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REFORMA TRIBUTÁRIA, SIM. AUMENTO DE IMPOSTOS, NÃO.Reforma Tributária em Brasília, demonstrando toda a indignação das 11 mil escolas particulares do Estado com um possível aumento

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DEZEMBRO 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 3

O Sieeesp, em conjunto com mais de 70 representantes de segmentos da área de Serviços (responsável por cerca de

75% do PIB brasileiro), assinou manifesto exigindo mais transparência das discussões a respeito da Reforma Tributária em Brasília, demonstrando toda a indignação das 11 mil escolas particulares do Estado com um possível aumento de impostos.

Ao adotar a estratégia de não apresentar qual-quer proposta concreta - que revelaria o seu verda-deiro posicionamento a favor do aumento da carga tributária -, o Governo esconde o jogo para não se indispor com nenhum partido e nem se atritar com sua base de apoio.

O Governo confia na aprova-ção dos principais projetos em discussão no Congresso, que são a PEC 45/2019 e o PL 3887/2020, considerados por todas as en-tidades como “nefastos e infun-dados”. Isso porque, conforme vimos denunciando há meses, es-sas propostas preveem um salto dos atuais 3,65% para 10,5%, 12%, ou até mesmo quase 25%, ou seja, o Governo Federal se tor-naria sócio das escolas, sem ter contribuído com nada, nem um centavo sequer. Ambas as pro-postas representam claramente uma escalada tributária, pois as escolas já foram extremamente prejudicadas com a crise gerada a partir da pan-demia, com fechamentos, inadimplência e evasão, e não podem ser novamente penalizadas.

Conforme o documento (“Reforma Tributária deve buscar consensos e trazer ganhos para todos”, disponível em nosso site), esses projetos “apontam

REFORMA TRIBUTÁRIA, SIM.AUMENTO DE IMPOSTOS, NÃO.

para forte aumento de tributos, com impactos bastante negativos nos setores de Serviços, em especial que atendem a consumidores que não aproveitam créditos”. Exatamente o caso do nosso segmento de escolas particulares. Traduzindo, a classe média será prejudicada mais uma vez, justamente em um momento extremamente difícil para as famílias dos alunos das classes C, D e E, que perderam trabalho e renda.

Esse alerta, para o qual chamamos a atenção sistematicamente, também é alvo das entidades

representativas, que incorpora-ram ao documento ser a maior preocupação advinda dessas propostas “o fechamento de mi-lhões de postos de trabalho, visto que estes setores e as pequenas e médias empresas concentram grande parte das oportunidades de emprego no País”.

“Sem aumento de impostos, com simplificação do sistema tributário e com estímulos à geração de empregos, não há dúvidas que o Brasil terá melho-res e concretas condições para crescer”, exortam as entidades.

O que precisa acontecer com urgência é uma maior transpa-rência nas discussões com a so-ciedade, para que essas questões extremamente importantes não sejam postergadas.

Acreditamos que haverá bom senso por parte dos senadores e deputados, para que não se cometa tamanha atrocidade contra o futuro dos jovens, já bastante abalado em razão do uso político da educação na pandemia, visando apenas ganhos eleitoreiros, sem nenhuma ciência.

Presidente do [email protected]

BENJAMINRIBEIRO DA SILVA

Editorial

As escolas já foram extremamente

prejudicadas com a crise gerada a

partir da pandemia, com fechamentos,

inadimplência e evasão, e não podem

ser novamente penalizadas

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 20204

sieeesp.com.br

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

DEZEMBRO DE 2020 - Edição 273

PRODUÇÃO EDITORIAL

Editor-chefe:Marcos Menichetti - MTB 12.466

[email protected]

Para anunciar:[email protected]éditos das fotos: freepik - starline - tirachardz - adobestock - rawpixel.com - pvproductions - pch.vector - user18526052 - master1305 - pressfoto

Impressão: Companygraf

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REGIONAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani Filho - (14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

GuarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

Marília(14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos CamposMaria Helena Bitelli Baeza Sezaretto(12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Expediente / Índice

Reforma tributária, sim. Aumento de impostos, não.

3

Livro: para quete quero?

5

Por uma nova pedagogia

6

Infância e telas:o novo normal?

16

Compreender o cenário para reconstruí-lo: os desafios da gestão escolar para 2021

20

Colaboração das tecnologias para a gestão escolar em 2021

24

A educação no pós-pandemia: esperança para recomeçar

34

Setor Educacional e o Direito Tributário: sua Escola é o resultado de suas escolhas

28

O Transtorno do Espectro do Autismo e o direito à Educação Inclusiva

32

Rua Benedito Fernandes, 107 - Santo Amaro São Paulo - SP - CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

@sieeesp SIEEESP

sieeesp

Alimentação naescola e os desafiosna retomada

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Cidadania

lançados está “Atividades para pensar e escrever” (Wak Editora).

Mestre e doutor em Língua Portuguesa. Entre os livros

SÉRGIO SIMKA

D ia 29 de outubro foi comemorado o Dia Na-cional do Livro. Legal,

não é mesmo? Mas há o que se comemorar, em se tratando de um país que dá mais valor a coisas fú-teis? Um exemplo: é só ligar a TV. Basta ficar na frente do aparelho, para se perceber a montanha de bo-bagens que quem assiste tem à sua disposição. Tão natural que parece que a pessoa se acostumou, se anes-tesiou, se alienando cada vez mais, em uma atmosfera de comodismo e de tranquilidade enfermiça.

E aonde desejo chegar com essas linhas? Em vez de as pessoas fica-rem perdendo tempo navegando nas redes sociais, ou assistindo filmes de conteúdo proibido para crian-ças, por exemplo, seria melhor se houvesse um abastecimento com a leitura de bons livros. Tudo bem,

Livro: pra que te quero?em período de pandemia, segundo pesquisas, a leitura aumentou. Mas esse índice deve permanecer ao longo dos anos, pós-Covid-19, porque o que a sociedade necessita urgentemente é de pessoas que dis-pensem ao livro, à leitura, o mesmo interesse de uma partida de futebol, de um passeio à praia, ao shopping, por exemplo.

Pois, definitivamente, a lei-tura enriquece o conhecimento, o vocabulário, permite o desa-brochar de uma consciência críti-ca, desenvolve a argumentação, ajuda a escrever melhor, a orga- nizar o raciocínio; a ter opiniões próprias e saber defendê-las quan-do necessário; a entender as en-trelinhas, ou seja, aquilo que não se disse explicitamente, mas está “oculto”. Enfim, a pessoa deixa de ser massa de manobra e passa a se

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constituir em um ser humano com autonomia.

Quem lê aprende a ser senhor de seu próprio destino. E não é isso que desejamos a todos? A nossos alunos e filhos?

O livro precisa fazer parte da cesta básica da existência de cada um de nós, desde a mais tenra idade, para que a criatura vá se acostumando com esse objeto, que faz a nossa imaginação transcen-der, faz a nossa alma ficar mais se-rena, pois a leitura, inegavelmente, tem esse poder de trazer para a vida sonhos que podem ser sonhados e, por que não, realizados. •

O livro precisa fazer parte da cesta básica da existência de

cada um de nós, desde a mais tenra idade

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Matéria de Capa

A Pedagogia está para edu-cação assim como um en-genheiro civil está para

obras. Dito isso, pode-se perceber que educação é reconstrução da vida e, para que esta reconstrução aconteça de forma efetiva e com qualidade, faz-se necessário um profissional denominado pedagogo, que é visto como um engenheiro na educação, criando seus pilares para a sustentação de toda sociedade e, principalmente, transformação de um cidadão ignorante em um

Por uma nova Pedagogia

ser pensante, crítico, autônomo e protagônico.

Este profissional da educação buscará metodologias ativas para que a aprendizagem ocorra de forma a contribuir no processo formativo do educando como ser pensante, e não um agente passível e manipulável pelo sistema, au-mentando de forma concomitante a massa de manobra.

Será por meio destas metodolo-gias vislumbradas pelos pedagogos que se encontrará uma forma de

contribuir com este processo, tanto voltado para o lado cognitivo quan-to social, além da própria persona-lidade do educando, contribuindo com o desenvolvimento harmonio-so de todas as capacidades físicas e intelectuais do educando.

Será através dela também que o pedagogo trabalhará o protago-nismo cognoscente em seus educan-dos, subtraindo destes a submissão e alienação, fugindo à solução de More, em que diz que bastaria en-sinar a submissão total à autoridade

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e incentivar a resignação cristã em face da privação. Esta solução visava também não incitar pensamentos críticos, já que se torna fácil o con-trole de uma sociedade iletrada.

O pedagogo usa a educação como meio de fomentar ideais de paz, liberdade e justiça, fazendo da humanização e socialização temas sempre defendidos, já que o processo educativo torna-se um processo vital para a espécie humana.

Faz-se mister elucidar que um educador e pensador que escreveu

muito sobre pedagogia e a sua importância para desenvolver a criticidade do educando foi Paulo Freire, que sempre trabalhou a criticidade do educando e a recusa do ensino bancário que deforma a criatividade deste mesmo edu-cando. Isso porque ele percebeu que há muito tempo imperou a pedagogia cínica, pedagogia esta que é consciente de manipulação, mentira e passatempo fútil.

Profissionais que se dizem peda-gogos e que usam de uma metodolo-gia deturpadora que aliena e torna o educando cada vez mais estulto e imbecilizado para aumentar a massa de manobra não podem ser pedagogos, pois a educação tem o seu cerne na libertação instigada pela livre consciência e poder de discernimento, pois passa a ser um momento em que o educando deixa de ser homem-objeto e passa a ser homem-sujeito, com vontades, sonhos e com condições para total transformação de seu entorno. Paulo Freire, em contrapartida, trabalhou a pedagogia libertadora, a pedagogia da autonomia que de-senvolvem no educando a criticida-de, o protagonismo cognoscente e a transformação social.

Dito isso, ressalto que o conhe-cimento deve ser globalizado e o seu acesso tem que ser democratizado, para que este mesmo conhecimento possa fomentar um melhor discerni-mento da situação, bem como for-mas de se projetar em suas soluções, a que este cidadão se transformou em uma presença no mundo. Uma pessoa que não se torna presença no mundo é facilmente manipulada por um poder coercitivo, que rouba sonhos e a dignidade da pessoa, transformando assim a sua vontade na vontade de outro.

E, hoje, os educadores apren-deram a ser mais críticos e a fo-mentar esta mesma criticidade em seus educandos, a ponto de poder perceber que a Covid-19 trouxe con-sigo o isolamento; em contrapar-tida, trouxe também uma reflexão: em que os educadores pedagogos

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O pedagogo usa a educação como meio de fomentar ideais de paz, liberdade e justiça, fazendo da humanização e socialização temas sempre defendidos,

já que o processo educativo torna-se

um processovital para a

espécie humana

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Matéria de Capa

precisam melhorar em relação à profissão de educador?

Obviamente, ser educador é um constante aprendizado, e este apren-dizado tem um significativo que deve ser visto sem coerção, e esta atual conjuntura tem sido ao mesmo tem-po singular e ideal para tal. Houve necessidade de alguns professores ficarem absortos em pensamentos mais críticos quanto ao verdadeiro ideário educar, o que remete à seara da qualificação voltada para a gra-duação em Pedagogia, pois as atuais circunstâncias mostraram um para-doxo inverossímil, uma vez que faltou know how para muitos efetivarem suas aulas on-line ou por vídeos; em contrapartida, outros tantos tiveram autonomia para oferecer melhor e aprenderem a aprender.

Em verdade, o isolamento aju-dou o pedagogo a se melhorar um pouco mais como pessoa e como profissional, além de fomentar sua criticidade e fazê-lo perceber que há na verdade algumas falhas em sua formação, e que a licenciatura em Pedagogia deixa a desejar em vários

quesitos como oratória, tecnologias da informação e comunicação, gestão afetiva, liderança, gestão de conflitos e planejamento.

A oratória é uma comunicação com excelência, uma arte em se falar em público, sem vícios de linguagem e sem um olhar vidrado para um nada, ou seja, o corpo se ex-pressa, o tom da voz enfatiza o que se comunica e, assim, a comunicação acontece sem muitos ruídos, já que ela instiga a imaginação, desperta a paixão, influencia a determinação e favorece a compreensão.

Trata-se de uma habilidade que pode ser desenvolvida por qualquer um, dando segurança no falar e auxiliando assim em uma melhor desenvoltura no falar, pois o orador passa a ser mais claro e objetivo em suas falas.

Quando é trabalhado este item, seja na carreira do pedagogo ou do educando, é oportunizado para ele um momento para lidar com o medo de falar em público e superá-lo, além de uma melhor projeção nos rela-cionamentos interpessoais.

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Interessante perceber que ao se trabalhar a comunicação na oratória, a mesma virá agregada de linguagem corporal como ges-tos, posturas, direcionamento do olhar, semblante, movimentação do corpo, o tom da voz, bem como um planejamento do que será falado, como introdução, desenvolvimento e conclusão.

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Ser educador é um constante

aprendizado, e este aprendizado tem um significativo

que deve ser visto sem coerção

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Matéria de Capa

Assim, pode-se perceber que a oratória é de suma importância para que a comunicação ocorra, já que é esta comunicação um dos meios para se desenvolver o discernimento e cognição de nossos educandos. A comunicação é a própria expressão da vida real, pois vem intrínseca em si uma linguagem e esta é si-multaneamente individual e social, modificando e construindo sujeitos bem como se fazendo construir e incorporar conhecimentos sociais e afetivos, além de interagir no mundo social à sua volta, já que é a linguagem que nos eleva acima da pura sensação.

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) fazem parte de alguns cursos de licenciatura em pedagogia; entretanto, são focados no quesito tecnologias assistivas, abstendo-se da tecnologia voltada para comunicação, como gravação e edição de vídeos e até mesmo ser um influencer.

Com este isolamento, alguns educadores tiveram que aprender a usar tais ferramentas, tornaram-se editores de seus próprios vídeos, melhorando assim a qualidade de suas aulas e sendo criativos, bus-cando prender a atenção de seus educandos.

Interessante perceber nas falas de Fernando Pessoa que “há um tempo em que é preciso abandonar

roupas usadas, que já têm a forma de nosso corpo, e esquecer os nos-sos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares”, e assim deve ser vista a Tecnologia da Informa-ção e Comunicação, pois ela veio para contribuir no processo ensino-aprendizagem.

São muitos os profissionais resis-tentes ao uso das TIC’s, mas trata-se de uma evolução como visto acima, já que estes educadores insistem em usar as mesmas roupas.

Cabe ao educador transformar esta TIC’s em uma aliada para uma melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem, tendo-a como po-tenciadora deste processo.

A gestão afetiva deveria ser abordada até mesmo antes do isolamento, já que a oratória e as

TIC’s são reflexões relevantes para que as aulas ocorram da melhor maneira para o educando assimilar o conteúdo ministrado.

A gestão afetiva trata-se de um conteúdo de suma importân-cia e deveria ter sido pensado no exato momento em que a institui- ção resolveu abrir um curso de Pedagogia. Algumas instituições até mesmo têm esta disciplina ou assunto comentado como forma de transdisciplinaridade. Todavia, ela deveria ser uma cadeira obrigatória em todas as graduações de licen-ciatura, pois racional e emocional não são excludentes: a vida afetiva e a intelectual são tanto paralelas quanto interdependentes.

A educação precisa ser mais hu-manizada e esta humanização deve

Alguns educadores tiveram que aprender a usar tais ferramentas, tornaram-se

editores de seus próprios vídeos

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Matéria de Capa

ser concretizada com a negação do adestramento, da padronização, do ensino bancário e também da do-mesticação, pois estas palavras rou-bam a dignidade do povo e o alie-na, fazendo com que os educandos tornem-se passivos e manipuláveis, perdendo sua identidade e, prin-cipalmente, sua dignidade, já que se buscam repetições de respostas esperadas como verdadeiras. Isso porque o verdadeiro educador tem que agir como um agente transfor-mador e não um mero transmissor de informações.

Cabe ao professor ressignificar, reinventar-se e fazer valer o seu sonho, já que este profissional optou por ser professor por ter uma visão mais humanista e equitativa, de le-var conhecimento às pessoas à sua volta e a auxiliá-las a serem mais como pessoas, levando-as à plena consciência de que conhecimento se dá também por intermédio de um questionamento inteligente.

A afetividade tem que ser traba-lhada principalmente no ensino infantil e fundamental, de forma com que os educandos possam sentir-se seguros.

Com este conteúdo na grade de um curso de pedagogia, o edu-cador aprenderá a reencantar seus alunos, despertando assim suas capacidades de engajar-se e transformar-se.

A gestão afetiva auxilia o aluno a lidar com suas emoções, as dife-

renças, o respeito, empatia, e até mesmo com o amor, no mais puro significado.

A gestão afetiva ressalta a im-portância de o educador ser sempre sereno e não se deixar levar por problemas circunstanciais; assim sendo, ela deve ser sempre paciente e contínua; porém, sem que se per-ca a disciplina, pois sem disciplina não há aprendizagem.

Interessante ressaltar também que o bom educador tem imbuído em si uma autoridade moral, já que esta implicará em confiança por parte da criança, o que facilita uma relação dialógica entre educador e educando.

Em relação à liderança, ela deve ser trabalhada constantemente, já que este profissional será visto por seus educandos como uma referên-

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A boa liderança nos remete ao

efeito Hawhorne, já que a efetividade

de alguém está diretamente ligada

à sua atenção

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cia a ser seguida e obedecida, já que o líder tem a função de construir uma visão compartilhada, incen-tivar o aprendizado, a busca pelo conhecimento questionador.

Cabe ao líder fomentar e man-ter a cultura do conhecimento, identificando habilidades a serem desenvolvidas em seus educandos, bem como suas competências, além de construir relacionamentos, de

forma a satisfazer as necessidades de seus educandos para que o mesmo possa assimilar ao máximo o conhecimento necessário à sua transformação como um cidadão crítico e protagonista.

Um pedagogo imbuído de lide-rança foca nas necessidades de seus alunos e não na sua vontade própria, já que na área da psicologia a vontade não leva em consideração

as consequências físicas ou psi-cológicas do objeto desejado.

É ressaltado no livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para Cidadania Crítica que o pedagogo deve exercer um papel de liderança, em seu corpo docente, discente e comunidade escolar; assim sendo, ele trabalhará a motivação para que a instituição educacional possa al-cançar a meta que é uma educação de qualidade.

A boa liderança nos remete ao efeito Hawhorne, já que a efetivi-dade de alguém está diretamente ligada à sua atenção; dito isso, para que uma liderança seja bem trabalhada e aceita, deve se abster de qualquer autoritarismo, pois a liderança é uma capacidade de influenciar pessoas e habilidade é uma capacidade que também pode ser aprendida.

Vale lembrar que um bom líder traz consigo positividade diante da adversidade e é percebido que a seara da educação é um terreno com muitas adversidades, e estas mesmas adversidades fazem com que o líder tenha resiliência para superar desafios e contratempos.

A liderança poderá ser um fator primordial para o bom desempenho de um funcionário pois, caso con-trário, ela passa a ser uma das prin-cipais causas do absenteísmo, já que um mau líder degrada as condições de trabalho, compromete a quali-dade de vida no trabalho e passa a ser uma dos principais vetores para doenças psíquico-emocionais e sofrimento no trabalho.

Vale ressaltar que lidar com pes-soas é lidar com conflitos e, assim, um pedagogo, seja ele atuante em sala de aula, gestão e/ou super-visão escolar, precisará lidar com conflitos e pouquíssimos tem esta habilidade; aliás, muitos são os profissionais que demonstram total despreparo, ressaltado pela falta de empatia e egocentrismo, chegando a fazer uso de um assédio moral, que viola o princípio jurídico da boa fé, já que este assédio é carac-terizado por uma violência, uma

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Matéria de Capa

agressão psicológica, a ponto de ex-por os subordinados em situações constrangedoras e humilhantes, por meio de conduta abusiva ou até mesmo exclusão do meio em que o educador se encontra inserido.

Cabe ressaltar que o assédio moral apenas ressalta a personali-dade da pessoa a sua índole, falta de ética e reforça o seu mau caráter.

O planejamento é um conteúdo interessante, pois cabe ao educa-dor fazer planos para se chegar onde pretende. Este planejamento servirá de bússola e não pode ser visto como trilhos e sim trilhas, caminhos calculados sob a luz da ética para resultado desejado.

O planejamento aqui citado não se refere apenas ao planejamento pedagógico, e sim ao planejamento que lida com planos de contingên-cias, já que nem todos educandos têm os mesmos interesses e ha-bilidades, aprendendo da mesma maneira, e tampouco não podemos aprender tudo que é aprendido, o

que nos remete a nossa racionali-dade limitada.

O planejamento serve para eluci-dar que a educação é relativa e situa-cional, ou seja, a mesma depende de variáveis como sistema político, con-texto escolar, infraestrutura da ins-tituição, corpo docente, bem como

situações oriundas de pandemias como ocorrido com a Covid-19.

O professor e/ou pedagogo é uma das profissões mais completas, pois ela exige do profissional um constante aprendizado e adapta-ção ao meio em que se encontra inserido.

O faz se qualificar, mesmo sem receber incentivo de governos ou mantenedoras, pois ele é um profis-sional que traz consigo a “estranha mania de ter fé na vida”, fé no poder transformador da educação e em seu trabalho. •

Cabe ao líder fomentar e manter

a cultura do conhecimento, identificando

habilidades a serem desenvolvidas em seus educandos bem como suas competências,

além de construir relacionamentos

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202014

de Pós-Graduação. Autor dos livros “Gestão Afetiva: Sistema Educacional e Propostas Gerenciais”, “Escola não é Depósito de Crianças: A Importância da Família na Educação dos Filhos” e “Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para a Cidadania Crítica” (publicados pela Wak Editora)

Mestre em Educação. Docente universitário e

WOLMER RICARDO TAVARES

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Comportamento

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202016

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A inda não sabemos o que será esse “novo normal”, expressão que está pre-

sente em quase todas as reflexões sobre o mundo pós-pandemia. Al-gumas coisas mudarão, porque pre-cisarão ser diferentes, quer seja pe-los protocolos sanitários adotados para garantir a segurança de todos, quer seja pelas questões econômi-cas. Outras mudarão, porque, em meio a essa tempestade, tem sido necessário nos “reinventar” (outra expressão muito usada atualmente) para lidar com a nova realidade e descobrimos boas práticas.

Talvez, por exemplo, nem todas as reuniões precisem ser presen-ciais, o que diminui a necessidade de deslocamentos, algo impor-

DEZEMBRO 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 17

Infância e telas:o novo normal?

tante nos grandes centros urba-nos. Talvez, a literatura passe a ocupar um espaço maior na vida das pessoas, das famílias, uma vez que alguns pais têm lido mais para os seus filhos. Talvez as lives se fortaleçam como um canal de comunicação interessante para aproximar pessoas com interesses em comum. O fato é que, passado este momento, poderemos avaliar o que fica deste episódio como legado para a sociedade.

Mas há questões que chamam a atenção e precisam ser refletidas: Como será a relação das crianças com as telas depois disto tudo que vivemos? Desta imersão precoce em algumas idades? Do uso desta via de comunicação? O que dizer

quando o assunto é infância e telas? Nos depoimentos que tenho ou-

vido de pais de crianças pequenas, percebo algumas preocupações e constatações semelhantes: quase todos se sentem culpados diante deste cenário tão inesperado e desafiador, e dizem não conseguir blindar as crianças, mesmo as de um ano, do ambiente digital. Isso acontece por dois motivos, se-gundo eles: primeiro, porque esse passou a ser o único canal de con-tato com o mundo além da casa. E, segundo, porque muitos pais, em algum momento, precisam entreter os filhos para poder dar conta do home office, dos serviços domésticos, das tarefas do irmão mais velho… Junte-se a isso o fato de que muitas escolas, mesmo as de educação infantil, vêm produ-zindo conteúdos on-line para essa faixa etária, uma vez que esse também foi o único canal de liga-ção que restou para que famílias e crianças, sobretudo das escolas privadas, pudessem manter con-tato com a escola neste cenário de distanciamento social.

Como será a relação das crianças com as telas depois disto tudo que

vivemos? Desta imersão precoce em algumas idades? Do uso desta via de comunicação? O que dizer quando o

assunto é infância e telas?

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Porém, no “novo normal”, é imperativo que as crianças com menos de três anos continuem sendo poupadas das telas. Assim que puderem, devem privilegiar as interações com outros adultos e com seus pares. As telas entraram no lugar da relação presencial unicamente porque esta não é pos-sível agora, mas nada substitui a experiência com o outro, com o am-biente, com o espaço. Para a criança em anos iniciais nada substitui o olhar, o tom de voz, a temperatura da pele sentida no toque. A criança pequena é corpo, é movimento, é relação. Sua inteligência é prática, motora e sensorial, e ela precisa do outro e de experiências concretas para desenvolver-se física, psíquica e cognitivamente. Experiências que são intencionalmente planejadas no ambiente escolar.

Muitas escolas de educação in-fantil precisaram usar o ambiente digital para garantir a manuten-ção dos vínculos construídos com as crianças, sustentar os proces-sos de aprendizagem já iniciados na Escola, bem como para ser, neste momento, uma rede de apoio aos pais dos pequenos. Na Escola Viva, por exemplo, fizemos isso oferecendo atividades por um portal de uso exclusivo das famílias.

Essas atividades não estavam restritas à tela, precisavam da me-diação do adulto e foram criadas

a partir do interesse das crianças, do que os professores sabiam a respeito delas e do que percebiam nos encontros virtuais. Deixar o computador no chão para ver o corpo todo, silenciar para escutar, perceber um gesto, para onde a criança está olhando foram estra-tégias descobertas aos poucos.

Planejamos cuidadosamente esses encontros virtuais, indivi-duais ou em pequenos grupos, sem-pre mediados pelos pais, e observa-mos e ouvimos crianças e famílias nessas ocasiões. Orientamos os pais a observarem seus filhos para que pudessem avaliar se esses en-contros eram positivos ou geravam qualquer sinal de ansiedade. As professoras gravaram histórias e músicas conhecidas pelas crianças na tentativa de trazer algum indício de pessoalidade na relação com os vídeos, e fizemos questão que fos-sem de curta duração.

Também por meio do ambiente virtual, pudemos conversar com os pais, abrir espaços de escuta e de troca, destacando todo o po-tencial de aprendizagem presente nas atividades cotidianas de casa. Quantas descobertas importantes foram compartilhadas!

Assim, entendemos que a com-binação “primeira infância e tela” é algo datado e pontual. Recurso para ter companhia nesta travessia, para manter a ligação com as pes-soas queridas e com o mundo que existia antes desta pausa. Mesmo assim, cuidar do tempo, da quali-dade, do conteúdo e ter sempre a mediação do adulto são aspectos fundamentais que devem ser con-siderados para proteger as crianças do excesso de exposição.

No “novo normal”, muito mais do que com as telas, criança vai continuar combinando com brinca-deira, com parceria e quintal. •

pelas crianças de um a quatro anos. Pedagoga, atua há mais de vinte anos na educação infantil e é docente por 15 anos, atuando com crianças de 0 a 10 anos. Tem curso de especialização em “A vez e voz das crianças, a arte de escutar, e conhecer narrativas, linguagens e culturas infantis” - A Casa Tombada -SP - FACON. Também colaborou nos livros: “A Arte de Brincar” – Adriana Friedmann (Ed. Scritta) e “Brincar, Crescer e Aprender: O Resgate do Jogo Infantil”, Adriana Friedmann (Ed. Moderna - 1992).

Coordenadora pedagógica da Escola Viva, responsável

KÁTIA KEIKO MATUNAGA

Comportamento

Para a criança em anos iniciais nada substitui o olhar, o tom de voz, a temperatura da pele sentida no toque

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202018

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Gestão

A imagem do educador como um profissional capaz de compreender

e reconstruir cenários em que a aprendizagem se desenvolva ilus-tra bem o papel dos professores, já que entre as competências do bem ensinar certamente está a de criar ambientes estimulantes e situações de aprendizagens significativas, nos quais crianças e jovens possam atuar como protagonistas de seus percursos formativos.

Pensando bem, a imagem de construtor de cenários também se aplica ao trabalho dos gestores

Compreender o cenário para reconstruí-lo:os desafios da gestão escolar para 2021

escolares. O diretor, o coordena-dor, os líderes educacionais, enfim, necessitam, cada vez mais, ser capazes de antever, compreender e reconstruir os cenários do seu pro-jeto de escola, principalmente após a realidade vivida no ano de 2020, em função da suspensão das aulas presenciais como consequência da pandemia de Covid-19, doença infecciosa causada pelo novo coro-navírus.

É preciso ref letir sobre esse papel de acordo com duas dife-rentes perspectivas. Uma delas é o contexto imediato, próximo.

Sem nenhuma dúvida, 2020 é um ano que ficará para a História da Educação brasileira, pois nos impôs uma nova forma de fazer a escola. Sem aviso prévio, gestores e professores viram-se obrigados a engavetar seus planejamentos es-colares e reelaborar, com urgência e emergência, outras ações peda-gógicas, por meio de atividades remotas de ensino e aprendizagem, mediadas pela tecnologia.

Coube aos gestores ações de articulação para a construção de ambientes tecnológicos de trabalho que conciliassem criatividade e dis-

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202020

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ciplina, a fim de que fossem mini-mamente garantidas aprendizagens básicas. Ser capaz de reorganizar a atuação da escola no meio da pan-demia foi, sem dúvida, uma habi-lidade desenvolvida neste período, que também será de grande valia para futuras atuações profissio-nais de um gestor escolar, já que a velocidade das transformações se acelera continuamente.

Sabendo do cenário das mudan-ças da sociedade contemporânea pós-pandemia, é imprescindível que o primeiro olhar do gestor es-colar seja para dentro, com atenção e critério para o que acontece no universo interno da escola – a área de influência mais próxima –, para posteriormente olhar para fora, ou seja, compreender o que se passa

na realidade mais ampla, a fim de poder implementar um currículo escolar que possa interagir com ela.

Muitas vezes, presos aos emer-genciais afazeres cotidianos, os gestores escolares se esquecem de olhar com atenção para mudan-ças importantes que certamente chegarão ao ambiente escolar em 2021. Estamos falando da Base Na-cional Comum Curricular (BNCC)?

Do Novo Ensino Médio? De tecno-logia? Da educação híbrida? Sim, mas não só disso. Há mudanças comportamentais, demográficas, econômicas e culturais que atin-girão todas as escolas já no próximo ano e que irão interferir nos negó-cios. Saber entender esses movi-mentos permitirá ao gestor se preparar para o que virá.

São muitos os exemplos: as mudanças comportamentais a que toda a sociedade precisou se adaptar; as matrículas das crianças cujas famílias desistiram da es-cola em 2020; as novas realidades econômicas das famílias e a gestão da inadimplência; a migração de alunos para a escola pública, em função da perda do valor aquisi-tivo de grande parte da população

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É imprescindível que o primeiro olhar do gestor

escolar seja para dentro,

com atenção e critério para o

que acontece no universo interno

da escola

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educacional e autora do livro “Gestão Escolar de Bolso” (Editora do Brasil). [email protected]

Pedagoga, mestre em Educação, consultora

FRANCISCA R. G. PARIS

brasileira; a retomada plena das aulas presenciais, que exigirá um cuidado extra por parte das esco-las, e a permanência de algumas incertezas, entre outros.

Porém, diante do mar de in-certezas que viveremos em 2021, tomar decisões que sejam adequa-das para o bom funcionamento da escola no pós-pandemia deve configurar-se como a principal estratégia a ser traçada.

Reconhecendo as reais con-dições do contexto de sua escola, é fundamental que o gestor escolar analise os investimentos possíveis para o próximo ano, se possível com alguma redução dos custos, de acordo com as projeções dos indica-dores econômicos, que não são os melhores. A gestão financeira deve

ser bem planejada, minimizando a inadimplência para a garantia da saúde econômica da instituição.

Outro aspecto importante para o planejamento de 2021 é coordenar a elaboração para implementação do novo currículo, que considere orientações pautadas na Lei nº 13.415/2017 (Novo Ensino Médio) e na BNCC, ao mesmo tempo em que a escola ainda se recupera dos transtornos pós-pandemia.

Certamente essas não são as únicas ações que os gestores vão precisar implementar, mas como não é possível apresentar listas de tarefas do que é preciso ser feito, alertamos para a constatação de que as mudanças chegarão a uma espan-tosa velocidade, e que a vitalidade dos negócios cada vez mais depen-

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202022

derá da capacidade de adaptação da gestão aos novos contextos.

Por isso, ser líder escolar pós-pandemia implica ser sensível aos sinais dos tempos. É preciso saber ler nas entrelinhas, buscar com-preender as tendências e se ante-cipar o máximo possível às curvas da História, essa estrada cada vez mais veloz.

Vamos começar a aguçar os olhares? •

Gestão Escolar de Bolso reúne um conjunto de dicas fundamentais para quem exerce a profissão de gestor escolar. Trata-se de uma proposta que pretende abordar a atividade dos gestores na concretude do cotidiano. O ges-tor escolar só faz acontecer por meio de seus falares e fazeres. Por esse motivo, apresentamos neste livro o que nos parece essencial no “falar e fazer” dos ges-tores para que possam “fazer acontecer” uma escola de qualidade. Neste livro, os fazeres necessários do gestor estão tematizados em sete esferas da atuação gestora: administrativa, processos e resultados, financeira, pedagógica, pes-soas, comunicação e fortalecimento institucional e cultura e clima escolar. Sem a pretensão de ensinar como deve atuar um gestor, um tema tão complexo e relevante, esperamos promover pequenas reflexões sobre os desafios da gestão escolar em torno de um objetivo comum: a educação com qualidade para todos.

LIVRO

Gestão

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A aprovação da resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), que

permite o ensino remoto nas esco-las públicas e particulares até 31 de dezembro de 2021, aponta a direção dos próximos passos da Educação em relação ao uso de tecnologias. Embora muitas barreiras tenham sido rompidas como consequência da pandemia e todas as mudanças ocorridas em vários setores, na Educação, segundo os próprios educadores, ainda é preciso avan-çar e qualificar tanto desenvolvi-mento quanto uso.

“A pandemia acelerou o uso de tecnologia na Educação e mostrou

para professores, pais e alunos, que pode ser uma grande aliada para continuar a engajar os estudantes nas atividades pedagógicas. Pode-se dizer que, após esse período, a tecnologia finalmente encontrou o seu lugar na Educação”, contex-tualiza Lúcia Dellagnelo, diretora-presidente do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb).

O que muda daqui para diante, na opinião da diretora, é que os professores, ao buscarem recursos digitais e tecnologias para ajudar a dar continuidade à aprendizagem durante a pandemia, começaram a conhecer muito mais os critérios de qualidade e de alinhamento ao

currículo das tecnologias. Isso gera uma demanda mais qualificada por tecnologia educacional no futuro, e exigirá um mercado também mais qualificado.

“Os educadores começaram a desenvolver uma capacidade crítica para escolher e fazer a curadoria dos recursos educacionais digitais mais apropriados. As tecnologias terão de ser preparadas para serem utilizadas tanto dentro de sala de aula quanto de forma remota, gerando dados e informações para que os professores possam planejar de forma cada vez mais integrada o ensino híbrido”, explicou Lúcia Dellagnelo. Ou seja, os empreende-

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202024

Bett Educar

Colaboração das tecnologias para a gestão escolar em 2021

Não apenas os professores se tornaram mais abertos ao uso e à experimentação de tecnologias e novas ferramentas, como, também, a gestão educacional se viu impelida a “virar a chave”da transformação digital

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dores terão de se esforçar mais e mais para desenvolver tecnologias que façam sentido, e que realmente promovam a aprendizagem.

O head de Inovação do Grupo Eleva Educação, Guilherme Cintra, chama atenção para outro aspecto de toda essa mudança de para-digma na Educação: não apenas os professores se tornaram mais abertos ao uso e à experimentação de tecnologias e novas ferramentas, como, também, a gestão educacio-nal se viu impelida a “virar a chave” da transformação digital.

De acordo com Cintra, uma vez que se começa a inserir a tecnologia em sala de aula e no processo de

aprendizagem dos alunos, gera-se um imput de dados de várias fon-tes. Esses dados podem, e devem, ser usados para entender melhor o processo de ensino aprendizagem. Dentro da visão de gestão escolar, conforme ressalta o gerente-exe-cutivo de Tecnologia Educacional do Grupo Eleva Educação, há uma série de elementos em termos da gestão melhorada do ponto de vista da transformação digital.

“Muitos meios de pagamento es-tão sendo adotados em ferramentas como os RPS [recibo provisório de serviço] e comunicação. Na Agenda Edu, que o Grupo Eleva adotou, foram criados meios de paga-

mento conectados ao mecanismo de comunicação. Isso facilita toda a gestão de inadimplência, de bole-tos, de pagamentos de uma forma geral. O que estamos vendo é uma transformação digital acelerada pela pandemia, possibilitando um ecossistema mais integrado, que permita trabalhar mais com da-dos”, resume Cintra, que também é sócio no Gera Venture, fundo de educação de capital de risco exclu-sivamente focado em educação.

Mudança de comportamento e digitalização, mas com humanismo

Outro ponto inegável sobre o uso da tecnologia educacional no período da pandemia foi a ajuda às escolas em manter a criação e o de-senvolvimento dos laços sociais e o compartilhamento de experiências, ambos essenciais para qualquer experiência de aprendizagem. Por isso, alguns educadores já defendem a tese de se continuar pensando em maneiras de tentar trazer a socialização e a troca de experiências para o meio on-line, de forma cada vez mais significativa e relevante.

Cíntia Nogueira, editora de Con-teúdo Digital sênior da Spot Educa-ção – holding formada por quatro negócios: Cultura Inglesa, Cultura Online, Edify e codeBuddy –, con-corda que a migração massiva do ensino presencial para diferentes modelos de ensino remoto deixou aparente a necessidade de uma integração significativa entre a metodologia pedagógica e os re-cursos tecnológicos utilizados pela escola. No entanto, a executiva acredita que o investimento em tecnologia de ponta acaba sendo inócuo, se a pedagogia não é pen-sada para os meios de entrega com/da instrução, para como os alunos irão interagir com os objetos de aprendizagem ou entre si.

“Daqui para frente, um arsenal de infraestrutura tecnológica não será mais um diferencial, mas a forma como a escola utiliza esses recursos para realizar um projeto

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pedagógico sólido e que privilegie o desenvolvimento dos estudantes de forma integral”, avalia Nogueira. “Penso que o desenvolvimento de plataformas e sistemas colabora-tivos que promovam a comunica-ção e a colaboração entre alunos de forma cada vez mais ampla e variada será essencial”, completa. Cíntia Nogueira lembra ainda a necessidade de que o mercado de desenvolvimento de tecnologias para educação pense cada vez mais em acessibilidade, para se garantir o acesso de todos ao conhecimento e à informação.

O diretor-geral da FTD Educa-ção, Ricardo Tavares, também enal-tece as muitas contribuições que a tecnologia para educação vem tra-zendo para o setor neste momento de transformação digital. E acredita que um novo comportamento digi-tal será a maior delas. “A tecnologia já estava à nossa disposição antes

mesmo da Covid-19. O que acontece é que não a utilizávamos com tanta intensidade.”

Ricardo Tavares explica que a FTD Educação escolheu um caminho mais longo, porém pro-fundo, para tratar a questão da transformação digital: “Enten-demos que não dá para ‘ir’ sem ‘ser’; desta forma, paralelamente à construção de ofertas inovadoras, estamos fazendo a lição de casa em nos transformarmos também”.

Em 2018, a FTD Educação contratou uma consultoria robusta que ajudou a empresa de 118 anos a definir e endereçar as principais iniciativas na direção da ambição de serem protagonistas no setor – um ambiente dinâmico a altamente competitivo. O primeiro passo foi estruturar uma nova diretoria de Transformação Digital, com um novo ambiente digital para seus clientes, a Iônica. Hoje, mais de três

mil escolas privadas e prefeituras utilizam-se da solução, de acordo com os produtos adotados.

Ao dar esse salto para desen-volver uma frente ampla de aproxi-mação com startups de educação, as edtechs, a FTD mantém pro-gramas de aceleração, seja bilate-ralmente ou com a intermediação de aceleradoras, como a Future Education (São Paulo) e a Hotmilk (Curitiba), em conjunto com a PUC-PR, do Grupo Marista.

“Queremos continuar apoiando a sociedade nesse sentido. Acredi-tamos que uma empresa do nosso porte não dê conta sozinha de toda essa transformação. Assim, aliando a reputação e o reconhecimento de nossa marca às parcerias com empresas as edtechs, entregamos inovação, serviços e novas metodo-logias, sempre pautados no rigor conceitual e numa séria curadoria”, resumiu o executivo. •

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202026

Bett Educar

A tecnologia já estava à nossa disposição antes mesmo da Covid-19.O que acontece é que não a utilizávamos com tanta intensidade

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202028

Jurídico

A s assertivas acima, do Professor Franco Cambi, bem demonstram a rele-

vância da educação na vida do ser humano.

Com efeito, no Brasil, a Cons-tituição Federal de 1988, que é a lei fundamental a partir da qual as demais derivam sua validade trouxe, em seu bojo, a educação como direito social em seus artigos 6º e 2052:

Nesse sentido temos os ensina-mentos do Professor José Afonso da Silva3:

“(...) A norma, assim explici-tada – “A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família (...).” (art. 205 e 227)-, significa, em primeiro lugar, que o estado tem que aparelhar-se para fornecer, a todos, os serviços educacionais, isto é, oferecer en-

sino, de acordo com os princípios estatuídos na Constituição (art. 206); que ele tem que ampliar cada vez mais as possibilidades de que todos venham a exercer igualmente esse direito; e, sem se-gundo lugar, que todas as normas da Constituição, sobre educação e ensino, hão que ser interpretadas em função daquela declaração e no sentido de sua plena e efetiva realização.”

“(...) à educação é delegada a função de homo-logar classes e grupos sociais, de recuperar todos os cidadãos para a produtividade social, de cons-truir em cada homem a consciência do cidadão, de promover uma emancipação (sobretudo intelec-tual) que tende a tornar-se universal (libertando os homens de preconceitos, tradições acríticas, fés impostas, crenças irracionais). A educação

Setor Educacional e o Direito Tributário:sua Escola é o resultado de suas escolhas

se torna cada vez mais nitidamente uma (ou a?) chave mestra da vida social, enquanto constitui o elemento que a consolida como tal e manifesta seus mais autênticos objetivos: dar vida a um sujeito humano socializado e civilizado, ativo e respon-sável, habitante da ‘cidade’ e capaz de assimilar e também renovar as leis do Estado que manifestam o conteúdo ético da sua vida de homem cidadão.” 1

1 - CAMBI, Franco. A história da pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. p. 326.

2 - “Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (grifos nossos)“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (grifos nossos)

3 - SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 1999. p.316.

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A realidade, contudo, é diversa daquela imposta pelo constituinte. Isso porque o País não consegue cumprir a determinação consti-tucional de prover ensino digno, seja pelo fato de que a demanda é maior do que o número de escolas, seja pela baixa qualidade do ensino público nos anos de base.

Tanto assim que os dados oriun-dos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, do IBGE4, dão conta de que das 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos do País, 20,2% (ou 10,1 milhões) não completaram alguma das etapas da educação básica, seja por terem abandonado a escola, seja por nunca a terem frequentado. Os resultados mostraram ainda que a passagem do Ensino Fundamental para o Médio acentua o abandono escolar, uma vez que aos 15 anos o porcentual de jovens quase dobra em relação à faixa etária anterior, passando de 8,1%, aos 14 anos, para 14,1%, aos 15 anos. Os maiores por-centuais, porém, se deram a partir dos 16 anos, chegando a 18,0% aos 19 anos ou mais.

É neste contexto que, há muito tempo em nossa sociedade, há a fi-gura das instituições particulares de ensino, cuja função social é inegável ao passo em que exercem atividade originariamente atribuí-da ao Poder Público.

Contudo, em que pese sua indu-bitável importância, tal atividade é alvo de algo que desde os primór-dios aflige os contribuintes: a ânsia arrecadatória do Fisco em suas três esferas (federal, estadual e munici-pal). Note-se que a carga tributária brasileira, como é de conhecimento geral, é uma das mais elevadas do mundo.

E, é neste verdadeiro “Carnaval Tributário”5 que aludidas institui-ções estão inseridas. Entretanto, a grande vantagem do ensino privado é a possibilidade de escolha, am-parada no Princípio da Livre Inicia-tiva Privada previsto no artigo 170, parágrafo único da Constituição Federal, no que tange: à roupagem jurídica (sociedades, associações, fundações etc.), aos níveis de ensino e ao regime tributário.

Com a possibilidade de escolha, consequentemente, a concorrência entre as escolas vem à tona como fator relevante. Daí a importância do binômio “capacidade - opor-tunidade”, ou seja, a capacidade de gerenciar de forma estratégica sem perder de vista as oportunidades.

Em decorrência disso, por-tanto, é salutar tanto quanto a questão societária acima mencio-nada, quanto a escolha do regime tributário (Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional) no início do ano.

Ato contínuo, após a escolha do regime tributário, é importante ter em mente a importância do

Os resultados mostraram ainda que a passagem

do Ensino Fundamental para o Médio acentua o abandono escolar

4 - Fonte: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28285-pnad-educacao-2019-mais-da-metade-das-pessoas-de-25-anos-ou-mais-nao-completaram-o-ensino-medio

5 - BECKER, Alfredo Augusto. Carnaval Tributário. São Paulo: Lejus, 2004.

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REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202030

Terceiro Setor na Meira Fernandes Contabilidade Educacional. Docente na Escola Superior de Advocacia de São Paulo (ESA-SP), na Escola Aberta do Terceiro Setor a na SGP – Soluções em Gestão Pública. Vice-Presidente da Comissão de Direito do Terceiro Setor da OAB de Pinheiros/SP. Palestrante na OAB/SP, na OAB/PA e na ALESP (ILP). Coordenadora de Atualização Legislativa da Comissão de Direito do Terceiro setor da OAB/SP (2013 - 2018). Graduada em Direito (FMU). Especialista em Direito Tributário (Mackenzie). Extensão em Direito Tributário e Societário (FGV). Extensão em Tributação do Setor Comercial (FGV). MBA em Gestão de Tributos e Planejamento Tributário (FGV). Compliance Digital (Mackenzie).

Gerente da Consultoria Tributária/

VANESSA RUFFA RODRIGUES

Jurídico

preventivo (correto atendimento à fiscalização, entrega de declarações a tempo e modo, bem como o cor-reto preenchimento e recolhimento de guias) sobre o repressivo.

Qual seria, então, a acepção do vocábulo “repressivo” neste cenário? Sem dúvida, mitigar riscos e evitar a lavratura de Autos de Infração (esfera administrativa) e, principalmente, o ajuizamento de Ações Judiciais de iniciativa do Fisco (Execução Fiscal – Lei nº 6.830/80 e Medida Cautelar Fiscal- Lei 8.397/92).

Note-se que, na esfera judicial, há uma série de desdobramentos indubitavelmente desgastantes para o contribuinte, dentre os quais destacamos:

1) o risco, ou seja, há de haver compatibilização entre os fatos, o direito, as provas, vale dizer, a tese de defesa com as recentes decisões e “leading cases” do STJ- Superior Tribunal de Justiça (a quem cabe apreciar, em última instância, questões de ordem infraconstitu-cional) e do STF – Supremo Tribu-nal Federal (a quem cabe apreciar, em última instância, questões de cunho constitucional). Em linhas gerais, portanto, deve ser analisada de forma cautelosa o que gerou a cobrança por parte do Fisco, se há documentos hábeis a fundamen-

tar a defesa e o período (eventual decadência ou prescrição);

2) aliado ao risco, devemos nos atentar para ponto crucial de or-dem contábil e fiscal: as provisões. Conforme o disposto na CPC 256, que versa sobre Provisões, Pas-sivos Contingentes e Ativos Con-tingentes, nas demandas onde é provável que será necessária saída de recursos é obrigatória a consti-tuição de provisão. A provisão, por seu turno, é despesa indedutível da base do lucro real e, portanto, será considerada como adição;

3) a questão temporal, ou seja, a morosidade do Poder Judiciário;

4) Especif icamente nas ex-ecuções fiscais, necessidade de apresentação de garantia como requisito para a oposição de Em-bargos à Execução Fiscal (que em razão das recentes alterações do Código de Processo Civil, não são recebidos automaticamente com efeito suspensivo). Especificamente neste tópico, não raro, os contri-buintes têm sido surpreendidos com penhoras on-line (bloqueio em conta corrente/aplicações); e

5) o custo, ou seja, há o ônus das custas processuais, da necessidade de contratação de advogado, bem como do pagamento de sucum-bência.

6 - Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamento Técnico CPC 25.

Diante destas considerações é evidente que o preventivo, principal-mente na era digital em que vivemos, onde há o cruzamento de informa-ções entre os entes tributantes, se revela menos oneroso e evita sur-presas para o administrador escolar.

E, nunca podemos esquecer: o cenário tributário é mutante, até porque a operação das escolas não é estática (especialmente em tempos de pandemia) e, portanto, sempre passível de novas escolhas, ou seja, de alterações de rota. Aqui, como em todos os setores da vida, a zona de conforto nunca será o terreno mais fértil. •

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Inclusão

O tema da pessoa com defi-ciência, mais especifica-mente com Transtorno

do Espectro do Autismo (TEA), tem relação direta com a minha trajetória pessoal e profissional. Sou mãe de dois jovens e o mais velho foi diagnosticado com TEA, aos dois anos e meio de idade. Sou promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo desde 1999, e já havia atuado em muitas áreas, mas, até aquele mo-mento, não conhecia nada sobre autismo.

Foram anos de intenso inves-timento em estimulações tera-pêuticas, mas nosso filho sempre frequentou espaços inclusivos. A escola de educação infantil foi o primeiro grande começo da vida educacional dele, um lugar que além de promover a educação to-talmente inclusiva, acolheu e deu caminhos a seguir.

O Transtornodo Espectro do Autismo e o Direitoà Educação Inclusiva

REVISTA ESCOLA PARTICULAR – DEZEMBRO 202032

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DEZEMBRO 2020 – REVISTA ESCOLA PARTICULAR 33

Em 2012 assumi a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Santo Amaro. Nessa época já tinha adquirido um conhecimento bem mais apurado do TEA e então passei a atender pessoalmente os casos envolvendo pessoas com autismo naquele foro. A partir de então se iniciou todo o meu inte-resse em ver as pessoas com autis-mo realmente incluídas.

Em 2013 fui convidada para in-tegrar um grupo de estudos dentro do Ministério Público que cuidava da atualização e aplicabilidade da sentença da Ação civil pública sobre o Autismo. Essa ação já era muito antiga e superada e precisava de uma profunda reflexão sobre seus efeitos em relação à inclusão.

Em 2015 fui convidada pelo Procurador Geral de Justiça para compor sua equipe de assessores no Centro de Apoio Cível, assumindo a área dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Essa experiência riquíssima, atuando no Centro de Apoio Cível, me incentivou ainda mais e seguir meus estudos e cursar a tão sonha-da pós-graduação stricto sensu em Direito Constitucional. O tema, é claro, tinha que estar relacionado a toda essa bagagem: TEA e o direito à educação inclusiva.

O livro (O Transtorno do Espe-ctro do Autismo e o Direito à Edu-cação Inclusiva, Ed. Lumen Juris) contextualiza o TEA no panorama dos direitos da pessoa com defi-ciência intelectual em suas várias vertentes. Dentro dessa perspec-

tiva, demonstra o reconhecimento das pessoas com deficiência pelas fontes normativas internacionais e internas, com ênfase no direito à educação, tendo em vista suas raízes e sua importância no processo de desenvolvimento do indivíduo.

O estudo principia apresentan-do a concepção da pessoa com deficiência intelectual na história mundial, do desprezo à compaixão, diante da evolução do conhe-cimento. Em seguida, na história do Brasil, a pesquisa enfoca os primeiros tratamentos de saúde e educação disponibilizados para as pessoas com transtornos intelec-tuais e mentais até o século XX. Fundamentando o tema nas nor-mas internacionais, são abordados os tratados internacionais de Di-reitos Humanos dos quais o Brasil faz parte, com atenção especial à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-cia, suas diretrizes e princípios.

Em sequência, examina-se o tema sob o ponto de vista dos conceitos e princípios da Consti-tuição Federal de 1988 e do Esta-tuto da Pessoa com Deficiência. Em continuidade, são analisados o histórico, sinais e características do Transtorno do Espectro do Autismo com base em literatura nas áreas da psiquiatria, neurologia e psico-logia, bem como evidenciando os dispositivos da Lei nº 12.764/2012 e suas implicações para o desen-volvimento e implementação da educação inclusiva da pessoa com Transtorno do Espectro do Au-

tismo. Por fim, discorrendo sobre a educação inclusiva no Brasil, com foco na legislação recente e nas con-siderações sobre o aprendizado do aluno com Transtorno do Espectro do Autismo, conclui-se com críticas e apontamentos em direção a uma melhor materialização dos direitos em apreço. •

pela PUC/ SP e doutoranda em Direito Constitucional pela PUC/SP. Atualmente é Coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Coordenadora da Equipe Multidisciplinar do MPSP. É membro da Comissão Permanente de Direitos da Pessoa com Deficiência e Idosa do Grupo Nacional de Direitos Humanos – CNPG e membro da AMPID.

Promotora de Justiça, Mestre em Direito Constitucional

SANDRA LÚCIA GARCIA MASSUD

O livro (O Transtorno do Espectro do Autismo e o Direito à Educação

Inclusiva, Ed. Lumen Juris) contextualiza o TEA no panorama dos

direitos da pessoa com deficiência intelectual em suas várias vertentes

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Entrevista

“ Quando as aulas re-tornarem, teremos que entender como tudo isto

fez a escola mudar; teremos que nos adaptar ao ensino híbrido e entender que as redes sociais são hoje a nossa maior realidade. Pas-samos do real para o virtual sem sequer perceber“, diz Sueli Conte, autora do livro “Educando para a Vida no Pós-Pandemia”, publicado pela editora Novo Século, sobre a nova forma de ensinar após as mudanças causadas pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo a mantenedora do Colégio Renovação, o primeiro desafio a lidar com o ensino na pós-pandemia é a questão emocional, que envolve a falta do convívio com os amigos, o isolamento social e o sentimento de perda. Mas sempre com esperança para recomeçar. “Todos terão uma história para con-tar, perderam parentes queridos,

amigos, sofreram com as perdas alheias, o medo de o coronavírus voltar, a ansiedade e depressão que acometeu muitas pessoas, o desequilíbrio emocional e social”.

Nesta entrevista, Sueli conta que a ideia de escrever o livro se deu a partir da preocupação com os alunos, que ficaram sem o am-biente escolar, como as famílias se comportavam com os filhos em casa, nos adolescentes sem o contato social e as crianças sem as brincadeiras e atividades lúdicas.

Como surgiu a ideia de es-crever o livro?

Já estava planejando em lançar um novo livro, quando surgiu a pandemia e o decreto que fechou as escolas em 23 de março. O impacto foi enorme, pois, nunca tínhamos vivido nada parecido. No isolamen-to social, não parava de pensar nos alunos sem o ambiente escolar, nas

A Educação no pós-pandemia:esperança para recomeçar

Ygor Jegorov

Capa do livro “Educando para a Vida no Pós-Pandemia”, em que a autora, Sueli Conte, discute as dificuldades da vida após a pandemia e como

os alunos podem atravessar este período sem afetar sua saúde física e emocional

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O primeiro desafio a lidar com o ensino na pós-pandemia é a questão emocional,

que envolve a falta do convívio com os amigos, o isolamento social e o

sentimento de perda

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famílias com os filhos em casa, nos adolescentes sem o contato social, as crianças sem as brincadeiras e atividades lúdicas. Foi pensando em tudo e em todos que comecei a escrever, esperançosa de que a aulas retornariam logo e como as pessoas teriam que lidar com este momento histórico que vivemos. Comecei a escrever como sentimos a pandemia e o que podemos fazer para atravessar este período com saúde física e emocional. O livro surgiu dos meus anseios de edu-cadora e mantenedora do Colégio Renovação.

Q u a i s são a s ma iore s dificuldades que os alunos enfrentaram na pandemia?

O primeiro desafio foi o emo-cional, a falta do convívio com os amigos, o isolamento social, pois não estavam preparados para ficar trancados em casa, o afastamento dos parentes como os avós e, por último, se acostumar a estudar somente na plataforma virtual, porque, aquilo que durante as aulas presenciais era um apoio pedagógi-co, passou a ser a única maneira de interagir com os professores, com os amigos e com a aprendizagem.

Qual a sua maior preocupa-ção na educação atualmente?

Estamos todos preocupados com os acontecimentos de 2020, mas não podemos dizer que foi um ano em vão. Fizemos muito pelos nossos alunos, para que eles e as famílias se sentissem acolhidos. Foi um ano de muitas aprendizagens para todos, tivemos que renovar as metodologias pedagógicas para manter a qualidade de ensino, os professores se dedicaram no Google For Education e o Colégio Renovação deu todo o apoio ne-cessário. Mas me preocupo com as escolas que não irão conseguir se manter, os pais estão desemprega-dos ou com salários mais baixos, e teremos que reduzir custos, talvez haja uma migração dos alunos para as escolas públicas, a demissão de

funcionários e como manter a esco-la em funcionamento com o mesmo padrão ou até melhor. Temo que os alunos se sintam desestimulados a retornar para a escola e manter a rotina das aulas, além de termos que rever se os conteúdos ensinados na plataforma virtual obtiveram os êxitos esperados. Preocupo-me com os professores, como irão re-tornar emocionalmente e acho que teremos muito trabalho para o ano de 2021 com este retrocesso provo-cado pela Covid-19. Temos que pen-

os mesmos, teremos que aprender novamente a ensinar e vice-versa. Mas ainda tenho muita esperança para recomeçar, jamais vivemos uma crise tão séria, mas, se temos forças para renovar, as preocupa-ções devem ser transformadas em oportunidades para inovar!

O quê temos a aprender com a pandemia?

O sentimento de perda que esta-mos vivendo é enorme. Todos terão uma história para contar, perderam parentes queridos, amigos, sofre-ram com as perdas alheias, o medo de o coronavírus voltar, a ansiedade e depressão que acometeu muitas pessoas, o desequilíbrio emocional e social. Muitos perderam em-pregos, escolas fecharam e demiti-ram funcionários. Enfim, todos teremos que reaprender a viver e começar sem tantas expectativas, com cuidados, mantendo ainda os padrões de higiene. E quando as aulas retornarem, teremos que entender como tudo isto fez a escola mudar, teremos que nos adaptar ao ensino híbrido e entender que as redes sociais são hoje a nossa maior realidade. Passamos do real para o virtual sem sequer perceber. Estamos dentro da Matrix e temos que conviver com isto de maneira saudável, harmoniosa e com muito equilíbrio para não perder o foco. Este é o momento da empatia, da fraternidade, da urbanidade, do re-speito. Talvez a pandemia veio para nos ensinar a olhar para o outro como gostaríamos de ser olhado.

Quais outros livros já es-creveu?

Este é meu terceiro livro. Sou autora dos títulos “Re-novações”, o qual traduz a importância e gran-diosidade do processo de trans-formação da criança em cidadão, buscando recolocar a natureza e o propósito da escola nesse processo, e “Bastidores de uma Escola”, onde apresento a interação entre a escola e a família na importância do pro-cesso educacional. •

Entrevista

sar se as pessoas ainda acreditam numa nova epidemia se não toma-rem as medidas necessárias para evitar que este vírus possa voltar. O mundo está receoso com os dados apresentados por contaminação e mortes. Temos que nos equilibrar e voltar para o “novo normal”, se é que esta frase possa realmente contemplar tudo que vivemos. Para mim é o “novo do novo”, não somos

E quando asaulas retornarem,

teremos que entender comotudo isto fez aescola mudar

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Nutrição

Alimentação na escola e os desafios na retomada

D iferentes perspectivas podem ser utilizadas para entender a alimen-

tação. Faz parte de nosso dia a dia e não podemos negar sua importân-cia em diferentes contextos. E, na escola não é diferente. No contexto da pandemia, e na retomada das au-las presenciais, a escola se depara com inúmeros desafios, inclusive em relação à alimentação, que de-mandam novas práticas e atitudes para novos contextos.

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Em um primeiro olhar, mais técnico, a alimentação tem o pa-pel de nutrição, especialmente na infância, onde o impacto sobre o desenvolvimento e a aprendiza-gem é muito relevante. Crianças com melhores condições de nu-trição têm melhor desenvolvimento cognitivo e, consequentemente, melhor desempenho escolar e na aprendizagem. O contrário também é fato: deficiências nutricionais podem impactar negativamente o desenvolvimento e a aprendizagem.

Entretanto, há de se considerar o papel social e afetivo da alimenta-ção. Comer é socializar, é interagir e isso faz parte da história da hu-manidade desde os banquetes no antigo Egito para comemorar as colheitas até os tempos atuais, onde

a comida se faz presente nos en-contros e confraternizações; afinal, muito se celebra em torno de uma mesa. E afeto que está relacionado à comida que faz parte de nossas vidas. Aquele cheiro de bolo de avó ou o barulho do arroz no refogado que trazem à tona memórias da nossa infância.

A alimentação na escola permite à criança criar memórias afetivas, seja pelo cheiro do feijão temperado antes do almoço ou aquele pão quentinho no lanche, que certa-mente no futuro vão fazer parte da memória e que, no contexto da retomada, deve-se pensar em um cardápío que seja reconfortante e acolhedor. Trazer ao dia a dia do retorno às aulas presenciais aquelas receitas especiais já apre-

ciadas pelas crianças pode ser uma estratégia de acolhimento e reaproximação, em meio a tantos protocolos sanitários que o mo-mento demanda.

A socialização em torno da alimentação certamente é um dos aspectos que mais sofre impacto na retomada. Compartilhar um lanche coletivo, sentar ao lado do amigo para dividir aquela fatia de bolo, por enquanto, serão situações que não poderão fazer parte do dia a dia. Será necessário distan-ciar assentos no refeitório e isso pode gerar ansiedade e, talvez, até algum desconforto, razão pela qual proporcionar outras formas de acolhimento que minimizem esses impactos pode fazer toda a diferença.

Afeto e socialização

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Nutrição

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Hábitos alimentares: o que mudou?

As crianças estão em casa há me-ses. Algumas possivelmente terão passado a quarentena em um sítio da família que pôde trabalhar em home office. Já outras, podem estar há meses com os pais trabalhando na linha de frente, por exemplo, ou ainda dentro de um apartamento ou, ainda, por muitas horas em frente à TV. O objetivo desse artigo não é conferir qualquer tipo de julgamen-to - a realidade tem sido dura e de-safiadora -, mas, sim, compreender que, independente de como está sendo a quarentena de cada família,

muitas crianças podem ter sofrido importantes mudanças nos hábitos alimentares. Seja por estarem mais ansiosas e comendo mais ou, ao con-trário, com dificuldades para comer. Seja pela alimentação que pela falta de tempo da família em administrar tantas demandas, pode ter recebido menos atenção.

Enfim, muito pode ter mudado no hábito alimentar das crianças. Afinal, estamos falando de meses e não de dias de férias. Compreender esses contextos e a necessidade de acolher todos em suas diferentes

Sem dúvida, pensar no cardápio para retomada é muito desafiador. Como trazer acolhimento, con-siderar as mudanças de hábitos alimentares, respeitar protocolos sanitários e talvez ainda lidar com um quadro reduzido, tudo isso pensando em uma alimentação saudável?

Nessa pandemia há mais per-guntas do que respostas, e nesse assunto não é diferente. Não há uma única forma ou jeito certo de fazer, mas sim tentativas de mini-mizar os impactos e compartilhar estratégias e experiências.

Importante considerar que o cardápio deve sim ser saudável e balanceado, mas que devem ser levadas em consideração as

necessidades afetivas e possíveis mudanças de hábitos alimenta-res das crianças. Uma técnica que pode ser muito útil nesse momento é o food chaining, muito usada no tratamento de crianças com dificul-dades alimentares e que consiste em associar preparações ou alimentos preferidos ou já conhecidos com aqueles com menor aceitação, ou considerados desconhecidos para a criança. Estabelecer um canal de comunicação aberto entre família, escola e nutricionista também pode ser uma estratégia valiosa no en-tendimento dessas demandas e no direcionamento das ações.

Outro aspecto a ser conside-rado em relação aos cardápios é a sua operacionalização. Muitos

dos protocolos necessários ao en-frentamento da Covid-19 já eram parte da rotina das cozinhas e re-feitórios; entretanto, a frequência de alguns procedimentos precisou ser intensificada, como a higieni-zação de bancadas, mesas e outras superfícies por exemplo. Isso pode trazer um aumento significativo da demanda de trabalho das equipes de cozinha. Há ainda situações em que as escolas terão de lidar com o afastamento de funcionários que pertençam ao grupo de risco e podem ter suas equipes, inclu-sive de cozinha, reduzidas. Desta forma, pensar em um cardápio de mais fácil preparo e que reduza a manipulação é uma estratégia necessária.

demandas vai exigir da escola especial atenção em relação à ali-mentação, seja nos cardápios, seja no bate-papo em torno da alimen-tação na sala de aula ou ainda no acolhimento na hora das refeições.

Alguns avanços, que muitas vezes observamos no dia a dia de algumas crianças, como provar um novo alimento ou aceitar o “verde” no prato, podem ter sido perdidos durante a quarentena, e será necessário persistência, paciência e muito acolhimento para resgatá-los.

Cardápio na retomada

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Nutrição

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para equipes multidisciplinares e mestrado em Ensino de Ciências da Saúde pela Unifesp. Experiência profissional na área de alimentação escolar. Atuação em consultoria em escolas e segurança dos alimentos. Fundadora da Qualy Food e sócia do Grupo Tria – Consultoria e Treinamento. Voluntária no grupo de trabalho e acompanhamento do Plano Municipal de 1ª Infância da cidade de São Paulo. Conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª região (CRN-3) na gestão 2017-2020.

Nutricionista e técnica em Nutrição com especialização

VIVIAN ZOLLAR

Protocolos sanitários

Lavar as mãos, fazer a desin-fecção dos hortifrutis e a higieniza-ção da cozinha sempre foram pro-cedimentos necessários. As escolas que têm serviços de alimentação já estão habituadas a receber orienta-ções dos nutricionistas a respeito de procedimentos, e devem contar com Manual de Boas Práticas e os procedimentos de higienização bem descritos, e com o pessoal trei-nado e capacitado para executá-los.

Com a pandemia e as caracte-rísticas de transmissão do novo coronavírus, embora até o momento sem evidência de transmissão via alimentos, muitos cuidados pre-cisaram ser adicionados às práticas já existentes. As embalagens que antes poderiam ser lavadas antes da sua abertura, por exemplo, hoje precisam ser higienizadas no rece-bimento, para evitar o contato com superfícies que podem estar con-taminadas, já que o virus tem uma característica de sobrevivência im-portante em diferentes superfícies.

Já as bancadas de preparo e mesas, por exemplo, devem con-tinuar sendo higienizadas com água e detergente e depois aplicação de álcool 70%; porém, agora, com uma frequência muito maior. É preciso considerar a higienização dos am-bientes, materiais e utensílios, com protocolos adequados e com todos cientes de suas responsabilidades.

Um dos aspectos que sem dúvi-da sofre mais alterações na reto-mada das aulas é a distribuição, o momento das refeições. Além do distanciamento no refeitório, o contato entre diferentes turmas deve ser evitado e o número de alunos reduzido. A higienização do ambiente deve ser feita a cada troca de turma e o ambiente deve estar ventilado, preferencialmente, de forma natural.

O uso de autosserviço nesse momento deve ser evitado, pois o contato com os utensílios por dife-rentes alunos pode ocasionar con-

taminação das mãos e os alimentos não devem estar expostos. Para as escolas que utilizam balcão de dis-tribuição, é necessário que estejam protegidos para evitar a contami-nação dos alimentos por gotículas de saliva, sendo aconselhável que sejam servidos por um funcionário. Bebedouros que tem acionamento manual e com bocal também não são permitidos nesse momento, e as refresqueiras com acionamento manual devem ser evitadas ou uti-lizadas por um funcionário que faça o serviço e a higienização tanto das mãos quanto dos equipamentos.

Utilizar a sala de aula para as refeições e lanches é uma alter-nativa que pode ser adotada pela escola, considerando que reduz a circulação por diferentes ambientes e minimiza o contato entre turmas e, tomados os devidos cuidados de higienização do ambiente, das mãos, da temperatura e exposição dos alimentos é uma opção segura.

A adoção das práticas com olhares amplos, técnicos e acolhe-

dores se mostra como um caminho que viabilize a alimentação com segurança na retomada das aulas presenciais e sem dúvida entre tantos desafios atuais é preciso, mais do que nunca, parceria entre escola famílias e profissionais da saúde. Todos esperamos que tudo isso passe logo, mas ainda, que fiquem lições aprendidas que nos fortaleçam para o futuro. •

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Nutrição

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• JANEIRO • 2021 •• 20/01/2021 • INSS (Empresa) - ref. 12/2020 • PIS – Folha de Pagamentos - ref. 12/2020 • SIMPLES NACIONAL - ref. 12/2020 • COFINS – Faturamento - ref. 12/2020 • PIS – Faturamento - ref. 12/2020• 29/01/2021 • IRPJ – (Mensal) - ref. 12/2020 • CSLL – (Mensal) - ref. 12/2020

• 07/01/2021 • SALÁRIOS - ref. 12/2020 • E-Social (Doméstica) - ref. 12/2020 • CAGED - ref. 12/2020 • FGTS - ref. 12/2020• 08 /01/2021 • ISS (Capital) - ref. 12/2020 • EFD – Contribuições - ref. 11/2020

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AGENDA DE OBRIGAÇÕES

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