas no meio ambiente quando so transformados em energias teis para o homem, como alguns recursos no renovveis, como petrleo, carvo e gs

    Fazendo-se uma anlise sobre recursos naturais, podemos dizer que os recursos no renovveis, alm de estarem em processo de esgotamento, so os que mais impactos negativos trazem para a natureza, j que sua explorao exige tecnologias especiais para extrao, muitas vezes de alto custo, em virtude das condies de obteno cada vez mais remotas, alm de emitirem mais poluentes. Geralmente, seu transporte tambm costuma oferecer riscos extras, como, por exemplo, caso do petrleo.

    Alguns recursos no renovveis, depois de serem utilizados, so ainda uma grande ameaa poluente, como o caso dos resduos radioativos provenientes de energia nuclear. Nos dias de hoje, os nveis de

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    contaminao por poluentes oferecem grande preocupao; na gerao de energia eltrica, as emisses de dixido de carbono so, quando se utilizam os seguintes recursos, da ordem de: carvo natural, 980 g/kWh; leo combustvel, 818 g/kWh e gs, 430 g/kWh aproximadamente. Esses poluentes gerados contribuem fortemente para o efeito estufa e a destruio da camada de oznio (ROCHA; ROSSI, 2003).

    Na tabela abaixo so descritos os nveis de emisses de CO2 no plano mundial desde 1980, com uma projeo para 2020.

    Tabela 1 Evoluo da emisso de CO2 em milhes de toneladas no perodo 1980 2020

    Anos Milhes de toneladas

    1980 17.000

    1990 20.000

    2000 25.000

    2010 28.000

    2020 37.000

    Fonte: Rocha; Rossi (2003, p. 245).

    As questes ambientais devem estar claramente e integralmente definidas para que se possa alcanar o desenvolvimento sustentvel, assim como a contemplao de outras polticas que auxiliem na obteno do mesmo.

    Aos rgos e autoridades pblicas compete adotar as medidas mais adequadas para minimizar os efeitos negativos dos transportes no meio ambiente, por exemplo. Cabe a eles tambm procurar uma melhoria na gesto dos recursos naturais, no combate pobreza e excluso social.

    Segundo Daniel Bertoli Gonalves

    esse conceito, que procura conciliar a necessidade de desenvolvimento econmico da sociedade com a promoo do desenvolvimento social e com o respeito ao meio ambiente, hoje um tema indispensvel na pauta de discusso das mais diversas organizaes, e nos mais diferentes nveis de organizao da sociedade, como nas discusses sobre o desenvolvimento dos municpios e das regies, correntes no dia a dia de nossa sociedade (GONALVES, 2008).

    Lembrete

    O desenvolvimento sustentvel aquele preocupado com a disponibilidade dos recursos naturais hoje para que estejam garantidos para as geraes futuras.

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    2.2 As dimenses do desenvolvimento sustentvel

    Existem algumas abordagens para quantas so as dimenses do desenvolvimento sustentvel. Embora haja um consenso que exista mais de uma, h discordncia sobre o nmero exato: Lage e Barbieri (2001) citam sete dimenses: ecolgica, econmica, social, espacial, cultural, tecnolgica e poltica. Contudo, segundo Ignacy Sachs, as dimenses que abordam o desenvolvimento sustentvel so cinco: social, econmica, ecolgica, espacial e cultural (SACHS, 2002). A adoo de uma ou outra linha de diviso do desenvolvimento sustentvel depende do contexto.

    Assim, no s os aspectos ecolgicos, mas tambm outros importantes devem ser considerados no contexto das atividades humanas para o desenvolvimento sustentvel.

    importante frisar que o desenvolvimento sustentvel visa conciliar desenvolvimento econmico que o desenvolvimento de riqueza material dos pases ou regies, assim como o bem-estar econmico de seus habitantes ; desenvolvimento social que consiste na evoluo dos componentes da sociedade (capital humano) e na maneira como estes se relacionam (capital social) e preservao ambiental que minimizar a utilizao dos bens ambientais (recursos naturais), conservando-os o mximo possvel. Alguns autores afirmam que todo desenvolvimento social, acrescentando que sem a alterao do capital social e do humano no h desenvolvimento. Segundo essa corrente, o desenvolvimento social s ocorre quando polticas so estabelecidas para aperfeioar as formas como os componentes de um grupo interagem entre si e com o meio externo. Esse grupo pode ser uma pequena comunidade, um centro urbano ou mesmo uma nao. O desenvolvimento social, diferente do econmico, s ocorre se todos os integrantes da sociedade forem beneficiados. Assim, uma determinada comunidade poder crescer economicamente sem o consequente desenvolvimento social.

    2.3 Desenvolvimento sustentvel a expresso entra em cena

    Em 1983 foi criada a Comisso Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento como uma instituio independente. Em 1987 essa comisso produziu um dos mais importantes documentos, o relatrio Nosso futuro comum no qual apareceram os primeiros conceitos oficiais e formais sobre desenvolvimento sustentvel.

    O segundo captulo desse relatrio, denominado Em busca do desenvolvimento sustentvel, definiu desenvolvimento sustentvel como aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem a suas prprias necessidades.

    Foram apresentados dois conceitos chave:

    necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a mxima prioridade;

    noo das limitaes que o estgio da tecnologia e da organizao social impe ao meio ambiente, impedindo-o de atender s necessidades presentes e futuras.

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    A importncia da sustentabilidade em qualquer programa de desenvolvimento foi reconhecida em 1992 na cidade do Rio de Janeiro durante a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

    Em um mundo sustentvel, uma atividade econmica no deve ser praticada separadamente, porque tudo est inter-relacionado, em permanente dilogo nas diversas esferas do meio ambiente.

    Separao entre o objetivo e o

    subjetivo.

    Cartesiano

    Preceitos ticos

    desconectados das prticas cotidianas.

    Natureza entendida como

    descontnua, o todo formado pela soma

    das partes.

    Seres humanos e

    ecossistemas separados, em uma relao de

    dominao.

    Reducionista, mecanicista,

    tecnocntrico.

    Fatos e valores no relacionados.

    Figura 1 - Paradigma cartesiano

    Interao entre o objetivo e o

    subjetivo.

    Sustentvel

    tica integrada ao cotidiano.

    Natureza entendida como um conjunto de sistemas inter-relacionados, o

    todo maior que a soma das partes.

    Seres humanos

    inseparveis dos ecossistemas, em uma

    relao de sinergia.

    Fatos e valores fortemente

    relacionados.

    Orgnico, holstico,

    participativo.

    Figura 2 - Paradigma da sustentabilidade

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    Nesse novo cenrio, os empresrios j perceberam que no devem mais ser passivos, e sim aprenderam e esto aptos a participar das mudanas estruturais na relao de foras nas reas ambiental, econmica e social.

    Uma nova dimenso tica e poltica introduzida, uma que considera como um processo de mudana social o desenvolvimento sustentvel, alm da democratizao dos recursos naturais.

    O desenvolvimento sustentvel, alm de equidade social e equilbrio ecolgico, apresenta como terceira vertente principal a questo do desenvolvimento econmico.

    Existem cinco dimenses do que se pode chamar desenvolvimento sustentvel, elas foram apresentadas por Sachs apud Campos (2001):

    A primeira a dimenso social, que entendida como a criao de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilizao com maior equidade na distribuio de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padres de vida dos ricos e dos pobres.

    A dimenso econmica deve ser alcanada atravs do gerenciamento e alocao mais eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos pblicos e privados.

    A dimenso ecolgica deve e pode ser alcanada com o aumento da capacidade de utilizao dos recursos, limitao do consumo de combustveis fsseis e de outros recursos e produtos que so facilmente esgotveis, reduo da gerao de resduos e de poluio por meio da conservao de energia, de recursos e da reciclagem.

    A dimenso espacial deve ser dirigida para a obteno de uma configurao rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuio territorial dos assentamentos humanos e das atividades econmicas.

    A dimenso cultural inclui a procura por razes endgenas de processos de modernizao e de sistemas agrcolas integrados, que facilitem a gerao de solues especficas para o local, o ecossistema, a cultura e a rea.

    A construo do conceito de sustentabilidade um processo em andamento e longe do final. Foram criados ndices de sustentabilidade utilizados na Dow Jones. Tais ndices de sustentabilidade fornecem marcas objetivas de nvel para os produtos financeiros que so ligados aos critrios econmicos, ambientais e sociais.

    Existem vrios benefcios para as empresas que integram a lista do Dow Jones:

    O reconhecimento pblico da preocupao com a rea ambiental e social.

    O reconhecimento dos stakeholders importantes, tais como legisladores, clientes e empregados (por exemplo, a obedincia a esses ndices pode conduzir a uma melhor lealdade do cliente e do empregado).

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    evidente que as empresas esto cuidando dos aspectos sociais e ambientais e muitas delas tm ganho econmico e maior durabilidade a longo prazo, ou seja, o risco do investidor menor. Alm do mais, as empresas perceberam que a sustentabilidade traz melhor relao custo-benefcio para os produtos, alm de popularidade com os consumidores.

    Por outro lado, ainda assim, necessria uma maior difuso do conceito para a disseminao de sua prtica entre a populao.

    Saiba mais

    Maiores informaes e uma discusso bastante interessante apresentada na reportagem indicada abaixo publicada no Jornal O Estado de S. Paulo sobre a prtica pela populao do conceito de desenvolvimento sustentvel no dia em relao a teoria.

    VIALLI, A. Distncia entre discurso e prtica. O Estado de So Paulo. 30 out. 2009.

    Algumas dicas prticas tambm so encontradas no site do planeta sustentvel disponvel em: Acesso em: 31 mai. 2011.

    Desafios do desenvolvimento sustentvel

    EquidadeSocial

    DesenvolvimentoSustentvel

    Viabilidade econmica

    Conservao ambiental

    Figura 3 - Desafios do desenvolvimento sustentvel

    observao

    O desenvolvimento sustentvel visa conciliar:

    desenvolvimento econmico que o desenvolvimento de riqueza material dos pases ou regies, assim como o bem-estar econmico de seus habitantes;

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    desenvolvimento social a evoluo dos integrantes da sociedade (capital humano) e nas formas como eles se relacionam (capital social);

    preservao ambiental que minimizar a utilizao dos bens ambientais (recursos naturais), conservando-os o mximo possvel.

    2.4 o novo paradigma da gesto ambiental

    A gesto ambiental pode ser definida como um aspecto funcional da gesto de uma empresa, que desenvolve e implanta as polticas e estratgias ambientais.

    Atualmente, as instituies esto cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho mais satisfatrio em relao ao meio ambiente. Neste cenrio, a gesto ambiental tem se configurado como uma das mais importantes atividades em qualquer empreendimento.

    A problemtica ambiental envolve tambm o gerenciamento dos assuntos pertinentes ao meio ambiente, por meio de sistemas de gesto ambiental, da busca pelo desenvolvimento sustentvel, da anlise do ciclo de vida dos produtos e da questo dos passivos ambientais.

    Se uma empresa deseja realmente trabalhar com gesto ambiental ela deve passar por uma mudana em sua cultura empresarial e por uma reviso de seus paradigmas. Sendo assim, a gesto ambiental tem se configurado com uma das mais importantes ferramentas relacionadas com qualquer negcio.

    Por outro lado, ao ser planejada, se uma unidade produtiva dispe de ferramentas e procedimentos adequados, vai atender os requerimentos relativos qualidade ambiental.

    A gesto ambiental pode ser prevista em quatro nveis:

    Gesto de processos Gesto de resultados Gesto de sustentabilidade Gesto do plano ambiental

    A avaliao da qualidade ambiental de todas as atividades, mquinas e equipamentos relacionados a todos os tipos de manejo de insumo, matrias-primas, recursos humanos, recursos logsticos, tecnologias e servios de terceiros, como a explorao, transformao, acondicionamento, transporte e aplicao de recursos, deteco de quadros de riscos ambientais e prospeco de situaes de emergncia.

    A avaliao da qualidade ambiental dos processos de produo, pelos seus efeitos ou resultados ambientais, ou seja, emisses gasosas, efluentes lquidos, resduos slidos, particulados, odores, rudos, vibraes e iluminao.

    A avaliao da capacidade resposta do ambiente aos resultados dos processos produtivos que nele so realizados e que o afetam, atravs da monitorao sistemtica da qualidade da ar, da gua, do solo, da flora, da fauna e do ser humano.

    Avaliao sistemtica e permanente de todos os elementos constituintes do plano de gesto ambiental elaborado e implementado, aferindo-o e adequando-o em funo do desempenho ambiental alcanado pela organizao.

    Gesto Ambiental

    Figura 4 - Etapas da gesto ambiental

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    De forma geral, todos os instrumentos de gesto ambiental tm como objetivo melhorar a qualidade ambiental e o processo de tomada de deciso. Devem ser aplicados a todas as fases dos empreendimentos e podem ser preventivos, corretivos, de remediao e pr-ativos, dependendo da fase em que so implementados.

    O que se constata na prtica que a partir de uma adequada poltica de gesto ambiental as empresas obtm uma srie de benefcios, sejam econmicos ou estratgicos conforme representado nos diagramas a seguir.

    Benefcios econmicos com a economia de

    custos

    Reduo do consumo de gua, energia e outros insumos;

    reciclagem, venda e aproveitamento e resduos, e diminuio de

    afluentes; reduo de multas e penalidades por poluio.

    Incremento de receita com aumento da

    contribuio marginal de produtos verdes que

    podem ser vendidos a preos mais altos.

    Figura 5 - Benefcios econmicos da gesto ambiental

    Outra vantagem do benefcio econmico o aumento da participao no mercado, em funo da inovao dos produtos e da menor concorrncia; alm da posse de novos produtos que contribuem para a diminuio da poluio.

    Benefcios estratgicos a partir da melhoria da imagem institucional;

    renovao da carteira de produtos.

    Aumento da produtividade; alto comprometimento do pessoal;

    melhoria nas relaes de trabalho; melhoria da criatividade para novos

    desafios.

    Melhoria das relaes com os rgos gorvernamentais,

    comunidade e grupos ambientalistas; acesso

    assegurado ao mercado externo e melhor adequao

    aos padres ambientais.

    Figura 6 Benefcios estratgicos da gesto ambiental

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    Lembrete

    A gesto ambiental oferece benefcios econmicos e estratgicos para a organizao, respeitando o meio ambiente e melhorando sua imagem institucional.

    resumo:

    Ao final desta unidade, adquiriu-se conhecimento sobre:

    o principais conceitos e definies de desenvolvimento sustentvel e de suas bases;

    a relao entre homem e natureza e a importncia do desenvolvimento sustentvel para garantirmos um equilbrio entre a utilizao e disponibilidade de recursos naturais.

    Em adio a isso:

    definimos as principais dimenses do desenvolvimento sustentvel segundo diversos autores;

    estudamos o que so organizaes no governamentais;

    efetuamos uma discusso sobre o novo paradigma da gesto ambiental e sua comparao com uma gesto cartesiana foi realizada enfatizando aspectos importantes da gesto ambiental atual.

    exerccios

    Questo 1. (ENADE 2008)

    Quando o homem no trata bem a natureza, a natureza no trata bem o homem.

    Essa afirmativa reitera a necessria interao das diferentes espcies, representadas na imagem a seguir.

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    Artista desconhecido, pintura inspirada nos trabalhos de Giuseppe Arcimboldo.

    Depreende-se dessa imagem a:

    A) Atuao do homem na clonagem de animais pr-histricos.

    B) Excluso do homem na ameaa efetiva sobrevivncia do planeta.

    C) Ingerncia do homem na reproduo de espcies em cativeiro.

    D) Mutao das espcies pela ao predatria do homem.

    E) Responsabilidade do homem na manuteno da biodiversidade.

    Resposta correta: alternativa E

    Anlise das alternativas:

    A) Alternativa incorreta.

    Justificativa: no h, na figura, nenhum indcio que permita associar a ao humana clonagem de animais pr-histricos. Alm disso, os animais apresentados na figura existem nos dias de hoje, no so pr-histricos. Tambm importante ressaltar que a cincia ainda no conta com tecnologia suficiente para clonar animais j extintos.

    B) Alternativa incorreta.

    Justificativa: a imagem, assim como a frase-ttulo da questo, remete a uma profunda integrao entre humanos e os diversos organismos que habitam o planeta, passando a impresso de que a ao

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    devastadora humana sobre os ecossistemas, ao contrrio do que afirma a alternativa, tem relao direta com a sobrevivncia do planeta.

    C) Alternativa incorreta.

    Justificativa: o contexto em que se pode inserir o tema abordado na questo a relao entre homem e natureza. Logo, no se trata especificamente de manuteno e/ou reproduo de espcies em cativeiro.

    D) Alternativa incorreta.

    Justificativa: ao afirmar que o ser humano provoca mutao das espcies, a frase afirma que a ao predatria humana tem poder de gerar novas formas de vida. Alm de esta ser uma afirmao errada, no se correlaciona ao contexto da questo, que a reciprocidade caracterstica da relao entre homem e natureza.

    E) Alternativa correta

    Justificativa: a figura apresenta, de forma criativa, a necessidade da adoo, por parte do homem, de prticas conscientes que prezem pela manuteno da diversidade nos ecossistemas, caso contrrio sua prpria manuteno como espcie estar ameaada.

    Questo 2. (ENADE 2005) As seguintes afirmaes constituem tratamento transversal dado ao tema meio ambiente, exceto:

    A) No existe apenas uma crise ambiental, mas uma crise civilizatria, sendo necessria uma profunda mudana na concepo de mundo, de natureza, de poder.

    B) A problemtica ambiental implica, no mbito social, mudanas no comportamento, na construo de formas de pensar e agir na relao com a natureza.

    C) A questo ambiental diz respeito, sobretudo, preservao dos ambientes naturais intocados e ao controle da poluio.

    D) preciso criar e aplicar formas cada vez mais sustentveis de interao entre sociedade e natureza na perspectiva de buscar solues para os problemas ambientais.

    E) O crescimento econmico deve estar subordinado a uma explorao racional e responsvel dos recursos naturais para garantir a vida das geraes futuras.

    Resoluo deste exerccio na plataforma.

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    Unidade II3 As bAses do desenvolvimento sustentvel

    Aps a problemtica da relao entre homem e natureza, ocorreram conferncias, agendas e criao de leis importantes na tentativa de reverter os problemas causados e anteiormente demonstrados.

    3.1 A Rio 92

    Figura 7 Logotipo da Rio 92

    Com a inteno de introduzir a ideia do desenvolvimento sustentvel, um modelo de crescimento econmico menos agressivo para o meio ambiente, foi realizada, tambm conhecida como ECO-92, de 3 a 14 de junho de 1992,. a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). A cidade do Rio de Janeiro foi a sede do encontro que reuniu representantes de 175 pases e de organizaes no governamentais (ONGs) (ESTADO, 2007).

    Essa conferncia foi considerada o evento ambiental mais importante do sculo XX, pois a ECO-92 foi a primeira grande reunio internacional realizada aps o fim da Guerra Fria.

    Entre os compromissos especficos adotados pela ECO-92, podemos incluir trs convenes:

    sobre mudana do clima,

    sobre biodiversidade e

    declarao sobre florestas.

    Documentos foram aprovados durante a conferncia, esses com objetivos mais abrangentes e de natureza mais poltica:

    Declarao do Rio e a Agenda 21

    Ambos enfatizam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentvel, que combina o progresso econmico e material com a necessidade de uma conscincia ecolgica.

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    As relaes entre pases ricos e pobres tm sido conduzidas por um novo conjunto de princpios inovadores desde a conferncia, como os conceitos de responsabilidades comuns, mas diferenciadas entre os pases, de o poluidor paga e de padres sustentveis de produo e consumo.

    Com a adoo da Agenda 21, a conferncia estabeleceu, objetivos concretos de sustentabilidade em diversas reas, mostrando a necessidade de se buscarem novos recursos financeiros para a complementao do desenvolvimento sustentvel em uma escala global (SENADO FEDERAL, 1996).

    Diante de tantas alteraes no meio ambiente somadas s ameaas de extino de muitos recursos naturais atualmente utilizados pelo homem, autoridades de 172 governos e estudiosos do mundo inteiro reuniram-se em 1992, no Rio de Janeiro, para a CNUMAD - Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida mundialmente como a Conferncia da Terra. Essa conferncia tornou-se, por sua singularidade, um marco na histria da humanidade. Seus objetivos bsicos giravam em torno da busca por um equilbrio entre as necessidades ambientais, sociais e econmicas para geraes atuais. Outro objetivo da conferncia era a construo de uma espcie de associao mundial que contemplasse os pases desenvolvidos e em desenvolvimento para o estudo e compreenso das questes ambientais, interesse e preocupao igualmente comum a todos. Governos e demais setores da sociedade civil tambm deveriam compor a referida associao.

    Essa conferncia foi popularizada com o ttulo de Rio 92 e conseguiu reunir 108 chefes de estado para aprovao de documentos importantes como a Agenda 21, que consiste em uma declarao da ONU acerca do meio ambiente e o desenvolvimento, para definir quais so os direitos e deveres dos estados.

    Somente em 2002 a ONU (Organizao das Naes Unidas) aprovou A Carta da Terra e comparou sua importncia para a humanidade Declarao Universal dos Direitos Humanos no tocante ao meio ambiente.

    Desde ento, podemos notar muito progresso em relao ao pensamento e postura das pessoas quanto forma como o meio ambiente est sendo explorado. Nota-se uma urgncia em tentar recuperar o tempo perdido e mais ainda em tentar desenvolver nas pessoas uma nova forma de pensar e agir no que se refere s questes ambientais. Ambientalistas, gelogos e os meios de comunicao so alguns exemplos de profissionais profundamente engajados em prol de uma mudana da conscincia ambiental dos seres humanos.

    As escolas tm sido de fundamental importncia na educao ambiental das crianas, possibilitando a elas crescer com o compromisso de preservar e ajudar ao seu ecossistema.

    Dez anos aps a Rio 92

    Relatrio PNUMA 2002 sobre sustentabilidade global diz que apesar dos esforos das empresas, a degradao ambiental do planeta continua a aumentar.

    Baseado em relatrios de sustentabilidade global de 22 setores, a humanidade j consome 25% mais recursos naturais do que o planeta capaz de repor.

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    Johannesburg 2002: O PII (Projeto de Implementao Internacional) apresenta quatro elementos principais do desenvolvimento sustentvel sociedade, ambiente, economia e cultura.

    3.2 A Agenda 21

    A Agenda 21 um dos mais importantes documentos referentes ao meio ambiente e foi gerado na reunio de 178 naes na Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992.

    As dimenses da sustentabilidade so parte do contedo da Agenda 21 global, modelo para que os pases a aplicassem e escrevessem tambm sua agenda 21 nacional e local. Todas essas dimenses que formam parte de um desenvolvimento sustentvel so mostradas por pesquisadores e governantes.

    A Agenda 21 representa um conjunto de requisitos recomendados para uma boa convivncia da humanidade com o planeta, e seus 40 captulos esto divididos em quatro sees. A primeira trata de aspectos sociais e econmicos de desenvolvimento; a segunda, de aspectos ambientais e gerenciamento de recursos naturais; a terceira, do fortalecimento do papel dos principais grupos sociais, e a ltima, discorre a respeito dos meios de implantao.

    A Agenda 21, atravs de seus documentos, visa conciliar mtodos de proteo ambiental, justia social e eficincia econmica. Esses documentos esto estruturados em quatro sees que so subdivididas em 40 captulos temticos.

    Entre os temas tratados na Agenda 21 (SENADO FEDERAL, 1996) podemos citar:

    Dimenses econmicas e sociais, com o foco nas polticas internacionais que ajudaro o desenvolvimento sustentvel nos pases em desenvolvimento e as estratgias de combate pobreza e misria).

    As mudanas necessrias a serem introduzidas nos padres de consumo, as inter-relaes entre sustentabilidade e dinmica demogrfica alm de medidas e propostas para a promoo da sade pblica e a melhoria da qualidade dos assentamentos humanos.

    A questo da conservao e dos recursos para o desenvolvimento, que apresenta os diferentes enfoques para a proteo da atmosfera e para a viabilizao da transio energtica.

    A importncia do manejo integrado do solo, da proteo dos recursos do mar e da gesto eco-compatvel dos recursos de gua doce.

    A importncia do combate ao desmatamento, desertificao e a proteo aos frgeis ecossistemas de montanhas; as interfaces entre diversidade biolgica e sustentabilidade; a necessidade de uma gesto ecologicamente racional para a biotecnologia.

    A importncia prioritria que os pases devem conferir gesto, ao manejo e disposio racional dos resduos slidos, dos perigosos em geral e dos txicos e radioativos.

    Requerimento de medidas para a proteo e promoo de alguns dos segmentos sociais mais relevantes, analisando as aes que objetivam a melhoria dos nveis de educao da mulher, bem como a participao

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    da mesma, em condies de igualdade, em todas as atividades relativas ao desenvolvimento e gesto ambiental. Adicionalmente, so discutidas as medidas e promoo dos direitos e proteo da juventude e dos povos indgenas, das ONGs, dos trabalhadores e sindicatos, da comunidade cientfica e tecnolgica, dos agricultores e do comrcio e da indstria (SENADO FEDERAL, 2001)

    A gua, realmente, um recurso que precisa de muito respeito por parte do ser humano, j que, muitas vezes, claros exemplos de poluio acontecem por esvaziamentos de hidrocarbonetos ou outros elementos altamente contaminadores usados na indstria. Aspectos contidos na Agenda 21 so de alta preocupao com respeito preservao desse recurso, por ser escasso em vrias partes do planeta, como em algumas cidades do Brasil, e necessrio para a gerao de energia eltrica. A procura de alternativas de recursos renovveis que substituam as necessidades do uso da gua ser uma forma de seguir o contido na Agenda 21.

    A Carta da Terra prembulo

    Estamos diante de um momento crtico na histria da Terra, numa poca em que a humanidade deve escolher o seu futuro. medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frgil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnfica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma famlia humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar foras para gerar uma sociedade sustentvel global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justia econmica e numa cultura da paz. Para chegar a este propsito, imperativo que ns, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras geraes (SENADO FEDERAL, 1996).

    3.3 A Agenda 21 brasileira

    A elaborao da Agenda 21 brasileira foi obra do trabalho da Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel e da Agenda 21 Nacional (CPDS). Essa comisso foi criada por decreto presidencial de 26 de fevereiro de 1997, conformada pelo Ministrio do Meio Ambiente; Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto; Ministrio de Cincia e Tecnologia; Ministrio das Relaes Exteriores; Presidncia da Repblica; Frum Brasileiro das ONGs e Movimentos Sociais; Fundao Getlio Vargas; Fundao Movimento Onda Azul; Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentvel; e Universidade Federal de Minas Gerais. Teve como objetivo redefinir o desenvolvimento do Pas, adicionando o conceito de sustentabilidade, qualificando suas potencialidades e as vulnerabilidades do Brasil no quadro internacional (BEZERRA et al, 2002).

    Dentro das estratgias para gesto dos recursos naturais estabelecidas na Agenda 21 brasileira, est o estabelecimento de normas e regulamentao para o uso harmnico da energia e promoo de sistemas alternativos de gerao energtica, transferindo ao consumidor orientaes e escolhas feitas nos planos tcnicos e cientficos. Essas normas so de responsabilidade dos gestores governamentais, atravs da

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    criao de leis para promover o investimento de capitais privados em usinas alternativas, mediante mecanismos econmico-financeiros com incentivos fiscais e/ou econmicos e dar condies para a disseminao dessas tecnologias, suas vantagens, custos, facilidades e dificuldades, na atualidade.

    3.4 o Protocolo de Kyoto

    O Protocolo de Kyoto foi um tratado resultante de uma srie de eventos e que culminou com a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre a Mudana Climtica (UNFCCC) na ECO-92 no Rio de Janeiro (ESTADO, 2007).

    baseado em um tratado internacional no qual as naes signatrias assumem compromissos mais rgidos com o objetivo de reduzir a emisso dos gases que provocam o efeito estufa como dixido de carbono, enxofre etc.

    Esses gases so considerados, de acordo com a maioria das investigaes cientficas, como causa do aquecimento global. Em 1997 esse documento foi discutido e negociado em Kyoto no Japo. Foi aberto para assinaturas em 16 de maro de 1998 com ratificao em 15 de maro de 1999. Entrou em vigor oficialmente em 16 de fevereiro de 2005.

    No tratado do Protocolo de Kyoto, um calendrio proposto pelo qual os pases desenvolvidos tm a obrigao de reduzir a quantidade de gases poluentes em, pelo menos, 5,2% at 2012. Todos os pases signatrios teriam que colocar em prtica planos para reduzir a emisso desses gases entre 2008 e 2012.

    A ideia de que a reduo das emisses de gases ocorra em diversas atividades econmicas e que os pases participantes estejam abertos a cooperarem entre si. Entre essas atividades podemos citar:

    melhoria dos setores de energia e transportes, respeitando a sustentabilidade;

    estmulo para o uso de fontes de energia renovveis;

    priorizao dos mecanismos financeiros e de mercado que estejam de acordo com os objetivos da conveno;

    gerenciamento de resduos e controle das emisses de metano;

    poltica agressiva de proteo de florestas e sumidouros de carbono.

    Se implementado com sucesso, o Protocolo de Kyoto poderia reduzir a temperatura global entre 1,4C e 5,8C at 2100. Contudo, existe uma discusso dentro da comunidade cientifica na qual se afirma que a meta de reduo de 5.2% em relao a 1990 no suficiente para eliminar o aquecimento global.

    3.4.1 O Protocolo de Kyoto e os Estados Unidos

    Uma polmica foi gerada em torno da no ratificao do Protocolo pelos Estados Unidos. A justificativa, segundo o presidente George W. Bush era de que os compromissos com as metas do protocolo comprometeriam de forma negativa a economia do pas.

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    Outro fator levado em considerao, foi o questionamento por parte da Casa Branca sobre o consenso cientfico de que os poluentes causassem ou no a elevao da temperatura global.

    Por outro lago, alguns municpios e estados nos EUA, a exemplo do estado da Califrnia, comearam a pesquisar maneiras para reduzir a emisso de gases txicos, mesmo sem a assinatura dos Estados Unidos no protocolo, tentando tambm no diminuir sua margem de lucro com essa atitude e promover a sustentabilidade.

    3.4.2 Sumidouros de carbono

    Em Julho de 2001, na Alemanha, o Protocolo de Kyoto foi referendado ao se abrandar o cumprimento das metas previstas no passado com a criao de sumidouros de carbono.

    A ideia que essa proposta possibilitaria que os pases que possuem grandes reas florestadas, as quais absorvem naturalmente o dixido de carbono, usassem essas reas como crdito em troca do controle de suas emisses de gases.

    Outra vertente da proposta a de que os pases desenvolvidos e mais industrializados, maiores emissores de CO2 e de outros poluentes, poderiam transferir parte de suas indstrias mais poluentes para pases onde o nvel de emisso baixo ou investir nesses pases.

    Contudo preciso realizar estudos criteriosos sobre a quantidade de carbono que uma floresta capaz de absorver para evitar super ou subvalorizao de valores pagos por meio dos crditos de carbono.

    Aps a Conferncia de Johannesburg, essa proposta tornou-se inconsistente em relao aos objetivos do tratado, a poltica deve ser deixar de poluir, e no poluir onde h florestas, pois o saldo, desta forma, continuaria negativo para com o planeta.

    Existem tambm os cticos com relao ao Protocolo de Kyoto que acreditam que se trata de letra morta, visto que a maioria das naes signatrias no vai conseguir cumprir as metas de reduo de poluentes, alm da no ratificao de pases grandes poluidores como os Estados Unidos. A comunidade europeia, uma das grandes defensoras do Protocolo, no conseguiu ainda cumprir as metas.

    3.4.3 Sequestro de carbono

    Alguns pases que no ratificaram o Protocolo de Kyoto, entre eles os Estados Unidos e a Austrlia, tm uma poltica de sequestro de carbono. Trata-se de estocar o excesso de carbono, por prazo indeterminado, na biosfera, no subsolo e nos oceanos.

    Algumas das medidas citadas a seguir so utilizadas para o sequestro de carbono:

    usar repositrios subterrneos para sequestrar carbono;

    estocar a biomassa criada no solo e remover o dixido de carbono com a vegetao, melhorando o ciclo terrestre natural;

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    dissoluo de dixido de carbono pela fertilizao de fitoplncton e colocando dixido de carbono a mais de 1000 metros de profundidade;

    sequenciar o genoma de micro-organismos para o gerenciamento do ciclo de carbono;

    enviar milhares de minissatlites (espelhos) para refletir parte da luz solar, em mdia 200.000 minissatlites, reduziriam 1% do aquecimento.

    Esse plano est em andamento e mostra a preocupao dos que se dizem cticos em ajudar a remover uma das causas (embora a considerem insignificante) do aquecimento global.

    3.4.4 Resultado do Protocolo de Kyoto

    Na tabela abaixo so apresentados alguns dos resultados das diferenas de emisses de CFC, um dos principais poluidores, segundo a ONU.

    Tabela 2 Resultados das emisses de alguns pases em relao ao protocolo de Kyoto:Pas Diferena entre as emisses de

    CFC (1990-2004)Objetivo a Unio Europeia

    para 2012Obrigao do tratado

    2008-2012

    Alemanha -17% -21% -8%

    Canad +27% No assinado -6%

    Espanha +49% +15% -8%

    Estados Unidos +16% No assinado No assinado

    Frana -0.8% 0% -8%

    Grcia +27% +25% -8%

    Irlanda +23% +13% -8%

    Japo +6.5% No assinado -6%

    Reino Unido -14% -12.5% -8%

    Portugal +41% +27% -8%

    Outros 15 pases da UE -0.8% No assinado -8%

    3.4.5 Mecanismos de flexibilizao

    Pelo Protocolo de Kyoto, alguns mecanismos de flexibilizao formam arranjos regulamentados que facilitam que as partes (pases) includas no Anexo B possam atingir limites e metas de reduo de emisses de gases do efeito estufa (GEE). Esses instrumentos tambm tm o propsito de incentivar os pases emergentes a alcanar um modelo de desenvolvimento sustentvel.

    So trs os mecanismos de flexibilizao:

    O comrcio de emisses que realizado entre pases listados no Anexo B, de maneira que um pas, que tenha diminudo suas emisses abaixo de sua meta transfira o excesso de suas redues para outro pas que no tenha alcanado tal condio.

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    O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) realizado em pases que no tm metas de reduo de emisses de GEE.

    A Implementao Conjunta (IC) que a implantao de projetos de reduo de emisso de GEE entre pases que apresentam metas a cumprir (pases do Anexo I).

    observao

    Desses mecanismos, apenas o MDL se aplica ao Brasil.

    3.4.6 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

    O MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), um dos mecanismos de flexibilizao criados pelo Protocolo de Kyoto, tem por objetivo auxiliar o processo de reduo de emisso de gases do efeito estufa (GEE) ou de captura de carbono (ou sequestro de carbono) por parte dos pases do Anexo I (ROCHA, 2003).

    Seu propsito prestar assistncia s partes no presentes no Anexo I da Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (CQNUMC, ou, com a sigla em ingls, UNFCCC) para que viabilizem o desenvolvimento sustentvel por meio da implementao da respectiva atividade de projeto e contribuam para o objetivo final da Conveno e, por outro lado, prestar assistncia s partes do Anexo1 para que cumpram seus compromissos quantificados de limitao e reduo de emisses de gases do efeito estufa (ROCHA, 2003).

    Os pases em desenvolvimento podem implementar projetos de reduo ou captura de emisso de gases causadores do efeito estufa, obtendo os Certificados de Emisses Reduzidas (CERs). Emitidos pelo Conselho Executivo do MDL, esses certificados podem ser negociados no mercado global. Como os pases industrializados possuem cotas de reduo de emisso de gases causadores do efeito estufa, estes podem adquirir os CERs de desenvolvedores de projetos em pases em desenvolvimento para auxiliar no cumprimento de suas metas (ROCHA, 2003; DENARDI, 2010.)

    Assim o MDL visa ao alcance do desenvolvimento sustentvel em pases em desenvolvimento (pas anfitrio), a partir da implantao de tecnologias mais limpas nesses pases, e a contribuio para que os pases do Anexo I cumpram suas redues de emisso (SOUSA, 2003).

    Com essa proposta, os projetos de MDL podem ser baseados em fontes renovveis e alternativas de energia, eficincia e conservao de energia ou reflorestamento. Porm, para aprovao de projetos no mbito do MDL, existem regras claras e rgidas. Esses projetos devem utilizar metodologias aprovadas, ser validados e verificados por Entidades Operacionais Designadas (EODs), e devem ser aprovados e registrados pelo Conselho Executivo do MDL. E ainda, os projetos devem ser aprovados pelo governo do pas anfitrio pela Autoridade Nacional Designada (AND), assim como pelo governo do pas que comprar os CERs. A Comisso Interministerial de Mudana Global do Clima, estabelecida em 1999, atua como AND no Brasil.

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    3.4.6.1 Categorias de projetos MDL

    Foram enumerados pelo Conselho Executivo (CE) do MDL os seguintes setores nos quais projetos MDL podem ser desenvolvidos, com base no Anexo A do Protocolo de Kyoto.

    importante destacar que uma atividade de projeto MDL pode estar relacionada a mais de um setor.

    Os projetos MDL devem ser desenvolvidos a partir das seguintes etapa.

    Concepo do projeto (preparo da nota de ideia do projeto)

    Concepo do documento de comcepo do projeto (DCP)

    Obteno da aprovao do pas anfitrio

    Validao

    Registro

    Implementao do projeto

    Monitoramento

    Verificao e certificao

    Emisso dos CERs

    Figura 8 - Etapas para a concepo de um projeto para MDL

    3.4.7 Pases pertencentes ao Anexo I do Protocolo de Kyoto

    So os pases que tm metas em relao ao Protocolo de Kyoto

    Esto divididos em dois subgrupos:

    (1) aqueles pases que necessitam diminuir suas emisses e, portanto, podem tornar-se compradores de crditos provenientes do MDL, como a Alemanha, Japo, Holanda; e

    (2) os pases que esto em transio econmica e por isso podem ser anfitries de projetos do tipo Implementao Conjunta (que outro mecanismo do Protocolo de Kyoto), como a Ucrnia, Rssia, Romnia etc. (DENARDI, 2010).

    3.5 Calor e o Protocolo de Kyoto

    O protocolo de Kyoto apresenta uma peculiaridade interessante: ele no exige a mesma meta de todas as naes que assinaram o protocolo. Os pases desenvolvidos esto obrigados a perseguir um corte de

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    5% das emisses de dixido de carbono. J os pases em desenvolvimento (Brasil e ndia, por exemplo) tm que diminuir as emisses quanto for possvel mas sem limites preestabelecidos. As empresas de pases industrializados esto autorizadas a financiar o desenvolvimento limpo em pases de terceiro mundo.

    Existem vrias reas e projetos dos pases de terceiro mundo que podem ser investidos. Em mdia, cada 6 dlares investidos nesses projetos permitem empresa produzir 1 tonelada a mais de dixido de carbono. Isso pode gerar grandes negcios para as empresas brasileiras, que no iro mais encarar os projetos ambientalistas como uma obrigao que s gera prejuzo.

    Mesmo fora do Protocolo de Kyoto, muitas empresas nos Estados Unidos esto preocupadas com o perigo que representa o aquecimento global e, dessa forma, j adotam medidas para reduzir suas emisses de dixido de carbono ou a de seus produtos.

    Alguns exemplos de empresas so mencionados a seguir:

    a General Motors, investiu milhes de dlares no desenvolvimento de veculos movidos a hidrognio;

    a General Eletric, por exemplo, conta com uma diviso de energia elica;

    a American Electric Power, a maior distribuidora de eletricidade do pas, decidiu adotar as normas do tratado e comprometeu-se a reduzir suas emisses de dixido de carbono em 10% at 2006;

    desafiando a posio da Casa Branca, o governo do estado de Massachusetts anunciou um plano de diminuir suas emisses em 10% at 2020.

    Na Unio Europeia, que a maior defensora do Protocolo, seus pases estabelecem cotas de reduo de emisses ainda mais ambiciosas do que as definidas pelo acordo:

    a Inglaterra acredita em um ndice de reduo de 60% at 2050;

    a Alemanha quer reduzir suas emisses em 21% at 2012 contando com o fechamento de indstrias altamente poluentes que ainda restam da antiga parte oriental do pas.

    Apesar da mobilizao mundial em torno do controle do dixido de carbono, grande a comunidade de cientistas que no acredita na causa. Eles se dividem em dois grupos:

    O que considera que o aquecimento global simplesmente no constitui ameaa alguma, sendo apenas mais uma das alteraes que ocorrem no clima do planeta de tempos em tempos e que o dixido de carbono possivelmente tem pouca influncia no fenmeno. E mais: caso o aquecimento venha no futuro a alterar substancialmente o clima e a vida na Terra, a humanidade j dispor de tecnologia adequada para anular seus efeitos.

    Citao:Estou convencido de que nossos netos tero ferramentas para escolher o clima que desejarem, (Robert Balling Jr., da Universidade do Arizona, The satanic gases)

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    O segundo grupo de cientistas despreza o Protocolo de Kyoto pois acha que seus resultados, mesmo a longo prazo, sero nfimos e que os recursos utilizados para reduzir as emisses de dixido de carbono algo entre 150 bilhes e 350 bilhes de dlares por ano seriam muito mais bem empregados no combate a males do mundo moderno, como a pobreza, a fome e as epidemias.

    No momento, as vozes que se levantam contra o tratado, tm sido abafadas pelas evidncias cientficas de que preciso fazer algo pelo planeta antes que seja tarde demais.

    lembrete

    Apesar da mobilizao mundial em torno do controle do dixido de carbono, grande a comunidade de cientistas que no acredita na causa por falta de comprovao cientfica segundo seus padres prprios.

    3.6 o funcionamento do mercado de carbono

    Segundo Rocha, sobre o mercado de carbono:

    Os instrumentos de crdito e/ou permisso j so utilizados em outros pases com relativo sucesso h vrios anos. A ideia bsica de que a reduo, estabilizao e/ou eliminao de um determinado poluente pode ser alcanada atravs da comercializao de crditos de reduo e/ou permisses de emisso entre as empresas poluidoras. Este comrcio faz com que as empresas tenham maior flexibilidade no cumprimento das metas ambientais estabelecidas pela legislao vigente. Outra vantagem que, com a sua utilizao, o poder pblico fica apenas encarregado de definir os objetivos ambientais a serem alcanados, monitorar e penalizar infratores; enquanto que a escolha dos melhores meios para se atingir os objetivos fica a cargo das prprias empresas, que iro sempre buscar a melhor relao custo/benefcio. (ROCHA, 2002)

    1. Est prevista no Protocolo de Kyoto a possibilidade de empresas de pases industrializados compensarem a poluio que produzem financiando projetos ambientais no terceiro mundo (GODOY, 2007).

    2. Em troca do investimento em um projeto limpo, como a ampliao de uma reserva florestal, ela recebe crditos que permitem aumentar suas emisses de dixido de carbono sem contribuir para que seu pas estoure o limite estabelecido pelo Protocolo de Kyoto (GODOY, 2007).

    3. Para serem negociados, os projetos tm que ter o aval da ONU.

    4. US$ 6 por tonelada de dixido de carbono o preo de mercado.

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    3.7 Possveis consequncias do aquecimento global

    Estima-se que o aquecimento global, associado ao humana, poderia provocar mudanas catastrficas no clima. Entre elas:

    Consequncias do aquecimento global

    Ficar mais difcil prever quando e onde ocorrero os furaces e eles devem se tornar mais violentos e devastadores.

    O derretimento das geleiras representa uma ameaa para as focas que se reproduzem no gelo, e para os ursos polares que se alimentam das focas.

    Formao de novos desertos em regies hoje frteis como o que ocorreu na frica em mudanas climticas anteriores.

    Cidades litorneas seriam inundadas pela elevao do nvel dos oceanos (previso de 90 cm at o fim deste sculo) devido ao derretimento das geleiras dos polos.

    Extino dos plnctons, base de cadeia alimentar dos oceanos com reflexos negativos em praticamente todas as espcies subaquticas

    Figura 9 Consequncias do aquecimento global

    saiba mais

    Um filme que pode propiciar uma inter-relao com os contedos da unidade sobre aquecimento global sugerido:

    Uma verdade inconveniente. Dir. Davis Guggenheim. Ator: Al Gore. 100 minutos. 2006.

    3.8 Consequncias do aumento das temperaturas

    Com a elevao da temperatura, acredita-se que o funcionamento das correntes ocenicas ser alterado, elas contribuem para o clima e distribuio de calor dos trpicos pelo planeta impulsionando ou no a formao de gelo nos polos. Um temor, segundo a comunidade cientfica, que de o aquecimento global possa desligar esse grande trocador de calor global.

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    A seguir, so apresentadas algumas das consequncias das mudanas climticas em diversos continentes:

    Quadro 1 Consequncias das mudanas climticas segundo o Greenpeace (2005)

    Local Mudanas climticas

    Amrica Latina Diminuio das geleiras na Amrica Latina;

    maior frequncia de secas e enchentes;

    crescimento do risco para a vida e para os ecossistemas, alm de prejuzos causados por fortes chuvas, enchentes, tempestades e ventos, com a maior intensidade de ciclones tropicais;

    comprometimento da segurana alimentar para muitos pases latino-americanos, ameaando a cultura de subsistncia em algumas regies;

    aumento na incidncia de doenas como a malria, febre amarela e clera pode ocorrer j que se trata de uma regio quente;

    aumento da perda da biodiversidade com o desaparecimento de recursos de ecossistemas.

    Amrica do Norte Ecossistemas em risco;

    em reas costeiras, aumento da eroso, enchentes e tempestades, particularmente na Flrida e na costa americana do Atlntico, provocado pela elevao do nvel do mar;

    a malria e a febre amarela, e outras doenas transmitidas por vetores, podem expandir sua rea de ocorrncia na Amrica do Norte.

    Austrlia e Nova Zelndia

    Incndios e secas se tornaro ainda mais comuns e a gua ser um assunto chave, sendo mais valorizada em regies do pas que sofrem com a seca;

    maior intensidade de chuvas e ciclones tropicais e mudanas regionais especficas na frequncia de ciclones, aumentando os riscos para a vida e para os ecossistemas;

    muito mais espcies ameaadas ou extintas, assim como os ecossistemas australianos, particularmente vulnerveis ao aquecimento global, incluindo recifes de corais, habitats ridos e semiridos no sudoeste e interior da Austrlia, alm de regies montanhosas.

    frica Sensvel queda na produo de gros e consequente reduo na segurana alimentar ameaaro ainda mais populaes africanas, j carentes de desenvolvimento sustentvel;

    considervel aumento do nmero de transmissores de doenas infecciosas, com prejuzo ainda maior sade da populao, em uma regio que j enfrenta os efeitos da AIDS e da desnutrio;

    aumento de secas, enchentes e outros fenmenos naturais acentuando a presso sob os recursos hdricos, segurana alimentar, sade e infraestrutura, restringindo o desenvolvimento da frica;

    destruio de ecossistemas vitais, com o desaparecimento de uma das mais ricas biodiversidades do mundo. Em consequncia, vrias espcies de plantas e de animais podem desaparecer, com impacto no modo de vida rural, no turismo e nos recursos genticos.

    Europa At o final do sculo 21 podero desaparecer metade das geleiras montanhosas e grandes reas congeladas;

    com o aumento nos padres de chuva, podero estar em risco grandes reas da Europa. O risco de enchentes e eroso em reas costeiras tambm deve aumentar, com implicaes para o turismo, agricultura e habitats naturais de zonas costeiras;

    podero ocorrer perdas de importantes habitats (regies midas, plancies de regies rticas e habitats isolados) colocando em risco algumas espcies.

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    Unidade II

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    sia Em diversas reas temperadas e tropicais da sia, podemos dizer que aumentou a incidncia de fenmenos naturais como enchentes, secas, incndios florestais e ciclones tropicais;

    Essa incidncia de fenmenos naturais pode comprometer a segurana alimentar em muitos pases da sia, reduzindo a produtividade agrcola;

    um fato alarmante ser a maior exposio aos vetores de doenas infecciosas, aumentando os riscos para a sade da populao devido a enchentes por exemplo;

    as grandes cidades ao longo da costa dos oceanos Pacfico e ndico, sero ameaadas pela elevao no nvel do mar;

    o aquecimento global resultar na extino de muitas espcies de mamferos e pssaros. A segurana ecolgica estar em risco com a elevao do nvel do mar, incluindo manguezais e recifes de corais.

    3.9 A Rio+10

    Conhecida como Rio+10 ou Cpula da Terra II, foi realizada em 2002 pela ONU, em Johannesburg, na frica do Sul, a Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel.

    Um dos principais objetivos dessa conferncia foi discutir os avanos alcanados pela Agenda 21 e os outros acordos firmados na Cpula de 1992, na ECO-92.

    A partir dessa cpula, surgiram dois documentos, o Plano de Implementao e a Declarao de Johannesburg.

    A Declarao de Johannesburg afirma e relembra compromissos firmados entre os pases em 37 pargrafos e elenca desafios que foram e so enfrentados pelas diversas naes representadas, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento sustentvel.

    Enquanto em alguns pontos o plano parece ter atendido s expectativas, ou pelo menos, dado uma luz questo, em outros ele foi, no mnimo, vago ao no estipular prazos e metas. Sendo assim, a Cpula de Johannesburg e o Plano de Aes no agradou a todos, principalmente s ONGs ambientais que participaram do evento.

    O Plano de Aes da Cpula de Johannesburg firmou o compromisso de restaurar os estoques de peixes nos mares at 2015, mas o texto fala que essa restaurao ser feita onde possvel, o que dificulta o monitoramento e a cobrana desse compromisso assumido.

    De forma geral, na conveno de Johannesburg, temas como energia renovvel ainda tiveram um espao aberto, fundamental para futuras negociaes.

    Johannesburg foi o centro das atenes mundiais para as questes ambientais durante os 10 dias do evento (26 de agosto a 4 de setembro de 2002), no qual foram revigoradas as esperanas de um mundo melhor, com respeito aos direitos humanos bsicos, proteo ao meio ambiente utilizao equilibrada dos recursos naturais.

    Entretanto, nessa grande conferncia das Naes Unidas, provavelmente uma das ltimas do ciclo iniciado em Estocolmo h 30 anos e que teve seu ponto mximo no Rio de Janeiro, em 1992, as

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    Desenvolvimento sustentvel

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    expectativas de que isso viesse a acontecer foram, em parte, frustradas pelos poucos resultados prticos alcanados em Johannesburg.

    Muitos pases, entre os mais de 150 participantes, apresentaram propostas concretas sobre como colocar em prtica as diretrizes da Eco-92 que ainda no saram do papel, principalmente as questes ligadas Agenda 21.

    Mais uma vez, os vrios blocos de pases defenderam de forma intransigente seus interesses, como o Juscanz (Japo, Estados Unidos, Canad, Austrlia e Nova Zelndia), que sob a liderana dos norte-americanos, e com o apoio incondicional dos pases rabes, grandes produtores de petrleo, boicotaram, entre outras, as propostas do Brasil e da Unio Europeia sobre energia.

    Como previsto, a energia foi tratada como tema cone da Cpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel. Na batalha pelas energias renovveis, contudo, nem mesmo a aproximao com a Unio Europeia conseguiu viabilizar a audaciosa e bem recebida proposta brasileira de substituio das matrizes energticas poluidoras por fontes renovveis de energia em 10% at 2010.

    O Brasil, antes da conferncia, alinhavou metas e prazos para as fontes renovveis de energia juntamente com os demais pases da Amrica Latina e do Caribe. Em Johannesburg, o pas apresentou a sua proposta de metas para os chamados novos renovveis, ou seja, fontes mais limpas de energia que incluem a energia solar, a elica, a geotermal, a das pequenas hidreltricas e a da biomassa.

    O que se viu que desde o incio da discusso dos temas, a ba