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1 REGISTRO TARDIO DE NASCIMENTO E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA LATE REGISTRATION OF BIRTH AND DIGNITY OF THE HUMAN PERSON Maria do Céu de Oliveira Evangelista 1 Ana Célia de Julio 2 RESUMO Registro civil é ato jurídico que dá publicidade ao nascimento com vida de determinado indivíduo, atribuindo-lhe existência legítima, conferindo-lhe aptidão para adquirir obrigações e contrair direitos, como frequentar escola ou creche e postos de saúde, fazer emissões de documentos, autorizações, etc. Sua função é demonstrar, provar a existência de pessoa natural, sua situação jurídica tornando-A conhecida de terceiros. É do registro de nascimento que derivam relevantes relações de direito referentes à família, à sucessão, à organização política do Estado e à sua própria segurança interna e externa. Sem a certidão de nascimento, a pessoa não existe no mundo jurídico. O registro civil de nascimento é um dos primeiros passos em direção à dignidade humana e à cidadania. O presente estudo bibliográfico utilizou-se de método dedutivo com o objetivo de analisar o registro de nascimento como direito fundamental, ressaltando a importância deste para o exercício pleno da cidadania. Ao final do estudo, percebeu-se que o registro civil de nascimento é um direito fundamental de todos os indivíduos para que possam exercer a cidadania, sendo este o primeiro ato formal documental que noticia a existência da pessoa natural para o Estado e para a sociedade. Assim, faz parte da dignidade da pessoa humana, dos direitos humanos e da cidadania, a proteção à identidade jurídica e ao nome, pois a pessoa tem direito a uma identidade, em que se compreende um conjunto de atributos típicos que formam sua personalidade e a torna distinta dos demais seres. Palavras-chave: Registro de Nascimento. Direito. Cidadania. 1 Maria do Céu de Oliveira Evangelista – Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Alta Floresta. 2 Ana Célia de Júlio - Advogada. Mestre em Direito Civil/Negocial pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. Docente em Direito Civil pela Faculdade de Direito de Alta Floresta – FADAF. Coordenadora do Curso de Direito da Faculdade de Direito de Alta Floresta – FADAF.

Registro Tardio de Nascimento e a Dignidade Da Pessoa Humana

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REGISTRO TARDIO DE NASCIMENTO E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

LATE REGISTRATION OF BIRTH AND DIGNITY OF THE HUMAN PERSONMaria do Cu de Oliveira Evangelista

Ana Clia de Julio

RESUMORegistro civil ato jurdico que d publicidade ao nascimento com vida de determinado indivduo, atribuindo-lhe existncia legtima, conferindo-lhe aptido para adquirir obrigaes e contrair direitos, como frequentar escola ou creche e postos de sade, fazer emisses de documentos, autorizaes, etc. Sua funo demonstrar, provar a existncia de pessoa natural, sua situao jurdica tornando-A conhecida de terceiros. do registro de nascimento que derivam relevantes relaes de direito referentes famlia, sucesso, organizao poltica do Estado e sua prpria segurana interna e externa. Sem a certido de nascimento, a pessoa no existe no mundo jurdico. O registro civil de nascimento um dos primeiros passos em direo dignidade humana e cidadania. O presente estudo bibliogrfico utilizou-se de mtodo dedutivo com o objetivo de analisar o registro de nascimento como direito fundamental, ressaltando a importncia deste para o exerccio pleno da cidadania. Ao final do estudo, percebeu-se que o registro civil de nascimento um direito fundamental de todos os indivduos para que possam exercer a cidadania, sendo este o primeiro ato formal documental que noticia a existncia da pessoa natural para o Estado e para a sociedade. Assim, faz parte da dignidade da pessoa humana, dos direitos humanos e da cidadania, a proteo identidade jurdica e ao nome, pois a pessoa tem direito a uma identidade, em que se compreende um conjunto de atributos tpicos que formam sua personalidade e a torna distinta dos demais seres. Palavras-chave: Registro de Nascimento. Direito. Cidadania.

ABSTRACT

Civil registration is a legal act that publicizes the live birth of a particular individual, assigning it legitimate existence, giving it the ability to acquire rights and contract obligations as attending school or daycare and health centers, to emissions of documents, authorizations, etc. Its function is to demonstrate, prove the existence of a natural person, his legal situation becoming known to third parties. It is the birth record that derive relevant legal relations pertaining to family, succession, the political organization of the state and its own internal and external security. Without a birth certificate, the person does not exist in the legal world. Civil registration of birth is one of the first steps toward human dignity and citizenship. This bibliographic study used the deductive method with the objective of analyzing birth registration as a fundamental right, underscoring its importance for the full exercise of citizenship. At the end of the study, it was noticed that the civil birth registration is a fundamental right of all individuals so that they can exercise their citizenship, this is the first formal act documentary that reports the existence of the natural state for the person and for society. Therefore part of human dignity, human rights and citizenship, protection of legal identity and name, because the person has the right to an identity, as it comprises a set of typical attributes forming your personality and the makes it distinct from other beings. The record of late birth leaves the individual unable to exercise their citizenship.

Keywords: Birth Registration. Right. Citizenship.

1. INTRODUO

A fundamentao dos direitos humanos e da cidadania importante, para se pensar nas estratgias de efetivao da dignidade da pessoa humana, sem planejamento e aprofundamento de conceitos, a humanidade jamais avanou concretamente nos seus propsitos, por isso, alm da efetivao dos direitos, importante tambm o aperfeioamento dos fundamentos e conceitos em relao pessoa humana.

Assim, a justificativa para este trabalho que sem a certido de nascimento, a pessoa no existe no mundo jurdico. do registro de nascimento que derivam relevantes relaes de direito referentes famlia, sucesso, organizao poltica do Estado e sua prpria segurana interna e externa.

O registro civil de nascimento um dos primeiros passos em direo dignidade humana e cidadania. Destarte, o registro tardio de nascimento inabilita o individuo de exercer direitos fundamentais de uma existncia digna e de uma convivncia livre e igualitria. Somente atravs dele, o cidado reconhecido pelo Estado e pela sociedade como indivduo, com existncia jurdica, nome completo, filiao certa, estado civil e nacionalidade.

O registro condio para o desempenho de distintos direitos, tais como o direito de votar e ser votado, o direito a educao, a sade o direito de trabalhar com carteira de trabalho assinada, ser beneficirio da previdncia. Portanto, o registro civil de nascimento um direito fundamental, imprescindvel realizao e dignidade do ser humano nos dias atuais.Destarte, a importncia do tema reside no fato de que a prpria cidadania inicia-se com a Declarao do Nascimento, feita atravs dos pais perante o registrador civil. O Registro Civil de Pessoas Naturais a fundamental fonte da biografia jurdica de cada indivduo, desempenhando importante papel na efetivao do princpio da dignidade da pessoa.

O trabalho est dividido em captulos. Ser apresentado, primeiramente, o histrico do registro civil, o registro civil, a declarao de nascido vivo, o sub-registro de nascimento e o registro de nascimento.

O segundo captulo trata dos direitos humanos e direitos fundamentais, dos fundamentos da dignidade da pessoa humana e cidadania, dos direitos de personalidade, do direito identidade, da identidade social versus identidade jurdica e do direito informao.

O terceiro captulo discorre sobre o registro civil de nascimento uma questo de cidadania, a questo da falta de registro de nascimento, o registro tardio de nascimento, o registro de nascimento por procedimento eletrnico e o registro de nascimento e a dignidade humana.

2 REGISTRO DE NASCIMENTO E A DIGNIDADE HUMANADeve-se saber at que ponto a falta de registro de nascimento interfere na concretizao da cidadania e por consequncia na dignidade humana. Conforme j explanado no presente trabalho, a falta de registro e o sub-registro de nascimento retira das pessoas e da sociedade, a noo de dignidade humana, direito fundamental. Assim, verifica-se que a pobreza, a excluso do trabalho oficial, do conhecimento, da poltica, dos bens de consumo, da moradia digna, enfim, das condies bsicas para que um ser humano possa viver com o mnimo de condies, so as consequncias dessa fragilidade.Uma populao no identificada como elemento importante para o Estado revela o fracasso deste, que deveria garantir o bem estar social. Nota-se, portanto, que o resgate da dignidade dessas pessoas depende de atitudes mais profundas do que a simples confeco da certido de nascimento. necessrio, ainda, dar prioridade ao direito vida dessa criana, mormente a sua sade. Para tanto, aes como a possibilidade da carteira de vacinao da criana ser prevalente quando essa criana no possui certido de nascimento demonstram esse cuidado necessrio para com a vida e a sade.A regio norte onde se encontra o maior ndice de sub-registros e essa flagrante falta de dignidade interfere at mesmo na falta de cidadania como um todo, resultando uma grave consequncia para todo Pas.Segundo Carbonari (2010, p.102), isso ocorre quando se solicita a certido de nascimento de uma criana e esta no foi providenciada, apresentando-se o carto da vacina, tanto para o atendimento no hospital quanto no consultrio mdico. Deste modo, quando o indivduo vai levar o seu filho ao mdico ou ao hospital e, chegando l, atendido com o carto de vacina, neste momento este documento mais importante que a certido de nascimento, a pessoa foi identificada e o objetivo de prestar assistncia mdica criana foi alcanado. Portanto, ter o registro de nascimento no significa que a pessoa passou a ser um cidado. Ser quando junto com a certido de nascimento ela passa a ter tambm o reconhecimento de seus direitos bsicos de alimentao, vesturio, assistncia sade, acesso educao, oportunidade de trabalho digno, moradia, qualidade de vida, enfim dignidade humana.Assim, os rgos de sade priorizam em primeiro lugar a proteo vida das crianas e a identificao jurdica fica em segundo plano. Isso tambm um ato de cidadania, pois um dever do Estado proteger a vida das pessoas e garantir a sade de todos. Ao chegar a essa reflexo, percebe-se que a identidade jurdica, bem como a liberdade e outros direitos, cedem lugar tutela da vida. Existem direitos fundamentais que, em choque com outros direitos, merecem um tratamento diferenciado e o que acontece nesse caso.Embora a Constituio diga que todos so iguais perante a lei, vive-se hoje num Estado de cidados divididos; h os que tm dinheiro, bens e rendas e h os que nada tm, utilizando-se da expresso, segundo Correa (2006, p. 219), do abade francs Sieys, os chamados "cidados passivos", que s so cidados porque so da mesma nacionalidade, mas que vivem numa situao de miserabilidade. Nesse sentido, pode-se dizer que o Estado coloca seu sistema disposio dos que tm bens e rendas, e por alguma razo, no consegue oportunizar condies para que a populao pobre conquiste o espao pblico e saia da situao de miserabilidade em que se encontra.O registro de nascimento no pode ser uma imposio ao indivduo, mas um ato de um cidado livre que se reconhece e reconhecido como pessoa e como responsvel pela construo de uma vida com dignidade, um cidado em sua acepo plena.O tratamento igual perpetua a desigualdade. O tratamento preferencial expressa o reconhecimento de ser diferente. Um exemplo menos polemicoseria separar um elevador particular para deficientes fsicos. Outro exemplo, certamente mais polmico, seria o caso da ao afirmativa. De qualquer forma, o reconhecimento de identidade sempre uma questo de luta.A questo de cidadania no se faz simples; o fato de a pessoa ter a certido de nascimento no significa que ela seja um cidado. Como j foi dito, ser cidado depende de outros fatores que, juntos, formam qualidades de pessoa humana detentora de dignidade. A preocupao com as causas sociais e as condies desse reconhecimento poder transformar o indivduo num cidado, mas depende de ao para conquistar essa cidadania, conforme o mesmo autor (2001, p. 237):Todos os cidados tm os mesmos direitos e deveres, independentemente de raa, religio, grupo tnico, sexo, regio de origem, condio social etc. O projeto democrtico universal, porque se destina a todos, c pode ser adotado por qualquer sociedade. A liberdade e a igualdade, valores fundadores da democracia moderna, tem uma dimenso universal consagrada no princpio da cidadania. Mas nunca ser demais insistir que a cidadania no uma essncia, mas uma construo histrica, que est intimamente ligada s lutas pela conquista dos direitos do cidado moderno.

Assim, faz parte da dignidade da pessoa humana, dos direitos humanos e da cidadania, a proteo identidade jurdica e ao nome, pois a pessoa tem direito a identidade, compreendido um conjunto de atributos tpicos que formam sua personalidade e a torna distinta dos demais seres. justamente no respeito s diferenas prprias de cada ser humano que est um dos fundamentos da cidadania, pois os atributos particulares que fazem com que um ser humano reconhea o outro, bastando esse reconhecimento para que a auto estima seja alimentada cotidianamente.3 REGISTRO CIVIL DE NASCIMENTO UMA QUESTO DE CIDADANIA Por cidadania se entende, o processo conflitivo de construo do espao pblico em termos de propiciar as condies reais, sejam elas materiais, sociais ou culturais, de vivncia digna de todos os cidados a partir do vnculo jurdico que permite a efetivao dos direitos fundamentais do homem, tal processo, no caso brasileiro, revestiu-se de caractersticas especficas, tanto nos aspectos socioeconmicos quanto polticos. A cidadania, sem dvida, um caminho longo e teve avanos importantes nos ltimos anos com o Cdigo do Consumidor, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), o Juizado Especial de Pequenas Causas, o Estatuto do Idoso, o atual CC privilegiando a pessoa em detrimento do patrimnio, a criao de ONGs em defesa do meio ambiente e assentamentos agrrios. Mas o Brasil continua sendo considerado um dos pases com maior desigualdade social.Segundo Carbonari (2010, p. 68), o Brasil est avanando para um reconhecimento da cidadania, mas depende de incentivo educao para que as pessoas conheam os seus direitos e os reivindiquem sem medo. As pessoas envergonham-se de serem analfabetas, de serem pobres, de viverem nas favelas e no tm a conscincia de que so titulares dos direitos fundamentais inseridos na CF/88, inclusive, pagam impostos e possuem o direito de usufruir os mesmos direitos que as demais classes sociais.A formalidade com que o sistema trata essas pessoas est to distante do Estado de Bem estar Social e to prximo do Estado mnimo que elas no enxergam o Estado como um ente que est a servio da sociedade, mas o ignoram em suas vidas a ponto de criarem suas prprias regras e decises. O Estado, diante dessas contradies, no est cumprindo a sua finalidade de garantir aos seus cidados o bem estar social e, portanto, segundo Carbonari (2010, p. 69), est perdendo sua importncia em determinadas camadas sociais, em prejuzo de todos, pois o Estado poderia criar oportunidades de espao pblico para essa populao, transformando a realidade social, o que infelizmente no est acontecendo.Um pas democrtico tem por dever tratar a populao com igualdade, respeitando os desiguais, garantindo a todos os direitos bsicos de cidadania, principalmente alimentao, moradia e saneamento bsico, que so essenciais para a sobrevivncia do ser humano, mas sem se descuidar do direito liberdade, ao voto, qualidade de vida, educao, proteo vida por meio de acesso a um sistema de sade pblico eficiente, oportunidade de lazer e proteo ao meio ambiente para as geraes presentes e futuras.4 A QUESTO DA FALTA DE REGISTRO DE NASCIMENTOO Brasil, infelizmente, possui um alto ndice de indivduos que no esto registrados. Partindo de alguns dados coletados no IBGE, segundo Carbonari (2010, p.115), verifica-se que h grande evaso de registros de nascimentos no Pas:A excluso de parcela significativa da populao dos servios de sade e de justia, o precrio acesso educao e a informao. especialmente de camadas mais pobres da populao, so elementos estruturais que esto na base da desigualdade social que leva ao no registro das crianas nos seus primeiros dias de vida. Esses fatores so agravados por outros obstculos, como a distncia percorrida at o cartrio, a ausncia do Estado na vida dos indivduos, o que por vez faz com que a certido no seja entendida como um registro da cidadania [...] Em 2010, o sub-registro' de nascimento estimado para o Pas foi de 6,6%. Isto significou que, aproximadamente, 550 000 crianas nascidas naquele ano deixaram de ter certido de nascimento pelo menos at o primeiro trimestre do ano subsequente. Por sub-registro de nascimentos entende-se o conjunto de nascimentos ocorridos no ano de referncia da pesquisa do registro civil e no registrados no prprio ano, ou at o fim do primeiro trimestre do ano subsequente.De acordo com o IBGE (2010), Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paran completam a lista dos estados com as melhores informaes sobre nascidos vivos, sendo que a maioria desses nascimentos ocorrem em hospitais. Os resultados mostram que, para o Pas como um todo, 97,8% dos nascimentos registrados aconteceram na rede hospitalar. No Rio Grande do Sul, no ano de 2010, 99,6% nasceram no hospital e 0,4% em domiclio (IBGE, 2010). Cerca de 1 milho de bebs nascidos no Brasil anualmente no so reconhecidos como cidados porque no tm registro. Os dados do IBGE foram apurados a partir de informaes fornecidas pelos cartrios e pelas varas de famlia. No Rio Grande do Sul, o percentual de crianas sem certido oscila entre 9% e 10% sobre o total mdio de 200 mil nascimentos/ano. A falta de registro impede, por exemplo, o ingresso na escola e o recebimento de benefcios do governo, como os oferecidos pelos programas sociais. E importante que as pessoas tenham conscincia de que o registro o primeiro documento para aquisio da cidadania.Os maiores ndices de crianas no registradas esto em estados do Norte, de acordo com o IBGE (2010): "uma em cada trs crianas nascidas no Amazonas, Par e Roraima no registrada quando nasce e uma em cada quatro mortes no tm registro.Segundo o IBGE (2010), 43% das mortes de crianas brasileiras com at um ano de idade no foram registradas em 2009.Os menores ndices de sub-registro de nascimento esto nos estados do Sul, Sudeste e Centro-oeste, conforme os mesmos dados IBGE (2010):As informaes dos assentamentos de nascimentos tiveram os mais baixos nveis de sub-registro no Distrito Federal (0,4%), em So Paulo (3,8%). O Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Esprito Santo e o Paran completam a lista dos estados com as melhores informaes de nascidos vivos.No seminrio realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), realizado em Washington, apresentado pelo Secretario adjunto da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SHDH), em 2008, consta que:O sub-registro de nascimento o emblema da excluso social. Quem no registrado no existe para a cidadania, no visto pelo Estado e com ele no se relaciona, explica. Sem a documentao bsica, a pessoa no pode receber nenhum benefcio dos programas sociais e previdencirios, no se matricula na escola, no est apto a obter nenhum outro documento civil, abrir conta em banco e obter crdito, no vota, entre outras limitaes.Pelos dados do IBGE (2010), constata-se uma diminuio de sub-registro de nascimento no pas, embora os estados do Norte do pas continuem liderando a falta de registro. Percebe-se que os registros tardios afetam as crianas com at doze anos. Os estados do Sul so os que menos tm problema de registro tardio. Segundo os dados do IBGE (2010), constata-se que:Em 2010, 13,5% do total de registros, foram de registros tardios, dos quais 86,5%, foram de crianas com idade at 12 anos. No Pas como um todo, no mesmo ano, mais de 59% dos registros tardios foram de nascimentos ocorridos at trs anos antes do ano de referncia da pesquisa, indicando uma recuperao dos registros menos tardia que em tempos anteriores. Outros 60.539 registros de nascimentos foram de indivduos com 13 anos ou mais de idade. Provavelmente, esta realidade criou obstculos entrada na educao formal e ao acesso aos benefcios do Estado para muitos brasileiros. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Fundo das Naes Unidas para a Infncia veicularam, em rede nacional, um vdeo sobre o registro de nascimento e lembrando que gratuito, considerado um direito de cada criana.O registro de nascimento, alm da publicidade e da presuno de verdade, isto , onde a certido for apresentada faz prova plena do estado civil das pessoas, serve tambm para alimentar as estatsticas do governo, o que facilita o planejamento de programas sociais para as crianas. O Estado, para se manter organizado e como condio para sua prpria existncia, tem um ordenamento jurdico que estabelece regras de convivncia entre as pessoas. O registro de nascimento est inserido neste ordenamento jurdico e a prova da existncia jurdica da pessoa. No dizer de Mello (2003, p. 10), o nascimento um fato da vida natural, mas tambm um fato jurdico, pois a partir desse momento o sujeito adquire direitos e obrigaes.O Estado cria mecanismos formais para dar existncia aos fatos da vida. De acordo com o que preceitua o art. 54 da Lei n 6.015, de 31 de dezembro de 1973, o nascimento da pessoa representado pelo registro de nascimento. O nascimento um fato natural, mas o registro que representa sua existncia jurdica. Segundo Mello (2003, p. 128):Os fatos so indiferentes s regras ditadas pelos homens. No deixar o sol de nascer ou de ser pr na hora certa porque se tenha criado regra que o proba de nascer ou de se pr [...] Os fatos no se moldam de acordo com a vontade humana. Diante disso, poderia parecer significativa a negao da existncia de fatos jurdicos stricto sensu. Ocorre, porm, que as normas jurdicas no se dirigem aos eventos da natureza ou do animal para conform-los ou para regular como devem ocorrer; apenas os toma tal qual acontecem ou, quando isso impossvel, dentro de um certo sentido, como nas presunes e fices, e lhes atribuem certas consequncias - que no so as suas prprias, naturais de cunho estritamente comportamental, em relao queles homens que sejam por eles afetados ou estejam a eles ligados de alguma forma. A interferncia do fato na esfera jurdica de algum, ampliando-a ou reduzindo-a, constitui o dado suficiente para que o direito passe a reg-lo no plano do comportamento humano. [...] E continua Mello (2003, p. 129): Do mesmo modo procede o direito relativamente a todos os fatos naturais que, de alguma maneira, interferem em interesses dos homens, podendo provocar conflitos, como ocorre com [...] o nascimento, a morte, o implemento da idade, e assim por diante. Por isso e porque o direito existe para possibilitar uma convivncia social harmnica, esses fatos no podem ficar sem regulao, fora do mundo jurdico, e so chamados fatos jurdicos stricto sensu.

Disso se entende que, ocorrido o nascimento, o fato natural existe indiferentemente do que dispe o ordenamento jurdico, isto , a lei diz que o nascimento deve ser registrado, mas, ocorrendo o fato da vida, a pessoa existe independentemente do ato de registrar, no sendo por isso que deixa de ser uma pessoa humana. Portanto, enquanto as pessoas viverem num determinado local, onde no for exigida a identificao por meio de uma certido de nascimento, elas vo seguir uma vida normal, como sucedia nas pequenas aldeias da antiguidade, em que todos eram reconhecidos com facilidade sem qualquer documento, mas quando precisarem identificar-se fora desse ncleo vo enfrentar dificuldades.O Brasil, de acordo com dados do IBGE (2010), possui uma populao estimada em 190.732.694, fazendo com que a ocorrncia de homnimos se torne frequente e a falta de registro de nascimento comprometa a identificao das pessoas nas relaes comerciais e na sociedade. A partir da certido de nascimento possvel a obteno dos demais documentos, tais como a cdula de identidade, cadastro de pessoa fsica, ttulo de eleitor, carteira de trabalho e assim por diante.Se a pessoa consegue passar a vida toda sem se envolver com negcios bancrios ou com o comrcio, se a pessoa no pretender ser includa em programas assistenciais do governo, ento pode viver sem o registro de nascimento e mesmo assim todos os seus direitos sero tutelados pelo Estado, tais como a vida, a liberdade, etc.

4.1 Registro tardio de nascimentoDependendo da regio, ainda h muitas pessoas adultas sem o competente registro civil. Em consequncia, no tm outros documentos. E, perante a lei, so pessoas que no existem ou, no mnimo, no so cidads. As dificuldades para registrar um filho se deviam distncia entre o local de residncia e as sedes dos Servios Registrais da regio, ao fato de haver pagamento de emolumentos pelo ato do registro, ao fato de haver multa quando havia atraso (uma vez ultrapassado o prazo, em razo da multa, o registro era adiado). Principalmente, em relao a quem nascia em domiclio e, mais ainda, em zona rural. Algumas leis incentivaram o registro de nascimento tardio sem multa. Foi o caso da Lei 9.465, de 07.07.1997, que determinou o fornecimento gratuito (o que se conclui que havia pagamento, em casos outros) quando o registro extemporneo fosse para o fim de o interessado retirar a sua Carteira de Trabalho e Previdncia Social. O que leva concluso de que, por determinar a CF/88, em seu art. 7o, inc. XXXIIL e art. 60 da Lei 8.069, de 13.07.1990, que o trabalho com vnculo empregatcio somente pode ser exercido a partir dos dezesseis anos, sendo permitida a admisso, condicionada, como aprendiz a partir dos quatorze anos. Havia muitas pessoas sem registro de nascimento aos dezesseis anos no fim do sculo XX. No Brasil. A quantidade de indivduos nessa condio fez com que houvesse uma lei federal que os beneficiasse.Desde 1997, com a vinda a lume da Lei 9.534, h gratuidade no registro de nascimento e a primeira via da correspondente certido de nascimento. Mas, a plena e incondicional gratuidade, independentemente de o declarante poder ou no pagar pelo servio, veio com a Lei 10.215, de 2001. Trata-se da Lei da Gratuidade Universal para as declaraes de nascimento e de bito.O que se busca, nos tempos atuais de gratuidade para registro dos filhos e da emisso da primeira via da certido de nascimento, bem como ao fato de no haver multa para o registro tardio, a eliminao do nmero de pessoas sem o registro civil de nascimento. Ou, como conhecido no meio registral, o sub-registro.At o ano de 2001, para se registrar tardiamente um filho, havia necessidade de um processo judicial. A Lei 10.215 deu nova redao ao art. 46 da Lei 6.015, de 1973, determinando, apenas, que os registros tardios sejam obrigatoriamente feitos na serventia da circunscrio da residncia dos pais. E no mais h necessidade de processo judicial. O prprio Servio Registral est encarregado de ouvir os pais sobre os motivos do registro tardio especialmente para captar a possibilidade de estar havendo requerimento de duplo registro civil. O fato de ainda portar a Declarao de Nascido Vivo facilita o convencimento, e, por constar da DNV a data de nascimento da criana, h maior dificuldade de tentativa de registro da criana com outra data de nascimento (normalmente, mais nova. para fins ilcitos de comprovao de idade menor).O Conselho Nacional de Justia (CNJ), por meio do Provimento 28, de 05.02.2013. desjudicializando o ltimo ponto quanto ao registro de nascimento, determinou que, tendo a criana at doze anos, o registro de nascimento poder ser feito pelo Oficial de Registro Civil independentemente de requerimento especial ou oitiva de testemunhas, sendo necessria e suficiente a Declarao de Nascido Vivo (art. 7o) e a colheita de assinatura do declarante. Assim, est consolidado o tema, pelo menos, para a criana.E, se a pessoa no registrada tiver maioridade civil, poder por si s, fazer o requerimento (arts. 2 e 3 do Provimento 28 do CNJ), ainda que no saiba nomes dos pais e dos avs (art. 2, 4o e art. 9, 5 do Provimento 28 do CNJ). Obviamente, com o procedimento completo por parte do Oficial de Registro (art. 4o), como a seguir exposto.Se o no registrado for maior de doze anos e menor de dezoito anos, os requerentes sero os pais ou responsveis. Se for somente a me, haver necessidade de apresentar certido de casamento indicativa de que estava casada com o anunciado pai data do nascimento do filho, ou pelas presunes fixadas no art. 1.597 do CC. O requerente dever elaborar petio ao Oficial de Registro Civil, declarando que no houve registro anterior. Sero ouvidas em separado, e tomadas as declaraes por escrito, duas testemunhas (arts. 2o e 4o do Provimento 28) que confirmem que conhecem a pessoa registrada (preferentemente, desde que nasceu) e sabem que ela ainda no registrada civilmente. As testemunhas podem ser parentes (art. 10 do Provimento).Outra inovao do Provimento 28, do CNJ, quanto pessoa incapaz internada em hospital psiquitrico, hospital de custdia e tratamento psiquitrico (HCTP), hospital de retaguarda, servios de acolhimento em abrigos institucionais de longa permanncia, ou instituies afins (art. 13).O requerente ser o Ministrio Pblico. O mesmo Ministrio Pblico poder requerer ao Oficial de Registro Civil, por iniciativa prpria em substituio ao omisso que seria o responsvel ou como assistente, o registro tardio da pessoa tutelada pelo Estatuto do Idoso, ou em favor de incapaz submetido interdio provisria ou definitiva sendo omisso o Curador (art. 14 do Provimento 28 do CNJ).Aps se convencer da veracidade, o Oficial de Registro Civil dar despacho na petio, deferindo o registro e determinando o arquivamento da petio, das cpias dos documentos do declarante e das testemunhas, e das declaraes escritas das testemunhas.No h pagamento de multa. exatamente porque no h qualquer pagamento. Como j mencionado, a gratuidade universal. E a universalidade abarca no somente a todas as pessoas como todos os valores que seriam relacionados com o servio. Sendo gratuitos o registro de nascimento e a primeira via da correspondente certido, tambm no haver custos para o usurio quando ultrapassados os prazos legais.Na Lei dos Registros Pblicos no h referencia at qual idade podemos prprios interessados requerer, diretamente ao Servio Registral, o registro tardio de seus filhos. H, porm, algumas cautelas a serem tomadas por parte dos Registradores. A primeira delas subsidiada pelo fato de pessoas sequestrarem crianas em uma localidade e comparecerem a Servios Registrais de localidades em que so desconhecidas, requerendo registros tardios. Outro ponto que, segundo o ECA, (Lei 8.069 de 13.07.1990), a partir dos doze anos, h possibilidade da criana comparecer em juzo, sendo ouvida pelo Juiz de Direito (como o previsto no art. 45, 2) e pelos Assistentes Sociais, quando h interesses seus em assunto. Logo, salutar que os Registradores Civis no deixem de investigar, meticulosamente, inclusive ouvindo em separado, e demoradamente, as testemunhas e os requerentes, quando se tratar de registro fora do tempo normal.E em qualquer hiptese, em havendo dvidas, semelhana do descrito (para o registro no prazo legal) no 2 do art. 52 da Lei dos Registros Pblicos, h o contedo do art. 46 da mesma legislao inverbis:Art 46. As declaraes de nascimento feitas aps o decurso do prazo legal sero registradas no lagar de residncia do interessado. 1 O requerimento de registro ser assinado por 2 (duas) testemunhas, sob as penas da lei. 2 (revogado pela Lei 10.215, de 2001, pois tratava de multa em caso de registro tardio). 3 O oficial do Registro Civil, se suspeitar da falsidade da declarao, poder exigir prova suficiente. 4 Persistindo a suspeita, o oficial encaminhar os autos ao juzo competente.

Assim, esse procedimento pode ser realizado via judicial, atravs de ao judicial ou extrajudicial que o procedimento realizado diretamente no cartrio de Registro Civil, mas em qualquer desses casos, a autoridade precisa se cercar de todos os cuidados, para a comprovao da real identidade da pessoa que est pleiteando o documento.

4.2 Registro de nascimento por procedimento eletrnicoO art. 5 da Lei 12.662, de 05.06.2012, prev a conexo com o sistema de registro eletrnico de nascimento. Tal sistema visa permitir que, ainda na maternidade, o filho seja registrado, mas com os dados sendo insertos no banco de dados do Servio Registral da residncia dos pais, sendo a certido de nascimento emitida por meio de interoperabilidadedos sistemas e por meio da rede mundial de computadores (internet), devidamente assinados com o uso de certificado digital segundo padres da Infraestrutura de Chaves Pblicas Brasileira (ICP).A ideia bsica que os Servios Registrais de uma regio se unam e mantenham, em cada maternidade das cidades-polos, um funcionrio com um computador interligado pela internet e a todos os Servios Registrais associados. Nesse escritrio central sero lanados os dados da criana e colhidos os dados dos seus pais. Uma vez preenchido o formulrio eletrnico, os dados sero automaticamente enviados ao Servio Registral indicado pelos pais do recm-nascido como sendo a residncia. Dessa Serventia, viro os dados para emisso da certido de nascimento eletrnica que ser entregue aos pais. Logo, em uma cidade, e em tempo real, haver o registro da criana, com emisso da primeira via de certido de nascimento, a ser assinada pelo funcionrio em comum, de todas as Serventias filiadas. Os documentos sero enviados Serventia qual pertencem.Obviamente, as despesas sero proporcionais aos benefcios. Ou seja, se h cem registros de nascimentos em uma cidade-polo e dez deles foram destinados a uma Serventia da vizinhana, essa arcar com dez por cento das despesas de manuteno do escritrio central.Em ateno aos termos do Prov. n 27/2014, dessa Corregedoria Geral de Justia, exponho o que segue: 1) O Hospital Regional est acfalo, sem diretoria, aguardando soluo se ficar sob a direo d Estado, da Cruz Vermelha ou de qualquer instituio terceirizada, ficando bvia a impossibilidade de qualquer tratativa sobre o assunto;2) Os outros quatro hospitais no possuem funcionrios capacitados para a execuo do servio de registro, problema aliado rotatividade e aos turnos de servio;3) Alegam mais, por questo de custas, que no podem dispor de um funcionrio especfico para a funo;4) A Serventia, por sua vez, tem o mesmo problema e colocar um como preposto, desfalcaria o quadro de servidores;5) A internet, nesta Cidade, funciona no ar e fora do ar, por perodos prolongados.Nem por isso a Serventia ficou omissa na atividade, pois tem plena conscincia da importncia social do registro, executando-o a partir de agosto de 2009, conforme comunicao a essa Corregedoria, pelo ofcio n 1023/2009, de 21/08/2009.Portanto, dadas as limitaes expostas, o Cartrio no tem como atender o Provimento n 27/2014, mesmo assim, as mes tm o registro mo logo aps o parto, que o preconizado pelo CNJ.Assim a transmisso de dados ainda no est aplicada nacionalmente em razo das dificuldades de acesso internet e informatizao dos Servios Registrais, e quanto s normas estaduais da Secretaria de Fazenda e do Tribunal de Justia em relao ao selo de fiscalizao ou outra forma de arrecadao da taxa de fiscalizao judiciria, ainda que tal tributo tenha outro nome. A possibilidade j se encontra regrada: est prevista no pargrafo nico do art. 17 da Lei 6.015, de 31.12.1973, com redao dada pela Lei 11.988, de 08.07.2009 e no Provimento 13, de 02.09.2010 do CNJ.CONsideraes finaisEm meio a todas as formas de garantir a proteo da dignidade da pessoa humana e da construo dos direitos decorrentes do seu reconhecimento, o direito identidade jurdica est entre os direitos que devem ser assegurados, fazendo parte dos tratados internacionais de proteo criana, pois no se pode ter uma vida digna sem o respeito aos direitos personalssimos.O registro civil das pessoas naturais o suporte legal da famlia e da sociedade juridicamente constituda. Isso porque, no existindo o registro, tambm juridicamente se tornam inexistente a pessoa, a famlia e o seu ingresso na sociedade. A legalidade se d por meio do registro, atravs do qual se atribuem os direitos e obrigaes, e regulamentada a conduta de cada um, objetivada a paz social, embora esta pretendida paz nem sempre seja alcanada pelas dificuldades encontradas no relacionamento entre as pessoas e nas famlias, pela falta de conhecimento de seus direitos e obrigaes, especficas na lei.Ou seja, a concretizao da cidadania depende de vrios fatores. Um deles a identidade jurdica, adquirida formalmente com a certido de nascimento, como expresso de um direito que protege a dignidade, por meio da atribuio do nome, que a identifica perante a sociedade e a famlia, diferenciando-a dos demais membros da sociedade. Como no se pode ter uma vida digna sem moradia, sem educao, sem sade, a dignidade tambm est ausente, quando falta a identidade jurdica. Entretanto, mesmo sendo o registro de nascimento um direito de todos e previsto nas Declaraes sobre os direitos da criana, pois com ele que se prova a aquisio da personalidade jurdica, muitos nascimentos ainda no so registrados. Diferentes aes foram exercidas pelo governo, para possibilitar o registro, tais como: a gratuidade universal para o registro de nascimento; fcil acesso ao Registro Civil das Pessoas Naturais (em algumas cidades o servio oferecido dentro das maternidades); campanhas veiculadas na televiso, dando destaque importncia da certido de nascimento; obrigatoriedade dos pais de fazerem o registro. Apesar disso, ainda existem nascimentos que no so registrados ou so registrados tardiamente, portanto, o registro civil de nascimento um direito fundamental de todos os indivduos para que possam exercer a cidadania, sendo este o primeiro ato formal documental que noticia a existncia da pessoa natural para o Estado e para a sociedade. O registro de nascimento tardio deixa o indivduo incapaz de exercer sua cidadania. necessrio, ento, que o Estado exera maiores esforos para que toda criana no Brasil seja registrada em tempo, eliminando o registro tardio. Isso porque tal registro desnuda e contradiz a CF/88 na medida em que um cidado s o quando passa a ter existncia jurdica.Este direito , pois, primordial para a vida cidad em um estado democrtico de direito, no qual no deve existir paliativos como a carteirinha de vacinao e sim respeito ao indivduo, razo de ser da Lei e do Estado. REFERNCIASBRASIL. Novo cdigo civil. Braslia: Senado Federal, 2002.CARBONARI, Antonio Luis. Direito identidade e cidadania. Porto Alegre: Nria Fabris, 2010.CORRA, Darcsio. A construo da cidadania: reflexes histrico-polticas. Iju: Uniju, 2006.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) 2010. Disponvel em: . Acesso em: 23 de jun. 2014.Lei n 11.790, de 02 de outubro de 2008. Altera o artigo 46 da Lei n 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Disponvel em:. Acesso em: 23 de jun. 2014.Lei n 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispe sobre os registros pblicos, e d outras providncias. Disponvel em:. Acesso em: 23 de jun. 2014.MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Princpios gerais de direito administrativo. 11.ed. Rio de Janeiro, Forense, 2003.,

Maria do Cu de Oliveira Evangelista Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de Alta Floresta.

Ana Clia de Jlio - Advogada. Mestre em Direito Civil/Negocial pela Universidade Estadual de Londrina UEL. Docente em Direito Civil pela Faculdade de Direito de Alta Floresta FADAF. Coordenadora do Curso de Direito da Faculdade de Direito de Alta Floresta FADAF.